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Comportamentos na adolescência: hábitos alimentares, atividade física e consumo de substâncias psicoativas

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Comportamentos na Adolescência: hábitos

alimentares, atividade física e consumo de

substâncias psicoativas.

CARMEN MANUELA DA SILVA CARVALHO

Orientador: Professora Doutora Sandra Celina Fernandes Fonseca

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2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Comportamentos na Adolescência:hábitos

alimentares, atividade física e consumo de

substâncias psicoativas.

CARMEN CARVALHO

Orientadora: Sandra Fonseca

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação da Professora Doutora Sandra Celina Fernandes Fonseca.

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Agradecimentos

A realização deste trabalho não seria possível sem o apoio de várias pessoas, pelo que não poderia deixar de expressar a minha gratidão.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à orientadora desta tese, Doutora Sandra Fonseca, pelo apoio e disponibilidade que sempre demonstrou ao longo da elaboração desta.

Um agradecimento especial à Escola Secundaria de Celorico de Basto e todos os elementos que contribuíram para a realização deste estudo.

Aos meus pais e aos meus irmãos, pelo amor, pelo incentivo e apoio constante. Nesta etapa que está prestes a terminar espero que se sintam tão orgulhosos de mim como eu me orgulho deles.

À minha tia Maria José, porque longe ou perto esteve sempre presente.

Agradeço também, aos meus amigos e colegas de estágio Liliana e Filipe, pela estima e disponibilidade que demonstraram para me auxiliar na avaliação dos alunos.

Por último um agradecimento a todos os meus amigos em especial, Ana Fogageiro, Ana Isabel, Ana Sofia, Caju, Dayane, Elza e Mariana com o lema “ Tu vais conseguir”, sempre acreditaram no meu sucesso, e me incentivaram quando eu mais precisava.

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Resumo

Ao longo do seu desenvolvimento os jovens experimentam muitas mudanças de comportamento, algumas prejudiciais à sua saúde e que geralmente atinge o auge no decorrer da adolescência. Neste sentido, o objetivo principal deste estudo é a caraterização dos comportamentos e estilos de vida adotados pelos adolescentes. Como objetivos específicos, analisar as práticas alimentares, identificar os níveis de prática de atividades física, bem como, a ocupação dos tempos livres, averiguar os níveis de no consumo de substâncias psicoativas nos adolescentes e por último verificar a existência de diferenças entre os géneros.

Participaram no estudo, 102 indivíduos, de ambos os sexos com idades compreendidas entre 15 e os 21 anos, média de 16,82 ± 1,14 anos, estudantes da Escola Secundaria de Celorico de Basto. Os dados foram recolhidos através de um questionário utilizado no âmbito do Projeto “Estilos de Vida dos Jovens Luso- Brasileiros”. Foram também recolhidos os dados antropométricos. Foi utilizado o teste Man Whitney para comparar os comportamentos avaliados em função do género. Os resultados demonstraram que muitos adolescentes ainda excluem o pequeno-almoço das suas refeições diárias, e têm opções alimentares erróneas, verificando-se um baixo consumo diário de verduras e de frutas em prol de alimentos pouco saudáveis como é o caso dos doces e das bebidas refrigeradas. Relativamente à prática de atividade física, bem como, ao número de horas despendido pelos adolescentes para realizarem atividade física verificamos que existem diferenças entre os géneros (p=.000), onde o sexo masculino gasta mais tempo neste tipo de atividades em relação ao sexo feminino. Podemos concluir que a televisão assume prioridade em relação às outras práticas. Verificamos também que os rapazes empregam mais tempo em atividades sedentárias, como a utilização dos jogos eletrónicos durante a semana (p=.000) e ao fim de semana (p=.000), passam mais tempo na internet durante a semana (p=.042) e ao fim de semana (p=.008), e estão mais com os amigos ao fim de semana (p=.002), em relação às meninas. Relativamente ao consumo de tabaco e de álcool podemos

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Página VII verificar que existem prevalências de consumo prejudiciais à saúde dos adolescentes, observando-se diferenças estatisticamente significativas no consumo de tabaco (p=.031) onde se regista um consumo superior no sexo masculino.

Perante estes resultados, torna-se iminente a intervenção sobre os comportamentos que colocam em risco, o bem-estar, a saúde e a vida dos adolescentes.

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Resumen

No recorrer de su desenvolvimiento, los jóvenes experimentan muchos cambios de comportamiento esencialmente perjudiciales para su salud y que por lo general llega a su punto máximo durante la adolescencia. Puesto esto el objetivo principal de este trabajo es realizar un estudio de los comportamientos y estilos de vida adoptados por los adolescentes. Como objetivos específicos, analizar las practicas alimentares, identificar los niveles de actividad física y averiguar los niveles de consumo de sustancias psicoactivas, en los adolescentes, e por termino saber si existen diferencias de género en este tipo de comportamientos. Han participado en el estudio 102 sujetos de ambos sexos con edades comprendidas entre 15 y 21 años, con media de 16,82 ± 1,14 años, estudiantes de la Escuela Secundaria de Celorico de Basto. Los datos fueron recolectados través de un cuestionario utilizado no proyecto Estilos de Vida de los Jóvenes Luso-brasileños. Para evaluar la composición corporal se recogieron datos antropométricos y el Índice de Masa Corporal. Se utilizó para comparar el género el teste de Man Whitney, en relación a la actividad física, los hábitos alimentarios y en el consumo de sustancias psicoactivas. Los resultados mostraron que muchos adolescentes siguen excluyendo el desayuno de sus comidas diarias, y tienen opciones de alimentos erróneos verificando una baja ingesta de frutas y verduras en favor de alimentos no saludables, como dulces y bebidas refrigeradas. Para la actividad física y el número de horas dedicadas por los adolescentes para realizar actividad física, hay diferencias entre los géneros (p = .000), los chicos pasan más tiempo en este tipo de actividad en relación a las chicas. Todavía dentro de la actividad física, sino más relacionadas con el tiempo libre se puede ver que la televisión sigue en el top de preferencias en relación a lo otro tipo de actividad, verificamos también que, los chicos emplean más tiempo en actividades sedentarias, tales como el uso de juegos electrónicos durante la semana (p = .000) y los fines de semana (p =. 000), pasan más tiempo en internet durante la semana (p = .042) y los fines de semana (p = .008), y la mayoría están con los amigos los fines de semana (p = .0021), en comparación con las niñas. Por último, y en relación al consumo de tabaco y alcohol, podemos ver que hay niveles de consumo perjudiciales para la salud de los adolescentes, observándose diferencias significativas en el consumo

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Página IX de tabaco (p = .031), donde hay un mayor consumo en los hombres en relación a las mujeres.

Teniendo en cuenta estos resultados, se hace inminente la intervención sobre las conductas que ponen en peligro el bienestar, la salud y la vida de los adolescentes

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Índice Geral

Agradecimentos ... V Resumo ... VI Resumen ... VIII Indice geral ... X Índice de figuras ... XII Índice de quadros ... XIII Lista de abreviaturas ... XIV

I.INTRODUÇÃO ... 1 II.ENQUADRAMENTO TEÓRICO... 2 2.1. Caracterização do adolescente ... 2 2.2. Comportamentos de risco ... 6 2.2.1. Hábitos Alimentares ... 7 2.2.2. Obesidade ... 9 2.2.3. Atividade Física ... 14

2.2.4. Ocupação de Tempos Livres ... 16

2.2.5.Consumo de Substâncias Psicoativas ... 18

2.2.5.1. Álcool ... 21

2.2.5.1. Tabaco ... 24

III. METODOLOGIA ... 27

3.1. Caracterização da Amostra ... 27

3.2. Definição das variáveis ... 27

3.3. Instrumentos e Materiais ... 27 3.3.1. Questionário ... 27 3.3.2. Obesidade ... 28 3.4. Procedimentos ... 29 3.5. Limitações ... 29 3.6. Tratamento estatístico ... 29

