• Nenhum resultado encontrado

Mineiridade: a diversidade uniforme. Retrato de Minas no Terceiro Quartel do Século XIX: população e economia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Mineiridade: a diversidade uniforme. Retrato de Minas no Terceiro Quartel do Século XIX: população e economia"

Copied!
31
0
0

Texto

(1)

Mineiridade: a diversidade uniforme.

Retrato de Minas no Terceiro Quartel do Século XIX:

população e economia

*

Maria do Carmo Salazar Martins UFMG/Cedeplar

Helenice Carvalho Cruz da Silva UFMG/Cedeplar

Maurício Antônio de Castro Lima Assembléia Legislativa MG

Palavras-chave: Demografia histórica, Demografia econômica, Minas Gerais.

Introdução

Nas últimas décadas os trabalhos sobre a Província de Minas Gerais durante o século XIX têm ressaltado que o alto grau de isolamento, auto-suficiência e diversificação interna era o traço predominante no panorama econômico mineiro. Sua produção econômica, baseada em produtos agropecuários e alguma indústria artesanal doméstica, se destinava ao autoconsumo e ao mercado interno da região. De certa forma, a província se auto sustentava, importando apenas aqueles produtos que não eram fabricados no país. Alguma produção era exportada.

Trabalhos anteriores que utilizaram como fonte as Tabelas da Mesa de Rendas Provincial, indicaram como eram insignificantes o valor e o montante das exportações mineiras quando comparadas com ao produção exportada pelas demais províncias do Império. Ou seja, a economia mineira reagia pouco aos estímulos de mercado e, pelo menos boa parte das exportações era constituída de meros excedentes eventuais da produção sobre as necessidades locais de consumo.1

Entretanto, embora se conhecessem quais os gêneros exportados e a literatura sustente a diversificação da produção em todas as regiões mineiras, não eram conhecidos dados empíricos que justificassem a teoria . A partir da proposta do IPEA de montar um banco de dados

* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado

em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.

1 Martins, Roberto Borges e Martins, Maria do Carmo Salazar.” As Exportações de Minas Gerais no

(2)

informatizado com os mapas de população do século XIX mineiro, que permanecem sob a guarda do Arquivo Público Mineiro, foi possível trabalhar um conjunto de mapas de população e produção para o ano de 1861. Essa fonte primária nos fornece informações sobre o que é produzido, onde é produzido, o que é consumido no local de origem e o que é comercializado.

O presente trabalho busca ampliar a base empírica de nosso conhecimento sobre a atividade econômica mineira na segunda metade do século XIX. Em resumo, nossos dados nos permitem fazer um mapeamento da produção agropecuária e industrial de Minas. No entanto, é preciso deixar bem claro que não temos dados que nos permitam calcular o volume da produção, a proporção do excedente que é retida na região, muito menos a parcela que era comercializada.

Descrição da Fonte

Em 6 de dezembro de 1860 o Presidente da Província de Minas Gerais enviou a todas as autoridades dos municípios e paróquias mineiros (párocos, juizes de paz, delegados e subdelegados) um ofício no qual pedia uma série de informações demográficas e econômicas. Este ofício era acompanhado por um Mapa impresso que deveria ser preenchido e devolvido para o governo provincial. Nele deveriam constar o nome das povoações com indicação do número de casas nelas existentes; o número de habitantes livres e escravos (sem distinção de sexo e raça); o número de habitantes livres especificados conforme grupos de ocupações (empregados civis, militares e eclesiásticos; agricultores e criadores; negociantes; pessoas que exerciam algum ofício mecânico; e pessoas cuja ocupação se ignorava); o número de fazendas discriminadas entre agricultura e criação; o nome das minas ou lavras existentes, sua especialidade, quantidade e valor do mineral extraído; as principais produções agrícolas; a especialidade da criação de animais; o estado da indústria e o valor dos objetos anualmente fabricados; quais os gêneros importados, sua quantidade e seu valor; quais os gêneros exportados, sua quantidade e seu valor; quais as estradas existentes e seu estado de conservação; e quais as distâncias entre os diferentes povoados existentes na freguesia.

Essas informações eram periodicamente pedidas pelas autoridades governamentais. Já em 1800 encontramos uma resposta a esses mesmos quesitos dada pelo Intendente dos Diamantes no Tejuco João Ignacio d´Amaral Silveira. Mapas semelhantes são encontrados nas décadas de 1830 e 1850. Entretanto, o conjunto de respostas encontradas para o ano de 1861 é surpreendente.

(3)

No Arquivo Público Mineiro foram localizados 210 mapas referentes a 210 freguesias pertencentes a 53 municípios. É bem verdade que a exceção do total da população livre e escrava, nem todas as informações foram fornecidas com a precisão solicitada, principalmente no que diz respeito a quantidade e valor dos gêneros produzidos, importados e exportados. Ou seja, apenas 80 freguesias forneceram informações completas (sem quantidade e valor) sobre sua produção agropecuária, industrial, atividades de mineração, importação e exportação dos gêneros e 127 freguesias forneceram algumas informações sobre a ocupação dos habitantes.

População

Em 1861 a Província de Minas Gerais estava dividida em 20 comarcas que compreendiam 59 municípios ou termos.2

Nesse trabalho decidimos adotar a regionalização da província de Minas Gerais segundo suas comarcas, recorrendo pontualmente aos municípios e freguesias apenas para salientar algumas diferenças significativas. Comarcas são, por definição, as circunscrições em que se dividem os Estados (no nosso caso, a Província), para fim de delimitação da competência territorial dos órgãos judiciais de primeira instância. A repartição do território em comarcas é uma das, se não a mais antiga, divisão das terras mineiras. Em 6 de abril de 1714, D. Braz Balthazar da Silveira, preocupado com a arrecadação dos quintos de Sua Majestade sugere ao governo português para a conveniência de sua real fazenda que a repartição das comarcas se fizesse com a maior brevidade, para logo se principiar, logo em cada uma a diligência da cobrança das trinta arrobas de ouro (...) e ser muito prejudicial toda a demora nesta repartição, pelos motivos acima considerados.3 Está claro que esta primeira divisão tinha um caráter fiscal; uma divisão feita como um meio para a cobrança dos quintos reais. A partir da promulgação do Código do Processo Criminal de Primeira Instância em 29 de dezembro de 1832 foi regulamentado todo o setor judiciário, tanto com relação aos cargos e suas funções, como em relação a nova divisão judiciária. As comarcas se tornaram, então, quase que a única divisão territorial devidamente demarcada, na medida em que era imposição do Governo Central a distribuição uniforme da justiça para todo o seu povo, pelo menos no que dizia respeito à acessibilidade ao local onde se podia recorrer ao poder judiciário.

2 Carvalho, Theophilo Feu de.Comarcas e Termos. Belo Horizonte, Imprensa Oficial do Estado de Minas

Gerais, 1922

(4)

Os mapas de população e produção econômica encontrados no APM referem-se a 51 municípios espalhados por quase todo o território mineiro. A única comarca não contemplada é a do Rio São Francisco que compreendia os termos de Montes Claros, Januária, São Romão e Guaicuí. Os outros municípios não representados na nossa amostra são: Baependi, situado na comarca do mesmo nome; Formiga, na comarca do Rio Grande; Ubá, na comarca de Muriaé; e Rio Pardo, na comarca de Rio Pardo.

Os 51 municípios que compõem nossa amostra apresentaram uma população total de 638.625 habitantes, dos quais 484.992 são livres e 153.633 escravos. Nossa amostra está, portanto, dentro do padrão de proporcionalidade entre população livre e cativa que vem sendo encontrado pelos pesquisadores que trabalham com a história demográfica da província mineira.4

A tabela abaixo mostra como se achava distribuída a população mineira em 1861.

