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A DANÇA NO CONTEXTO EDUCACIONAL: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR E INCLUSIVA PARA O ENSINO ESPECIAL COM ÊNFASE NAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS

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Academic year: 2021

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A DANÇA NO CONTEXTO EDUCACIONAL: UMA PROPOSTA

INTERDISCIPLINAR E INCLUSIVA PARA O ENSINO ESPECIAL COM ÊNFASE NAS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS

Belister Rocha Paulino Universidade Federal de Brasília - UnB

Palavras-chave: Educação Especial; Inclusão; Dança e Manifestações Culturais.

Introdução

A dança é um aspecto da cultura brasileira presente em muitas instituições e organizações sociais. No cotidiano das escolas públicas pode se dizer que ela se constitui uma prática pedagógica em desenvolvimento, embora nem sempre tratada de forma a favorecer o aprendizado e a criatividade dos alunos atendidos.

A dinâmica do trabalho com alunos da educação especial matriculados nos Centros de Ensino Especial, realidade encontrada no Distrito Federal, requer práticas interdisciplinares e que atuem pedagogicamente para o desenvolvimento do aluno com deficiência. A dança, nesse contexto, pode ser considerada um instrumento para desenvolver a socialização, autonomia e inclusão necessárias à promoção do aluno especial.

Dentro da proposta do trabalho com a dança na educação especial como forma de inclusão vão ser destacados aspectos da cultura popular brasileira.

A valorização da cultura passa pelo resgate, vivência e contribuições dos ancestrais, como destaca Oliveira (2007). De acordo com esse autor, a natureza criativa vai construir o homem e esse será transformado pela natureza. A vivência cultural transmitida em rodas de conversa ou através do contato com danças e religiões vai orientar, unir e completar a comunidade, permitindo o desenvolvimento de uma consciência da sua origem e do valor cultural. A escola precisa se organizar para ser o espaço de produção e reprodução do saber sistematizado e também das culturas.

Mas de que forma o trabalho com a dança vai ser conduzido? Que atividades corporais mais se adequam à realidade dos alunos? Que benefícios essa prática pode gerar na comunidade escolar? Focar nas limitações não é o caminho para propostas inclusivas, mas como destacar as possibilidades de movimento próprias do aluno deficiente? A participação da comunidade escolar e da família nos movimentos dançantes se constitui aspecto positivo no trabalho com a dança da escola? A dança da escola pode fugir dos padrões impostos pela

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mídia e se constituir meio para que se amplie a percepção corporal do aluno em integração com o seu ambiente? Esses são alguns pontos que vão permear a pesquisa que se pretende realizar.

Pretende-se desenvolver atividades que coloquem o aluno em contato com a dança em sua diversidade cultural e diferentes experiências corporais que promovam a percepção de si, dos outros e do mundo.

Objetivos

A pesquisa vai analisar a dança no contexto da educação especial como possibilidade de inclusão e autonomia dos alunos com deficiência destacando a valorização e o resgate das manifestações culturais brasileiras. A partir desse objetivo geral serão investigadas e verificadas as orientações e direcionamentos que os Parâmetros Curriculares Nacionais - (PCN’s) disponibilizam sobre a dança para o ensino fundamental; a importância da utilização da dança no contexto escolar; a estrutura do projeto Político Pedagógico - PPP da escola no que se refere à dança; vivências da comunidade escolar no desenvolvimento de atividades onde se estimulem os movimentos e as contribuições desta prática para o trabalho na escola e para o resgate e valorização das manifestações culturais. O estudo estará focado em aspectos que destaquem a inclusão e o desenvolvimento da autonomia do aluno especial.

Metodologia

A pesquisa será realizada no Centro de Ensino Especial de Santa Maria - Distrito Federal, com os alunos que fazem parte do Atendimento Interdisciplinar de Dança, seus professores de sala e do atendimento, pais dos alunos atendidos, coordenação e direção da escola.

Para desenvolvimento desse trabalho serão empregados aspectos da pesquisa qualitativa, que de acordo com Neves (1996) expressam um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que tentam descrever e codificar a complexidade dos significados do problema que se pretende estudar. Assim, vão se realizar observações e filmagens das atividades do atendimento interdisciplinar de dança e das atividades que envolvem a dança na escola; entrevistas com direção e pais de alunos e questionários realizados com professores e coordenadores para a coleta de dados necessários à investigação proposta.

Espera-se que esses instrumentos possam traduzir o sentido dos fenômenos observados, diminuindo a distância entre a teoria e os dados analisados. O que implica na compreensão e interpretação de fenômenos e da realidade a partir de significados e contextos, contribuindo

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para uma visão mais abrangente da realidade num contato mais direto com o objeto de análise. (NEVES, 1996).

A pesquisa será realizada no desenvolvimento do curso PROFARTES - Mestrado Profissional em Artes, na Universidade de Brasília - UnB, entre 2016 e 2017.

Discussão

A aprendizagem no ensino especial pode ser baseada no Currículo Funcional Natural no qual, de acordo com Suplino (2005), as habilidades ensinadas precisam ter uma funcionalidade para a vida do aluno para que ele possa contribuir com a família ou comunidade num futuro próximo.

A palavra funcional se refere à maneira como os objetivos educacionais são escolhidos para o aluno enfatizando que aquilo que ele vai aprender tenha utilidade para sua vida a curto ou a médio prazo. A palavra natural diz respeito aos procedimentos de ensino, ambiente e materiais os quais deverão ser o mais semelhantes possível aos que encontramos no mundo real. (SUPLINO, 2005. pg. 33)

A proposta do Currículo Funcional Natural é ampla, pois trata de toda habilidade que uma pessoa precisa para estar melhor adaptada ao seu meio. O que se trabalhar e como atingir os objetivos deste currículo precisa estar constantemente nas discussões pedagógicas realizadas na escola.