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Página XI

IV. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS ... 31

4.1. Diferenças em função do Género ... 31

4.1.1. Hábitos Alimentares ... 31

4.1.2. Obesidade ... 33

4.1.3. Atividade Física ... 34

4.1.4. Ocupação dos Tempos Livres ... 35

4.1.5. Consumo de Substâncias Psicoativas ... 38

4.2. Diferenças em função da Idade ... 39

V. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 40

5.1. Hábitos Alimentares ... 40

5.2.Obesidade ... 43

5.3. Atividade Física ... 45

5.4.Ocupação de Tempos Livres ... 46

5.5.Consumo de Substâncias Psicoativas ... 49

VI.CONCLUSÃO ... 53

VII.RECOMENDAÇÕES ... 54

VIII.BIBLIOGRAFIA ... 55 Anexos ... XV

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Índice de Figuras

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Índice de Quadros

Quadro 1. Classificação da obesidade (nas raparigas) através do IMC, segundo os

valores de corte específicos, para idades compreendidos entre os 2 e os 18 anos (adaptado de Cole et al., 2000)……….………...………12

Quadro 2. Classificação da obesidade (nos rapazes) através do IMC, segundo os

valores de corte específicos, para idades compreendidos entre os 2 e os 18 anos (adaptado de Cole et al., 2000)…………..……….…………...………..……12

Quadro 3. Principais refeições, diferenças entre géneros………..….31 Quadro 4. Prevalência das escolhas alimentares, diferenças entre os géneros……..…32 Quadro 5. Análise do IMC em relação ao género feminino e masculino……….……33 Quadro 6. Prática de atividade física, diferenças por género ... 34 Quadro 7. Ocupação dos tempos livres durante a semana, diferenças entre os

géneros……….35

Quadro 8. Ocupação dos tempos livres ao fim de semana disparidade entre os

géneros……….36

Quadro 9. Prevalência do consumo de álcool e de tabaco, diferenças entre os

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Lista de Abreviaturas

 CDC- Department of Health and Human Services Centers for Disease Control and Prevention

 OMS- Organização Mundial de Saúde

 WHO - World Health Organization

 YRBSS - Youth Risk Behavior Surveillance System

 EUA - Estados Unidos da América

 IMC – Índice de Massa Corporal

 TV- Televisão

 HBSC - Health Behavior in School-aged Children

 KG- Kilogramas

 M-metros

 IDT - Instituto da Droga e da Toxicodependência

 APA - American Psychiatric Association

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I.INTRODUÇÃO

A adolescência é assinalada pela necessidade constante de descoberta e de aventura por parte do adolescente, proporcionando, a ocorrência de comportamentos de risco. Este tipo de comportamentos, dos quais podemos destacar a inexistência ou fraca atividade física, hábitos alimentares inadequados o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco entre outros, colocam em risco o bem-estar físico e psíquico dos adolescentes. (OMS, 2000; CDC, 2001)

Segundo Amorim (2007), se estes comportamentos não forem sinalizados precocemente podem levar a consolidação dessas atitudes e dai advir graves consequências ao jovem. Estes aspetos são realçados quando numerosos estudos sobre a morbilidade e mortalidade nos adolescentes têm fundamentado a deslocação das causas biológicas para causas sociais.

Identificar os comportamentos de risco, nos adolescentes, poderá ajudar na implementação de políticas e programas, de forma a minimizar os efeitos nocivos desses comportamentos, bem como, estabelecer programas de promoção de saúde. Neste sentido, este estudo tem como objetivo geral, conhecer os comportamentos dos adolescentes de forma a identificar eventuais situações de risco. De acordo com o objetivo geral foram definidos como objetivos específicos, análise das práticas alimentares, o nível de prática de atividade física bem como a ocupação de tempos livres, averiguar os níveis de consumo de substâncias psicoativas nos adolescentes e por último, verificar existência de diferenças estatisticamente significativas entre os géneros relativamente a esses comportamentos.

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II.ENQUADRAMENTO TEÓRICO

“Os jovens são apaixonados, irascíveis, e tendem a se deixar levar pelos seus impulsos (…) são volúveis, os seus desejos são inconstantes, além de transitórios e veementes. Levam tudo ao extremo, seja amor, ódio ou qualquer outra coisa. Acham que sabem tudo….” Aristóteles, 384-322 a.C.

2.1. Caracterização da Adolescência

Ao longo do tempo, que o termo de Adolescência foi sofrendo algumas transformações até ser entendida tal como a conhecemos atualmente. O ponto de viragem surge em finais do século XVIII, inícios do século XIX, onde aumenta consideravelmente a atenção social para com a crianças e os adolescentes. Em finais do século XIX, emergem as primeiras leis demonstrando a visão transformadora da sociedade perante a criança e os adolescentes, abolindo o trabalho infantil e estabelecendo o direito à educação (Kett, 1979).

Segundo Santrok (2003), o conceito de adolescência surge nos finais do século XX, quando se desenvolvem normas de comportamento para os adolescentes por parte dos psicólogos, orientadores e assistentes sociais (Amorim, 2007). Segundo o mesmo autor, os primeiros estudos científicos da adolescência surgem em 1904, por Granville Stanley Hall, considerado o pai da psicologia da adolescência, sendo este o primeiro psicólogo a destacar o período da adolescência.

Podemos considerar que a adolescência é um processo dinâmico da vida, na transição entre a infância e a idade adulta. Tal como a sua definição a sua delimitação não é propriamente linear, e delimitar uma fronteira entre a adolescência e a idade adulta não é pacífico, visto que, existem fatores psicológicos, sociais e genéticos a ter em conta (Amorim, 2007).

A definição de adolescência é pouco consensual e complexa mas a Organização Mundial de Saúde, definiu-a como um período biopsicossocial, em que ocorrem mudanças corporais e de adaptação a novas construções psicológicas e ambientais (cit. por Ferreira & Nelas, 2006).

Nesta linha de pensamentos Pereira (2005:1) considera que ”adolescência é um

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mudanças psicológicas que ocorrem num período de transição entre a infância e a idade adulta”. Hockenberry et al. (2002) acrescentam que este período de transição

mostra uma rápida maturação a nível físico, cognitivo, social e emocional.

Leal e Saito (2001), bem como Cronau e Brow (1998), dividem a adolescência em três fases, a fase inicial que se encontra entre os 12 e os 14 anos, a média corresponde aos 15 e 16 anos e, por último, a tardia ou alta com idades compreendidas entre os 17 e os 21 anos, contudo, não existe unanimidade entre os autores para a fixação desses limites (cit. por Amorim 2007).

Segundo os critérios cronológicos propostos pela OMS (1995) a adolescência é o período da vida que vai desde os 10 aos 19 anos (Carvalho et al., 2001).

Costa (1998) refere que a adolescência se inicia com as transformações fisiológicas da puberdade que são condicionadas por fatores de ordem social e cultural que em interação com o desenvolvimento biológico e intelectual irá permitir ao indivíduo integrar-se no mundo dos adultos (cit. por Ferreira & Nelas, 2006).

Para Roberts (1988:22) “… é um período de tempo que envolve perdas e

ganhos, que envolve a flutuação e o estabelecimento de novas maneiras de pertencer, e que envolve a aceitação de uma imagem do corpo em mudança, como resultado do início da puberdade.”

Para Martins (2005) ocorrem grandes modificações que fazem parte da vida do adolescente como a maturação dos órgãos reprodutores, alterações no corpo, a emergência do pensamento formal, uma maior autonomia face aos pais, comparativamente ao que acontecia na infância, o alargamento das relações sociais com os pares, alterações no relacionamento com o sexo oposto, a construção de projetos de carreira e de valores e, finalmente, a construção de uma identidade positiva.

Segundo Ferreira e Nelas (2006:142) “ …o indivíduo toma consciência das

alterações que ocorrem no seu corpo, gerando um ciclo de desorganização e reorganização do sistema psíquico, diferente em cada sexo, mas com iguais complicações conflituosas inerentes à dificuldade de compreender a crise de identidade…”

Erikson (1976) refere que o adolescente passa com um período de crise ou conflito entre a identidade positiva e a confusão da identidade que surge no desenvolvimento de processos adaptativos que se irão repercutir até à idade adulta.