4 Ver, entre outros, Martins, Roberto Borges. Growing in Silence: The Slave Economy of

Nineteenth-Century Minas Gerais, Brazil. Tese de doutorado, Vanderbilt University, 1980; Paiva, Clotilde Andrade e Botelho, Tarcísio Rodrigues. População e Espaço no Século XIX Mineiro: Algumas Evidências de Dinâmicas Diferenciadas. In Anais do VII Seminário Sobre a Economia Mineira. Belo Horizonte, UFMG/Cedeplar, 1995

(5)

TABELA 1

População de Minas Gerais por Comarca e Condição Livre ou Escrava - 1861 Comarca Livres Escravos % Escravos / Total

Baependi 11186 4193 27,26% Indaiá 13442 3342 19,91% Jaguari 32095 5485 14,60% Jequitinhonha 14491 3203 18,10% Muriaé 13362 7064 34,58% Ouro Preto 28255 8675 23,49% Paracatu 19542 1096 5,31% Paraibuna 10448 7282 41,07% Paraná 9193 2558 21,77% Paranaiba 34543 7679 18,19% Piracicaba 52580 18315 25,83%

Rio das Mortes 37357 16682 30,87%

Rio das Velhas 46182 11296 19,65%

Rio Grande 15665 4761 23,31%

Rio Pardo 10474 1435 12,05%

Rio Pomba 26849 19261 41,77%

Rio Verde 33567 15876 32,11%

Santo Antônio do Monte 3917 893 18,57%

Sapucaí 36214 9718 21,16%

Serro 35630 4819 11,91%

Rio São Francisco * * *

Total da Província 484992 153633 24,06% * sem informação

Fonte: Arquivo Público Mineiro, Seção Provincial, Códices SP 893 e SP 955

Ë interessante observar que as comarcas de Muriaé, Paraibuna e Rio Pomba, situadas na região hoje conhecida como Mata, apresentam uma porcentagem de escravos em relação à população livre bastante superior à média da província (34,58%, 41,07%, e 41,77% respectivamente). A comarca do Rio Verde, situada no Sul de Minas e a comarca do Rio das Mortes, na região do Campo das Vertentes, apresentam uma proporção de cativos significativa. Em trabalho anterior encontramos distribuição semelhante entre as regiões da província.5 Um dado que muito nos preocupou foi a baixíssima porcentagem de escravos encontrada na comarca de Paracatu. Podemos apenas sugerir algumas interpretações. A baixa concentração demográfica da região seria um dos fatores. Além disso, a região, como veremos adiante, tinha como atividade econômica preponderante a pecuária. Trata-se de uma atividade pouco intensiva

5 Martins, Maria do Carmo Salazar, Lima, Maurício Antônio de Castro e Silva, Helenice Carvalho Cruz.

População de Minas Gerais na Segunda Metade do Século XIX. Novas Evidências. Anais do X Seminário Sobre Economia Mineira. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2002

(6)

de mão-de-obra e tradicionalmente considerada como incompatível com o regime servil na historiografia da escravidão.

Entretanto, como mencionamos anteriormente, nem todos os mapas contém a informação completa. No que diz respeito à ocupação dos habitantes temos que trabalhar com um total de 35 municípios distribuídos por 16 comarcas. Mesmo assim, estaremos lidando com um alto índice de não informação sobre ocupação. Ou seja, apenas 17,4% da população livre que vivia nestes 35 municípios declarou pertencer a um dos grupos ocupacionais indicados no formulário de preenchimento enviado pelo governo provincial. Infelizmente, como temos apenas o total da população livre, sem discriminação por sexo e idade, não podemos retirar deste total as parcelas que incluem os não trabalhadores: crianças, idosos e mulheres (que, neste período, supostamente não exerciam atividades produtivas). Além disso, nossa experiência com os dados demográficos históricos de Minas Gerais tem demonstrado que a indicação de ocupação dos habitantes, na maioria das vezes, só é fornecida para o chefe do domicílio, principalmente se esse chefe for homem.6 A chefia feminina, apesar de representar cerca de 9,5% dos fogos , ainda assim não era contemplada pelos grupos ocupacionais determinados pelos estatísticos do governo provincial mineiro, com a exceção, talvez, de donas de fazendas por herança (filhas ou viúvas).7

Portanto, quando estudamos a ocupação dos habitantes livres da Província, temos que contar com a ausência de dados para as Comarcas de Muriaé e Paraibuna, situadas na zona da Mata, Rio Grande, situada no Centro-Oeste mineiro e Sapucaí, localizada na região Sudoeste.

Na tabela abaixo podemos ver como se distribuía a população que declarou ocupação entre as comarcas mineiras.

6 A alta incidência de não informação sobre ocupação nos inquéritos censitários do século XIX, foi

discutida em vários trabalhos, entre eles: Paiva, Clotilde Andrade e Martins, Maria do Carmo Salazar. “Minas Gerais em 1831. Notas sobre a Estrutura Ocupacional de Alguns Municípios.” Anais do III Seminário Sobre Economia Mineira . Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 1984

(7)

TABELA 2

Distribuição da População por Comarcas e Ocupações – 1861

Comarca Emp Pub

% Agropec % Negoc % OficMe

c % Totais Baependi 41 7,45 411 74,73 61 11,09 37 6,73 550 Indaiá 23 15,65 54 36,73 35 23,81 35 23,81 147 Jaguari 19 0,49 1848 47,40 1019 26,13 1013 25,98 3899 Jequitinhonha 10 1,12 727 81,78 32 3,60 120 13,50 889 Muriaé * * * * * * * * * Ouro Preto 592 15,05 1809 45,98 669 17,01 864 21,96 3934 Paracatu 50 2,64 1341 70,91 125 6,61 375 19,83 1891 Paraibuna * * * * * * * * * Paraná 61 2,44 2300 92,18 54 2,16 80 3,21 2495 Paranaiba 104 2,14 3891 80,03 197 4,05 670 13,78 4862 Piracicaba 300 2,99 7574 75,46 679 6,76 1484 14,79 10037 Rio das Mortes 185 5,24 1322 37,47 520 14,74 1501 42,55 3528

Rio das Velhas 919 6,24 10861 73,74 683 4,64 2265 15,38 14728

Rio Grande * * * * * * * * *

Rio Pardo 20 0,67 2906 97,35 3 0,10 56 1,88 2985 Rio Pomba 451 45,24 155 15,55 267 26,78 124 12,44 997 Rio Verde 42 1,86 1279 56,57 138 6,10 802 35,47 2261 Sto. Antônio do Monte 45 5,75 600 76,73 54 6,91 83 10,61 782

Sapucaí * * * * * * * * *

Serro 104 2,52 3602 87,24 108 2,62 315 7,63 4129

Total 2966 5,10 40680 70,00 4644 7,99 9824 16,90 58114 * sem informação

Fonte: Arquivo Público Mineiro, Seção Provincial, Códices SP 893 e SP 955

Chama logo a atenção nesta tabela que a maior parcela da população (70%) se dedicava a atividade agropecuária, seguida pelos ofícios mecânicos (16,9%) e os negociantes (7,99%). Os empregados públicos representavam apenas 5,1% da população.

Entretanto, esta distribuição não era uniforme. Precisamos ressaltar a grande concentração de funcionários públicos em Rio Pomba, Indaiá e Ouro Preto. Era de se esperar que na capital da província, onde se localizavam as repartições administrativas, o número de indivíduos encarregados das funções burocráticas governamentais fosse superior ao das outras comarcas. Mas como explicar o número exorbitante de funcionários públicos nas comarcas do Rio Pomba e do Indaiá? Nesta última Comarca tal fato pode ser explicado pela sub-enumeração das ocupações. Apenas a freguesia de Tiros, pertencente ao termo sede da Comarca, Dores do Indaiá, registrou a ocupação de seus habitantes livres, e mesmo assim, só daqueles que se dedicavam à agropecuária , aos negócios e atividades públicas. No caso de Rio

(8)

Pomba permanece o inexplicado, uma vez que as quatro freguesias arroladas, entre elas a sede da comarca, responderam o questionário. Uma explicação plausível pode ser, novamente, problemas de enumeração desses dados, uma vez que apenas 3,7% da população livre declarou ocupação.

