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Indicador de salubridade ambiental (ISA) como instrumento de análise da salubridade do ambiente da comunidade de Saramém em Brejo Grande (SE)

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE. MARIANNA MARTINS ALBUQUERQUE. INDICADOR DE SALUBRIDADE AMBIENTAL (ISA) COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE DA SALUBRIDADE DO AMBIENTE DA COMUNIDADE SARAMÉM EM BREJO GRANDE (SE). SÃO CRISTÓVÃO, SE 2013.

(2) MARIANNA MARTINS ALBUQUERQUE. INDICADOR DE SALUBRIDADE AMBIENTAL (ISA) COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE DA SALUBRIDADE DO AMBIENTE DA COMUNIDADE SARAMÉM EM BREJO GRANDE (SE). Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe, como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. José Daltro Filho. SÃO CRISTÓVÃO, SE 2013.

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(5) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE. MARIANNA MARTINS ALBUQUERQUE. INDICADOR DE SALUBRIDADE AMBIENTAL (ISA) COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE DA SALUBRIDADE DO AMBIENTE DA COMUNIDADE SARAMÉM EM BREJO GRANDE (SE). Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente.. __________________________________________ Prof. Dr. José Daltro Filho (Orientador) Universidade Federal de Sergipe.

(6) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE. MARIANNA MARTINS ALBUQUERQUE. INDICADOR DE SALUBRIDADE AMBIENTAL (ISA) COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE DA SALUBRIDADE DO AMBIENTE DA COMUNIDADE SARAMÉM EM BREJO GRANDE (SE).. É concedido ao Núcleo responsável pelo Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe permissão para disponibilizar, reproduzir cópias desta dissertação e emprestar ou vender tais cópias.. __________________________________________ Marianna Martins Albuquerque (Autora) Universidade Federal de Sergipe (UFS). __________________________________________ Prof. Dr. José Daltro Filho (Orientador) Universidade Federal de Sergipe (UFS).

(7) Aos meus pais, Ana e Mário, e minha irmã, Camilla Á amiga Ana Lucy E ao povo do Saramém.

(8) AGRADECIMENTOS Acredito no ditado que diz que sem sacrifício não há recompensa. Acredito, pois não estaria agora aqui agradecendo por mais um sonho realizado, se não houvesse me dedicado à sua realização e principalmente se não fosse um somatório de forças e pessoas especiais que Deus colocou em minha vida, percorrendo lado a lado comigo o caminho para chegar até aqui. À Deus, sempre Ele, sempre ali por mim. Mesmo nas horas de dúvidas e incertezas, maior era minha certeza de que Ele encaminharia tudo para o caminho certo, como sempre fez e sei que fará. Aos meus pais, Ana e Mário, pelo enorme exemplo de vida e de extrema dedicação e amor por mim. Vocês são meu chão, quem sou e quem quero ser. Obrigada pelo apoio incondicional e por nunca medirem esforços para meus estudos, nunca vou conseguir agradecer à altura! Amo vocês! À minha irmã, Camilla, meu oposto mais amado do que qualquer semelhante, obrigada por sempre estar presente para mim!! À Malu, minha companheira de estudos, os dias sentada na cadeira não teriam sido tão suaves sem você ao lado. À amiga Ana Lucy Neri, a quem sempre me faltam palavras para agradecer por nossa amizade. Não estaria aqui sem seu apoio e sua confiança na minha capacidade, quando até nem eu mesma acreditava. Dedico a você meu mestrado, meu carinho e agradecimento eternos! Agradeço também a sua família, pelo carinho de sempre comigo! A meu namorado André, pelo apoio e incentivo nas horas boas e ruins! Muito Obrigada! Aos meus amigos e amigas pela compreensão de minha ausência física durante todo esse tempo, e apesar disto, eu ter a certeza de que sempre estariam presentes para mim: Sarinha, Aline, Lu, Rafa, Evelyne, Vanessinha, Gau, Mateus, Vanessa, Alcina, Carolzinha, Amanda, obrigada por serem tão especiais e vitais para mim! Ao meu orientador, Prof. Dr. José Daltro, obrigada pela confiança em meu trabalho, por toda dedicação sem medidas em me guiar durante a pesquisa, de forma ética, cedendo-me pacientemente seus conhecimentos e seu precioso tempo. Obrigada por tudo, eu não poderia ter tido melhor orientador para a parceria do meu mestrado! Ao PRODEMA/UFS pela infinita oportunidade de aprimoramento de meus estudos e de conhecimento para vida profissional e pessoal. Às coordenadoras do curso Profª Drª Gicélia Mendes e Prof.ª Drª Maria José Soares pela imensa dedicação ao programa e aos seus alunos. Aos funcionários do programa, em destaque Aline, Najó e Luzia, por toda a ajuda e incentivo desde a seleção e durante todos esses anos. A todos os professores do programa, em especial ao Prof. Dr. Ronaldo Alvim por todos os ensinamentos em sala de aula e de vida, e por nossas conversas sempre tão produtivas. Obrigada pela enorme disposição em me ajudar, acompanhando meu trabalho de perto e me fazendo ver e pensar sob diferentes óticas e perspectivas. Aos todos os colegas do mestrado, por toda a força, garra, companheirismo e apoio mútuos, sem os quais não estaríamos aqui. Agradeço com um carinho mais que especial a Mel, Bárbara e Camilla por toda amizade que construímos ao longo desses anos. Obrigada por todo amor, conforto e apoio nas alegrias e nos desesperos! Vocês são preciosas! E como jamais deixaria de agradecer à fonte da pesquisa, fica aqui meu carinho imenso ao povo do Saramém, sempre tão receptivo comigo desde minha pesquisa anterior. Obrigada por me cederem seus conhecimentos para que eu pudesse construir mais este sonho!! A todos vocês e os que aqui não citei, mas que contribuíram com este percurso, o meu MUITO OBRIGADA!!!.

(9) RESUMO À luz da dimensão do desenvolvimento sustentável que busca assegurar o direito a um ambiente saudável e a saúde da população através de um saneamento ambiental de qualidade, foi elaborado um estudo sobre a salubridade ambiental da comunidade rural Saramém, no município de Brejo Grande no Estado de Sergipe, tendo como objetivo principal a análise da influência da salubridade ambiental em seu conjunto habitacional e em sua população, através da adaptação do Indicador de Salubridade Ambiental (ISA). O modelo original, utilizado como base desta pesquisa, apresenta-se como um dos principais instrumentos para mensurar a salubridade de um ambiente, permitindo flexibilidade quanto à adaptações ao mesmo. Denominado aqui de ISA/SAR, esta adequação à realidade estudada do modelo de indicador ISA utilizou-se dos seguintes sub-indicadores: Sub-Indicador de Abastecimento de água, SubIndicador de Esgotamento Sanitário, Sub-Indicador de Resíduos Sólidos, Sub-Indicador de Saúde Pública, Sub-Indicador de Características da Moradia, Sub-Indicador de Satisfação com a Moradia e o Entorno, Sub-Indicador de Espaço Público Comunitário e Sub-Indicador SócioEconômico. Os dados utilizados para alimentação dos mesmos foram coletados em campo segundo diferentes fontes: numa amostra dos domicílios da comunidade e em órgãos públicos municipais e estaduais. A partir dos resultados obtidos verificou-se que a rede de infraestrutura de saneamento ambiental existente na comunidade Saramém interfere negativamente na mesma, produzindo um ambiente com baixa salubridade, afetando assim a saúde de sua população. Suas principais carências estão relacionadas ao espaço público comunitário, em especial às suas vias, o que somado aos demais fatores voltados ao saneamento ambiental da comunidade, demonstram a urgência de uma intervenção por parte do Poder Público, bem como de uma atitude mais ativa de sua população quanto a compreensão de sua responsabilidade para a manutenção da saúde do ambiente em que habitam e de sua própria. Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável. Indicador de Salubridade ambiental. Saneamento e Salubridade Ambiental..

