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ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DO DES. LUIZ SÍLVIO RAMALHO JÚNIOR

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ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

GABINETE DO DES. LUIZ SÍLVIO RAMALHO JÚNIOR

Apelação Ove! n° 200.2003.037.668-1/001 Relator: Des. Luiz Silvio Ramalho Júnior --

Apelante: Condomínio Residencial do Edifício Augusto César Advogado: Cláudio Freire Madruga e Outro

Apelado: José Augusto de Almeida Advogado: João Lopes da Costa

DECISÃO: Vistos, etc.

JOSÉ AUGUSTO DE ALMEIDA interpôs Ação de Consignação em Pagamento em face do CONDOMÍNIO RESIDENCIAL DO EDIFÍCIO AUGUSTO CÉSAR, alegando, em síntese, ser proprietário do apartamento 402 do referido edifício, que a Assembléia Geral estabeleceu que o valor da taxa de condomínio fosse de R$ 400,00 (quatrocentos reais), que pagou a referida taxa com o novo valor até julho de 2003, que no boleto relativo ao mês de agosto do mesmo ano, lhe foi cobrada a quantia de R$ 690,00 (seiscentos e noventa reais).

Assim, alegando que seu apartamento não apresenta nenhum custo adicional para o Condomínio, nem possui qualquer privilégio em relação às demais unidades, depositou em juízo o valor estabelecido na Assembléia Geral, e requerendo a consignação das taxas vincendas, pugnou pela procedência do pedido (fls. 02/05).

Em sua defesa, a parte ré alegou que o apartamento do autor é uma cobertura, com área correspondente a 407,51 m 2, sendo 217,97m2 maior que os apartamentos "tipo", que medem 189,54m 2 de área total. Igualmente, invocou o art. 1.336 do Código Civil para demonstrar a legalidade da cobrança objeto da lide, que foi calculada com base na fração ideal do apartamento do autor. Assim, pugnou pela liberação dos depósitos

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já efetuados, pela declaração da insuficiência dos mesmos, bem como pela improcedência do pedido contido na exordial (fls. 54/60).

Sentenciando, o juízo a quo, considerando injusta a recusa do Condomínio em receber o pagamento das taxas condominiais depositadas em juízo, bem como que a norma que regula a matéria, insculpida no Código Civil, não se sobrepõe à convenção dos condôminos, julgou procedente o pedido e considerou extinta a obrigação do autor quanto às taxas em questão, além de determinar a liberação das quantias depositadas e ainda não levantadas (fls. 199/201).

1••■

Inconformado com a referida decisão, a parte ré recorreu e, nas razões de seu apelo, ratificou suas alegações aduzindo que o apartamento do apelado é uma cobertura duplex, possuindo área muito superior às demais unidades, devendo, em observância ao Código Civil, ratear as despesas condominiais de forma proporcional a sua fração ideal. Assim, pugnou pelo provimento do apelo para que fosse determinada a cobrança da taxa de condomínio na forma estabelecida pelo referido diploma legal (fls. 205/211).

Em suas contra-razões, o apelado também ratificou seus argumentos, afirmando que a realização de Assembléia Geral alterou a convenção do condomínio, tornando igualitárias as contribuições dos condôminos para o custeio das despesas, independentemente da fração ideal de cada unidade, pugnando pela manutenção da decisão recorrida (fls. 227/229).

Instada a se pronunciar, a Procuradoria Geral de Justiçaentendendo ser desnecessária a sua intervenção no feito, deixou de emitir parecer (fls. 234/237).

É o relatório. Decido:

O apelo não deve ter seguimento por ser manifestamente improcedente.

Cumpre esclarecer, preliminarmente, que consoante o disposto no art. 557 do CPC, o relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou jurisprudência dominante do respectivo Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

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É cediço que o valor da taxa mensal de condomínio, tem como principal objetivo custear as despesas essenciais ao regular funcionamento do edifício, mediante a conservação das partes comuns a todos que ali residem.

A lei n." 4.591/64, que dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias, estabelece que a convenção do condomínio disporá, entre outras coisas, sobre a forma e a proporção das contribuições dos co-proprietários para as despesas do condomínio.

Neste sentido, seu art.., 9.° estabelece que: "Os proprietários, promitentes compradores, cessionários ou promitentes

cessionários dos direitos pertinentes à aquisição de unidades autônomas, em edificações a serem construídas, em construção ou já construídas, elaborarão, por escrito, a Convenção de condomínio, e deverão, também, por contrato ou por deliberação em assembléia, aprovar o Regimento

Interno da edificação ou conjunto de edificações. •••) § 3 0 Além de outras normas aprovadas pelos interessados, a Convenção deverá conter: (..) d) encargos, forma e proporção das contribuições dos condôminos para as despesas de custeio e para as extraordinárias; (Destaquei).

Uma vez aprovada a Convenção do Condomínio, essa passa a ser a lei daquela comunidade, e seus dispositivos obrigam a todo o condomínio. Porém, é assegurada à Assembléia Geral, a quem compete a aprovar as verbas para as despesas de condomínio, compreendendo as de conservação, as de manutenção dos serviços e correlatas, a faculdade de alterá-la regularmente.

O art. 12 do referido diploma legal preceitua que: "Cada condômino concorrerá nas despesas do condomínio, recolhendo, nos prazos previstos na Convenção, a quota-parte que lhe couber em rateio. (..) § 1° Salvo disposição em contrário na Convenção, a fixação da quota no rateio corresponderá à fração ideal de terreno de cada

unidade" (Sem grifos no original).

