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A INFÂMIA OUTSIDER: A ESCRITA DO DESASTRE DOS FANZINESPUNKS

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Academic year: 2021

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A INFÂMIA OUTSIDER: A ESCRITA DO DESASTRE DOS

FANZINESPUNKS

Por Heitor Matos1

Resumo: O trabalho tem por objetivo analisar e discutir, a partir do estudo de fanzines punks que

circularam em Teresina na década de 90, a relação do punk com a ideia de desvio e como eles se apropriam de signos, símbolos e linguagens excluídos das grandes instâncias do poder, para darem novos sentidos a suas existências. Ao mesmo tempo o trabalho procura apresentar os fanzines como uma prática que resiste às estratégias canônicas de produção de sentidos no cotidiano, através, justamente, de táticas escriturísticas. Interessa ver, através de uma escrita que foge de pensamentos pré determinados, como o desvio é pujante na reflexão e questionamento de valores sobre as condutas desses indivíduos, fraturando assim, o modo de ser punk. Essas condutas de desvio, evidentes nas mais diversas práticas discursivas dos punks, falam e auxiliam no reconhecimento, na autocrítica desses indivíduos no efervescer de seus posicionamentos nas relações sociais cotidiana. Palavras chave: História. Fanzines. Punk. Teresina.

Abstract: The work aimstoanalyze and discuss, from the punk fanzines study that circulated in

Teresina in the 90s, punk relation ship with theidea of deviation and how they take possession of signs, symbols and language sex cluded from large bodies of power, to give new me aning to the irexistence. At the same time the works eeks top resent the fanzines as a practice ethatresists canonical strategies of creation of meaning in daily life, through precisely the scrip turaltactics. Interestssee, by writ tenflee ing precertainthoughts, as the deviationisthriving in reflection and questioning ofvaluesontheconductoftheseindividuals, thusfracturing, howtobe punk. Thesediversion pipelines, evident in various discursive practices of punks, talkand help in there cognition, self-criticism of these individuals in the bubble of their mates in everyday social relations.

Key-words: History. Punk fanzines. Teresina.

1

Mestrando pelo programa de pós-graduação em História do Brasil da Universidade federal do Piauí-UFPI; Bolsista CAPES. Atualmente desenvolve uma pesquisa acerca da constituição do movimento punk em Teresina/PI, sob a orientação do Prof. Dr. Edwar de Alencar castelo branco.Email: hectorramonehc@hotmail.com.

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Desde seus possíveis começos, nos formigamentos evidentes na década de 70, o punk se constituiu como um movimento social de contestação na esfera do global, despertando as gerações mais contemporâneas para a reflexão sobre o que nos constitui enquanto indivíduos, dentro da seara política, social, econômica e cultural. O punké compreendido como um grupo de estilo(KEMP, 1993) e significa, para quem dele usufrui, “um conjunto de falas, imagens e sonoridades que carregam esse nome, e que são como que uma matéria para o pensamento de uma infinidade de indivíduos que constroem suas subjetividades em torno a esses signos”(MORAES, 2010:17). E nessa concepção, o modo como os punks encaram construções subjetivas sobre si, diz muito sobre uma cultura que, insatisfeita e ressentida, tenta de toda maneira burlar os critérios. Essa mágoa profunda potencializa um processo de marcação simbólica, onde essa identidade constituída e ressignificadaad infinitum procura se diferenciar de outras identidades, pensadas dentro de ordenamentos sociais e simbólicos tradicionais, taxativos e previamente estabelecidos. Em suma, essas tentativas de forjar um outro de si mesmo são pensadas de modo relacional, dentro de critérios sociais e simbólicos imbuídos nas sociedades. Essa identidade relacional vem para problematizar critérios manipulados e manipuláveis sobre o que constitui o conceito de identidade no cotidiano e no seio de uma percepção de mundo pós moderna:

A identidade é, na verdade, relacional, e a diferença é estabelecida por uma marcação simbólica relativamente a outras identidades[...]O social e o simbólico referem-se a dois processos diferentes, mas cada um deles é necessário para a construção e manutenção das identidades. A marcação simbólica é o meio pelo qual damos sentido a práticas e a relações sociais[...] É por meio da diferenciação social que essas classificações da diferença são vividas nas relações sociais.(WOODWARD, 2009:14).