(10) ABSTRACT In light of the dimension of sustainable development that seeks to ensure the right to a healthy environment and population's health through an environmental sanitation of quality, was elaborated a study about the environmental salubrity of the rural community Saramém, in the town of Brejo Grande in the state of Sergipe, having as main objective the analysis of the influence of environmental salubrity in its housing and its population, by adapting the Indicator of Environmental Salubrity - ISA. The original model, used as the basis of this research, presents itself as a major instrument to measure the health of an environment, allowing flexibility to adjustments to it. Denominated here as ISA / SAR, this adequacy to the reality studied of the indicator model ISA used the following sub-indicators: Sub-Indicator of Water Supply, Sub-indicator of Sanitation Sewage, Sub-Indicator of Solid Waste, SubIndicator of Public Health, Sub-Indicator of Housing Characteristics, Sub-Indicator of Housing Satisfaction and Neighborhood, Sub-Indicator of Communitarian Public Space and Sub-Indicator Socio-Economic. The data used to feed it were collected in the field by different sources: in a sample of households in the community and state and local public organs. From the results obtained it was found that the infrastructure network of environmental sanitation existing in the community Saramém impairs it same, producing an environment with low health, affecting thus the health of its population. Its main shortcomings are related to communitarian public space, particularly its roads, which added to the others factors associated to the environmental sanitation of the community, demonstrate the urgency of an intervention by the Public Power as well as a more active attitude of its population as the understanding of their responsibility for maintaining the health of the environment they inhabit and their own. Keywords: Sustainable Development. Indicator of Environmental Salubrity. Sanitation and Environmental Salubrity..

(11) LISTA DE SIGLAS BNH. – Banco Nacional de Habitação. CESBs. – Companhias Estaduais de Saneamento Básico. CMMAD. – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. CONESAN. – Conselho Estadual de Saneamento. DESO. – Companhia de Saneamento de Sergipe. FAE. – Fundo de Água e Esgoto. FSESP. – Fundação de Serviço Especial de Saúde Pública. FUNASA. – Fundação Nacional de Saúde. ISA. – Indicador de Salubridade Ambiental. ISA/F. – Indicador de Salubridade Ambiental para favelas em área de proteção a mananciais. ISA/JP. – Indicador de Salubridade Ambiental para bairros costeiros de João Pessoa. ISA/OE. – Indicador de Salubridade Ambiental para áreas de ocupação espontânea. ISA/SAR. – Indicador de Salubridade Ambiental para a comunidade Saramém. ITPS. – Instituto Tecnológico de Pesquisas do Estado de Sergipe. OMS. – Organização Mundial de Saúde. ONU. – Organizações das Nações Unidas. PLANASA. – Plano Nacional de Saneamento. PNSB. – Plano Nacional de Saneamento Básico. PNUMA. – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. SINISA. – Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico. SNIS. – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. UICN. – União Internacional para a Conservação da Natureza. WWF. – World Wide Fund for Nature.

(12) LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 Faixas de salubridade segundo pontuação do somatório final do ISA/SAR....... 81 Tabela 5.1 Homogeneização dos resultados obtidos por sub-indicador do ISA/SAR…….. 97 Tabela 5.2 Síntese da citação de doenças na comunidade conforme dados obtidos............ 110 Tabela 5.3 Resultado final e faixa de salubridade correspondente ao ISA/SAR…….....….132.

(13) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 5.1. Gráfico comparativo entre as variáveis do IAB............................................ 100. Gráfico 5.2. Gráfico sobre quantitativo de presença e ausência de reservação internas nas residências................................................................................................101. Gráfico 5.3. Gráfico comparativo entre as variáveis do IES............................................. 102. Gráfico 5.4. Gráfico sobre destinação das águas servidas dada pelas residências.............103. Gráfico 5.5. Gráfico comparativo entre as variáveis do IRS............................................. 105. Gráfico 5.6. Gráfico sobre destinação do lixo após acondicionamento segundo domiciliados.................................................................................................. 106. Gráfico 5.7. Gráfico comparativo entre as variáveis do ISP............................................. 109. Gráfico 5.8. Gráfico comparativo entre as variáveis do ICM........................................... 112. Gráfico 5.9. Quantitativo e percentual de dormitórios nos domicílios da amostra........... 115. Gráfico 5.10. Quantitativo e percentual de banheiros nos domicílios da amostra...............115. Gráfico 5.11. Gráfico comparativo entre as variáveis do ISME....................................... 117. Gráfico 5.12. Gráfico comparativo entre as variáveis do IEPC...........................................119. Gráfico 5.13. Gráfico comparativo entre as variáveis do ISE............................................ 128. Gráfico 5.14. Percentual de domicílios que recebe auxílio do governo e qual o tipo deste auxílio................................................................................................. 130.

(14) LISTA DE QUADROS Quadro 2.1 Critérios de Sustentabilidade definidos por Sachs (2000).............................. 39. Quadro 2.2 Crescimento da população urbana nas cidades com mais de 100.000hab...... 45. Quadro 2.3 Princípios básicos da Reforma Urbana........................................................... 52. Quadro 2.4 Contextualização do Saneamento Ambiental no Brasil......................................... 54. Quadro 2.5 Níveis de atendimento de água e esgoto do SNIS2009................................... 57. Quadro 2.6 Indicadores e variáveis que compõem o ISA do Estado de São Paulo............ 64. Quadro 3.1 Grupos habitacionais segundo entrega e origem dos domicílios na comunidade...................................................................................................... 72. Quadro 3.2 Caracterização dos serviços de saneamento da comunidade Saramém no ano de 2009…………………….................................................................…. 74. Quadro 4.1 Variáveis e parâmetros do Sub-Indicador de Abastecimento de água............ 83. Quadro 4.2 Variáveis e parâmetros do Sub-Indicador de Esgotamento Sanitário............. 86. Quadro 4.3 Variáveis e parâmetros do Sub-Indicador de Resíduos Sólidos……..……... 87. Quadro 4.4 Variáveis e parâmetros do Sub-Indicador de Saúde Pública………............... 88. Quadro 4.5 Variáveis e parâmetros do Sub-Indicador de Características da Moradia....... 89. Quadro 4.6 Variáveis e parâmetros do Sub-Indicador de Satisfação com a Moradia e o Entorno……………………............................................……………………. 91. Quadro 4.7 Variáveis e parâmetros do Sub-Indicador de Espaço Público Comunitário.. 92. Quadro 4.8 Variáveis e parâmetros do Sub-Indicador Sócio-Econômico…...................... 94. Quadro 5.1 Comparativo dos resultados dos sub-indicadores do ISA/SAR e demais resultados de sub-indicadores similares nas adaptações do ISA..................... 98. Quadro 5.2 Citação da quantidade e tipos de cômodos dos domicílios da amostra .......... 114.