Barroso (2007) defende que a definição e entendimento do termo deficiente se torna algo indispensável na busca pela igualdade de direitos, pois, não se podem deixar de lado os que necessitam de proteção especial. A educação deve alcançar e englobar toda pessoa com limitações físicas, intelectuais e psicológicas. A escola inclusiva, de acordo com essa autora, é a que realiza estratégias pedagógicas para que os alunos deficientes tenham um atendimento que corresponda às suas capacidades físicas e intelectuais.

Nesta perspectiva o trabalho com dança pode se configurar em uma estratégia pedagógica de peso para que o atendimento educacional ao aluno deficiente seja adaptado à sua capacidade e possibilidades de aprendizagem.

Embora seja uma recomendação expressa nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s, a dança na escola não é um assunto tão definido e discutido enquanto prática pedagógica a ser trabalhada em sala de aula. O documento ressalta que “... a atividade da dança na escola pode desenvolver na criança a compreensão de sua capacidade de movimento, mediante um maior entendimento de como seu corpo funciona. Assim, poderá

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usá-lo expressivamente com maior inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade”. (BRASIL, 1997, p.49).

Para Marques (2010), é comum observar que atividades com a dança ainda estão restritas a momentos que marcam apresentações em festas e datas comemorativas dentro do calendário letivo das instituições educacionais ou apenas seguem uma linha de interesses ditada pelos modismos e pela mídia. A autora destaca a necessidade de se deixar a postura ingênua com relação à dança na qual apenas se copia o que se vê, reproduzindo repertórios prontos da mídia e passar para uma postura crítica, onde a dança é compreendida como linguagem que possibilita o conhecimento.

Strazzacappa (2003) afirma haver falta de uma base teórica para tratar o tema, uma vez que a dança é considerada como arte abaixo das demais expressões artísticas e facilmente é vista como complemento de música, como conteúdo de educação física, atividade complementar ou extracurricular.

Considerando a importância e amplitude do universo da dança na escola, a proposta interdisciplinar que se quer apresentar passa pelo resgate das tradições populares. Acredita-se que as manifestações culturais, nas quais as danças estão incluídas, são ricas, diversificadas e mostram-se importantes como ferramentas pedagógicas.

De acordo com Rahme (2013), a cultura de um povo é importante para a construção das tradições no país, onde cada região é fortemente representada. As danças brasileiras podem desenvolver uma expressão artística baseada em costumes e tradições populares enquanto manifestações culturais que tiveram influências das tradições dos povos indígenas, africanos e europeus.

Nesse sentido, o resgate e a valorização das tradições culturais da comunidade da qual o aluno faz parte pode ser um mote para o trabalho com a dança, assim como o contato com culturas de outras cidades e estados também pode ser de grande importância para que se ampliem conhecimentos e experiências relevantes na escola.

Resultados

O Atendimento Interdisciplinar de Dança foi implantado em 2014 no CEE 01 de Santa Maria e nele os alunos são incentivados a perceberem a dança no cotidiano da escola, na comunidade e no mundo através de vivências com o movimento que possam levá-los a uma percepção corporal de si e dos outros.

O tratamento que o atendimento de dança está tendo dentro da escola tem se mostrado positivo. Porém muito do que é sugerido ainda é guiado pelo modismo. O ideal sugerido por

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Strazzacappa (2003) é que os projetos de dança sejam claros, objetivos e organizados em diálogos com a escola e a comunidade.

Ao final da pesquisa, esperam-se resultados que mostrem que a dança é uma atividade pedagógica de importância dentro da escola como forma de inclusão e autonomia do aluno especial.

Conclusão

Em mais de uma década trabalhando na educação especial ainda procuro diferentes práticas pedagógicas que possibilitem um trabalho efetivo no desenvolvimento dos alunos com deficiência. Esta pesquisa pode ampliar a compreensão da relação dança e educação, contribuindo para um trabalho de inclusão e valorização cultural.

Num contexto educacional que se prepara para conviver com experiências artísticas nos seus componentes curriculares, a dança necessita ainda de bases sólidas e referências práticas que apontem caminhos para que não seja apenas a dança na escola, mas a dança da escola, presente no projeto pedagógico e permeando as atividades escolares.

Referências:

BARROSO, Kátia da Silva Soares. Integração Escolar das Pessoas Portadoras de Deficiência: uma busca da educação para todos. 2007

Disponível em: http://revistas.unipar.br/juridica/article/view/645

BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Artes. Dança. Ensino Fundamental. Séries Iniciais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

MARQUES, Isabel. Dançando na Escola. São Paulo: Cortez, 5ª ed. 2010.

NEVES, José Luiz. Pesquisa Qualitativa: características, usos e possibilidades. In: Cadernos de Pesquisas em Administração. São Paulo, v.1, nº 3, 2º Sem/1996.

OLIVEIRA, Eduardo David. Filosofia da ancestralidade: corpo e mito na filosofia da educação brasileira. Curitiba: Gráfica Popular, 2007.

RAHME, Cláudia. A cultura e a dança popular do Brasil. Disponível em: http://www.gazetadebeirute.com/2013/04/a-cultura-e-danca-popular-do brasil.html. Acesso em 11 jul. 2015.

STRAZZACAPPA, Márcia. Dança na educação: discutindo questões básicas e polêmicas. In: Revista Pensar a Prática. Vol. 6, jun./jul. 2003. p. 73 - 85.

SUPLINO, Maryse. Currículo Funcional Natural: guia prático para a educação de autismo e deficiência mental. Maceió: Assista, 2005.

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