Essa identidade punk, na ânsia de permanecer fraturada,percebe que dentro do contexto da cidade, os corpos se adequam ao mundo por uma experiência narcótica. Há um verdadeiro bombardeamento de imagens, sem questionamentos prévios sobre elas. O espaço urbano se torna um "lugar de passagem, medido pela facilidade com que nos dirigimos por ele ou nos afastamos dele"(SENNETT, 2008, p.16), nos colocando distantes de relações sólidas com a paisagem e a conseqüente perda de referenciais políticos, sobre um lugar que é colocado como apenas de passagem. Essa construção de subjetividade que se propõe combativa, leva em consideração a alienação causada por signos dentro da sociedade

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capitalística e visa se manter constantena criação de novos modos de expressão, ressignificando sentidos e se diferenciando permanentemente, num processo conhecido como singularização:

Uma maneira de recusar a todos esses modos de encodificação preestabelecidos [pela sociedade capitalística], todos esses modos de manipulação e de telecomando, recusá-los para construir, de certa forma modos de sensibilidade, modos de relação com o outro, modos de produção, modos de criatividade que produzam uma subjetividade singular(GUATARRI; ROLNIK, 1996:17).

É de Gilles Delleuze e Félix Guattarri a assertiva de que todos os indivíduos ou grupos são atravessados por linhas, fusos e meridianos(GUATARRI; ROLNIK, 1996), o que nos torna corpos cartográficos. Do mesmo modo em que os mapas geográficos delimitam territórios, os indivíduos e grupos seriam esquadrinhados por essas linhas. Dentro desse contexto de aparente controle em todas as instâncias da vida, existem grupos que por meio de invenções constantes sobre si, inventam uma linha de fuga, rompendo com a linha de desejo padrão e rompendo assim com demarcações claras sobre sua subjetividade. Historicamente, aqueles que aderem ao punk procuram romper com a linha de desejo padrão, mesmo que para isso, avance sobre brechas e signos pouco aceitos, destrutivos e mal quistos pelas pessoas comuns. Nesse extremo, a distorção sobre o que é convencionalmente considerado certo ou errado é enfatizado a exaustão os manifestos e textos produzidos por esses punks:

Voltando ao inicio é ver que no fim das contas (rerere), Punk é só um clichê para quem questiona e que tem forte senso crítico em relação aos dogmas que costumam dizer o que é certo e errado na sociedade. Você não nasce punk, você não sai dizendo sou punk, você simplesmente vive, sem nomenclaturas, éticas e filosofias premeditadas. E viva a liberdade de expressão! Se não gostou, do que leu, foda-se, vai fazer tuas reflexões.(JARDIM ATÔMICO, n°0, 1999).

Ao se colocar como expressões questionadoras de dogmas estabelecidos, o punk estabelece como meta para si um desvio daquilo que é convencionalmente aceito, uma transgressão as regras, no intuito de burlar as estratégias de captura do sistema. Tendo em vista esses apontamentos iniciais, interessa para o trabalho responder como o punk se relaciona com a idéia de desvio e como eles se apropriam de signos, símbolos e linguagens, a partir de suas produções mais relevantes, os fanzines, que circularam na cidade de Teresina na

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década de 90, para darem novos sentidos a suas existências. Esta mídia se caracteriza na junção dos termos fanatic e magazine (MAGALHÃES, 1993) e pode ser produzida tanto de forma artesanal - com recortes colagens e desenhos- como é produzida e diagramada de maneira virtual. É um tipo de material que circula fora dos grandes meios de comunicação de massa e foge do rigor formal e do compromisso com a linguagem canônica. Surgiu na década de 30, mas teve seu auge no interior do movimento Punk, sobre tudo nas décadas de 70 e 80. Por meio dos fanzines e seu caos discursivo, interessa ver como o desvio é pujante na reflexão e questionamento de valores sobre as condutas desses indivíduos no interior do punk e trazem uma noção de verdade relativizada em pontos de singularização, em detrimento de um modo fechado de ser punk. Essas condutas de desvio, evidentes nas mais diversas práticas discursivas dos punks, falam e auxiliam no reconhecimento, na autocrítica desses indivíduos no efervescer de um espírito inventivo sobre seus posicionamentos nas relações sociais cotidianas (SPINK, 2004:14).