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Página 4 Conjuntamente com as mudanças corporais ocorre o desenvolvimento psicossocial, convertendo os adolescentes particularmente vulneráveis a excessos, carências e desequilíbrios (WHO, 2005).

Arnett (1992) sugere que muitas das condutas perigosas que se identificam na adolescência como o caso conduzir sob o efeito do álcool, usar abusivamente de drogas legais e ilegais, ter relações sexuais precocemente sem qualquer proteção, exibir atos delinquentes, radicam numa necessidade exacerbada de procura de sensações fortes, associada ao que Elkind (1972) designou por egocentrismo adolescente. Este egocentrismo, assume duas formas: a audiência imaginária e a fábula pessoal. A audiência imaginária refere-se à crença do adolescente que toda a sociedade está preocupada com a sua aparência pessoal e com o seu comportamento e a fábula pessoal está relacionada com uma crença que é único e indestrutível. Este tipo de perceção pode ser responsável por muitos dos comportamentos de risco, autodestrutivos durante a adolescência.

Existem autores que estão em desacordo com Elkind e assumem que a assunção do risco pode ter mesmo consequências positivas para o adolescente, visto que, o facto de o adolescente experimentar novas tarefas geralmente tornam-no mais independente e muitas dessas experiências poderão ser adaptativas permitindo a transição para as outras fases da vida (Bjorklund & Green, 1992).

A adolescência é um período durante o qual se estabelecem vários hábitos de vida que tendem a ser mantidos na idade adulta, e que por sua vez se tornam mais difíceis de alterar (Branen & Fletcher, 1999). Sabe-se também, que este tipo de comportamentos trazem a curto, médio, longo prazo consequências a nível pessoal e social. Perante este cenário existe uma necessidade de prevenir o desenvolvimento de condutas desajustada para atenuar as suas consequências.

Jessor (1992) refere duas conceções distintas em relação aos comportamentos de risco: o conceito de risco e o de estar em risco. Estes dois conceitos têm significados diferentes e dependem de fatores como, a idade dos jovens, isto é, os adolescentes mais novos estão em risco para iniciar comportamentos de risco, enquanto os adolescentes mais velhos usualmente já estão envolvidos em posturas de risco “estão em risco”, o que significa que existe uma probabilidade de adquirir riscos para a sua vida e a sua saúde e comprometer o seu desenvolvimento futuro.

Inúmeros comportamentos dos adolescentes são incutidos pelas relações que este mantém na infância e na adolescência (Tomé et al. 2011). Atualmente, vários autores

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Página 5 consideram como principais agentes de influência sobre os adolescentes, em ordem crescente, os meios de comunicação, os pais e o grupo de pares (Aktins, 1990).

Nesta fase o adolescente diversifica os seus investimentos afetivos e procura, ativamente, outras figuras de identificação, ou seja, a sua relação com os pais é alterada e procuram-se outros modelos de suporte na construção da sua identidade, desenvolvendo novas formas de expressão, comunicação e a formação de um sistema de valores que definem a idade adulta (Sampaio, 1996).

Segundo Chiapetti (2003) nos períodos que se seguem à infância, outros contextos além da família, como a escola e a comunidade, passam a ter maior peso, tornando-se fontes de influência no comportamento, uma vez que há uma participação cada vez mais ativa do indivíduo nesses ambientes.

O grupo de pares assume um papel decisivo, pois é nesse círculo social que o jovem reafirma a sua identidade, desenvolve as suas habilidades de interação social adquirindo maturidade suficiente para se integrar no mundo dos adultos.

Segundo Matos (2008:34) considera que “O grupo de pares tem uma influência

considerável no comportamento de muitos adolescentes e aqueles que têm uma relação forte com o grupo de pares têm tendência para seguir as expectativas destes, procurando seguir as atitudes e atos do grupo”.

A influência dos pares é um aspeto complexo, sendo importante ter em consideração a qualidade desse relacionamento. Estas relações são, por vezes, referidas como potencialmente perigosas, no entanto, a ausência deste tipo de interações pessoais pode também colocar o adolescente em risco. Desta forma a presença de pares nem sempre representa o envolvimento em comportamentos de risco, podendo agir como um fator de proteção (Palmqvist & Santavirta, 2006).

Por sua vez, Compas, Hinden e Gerhardt (1995), justificam que os problemas de ajustamento são frutos de um desencontro entre as necessidades de desenvolvimento do adolescente e as oportunidades que lhe são oferecidas (cit. por Chiapetti, 2003).

Para Simões (2007) existem quatro questões fundamentais relativamente à prevenção dos comportamentos de risco que devemos ter em conta, primeiro a necessidade de uma intervenção precoce; em segundo programas que promovam fatores de proteção dos comportamentos de risco; em terceiro ter em conta o contexto de vida dos adolescentes e por último que seja esboçada para vários comportamentos alvo, pois o adolescente pode envolver-se em mais de que um comportamento de risco.

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Página 6 Assim sendo, existe uma necessidade de compreender todos os factos que envolvem o adolescente com o objetivo primordial que este tenha um desenvolvimento saudável. Este tipo de desenvolvimento será uma mais-valia para comportamentos saudáveis na idade adulta (Elkind, 1967 cit. por Lima, 2000).

2.2. Comportamentos de risco

A expressão comportamentos de risco foi definido por Steptoe e Wardle (1996 cit. por Matos & Carvalhosa, 1996) como qualquer atividade que quando praticada pelos indivíduos, com uma determinada intensidade e frequência irá interferir na saúde e bem-estar dos adolescentes aumentando o risco de doença ou acidente.

O YRBSS desenvolvido pelo Centers for Disease Control dos Estados Unidos da América avalia os comportamentos de risco em 6 categorias: 1) comportamentos relacionados com a violência; 2) uso do tabaco; 3) uso do álcool e outras drogas; 4) comportamentos sexuais; 5) comportamentos alimentarem pouco saudáveis; e, 6) falta de pratica ou atividade física inadequada (CDC, 2004).

Os comportamentos de risco na adolescência têm sido frequentemente investigados pois têm vindo a aumentar de forma alarmante ao longo dos anos, bem como, estão associados às principais causas de morte não natural dos adolescentes (Amorim, 2007).

Muitas destas condutas de risco podem iniciar-se como uma necessidade de construção da sua própria identidade que através de atos meramente inconscientes (não têm a precisão exata de perigo) e exploratórios adquirem formas de estar e de ser que irão ter repercussões ao nível individual, familiar e social.

Nesta linha de pensamentos Ribeiro (2007), refere que fatores de risco como tabagismo, o exercício físico e a alimentação, contribuem para o desenvolvimento de várias doenças que, por sua vez, contribuem para a mortalidade.

Se admitirmos que comportamento de risco é todo o comportamento que permanece inalterável ao longo do tempo podemos estar perante um novo conceito que a Associação Americana de Psiquiatria designa como vicio, que corresponde ao tipo de comportamento real de prática repetitiva em que as funções da vida diária são interrompidas e que tal comportamento produz dano no indivíduo (AAP, 2004). Historicamente, vícios foram examinadas como dependência aquandodo uso de

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Página 7 substâncias, como o tabaco, o álcool e ou outras drogas (Potenza, 2006). No entanto, há evidências crescentes da existência de outros comportamentos de risco à saúde, que inclui a compulsão alimentar, o uso da internet, amor, sexo, atividade física, trabalho e compras (Sussman et al., 2004). Os jogos de vídeo também ganharam atenção recentemente como um comportamento potencialmente viciante (Gentil et al., 2011; Grusser et al., 2007)

A importância no conhecimento destas condutas de risco prende-se como a necessidade de fixar e orientar objetivos, identificando os fatores de risco e os resultados indesejados para compreender a associação entre estes dois fatores para planear ações de intervenção e redução dos danos causados (Backett et al., 1984).

Segundo Oliveira et al., (2009) com adolescência iniciam-se vários comportamentos que colocam em risco a saúde do adolescente, mas é também um período decisivo para a intervenção e promoção de saúde e estilo de vida saudável.