(15) LISTA DE EQUAÇÕES Equação 2.1. Equação geral do ISA/CONESAN................................................................ 64. Equação 2.2. Equação geral do ISA/F................................................................................. 65. Equação 2.3. Equação geral do ISA/OE............................................................................. 66. Equação 2.4. Equação geral do ISA/JP............................................................................... 66. Equação 2.5. Equação geral do ISA/MENEZES................................................................. 66. Equação 4.1. Equação para cálculo da amostragem probabilística aleatória simples........ 79. Equação 4.2. Equação geral do ISA/SAR............................................................................ 81. Equação 4.3. Equação para cálculo do sub-indicador de Abastecimento de água (IAB)...... 84. Equação 4.4. Equação para cálculo do sub-indicador de Esgotamento Sanitário (IES)...... 86. Equação 4.5. Equação para cálculo do sub-indicador de Resíduos Sólidos (IRS)................ 88. Equação 4.6. Equação para cálculo do sub-indicador de Saúde Pública (ISP).................... 88. Equação 4.7. Equação para cálculo do sub-indicador de Características da Moradia (ICM) 90. Equação 4.8. Equação para cálculo do sub-indicador de Satisfação com a Moradia e o Entorno (ISME)................................................................................................ 91. Equação 4.9. Equação para cálculo do sub-indicador de Espaço Público Comunitário (IEPC).............................................................................................................. 92. Equação 4.10 Equação para cálculo do sub-indicador Sócioeconomico (ISE)...................... 94.

(16) LISTA DE FIGURAS Figura 3.1. Localização do município de Brejo Grande em Sergipe................................... 68. Figura 3.2. Localização da Fazenda Resina e do antigo Porto Saramém............................ 69. Figura 3.3. Localização da antiga comunidade Saramém e da atual………………......…. 69. Figura 3.4. Configuração inicial da comunidade Saramém................................................. 70. Figura 3.5. Configuração da comunidade Saramém quanto aos grupos de unidades residenciais........................................................................................................ 71. Figura 3.6. Configuração dos grupos de unidades residenciais que compõem a comunidade Saramém....................................................................................... 73. Figura 3.7. Configuração do porto da antiga comunidade Saramém................................... 74. Figura 3.8. Configuração espacial da atual comunidade Saramém..................................... 74. Figura 4.1. Localização dos cinco pontos de coleta de amostra de água realizada no conjunto da comunidade……………………………………………………... 85. Figura 4.2. Localização das vias existentes no conjunto da comunidade Saramém……… 93. Figura 5.1. Estação da DESO existente no conjunto da comunidade Saramém.………… 101. Figura 5.2. Acúmulo de águas residuais juntamente com lixo em sarjeta do conjunto....... 103. Figura 5.3. Acúmulo de águas residuais no quintal da habitação........................................ 103. Figura 5.4. Árvore frutífera próxima à fossa séptica em quintal de residência................... 104. Figura 5.5. Acúmulo de águas residuais em via do conjunto.…………………………… 104. Figura 5.6. Acúmulo de águas residuais e pluviais em via do conjunto.............................. 104. Figura 5.7. Criança em contato com poça de água residual misturada a de chuva.............. 105. Figura 5.8. Tonel para acondicionamento do lixo e posterior coleta.................................. 106. Figura 5.9. Descarte de resíduos a ceu aberto no meio ambiente natural no entorno próximo do conjunto......................................................................................... 107. Figura 5.10 Bolsa de lixo descartada em via do conjunto................................................... 107 Figura 5.11 Tonéis lotados de lixo acumulado na rua B pela coleta atrasada...................... 107 Figura 5.12 Acúmulo de lixo próximo a rua principal do conjunto (rua B)......................... 107 Figura 5.13 Destinação dos resíduos sólidos após coleta para plantação de coqueiros....... 108 Figura 5.14 Poça formada na SE/100 no período chuvoso de 2009..................................... 110 Figura 5.15 Atoleiros na SE/100 no período chuvoso de 2009............................................ 110 Figura 5.16 Mercearia existente anexo a moradia na rua H................................................ 112 Figura 5.17 Varandas fechadas dentro do passeio na rua F................................................. 116 Figura 5.18 Varandas abertas e fechadas num mesmo passeio na rua E.............................. 116.

(17) Figura 5.19 Acúmulo de lixo e águas residuais na rua E.................................................... 118 Figura 5.20 Tonel de com excesso de lixo devido ao retardo na coleta............................... 118 Figura 5.21 Campo improvisado existente na praça............................................................. 118 Figura 5.22 Campo de futebol oficial do conjunto sem qualquer pavimentação................. 118 Figura 5.23 Croqui indicando os elementos inseridos na praça do conjunto...................... 120 Figura 5.24 Inserção de alguns equipamentos na área da praça do conjunto....................... 121 Figura 5.25 Poça de água existente na praça agravada com a falta de pavimentação adequada ........................................................................................................... 121 Figura 5.26 Campo de futebol improvisado na área da praça e sem qualquer pavimentação..................................................................................................... 121 Figura 5.27 Campo de futebol oficial do conjunto somente coberto em areia e grama....... 122 Figura 5.28 Contraste entre a aridez da implantação do conjunto e a abundância da vegetação nativa do entorno............................................................................. 123 Figura 5.29 Rua B, atualmente bem pavimentava com paralelepípedos............................ 123 Figura 5.30 Rua B com cobertura apenas em areia e mato.................................................. 124 Figura 5.31 Pavimentação irregular e presença de areia na maior parte da rua D............... 124 Figura 5.32 Pavimentação irregular e presença de areia e mato em parte da rua E............ 124 Figura 5.33 Pavimentação irregular e presença de areia em toda a extensão da rua F........ 125 Figura 5.34 Indicação e visualização dos pontos mais graves de alagamentos na comunidade....................................................................................................... 126 Figura 5.35 Pavimentação irregular de calçada na rua G na presença de areia e vegetação........................................................................................................... 127 Figura 5.36 Varandas e garagem no espaço do passeio na rua F......................................... 127 Figura 5.37 Construção de varanda no período do defeso.................................................. 127 Figura 5.38 Apropriação do passeio para a construção de varanda e garagem na rua G.... 127 Figura 5.39 Escola Municipal José Machado Martins na rua H.......................................... 129 Figura 5.40 Escola Estadual Manoel Alves Cavalcante na rua G....................................... 129 Figura 5.41 Atividade de fabricação de rede de pesca........................................................ 129. Figura 5.42 Associação das cocadeiras e artesãs do povoado Saramém.............................. 129 Figura 5.43 Reforma com construção de varanda na rua F no período de defeso.............. 131 Figura 5.44 Presença de materiais de construção na rua G.................................................. 131.

