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República Federativa do Brasil, sua retroação em prejuízo da situação anterior, mais benéfica (CF, art. 5, inc. XL).

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,P4êtk, ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ACÓRDÃO AGRAVO CRIMINAL N° 001.2005.000710-1/001 RELATOR: Des. Nilo Luis Ramalho Vieira

AGRAVANTE: ERISVALDO [DEÃO LOPES DA SILVA ADVOGADO: TACIANO FONTES DE FREITAS AGRAVADA: A Justiça Pública

110

AGRAVO EM EXECUÇÃO. CRIME HEDIONDO. CUMPRIMENTO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. REGIME INICIALMENTE FECHADO. APLICAÇÃO DA LEI N° 8.072/90. CUMPRIMENTO DE MAIS DE 50% DA PENA IMPOSTA. APLICAÇÃO DA LEI N° 11.464/07. APLICAÇÃO APENAS AOS CASOS POSTERIORES À SUA VIGÊNCIA. POSSIBILIDADE DE PROGRESSÃO DE REGIME. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS SUBJETIVOS E OBJETIVOS.

• PROVIMENTO.

O sistema da Lei 11.464/07, nesse contexto, surge como "novatio legis in pejus", somente podendo ser aplicado aos casos posteriores à sua vigência. Os casos anteriores continuam regidos pela legislação mais benéfica que os regulava e em se tratando de novatio lex in pejus, é vedada pela Constituição da República Federativa do Brasil, sua retroação em prejuízo da situação anterior, mais benéfica (CF, art. 5°, inc. XL).

(2)

Portanto, tendo preenchidos os requisitos subjetivos e o cumprimento de mais de 50% da pena para preenchimento do requisito objetivo, há de reconhecer o direito do apenado.

Agravo em execução conhecido e provido. . .

Vistos, relatados e discutidos os autos identificados

em epígrafe, Acorda a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado da

Paraíba, dar provimento ao Agravo, em harmonia com o Parecer Ministerial.

RELATÓRIO

ERISVALDO IDEÃO LOPES DA SILVA, por intermédio de seu advogado, invocando os arts. 36, 37 e 112 todos da Lei n.° 7.210/1984, agravou da respeitável decisão do MM. Juiz de Direito da 6° Vara das Execuções Penais da Comarca de Campina Grande, que indeferiu a promoção para o regime semi-aberto cumulado com o trabalho externo (fls.

15/16). .

Alegou o agravante em suas Razões, a ilegalidade da decisão atacada e, conseqüentemente, o direito à progressão de regime prisional (fls. 19/25).

e

A agravada, por seu Promotor, em suas Contra-Razões, afirmou que a decisão do magistrado não merece ser reparada, uma vez que em crimes considerados hediondos, a pena deverá ser cumprida integralmente em regime fechado (fls. 48/52).

Decisão mantida (fls. 52v.).

A Douta Procuradoria de Justiça ofertou Parecer pelo provimento do agravo (fls. 83/86).

,

É o relatório2._._.

(3)

VOTO

Exsurge dos autos que o agravante foi condenado à pena de 11 (onze) anos de reclusão pela infração ao artigo 157, § 30 c/c art. 14, II e art. 29 do Código Penal, em re gime inicialmente fechado.

O ora requerente teve seu pedido de progressão de regime indeferido pelo magistrado da 60 Vara das Execuções Penais da Comarca de Campina Grande, ressaltando que apesar de vencido mais de 1/6 da pena, não restou comprovada a sua aptidão ao retorno social, disciplina e senso de responsabilidade pessoal, que possa reintegra-lo ao convívio social, portanto julgou improcedente o pedido de progressão de regime fechado para o semi-aberto com trabalho externo.

111 Quando peticionado (fls. 19/23), o patrono do

agravante, utilizou-se como argumento o cumprimento de 04 (quatro) anos 04 (quatro) meses e 20 (vinte) dias, desde o dia 09 de outubro de 2006 (data da petição de agravo em execução), pois o mesmo se encontra preso desde o dia 22 de maio de do mesmo ano.

Atualmente o agravante já cumpriu mais de 50% (cinqüenta por cento), ou seja, 05 (cinco) anos 10 (dez) meses e 09 (nove) dias da sua sanção.

1) Aplicação das Leis O 8.072/90 e 11.464/2007

Antes de analisar a aplicação das mencionadas leis, faz-se mister fazer um breve histórico acerca da possibilidade de progressão de regime nos crimes hediondos.

A Lei n° 8.072/90, ao dispor sobre os crimes hediondos, determinou em seu artigo 2°, § 1° que as penas impostas aos crimes previstos em seu texto serão cumpridas integralmente em regime fechado.