2.2.1. Hábitos Alimentares

É do conhecimento comum que a alimentação faz parte da sobrevivência humana, no que diz respeito ao crescimento e desenvolvimento saudável dos indivíduos. Sendo tão importante para o desenvolvimento das pessoas também é importante termos em atenção que esta, deve desde cedo, ser o mais adequada e equilibrada possível de forma a evitar possíveis problemas metabólicos.

Neste sentido, a comunidade científica começou a dedicar uma especial atenção para discutir os fatores que atuam no comportamento alimentar e a qualidade da dieta, principalmente nas crianças e adolescentes (Patrick & Nicklas, 2005). A implementação de medidas, ganha ênfase nesta fase, devido a maior vulnerabilidade biológica e social que desenvolvem desequilíbrios nutricionais, bem como hábitos alimentares inadequados (Delisle et al. 2006; OMS, 2006).

A promoção de alimentação saudável vem se tornando alvo de várias campanhas para a prevenção de doenças crónicas não transmissíveis como pressão arterial alta, concentrações elevadas de colesterol no sangue, excesso de peso ou obesidade, diabetes (OMS, 2002).

Segundo Minderico e Teixeira, (2008) a qualidade e quantidade de alimentos que ingerimos têm efeitos positivos e negativos na nossa saúde e qualidade de vida visto

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Página 8 que uma alimentação desajustada pode conduzir o aparecimento de doenças e em alguns casos pode levar à morte.

Em tempos, Portugal e todos os países de sul da Europa, estiveram sob a influência de um padrão alimentar denominado como dieta Mediterrânea bastante completo e saudável visto que existia um consumo elevado de cereais, produtos hortícolas, leguminosas e fruta. Estudos realizados por Minderico e Teixeira (2008), concluíram que a população que estava sobre influência deste tipo de alimentação estava mais protegido contra doenças cardiovascular, reduzia o aparecimento de certo tipo de cancro e atenuava o risco de morte por doença.

Atualmente deparamo-nos com um padrão alimentar global e unificado denominado por fast food. Este conceito caracteriza-se por comida rica em gordura, pobre em fibra alimentar, com elevados valores calóricos, alta densidade energética, baixo valor e densidade nutricional e ainda, possui uma quantidade elevada de conservantes e de outros aditivos (Minderico & Teixeira, 2008). Esta forma de alimentação está sujeito à modelagem social ou seja existe influência social sobre o tipo de alimentação a ser praticada (Herman et al., 2003; Ogden, 2003; Stroebele & De Castro, 2004).

Segundo vários autores as mudanças provocadas pelo estilo de vida moderno levam ao consumo excessivo de produtos ricos em gorduras, açúcares, e à diminuição do consumo de cereais e produtos integrais, frutas e verduras, os quais são fontes de fibras (Lima et al., 2004; Gomes et al., 2003). Esta prática é comum e facilmente evidenciada em todas as classes socioeconómicas (Medeiros, 2007).

Mourão-Carvalhal et al. (2009), referiram que na transição da infância para a adolescência, a ingestão de frutas, hortaliça e leite frequentemente descreste, enquanto o consumo de produtos com elevado conteúdo de açúcares simples, gorduras e sal aumenta.

A opção por uma alimentação desequilibrada notada essencialmente pelo aumento do consumo energético representa um fator determinante na explicação do aumento da prevalência de excesso de peso entre as crianças e adolescentes (Triches & Giugliani, 2005).

De forma a analisar os hábitos alimentares do adolescente devemos considerar vários fatores que influenciam esses comportamentos: a família e as suas características; as atitudes e condutas dos pares; normas e valores culturais e sociais e influência dos meios de comunicação entre outros. Estes fatores estão associados ao sistema

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socio-Página 9 politico-económico, à produção e distribuição e disponibilidade dos alimentos que determinam o estilo de vida dos adolescentes (WHO, 2005).

Contudo estas influências vão alternando ao longo da vida pois enquanto as crianças parecem atender aos hábitos alimentares da família em geral, os adolescentes parecem ser mais persuadidos nas suas opiniões e comportamentos alimentares pelos seus pares (Bull, 1988) e pelos meios de comunicação (Neumark-Sztainer, 2005).

Num estudo realizado por Garcia et al. (2003) com o objetivo de analisar a alimentação dos adolescentes, mostraram um consumo elevado de bebidas gaseificadas e alimentos ricos em açúcar. Apesar da disponibilidade variada de alimentos ao dispor do adolescente estes têm preferência por bolachas, batatas fritas, pizzas, refrigerantes e chocolates (Fisberg, 2000).

Estudos de Martines et al. (2011) constatarem que hábitos alimentares tal como, saltar o pequeno-almoço, efetuar menos de 4 refeições diárias bem como comer demasiado rápido são fatores que favorecem o aparecimento da obesidade

Algumas medidas que podem diminuir o consumo de alimentos pouco saudáveis é proibir a publicidade a alimentos na televisão durante o período de tempo destinado à programação infantil, medida já aplicada na Suécia desde 2003 (Agren, 2003).

2.2.2. Obesidade

O sobrepeso e a obesidade são problemas associados a um estilo de vida não saudável. A obesidade encontra-se entre os dez principais fatores de risco para a saúde, considerando-se a prevenção desta epidemia como um desafio prioritário da saúde pública do século XXI (OMS, 1997).

A OMS define a obesidade como uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada, sobre forma de tecido adiposo, é capaz de acarretar danos à saúde do indivíduo (OMS, 2011).

De acordo com Américan College of Sports Medicine (2005) a obesidade pode ser definida como o aumento percentual da gordura corporal no qual aumenta o risco de doença (Oliveira, 2009).

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Página 10 Segundo Troiano e Flegal (1998), a obesidade está considerada como uma doença crónica, multifatorial que ao longo das últimas duas décadas, constitui um grave problema de saúde pública.

Segundo Lopes et al. (2009) é uma doença complexa visto apresentar graves dimensões sociais e psicológicas afetando as diversas faixas etárias e todos os grupos sócio - económicos.

Tendo em conta a multicausalidade de obesidade Barbosa (2004) classifica os fatores em: internos e externos. Os fatores internos ou biológicos são aqueles que, isolados ou associados podem desencadear obesidade (ex: genéticos e metabólicos), os fatores externos ou ambientais, fazem parte do ambiente em que o indivíduo vive (ex. alimentação e atividade física).

Segundo a OMS (2011) a principal causa para o aparecimento da obesidade é o desequilíbrio entre a energia consumida e a energia gasta, que se expressa através do aumento do consumo de comidas ricas em gorduras e açucares e pobre em minerais, fibras e vitaminas, na diminuição da prática de atividade física no aumento das atividades sedentárias.

De acordo com Borba (2006) podemos identificar quatro tipos de obesidade de acordo com a sua distribuição:

 Tipa I, neste tipo de distribuição a gordura está repartida por todo o corpo;

 Tipo II, típico de forma andróide ou “forma de maça”. A obesidade andróide um modelo típico dos homens (McArdle, Katch & Katch, 1994; Silva & Sardinha, 2008) exposto na (Figura 1), caracteriza-se por uma acumulação excessiva de gordura na zona abdominal que induz a um maior risco para o aparecimento de doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes tipo II entre outros (Thompson, 1997; Silva & Sardinha, 2008).

 Tipo III, caracteriza-se pela acumulação de gordura no compartimento visceral.

 Tipo IV, assume uma forma ginóide ou ”forma de pêra”. Padrão característico das mulheres (Silva & Sardinha, 2008) caracteriza-se por uma acumulação excessiva da gordura nas coxas e ancas (McArdle, Katch & Katch, 1994; Thompson, 1997) como esta ilustrado na (Figura 1).

Segundo McArdle, Katch & Katch, (1994) a obesidade do tipo andróide acarreta mais riscos à saúde comparada com a obesidade ginóide, visto que a obesidade andróide está associada a distúrbios cardiovasculares, diabetes, hipertensão entre outras,

(24)

Página 11 enquanto, a obesidade ginóide está relacionada com problemas funcionais e problemas psicológicos associados à auto estima.