(18) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 19. 1.1. Problema pesquisado.............................................................................................. 19. 1.2. Objetivos.................................................................................................................. 21. 1.2.1. Objetivo geral........................................................................................................... 21. 1.2.2. Objetivos específicos................................................................................................ 21. 1.3. Estrutura do trabalho............................................................................................ 21. 2. REFERENCIAL TEÓRICO – A DIMENSÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL..................................................................................................... 24. 2.1. Concepções e contrastes do desenvolvimento sustentável.................................. 24. 2.1.1. Homem, Natureza e Meio Ambiente........................................................................ 24. 2.1.2. A problemática ambiental e o cenário atual............................................................. 27. 2.1.3. O despertar e a (des)construção do desenvolvimento sustentável........................... 32. 2.1.4. Comunidades pesqueiras e sustentabilidade............................................................. 40. 2.2. Saneamento ambiental e sustentabilidade............................................................ 42. 2.2.1. A cidade, um ecossistema vivo................................................................................ 42. 2.2.2. Planejamento, saneamento e saúde........................................................................... 2.2.3. O quadro do saneamento no Brasil........................................................................... 53. 2.2.4. Saneamento em comunidades na zona rural............................................................. 58. 2.3. Uso de Indicadores como instrumento para elaboração de políticas públicas. 2.3.1. Considerações iniciais.............................................................................................. 61. 2.3.2. Indicador de Salubridade Ambiental (ISA) e suas adaptações................................. 63. 3. CARACTERIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.............. 67. 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................ 77. 4.1. Metodologia da execução....................................................................................... 77. 4.2. Amostragem da pesquisa....................................................................................... 78. 4.3. Constituição do ISA/SAR – Indicador de Salubridade Ambiental da. 47. 61. Comunidade Saramém........................................................................................... 79 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 5.1. Resultados homogeneizados dos componentes do ISA/SAR em comparação. 97. com demais adaptações do ISA............................................................................. 97.

(19) 5.2. Discussão dos Resultados....................................................................................... 100. 5.2.1. Sub-Indicador de Abastecimento de Água (IAB)...................................................... 100. 5.2.2. Sub-Indicador de Esgotamento Sanitário (IES)........................................................ 102. 5.2.3. Sub-Indicador de Resíduos Sólidos (IRS)................................................................. 105. 5.2.4. Sub-Indicador de Saúde Pública (ISP)...................................................................... 109. 5.2.5. Sub-Indicador de Características da Moradia (ICM)................................................ 111. 5.2.6. Sub-Indicador de Satisfação com a Moradia e o Entorno (ISME)............................. 117. 5.2.7. Sub-Indicador de Espaço Público Comunitário (IEPC)............................................. 119. 5.2.8. Sub-Indicador Socioeconômico (ISE)....................................................................... 128. 5.3. Resultado final do ISA/SAR.................................................................................. 131. 6. CONCLUSÕES, PROPOSTAS E RECOMENDAÇÕES.................................. 135. 6.1. Conclusões.............................................................................................................. 135. 6.2. Propostas................................................................................................................. 143. 6.3. Recomendações....................................................................................................... 147. REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 150 APÊNDICES........................................................................................................................ 158 APÊNDICE A – TABULAÇÃO DOS RESULTADOS...................................................... 159 APÊNDICE B – FORMULÁRIO APLICADO AOS DOMICÍLIOS DA AMOSTRA........ 162 APÊNDICE C – FORMULÁRIO APLICADO À SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE / POSTO DE SAÚDE............................................................................................. 166 APÊNDICE D – FORMULÁRIO APLICADO À PREFEITURA MUNICIPAL DE BREJO GRANDE........................ 167. APÊNDICE E – FORMULÁRIO APLICADO À SECRETARIA DE EDUCAÇÃO / SECRETARIA DE AÇÃO SOCIAL.................................................................................... 168 APÊNDICE F – FORMULÁRIO APLICADO À DESO..................................................... 169 APÊNDICE G – FORMULÁRIO DE OBSERVAÇÃO DA AUTORA............................. 170 ANEXOS............................................................................................................................... 171 ANEXO A – CÁLCULO DA AMOSTRAGEM PROBABILÍSTICA ALEATÓRIA SIMPLES.............................................................................................................................. 172 ANEXO B – LAUDO DO ITPS QUANTO À QUALIDADE DA ÁGUA COLETADA........................................................................................................................ 173.

(20) 18 Introdução. 1 INTRODUÇÃO.

(21) 19 Introdução. 1 INTRODUÇÃO 1.1 Problema pesquisado As constantes transformações da sociedade contemporânea refletem tanto no meio urbano como no meio rural, alterando suas dinâmicas e impactando de modo agressivo e acelerado no ambiente. Este cenário é oriundo da crise ambiental atual, fruto de uma complexa problemática fundamentada num modelo de desenvolvimento econômico insustentável que alicerça a sociedade principalmente desde a Revolução Industrial do século XIX e que caracteriza esta crise como sem precedentes na história da civilização humana. Inserido nos mais variados debates e discursos por todo o planeta, o tema da sustentabilidade surge como uma possível solução para todo o processo, no entanto, muito é dito nos discursos atuais e muito pouco é realizado na prática. É preciso compreender que a dimensão real da sustentabilidade perpassa pela dimensão das ações humanas sobre o meio e a utilização de seus recursos. A adoção dos valores de consumo e produção predatórios desde a Revolução Industrial pela sociedade contemporânea ampliou as desigualdades sociais oriundas da mesma revolução, responsáveis, entre outras coisas, pela grande situação de pobreza e intensa degradação ambiental presente nos países em desenvolvimento ao produzir e reproduzir o espaço segundo a lógica capitalista excludente e segregadora. A realidade brasileira mostra-se, infelizmente, como um desses exemplos de caos urbano e também ambiental. Além do evidente agravamento do seu quadro de desigualdades sociais, seu constante crescimento populacional trouxe uma enorme situação de pobreza, e juntamente com esta, uma grande precariedade tanto das habitações quanto do ambiente natural e construído. Nesse contexto, o saneamento ambiental surge não somente como uma nova perspectiva, mas como uma necessidade, uma solução evidente para sanar o problema da insalubridade ambiental, tanto nas cidades quanto no meio rural, assegurando deste modo a própria saúde do ambiente e da população assim como uma vida de qualidade agora e para as futuras gerações. Inseridas no meio rural, existem comunidades que ainda apresentam suas características tradicionais especialmente na forma de manejo do meio ambiente e de seus recursos, mas que, no entanto, sofrem alterações que acarretam na desestruturação de seu.

(22) 20 Introdução. modo de vida tradicional, e ao romper sua territorialidade tradicional afetam diretamente em suas relações com meio ambiente. O problema da insalubridade ambiental surge, portanto no meio rural como um importante limitador do desenvolvimento saudável da população e do meio ambiente em que se insere. O que juntamente com a ausência de politicas públicas eficazes contribui para o agravamento do quadro epidemiológico brasileiro, principalmente nas regiões mais pobres quanto ao acesso aos serviços de saneamento ambiental. Um dos motivos do agravo do cenário rural é também a falta de informações e dados dos municípios que permitam a elaboração e implementação de políticas públicas voltadas ao tema além do envio de recursos para que se amplie o acesso aos serviços de saneamento. Deste modo a utilização de indicadores, aqui em foco os Indicadores de Salubridade Ambiental, se constitui num importante instrumento de auxílio a implementação destas políticas no âmbito rural e também nas cidades. Assim, seus órgãos responsáveis podem mensurar as devidas ações cabíveis a cada situação, assegurando-se, por conseguinte, o direito constitucional a um ambiente saudável. Do outro lado, também se assegura a capacidade de suporte do meio ambiente face ao grande aumento demográfico presente em todo o mundo, tornando-o mais compatível com a demanda e, quando feita sua prospecção para o futuro, mais sustentável. Nesse diapasão, optou-se por objeto de trabalho a comunidade tradicional do Saramém, localizada no município de Brejo Grande, no Estado de Sergipe, com o objetivo principal de analisar a infraestrutura de saneamento ambiental na salubridade do ambiente da comunidade e na sua população, através da adaptação do Indicador de Salubridade Ambiental. Desta forma busca-se um olhar interdisciplinar através da identificação física e socioeconômica da comunidade, através do levantamento e da descrição de sua situação de (in)salubridade. Como questão de pesquisa busca-se compreender de que modo a rede de infraestrutura de saneamento ambiental atua na salubridade do ambiente e da população desta comunidade. Entende-se como hipótese de pesquisa que esta atua de modo ineficaz, produzindo um ambiente com características insalubres e afetando diretamente o meio ambiente físico e natural e assim a própria saúde de sua população. A relevância deste estudo reside em se estabelecer uma análise acerca das questões sobre a influência do saneamento ambiental na salubridade do ambiente da comunidade, ao verificar concomitantemente se houve melhoria na qualidade de vida desta população bem como se o ambiente natural e construído não está sendo degradado e poluído. Assim sendo,.

