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O professor do ensino primário e o desenvolvimento dos recursos humanos em Angola : uma visão prospectiva

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(1)

Universidade Aberta

O Professor do Ensino Primário e o

Desenvolvimento dos Recursos Humanos em

Angola (uma visão prospectiva)

Tese de Doutoramento

no ramo de Ciências da Educação

Especialidade: Educação Multicultural e Intercultural

Orientador:

Professor Doutor Hermano Duarte de Almeida e Carmo

Mestre Filipe Silvino de Pina Zau

N.º 31876

Lisboa

2005

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Universidade Aberta

O Professor do Ensino Primário e o

Desenvolvimento dos Recursos Humanos em

Angola (uma visão prospectiva)

Tese de Doutoramento

no ramo de Ciências da Educação

Especialidade: Educação Multicultural e Intercultural

Orientador:

Professor Doutor Hermano Duarte de Almeida e Carmo

Mestre Filipe Silvino de Pina Zau

N.º 31876

1ª PARTE

Lisboa

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FONTE: Embaixada de Angola em Portugal1 “ (…) Amanhã sim é outro dia Diferente do de hoje e só igual ao dia de amanhã”2 1

TEMPOS NOVOS EM ANGOLA (s/d) Fauna, Flora, Artesanato, colecção de postais, Embaixada da República de Angola em Portugal; Lisboa

2

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Aos meus netos:

(5)

Dentro do sistema educativo, o subsistema de formação de professores é vital para o desenvolvimento da República de Angola. Por este motivo o elegemos para objecto de estudo desta investigação. Com ele se procura proporcionar um modesto contributo, para que os órgãos decisores disponham de informação tão alargada e aprofundada, quanto nos foi possível apresentar em contexto académico. O seu objectivo fundamental é contribuir para a reflexão sobre o paradigma de desenvolvimento endógeno e sustentado de Angola, face à globalização.

No tempo colonial, a lógica eurocêntrica e assimilacionista, de tornar Angola num segundo Brasil redundou em fracasso. Em 1960, menos de 1% dos negros era assimilado e, em 1975, quando da independência, mais de 85% dos angolanos eram analfabetos. Hoje, considera-se que a situação de multiculturalismo e plurilinguismo existentes entre a população africana, requer, por parte dos governos, a implementação de políticas educativas direccionadas para um modelo conducente a uma maior autonomização.

Angola, jovem país, em que mais de 50% da população tem menos de 15 anos de idade, caracteriza-se pela diversidade cultural e linguística. Esteve sujeita a mais de 40 anos de conflitos armados. Estes factos dificultaram muito significativamente o seu desenvolvimento, dado que afectaram a implementação e a utilização dos meios humanos e materiais indispensáveis à satisfação das necessidades básicas, nomeadamente na saúde e na educação.

Neste contexto problemático caberá aos formadores, particularmente aos professores dos primeiros anos de escolaridade, ajudar os angolanos (jovens e adultos), oriundos de qualquer etnia, mestiçagem biológica ou cultural, sexo, religião, condição física psíquica ou social a tornar-se sujeitos da sua própria história, como determinam a Constituição e o regime democrático instituído. Só com base nestes princípios e através da optimização das inteligências emocional e cognitiva de cada um dos seus cidadãos, Angola poderá autonomizar-se, tirando partido dos recursos disponíveis, para fazer face às necessidades de bem-estar material, de paz e de desenvolvimento.

(6)

Dentro del sistema educativo, el subsistema de formación de profesores es vital para el desarrollo de la República de Angola. Por este motivo lo elegimos como objeto de estudio de esta investigación. Con ello se pretende realizar una modesta contribución para que los órganos decisorios dispongan de la información más extensa y profunda, que nos ha sido posible presentar en un contexto académico. Su objetivo fundamental es contribuir a la reflexión sobre el paradigma del desarrollo endógeno y sostenido de Angola, de cara a la globalización. En el periodo colonial la lógica eurocéntrica y asimilacionista de convertir a Angola en un segundo Brasil resultó un fracaso. En 1960 menos del 1% de los negros era asimilado y en 1975, en el momento de la independencia, más del 85 % de los angoleños era analfabeto. Hoy se considera que la situación de multiculturalismo y plurilingüismo existentes entre la población africana requiere por parte de los gobiernos la ejecución de políticas educativas dirigidas hacia un modelo conducente a una mayor autonomización.