Tendo em vista o que já foi inicialmente apontado, valoriza-se os argumentos discutidos na chamada sociologia do desvio, onde o "grupo social cria suas regras e em determinadas circunstâncias terminam por impô-las" (BECKER, 2008, p.15). Como conseqüência disso, o certo e o errado se estabelece na sociedade. Desse julgamento, emerge a categoria do outsider, que não vive de acordo com as regras estabelecidas por esse grupo. O

outsider pode não aceitar rótulos e regras que o julgam.

Mas a pessoa assim rotulada pode ter uma opinião diferente sobre a questão. pode não aceitar a regra pela qual está sendo julgada e pode não encarar aqueles que a julgam competentes ou legitimamente autorizados a faze-lo. Por conseguinte emerge um segundo significado do termo: aquele que infringe a regra pode pensar que seus juízes são outsiders.(BECKER, 2008, p.15).

Em suma, o conceito é criado nas relações cotidianas e não pode ser caracterizado em uma via de mão única, como se o termo fosse polarizado apenas a quem é acusado. No caso dos punks, o fato de viver fora de acordo com o que é pensado de dentro de sistemas de poder, os coloca numa situação tática de outsiders, ou seja, não é que eles estampem de modo cristalizado essa categoria em suas existências. O estar fora, a margem, não ganha uma conotação una de vencido ou marginalizado, mas cria diversas condições dentro da ótica do desvio, diferentes táticas contra as estratégias de um regime de poder tão evoluído ao ponto de trazer uma falsa impressão de liberdade pelas grandes possibilidades de se transitar pelas

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cidades. O combate, a frustração, o desvio tem sua matriz, sobretudo na castração do aspecto subjetivo e singular do sujeito.

São agenciamentos dos equipamentos coletivos de produção de subjetividade, que colocam diversas identidades em modelos de referência previamente estabelecidos e retiram a força da luta que representa o punk contra o socialmente inaceitável e desigual. Essa reação nasce das estratégias fomentadas pelo governo sobre a vida, nomeado por Foucault como biopoder (RABINOW; ROSE, 2006). Por meio de dispositivos (DELEUZE, 1990) discretos de controle, nossas existências são perscrutadas, à maneira como sentimos e agimos. Essa expressão de poder, que esquadrinha e forja um decoro corporal aos gestos mais banais do cotidiano oriundo de um processo civilizador,é instaurada em nossa contemporaneidade para regular e destituir de sentido o caráter dinâmico produzido pelas identidades, convertendo-as assim, a padrões de subjetividades predeterminadas.O poder evolui na sociedade contemporânea ao ponto de não mais buscar recriminar e inibir a vida pela violência, mas se valer de estratégias silenciosas para dar novas atribuições às formas que se dá a própria existência, ao ponto de fazer as pessoas terem seus desejos cooptados pelo sistema. Em síntese, os punks se voltam em suas produções midiáticas e atitudes contra essas forças de modelagem e de identidade, que direta ou indiretamente afetam os sujeitos inseridos na sociedade.

Dessa falsa condição de liberdade oferecida pelas cidades aos corpos mapeados em linhas de desejo padrão, interessa apenas o livre trânsito, em detrimento a uma lógica de multiplicidade dentro das experiências vivenciadas no cotidiano. Os corpos, ao serem domesticados e responderem a uma cultura de civilidade dentro de uma sociedade disciplinar, deve ser coagido para:

O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então, uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos (FOULCAULT, 1987, p.133).