Desta forma, restou estabelecido em lei que o valor da taxa do condomínio deverá ser fixado de acordo com a fração ideal de cada inidade que o compõe, salvo se a convenção estabelecer de forma diversa.

Neste diapasão, o Código Civil, ao regular a matéria, determinou que:

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Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os interessados houverem por bem estipular, a convenção determinará: 1 - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio (..) (Destaquei):

Art. 1.336. São deveres do condômino: I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais,

salvo disposição em contrário na convenção (..) (Grifei):

A conjugação dos dispositivos legais coligidos leva a ilação lógica de que: o valor da taxa de condCimínio deve ser estabelecido levando-se em conta a proporção de suas respectivas frações idéias, bem como que a Convenção do Condomínio, que pode ser modificada pela Assembléia Geral, pode estabelecer que o valor a ser cobrado não tenha como parâmetro a área de cada unidade.

Este vem sendo o entendimento firmado por este Tribunal:

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - Taxa de condomínio - Valor proporcional a área do imóvel - Definição pela assembléia extraordinária convocada - Previsão legal- Depósito insuficiente - Demanda improcedente - Apelação Cível - Repetição da matéria arrolada na inicial - Possibilidade, ante o duplo grau de jurisdição - Desprovimento. - Pode o Recorrente, em suas razões

recursais, repetir a matéria agitada na inicial, desde que contenha fundamentos suficientes para a sua reforma, mesmo porque o Tribunal

de Justiça pode, em sede de apelação, reexaminar as alegações fáticasn'e jurídicas suscitadas pelas partes e decididas na sentença, em

atenção ao duplo grau de jurisdição. - Existe previsao legal acerca da cobrança de taxa de condomínio com base na fração ideal do terreno de cada unidade, salvo disposição em contrário na convenção. Desse modo, se os condominos, reunidos em assembléia extraordinária, resolvem atribuir valores diferenciados com base na área dos apartamentos, não pode o condomino discordante pretender livrar-se da obrigação mediante o pagamento a menor do valor convencionado. Apelação Civel n.° 888.2000.003749-4/001, Relator: Des. Antônio de Pádua Lima Montenegro. Órgão Julgador: 1'

CAMARA CIVEL. Data da Publicação: 20/3/2001. (Sem grifos no original).

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O mesmo entendimento vem sendo esposado por outras Cortes de Justiça:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. CONDOMÍNIO. AÇÃO DE COBRANÇA DE QUOTAS CONDOMINIAIS. CRITÉRIO DIFERENCIADO DE RATEIO. POSSIBILIDADE. Nenhum óbice há para que o condomínio, por convenção ou assembléia geral, disponha de critério diferenciado de rateio das quotas condominiais, ainda que não correspondente à fração ideal de cada condômino. Hipótese em que foi acordado pelos condôminos que as unidades comerciais pagariam o dobro do valor do metro quadrado estabelecido para as unidades residenciais, por geraram maiores gastos com a manutenção da parte comum. Disposição que não representa quebra ao princípio da isonornia. (..). Precedentes jurisprudenciais. Recurso Parcialmente Provido. Unânime.

(Apelação Cível N° 70015749708, Décima Oitava Câmara Cível, TJRS, Relator: Pedro Celso Dal Pra, Julgado em 13/07/2006). (Grifei)

CONDOMÍNIO - DESPESAS ORDINÁRIAS E EXTRAORDINÁRIAS - RATEIO ENTRE OS COMUNHEIROS -

CRITÉRIO DA FRAÇÃO IDEAL DO TERRENO - POSSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL - NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA CONVENÇÃO DE CONDOMÍNIO. — A manutenção e conservação do edificio interessa a todos os co-proprietários, pelo que todos devem concorrer, na proporção de sua parte, para as respectivas despesas. - Salvo disposição em contrário, o rateio das despesas entre os condôminos é de ser feito na proporção do quinhão do terreno, conforme seja discriminado na escritura de aquisição e Convenção do Condomínio, inexistindo, nesse critério, qualquer ilegalidade ou abusividade que impliquem na necessidade de intervenção do Judiciário, na Convenção aprovada pela maioria dos condôminos. - Da mesma forma, diante do caráter absoluto da Convenção regularmente instituída, não se vislumbra a necessidade de revisão da cláusula que prevê o critério de sorteio para escolha das vagas de garagem a serem destinadas a cada apartamento. TJMG. Processo n.° 2.0000.00.364322-1. Relator: Eduardo Marine da Cunha. Data da Publicação 28/08/2002. (Destaquei).

Os autos revelam que, por quatro votos a três, a Assembléia Geral Extraordinária, realizada em 22 de maio de 1999 (fls. 48/49), alterou a redação das alíneas "n" e "o" do art. 6.° da Convenção de Condomínio (fls. 15/40), estabelecendo que "São deveres dos condôminos: contribuir para as despesas comuns do edificio, em valores iguais, independente da proporção das respectivas frações, efetuando os recolhimentos nas ocasiões oportunas; contribuir para o custeio das obras

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João Pessoa, 09 de agosto de 2006:

Desembargador Luiz Silvio amalho Júnior RELATOR

determinadas pela assembléia, em valores iguais, independente da forma e proporção de suas respectivas frações". Verifica-se ainda, que a Assembléia Geral Extraordinária, realizada em 11 de junho de 2003 não modificou os referidos dispositivos (fls. 09/10).

Por tais razões, com fulcro no art. 557 do CPC, nego seguimento ao recurso por ser ele manifestamente improcedente.

Publique-se.

Miln

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TRIBUNAL DE JUSI- ICA

Coordenadoria Judiciária

Regigrado emdb ° /c) 47

Referências

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