Angola, joven país en el que más del 50% de la población tiene menos de 15 años de edad, se caracteriza por la diversidad cultural y lingüística. Estuvo sujeta a más de 40 años de conflictos armados. Estos hechos dificultaron muy significativamente su desarrollo, dado que afectaron la implementación y la utilización de los recursos humanos y materiales indispensables para la satisfacción de las necesidades básicas, principalmente en las áreas de salud y educación.

En este contexto problemático cabrá a los formadores, particularmente a los profesores de los primeros años de escolaridad, ayudar a los angoleños (jóvenes y adultos) oriundos de cualquier etnia, mestizaje biológico o cultural, sexo, religión, condición física, psíquica o social, a convertirse en sujetos de su propia historia, tal como determinan la Constitución y el régimen democrático instituido. Sólo con base en estos principios y a través de la optimización de las inteligencias emocional y cognitiva de cada uno de sus ciudadanos, Angola podrá autonomizarse sacando partido de los recursos disponibles para afrontar las necesidades de bienestar material, de paz y de desarrollo.

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L’Èducation Nationale comporte un secteur vital pour le développement de l’Etat angolais: celui de la formation des enseignants. C’est pourquoi nous avons accordé toute notre attention à ce secteur fundamental, afin d’y apporter notre modeste contribution. C’est surtout un sujet de reflexion sur un modèle de développement lié essentiellement aux spécificités angolaises à l’ére de la globalisation.

Pendant la colonisationn, la logique eurocêntrique et assimilationiste visant à faire de l’Angola un deuxième Brésil a totalement échoué. En effet, en 1960 moins de 1% de la population noire était assimilée et plus tard, en 1975, au moment de l’indépendance, environs 85% des angolais étaient analphabètes. A l’heure actuelle nous estimons que la situation multiculturelle et l’existence de plusieurs langues devrait conduire le gouvenement à entreprendre une politique éducative vers un modèle plus rationelle de développement du pays.

L’Angola d’aujourd’hui, où plus de la moitié de la population a moins de 15 ans , est caractérisée par la diversité culturelle et linguistique. De plus, elle a été soumise à des conflits armées ces 40 dernières années. Ces faits ont contribué à freiner de façon significative son développement, puisque ses ressources humaines et matériellels, notament dans le domaine de la santé et de l’éducation, étaient engloutis dans ces conflits.

C’est dans ce contexte problématique que les formateurs, et spécialement les instituteurs, auront la tâche d’ aider tous les angolais - indépendament des origines éthniques, du métissage biologique ou culturel, du sexe et de leur réligion, des conditions physiques, psychique ou social - à devenir les bâtisseurs de leur propre avenir, comme le veulent la Constitution et le regime démocratique. C’est uniquement atravers ces príncipes et, surtout, en utilisant au mieux les intelligences et les sensibilités de tous les citoyens - sans oublier ses immenses ressources économiques - que L’Angola pourra devenir autonome et atteindre une ére de bien être matériel, de paix et de développement.

(8)

Concerning the educational system, the teachers' training subsystem is vital for the development of the Republic of Angola. Thus, we have chosen it as the subject of this research. The main aim is to offer a modest contribution for decision makers to have as much enlarged and deep information as possible for us to present in this academic context. Its fundamental goal is to contribute to a further reflection on the paradigm of endogen and sustainable development of the Republic of Angola, to face globalization.

During the colonial ages the euro centric and the assimilation logic, in the attempt of turning Angola into a second Brazil, doomed to failure. In 1960 less than 1% of Negoes were assimilated and, in 1975, at the Independence time, more than 85% were analphabet. Today, it must be considered that the multicultural and multilingual status among African people, requires, from governments, the implementation of educational policies towards an enlarged autonomy.

Angola, a young country, where more than 50% of its population is not yet 15 years old, is characterized by its cultural and linguistic diversity. As a result of living under a war for more than 40 years, the implementation and use of the human and material resources, absolutely essential for the basic needs, such as health and education, were deeply affected. In this problematic context, trainees and mainly teachers of the first school leveis, are called to help the Angolans, (young and adult), of any ethnic group, any biological or cultural mixed race, sex, religion, social, physical and psychological condition, so that they may become subjects of their own history, as determined by the Constitution and the way of living in a democratic regime.

Only based on these principies and through the optimization of the emotional and cognitive intelligence of its citizens, Angola will become autonomous, through the use of its available resources to reach a state of physical comfort, peace and development.