(23) 21 Introdução. haverá contribuição não somente para a própria comunidade Saramém, como para assegurar a base do desenvolvimento sustentável que tende a sumir juntamente com as comunidades tradicionais. A necessidade de se estudar estratégias para a manutenção de um ambiente são nestas comunidades, acrescida a compreensão dos métodos e técnicas tradicionais, criam caminhos viáveis para se promover a aplicabilidade da proposta do desenvolvimento sustentável: equilíbrio, racionalidade e respeito à natureza. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Analisar a influência da salubridade ambiental no conjunto habitacional da comunidade Saramém e em sua população, através da adaptação do Indicador de Salubridade Ambiental - ISA. 1.2.2 Objetivos Específicos  Estudar a relação entre saneamento ambiental e qualidade de vida no meio rural;.  Caracterizar a rede de infraestrutura de saneamento ambiental existente na comunidade;.  Identificar as características físicas e socioeconômicas da comunidade;  Estudar a comunidade diante das alterações ambientais;.  Analisar a salubridade do ambiente da comunidade face às influências da infraestrutura de saneamento ambiental.. 1.3 Estrutura do trabalho. O presente estudo divide-se em seis capítulos, as saber: Capítulo 1 – Refere-se à Introdução com uma breve contextualização teórica sobre o tema, explicitando o problema pesquisado e a origem e limites da pesquisa, seus objetivos e relevâncias, dando um panorama geral da dissertação;.

(24) 22 Introdução. Capítulo 2 - Estrutura-se o referencial teórico sobre a dimensão do desenvolvimento sustentável, abordando desde a relação homem-natureza e sua evolução pelo desenvolvimento sustentável, perpassando pelo enfoque ao saneamento ambiental dentro dos limites da sustentabilidade e pela utilização de indicadores como instrumentos de gestão voltada ao tema; Capítulo 3 – Apresenta a caracterização e a delimitação da área de estudo; Capítulo 4 – Expõe os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa, sua metodologia de execução, a amostragem utilizada e a constituição do ISA/SAR; Capítulo 5 – Apresenta os resultados da pesquisa bem como a discussão destes segundo cada sub-indicador adotado e o resultado final obtido do ISA/SAR; Capítulo 6 – Apresentam-se as conclusões, propostas e recomendações da pesquisa; Referências – Finaliza com as referencias bibliográficas que nortearam e sem as quais não seria possível a realização deste estudo..

(25) 23 Referencial Teórico.

(26) 24 Referencial Teórico. 2 REFERENCIAL TEÓRICO – A DIMENSÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 2.1 Concepções e contrastes do desenvolvimento sustentável 2.1.1 Homem, natureza e meio ambiente A Ecosfera, também conhecida como Planeta Terra, é o maior dos ecossistemas, ele permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. O ser humano assim como os demais seres vivos e componentes desse grande sistema encontram-se conectados e interagem entre si de forma natural, numa permuta constante de energia e intercâmbio mútuo com o meio em que vivem e sobrevivem, o meio ambiente. Ao longo do tempo a superfície terrestre, a chamada biosfera, tem sofrido diversas e intensas transformações quer sejam de ordem física ou decorrentes de processos biológicos, sobretudo antrópicos (SANTOS; PEREIRA; ANDRADE, 2007). O homem desde os primórdios interage e interfere nos diferentes sistemas da biosfera, explora os recursos naturais em prol do atendimento de suas necessidades, ou seja, sua sobrevivência. No entanto, a ação humana sobre o ambiente produz efeitos que se inicialmente eram totalmente assimilados pelo ecossistema, atualmente não são. Esta interferência indiscriminada põe o ser humano como um poderoso agente causador das alterações presentes nos ciclos naturais (CAMARGO, 2003). Este impacto no equilíbrio biológico da Terra data desde sua aparição nesta, influenciando e sendo influenciado pelo ambiente natural (CAPRA, 1996). Na medida em que suas necessidades evoluíam com o tempo, suas diversas concepções em relação à natureza conforme decorrer de sua história também foram sendo modificadas. Conhecê-la é situar-se relativamente a ela, deste modo pode-se definir três momentos diferentes para a relação homem-natureza (LARRÈRE, C.; LARRÈRE, R., 1997). Num primeiro momento, nos primórdios de sua existência, o ser humano encontra-se subjugado pela natureza, em posição de observação e numa visão sacralizada: não é necessário compreendê-la racionalmente, apenas adorá-la. O mundo natural é assim visto como algo maior, onipotente e indomável (CAMARGO, 2003), tratado com total respeito e submissão a seus ciclos e manifestações naturais. Cabe compreender que a natureza vista enquanto processo que se desenrola naturalmente quando desencadeado não necessita fundamentalmente do homem, este é uma de suas espécies. Seus processos existem independentes da presença humana e se desenrolam.