De um corpo confinado a determinados espaços e alvo de constantes castigos para servir de exemplo, como no caso da era moderna, a coação passa a ser percebida em sociedades pós-estruturalistas, como uma retórica corporal da honra, onde se entorcepece e se

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controla o sujeito à distância, por meio de espaços abertos, de fluxo intenso, no momento em que a mais profunda condição de liberdade parece ser apreciada. Os meios de comunicação, como a televisão, endossam por meio do consumo e da manipulação de desejos, aprofundando uma cultura de individualismo e indiferença. O punk como elemento de contestação, em síntese, se ressente a essa condição pelo esforço em demonstrar os espectros de dominação que nos cercam nessa produção material da existência a manipulação psicológica de desejos e das necessidades(GALLO, 2010). Esse ressentimento de intensidade gradual e variável revela uma experiência de hostilidade a sensação de impotência, perante a assepsia de pensamento em relação aos problemas do cotidiano. Esse ódio recalcado, permite a constituição de um elo, uma plataforma para rejeitar os símbolos de um sistema manipulador:

Esse ódio recalcado e depois manifestado cria uma solidariedade afetiva que extrapolando as rivalidades internas, permite a reconstituição de uma coesão, de uma forte identificação de cada um com seu grupo. Daí hoje em dia a facilidade com a qual indivíduos se reagrupam para gritar sua agressividade e inventar signos festivos que exprimam seu desejo de vingança. Apedrejar os símbolos do inimigo, queimar personagens representados em efígies, etc. (ANSART, 2001:22).

Em suma, esse ressentimento é o resultado da diferença entre o que se espera e a interpretação sobre aquilo que se perde. Desse processo, fica evidente o ataque aos referenciais de um inimigo, o sistema e seu poder normatizador, por meio de ataques potentes aos símbolos cristalizados.

Como já foi previamente discutido, o desvio pensado pelos punks vai muito além das noções claras de certo e errado. Não há o comprometimento nem com um comportamento supostamente apropriado, tampouco é clarividente o comportamento infrator. A noção de

outsider se constitui por um desvio secreto, em que sorrateiramente, se comete uma infração,

mas sem acusações ou reação a violação das regras. Esse desvio pode ser caracterizado da seguinte maneira:

Aqui, um ato impróprio é cometido, mas ninguém o percebe ou reage a ele como uma violação das regras. Como no caso da falsa acusação, ninguém sabe realmente em que medida o fenômeno existe, mas [....] a quantidade é bastante grande, muito mais do que pensamos. (BECKER, 2008:32).

Contra classificações resultam na restrição, no podar de modos de agir, em limites que definem um ordenamento social pela definição de poderes, sejam eles de acordo com aspectos etários, políticos ou culturais. A tensão pelo domínio de saberes e identidades, para definição de posições e hierarquias dentro do espaço público é prontamente combatido por

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punks em suas principais produções, os fanzines.Essas pequenas produções, ligadas a uma

gigantescarede de correspondências, cuja circulação era mais evidente a pessoas direta ou indiretamente ligadas aopunk,são mídias que dão vazão ao ressentimento contra uma sociedade adestradora, bem como dão vazão a ataques pensados na perspectiva de desvio secreto. O trecho a seguir dá a entender como que são constituídas as formas de expressão do

punk.

Os protestos e discursos não devem mais ser espalhafatosos e coniventes com a lógica do espetáculo e da mídia. devem ser em silêncio e invisíveis: Subliminares. Uma terrível conspiração agindo no subconsciente das pessoas[...] Precisamos de novas táticas, teatro secreto. Loucos subversivos, agindo na calada da noite. Vândalos e bárbaros criando novas situações que arrebentem as correntes da realidade consensual.[...]Tornai-vos invisíveis. (ZINE IGNIÇÃO, n°1, 1998).