Ë interessante observar que em cinco comarcas, Jequitinhonha, Rio Pardo, Serro (situadas no Nordeste de Minas), Paraná e Paranaíba (situadas na região do Alto Paranaíba) a população empregada em atividades agropastoris é superior a 80%. Com a exceção das comarcas do Indaiá, Rio das Mortes e Rio Pomba, todas as outras comarcas apresentam um percentual entre 45% e 80% de indivíduos empregados na agropecuária. Mais uma vez é preciso deixar bem claro que, provavelmente, só estão enumeradas as ocupações dos chefes de fogos, o que deixa a maior parcela da população fora dessa contagem. Entretanto, esses dados vem corroborar o que vem sendo afirmado pela historiografia recente sobre a província mineira.

Os negociantes estão concentrados nas comarcas de Jaguari (Sul), Indaiá (Centro-Oeste), Ouro Preto (Centro), Rio das Mortes (Vertentes) e Rio Pomba (Mata). Quando trabalhamos no nível de município, verificamos que os negociantes estão concentrados em cidades que vem sendo descritas na literatura dos viajantes como entrepostos de comércio intra e interprovincial. Sua localização privilegiada, em estradas de movimento contínuo de tropas, aliada ao desenvolvimento urbano propiciado pela proximidade às melhores vias de comunicação, pode ser responsável pelo alto número de negociantes que ali fixaram residência. Ou seja, encontramos homens de negócio em Ouro Preto, São João del Rei, São José del Rei, Pitangui, Pouso Alegre e Itajubá.

Quanto aos ofícios mecânicos, ocupação de difícil definição, verificamos que 16,9% da nossa amostra se declarou como exercendo essa atividade. Com a exceção das comarcas do Rio Pardo, Paraná, Baependi e Serro, onde a porcentagem dos oficiais mecânicos é menor, e da comarca do Rio das Mortes, onde existe uma maior concentração desses indivíduos, a distribuição é bastante homogênea.

Delimitando Conceitos

Antes de estudarmos a distribuição da produção econômica provincial por comarcas é preciso esclarecer alguns conceitos. Se lidarmos com o século XIX adotando terminologia atual corremos o risco de induzir interpretações não condizentes

(9)

com a época estudada. Buscando superar esse problema decidimos explicitar as categorias que utilizamos para classificação dos diversos produtos mineiros.

Consideramos produção de subsistência a produção voltada para o consumo doméstico. Entretanto, esta produção poderia gerar sobras (excedente) passíveis de serem comercializadas. Isso fica bem claro quando, ao voltarmos à fonte dos dados, encontramos relatos dos párocos dizendo que se planta para comer e o pouco que sobra

é vendido no local ou exportado para freguesias vizinhas. Encontramos também casos

de produção de subsistência em que determinado produto “In natura” apareciam como produção para consumo exclusivamente doméstico, entretanto seus derivados constavam da pauta de exportação dos mesmos municípios produtores. Como exemplo podemos citar o município de Bagagem que declara produzir algodão apenas para subsistência e, no entanto, comercializa e exporta o pano de algodão. Encontramos também casos em que a produção mal dava para o consumo doméstico, conforme se deduz a partir da pauta de importação, entretanto bens transformados eram comercializados. Verificamos que a matéria prima era importada para produção desse bem, na medida que a produção assim registrada constava, várias vezes, de pauta de exportação dos municípios. Portanto, há que se considerar que a produção de subsistência também pode significar uma produção de matéria prima para indústria.

É preciso ter bem claro que o termo indústria aqui utilizado deve ser entendido como a simples transformação da matéria prima em algum tipo de produto artesanal onde se utiliza basicamente a atividade manual individual e, eventualmente, alguma peça de maquinaria rudimentar , como, por exemplo, a roca de fiar ou uma engenhoca de cana. Ou seja, sempre que falarmos em indústria, estaremos falando de indústria artesanal doméstica.

O que se depreende do registro comercial para a produção econômica nos parece ser uma produção para gerar excedente para comércio dentro ou fora dos limites municipais, quiçá provinciais. Isso tanto pode significar que essa produção era gerada em algumas grandes fazendas, como poderia ser produzida por vários pequenos produtores. Podemos dar como exemplo o caso do fumo. Em Minas Gerais esse produto não era cultivado em plantations e sim em pequenas propriedades localizadas

(10)

basicamente na região sul. No entanto, o fumo tem uma participação significativa na pauta de exportação interprovincial.8

Quando tratamos da importação devemos considerar dois tipos distintos de produtos. Em primeiro lugar importavam-se mercadorias que a Província não produzia e que se resumiam a uma “lista” comum de produtos, quais sejam: fazenda seca, molhados, sal, ferragens para lavoura, aí incluído o ferro para ser trabalhado, alguma louça e objetos de luxo em escala reduzida. Nos documentos, essas mercadorias, exceto o sal, são sempre mencionados como “fazendas secas do Reino”, ou “bebidas espirituosas estrangeiras”, por exemplo. Esta pauta de importação permaneceu praticamente a mesma durante todo o século XIX. A literatura dos viajantes, os Relatórios dos Presidentes da Província, algumas pautas de importação, como por exemplo a de 1818 feita pelo Barão de Eschwege, confirmam esse escasso consumo de produtos estrangeiros.

Outro tipo de importação era aquela que pode ser caracterizada como resultado de comercialização inter municipal e/ou intraprovincial. Trata-se do comércio interno da Província, quando aquilo que chamamos de excedente ou sobras da produção de subsistência eram colocados no mercado. Ou seja, encontramos municípios importando alimentos como arroz, feijão, gado, assim como algodão em rama para a produção de panos de algodão.

A exportação significa o comércio intermunicipal e interprovincial. Nos parece temeroso inferir o comércio fora dos limites provinciais. Trabalhos anteriores têm demonstrado que nesse período a exportação da província de Minas Gerais era ínfima se comparada com a produção exportada pelas outras províncias do Império. Somente o café, o pano de algodão, queijos, toucinho, fumo e gado em pé tinham peso relativamente alto na balança comercial.9 O que a documentação estudada nos revela é

que o grosso da atividade econômica era destinado tanto ao autoconsumo como ao mercado interno da região. Nesse sentido, devemos entender exportação como uma atividade comercial entre freguesias e municípios.

Como uma das perguntas que deveriam ser respondidas pelas autoridades locais dizia respeito ao estado da indústria nas suas circunscrições, decidimos agrupar a

8 Martins e Martins, op. cit 9 Martins e Martins, op.cit

(11)

produção agropecuária e seus respectivos derivados que passaram por algum tipo de transformação. Com este procedimento objetivamos verificar no nível municipal o registro de criação do gado suíno, por exemplo, assim como a produção do toucinho. Ou seja, estamos focalizando a indústria artesanal doméstica que existia em Minas nos oitocentos. Nesse sentido fizemos as associações que se seguem.

PRODUTOS AGROPOECUÁRIOS PASSÍVEIS DE INDUSTRIALIZAÇÃO

Produtos In natura Produtos industrializados Algodão Panos de algodão

Cana de açúcar Açúcar, aguardente e rapadura Fumo Tabaco Mamona Azeite

Mandioca Farinha de mandioca, goma de mandioca e polvilho Milho Farinha de milho e fubá

Gado vacum Queijo, sola e couro Gado suíno Toucinho

Gado ovino Panos de lã Gado caprino Queijo

Finalmente, devemos ressaltar que foram considerados para a análise da produção econômica somente os produtos que tiveram uma representação significativa nas declarações catalogadas. Os produtos agrícolas são feijão, arroz, café, milho, algodão, cana de açúcar, fumo, mamona, mandioca. A pecuária está representada pelos gados vacum, suíno, ovino, cavalar, caprino e muar.