Nas crianças encontra-se mais frequentemente a obesidade generalizada observando-se a distribuição da adiposidade por todo o corpo. À medida que vai crescendo o tipo de obesidade vai sendo definido (Viuniski, 2000).

Distribuição Ginóide Distribuição Andróide

Figura 1. Classificação da obesidade (McArdle, Katch & Katch, 1994).

Segundo Cole e Rolland-Cachera (2002) a medição da gordura corporal deve ser efetuada de forma exemplar assumindo determinados requisitos, devendo ser exata, precisa, acessível, aceitável e bem fundamentada.

Na atualidade existem diversos métodos e instrumentos de avaliação com maior ou menor validade e fiabilidade em função da precisão desejável para os fins propostos (Sardinha, 1997). No entanto muitos desses métodos mostram custos elevados, sendo a resposta lenta e o acesso limitado (Cole & Rolland-Cachera 2002).

Durante a década de 90 o Índice de Massa Corporal (IMC) foi universalmente adotado como instrumento para medir o excesso de peso e obesidade (Seidell, 2001).

O IMC é calculado uma relação entre o peso e a altura (peso (kg) / altura (m2)) Segundo a OMS a partir do cálculo do IMC, indivíduos adultos podem ser classificados como baixo peso (IMC <18,5 Kg/m2), de excesso de peso (IMC> 25 Kg/m2) ou de obesidade (IMC> 30Kg/m2).

Apesar do IMC apresentar algumas limitações pois tem tendência a subestimar a percentagem de massa gorda (Garganta 2002) é considerado um indicador válido para

(25)

Página 12 estudos de investigação, encontrando-se uma forte correlação entre o IMC e a percentagem de gordura corporal (Cole & Rollande-Cachera, 2002).

É necessária prudência quando se interpreta as medidas de IMC na crianças e adolescentes pelo facto de a altura e a composição corporal estarem em constante alteração (OMS, 2000).

Neste sentido Col et al., (2000, 2007) procederam à classificação do IMC que segue uma definição standard, possuindo pontes de corte específicos para idades compreendidas entre 2 e 18 anos de idade baseados nos valores de IMC de 25 e 30 kg/m2 como podemos verificar nos quadros 1 e 2 que se seguem.

Quadro 1. Classificação da obesidade (raparigas) através do IMC, segundo os valores de corte específicos, para idades compreendidas entre os 2 e os 18 anos (adaptado de Cole et al. 2000, 2007)

Raparigas

Idade Magro Normoponderal Excesso de Peso Obesidade

(…) 15 <17,45 17,46 – 23,93 23,94 – 29,10 >29,11 15,5 <17,69 17,70 – 24,16 24,17 – 29,28 >29,29 16 <17,91 17,92 – 24,36 24,37 – 29,42 >29,43 16,5 <18,09 18,10 – 24,53 24,54 – 29,55 >29,56 17 <18,25 18,26 – 24,69 24,70 – 29,68 >29,69 17,5 <18,38 18,39 – 24,84 24,85 – 29,83 >29,84 18 <18,50 18,51 – 24,99 25 – 29,99 >30

Quadro 2. Classificação da obesidade (raparigas) através do IMC, segundo os valores de corte específicos, para idades compreendidas entre os 2 e os 18 anos (adaptado de Cole et al., 2000, 2007)

(26)

Página 13

Rapazes

Idade Magro Normoponderal Excesso de Peso Obesidade

(…) 15 <16,98 16,99 - 23,28 23,29 - 28,29 >28,30 15,5 <17,26 17,27 – 23,59 23,60 – 28,59 >28,60 16 <17,54 17,55 – 23,89 23,90 – 28,87 >28,88 16,5 <17,80 17,81 – 24,18 24,19 – 29,13 >29,14 17 <18,05 18,06 – 24,45 24,46 - 29,40 >29,41 17,5 <18,28 18,29 – 24,73 24,73 – 29,70 >29,71 18 <18,50 18,51- 24,99 25 – 29,99 >30

De acordo com os dados da International Obesity Task Force (2000) mostram que este flagelo se alastra a 300 milhões de pessoas em todo o mundo dos quais 45 milhões são crianças. A Europa é o continente que lidera a prevalência da obesidade infantil, dos quais se destaca Portugal commais do que 30% de crianças com sobrepeso e mais do que 10% com obesidade onde se destaca o sexo feminino. É destacar que o norte e centro de país verifica-se maior prevalência de excesso de peso, Alentejo é a zona demográfica mais afetada pela obesidade (DGS, 2005).

Segundo Viner (2005) o predomínio de obesidade infantil em Portugal pode estar relacionada com o facto do nível socioeconómico ser mais baixo que na maioria dos países europeus.

A obesidade produz múltiplas complicações em todos os sistemas do nosso organismo tais como diabetes do tipo 2 em que 80% dos casos ocorre em obesos, hipertensão, doenças cardiovasculares, osteoartrites, determinados tipos de cancro entre outros (Dishman et al., 2004).

Num estudo realizado por Ford, et al. (2008) os adolescentes obesos e com sobrepeso estavam mais propensos a revelar colesterol e pressão alta na idade adulta relativamente aos adolescentes com peso normal.

Para além das consequências a nível do sistema corporal a obesidade constitui frequentemente uma sobrecarga ao processo de desenvolvimento, podendo resultar em problemas psicossociais graves (Hill & Lissau, 2002) tal como a depressão, ansiedade, diminuição da auto-estima originário da descriminação e rejeição social (Oliveira et al., 2009) que podem ter repercussões negativas no desenvolvimento.

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Página 14 Muitos adolescentes com excesso de peso são marginalizados do ponto de vista social e este isolamento pode agravar as consequências emocionais e sociais do excesso de peso na adolescência (Strauss & Pollarck, 2003).

Estudos envolvendo adolescentes obesos revelaram níveis diminuídos de autoestima associados com tristeza, sentimentos de solidão, nervosismo e comportamentos de risco (Fonseca et al., 2005, 2008).

Embora existem fatores individuais que propiciam a expansão da obesidade da criança, o papel da família e do ambiente envolvente colabora igualmente para o desenvolvimento de comportamentos associados ao ganho de peso, especialmente as práticas alimentares e exercício físico (Odoms-Young et al., 2009). À família, compete a responsabilidade de implementar crenças, atitudes e valores que passam por ajudar e modelar o comportamento dos jovens quer na atividade física quer na aquisição de uma alimentação saudável.

2.2.3. Atividade Física

Está bem documentado que a atividade física regular é um comportamento de determinante para a promoção de um estilo de vida saudável.

É facilmente legitimada a atenção especial dedicada às crianças e adolescentes se reconhecermos que a prática de atividade física assume um papel fundamental não só no que diz respeito ao seu crescimento e desenvolvimento, mas também à obtenção de hábitos de prática desportiva regular que são essenciais para que esta se possa reproduzir ao longo da sua vida.

Segundo Carpersen, et al., (1985 cit. por Oliveira & Maia 2002) a atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelo músculo-esquelético que resulta de um aumento do dispêndio energético.

O conceito de atividade física, é bastante complexo e dinâmico sendo muitas vezes descrito como exercício físico e a aptidão física, contudo do ponto de vista científico são conceitos diferentes (Almeida, 2010). Segundo a mesma autora, a actividade física são atividades do quotidiano que envolvem movimento de corpo como uma caminhada ou um passeio de bicicleta.

(28)

Página 15 Se bem que há aumento de prática desportiva nas idades mais baixas, não podemos esquecer que a partir do início da adolescência o fenómeno de abandono é crescente, principalmente pelo sexo feminino (Bento, 2004). Neste sentido Lopes, et al. (2001), referem que a infância e a adolescência constituem idades determinantes no ganho de hábitos de atividade física até à idade adulta. Ainda segundo os mesmos autores a promoção de atividade física na infância e adolescência baseia-se num pressuposto de que estes hábitos que se desenvolvem nestes períodos irão manter-se até a idade adulta.