Com o advento da Lei n° 9.455/97, permitindo a progressão de regime para o crime de tortura, instalou-se uma celeuma jurídica acerca da possibilidade ou não da aplicação desta legislação às demais infrações insertas na Lei dos Crimes Hediondo

(4)

A partir do julgamento pelo STF do HC n° 82.959, em 23.02.2006, declarando incidentalmente, por maioria, a inconstitucionalidade do § l o do art. 20 da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990, as discussões sobre a progressão de regime de cumprimento de pena para condenados por crime hediondo, a priori, perderam o sentido. A partir dessa decisão, na prática, o condenado por crime hediondo ou equiparado faria jus à progressão de regime, a qual era regulada pela Lei de Execução Penal, exigindo somente o cumprimento de 1/6 da pena como requisito objetivo temporal.

Por fim, sobreveio a Lei 11.464/07, possibilitando a progressão de regime nos crimes hediondos, desde que preenchidos os seguintes requisitos objetivos: 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.

111

Assim sendo, não resta dúvida de que o autor de crimes hediondos ou equiparados estava, até a edição da Lei 11.464/07 submetido à progressão de regime nos moldes do artigo 112 da Lei de Execução Penal, uma vez que não mais era válido o disposto no artigo 2°, § 1°, da Lei 8072/90, a partir da manifestação inequívoca do STF. Não há outra conclusão a se chegar a não ser a de que o sistema da Lei 11.464/07, nesse contexto, surge como "novatio legis in pejus", somente podendo ser aplicado aos casos posteriores à sua vigência. Os casos anteriores continuam regidos pela legislação mais benéfica que os regulava.

• Essa Egrégia Câmara Criminal tem entendido que a aplicação imediata da Lei 11.464/07 desvela situação mais gravosa do que a situação anterior dos que vinham obtendo progressão com 1/6 de cumprimento de pena, em que pese serem autores de delitos hediondos e equiparados.

Tratando de novatio lex in pejus, é vedada pela Constituição da República Federativa do Brasil, sua retroação em prejuízo da situação anterior, mais benéfica (CF, art. 50, inc. XL).

A Ministra do Superior Tribunal de Justiça, MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, no HC n. 81.914/SP, em 25.04.2007, sustentou

monocraticamente o seguinte entendimento.

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-"É de se ressaltar, ainda, o advento da Lei n. 11.464, de 29 de março de 2007, que modificou o art. 2° da Lei dos Crimes Hediondos, o qual passou a prever, no seu § 1°, que os condenados pela prática de tais delitos iniciarão o cumprimento da pena no regime fechado. É certo, também, que sua aplicação é restrita aos casos posteriores à sua promulaacão. Todavia, baniu-se expressamente, desta forma, o já declarado inconstitucional óbice à progressão de regime, consagrando-se peremptoriamente o princípio constitucional da individualização da pena".

Luis Flávio Gomes possui o mesmo entendimento:

(...) O STF, de alguma maneira, tem que deixar

claro que seu posicionamento (adotado no HC 82.959) tinha (e tem) eficácia erga omnes. Isso

significa respeitar o princípio da igualdade (tratar

todos os iguais igualmente) assim como banir (do

mundo jurídico) todas as polêmicas sobre o

cabimento de progressão em relação aos crimes ocorridos antes de 29.3.07. Para nós, como já

• afirmado, não só é cabível a progressão de

regime nesses crimes (nos termos do HC 82.959,

que possui efeito erga omnes), como eles são

regidos pelo art. 112 da LEP (um sexto da pena).

A tempo (diferenciado) exigido pela nova lei só vale para crimes ocorridos de 29.3.07 para frente.

(In: GOMES, Luiz Flávio. Lei 11.464/07: Liberdade provisória e progressão de regime nos crimes

hediondos. Disponível em:

http://www.lfg.blog.br.03 abriI.2007.

Portanto, preenchidos os requisitos subjetivos (fls. 05/08) e o cumprimento de mais de 1/6 da p- a p• a preenchimento do requisito

(6)

objetivo, a fim de se obter a concessão da progressão de regime, dou provimento ao agravo, em harmonia com o Parecer da douta Procuradoria de Justiça, reconhecendo da possibilidade de progressão de regime, ante o cumprimento de mais de 50% (cinqüenta por cento) da pena a ele imposta.

É como voto.

DECISÃO

Deu-se provimento ao recurso, em harmonia com o parecer. Unânime.

PARTICIPARAM DO JULGAMENTO

Relator: Des. Nilo Luis Ramalho Vieira

1° Vogal: Des. Antonio Carlos Coelho da Franca

2° Vogal: Des. Leôncio Teixeira Câmara

Presente ao julgamento o Exmo. Dr. Antonio de Pádua Torres, Procurador de Justiça.

Sala das sessões M Taigy Filho da Câmara Criminal do

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, João Pessoa, 08 de abril de 2008 (data do julgamento).

João Pessoa, 09 de abril de 2008.

91(14 Quid Oecvnuzão, 07-1.4~ RELATOR

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