Produção Econômica

Comarca de Baependi:

A Comarca de Baependi ficava situada no Sul de Minas e sua fronteira com a Província do Rio de Janeiro era marcada pela serra da Mantiqueira. Era composta pelos municípios de Baependi, Aiuruoca e Cristina e seu termo sede era a Vila de Baependi. A produção agrícola de relevo na Comarca consistia no plantio do fumo em escala de subsistência e comercial destinado basicamente à produção da folha de fumo e do tabaco. Neste tipo de atividade se destaca o município de Cristina. Quanto à produção de grãos, os dados destacam o plantio do milho, feijão e o arroz em larga escala, atividade esta localizada basicamente no município de Cristina.

(12)

No que diz respeito à produção pecuária, foi relatado para o município de Aiuruoca a criação de gado vacum, cavalar, muar e ovino para subsistência e comércio. Já a criação de suínos era praticada somente no nível de subsistência.

Nesta comarca são registradas indústrias artesanais ligadas à produção pecuária. É o município de Aiuruoca que se dedica à produção com vistas tanto às necessidades domésticas quanto ao comércio do queijo e do toucinho.

Em sua pauta de comércio, essa comarca apresentava-se como importadora de fazenda seca, sal, molhados, ferragens, açúcar, louça, aguardente e café. Por outro lado, exportava gado em pé: vacum e cavalar, toucinho e queijos. O comércio do arroz, feijãoe milho “In natura” também se mostrava bastante intenso na região. Neste ponto há que se ressaltar que os registros apontam a produção de milho e feijão como de subsistência, produtos certamente cultivados em praticamente todas as propriedades para abastecimento doméstico. Mas um cultivo voltado para a geração de excedentes certamente fazia parte dos objetivos da atividade econômica na comarca. Quanto ao fumo era produzido e comercializado no município de Aiuruoca, sendo também um item constante da pauta de exportação. O plantio do fumo e sua transformação em tabaco parece ter sido a atividade de maior importância no município de Cristina.. Releve-se, entretanto que somente as folhas se constituíam em produto comercial exportável.

Comarca do Rio Das Mortes

A Comarca do Rio das Mortes estava localizada na região centro-sul do território mineiro, atualmente denominada Campo das Vertentes. Compunha-se dos municípios de São João del Rei, São José del Rei (atual Tiradentes) e Oliveira. A sede da comarca era o termo de São João del Rei.

Nossa fonte de dados relata que na região plantava-se cana, cuja produção era basicamente destinada à indústria do açúcar e da aguardente, orientada para o mercado local e externo. Este também é o caso do fumo, cultivado em toda a Comarca. Entretanto, sua transformação em tabaco para fins comerciais estava concentrada no município de Oliveira, já que, em São João del Rei, o tabaco era consumido localmente. A folha de fumo era exportada pelos três municípios componentes da Comarca. Os

(13)

dados revelam que o azeite de mamona era um produto comercial importante nos municípios de Oliveira e São João del Rei, participando inclusive da pauta de exportação dos mesmos. A produção ali localizada parece ter garantido as necessidades domésticas de toda a Comarca no ano de 1861.

O plantio do algodão aparece nos registros municipais da época como uma atividade econômica de subsistência e confeccionavam-se panos de algodão para consumo local em todos os três municípios arrolados. Produção com objetivo comercial, foi observada apenas em São João del Rei, embora os dois municípios restantes também assinalem que esse produto (em pequeno ponto) fazia parte de sua pauta de exportação.

É interessante notar que enquanto a mandioca se colocava como um produto cultivado no nível de subsistência, a farinha de mandioca se colocava como um bem significativamente mercantil, inclusive passível de exportação. Este nos parece um caso claro de produção orientada basicamente para a indústria. Destaque-se que não há registro de plantio de mandioca e nem fabrico de sua farinha no município de São José del Rei.

A produção de grãos era uma importante atividade econômica na Comarca do Rio das Mortes. O milho era cultivado tanto para o consumo interno como para comercialização. Poderíamos até arriscar a afirmação de que o comércio desse grão parece ter sido um grande negócio na região. O fabrico do fubá era atividade econômica registada somente em São João del Rei que orientava claramente sua produção para a área mercantil interna e externa ao município.

Os três municípios arrolados nesta região produziam o feijão e o arroz em grande escala com vistas ao atendimento tanto do mercado interno quanto o externo à região. O café também era cultivado em toda a área, no nível de subsistência, e destinado, provavelmente, ao consumo da Comarca.

Na atividade pecuária se distinguiam as criações de gado vacum, cavalar, suínos e ovinos, efetivadas em larga escala, orientadas certamente para o mercado externo à Comarca. Parece-nos que a oferta atendia “com largueza” as necessidades locais. A criação de gado muar era também uma atividade ativa nos municípios de Oliveira e São João del Rei. Registre-se ainda a criação de caprinos em Oliveira orientada, segundo o que se pode deduzir dos dados, mais para as necessidades internas a este município.

(14)

A industrialização de derivados desta atividade econômica nos permite inferir a possibilidade dessa região de produzir produtos com valor agregado e, portanto, mais rentáveis no mercado. Produzia-se queijo, o apreciado Queijo Mineiro, ofertado no nível doméstico e comercial por São João del Rei e São José del Rei, sendo inclusive artigo de exportação. A produção de toucinho nos municípios de Oliveira e São João del Rei parecia seguir as mesmas orientações mercantis do queijo. A lã também pode ser considerada um produto comercialmente importante, na medida que era destinada à exportação. Destaque-se ainda a produção de solas em São José del Rei, produção esta destinada provavelmente às necessidades municipais.

A Comarca do Rio das Mortes importava produtos como a louça, aguardente e café em pequenas quantidades. Por outro lado, a pauta de exportação era bastante diversificada. Feijão, arroz, milho, algodão, gados vacum, cavalar e suíno (Oliveira), toucinho, aguardente de Oliveira e São José del Rei, açúcar, panos de algodão, azeite de mamona, fubá e farinha de mandioca produzidos em Oliveira e São João del Rei se constituíam em produtos exportáveis relativamente importantes em 1861.

Comarca de Indaiá

A Comarca do Indaiá era formada pelos municípios de Dores do Indaiá e Pitangui. Ficava localizada na região Centro-Oeste de Minas, entre a serra da Canastra e o rio Paraopeba.

Ao nos determos nos registros da produção econômica de Pitangui, município que representa em nosso trabalho a Comarca de Indaiá, observamos que o algodão era o produto mais importante e seu plantio se efetivava no nível de subsistência e comercial. Outros produtos também eram cultivados, mas somente no nível de subsistência. Neste quadro se inserem o milho, a cana de açúcar, a mamona, a mandioca, o arroz e o feijão. A criação de gados vacum, cavalar, ovino e muar se destinava ao consumo interno.

Nos registros, consta somente um produto industrializado que está associado à atividade de plantio: o pano de algodão, cuja produção nitidamente se orientava para o mercado interno e externo à região. Na verdade, é o único produto registrado na pauta de exportação.

Por outro lado, os produtos importados se resumiam àqueles que não eram produzidos na província: ferragens, fazendas secas e molhados.

(15)

Comarca de Jaguari

A Comarca de Jaguari estava localizada no extremo Sul de Minas, fazendo fronteira com as províncias do Rio de Janeiro e São Paulo. Era composta dos municípios de Jaguari (atual Camanducaia), Pouso Alegre e Itajubá.

