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XI Encontro de Iniciação Científica do Centro Universitário Barão de Mauá

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Academic year: 2021

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ESTUDOS DE CASOS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL REALIZADO EM UM

HOSPITAL FILANTRÓPICO DO INTERIOR PAULISTA E SUA RELAÇÃO COM A

APNEIA DO SONO

Juliana Berta

1

, José Luiz Ferrari de Souza

2

1,2

Centro Universitário Barão de Mauá – Ribeirão Preto/SP

1julianaberta62@gmail.com, 2jlfsouza33@uol.com

Resumo

Com o objetivo de, verificar uma possível relação entre o AVC e a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), aplicou-se um questionário a 7 pacientes acometidos pelo AVC no período de julho a setembro de 2017. Analisaram-se dados como gênero, idade, tipo de AVC, sintomas noturnos, diurnos, hábitos de vida e antecedentes pessoais. Concluiu-se que pacientes com SAOS poderão ter algum episódio de AVC durante a vida.

Introdução

O acidente vascular cerebral (AVC) é um evento de origem vascular que apresenta uma instalação súbita e promove danos neurológicos focais ou globais sendo que, segundo a Organização Mundial de Saúde, o AVC é a segunda causa de morte em escala mundial.

A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é caracterizada por episódios recorrentes de obstrução parcial (hipopneia) ou total (apneia) da via aérea superior durante o sono. Esta geralmente resulta em dessaturação da oxihemoglobina e despertares noturnos frequentes, com a consequente sonolência excessiva (Epstein et al., 2009).

A Doença Cerebrovascular (DCV) e a Síndrome da Apneia/Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS) são entidades consideradas como importantes agravos à saúde pública. Por anos, aproximadamente 500.000 casos novos de AVC são, gerando 175.000 óbitos na América do Norte. Nesse mesmo período, 2–4% da população adulta são diagnosticados como portadores da SAOS. (Almeida e colaboradores, 2008).

A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono tem sido apontada como um fator independente que piora o prognóstico dos pacientes acometidos pela doença cerebrovascular (Diniz, 2014). Essas entidades são muito comuns e se associam, quase sempre, aos mesmos fatores de riscos, como hipertensão arterial, doença cardiovascular, idade, obesidade, diabetes mellitus e tabagismo. Baseado em estudos epidemiológicos e fisiológicos recentes cresce a evidência de que a apnéia obstrutiva do sono seja um fator de risco independente para as doenças cardiovasculares e

neurovasculares, e que deve ser sistematicamente investigada no momento de sua suspeita, com o objetivo de tratá-la.

Objetivos

A partir das informações acima, o objetivo central deste trabalho foi a aplicação de uma ficha de anamnese aos pacientes acometidos pelo acidente vascular cerebral a fim de que se possa detectar ou elucidar uma possível relação entre o desencadeamento de AVC, tantoisquêmico como hemorrágico, com a apneia do sono.

Materiais e Métodos

A coleta de dados deste trabalho foi realizada por meio de um questionário aplicado aos pacientes acometidos por AVC, internados no serviço de neurocirurgia e neurologia de um hospital filantrópico do interior paulista, no período de julho a setembro de 2017. A permissão para esta coleta de dados foi concedida e liberada, por autorização, pela Direção Clínica do hospital e pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos – CAAE: 68998517.1.0000.5378.

Foram coletados dados como: idade do paciente, sexo, tipo de AVC (isquêmico ou hemorrágico), número de acometimentos, antecedentes pessoais (diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, obesidade), hábitos de vida (tabagismo, etilismo, drogadição) e, principalmente, o conhecimento do próprio paciente sobre a existência, ou não, de seu ronco durante o período noturno, o que poderia, em boa parte das vezes, representar a presença da apneia do sono; bem como obter informações se o mesmo já passou por exames de polissonografia.