O ressentimento deixa de vincular como um reflexo de destruição direta e espetaculosa do sistema, fazendo com que o punk não fale de ódio e sarcasmo abertamente. Na verdade, munido de anonimato, esgueirando sob a sombra do subliminar, o punk pode vestir uma máscara de escárnio e ofender o máximo possível, os costumes, as instituições exploradoras, a burguesia e suas condições, bem como a degradação das relações pessoais, sem sofrer retaliação por parte dos grupos sociais que agenciam o poder na cidade. Os fanzines, manuais de desobediência por natureza, seja pelo teor dos depoimentos colhidos, pelo discurso sem papas na língua, pelo completo descaso com conceitos dados sobre as imagens e linguagens, exprimindo assim em elevada potência, o caráter criativo e combativo dos

punkssobre as adversidades do cotidiano. Mais evidências sobre esse anonimato, são

perceptíveis no modo desleixado com que a autoria é tratada nos fanzines:

Importante(leia isso antes de prosseguir)É permitida a reprodução total ou parcial dos textos, contidos nesse livro, mesmo que a fonte, obra e autor não sejam citados, estão todos autorizados a copiarem os textos, modificarem o que quiserem assumir a autoria e utilizarem para o que bem desejarem.(CATARSE ZINE, n°2, 1997).

Dentro desses canais de expressão do desvio secreto, os fanzines são recheados de poesias, frases soltas, recortes e desterritorializações de sentido, surrupiadas de jornais e revistas num processo de ação direta espoliadora (CASTELO BRANCO, 2008), em que o que vale é ser o mais criativo possível e criar por meio de resistência silenciosa, um terrorismo simbólico, em que símbolos e signos em geral rejeitados, ganham novas formas e

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significados. Aquilo que em geral é tido como inconseqüente ou hediondo, pode ser utilizado de modo construtivo no mundo real. O exemplo a seguir chama a atenção para essa assertiva:

Nada é real, tudo é permitido. Bárbaros invisíveis que nada respeitam, Vândalos que fodem com o cotidiano(mas que devem impreterivelmente gozar dentro) comícios em forma de jogos secretos[...] faça seu ativismo secreto e suas loucas conspirações e no mundo real: seja um delinqüente, inconseqüente e demente delinqüente(por causa do estupro do tempo) e demente(por causa do estupro da linguagem) Panfletagem subliminar já. ( ZINE IGNIÇÃO, n°1, 1998).

Essas mídias alternativastêm o objetivo de não apenas informar, mas de trazer a essência fraturadapara a vida por meio de um terrorismo simbólico, dando opções de escolha, uma possibilidade de burla e desvio. As caixinhas reconfortantes de sentido já não respondem os anseios punks:

Devemos ter o punk/anarcopunk não como algo embutido, em caixinhas de sentido previamente estabelecido. A partir do momento em que o punk estiver limitado e caquético em seus modos de ser, sem dialogar com outras formas de apreensão do mundo, ou mesmo do submundo, jamais faremos do

punk uma ameaça, uma arma de combate.(CATARSE ZINE, n°2, 1997).

Percebendo o fanzine como expressão de multifacetasa cerca dos desvios que constituem os modos de ser punk, é perceptível um jogo escriturístico que visa “remeter uma realidade de que se distinguiu em vista de mudá-la” (CERTEAU, 1994:205). Foi através dessas formas de escrita que o punk pôde criar para si, lugares excepcionais que permitiram a esses elementos incidir sobre o meio e modificá-lo, conforme versa o trecho a seguir:

O laboratório da escritura tem como função ‘estratégica’: ou fazer que uma informação recebida da tradição ou de fora se encontre aí coligida, classificada, imbricada num sistema e, assim, transformada; ou fazer que as regras e os modelos elaborados neste lugar excepcional permitam agir sobre o meio e transformá-lo. (CERTEAU, 1994:205).

Partindo para os elementos escriturísticos do fanzine, fica claro que há uma resistência silenciosa, uma rejeição desviante sobre modelos dominantes de subjetividade. Esse rancor ao estabelecido retira desse sujeito as certezas mortificantes de diferenciais no ato de falar de si, denotando assim, uma insegurança sobre como esse indivíduo se percebe, deixando a condição de dúvida solta sobre o que produz no ato da escrita. Ao se constituir como alguém repleto de incertezas e conseqüentemente aberto a novas possibilidades, o

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emissor do fanzine convoca o leitor a questionar sua condição de receptor passivo de sentidos,

status concebido em estatutos de uma sociedade cristalizadora de comportamentos e passa a

sugerir ao outro a constituição de um pensamento sem imagem, uma escrita do desastre. O desvio se constitui na pureza do pensamento, na imagem esvaziada por sentidos encodificados:

O desastre está do lado do esquecimento; o esquecimento sem memória, a retirada imóvel daquilo que não foi traçado-imemorial talvez; lembra-se pelo esquecimento, o fora de novo.[...]Pensar, seria nomear o desastre como pensamento dissimulado[...] mas ir ao final do pensamento[...]não é possível somente mudando o pensamento? daí esta injunção: não mudes de pensamento, repete-o se tu podes. (LINS, 2013:23).