A Comarca de Jaguari se faz representar neste trabalho apenas pelo município de Pouso Alegre. Os mapas de população informam que aí se cultivava a cana de açúcar e o café no nível de subsistência. Visando a transformação em produtos industrializados o fumo era considerado o produto mais importante, seguido do milho. Assim, na produção de mercadorias de maior valor agregado, Pouso Alegre processava comercialmente o fumo produzindo tabaco. Os registros fazem constar também o pano de algodão como produto orientado principalmente para o mercado, muito embora não haja registro de plantio nem de importação de algodão. Neste caso, além de subregistro, há que se considerar também a possibilidade do plantio de algodão na região ser uma atividade desenvolvida em várias pequenas propriedades (uma vez que o algodão não se adapta bem às regiões de clima frio) e/ou pelos escravos em seus dias livres e, portanto, desconsiderada pelo arrolador. A produção comercial de grãos “In natura” em Pouso Alegre, especificamente o arroz e o feijão, também parece ter sido uma atividade econômica de grande importância.

Tudo indica que a pecuária era uma atividade econômica significativa, segundo um objetivo de comercialização local (municipal). Os registros apontam a criação de gado vacum, suíno, cavalar e muar no nível de subsistência. No nível comercial, de mercado mesmo, os dois primeiros tipos de gado tinham alguma relevância. Ao observarmos a pauta de importação de Pouso Alegre, qual seja, apenas molhados e açúcar, somos levados a pensar numa tendência de auto suficiência produtiva , ou no vigor de um intercâmbio comercial intermunicipal aliado a exportações interprovinciais. Estes pensamentos são reiterados quando passamos a observar a pauta de exportação municipal: gado vacum, gado suíno e fumo.

(16)

Comarca de Ouro Preto

A Comarca de Ouro Preto ficava situada na região central de Minas Gerais. Sediava a capital da Província, Ouro Preto, e englobava os municípios de Bonfim e Queluz (atual Conselheiro Lafaiete).

Para a Comarca de Ouro Preto, temos informações sobre a produção econômica para seus três municípios. Bonfim se colocava, nesta data, como um centro de produtos industrializados, enquanto os demais municípios se responsabilizavam pela produção de matérias-primas. Ou seja, Queluz e Ouro Preto sediavam o plantio de algodão enquanto Bonfim produzia o pano de algodão. Note-se que, em todas as produções acima, tanto o plantio quanto indústria, se efetivavam nos níveis comercial e de subsistência. Situação parecida é relatada para a mamona e a cana de açúcar: Ouro Preto se responsabilizava pelo plantio da mamona em condições de subsistência enquanto Bonfim industrializava o azeite para consumo interno e externo à região.

Em Queluz se situava a plantação e a produção de derivados da cana e do fumo: açúcar aguardente, rapadura e tabaco. Diga-se de passagem que toda produção associada à estas culturas visava clara e principalmente ao comércio interno e externo aos municípios. O milho e o fubá ficavam restritos à Ouro Preto e Queluz.

A capital da Província cultivava a mandioca enquanto Queluz a transformava em farinha de mandioca e polvilho. O arroz e feijão também tinham uma participação importante na economia desta região, tanto no nível de subsistência quanto comercial. Os dados nos revelam ainda que o plantio do café se efetivava em escala doméstica nos municípios de Bonfim e Ouro Preto

Quanto à produção pecuária localizamos registros de criação do gado vacum, cavalar no nível de subsistência. Somente Bonfim se estabelece como criador em escala comercial. Criações de muares e suínos foram registradas em todos os municípios. Já a produção de toucinho, importante mercadoria de exportação, foi mencionada apenas para os municípios de Queluz e Ouro Preto. A produção de panos de lã em Bonfim e Ouro Preto deixa entrever a importância local da criação de ovinos nesta área, inclusive em Queluz, onde, segundo nossos dados, não se registra a criação de ovelhas.

Importando mercadorias tradicionais, a Comarca de Ouro Preto revela ainda suas necessidades de açúcar, aguardente e café. Por outro lado, comercializa o feijão, o arroz,

(17)

o milho, fumo e algodão, toucinho, aguardente, açúcar, farinha de mandioca, fubá, panos de lã e de algodão, azeite e gado vacum

Comarca do Paraná

A Comarca do Paraná compreendia o território que hoje é conhecido como Triângulo mineiro. Englobava os municípios de Uberaba, Prata e Desemboque. Esse último foi rebaixado da sua condição de vila e atualmente é distrito do município de Sacramento.

A produção agrícola, assim como os produtos industrializados dela derivados registrados para essa Comarca, objetivava o atendimento da demanda interna e externa à região. O cultivo da cana de açúcar é registrado em toda a Comarca, sendo que somente em Uberaba o plantio tem destino comercial. O registro de condição de subsistência desta atividade certamente não pode ser pensado como um plantio em pequena escala, na medida que os derivados açúcar, rapadura e aguardente são produzidos em toda região com Uberaba liderando o comercio destes produtos.

O algodão também se mostrou um produto de valor comercial importante para a região. Cultivado no nível de subsistência em todos os municípios arrolados, é no Prata que sua importância comercial se revela. Industrializado, o fabrico de pano de algodão estava disseminado pela Comarca e seu comércio se destinava-se ao mercado municipal interno e externo. O plantio do fumo, mandioca, milho, assim como do feijão e arroz se registrou trivial nesta área mineira em 1861 e devia ser efetivado em larga escala, na medida em que se constituíam produtos de exportação. Já a mamona e o café ali cultivados deviam bastar às necessidades internas.

A produção pecuária, principalmente em relação ao gado vacum, mostra-se de grande importância comercial, tanto como gado em pé como fornecedor de matéria prima para a produção do famoso queijo canastra fabricado no Desemboque e no Prata, produto este de grande importância comercial já naquela época. Assim como o vacum, os gados cavalar e caprino também ocupavam posição de destaque como mercadoria de mercado, no nível de subsistência e comercial, nos municípios arrolados.

A criação de ovelhas realizada nesta Comarca é representativa se considerarmos sua orientação comercial. Destaque-se a industrialização, ainda que em pequena escala,

(18)

do pano de lã em Desemboque. Por outro lado, a produção de toucinho como mercadoria não só para necessidades internas, mas também de exportação revela a criação de suínos na Comarca do Paraná, Na verdade, o gado suíno em pé tinha papel de relevo na sua pauta de exportação.

Assim como toda a Província, a população da Comarca do Paraná demandava das importações de fazenda seca, molhados, sal e ferragens. Os dados revelam ainda a necessidade de louça no município do Prata. Por outro lado, os produtos In natura – arroz, feijão, algodão, fumo -, industrializados – queijos, aguardente, açúcar, farinha de mandioca, panos de algodão, toucinho – e gado em pé – vacum, cavalar, suíno – compunham a pauta de exportação desta região em 1861.

Comarca De Paranaiba

A Comarca do Paranaiba estava situada na região Centro-Oeste de Minas, perto do Triângulo mineiro. Seu limite a Oeste era o Rio Paranaiba e à Leste a Serra da Canastra. Englobava os municípios de Araxá, Patrocínio, Bagagem (atual Estrela do Sul) e Rio Paranaiba.

Tomamos como amostra representativa da Comarca de Paranaíba os dados referentes aos municípios de Bagagem e Patrocínio. A plantação de cana de açúcar registrada na Comarca devia ser de grande porte em 1861, na medida que a industrialização de seus derivados – açucar e aguardente - acontecia na região, inclusive com fins comerciais. O fumo era cultivado nos dois municípios relacionados mas, em escala comercial, apenas em Bagagem.

Em termos de produção econômica, os dados registram ainda o cultivo, no nível de subsistência, dos seguintes produtos passíveis de industrialização: algodão, mandioca e milho. O feijão, o arroz e o café eram consumidos localmente.

A indústria ligada à produção agrícola se apresentava bastante diversificada e se destinava tanto ao consumo interno quanto à demanda externa. Os produtos destacados eram o pano de algodão, açúcar, aguardente, rapadura, tabaco, farinha de mandioca, fubá e farinha de milho.