(9)

Abreviaturas Utilizadas

ACM Acção Cristã da Mocidade

ACOA American Committee On Africa

ACP Grupo de Países da África, Caraíbas e Pacífico

ADP Ajuda Pública ao Desenvolvimento da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico

ADPIC Acordo sobre os Aspectos do Direito de Propriedade Intelectual Próprios ao Comércio

ADPP Associação para o Desenvolvimento de Povo para Povo AGSILPES Sectores da Agricultura, Silvicultura, Pecuária e Pesca AIDS Acquired Immune Deficiency Syndrome

ALIAZO Aliança dos Emigrantes do Zombo AMODPE Amortização da Dívida Pública Externa ANGOP Agência Angolana Press

ANTT Arquivo Nacional da Torre do Tombo

AREC Aliança dos Originários (Ressortissants) do Enclave de Cabinda ASS África sub-sahariana

BM Banco Mundial

BNU Banco Nacional Ultramarino BTC Balança de Transacções Correntes CASU Centro de Acção Social Universitário CCN Companhia Colonial de Navegação CEA Centro de Estudos Africanos CEC Coordenações Escolares Comunais CEI Casa dos Estudantes do Império

CENE Comissão Executiva Nacional de Encaminhamento CFA Cursos de Formação Acelerada de Professores CFBD Cursos de Formação Básica Docente

CIA Central Intelligenge Agency CMA Clube Marítimo Africano CNC Conselho Nacional de Cultura CNN Companhia Nacional de Navegação

CNUCD Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento

COMÉRCI Sector do Comércio e Serviços

CONCP Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas

CONTRU Sector da Construção

CPLP Comunidade dos Países de Língua Portuguesa CPS Centro Provincial de Superação

CUF Companhia União Fabril

CVAAR Corpo Voluntário Angolano de Assistência aos Refugiados DEFORÇ Défice Orçamental

DGS Direcção Geral de Segurança (PIDE) DIAMANG Companhia dos Diamantes de Angola DIAMANT Sector diamantífero

DME Delegação Municipal de Educação

(10)

DNEBR Direcção Nacional do Ensino de Base Regular DNEE Departamento Nacional do Ensino Especial DNEMT Direcção Nacional do Ensino Médio Técnico

DNFQE Direcção Nacional de Formação de Quadros de Ensino DPE Delegação Provincial de Educação

EAD Ensino a Distância

ECTS Sistema Europeu de Transferência de Créditos ELA Exército de Libertação de Angola

ENERAGU Serviços de Energia e Água ESL Ensino da Segunda Língua ESPVIDA Esperança de vida à nascença EUA Estados Unidos da América EXTotal Exportações Totais

FAA Forças Armadas Angolanas

FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

FLEC Frente de Libertação do Enclave de Cabinda FMI Fundo Monetário Internacional

FNLA Frente Nacional de Libertação de Angola

FNUAP Fundo das Nações Unidas para as Actividades ligadas à População

FPD Frente para a Democracia

FPLN Frente Patriótica de Libertação Nacional

FRAIN Frente Revolucionária Africana pela Independência Nacional dos Povos sob Domínio Colonial Português

G8 Grupo dos Oito

GATT General Agreement on Tariffs and Trade GIEN Gabinete de Inspecção Escolar Nacional

GII Gabinete de Intercâmbio Internacional do Ministério da Educação

GRAE Governo Revolucionário de Angola no Exílio GURN Governo de Unidade e de Reconciliação Nacional HIV Human Immunodeficiency Vírus

ICPQL Comissão Independente População e Qualidade de Vida IDEB Investimento directo estrangeiro bruto

IDEL Investimento directo estrangeiro líquido IDH Índice de Desenvolvimento Humano IG Despesas públicas de capital

IILP Instituto Internacional da Língua Portuguesa IMN Instituto Médio Normal

IMtotal Importações Médias Anuais

INAC Instituto Nacional de Apoio à Criança INDÚSTRI Sector da Indústria Transformadora INE Instituto Nacional de Estatística INE Instituto Normal de Educação INEF Instituto Normal de Educação Física

INIDE Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação

ISCED Instituto Superior de Ciências da Educação ISI Industrialização por Substituição de Importações

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ITB Investimento total bruto ITL Investimento total líquido