Segue a ficha de anamnese que foi utilizada: PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –

ESTUDOS DE CASOS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL REALIZADO EM UM

HOSPITAL DO INTERIOR PAULISTA E SUA RELAÇÃO COM A APNÉIA DO SONO Ficha de anamnese:

Idade: Sexo: Raça: Profissão: Natural de: Procedência atual:

(2)

Data da ocorrência (recorrência) do AVC: Tipo de AVC:

Lado de acometimento:

Número do acometimento do AVC: SINAIS E SINTOMAS:

Sintomas noturnos

SIM NÃO OBS: Respiração Bucal Ronco durante o sono Apneias durante o sono testemunhadas Despertar com sufocamento Noctúria Problemas do sono: Dificuldades em dormir Dificuldades em acordar Dificuldades em levantar Quantas horas dorme Sintomas Diurnos: Sonolência Transtornos do Humor Cefaleia Matinal Sono não reparador MEDICAÇÕES EM USO Para dormir Para depressão Para ansiedade Para Diabetes Para pressão Outros: ANTECEDENTES PESSOAIS Obesidade HAS DM Polissonografia Doenças prévias Outros HÁBITOS DE VIDA Tabagismo Etilismo Drogadição

A partir das informações obtidas por esse estudo, foram realizadas análises descritivas quantitativas,

bem como confeccionadas tabelas de frequências absolutas e relativas, com o objetivo de se levantar os resultados pertinentes e de grande relevância para nosso projeto de estudo.

Todos os registros ou dados coletados foram digitados, utilizando o programa da Microsoft Excel, para facilitar a confecção de tabelas, gráficos, bem como a análise estatística.

Nesse sentido, buscamos estabelecer uma possível relação dos casos de AVC encontrados, com a apneia do sono.

Resultados

Relação apneia do sono com AVC:

Dos 5 pacientes entrevistados, nenhum (0%) passou por exames de polissonografia. Sendo assim, não podemos afirmar com certeza que os pacientes tinham Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono.

Entretanto, os dados são sugestivos de acordo com os sintomas e histórias colhidas. Clinicamente, a SAOS é caracterizada por eventos recorrentes de obstrução das vias aéreas superiores, envolvendo um despertar relacionado ao esforço respiratório durante o período do sono, hipopneia ou apneia do fluxo aéreo na presença dos movimentos respiratórios; sendo que os sintomas mais comuns são: cansaço, sensação de sono não reparador, sonolência excessiva diurna e piora na qualidade de vida. Nos 5 pacientes analisados, observou-se sintomas característicos da SAOS. Três pacientes apresentavam sufocamento durante o sono, 4 apresentavam ronco e 4 tinham apneia noturna. Durante o dia, perceberam-se os seguintes sintomas: sonolência em 4 pacientes, transtornos de humor nos 5 pacientes, sono não reparador em 4 deles e cefaleia em 1 paciente. 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Figura 1 - Prevalência de sintomas noturno e diurno em pacientes com probabilidade diagnóstica de SAOS

(3)

De acordo com o gênero:

De acordo com o gênero, o sexo feminino foi absolutamente prevalente. Dos 5 casos analisados, 5 eram mulheres, sendo assim 100% dos casos entrevistados foram mulheres.

De acordo com os antecedentes pessoais: Segundo os antecedentes pessoais em pacientes com AVC com probabilidade diagnóstica de SAOS, todas as pacientes entrevistadas eram hipertensas, 1 possuía Diabetes Mellitus e nenhuma era obesa.

De acordo com os hábitos de vida:

Segundo os hábitos de vida em pacientes com AVC com probabilidade diagnóstica de SAOS, todas as pacientes entrevistadas eram tabagistas, 1 era etilista e nenhuma era usuária de drogas.

De acordo com o tipo de AVC:

Quanto ao tipo de AVC em pacientes com a probabilidade de diagnóstico de SAOS, 4 eram do tipo isquêmico e 1 era do tipo hemorrágico.

De acordo com o lado do AVC e número de acometimentos:

Apenas 1 das 5 pacientes com probabilidade diagnóstica de SAOS havia sofrido mais de um episódio de AVC, enquanto 4 delas foram acometidas com apenas um episódio. A prevalência quanto ao hemisfério acometido foi do lado direto em 3 pacientes, e do lado esquerdo em 2 pacientes.