A produção pecuária, parece ter sido bastante importante na região e destinava-se basicamente ao comércio e subsistência. O toucinho também destinava-se apredestinava-sentava como

(19)

um produto industrializado de grande importância na esfera mercantil. O gado era diversificado e foi registrada a presença das espécies vacum, suíno, cavalar, ovino e caprino. Os dados denunciam a ausência de industrias ligadas à atividade pecuária.

Quanto à importação, a Comarca pode ser classificada como tradicional. Por outro lado, em sua pauta de exportação o gado em pé era o item mais importante.

Comarca de Piracicaba

A Comarca de Piracicaba ficava localizada na região Centro-Leste da Província. Situava-se entre as Comarcas de Ouro Preto, Serro, Rio das Velhas e Rio Pomba e a Província do Espírito Santo. Englobava os termos de Mariana, Santa Bárbara, Itabira e Ponte Nova.

A Comarca de Piracicaba se fará representar pelos municípios de Itabira, Mariana e Ponte Nova. Itabira concentrava sua atividade na produção de alimentos (feijão, arroz e milho) enquanto produção de mercadorias comercializáveis. Estes grãos certamente garantiam a demanda interna, acompanhados pelo café, algodão, fumo e mamona. Entretanto, o plantio da cana de açúcar, do algodão e da mandioca destinava-se, certamente, além do consumo interno, à produção de derivados como açúcar, aguardente, rapadura e farinha de mandioca. Também o pano de algodão era fabricado, mas apenas para as necessidades internas.

Já Ponte Nova se dedicava ao plantio da cana de açúcar, fumo, milho e café em escala comercial assim como para subsistência. O plantio da mamona, da mandioca e do algodão, assim como o feijão e o arroz, se destinavam à subsistência. Quanto à transformação de produtos ligados à agricultura, Ponte Nova se dedicava ao fabrico de panos de algodão.

Segundo os registros, Mariana se dedicava à produção comercial, sem se descuidar da subsistência, cultivando grãos como o feijão, arroz e milho. Na sua produção agrícola também se destacavam o plantio da cana de açúcar e do fumo com fins domésticos, comercial e industrial, produzindo o açúcar e o tabaco.

No setor pecuário, os gados vacum e suíno se mostram os mais importantes em Ponte Nova e Itabira do ponto de vista da produção de derivados. Eles forneciam a matéria prima para o fabrico do queijo e do toucinho para subsistência e para o

(20)

comércio. Os gados cavalar e muar são, também, encontrados na região. É interessante notar que somente Itabira registra a criação de ovinos em escala comercial, mas o registro de produção de lã pertence ao município de Ponte Nova. A produção pecuária de Mariana se destinava especificamente às necessidades locais. Desta produção, não se registram produtos derivados.

Tradicionalmente mineira, na Comarca importava-se, além de fazenda seca, molhados, sal e ferragens, artigos de louça. Na pauta de exportação regional constavam produtos primários – feijão, arroz, fumo, milho, gados vacum e cavalar – e derivados como queijos, aguardente, açúcar, toucinho e farinha de mandioca

Comarca de Rio Das Velhas

A Comarca do Rio das Velhas ficava situada no Leste de Minas e era composta pelos municípios de Sabará, Caeté, Santa Luzia e Curvelo. Ficava localizada, grosso modo, entre o rio das Velhas e o rio Doce.

A presente Comarca se faz representar pelos municípios de Caeté, Santa Luzia e Sabará. Quanto à produção agrícola com vistas à industrialização, os municípios de Caeté e Santa Luzia produziam o algodão, cana de açúcar, a mamona, a mandioca e o milho no nível de subsistência e comercial. O plantio do fumo em escala comercial foi registrado somente para o município de Santa Luzia. Já o plantio de grãos – milho, feijão, arroz, café - parece ser difundido por toda a Comarca, objetivando fins comerciais e de subsistência. Nossos dados situam em Sabará a predominância do plantio do algodão, da cana de açúcar, mamona, mandioca.

A indústria agrícola em Caeté, que atende tanto às necessidades domésticas quanto às de comércio, era responsável pela produção de açúcar e aguardente, azeite de mamona, farinha de mandioca, farinha de milho e fubá. Panos de algodão eram confeccionados com vistas somente às necessidades locais.

A manufatura de produtos associados à produção na agricultura também está presente em Sabará e Santa Luzia para onde encontramos registro do fabrico do pano de algodão, açúcar, aguardente, azeite, farinha de mandioca tanto para a subsistência quanto para o comércio. .Da mesma forma que a rapadura tinha sua produção exclusiva em Sabará, a produção do tabaco e do fubá era sediada por Santa Luzia.

(21)

A produção pecuária se efetivava nos municípios de Caeté e Santa Luzia e Sabará somente com vistas ao consumo interno. Assim sendo, o gado vacum, cavalar, suíno e, em escala ainda menor a criação de ovinos e caprinos em Caeté, eram registrados nesta região no ano de 1861. Não consta registro de qualquer tipo de indústria ligada à essa produção nesta Comarca.

Além da “pauta normal” de importação, Caeté necessitava ainda comprar fora de seus limites geográficos o açúcar e a louça; Sabará e Santa Luzia apenas a louça. Por outro lado, a produção de arroz, milho, aguardente e o algodão de Caeté alcançavam outras regiões da Província. Curiosamente, os registros nos informam que o açúcar era um produto municipal tanto importado como exportado, fato este que nos leva a pensar que, talvez, esta região se constituísse em um entreposto comercial regional/provincial deste produto.

Também Sabará exportava algodão e grãos – feijão, arroz e milho. Produtos com maior valor agregado como o açúcar, aguardente, azeite e farinha de mandioca também faziam parte da pauta de exportações deste município. Na pauta de exportação de Santa Luzia constava para o ano de 1861 os seguintes produtos: feijão, arroz, milho, aguardente, açúcar, panos de algodão assim como uma pequena quantidade de algodão em rama, azeite de mamona, farinha de mandioca e fubá.

Comarca de Santo Antônio do Monte

Durante esse período a Vila de Santo Antônio do Monte passou por tempos difíceis no que se refere a sua autonomia municipal. Destituída de seu status de vila pela Assembéia procurava manter sua independência proclamando-se em Comarca. Obedecendo às suas reivindicações decidimos adotá-la como tal. Estava situada na região Centro-Oeste da Província.

Segundo os registros do mapa de população de 1861, o município de Santo Antônio do Monte nos pareceu especializado na produção de derivados associados à atividade agropecuária. Localiza-se ali o plantio em escala de subsistência e comercial, do algodão, do café e da cana de açúcar. Panos de algodão, açúcar, aguardente e rapadura sustentam tanto o mercado interno quanto externo à região.

(22)

O milho, mandioca, arroz e feijão também são produtos registrados como produção de subsistência do município.

No setor pecuário, encontramos uma criação diversificada de gados – vacum, cavalar, suíno, caprino, ovino e muar. A indústria de queijos e toucinho se orientava para o suprimento das necessidades internas e externas do mercado local.

Infelizmente, Santo Antônio do Monte não fornece dados relativos à importação e exportação.

Comarca do Serro

A Comarca do Serro ficava situada na região Centro- Norte de Minas e compreendia os municípios de Diamantina, Serro e Conceição.

Milho e mandioca eram culturas registradas em toda a Comarca e seu plantio se efetivava em escalas de subsistência e comercial. Conceição e Diamantina processavam a mandioca produzindo farinha bastante para o consumo local e algum comércio. Algumas culturas e produções industriais individualizavam os municípios: mamona em Diamantina, fumo e fubá no Serro e cana de açúcar em Conceição. Assim sendo, Conceição se especializava na produção de derivados da cana: o açúcar, a aguardente e a rapadura. O azeite de mamona era industrializado em Diamantina e no Serro. Registre-se que Serro não era produtor de mamona. O feijão e o arroz tinham suas culturas difundidas em toda a região e os volumes de produção garantiam as necessidades de subsistência e comerciais da Comarca. O plantio do café, no nível de subsistência, só é registrado em Conceição. Tudo indica que toda a produção citada era comercializada dentro da própria Comarca.