Em suma, o pensamento é suspenso para que o que se pondere sobre determinada imagem não seja o que já vincula em grandes meios de comunicação, com conceitos definidos. O exemplo a seguir evidencia essa tentativa de se estimular a formação de uma opinião sem a intervenção de terceiros no processo:

Nada é verdadeiro, tudo e permitido. Leia o texto e mexa sua bunda gorda. Estamos em território inimigo e o inimigo está em nós. A primeira grande batalha contra o império se dar dentro de nossas cabeças. Libertar nossa imaginação. Poderosos feitiços publicitários iludem nossos desejos mais puros, belos e loucos. Engodos geopolíticos, castração gramatical, contendo nossa linguagem transgressora.(CATARSE ZINE. n°2. 1997).

Assim, essa escrita da diversidade permite a escapatória do sujeito por todos os lados, forjando, em outras palavras, "microrresistências e microliberdades com as quais, sub-repticiamente, subvertem - ou procuram subverter - a racionalidade panóptica que regula a vida nas cidades" (CASTELO BRANCO, 2008:69). Essas linhas de fuga não catalogadas, não transformadas em produto na intensa rede de capturas de códigos de conduta, são desviantes “tanto do paradigma quanto daquele que desejariam sua destruição” (MORAES, 2008:6). Ela se permite enquanto mecanismo de burla, excêntrico por natureza, deixando assim, opções criativas para se levar a vida, a coragem para mostrar aversão aos enunciados fechados do capitalismo:

Punk nunca foi moda ou rótulo, porém sempre foi deturpado por pessoas que

"aderem" ao ideal e ao modo de vida (se engajam por pura autoafirmação e falta de personalidade)[...]Mas não se liberta, pois não tem compromisso nenhum coma liberdade dos outros, um individualista, um machista, um sexista,autoritário;pensa que está certo?Livre?[...] Punk não é isso, é modo de vida que deve ser sentido e expressado. Punk é a coragem, coragem de se dizer ateu nessa sociedade cristão, de ser insubmisso, frente ao autoritarismo, de ser gay nessa sociedade homofóbica, coragem de ter o caráter suficiente para

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saber amar seu inimigo e odiar a seu amigo, coragem de dizer não a repressão familiar [...]. Punk é a coragem de ir contra todos os padrões impostos por essa sociedade desumana, irreal; e tendo que sofrer as consequências, de enfrentar o poder (familiar, policial, estatal, religioso, social), seus boicotes, seus exércitos, seus complôs, etc, etc(ZINE IGNIÇÃO, n°1. 1998.).

O leitor se torna parte integrante ativa de um processo que vai além da interpretação do que é exprimido na escrita caótica do fanzine. Ele faz parte da construção dessa escrita. Essa tentativa de interação com o receptor da mensagem, em muitos casos, soa mais como um insulto, um deboche, do que como um convite propriamente dito. Essa ofensa dá forma ao ressentimento eà indiferença embutida no jogo escriturístico produzido naseara dopunk:

Voltando ao início é ver que no fim das contas (rerere), Punk é só um clichê para quem questiona e que tem forte senso crítico em relação aos dogmas que costumam dizer o que é certo e errado na sociedade. Você não nasce punk, você não sai dizendo sou punk, você simplesmente vive, sem nomenclaturas, éticas e filosofias premeditadas. E viva a liberdade de expressão! Se não gostou, do que leu, foda-se, vai fazer tuas reflexões (JARDIM ATÔMICO, n°0, 1999).