Figura 2 - Prevalência de gênero em pacientes com diagnóstico provável de

SAOS acometidos por AVC

Feminino Masculino 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Hipertensão Diabetes Mellitus Obesidade

Figura 3 - Prevalência de comorbidades em pacientes com probabilidade diagnóstica de SAOS acometidos por

AVC 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Tabagismo Etilismo Drogadição

Figura 4 - Prevalência de tabagismo, etilismo e drogadição em pacientes com

probabilidade diagnóstica de SAOS acometidos por AVC

Figura 5 - Tipo de AVC em pacientes com probabilidade diagnóstica de

SAOS

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Quanto ao uso de medicamentos:

Todas as pacientes analisadas com AVC e probabilidade diagnóstica de SAOS faziam uso de medicamentos para hipertensão arterial, 2 faziam uso de medicação para depressão, 1 usava medicação para dormir, 1 usava medicação para ansiedade e 1 usava medicação para Diabetes Mellitus.

Discussão

De acordo com este estudo realizado em um Hospital Filantrópico do interior paulista, observamos que há maior incidência de AVC nas pacientes entrevistadas com probabilidade diagnóstica de SAOS. Embora nenhuma delas tenha realizado polissonografia ou outros métodos

diagnósticos, há correlação com a apresentação clínica da síndrome, como por exemplo: sonolência diurna, transtornos de humor e sono não reparador. Neste caso, 100% dos pacientes com SAOS poderão ter algum episódio de AVC durante a vida.

Segundo Almeida (2014), a SAOS chega a acometer 30-70% dos pacientes com AVC, logo, há uma concordância parcial com este trabalho desenvolvido, uma vez que os números podem variar, inclusive segundo sua localização demográfica.

De acordo com o gênero, o sexo feminino foi absolutamente prevalente. Dos 5 casos analisados, 5 eram mulheres. De acordo com pesquisas desenvolvidas por Appelros et al, 2009, a prevalência de AVC é maior em indivíduos do gênero masculino. Portanto, há discordância nos dados comparados. Essa discordância pode ter ocorrido devido ao fato de que nosso período de coleta de dados foi relativamente curto.

Segundo os antecedentes pessoais, 5 (100%) das pacientes entrevistadas com probabilidade diagnóstica de SAOS e histórico prévio de AVC eram hipertensas, 1 (20%) possuía Diabetes Mellitus e nenhuma era obesa. Para Almeida e colaboradores (2008), a SAOS e as doenças neurovasculares são interligadas, quase sempre, pelos mesmos fatores de risco, como hipertensão arterial, idade, obesidade, diabetes mellitus e tabagismo. Sendo assim, existe concordância entre os trabalhos quanto aos fatores de risco. Segundo os hábitos de vida, 4 (80%) das pacientes entrevistadas com probabilidade diagnóstica de SAOS e histórico prévio de AVC eram tabagistas, 1 (20%) era etilista e nenhuma era usuária de drogas. Vimos que, para Almeida e colaboradores (2008), o tabagismo é um fator de risco para a SAOS e para as doenças cerebrovasculares. Sendo assim existe concordância entre ambas as pesquisas.

Quanto ao tipo de AVC em pacientes com a probabilidade de diagnóstico de SAOS, 4 (80%) eram do tipo isquêmico e 1 (20%) do tipo hemorrágico. Não há estudos comparativos para análise destes dados com a SAOS.

Quanto ao lado e número de AVC, apenas 1 (20%) das pacientes com probabilidade diagnóstica de SAOS haviam sofrido mais de um episódio de AVC, enquanto 4 (80%) havia sido acometida com apenas um episódio. A prevalência quanto ao hemisfério acometido foi 3 (60%) do lado direto e 2 (40%) do lado esquerdo. Até o momento não existem estudos que correlacionem esses dados com a SAOS.