A produção pecuária nos pareceu basicamente dirigida às necessidades locais, Verifica-se a importância da criação dos gados vacum e suíno em Conceição e Serro respectivamente, cujas criações em grande escala destinavam-se certamente à produção de matéria prima para o fabrico em escala comercial e de subsistência do queijo em Conceição e fazia parte também da pauta de importação do município de Serro, acrescida ainda de fazenda seca, ferragens e louça. Conceição também necessitava aguardente, fazenda seca e café. No entanto, toda a Comarca exportava o arroz, feijão e o milho. Caminhando para o comércio de produtos com maior valor agregado, a Comarca exportava ainda o toucinho,

(23)

aguardente, fumo (Serro), queijo (Conceição). O azeite de mamona e a farinha de mandioca constituíam os produtos de exportação de Diamantina enquanto a aguardente era comercializada pelos municípios do Serro e Conceição, sendo que este último exportava ainda gado em pé – vacum e cavalar.

Comarca de Rio Pomba

A Comarca de Rio Pomba era composta pelos municípios de Pomba, Leopoldina e Mar de Espanha. Situava-se na região Sudeste de Minas tendo como limites ao Sul o rio Paraibuna e a Leste o rio Paraíba. Ocupava parte do território que hoje é conhecido como a zona da Mata mineira.

Esta Comarca será aqui representada pelo município de Pomba. Segundo nossos dados, a atividade econômica ali desenvolvida em 1861 se voltava claramente para a produção de derivados da cana de açúcar e da pecuária suína, produtos estes, exceto a rapadura, orientados para a exportação.

Infelizmente, os dados referentes ao município parecem ter sido arrolados com muita displicência por parte da autoridade local. Na agricultura foi registrado apenas o plantio da cana, enquanto na pecuária salientou-se a criação dos gados vacum e suíno. Consequentemente, a indústria local se resumia à produção de açucar, aguardente, rapadura e toucinho. Esses produtos atendiam ao mercado local e seus excedentes, com a exceção da rapadura eram exportados.

Curiosamente, Rio Pomba nada importava nesta data, o que nos leva a pensar em uma economia auto-sustentável ou, como já foi mencionado, em subregistro.

O Café como produto de exportação.

Os mapas de 1861 infelizmente não fornecem informações quanto a produção de uma das regiões da província que se encontrava em rápida expansão na segunda metade do século XIX. Trata-se de uma pequena faixa da zona da Mata mineira, fronteiriça com a província do Rio de Janeiro, que estava se especializando na produção do café.

Como ainda permanece, na historiografia mineira, a falsa concepção de que a economia mineira conheceu, após a decadência do ouro, um período de estagnação, só se recuperando com a produção do café voltado para exportação, decidimos fazer

(24)

menção à indústria cafeeira, utilizando um outro banco de dados referente aos anos de 1862/63.

É certo que a expansão do cultivo e da exportação desse fruto foi rápida (com as oscilações que lhe são peculiares), especialmente a partir dos anos 60, quando ocorreu uma melhoria substancial do sistema de transportes da zona cafeeira (a abertura da União e Indústria em 1861 e a chegada dos trilhos da D. Pedro II em 1869).

Entretanto, o boom cafeeiro pouco teve a ver com a vida econômica do conjunto da província. Durante todo o Império ele permaneceu praticamente confinado a alguns municípios da zona da Mata.10 Como vimos acima, a cultura do café em outras regiões

da província se destinava ao consumo interno.

Os dados de 1862/63 nos revelam que a produção do café destinada à exportação estava concentrada em 4 freguesias do município de Leopoldina e na freguesia de Abre Campo, pertencente ao município de Ponte Nova. Ou seja, de acordo com a regionalização adotada nesse trabalho, situava-se nas comarcas de Muriaé e Paraibuna.

Ainda assim, através dos mesmos dados de 1862/63, quando examinamos a composição das grandes fazendas(aquelas com mais de 80 escravos) produtoras da rubiácea, verificamos que, além do café, o cultivo de mantimentos (que estava visceralmente ligada à concepção de fazenda produtiva na tradição mineira) era um componente importante de sua atividade produtiva.11

A partir dessa descrição pormenorizada da produção econômica da Província, podemos perceber que algumas regiões, além de produzirem os bens necessários para sua manutenção, apresentaram uma especialização em determinados itens proporcionada, talvez, por sua própria localização geográfica. Na tabela que se segue procuramos mostrar, resumidamente, como esses produtos se distribuíam no território provincial.

Especializações por Comarcas

Podemos encontrar as seguintes especializações nas Comarcas mineiras. Em Baependi e Jaguari, ambas na região Sul, o fumo era predominante. Em Paraná e

10 Martins e Martins, op. cit. 11 Martins, Lima & Silva, op. cit.

(25)

Paranaiba, situadas na região do Triângulo e arredores, o gado em pé era sua principal atividade. Ainda na região do Paraná, o algodão também era outra atividade especializada. No Serro, o gado vacum era utilizado para a produção de queijo. No região centro-oeste, a Comarca de Indaiá era especializada na produção de algodão.

A Título De Conclusão

O grande escritor nascido na cidade mineira de Cordisburgo disse uma vez que

Minas são muitas. Essa interpretação é totalmente verdadeira e pode ser transportada

para a produção econômica da Província. Suas várias regiões apresentaram especializações distintas: cultivo do fumo no Sul, café na Mata, criação de gado no Triângulo e assim vai. No entanto, essa interpretação é totalmente falsa quando registramos que a produção de alimentos, a criação de gados, as atividades relacionadas com aquilo que denominamos indústria artesanal doméstica, a comercialização interna das sobras do consumo local, estão presentes em todos os casos estudados. Essa uniformidade nos leva a aceitar a interpretação de outro mineiro ilustre, Silvio Vasconcelos: Minas compõem um todo indivisível.

Então, como definir a província mineira? Faríamos melhor recorrendo à interpretação de um não mineiro, um estrangeiro que percorreu essas paragens. Se existe

alguma região que possa dispensar o resto do mundo, será certamente a Província de Minas, quando seus inúmeros recursos forem explorados por uma população mais densa.12

12 Saint-Hilaire, Auguste de. Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo Horizonte,

(26)

ANEXOS: Quantidade de Freguesias que Exportavam Produtos por Municípios/1861

Município feijão arroz milho toucinho aguardente gado

vacum

açúcar gado cavalar

queijo fumo pano de

algodão

gado algodão azeite farinha fubá

Aiuruoca 2 1 2 2 1 2 2 Cristina 1 1 1 1 1 1 Pouso Alegre 2 2 2 Bonfim 4 4 4 3 1 1 1 2 2 1 1 Ouro Preto 2 1 2 1 1 1 1 Queluz 3 3 3 3 2 1 1 1 1 Desemboque 2 1 1 1 Prata 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Uberaba 1 2 1 1 1 Bagagem 1 1 1 2 1 1 1 1 2 1 Patrocínio 2 2 1 Itabira 1 1 1 2 1 1 1 1 1 Mariana 1 1 1 1 1 1 Ponte Nova 1 1 1 1 1 1 1 Oliveira 2 3 2 4 2 4 2 4 2 1 3 2 3

São João del Rei 7 6 5 6 6 8 6 6 8 1 3 1 1 1 3 2

São José del Rei 2 3 3 3 3 5 2 4 1 2 1

Caeté 2 2 2 1 1 2 1 1 1 Sabará 1 1 1 3 3 3 1 1 Santa Luzia 2 4 2 3 4 3 1 3 3 2 Pomba 1 1 1 Conceição 1 1 1 1 1 1 1 Diamantina 1 1 1 1 1 Serro 1 1 1 2 1 1 1