Embora existam muitos estudos dando conta dos benefícios que atividade física tem na saúda (Erlichman et al., 2002) a opção por um estilo de vida sedentário tem vindo a aumentar em todo o mundo com seus problemas associados como a hipertensão arterial, a obesidade, o aumento do mau colesterol (LDL), o diabetes tipo 2, a ansiedade, o enfarte do miocárdio e maior percentagem de morte súbita (Souza, 2002; Ekelund et al., 2006; Ford et al., 2008). Estes problemas na sua generalidade associam-se à obesidade e ao consumo de alimentos com alto teor calórico especialmente rico em lípidos, mas esse facto isolado não contribui para o aumento estrondoso da obesidade no mundo.De acordo com Flynn et al. (2006) a redução dos níveis de prática de atividade física parece desempenhar um papel crucial neste processo.

Nesta linha de pensamentos Dishman et al. (2004) afirmam que a atividade física contribui para a perda de peso e ajuda a minimizar o ganho do mesmo com o avanço da idade.

De acordo com estas fundamentações Mota (1998) certifica que o desenvolvimento equilibrado de um indivíduo nos domínios bio-psico-social pode ser auferido através da prática de atividades recreativas e de lazer, especialmente a atividade física. Contudo existem estudos que dão conta de um decréscimo nas atividades moderadas e vigorosas na passagem da infância e a adolescência (OMS, 2010; Troiano et al. 2007).

As características sociodemográficas, como o sexo a idade escolaridade e estado civil parecem assumir fatores determinantes de um estilo de vida sedentário (Camões & Lopes, 2008). A falta de tempo também é uma das razões apontadas para justificar a não participação das pessoas em programas continuados de atividade física (Weinberg & Gould, 2003).

(29)

Página 16 Lankenau, et al. (2004) referem também que o facto dos b enefícios da atividade física para a saúde não serem percetíveis de forma rápida constitui uma razão para o abandono da atividade física.

Nesta linha de pensamentos Wang et al. (2005) aferiram que as crianças tinham poucos conhecimentos acerca dos benefícios da atividade física para a saúde, um ano após a realização deste estudo verificaram que as crianças, para além de melhorar os seus conhecimentos e atitudes, melhoraram os seus níveis de atividade física.

O Council for Physical Education do National Association for Sport and Physical Education dos EUA (1998) recomendam pelo menos 30 a 60 minutos de atividades física diária apropriada a idade e ao estado de desenvolvimento (Maia et al., 2001).

A OMS (2010) aconselha para crianças e adolescentes dos 5 aos 17 anos de 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa. Estas recomendações parecem facilmente atingíveis, visto os alunos disporem de duas sessões semanais de exercício físico na escola. Contudo num estudo realizado por Wang, et al., (2005), para analisar os níveis de atividade física em crianças do 7º ano, verificaram que do tempo disponível da aula apenas 70% é usado efetivamente para a aula. De facto pode parecer uma percentagem bastante razoável de tempo, mas se considerar que desses 70 % temos a instrução, transição, organização dos exercícios, resta uma percentagem muito pequena para o tempo de empenhamento motor que é o tempo em que o adolescente está ativo.

A realização da atividade física recomendada envolveria benefícios imediatos dos quais podemos destacar a melhoria na aptidão física relacionada com a saúde, como a aptidão cardiorrespiratória, a força muscular e a flexibilidade (Cooper et al., 2006).

Segundo Pereira e Carvalho, (2006) a intervenção prioritária para aumentar os níveis de atividade física entre as crianças e os adolescentes deverá passar pelo desenvolvimento das atividades praticadas em tempo de lazer e no tempo escolar de forma a tornar a população jovem mais ativa. Ainda segundo as mesmas autoras a adoção de atividade física nos tempos de lazer a promoção de mais atividades desportivas extracurriculares constituem alternativas viáveis para colmatar a falta de atividade física que se observa na adolescência.

(30)

Página 17

2.2.4. Ocupação dos Tempos Livres

Temos assistido a alterações sociais que têm originado alterações diretas na ocupação dos tempos livres bem como nas oportunidades lúdicas oferecidas aos jovens.

Segundo Pereira e Carvalho (2006) hábitos de vida saudáveis e hábitos de prática de atividade física durante a infância e adolescência são predisponentes à sua manutenção durante a vida adulta. Desta forma, podemos considerar, a prática desportiva como um dos fatores de maior relevo no desenvolvimento equilibrados do indivíduo, sendo fundamental para alcançar o bem-estar físico e psicológico (Gonçalves, 2008).

Os níveis de prática desportiva vão variando ao longo dos tempos despendendo de vários fatores. Dois grupos podem influenciar os padrões de atividade física: as caraterísticas individuais como a motivação; e as caraterísticas ambientais, como os espaços de lazer e disponibilidade temporal (Sherwood & Jeffery, 2000, cit. por Camões & Lopes, 2008)

As oportunidades de jogo e de prática desportiva têm vindo a degradar-se de forma considerável nas últimas décadas, aumentando substancialmente o sedentarismo na infância. O desaparecimento dos jogos de rua, o brincar no exterior tem sido rapidamente substituído por comportamentos sedentários dentro de casa (Neto, 2006). Para agravar esta realidade as infraestruturas de lazer essenciais ao desenvolvimento destinadas às crianças não são consideradas prioritárias pelos autarcas, visto que não existe uma política de planeamento, construção e manutenção de espaços tipicamente de lazer (Pereira et al., 2002).

É urgente criar oportunidades para a prática de atividades lúdicas com grau elevado de envolvimento motor como alternativa ao sedentarismo, numa sociedade cada vez mais desprovida de oportunidades para os jovens de movimentarem (Mota & Rodrigues, 1999).

A diminuição de espaços verdes associados ao espetacular desenvolvimento das tecnologias como a televisão, jogos electrónicos, a internet e vídeos mostram uma tendência em que a prática desportiva tem decrescido enquanto os comportamentos sedentários têm aumentado (Sallis et al., 2009). Assim o desporto e os jogos

(31)

Página 18 exploratórios deixaram de ser uma atividade ativa, para resultarem em atividades inertes em que a criança é um mero espetador (Sobal, 2001).

Vários têm sido os estudos que se têm debruçado sobre o papel da televisão nos adolescentes e embora esta desempenhe um papel proeminente na divulgação de infor-mações, mostra que uma criança que assiste a programas televisivos frequentemente, adota uma postura sedentária, como sofre a influência da publicidade televisiva que fomenta o consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares e de baixo valor nutricional. (Borba, 2006).

Como refere Vidigueira (2006:5) “ a televisão, faz parte das nossas vidas,

acompanhando-nos no nosso percurso existencial, servindo-nos, não raras vezes, como instrumento de socialização pelo qual muitas vezes orientamos quer a nossa ação, quer os nossos padrões de consumo”.

Assim a televisão assume o papel de intérprete de uma realidade ilusória, oferecendo às crianças e adolescentes modelos de comportamento em muitos casos sem ter em conta o seu estado de maturação e desenvolvimento.

Um estudo levado a cabo pela DECO em 2004 mostra que os produtos mais destacados pela publicidade durante programas infantis, são os bolos e os chocolates, ou seja alimentos ricos em açúcar e gordura (Gonçalves & Diamantino, S/D). Este tipo de atitude, para alem de contribuir para uma população juvenil cada vez mais sedentária, visto depositar mais horas para ver TV, influência e propicia nas crianças uma maior dependência destes pelas base alimentar errónea.

Esta influência no público mais jovem esta relacionada com a maior vulnerabilidade que esta muitas vezes relacionada com a incompleta formação pessoal cultural e ideológica (Vidigueira, 2006).

Segundo Feijó & Oliveira (2001:126) “…Diferentemente dos adultos, as

crianças e os adolescentes estão mais sucepetivéis à influência de modelos apresentados pelos meios de comunicação, na razão direta da sua faixa etária e desenvolvimento…”

Este tipo de comportamento irá ter influência no peso corporal, pois existe uma diminuição do desgaste energético visto preferirem a assistir a televisão em detrimento de praticar exercício físico, bem como o aumento e consumo de alimentos de alto teor calórico (Sobral, 2001).