JDDA Junta de Defesa dos Direitos de África JDPE Juros da Dívida Pública Externa

JMPLA Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola Kz Kwanza (moeda de Angola)

L1 Língua primeira L2 Língua segunda

LBSE Lei de Bases do Sistema Educativo LDC Grupo de Países Menos Desenvolvidos LIC Língua da Comunidade Imediata (Nigéria) Lm Língua Materna

LNA Liga Nacional Angolana LP Língua Portuguesa

LTA Liga dos Trabalhadores de Angola (UPA) MAC Movimento Anti-Colonial

MARP Mecanismo Africano de Revisão pelos Pares (African Peer Review Mechanism

MDIA Movimento pela Defesa dos Interesses de Angola MDM Meios de Difusão Massiva

MEA Movimento de Estudantes Angolanos MEC Ministério da Educação e Cultura MED Ministério da Educação

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

MIA Movimento pela Independência de Angola

MINA Movimento pela Independência Nacional de Angola MINARS Ministério da Assistência e da Reinserção Social MININT Ministério do Interior

MIPLA Movimento Interior Popular de Libertação de Angola MPLA Movimento Popular de Libertação de Angola

MPLA-PT Movimento Popular de Libertação de Angola – Partido do Trabalho

MUD Movimento de União Democrática

MUD-Juvenil Movimento de União Democrática Juvenil NAFTA Acordo de Livre Comércio da América do Norte NEPAD Nova Parceria para o Desenvolvimento de África

NGWIZAKO Organização de origem Bakongo que tinha como objectivo a restauração do antigo reino do Kongo

NKz Novo Kwanza (moeda de Angola)

NPE Política Nacional sobre Educação (Nigéria) NTIC’s Novas Tecnologias de Informação e Comunicação

NTOBAKO Organização de origem Bakongo, em ligação com o movimento congolês ABAKO

OCDE Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico OECE Organização Europeia de Cooperação Económica

OGE Orçamento Geral do Estado OIT Organização Mundial do Trabalho

OLP Organização para a Libertação da Palestina OMA Organização da Mulher Angolana

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OMS Organização Mundial da Saúde ONG’s Organizações Não-Governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

OUA Organização de Unidade Africana PAI Partido Africano Independente

PALOP Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa PAM Programa de Alimentação Mundial

PCA Partido Comunista Angolano (fundado por Viriato da Cruz) PCP Partido Comunista Português

PDA Partido Democrático Angolano PEA População Economicamente Activa PETROLE Sector Petrolífero

PIB Produto Interno Bruto

PIBpc Produto Interno Bruto per capita

PIDE Polícia Internacional de Defesa do Estado PLD Partido Liberal Democrático

PLUAA Partido de Luta Unida dos Africanos de Angola PNA Partido Nacional Africano

PNB Produto Nacional Bruto

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUE Programa das Nações Unidas para o Ambiente

PPME Países Pobres Muito Endividados PRS Partido Renovador Social

PSDA Partido Social Democrático Angolano PSP Polícia de Segurança Pública

PUNIV Curso Pré-Universitário

RDPE Ratio do Stock em relação ao PIB e às Exportações RPA República Popular de Angola

RSEDPE Ratio do Serviço da Dívida em Relação ao PIB e às Exportações

SADC Southern African Development Community SEAS Secretaria de Estado dos Assuntos Sociais SEE Sistema de Educação e Ensino

SERDPE Serviço da Dívida Pública Externa SERVNCO Serviço Nacional de Comunicações SG Sociedade Geral

SIDA Sindroma de Imuno-Deficiência Adquirida SOFI State of Food Insecurity

SPREAD CA Spread cambial medido pelo quoociente entre valores médios anuais da taxa de câmbio paralela e da taxa de câmbio oficial STDPE Stock da Dívida Pública Externa

SWAPO South West African People’s Organization TANAADU Taxa de Analfabetismo dos Adultos TESCBC Taxa de escolarização bruta combinada TESCSEC Taxa de escolarização do secundário TESCUNI Taxa de escolarização universitária TESPRI Taxa de escolarização do primário TMAVARI Taxa Média Anual de Variação UAF Unidades de Auto-Formação UAN Universidade Agostinho Neto

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UGEAN União Geral dos Estudantes da África Negra sob Domínio Português

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

UNITA União Nacional para Independência dos Territórios de Angola UNTA União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (MPLA) UPA União dos Povos de Angola