Esse terrorismo simbólico traz à tona o ódio e o inconformismo e são referenciais do que constitui esses processos de reflexão e transformação de si. A conjuração de um signo da destruição sobre um sistema falido e insensível as querelas de grande parte da população, circula em torno de possíveis desfechos subjetivos sobre a noção de transformação social pensada por esses elementos. Cabe ressaltar que essa destruição resultante de um ressentimento profundo as insalubres condições de vida impostas por ducados institucionais do poder na civilização é pensada dentro de práticas discursivas que visam reaproveitar esses sentimentos de modo construtivo. Os desviantes transformam elementos tidos como intragáveis, viabilizando os mesmos para o ativismo político. A descrição a seguir, sobre o modo de ser punk, resume essa ideia:

O "ser punk" (cabe o clichê) é a voz da mudança, dos fracassados e incompreendidos, o caminho para o recomeço. [...] O que há de errado em usar o ódio de maneira construtiva?Na música, no teatro, no fanzine? Não é crime ser pessimista. Não é crime não ter religião. Crime penso eu, é esse falso moralismo em que estão nossas lindas instituições falidas: as famílias. Porque essa suposta moral que vigora é apenas um holograma de perfeição e que não permite um espírito de ruptura com a disposição social em que vivemos e todos os dias sacrifica sonhos, se utilizando de boas intenções para fazer o mal. Então já que é assim, porque não fazer o mal com boas intenções? Não crio que sou um criminoso por ser um iconoclasta ou algum tipo de transgressor, seja de linguagem, comportamento, ou o que quer que seja sabe? (JARDIM ATÔMICO, n°0, 1999).

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Essas experiências expostas no campo da escrita falam de como ser desviante pode problematizar o que é ser punk nos mais diversos campos de existência, desde as críticas microcósmicas sobre os modos de agir, atitudes, condutas, procedimentos elaborados e cosmopolitas para resistir as intempéries e controles silenciosos de um poder moderador. Essa escrita segue a linha mestra do que Michel Foucault revela como escrita de si, que se constitui fraturada e revela modos, métodos para se descrever condutas, reflexões deixadas em aberto, para que outro também possa dialogar e deixar suas considerações. Essa arte da existência motiva o sujeito a buscar "transformar-se, modificar-se em seu ser singular, e fazer de sua vida uma obra que seja portadora de certos valores estéticos e que corresponda a certos critérios de estilo" (FOULCAULT, 2010:155). Ao endossar esse processo, oferecendo pela escrita, material para considerações, os punks tentam governar suas vidas e pensar sem o intermédio de instituições e normas estabelecidas.

Por meio de um caos de teorias e sensações, o fanzineanarcopunkvisa criar possibilidades de estabelecer um "grau zero" na formação do sujeito. Quando nos tornamos adultos, uma série de responsabilidades nos acomete. Devemos prestar contas a um corpus social e buscar uma definição que se assemelhe ao molde da linha de desejo padrão. Ser bem casado, constituir família e filhos, ter um bom emprego, trabalhar e poupar para ter um alto padrão de vida, cursar faculdade que gera status perante um grupo social, são algumas das características que compõem esse desejo padrão. Tomamos para nossas existências explicações prontas e conceitos pré-elaborados, edificando assim, uma serie de responsabilidades que minam o senso crítico e o espírito criativo. Esse significado despótico, que confere uma "unidade de significação, significante original de todas as significações" (ALBUQUERQUE, 2002:15).Sobre nossas ações é prontamente combatido. O fanzine abaixo revela a dificuldade de se libertar das ideiaspré-concebidas:

Demora um tempo se libertar de idéias preconcebidas, de mitos, traumas, marcas, frustrações, valores, normas,...de objetos, coisas, pessoas...e mesmo assim ainda nos leva algo de nós, um pedaço de nós...depois de tudo, descobrimos que não era tudo, que há a nossa vida...uma vida longa.(ENQUANTO NÓS VAMOS PASSANDO., n.1, 2003.)