De acordo com o uso de medicamentos pelas pacientes com diagnóstico provável de SAOS acometidas por AVC, 5 faziam uso de medicação para hipertensão, 2 usavam medicação para ansiedade, 1 usava medicamento para depressão,

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Direito Esquerdo Episódio único de AVC

Mais de um episódio de

AVC

Figura 6 - Lado e número de acometimento de AVC em pacientes com

diagnóstico provável de SAOS

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Figura 7 - Uso de medicações por pacientes com diagnóstico provável de

(5)

1 usava medicação para dormir e 1 usava medicação para DM. Também ainda hoje não existem estudos que correlacionem esses dados com a SAOS.

Conclusão

Foi observado que, das 5 pacientes acometidas por AVC atendidas por um Hospital Filantrópico do interior paulista, apesar de nenhuma delas ter sido submetida ao exame de polissonografia, nossos dados clínicos obtidos são sugestivos de diagnóstico da SAOS, sendo eles, sufocamento durante o sono em 3 pacientes (60%), ronco em 4 pacientes (80%), apneia durante o sono em 4 pacientes (80%) e, durante o dia perceberam-se sintomas como sonolência em 2 pacientes (40%), transtornos de humor em todas (100%), sono não reparador em 4 (80%) e cefaleia em 1 (20%). Sendo assim, 100% dos pacientes com SAOS poderão ter algum episódio de AVC durante a vida. Esses dados sugerem a necessidade de diagnóstico precoce da SAOS a fim de se evitar casos novos ou agravamento dos acidentes vasculares cerebrais.

Ainda, a partir desse estudo, pudemos observar que a idade média de acometimento de AVC em pacientes com diagnóstico provável de SAOS foi de 77,6 anos e que o gênero feminino foi absolutamente prevalente.

Segundo os antecedentes pessoais e hábitos de vida das pacientes entrevistadas com histórico prévio de AVC e probabilidade de diagnóstico de SAOS, concluímos que de 5 (100%) eram hipertensas, 1 (20%) possuía Diabetes Mellitus, nenhuma era obesa, 5 (100%) eram tabagistas, 1 (20%) era etilista e nenhuma era usuária de drogas.

Quanto ao tipo de AVC em pacientes com a probabilidade de diagnóstico de SAOS, 4 (80%) destes eram do tipo isquêmico e 1 (20%) do tipo hemorrágico. Quanto ao número de AVC prévio e lado de acometimento, apenas 1 (20%) das

pacientes havia sofrido mais de um episódio de AVC, enquanto 4 (80%) haviam sido acometidas com apenas um episódio. A prevalência quanto ao hemisfério acometido foi 3 (60%) do lado direto e 2 (40%) do lado esquerdo.

Referências

ALMEIDA, Sara Regina Meira. Função respiratória e apneia obstrutiva do sono no paciente com comprometimento motor pós acidente vascular cerebral isquêmico. 160 p. Tese (Doutorado de Ciências Médicas) - Universidade Estadual de Campinas; Campinas, 2014.

ALMEIDA, Carlos Maurício Oliveira de;

POYARES Dalva; TUFIK, Sérgio. Síndrome da Apneia – Hipopneia Obstrutiva do Sono e Doença Cerebrovascular. Revista Neurociência, v.16, n.3, p. 231-236, 2008.

APPELROS, Peter; STEGMAYR Birgitta; TERÉNT Andreas. Sex Differences in Stroke Epidemiology: A Systematic Review. Journal of the American Heart Association, v. 40, p. 1082-1090. 2009. Disponível em:

<http://stroke.ahajournals.org/content/strokeaha/4 0/4/1082.full.pdf>. Acesso em: 5 mar. 2017. DINIZ, D.L.O.. Acidente Vascular Cerebral e “Wake-Up Stroke”: Relações com a Apneia Obstrutiva do Sono e com o Estresse Oxidativo. 88f. Dissertação (Pós-Graduação) Faculdade de Medicina, Universidade do Ceará,

Fortaleza, 2014.

EPSTEIN M. G., de Castro J. A. B., Sabino G. B., Nogueira G. L. O., Blankenburg C., Staszko K. F., Anibal Filho W.. Estudo dos principais fatores de risco para acidente vascular encefálico. Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, v. 7, p. 171-173, 2009.

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