(27) 25 Referencial Teórico. sem necessariamente haver sua presença. O homem busca então afirmar seu poder sobre a natureza e mais, procura afirmar a dependência desta a seu respeito. A natureza passa então a ser uma coisa criada e transformada pelo homem segundo suas leis que perde sua independência e identidade ao ser vista como algo abstrato e indeterminado, sendo qualificada apenas através do modo como é utilizada (LARRÈRE, C.; LARRÈRE, R., 1997). Em função do processo de hominização, o ser humano passa então a não ser apenas um mero espectador da natureza sujeito a seus espetáculos, procura controlá-la. De tanto observar suas manifestações adquiriu um conhecimento pleno sobre esta, aperfeiçoando seus métodos e técnicas e principalmente seus instrumentos para poder intervir em seus processos naturais. O homem sai, portanto, de seu papel passivo, para um papel mais ativo e de maior impacto no ambiente. Nesse processo, o homem tornou-se cada vez mais hábil, aprendendo a utilizar as mãos como instrumento de trabalho, desenvolvendo a capacidade de raciocínio e a busca da domesticação do meio ambiente em que vivia, criando ferramentas que facilitassem as atividades, como caçar, preparar e consumir os alimentos (VICENTINO, 2002, p.11).. Esta concepção de controle e dominação leva ao segundo momento, no qual segundo Camargo (2003) o ser humano se julga superior a natureza assumindo uma posição externa a esta, distanciando-se como se dela não mais fizesse parte e sim fosse senhor, tendendo a domá-la e a explorar seus recursos ilimitadamente. Ainda para a autora, a invenção da agricultura e da pecuária assinalam os primeiros passos desse processo de dessacralização da natureza, o que corrobora com a afirmação de Souza e Oliveira (2008) de que seu conceito está intimamente relacionado ao nível de desenvolvimento científico e tecnológico da espécie humana. À medida que a diversidade e a riqueza das nossas relações humanas aumentavam, nossa humanidade – nossa linguagem, nossa arte, nosso pensamento e nossa cultura – se desenvolviam. Ao mesmo tempo, desenvolvemos a capacidade do pensamento abstrato, a capacidade de criar um mundo interior de conceitos, de objetos e de imagens de nós mesmos. Gradualmente, à medida que esse mundo interior se tornava cada vez mais diversificado e complexo, começamos a perder contato com a natureza [...] (CAPRA, 1996, p. 229).. A partir da visão antropocêntrica, adquirida principalmente no Pós-Revolução Industrial, a humanidade passou a ser guiada por um modelo de desenvolvimento econômico que em nome de um crescimento ilimitado não permite qualquer limitação, desrespeitando os ciclos regenerativos dos sistemas naturais que já não correspondem a velocidade exigida pelo mercado. A natureza e o meio ambiente passaram a ser vistos como fontes inesgotáveis de.

(28) 26 Referencial Teórico. recursos e de descarte, objetos de domínio e poder que apenas existem para o homem satisfazer (muito além) suas necessidades. Na sociedade contemporânea o homem coloca-se como centro de tudo e do mundo: [...] Todos os seres estão ao seu dispor, para realizar seus desejos e projetos. São sua propriedade e domínio. Ele de sente sobre as coisas e não juntos com as coisas. Imagina-se num ponto isolado e único, fora da natureza e acima dela. Arrogantemente se dispensa a respeitá-los (BOFF, 2004, p.101).. Ao partir desta visão antropocêntrica de poder e domínio sobre a natureza, o homem utiliza e explora seus recursos em demasia e o ecossistema por sua vez torna-se desequilibrado. O ser humano, elemento do meio natural e pertencente a este, vê-se como um ser superior ao meio ambiente tornando-se um fator determinante e limitador do mesmo, do qual dependem não somente o funcionamento e a conservação dos ecossistemas, mas principalmente sua própria preservação (BOFF, 2004; JACOBI, 2006). Assim, o homem assume a posição de ator principal e age diretamente no processo da crise ambiental atual como agente causador uma vez que atua sobre a natureza como se esta fosse um pertence seu e a vê como fonte ilimitada. [...] Efetivamente todas as sociedades históricas, pelo menos desde o Neolítico são energívoras, consomem de forma sistemática e crescente energias da natureza. Particularmente a moderna, pois ela se estrutura ao redor do eixo da economia, entendida como arte e técnica de produção ilimitada de riqueza mediante a exploração dos recursos da natureza e da invenção tecnológica da espécie humana (BOFF, 2004, p. 97).. Para Souza e Oliveira (2008, p.171): [...] a natureza, ao ser incorporada como um objeto a ser possuído e dominado é concebida por uma idéia de homem não-natural e fora da natureza, o que dificulta tentativas de pensar o homem e a natureza de uma forma orgânica e integrada.. Essa visão compactuada e interdependente da relação do ser humano com o seu meio é possível a partir do momento em que se compreenda como cita Camargo (2003) que a espécie humana faz parte e é parte integrante da comunidade dos seres vivos e que apesar de autônomos quanto a sua existência não são e não estão dissociados da natureza. O terceiro momento surge com a visão de sustentabilidade, insiste no pertencimento do homem a natureza, interligando fundamentalmente a vida humana a esta. Orienta, portanto que se deve fluir com a natureza, compreender suas transformações e adaptar-se a ela principalmente no tocante a viver dentro de seus limites. Esta visão é, no entanto recente e representa um grande desafio uma vez que ainda prevalece a crença num futuro e numa natureza ilimitados, em que se pode exercer domínio e exploração dos recursos naturais indefinidamente (CAMARGO, 2003). A realidade há muito, é outra..

(29) 27 Referencial Teórico. Os sistemas ambientais apresentam-se cada vez mais desequilibrados e depreciados, parte disto deve-se ao grande poder predatório das ações humanas sobre o meio ambiente. Segundo o National Research Council (1993, apud Camargo, 2003) as mudanças ambientais globais que mais preocupam a atualidade estão diretamente relacionadas com o comportamento humano. Para compreender tais mudanças é preciso considerar as interações entre os sistemas ambientais e os sistemas humanos, que por sua vez encontram-se atualmente em dois níveis: um no qual as ações humanas impactam diretamente em mudanças ambientais, e o outro no qual as alterações ambientais afetam diretamente os seres humanos (CAMARGO, 2003). A compreensão dos limites da natureza assim como os limites do próprio crescimento humano se deu mais recentemente nas últimas décadas do séc. XX, quando o homem passou a ter noção da dimensão do efeito de suas ações sobre o meio em que vive. Surge assim a proposta de um novo tipo de desenvolvimento por meio do qual se possa conciliar as necessidades humanas e o respeito aos ciclos naturais nas presentes e futuras gerações, o chamado desenvolvimento sustentável. 2.1.2 A problemática ambiental e o cenário atual O panorama mundial acerca das questões ambientais encontra-se fundamentado numa complexa problemática que, ao contrário do que muitas vezes se pensa, não compete somente à atualidade. A procura de soluções para conter a chamada “crise ambiental” através do desenvolvimento sustentável é assunto dominante nas diversas esferas do mundo global. O discurso da sustentabilidade parece soar uníssono no planeta sem, no entanto, se conhecer a abrangência de seus significados e conceitos e principalmente a real dimensão da crise ambiental atual. É imprescindível que se conceba em nível mundial a consciência de que esta crise é na verdade fruto da enorme capacidade predatória exercida quase sempre pelo ser humano sobre o meio ambiente. Suas conseqüências, por muitas vezes catastróficas, não estão e não podem ser compreendidas isoladamente uma vez que tais problemas globais são sistêmicos, interligados e interdependentes (CAPRA, 1996). A sociedade contemporânea vive as conseqüências mais negativas possíveis resultantes de seu histórico de desenvolvimento e assim segue em constante e acelerada degradação ao meio apesar de sua intensa conscientização..