Existe uma forte relação entre a obesidade juvenil e o tempo passado a ver televisão, verificando-se que nos indivíduos entre os 8 e os 16 anos, que viam televisão

(32)

Página 19 por um período igual ou superior a 4 horas diárias, manifestavam um maior predomínio de excesso de peso, do que aqueles que o faziam apenas por um período máximo de 1 hora diária (Amorim, 2007).

Num estudo realizado por Graf et al. (2005) onde se comparou crianças obesas com as não obesas e constataram que as crianças obesas tendem a ver televisão por longos períodos de tempo, realizam menos exercício físico por semana com menor intensidade.

Nesta linha de pensamentos Crespo et al. (2001) apuraram que o predomínio de obesidade é menor em crianças que assistem a uma ou menos de uma hora de televisão em relação as que vêm quatro ou mais horas de televisão por dia.

Para finalizar, é necessário consciencializar toda a população que para mantermos uma boa qualidade de vida temos que começar desde cedo a implementar hábitos saudáveis no nosso quotidiano, porque essas medidas do dia-a-dia podem não se notar a curto prazo mas irão surtir efeito a longo prazo.

2.2.5. Consumo de Substâncias Psicoativas

O uso e consumo de substâncias psicoativas fazem parte do leque de comportamentos considerados de risco que colocam o adolescente na eminência de problemas físicos, psicológicos e sociais.

Segundo a Castro et al. (2011:15) “ Substâncias psicoativas são aquelas que,

quando ingeridas, bebidas, injetadas, fumadas ou inaladas, afetam o sistema nervoso central.”

Os mesmos autores referem que Organização Mundial de Saúde classifica-as como:

 Depressoras: Substancias que diminuem e inibem a atividade do sistema nervoso central, a atividade motora, a reação à dor e à ansiedade, sendo frequente um efeito euforizante inicial (diminuição das inibições) e posteriormente um aumento da sonolência, como por exemplo no caso do álcool. Os principais depressores do sistema nervoso central são: álcool, opiáceos e fármacos sedativo-hipnóticos.

(33)

Página 20

 Estimulantes: aumentam o estado de alerta e a aceleração dos processos psíquicos, a atividade do sistema nervoso central e, como consequência, a taxa metabólica do organismo. São exemplos: anfetaminas, cocaína, nicotina e cafeína.

 Perturbadoras: são substâncias que levam ao aparecimento de diversos fenómenos psíquicos anormais como alucinações e delírios. Modificam o curso do pensamento e as perceções sensoriais e podem provocar hiperestesias e ilusões de movimento. Estas drogas, também chamadas psicadélicas, alteram a nossa perceção do mundo.

Seguindo estas orientações verificamos que numa primeira instância o consumo dessas substância abrangem mais problemas do foro neurológico contudo um consumo continuado contribuem para o desenvolvimento de várias doenças físicas e sociais que, por sua vez, contribuem para a mortalidade (Ribeiro, 2007).

Desta forma podemos destacar três tipos de consumo de substâncias: consumo de risco, que envolve um padrão de consumo mesmo que ocasional provoca danos e se persistir aumenta o rico de doença, acidente, lesões, transtornos mentais ou de comportamentos; o consumo nocivo consiste num padrão de consumo que provoca prejuízos na saúde mas não cria dependência; e por último a dependência, que após o uso repetido das substâncias cria um intenso desejo de consumo proporcionando um descontrolo quando o consumo é descontinuado (Castro et al., 2011).

De forma a explicar o consumo de substâncias Wills et al. (1995,1996) propõe um modelo de três vertentes, num em que o adolescente recorre ao consumo de substâncias para regular os estados emocionais, outra vertente para esquecer os problemas que o rodeiam e por último para procurar solução para os problemas.

Dentro deste modelo podemos incluir ambientes deficitários como o ambiente familiar ou escolar, a menor dedicação aos trabalhos escolares, a maior absentismo escolar, à dificuldade em lidar com o stress, a comportamentos desprovidos de civismo, a comportamentos de risco, a danos pessoais e em terceiros (OMS, 2001; Silva et al., 2006) bem como a curiosidade ou a pressão dos pares parecem ser razões mais determinantes para explicar a iniciação ao consumo de substâncias (Sussman, Unger & Dent, 2004).

Vários estudos sobre os adolescentes mostrou que o uso precoce e frequente de substâncias, esta relacionado com a busca de sensações (Bardo, 2011; Crawford 2003; Kelley 2004; Verdejo et al., 2006-2008). Neste sentido, podemos destacar três

(34)

Página 21 dimensões bastante influentes no consumo das substâncias por parte dos adolescentes, família a escola e a sociedade. Dando ênfase ao contexto social é certo afirmar que herdamos uma sociedade, onde o consumo faz parte da vida social e do processo de socialização. Assim o consumo nomeadamente de substâncias nocivas à saúde surge num contexto de satisfazer as suas necessidades e como forma de diversão (Calafate et al., 2000).

Um estudo realizado por Deehan (2003), 44% dos jovens admitiam usar drogas visto estas fazerem parte da sua vida social. O recurso cada vez maior por parte dos jovens às drogas resulta numa forma de estes tentarem “gozar” mais das festas e permitir ampliar as suas experiências.

Dados de European School Survey Project relativamente a população portuguesa dão conta de um aumento de experiencias e consumo de drogas entre os 15-24 anos, desses o subgrupo dos 20 aos 24 é considerada a idade onde se registam os valores mais elevados de consumo (ESPAD, 2007).

Também informações prestadas pela European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction dão conta da vulnerabilidade dos jovens portugueses para o consumo de substâncias como o cannabis o álcool cocaína etc. Contudo o mesmo estudo refere que Lisboa é das cidades Europeias onde se regista uma percentagem de consumidores inferior, comparado com a média de outras cidades (Lomba, Mendes & Apostolo, 2009).

Outro dado preocupante prende-se com o facto de os adolescentes não praticarem apenas um, mas vários comportamento de risco em simultâneo pois os comportamentos de risco tendem a manifestar-se de forma relacionada, ou seja, os jovens que consomem álcool tendem a fumar, a consumir substâncias ilícitas, a ter uma alimentação pouco saudável e a não estar fisicamente ativos.

Em concordância com estes estudos estão estudos realizados por Lomba (2006) e Suaréz (2003) concluem que para além da prática abusiva de substâncias existe também uma tendência notória da mistura dessas substâncias.

Os estudos HBSC de (1998, 2002), no geral, registam um aumento do consumo de substâncias nos adolescentes portugueses, sendo que o género masculino acusa consumos mais elevados. O aumento da idade corresponde a um maior consumo de tabaco, de álcool e de substâncias ilícitas (Matos, et al., 2003; Matos & Gaspar, 2005).

Neste sentido, parece claro que as políticas de promoção de saúde devem contemplar a questão dos problemas ligados aos consumos, no que respeita à prevenção

(35)

Página 22 e ao acompanhamento de situações concretas detetadas no meio familiar, escolar e social. A prevenção e o combate do consumo destas substâncias deve ter uma intervenção da sociedade global, nomeadamente ao nível politico, que contemplam programas de carácter preventivo.

2.2.5.1. Álcool

Segundo United Nations Office for Drugs Control and Crime Prevention (UNODCCP, 2000) bebidas alcoólicas são bebidas que contêm álcool.

Segundo Balsa, et al. (2011) as bebidas alcoólicas podem ser fermentadas quando resultam da fermentação alcoólica dos sumos açucarados pela ação de leveduras como exemplo o vinho e a cerveja, ou destiladas, quando resultam da destilação do álcool produzido no decurso da fermentação como a aguardente e os licores. Segundo os mesmos autores o álcool é considerado uma droga psicotrópica com efeitos depressores no sistema nervoso central, conduzindo modificações na conduta dos seus consumidores.

É a OMS que se deve o maior compromisso na explicação de alcoolismo e de alcoólico. Nos termos das suas definições, o alcoolismo não constitui uma entidade patológica definida, mas resulta da totalidade dos problemas motivados pelo álcool, no indivíduo, desde perturbações orgânicas e psíquicas, perturbações da vida familiar e “os

alcoólicos são bebedores excessivos, cuja dependência em relação ao álcool se acompanha de perturbações mentais, da saúde física, da relação com os outros e do seu comportamento social e económico. Devem submeter-se a tratamento. ” Perante

esta definição bastante clara da OMS podemos caracterizar o alcoólico um doente (Mello, 2001 cit. por Balsa et al. 2011:29).