UPNA União Nacional das Populações do Norte de Angola URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

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Introdução 1

1. Objectivo da investigação 1

2. Estratégia metodológica 2

3. Reflexão epistemológica 3

Parte I – O desenvolvimento dos recursos humanos em Angola ………1 Capítulo I – O desenvolvimento dos recursos humanos ………13 1. A questão estratégica do desenvolvimento na actual conjuntura 12

1.1. A evolução do conceito de desenvolvimento 13

1.2. Um mundo de muitas atribulações 14

1.3. A globalização 11

1.4. Efeitos perversos da globalização 11

1.5. O “Terceiro Mundo” face à globalização 11

1.6. O “Terceiro Mundo” face às agências financiadoras 11

1.7. O ciclo do empobrecimento: desertificação rural, crescimento

urbano, emigração 12

1.8. Globalização e prática educativa 13

1.9. Da transparência e arte governativa à ética educativa 12

2. Vertentes do desenvolvimento em África 15

2.1. O aparente desinteresse da comunidade internacional 13

2.2. Estratégias para a cooperação 11

2.2.1. O porquê da eficácia 12

2.2.2. O porquê da eficiência 11

_ A identificação dos recursos disponíveis 12

_ A hierarquização dos recursos 23

2.3. Estratégias para a globalização 22

2.3.1. Manter a estabilidade macroeconómica e acelerar a reforma

estrutural 22

2.3.2. Garantir a segurança económica 11

2.3.3. Reformar o sector financeiro 11

2.3.4. Prosseguir uma boa governação 22

2.3.5. Parceria com a sociedade civil 12

2.4. As grandes linhas da Cimeira do Milénio 66

2.4.1. Erradicar a extrema pobreza e a fome 11

2.4.2. Atingir o ensino básico para todos 11

2.4.3. Promover a igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres 22

2.4.4. Reduzir a mortalidade infantil 11

2.4.5. Melhorar a saúde materna 22

2.4.6. Combater o HIV/SIDA/AIDS, a Malária e outras doenças 22

2.4.7. Garantir a sustentabilidade do ambiente 22

2.4.8. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento 11 2.5. As estratégias específicas de orientação geral para África 12

2.5.1. Repensar e adaptar os conteúdos educativos e os materiais

escolares 11

(15)

2.5.4. Melhorar a saúde materna 22 2.5.5. Combater o HIV/SIDA/AIDS, a Malária e outras doenças 22

2.5.6. Garantir a sustentabilidade do ambiente 22

2.5.7. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento 11

3. O desenvolvimento dos recursos humanos como instrumento de autonomização

3.1. A evolução do conceito de desenvolvimento 13

3.2. Um mundo de muitas atribulações 14

3.3. A globalização

3.4. Efeitos perversos da globalização

3.5. O “Terceiro Mundo” face à globalização

3.6. O “Terceiro Mundo” face às agências financiadoras

3.7. O ciclo do empobrecimento: desertificação rural, crescimento urbano, -emigração

3.8. Globalização e prática educativa

3.9. Da transparência e arte governativa à ética educativa 4. Em síntese

Capítulo II – Contexto angolano e recursos humanos 1. Geografia física

2. Divisão administrativa e órgãos de soberania 3. População

(16)

A - Mapas:

Mapa 1.1 – População vítima de Subnutrição nos países em desenvolvimento

e nas ex-Repúblicas Soviéticas (1999-2001) ... 57

Mapa 1.2 – O ensino a distância no Mundo ... 121

Mapa 2.1 – Divisão Administrativa da República de Angola ... 155

Mapa 2.2 – Mapa Geográfico e Etnográfico de Angola ... 180

Mapa 2.3 – Principais Migrações das Populações Angolanas e Séculos de Ocorrência ... 184

Mapa 2.4 – Localização dos reinos históricos de Angola ... 224

Mapa 2.5 – Divisão Administrativa do Reino do Kongo ... 225

Mapa 2.6 – Divisão Administrativa do Reino do Ndongo ... 249

Mapa 2.7 – Os Estados do Planalto ... 263

B – Quadros: Quadro 1.1 – Características frequentes das guerras civis ... 70

Quadro 1.2 – Modelo integrador de uma subcultura de pobreza... 71

Quadro 1.3 – Objectivos e Metas de Desenvolvimento do Milénio ... 94

Quadro 1.4 – Número de instituições e de países com Ensino a Distância em África ... 122