Fica claro no trecho acima que por mais que pareça difícil, por mais que leve toda a vida e que deixe marcas, é possível traçar uma linha de fuga e expressar a individualidade perante códigos de postura e aceitação. Fica evidente a tática da panfletagem subliminar, que visa fazer escorregar o pensamento para bem longe explicações prontas e congeladas, ainda que numa duração mínima, por meio de um formato microbiano como o de um gesto. Os sentidos

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prévios dados as coisas são subvertidos, pra que possam começar a ser repensados do zero. Tal qual nos convoca a pensar Deleuze, temos um exercício de esgotamento do possível, onde "combina-se o conjunto das variáveis de uma situação, com a condição de renunciar a qualquer ordem de preferência e a qualquer objetivo, a qualquer significação (DELEUZE, 1992). Intui-se um pensamento sem imagem, que se configura na tentativa de se intuir um pensamento sem imagens fixas. O pensamento sem imagem seria em linhas gerais:

O pensamento sem imagem não seria o pensamento do desastre, que passa sempre por uma escrita poema, ou uma escrita dançarina, possuída ou tomada por um alfabeto que é puro ritmo, um alfabeto que ama rabear a imagem? Um ritmo é uma onda que leva as figuras, expressões, narrativas, descritivas, a velocidade que ao mesmo tempo, as faz e as desfaz. E esse movimento, que gagueja ficção e defecção, é o que constitui o pensamento sem imagem, o pensamento-poema. O poema porvir. O pensamento nômade como uma maneira de conceber o mundo, de experimenta-lo em sua potência, ligado a recusa de uma filosofia linear, de uma só passagem que convocaria um imaginário sedentário (LINS, 2013: 13).

Em suma, os fanzines oportunizam um processo cognitivo elucidativo e questionador por meio de uma escrita menor, "através da qual os zineiros se apropriam de uma língua maior" (CASTELO BRANCO. 2008: 61-75) e a utilizam de modo menor, fazendo a linguagem se tornar estrangeira em seu lugar comum de enunciação. Em síntese, essa literatura menor fundada no coração de uma literatura estabelecida, de uma literatura de mestres, promovendo uma forma de fazer literário que não se prende aos limites de um território seja ele cultural, lingüístico, estético ou literário. Recorrendo a abordagens não restritas ao textual, retocando as imagens para que falem sobre algo que vá além do ato de contemplar, estimulando assim a ponderação, o espaço para a crítica, Essa literatura menor não se faz na falta, na impotência ou na rendição, mas num fluxo de vida invencível (DELEUZE ; GUATARRI, 1977: 76-78.).

As formas de expressão dadas ao fanzine pelos punks desembocam, no decorrer de nossa contemporaneidade, em concepções culturais que visavam à análise cuidadosa e a crítica de si e dos modos com os quais tencionam, objetivando interferir de maneira ampla na vida política da sociedade. Várias existências desses indivíduos emergemdo papel, evidenciando suas éticas e sentimentos. São constituídas resistências por meio de um terrorismo simbólico, forjado no desvio e no ressentimento a códigos de conduta castradores, que se constituem nas miudezas dos fascismos do cotidiano aos eficientes dispositivos de cristalização de subjetividades. Suas práticas e construções identitárias são constantemente colocadas em cheque, questionadas no intuito deextrair o mais criativo, construindo assim, um outro de si

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mesmo nesse processo.

Revisando suas visões políticas, buscando a pureza criativa pelo caótico pensamento do desastre, rejeitando a idéia de felicidade da linha de desejo padrão, recortando e colando imagens para conferir-lhes um significado distante do projetado pelas mídias convencionais, essas pessoas sob esse conjunto de signos deram novos significados a suas vidas, constituíram outros em si mesmos, intervindo como uma alternativaao bombardeio unilateral de sentidos oferecido pelos meios de comunicação do mainstream, contrariando a seu modo, ainda que na potência e duração de um gesto, no durar de uma interjeição esse poder que convence como insubstituível e onipresente. Desviantes sobre esses condicionamentos dados pelo statusquo, os punks elevam o fanzine a extrema expressão de uma negação, fazendo de suas existências o reduto do excêntrico, um campo da batalha constante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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