(30) 28 Referencial Teórico. Esta sociedade que ao mesmo tempo é capaz de compreender em âmbito global a escala de suas ações ao longo dos séculos sobre o meio ambiente, preocupa-se mais em pôr o desenvolvimento sustentável como solução em seus discursos sem saber seus conceitos que dar a devida importância às reais causas do problema. De acordo com Capra (1996) as soluções para os principais problemas atuais existem, em parte são até simples de se realizar, entretanto é necessária uma mudança radical da visão de mundo dominante até então. A inversão desta ordem (causa – conseqüência - solução) é um dos grandes embates atuais. Por maior que seja a difusão do desenvolvimento sustentável não há como sair da teoria e ir à prática sem saber as causas e as conseqüências que o levaram a ser o caminho a seguir na busca por um futuro melhor. O curso das mudanças globais se não avaliados produzirão os efeitos ainda maiores e soluções ainda mais escassas, pois não haverá tempo suficiente para minimizar e/ou reverter os danos de toda a história evolutiva do principal agente causador dos problemas ambientais da atualidade: o homem. A partir desta ótica é que se pode começar a compreender e discutir a crise ambiental no cerne da questão. Segundo Camargo (2003) nunca antes uma civilização teve em escala planetária um poder tão destrutivo quanto a sociedade contemporânea. As atividades humanas produzem mudanças sem precedentes na biosfera que se já não alcançaram, excederam os limites desta. Martins (2002) afirma que a realidade planetária desde o início do século XXI demonstra que nunca se falou tanto sobre meio ambiente, assim como nunca antes a biosfera foi tão comprometida. Para Capra (2002) está cada vez mais evidente que os complexos sistemas industriais que regem a atual sociedade constituem a principal força de depleção do ambiente planetário que, ao se estender a longo prazo, torna-se assim a principal ameaça à sobrevivência humana. [...] as alterações globais colocam a terra num período de mudanças ambientais que difere dos episódios anteriores de mudanças globais, por serem de origem antropogênica, entrelaçadas inexplicavelmente com o comportamento humano e impulsionadas pelas tendências de produção e consumo globais (STERN, 1993 apud DIAS, 2002, p. 29).. Para Garner (2001 apud CAMARGO, 2003) o momento atual não apresenta precedentes na história, assemelha-se a Revolução Agrícola e a Revolução Industrial apenas por serem momentos de profundas transformações nas sociedades humanas. Estas últimas, no entanto evoluíram mais lentamente ao longo dos anos enquanto que as mudanças atuais encontram-se comprimidas em poucas décadas e possuem escala global..

(31) 29 Referencial Teórico. Estas mudanças, apesar do papel dos fenômenos naturais estarem também presentes, apresentam enquanto fonte primária de sua existência as interações do ser humano com a biosfera. Tais influências são resultados de diversas relações: políticas, sociais, econômicas e religiosas que a humanidade tem com a Terra que, produzidas propositadamente ou não, criarão mudanças globais drásticas tendendo a alterar a existência humana por um longo espaço de tempo (DIAS, 2002). É fato que toda esta problemática ambiental atual emergiu ao final do século XX como uma crise civilizatória que questiona a racionalidade econômica e tecnológica até então dominantes. Se de um lado esta crise é interpretada como resultado da pressão do crescimento populacional sobre os recursos limitados do planeta, do outro é vista como fruto da acumulação de capital e da maximização do lucro a curto prazo, induzindo a padrões tecnológicos de exploração da natureza, que esgotam o estoque de seus recursos afetando assim as condições regenerativas dos ecossistemas (LEFF, 2007). Há um consenso que “[...] A crise ambiental veio questionar os fundamentos ideológicos e teóricos que impulsionaram e legitimaram o crescimento econômico, negando a natureza e a cultura [...]” (LEFF, 2006, p.133). Para Jacobi (2006) este modelo de desenvolvimento. no. qual. a. sociedade. contemporânea. está. alicerçada,. conduz. irremediavelmente ao degrado ambiental existente nas cidades atualmente. A percepção desta questão ambiental resulta tanto da ação impactante das condições reais sobre os indivíduos como do modo que suas intervenções sociais e culturais colaboram com estas mesmas ações. Nesse diapasão, a atual crise ambiental caracteriza-se simultaneamente como uma crise de percepção (CAPRA, 1996) e uma crise de civilização (LEFF, 2007), diante de que. ambas são na verdade definições de um único objeto, o complexo paradigma econômico, ambiental e social enfrentado (e produzido) pela sociedade contemporânea. E para a compreensão de sua origem e das soluções a serem adotadas: [...] A reflexão em torno das práticas sociais num contexto urbano marcado pela degradação permanente do meio ambiente construído e do seu ecossistema maior não pode prescindir nem da análise dos determinantes do processo, nem dos atores envolvidos e das formas de organização social que potencializam novos desdobramentos e alternativas de ação numa perspectiva de sustentabilidade (JACOBI, 2006, p. 28).. Através desta afirmação Jacobi (2006) assegura que para compreender as práticas sociais geradoras da crise ambiental é preciso analisar os fatores e os atores determinantes deste processo bem como sua própria organização social, fonte de novas perspectivas e soluções na busca por um mundo sustentável. De modo geral, esta crise pode ser interpretada.

(32) 30 Referencial Teórico. como uma série de perturbações prejudiciais ao meio ambiente, e sendo este a representação abrangente de meio natural e construído, esta crise equivale ao resultado das atividades humanas, em sua maioria, negativas, sobre o ecossistema e o próprio ambiente construído a partir destas ações. Jacobi (2006) estabelece assim três pontos de análise da crise ambiental. Primeiro, identifica-se o principal fator: o modelo de desenvolvimento/crescimento econômico predatório que conduz e alicerça a sociedade contemporânea desde a Revolução Industrial em desrespeito aos ciclos regenerativos da natureza e seus demais efeitos. Em segundo, identificase e assume-se o ser humano e, por conseguinte sua própria organização social como principal ator determinante deste processo de perturbação. Num terceiro momento, como soma da análise dos anteriores, apresentam-se as possíveis soluções, representadas através do desenvolvimento sustentável. Incorporado aos mais diversos discursos ambientais da atualidade, seu processo de conceituação encontra-se em constante evolução desde o começo do século XX. E é neste século em que se evidencia além de toda a expansão da conscientização a respeito das questões ambientais, a origem do que vem a ser hoje a chamada “crise ambiental”. Originada a partir da Segunda Guerra Mundial, quando “desenvolver” passou a ser sinônimo de “prosperar” e então meta de todas as nações, esta crise também surgiu fomentada na Revolução Industrial, por meio da implantação de um modelo de desenvolvimento econômico baseado na produção e consumo predatórios e de fortes impactos sobre o meio ambiente natural e a utilização de seus recursos. Desde então este é o modelo de desenvolvimento que conduz o modo de vida contemporâneo. Sua insustentabilidade é visível e caracteriza a “crise ambiental” como uma crise profunda e multifacetada nas esferas políticas, econômicas, sociais e culturais (AFONSO, 2006). Com o advento da Revolução Industrial houve uma maior exploração dos recursos naturais do planeta, o que provocou grande devastação dos sistemas naturais e assim numerosos desastres ambientais. Dias (2002) reconhece que grande parte desta pressão exercida sobre o meio ambiente e seus recursos vai além do atendimento das necessidades básicas, está enraizada nos padrões de produção e consumo ditados pelo modelo de desenvolvimento econômico adotado desde então. Este padrão de desenvolvimento encontra-se fundamentado no lucro a todo custo e no aumento da produção, em desrespeito a capacidade de resiliência da natureza, aumentando a pressão na natureza ao consumir seus estoques naturais de matéria-prima, água, energia,.