Quadro 1.5 – Matérias leccionadas pelas instituições africanas de Ensino a Distância ... 123

Quadro 1.6 – Gastos Públicos com a Educação entre 1965 – 1980 ... 124

Quadro 1.7 – Áreas-Chave da Educação para o Desenvolvimento ... 128

Quadro 1.8 – Vertentes de Educação... 140

Quadro 1.9 – Situação da educação e algumas estratégias necessárias ... 146

Quadro 2.1 – Distribuição da População Angolana por Províncias ... 162

Quadro 2.2 – Percentagem entre a População Urbana e a População Rural ... 163

Quadro 2.3 – População Residente por Províncias ... 164

Quadro 2.4 – Estrutura Provincial da População ... 164

Quadro 2.5 – Projecção da População do País por Grupos de Idade ... 165

Quadro 2.6 – Qualificação da Situação da População em 1999 – Indicadores Gerais ... 166

Quadro 2.7 – Dados Económicos Gerais da Década da Transição para a Economia de Mercado ... 167

Quadro 2.8 – Transformação da Estrutura Económica na Década de 90 ... 169

Quadro 2.9 – Dinâmicas Sectoriais de Crescimento Económico ... 170

Quadro 2.10 – Comportamento dos Investimentos na Década de 90 ... 171

Quadro 2.11 – Alguns Indicadores de Comportamento da Dívida Externa ... 172

Quadro 2.12 – Actividade Diamantífera em Angola (Quilates) ... 173

Quadro 2.13 – Principais Actividades Económicas, Regime Social e Grau de Contacto com os portugueses dos principais grupos etnolinguísticos Bantu.... 202

Quadro 2.14 – Variações em relação ao classificativo ou ao tema substantival relativas a bantu ... 204

(17)

Quadro 3.1 – Composição Racial da População Angolana (1777-1970) ... 359

Quadro 3.2 – Composição Racial da População Brasileira (1818-1970) ... 360

Quadro 3.3 – Imigração para o Brasil por nacionalidades (1850-1950) ... 362

Quadro 3.4 – Número e percentagem de mestiços em proporção com os brancos ... 365

Quadro 3.5 – Categorias de crianças vítimas de guerra ... 394

Quadro 3.6 – Distribuição Geográfica das populações deslocadas ... 395

Quadro 4.1 – Esquema cronológico sobre a evolução dos acontecimentos (1482 – 1975) ... 406

Quadro 4.2 – Correspondência entre a toponímia colonial portuguesa e a actual toponímia angolana ... 415

Quadro 4.3 – Frequência em escolas oficiais entre 1846-1862 ... 422

Quadro 4.4 – Plano de Estudos para a formação pedagógica de Professores Eventuais ... 436

Quadro 4.5 – Datas de criação e locais de fixação das Escolas do Magistério Primário ... 440

Quadro 4.6 – Datas de criação e localização das Escolas de Habilitação de Professores de Posto ... 441

Quadro 4.7 – Mapa da Distribuição do Pessoal Docente (14 de Janeiro de 1974) ... 442

Quadro 4.8 – Distribuição dos alunos por classes em 1977 ... 446

Quadro 4.9 – Esquema cronológico sobre a evolução dos acontecimentos (1974 – 2000) ... 447

Quadro 4.10 – Relação dos alunos do ensino primário por Província, em 1977... 452

Quadro 4.11 – Organograma do 1º Sistema de Educação e Ensino Angolano do pós-independência ... 454

Quadro 4.12 – Plano de Estudos do Ensino de Base Regular, com o nº total de horas lectivas semanais em cada classe ... 456

Quadro 4.13 – Estrutura do Curso de Formação Regular do Subsistema do Ensino de Base ... 457

Quadro 4.14 – Calendário Escolar do Ensino de Base Regular ... 458

Quadro 4.15 – Relação numérica e percentual das matrículas dos alunos a nível dos diferentes subsistemas de ensino ... 459

Quadro 4.16 – Número de Alunos do Ensino de Base Regular por Classe, Idade e Sexo, durante a Ano Lectivo 1981-1982 ... 461

Quadro 4.17 – População em Idade Escolar em Angola; Unidade: (mil habitantes) ... 462

Quadro 4.18 – Número de Alunos e de Salas de Aula por Província, no I nível do Ensino de Base Regular (1985/86) ... 463