(27)

Quantidade de Freguesias que Importavam Produtos por Municípios/1861

Município fazenda sal molhados ferragens açúcar louça aguardente café

Aiuruoca 2 1 2 1 2 1 2 Cristina 1 1 1 1 1 1 1 1 Pitangui 1 1 1 Pouso Alegre 1 1 Bonfim 5 2 4 2 3 3 3 Ouro Preto 4 3 4 2 1 1 Queluz 3 2 5 2 2 2 3 2 Desemboque 2 2 1 2 Prata 1 1 1 1 1 Uberaba 1 1 2 Bagagem 2 2 1 Patrocínio 2 2 1 2 Itabira 2 2 2 1 1 Mariana 1 1 1 1 1 Ponte Nova 2 1 2 1 Oliveira 3 4 4 4 1 3 1

São João del Rei 6 7 7 3 3 2 2 2

São José del Rei 3 3 2 3

Caeté 2 3 1 1 1 1 Sabará 1 2 1 2 1 Santa Luzia 2 3 2 1 1 Conceição 1 1 1 1 1 1 Diamantina 1 1 1 1 Serro 1 1 1 1 1

(28)

Quantidade de Freguesias que exerciciam atividade de Pecuária por Municípios/1861

Gado Cavalar Suínos Ovinos Muar Caprinos

Município

subsi comer subsist comerc subsist comerc subsist comer subsist comer subsist comerc

Aiuruoca 2 2 2 1 1 1 1 1 1 Cristina 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Pitangui 1 1 1 1 Pouso Alegre 2 2 1 2 2 1 Bonfim 4 1 3 1 4 2 3 1 1 Ouro preto 5 4 1 1 2 1 Queluz 5 4 3 2 4 1 1 Desemboque 2 1 2 1 2 2 Prata 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Uberaba 2 2 2 1 2 2 1 1 1 Bagagem 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 Patrocínio 2 2 2 2 2 1 1 1 2 1 Itabira 2 1 2 1 1 1 2 1 2 1 1 Mariana 1 1 1 1 Ponte Nova 2 1 2 1 Oliveira 4 4 4 4 4 3 4 2 2 1 1 1

São João del Rei 12 8 11 6 9 1 6 2 3 3

São José del Rei 6 5 6 4 4 1 4

Caeté 3 2 2 1 1 Sabará 5 3 1 1 Santa Luzia 4 4 2 1 1 1 Pomba 1 1 Conceição 1 1 1 1 1 1 Diamantina 1 1 1 Serro 1 2 2

(29)

Quantidade de Freguesias que industrializavam produtos a partir da atividade de Pecuária por Municípios/1861

Queijos Solas Toucinho Lã

Município

subsist comerc subsist comerc subsis comer subsis comer

Aiuruoca 2 2 1 1 Cristina Pitangui Pouso Alegre Bonfim 1 1 Ouro Preto 1 1 Queluz 2 2 1 1 Desemboque 1 Prata 1 1 Uberaba 1 1 Bagagem Patrocínio Itabira 1 1 Mariana Ponte Nova 1 1 Oliveira 2 1

São João del Rei 9 7 6 5 1 1

São José del Rei 1 1 1 1 2 1

Caeté Sabará Santa Luzia Pomba 1 1 Conceição 1 1 Diamantina Serro 2 2

(30)

Quantidade de Freguesias que exerciciam atividade de Agricultura por Municípios/1861

Feijão Arroz Café Algodão Cana de açúcar Fumo Mamona Mandioca Milho

Município

subsist comer subsist comer subsis comer subsis comer subsist comer subsist comer subsist comer subsist comer subsist comer

Aiuruoca 2 2 1 2 2 2 1 Cristina 1 1 1 1 1 1 1 1 Pitangui 1 1 1 1 1 1 1 1 Pouso Alegre 2 1 1 2 2 2 2 1 Bonfim 6 3 5 3 1 5 3 3 1 1 5 1 1 6 3 Ouro Preto 6 1 5 1 1 2 1 2 4 6 2 Queluz 6 3 6 3 5 2 1 1 3 1 6 3 Desemboque 2 2 1 1 1 1 1 2 2 Prata 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Uberaba 2 1 2 1 2 2 2 1 2 1 2 1 Bagagem 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Patrocínio 2 2 2 2 1 2 Itabira 2 1 2 1 2 1 1 2 1 1 1 2 1 2 1 Mariana 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Ponte Nova 2 1 2 1 1 2 1 2 1 1 1 2 1 Oliveira 5 2 5 3 3 4 1 4 2 3 2 2 2 4 1 4 2

São João del Rei 12 7 12 7 1 3 8 1 3 2 1 7 1 12 5

São José del Rei 6 2 6 3 2 3 3 2 4 2 2 6 3

Caeté 3 2 3 2 1 2 2 2 2 1 1 3 2 3 2 Sabará 4 1 4 1 4 3 3 3 4 2 1 1 3 1 5 1 Santa Luzia 4 3 4 4 4 3 4 3 2 2 3 3 3 3 4 2 Pomba 1 1 1 Conceição 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Diamantina 1 1 1 1 1 1 1 1 Serro 2 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1

(31)

Quantidade de Freguesias que industrializavam produtos a partir da atividade de Agricultura por Municípios/1861

Panos Açúcar Aguardente Tabaco Azeite Farinha Fubá Rapadura

Município

subsist comerc subsist comerc subsist comerc subsist comerc subsist comerc subsist comerc subsis comer subsist comerc

Cristina 1 1 Pitangui 1 1 Pouso Alegre 1 1 1 Bonfim 5 1 1 2 1 Ouro Preto 1 1 1 1 Queluz 2 1 3 2 1 1 1 1 1 2 1 Desemboque 1 1 1 1 Prata 1 1 1 1 1 1 Uberaba 1 1 1 1 1 1 Bagagem 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Patrocínio 1 2 2 2 Itabira 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Mariana 1 1 1 1 Ponte nova 1 Oliveira 2 1 1 1 1 1 2 1 2 1

São João del Rei 3 2 8 7 8 7 1 1 1 4 3 2 2

São José del Rei 4 1 3 3 1 1

Caeté 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Sabará 1 1 3 3 3 3 1 1 1 1 2 2 Santa Luzia 3 3 4 4 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 Pomba 1 1 1 1 1 1 Conceição 1 1 1 1 1 1 1 Diamantina 1 1 1 1 Serro 2 1 1 1 Santo Antônio do Monte 1 1 1 1 1 1 1 1

Referências

Documentos relacionados

Federal Universidade Federal da Bahia - UFBA * Reserva de vagas e Vaga suplementar 43% (quarenta e três por cento) das vagas de cada curso serão preenchidas na

Rhizopus-associated soft ti ssue infecti on in an immunocompetent air-conditi oning technician aft er a road traffi c accident: a case report and review of the literature.

Todavia, há poucos trabalhos sobre interferência de herbicidas no crescimento da cultura; portanto, visando avaliar os efeitos de amicarbazone e diuron + paraquat, estes foram

Porém, como bem aponta o autor, há vários obstáculos nesse caminho: resis- tências narcísicas inconscientes (tanto do médico quanto do psicanalista, desejando assumir isoladamente

Sempre tive alguma tendência para diversificar atividades, e portanto, para fugir a umas quartas-feiras que havia no liceu, em que se tinha que vestir uma farda da

※N3: é indicado para pessoas com o nível de conhecimento da língua japonesa equivalente ao “Nível 3 (L3)” , que gostariam de estudar para o Exame de Proficiência em

Neste trabalho é realizado um estudo das condições de dispersão de poluentes na atmosfera para a região da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA)

Segundo Zannete (2009), pode-se estimar a produção de biogás de uma estação de tratamento de esgoto através de duas configurações: a primeira seria o sistema