O crescente aumento do consumo do álcool coagiu na elaboração de medidas de controlo do álcool, nomeadamente nas restrições relativamente à venda destes produtos, contudo é correto declarar que o álcool é uma droga legal e bastante comercializada em Portugal. Para além disso o álcool faz parte dos hábitos alimentares dos portugueses, bem como, beber esta presente de diversas formas de simbolismo cultural e dos costumes de todos os países europeus (Jarvinen & Room, 2007).

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Página 23 Segundo Balsa, et al. (2011:23), “O consumo de bebidas alcoólicas está, aliás,

fortemente entrosado na cultura e economia da maioria dos países europeus e inserido em padrões culturais bem ancorados socialmente, extremamente difundidos e, muitas vezes, ainda, bem valorizados”.

Assim sendo podemos considerar três grupos acordo com o seu consumo, 1º Europa do Norte que inclui a Finlândia, Suécia e a Noruega, são consumidores predominantes ao fim de semana e fora das refeições de bebidas espirituosas e a cerveja, o 2º grupo de países correspondem a Europa Central com Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Irlanda, Luxemburgo e Reino Unido onde predomina o consumo de cerveja por ultimo 3º grupo corresponde a Europa do Sul ou Mediterrânicos onde se incluem a Espanha, Grécia França, Itália e Portugal, consumidores preferenciais de vinho, cujo consumo faz parte da rotina diária, em particular às refeições, apresentam raiz latina, tradição rural, vínculo familiar forte e industrialização relativamente recente, ( Norstöm, 2002; Room, 2002 cit. Por Balsa et al., 2011 ). Quase todos os países europeus do mediterrâneo, nomeadamente Portugal, têm uma longa tradição vitivinícola. O consumo de nomeadamente de vinho integrou-se na cultura e tradição exercendo uma poderosa influência em diversos setores económicos- financeiros como o turismo, restauração industria etc. (Balsa, et al. 2011).

Coincidência ou não, segundo Lomba (2009) a Europa tem os níveis de consumo de álcool mais elevados do mundo.

Muitos têm sido os estudos para identificar este tipo de comportamentos nos adolescentes e segundo alguns autores identificamos quatro fatores que estão relacionados com o consumo abusivo de álcool: o primeiro fator está relacionado com a sociedade e a cultura que permitem uma fácil acessibilidade dos jovens ao álcool; Em segundo temos os fatores interpessoais, sobretudo no consumo de álcool por parte dos familiares bem como um ambiente familiar bastante complexo (divorcio, violência etc.); em terceiro aparecem os fatores psicossociais, patentes em problemas de comportamento precoce, insucesso escolar bem como crenças e expectativas favoráveis ao consumo de álcool em tenra idade. E por último, temos os fatores genéticos que causam a vulnerabilidade do adolescente aos efeitos do álcool (Van Der Stel & Voordewind, 1998).

O álcool é considerado por vários autores como a substância psicoativa mais vulgarmente utilizada entre os jovens ( Li et al., 2002; IDT & OEDT, 2003).

(37)

Página 24 Swahn, Bossarte e Sullivent (2008) relatam que uma percentagem muito elevada de adolescentes que tiveram o primeiro contacto com o álcool antes dos 13 anos.

Este quadro faz-nos considerar esta situação como um grave problema de saúde pública, pois se por um lado temos o consumo a iniciar-se em idades mais tenras, também é certo afirmar que os níveis de consumo começam a ser cada vez mais exagerados (Coslin, 2003).

As consequências do consumo de álcool destacam-se entre outros o aumento da probabilidade de doenças como a cirrose hepática, o cancro, a hipertensão e os défices de memória (Ogden, 1999). Contudo este tipo de comportamentos pode afetar a sociedade visto que aumente a probabilidade de acidentes rodoviários e expressão de comportamentos violentos que podem ser de cariz física como sexual.

Swahn, Bossarte e Sullivent (2008) referem que os estudantes que relataram terem contacto tão precoce estavam envolvidos noutros comportamentos violentos. Este estudo mostrou ainda uma relação significativa entre o álcool e tentativas de suicídio ou seja jovens que estavam em contacto com o álcool tinham mais predisposição para o suicídio do que pessoas abstémios.

Para além das más consequências para a saúde e para a sociedade, devido aos seus efeitos sobre os comportamentos dos consumidores (Boyle & Boekeloo, 2006), o consumo de álcool tem sido apontado como uma das principais causas indiretas de morte em adolescentes e adultos jovens, tanto em países desenvolvidos, quanto em desenvolvimento (U. S. Departament Human Services, 2007). Segundo WHO (2006) o consumo de álcool causa 3% das mortes (1,8 milhões) anualmente.

2.2.5.2. Tabaco

Uma das áreas mais realçadas na promoção da saúde tem sido, nos últimos anos, a prevenção do consumo de tabaco junto dos jovens, isto porque há dois aspetos a considerar. Por um lado, provou-se que no período da adolescência existe uma maior probabilidade de que os jovens experimentem o seu primeiro cigarro e é também nessa fase onde a instala a dependência (Matos et al., 2003).

À semelhança do que acontece com o consumo do álcool também o tabaco aparece associado a problemas de ordem relacional, comportamental e sentimental (Matos et al., 2001).

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Página 25 Segundo dados da WHO (2006) cerca de uma em cada três pessoas fuma, ou seja 1,1 mil milhões de pessoas fumam em todo o mundo, estando este comportamento associado a provável causa de cerca de 25 doenças, incluindo doenças coronárias, cancro e doença pulmonar obstrutiva crónica.

Um estudo de Matos et al. (2001), que envolveu 6903 jovens do 6º, 8º e 10º ano apuraram que os jovens com idades superiores são aqueles que experimentaram com mais frequência tabaco bem como se tornaram consumidores regulares comparados com os jovens mais novos.

Adolescentes que mostram uma relação regular de consumo mostram tensão alta, capacidade muito reduzida de lidar com a ansiedade, desempenho escolar muito fraco (Cerqueira et al., 2007; Jasuja, 2008), consideram-se menos felizes, relatam maior frequência de mau estar físico e psicológico, citam uma alimentação menos saudável e praticam menos atividade física em relação aos jovens que nunca consumiram tabaco (Matos et al. 2001).

Um estudo realizado por Han et al. (2009) associa o álcool e o tabaco uma associação significativa entre o consumo destas substancias com ideias e tentativas de suicídio em ambos os sexos.

Num estudo levado a cabo por Durant, et al., (1999), defende-se que um início precoce no uso de cigarros apresenta uma correlação forte com o envolvimento noutros comportamentos de risco, como o consumo de álcool e drogas, sendo que a iniciação no hábito de fumar está associada a vários fatores pessoais e sociais. Esses efeitos, estão relacionados com o cancro do pulmão, com a doença cardíaca (Ogden, 1999) e tendem a ser mais propensos a um diagnóstico de hipertensão arterial na idade adulta jovem, embora este resultado não tenha sido estatisticamente significativo (Ford, et al. 2008).

Num estudo nacional, realizado por Matos, et al. (2003), que decorreu de 1998 a 2002, observa-se um aumento de jovens entre os 11 e os 16 anos que experimentaram um consumo de tabaco. Esse aumento surge em ambos os sexos embora se tenha registado um aumento mais significativo no sexo feminino. Em concordância estão outros dados de Hublet et al. (2002), que confirmam o aumento mais expressivo da experimentação e do consumo regular de tabaco nas raparigas.

Em contradição estão estudos efetuados por Villalbi et al., (2012), numa revisão de literatura desde 1993 e 2008, que constataram que apesar das oscilações dos estudos existe uma diminuição dos fumadores adolescentes. Os mesmos autores revelam ainda uma maior percentagem de meninas a fumar em relação aos meninos.

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Figura 1. Classificação da obesidade (McArdle, Katch &amp; Katch, 1994).

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