(33) 31 Referencial Teórico. combustíveis renováveis e não-renováveis, etc., ocasionando uma maior degradação ambiental. O resultado reflete-se na redução da qualidade de vida em virtude de inúmeras inadequações: inadequabilidade de moradia, poluição em todas as suas formas, destruição de habitats, enfim depleção dos mais variados ecossistemas que sustentam a vida na Terra (DIAS, 2002). [...] a natureza se converteu em objeto de domínio das ciências e da produção ao mesmo tempo em que foi expulsa do sistema econômico; ignorou-se assim a ordem complexa e a organização ecossistêmica, enquanto se foi coisificando como objeto de conhecimento e matéria-prima do processo produtivo. A natureza foi desnaturalizada ao ser transformada em recurso dentro do fluxo unidimensional do valor e da produtividade econômica (LEFF, 2006, p. 304).. O embate ecológico da humanidade reside no fato de que todas as atividades denominadas de desenvolvimento tendem a implicar em interferências sobre os sistemas naturais. Este modelo explorador de desenvolvimento econômico adotado não permite nenhum tipo de autolimitação, e quanto mais intenso for a benefício de uma minoria, maior a miséria e a degradação produzida para a maioria (BOFF, 2004; CAMARGO, 2003). Nesse sentido “a miséria humana empobrece o meio ambiente e este, empobrecido, afeta os seres humanos” (RIBEMBOIM, 1997 apud DIAS, 2002, p.119), ocasionando assim um ciclo vicioso e bastante perigoso para toda a população, principalmente para a parcela mais carente. Para Dias (2002) quando o ambiente natural e/ou as próprias condições sociais afetam o indivíduo, a intensidade de seus efeitos na vida humana dependerá de sua capacidade de percepção. No entanto, tanto a ocorrência quanto a intensidade destes efeitos ocorre atualmente tão depressa que muitas vezes ultrapassa a capacidade de percepção do indivíduo, ainda que este sofra a influência de tais conseqüências. Se a Revolução Industrial permitiu que o homem reconhecesse os efeitos da degradação ambiental, com a Segunda Guerra Mundial esta degradação atinge seu ápice com o lançamento das bombas nucleares sobre o Japão. O saldo do Pós-Segunda Guerra Mundial foi devastador, além do alto custo material que ultrapassara um bilhão de dólares, o alto custo pessoal deixou mais de trinta milhões de feridos e mais de 50 milhões de mortos, além de tantas outras perdas incalculáveis. O mundo ao final da guerra encontrava-se devastado e divido, imerso em novos conflitos que apontavam para um futuro incerto e para a possibilidade de um confronto nuclear (VICENTINO, 2002). Ao mesmo tempo em que se inicia um período de inseguranças e incertezas, inicia-se também um período de intensa mudança nos valores da humanidade, inspirando uma gama de.

(34) 32 Referencial Teórico. iniciativas sociais no sentido de reagir e apresentar soluções para a problemática ambiental (CAMARGO, 2003). Desde então, ao mesmo tempo em que se percebe uma maior discussão a respeito dos problemas ambientais e sua relação com o modelo de desenvolvimento adotado desde a Revolução Industrial, nota-se que contraditoriamente que o cenário do século XXI difere drasticamente do cenário do século anterior: as alterações ambientais presentes nos dias atuais ocorrem numa velocidade quase instantânea e imperceptível, mostra-se numa escala catastrófica e em nível global. Ao passo em que se há uma maior difusão dos efeitos desta crise e se promove uma conscientização da população mundial em relação as suas causas e conseqüências, observa-se também uma maior difusão do termo “sustentabilidade” e do desenvolvimento fundamentado nesta, o desenvolvimento sustentável. Apesar de não totalmente formalizados e permanecerem apenas nas teorias e palavras dos discursos, estes conceitos estão dispostos como uma possível solução para toda a problemática ambiental presente na atualidade. 2.1.3 O despertar e a (des)construção do desenvolvimento sustentável Se por um lado o século XX assistiu ao consumo desenfreado dos recursos naturais e a uma intensa degradação do meio ambiente principalmente no Pós-Revolução Industrial e PósSegunda Guerra Mundial, do outro presenciou o início de uma preocupação mundial a respeito dos problemas ambientais, assinalando uma nova forma de compreender os limites da natureza e os próprios limites humanos. Os mesmos processos que possibilitaram o crescimento econômico trouxeram, simultaneamente, - principalmente após esta Revolução e os Pós-Guerras – os graves problemas de degradação ambiental que se acumularam e tomaram maiores proporções atualmente (AFONSO, 2006). A ampla divulgação de diversos acontecimentos catastróficos trouxe uma preocupação voltada aos múltiplos atores do sistema social - o que antes pertencia apenas a sociedade científica – e ao passo em que a divulgação destes acontecimentos aumentava, inúmeros debates também ocorriam culminando num alarmismo público (AFONSO, 2006) em relação ao futuro. Parte deste alarmismo se deu pela publicação em 1962 do livro “Primavera Silenciosa” da bióloga Rachel Carlson, no qual esta fazia denúncias sobre a poluição decorrente do uso de agrotóxicos na agricultura e nas indústrias, tornando-se assim.

(35) 33 Referencial Teórico. fundamental para o início do debate popular em maior escala a respeito da problemática ambiental (CAMARGO, 2003). Segundo diversos autores o principal marco desta maior preocupação do homem moderno com o meio ambiente surge em 1968 com um grupo de 30 estudiosos de diversas áreas cujo objetivo era debater a crise atual e o futuro da humanidade, o chamado Clube de Roma (SANTOS, 2004). Seu relatório final intitulado “Os limites do crescimento” (“The limits of Growth”), publicado em 1972, foi pioneiro ao apontar em âmbito global que se o. consumo desenfreado da humanidade se mantivesse dentro da tendência aliado ao crescimento da população mundial, poluição, produção industrial e agrícola além da exaustão de recursos naturais, possivelmente dentro de 100 anos haveria um colapso de crescimento (DIAS, 2002; PORTILHO, 2010). A crise ambiental torna-se então evidente expondo a irracionalidade econômica dos padrões de produção e consumo dominantes, delimitando os próprios limites do crescimento econômico. A humanidade fica em alerta, começa então a visualizar os entraves planetários de forma sistêmica, exercendo uma maior pressão nos governos quanto à questão ambiental. Surge assim o propósito de se internalizar as externalidades ambientais a um novo processo de desenvolvimento, fundamentado nos limites do ecossistema e no manejo racional de seus recursos, o chamado ecodesenvolvimento ou desenvolvimento sustentável (LEFF, 2006). O desenvolvimento sustentável surge assim como idéia-força das demandas sociais enquanto fonte de possíveis soluções para os problemas da atualidade, objetivando a melhora da qualidade de vida, incorporando outras dimensões que não apenas a esfera ambiental (MARTINS, 2002). Inúmeros eventos e debates importantes irromperam em nível internacional colocando a necessidade de uma nova reflexão a respeito das reais causas e dimensões do panorama ambiental. Novos acordos e políticas entre as nações foram firmados, e importantes documentos de análise da questão ambiental tem desde então sido publicados. Seguindo o relatório Os limites do crescimento publicado pelo Clube de Roma em 1972, houve neste mesmo ano a publicação de outro importante documento, a Declaração sobre o Ambiente Humano, como resultado da Conferência das Nações Unidas sobre o. Ambiente Humano também conhecida como Conferência de Estocolmo. Considerada como um importante marco histórico acerca das questões ambientais, esta conferência oficializou o surgimento da preocupação em nível internacional sobre a problemática ambiental, ao estabelecer a necessidade de uma visão global e de princípios comuns, especialmente políticas.

Referências

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