Quadro 4.19 – Défice de salas de Aula na Iniciação e I Nível do Ensino de Base Regular (Ano lectivo de 1985/86) ... 464

Quadro 4.20 – Número de salas de aula do Ensino de Base Regular (1981 -1984) ... 465

Quadro 4.21 – Número de alunos matriculados no Ensino de Base Regular (1980 -1985) ... 466

Quadro 4.22 – Aproveitamento Escolar do Ensino de Base Regular Taxas médias do período 1980/84 ... 466

Quadro 4.23 – Resumo do Aproveitamento escolar do Ensino de Base entre os anos lectivos 1980-81 a 1983 – 84 ... 468

Quadro 2.24 – Alunos do I Nível por Províncias (1985-1986) ... 472

Quadro 4.25 – Professores, Salas de Aula, Relações Professor Alunos e Sala Alunos, segundo o Ano Lectivo... 474

Quadro 4.26 – A Reformulação do Sistema de Educação e Ensino ... 478 Quadro 4.27 – População escolarizada em relação à população estimada

(18)

no Ensino de Base Regular (ano lectivo de 1990/91) ... 481

Quadro 4.28 – Efectivos do Ensino de Base Regular por Classe e Idade (Ano Lectivo 1990 – 1991) ... 481

Quadro 4.29 – Evolução das Inscrições na classe de Iniciação ... 482

Quadro 4.30 – Escolarização na classe de Iniciação (1990-1991) ... 483

Quadro 4.31 – Graduados no Ensino de Base Regular (1978/79 – 1989/90) ... 484

Quadro 4.32 – Evolução da Taxa de Transição do I nível (ciclo de 1ª à 4ª classe) para o II nível (ciclo de 6 à 8ª classe) no Ensino de Base Regular ... 484

Quadro 4.33 – Salas de Aula no Ensino de Base Regular (1981/82 – 1990/91) ... 485

Quadro 4.34 – Corpo Docente no Ensino de Base Regular 1978/79 – 1990/91 ... 486

Quadro 4.35 – Estatística do Ensino de Adultos 1º Nível (1981- 1990) ... 488

Quadro 4.36 – Distribuição dos alunos do Ensino de Base Regular segundo os Níveis de Ensino ... 489

Quadro 4.37 – Distribuição das Províncias por Taxa de Escolaridade ... 489

Quadro 4.38 – Alunos do Ensino de Base Regular Matriculados por Grupo Etário .... 490

Quadro 4.39 – (em ANEXOS 4 – F) Distribuição de Escolas Primárias para o Período de Emergência (2001-2002) ... 793

Quadro 4.40 – Alunos inscritos nos INE por província e por classe (1991/92) ... 492

Quadro 4.41 – Plano de Estudos dos IMN para as opções História/Geografia; Biologia/Química; e Matemática/Física ... 498

Quadro 4.42 – Balanço do aproveitamento nos CFA e CFBD entre 1977/78 e 1985/86 ... 509

Quadro 4.43 – Aproveitamento Geral em Três Fases da 1ª Etapa de Superação (1979-1990) ... 511

Quadro 4.44 – Esquema integrado sobre a Formação e Superação de Professores, em 1991 ... 513

Quadro 5.1 – Esquema do desenvolvimento do processo de ensino – aprendizagem em sala de aula ... 538

Quadro 5.2 – Áreas-Chave da Educação para o Desenvolvimento ... 542

Quadro 5.3 – Pressupostos doutrinários ... 546

Quadro 5.4 – Língua de instrução no 1º ano da escola primária no período colonial – 1998 (nº de países) ... 549

Quadro 5.5 – Tipologia da política linguística oficial em África ... 551

Quadro 5.6 – Funções linguísticas designadas no Quénia ... 556

Quadro 5.7 – Percentagem de falantes na língua materna e na língua segunda na República Democrática do Congo, em 1998 ... 565

Quadro 5.8 – Distribuição das línguas namibianas no sistema educativo ... 571

Quadro 5.9 – Professores da Iniciação e do I Nível do Ensino de Base Regular, por Habilitações Literárias nos Anos Lectivos 1983/84, 1984/85 e 1985/86 ... 608

Quadro 5.10 – Habilitações Literárias e Profissionais de Professores do I nível do Ensino de Base Regular, nas Províncias de Luanda e Uíge (1985/1986) ... 608

Quadro 5.11 – Plano de Estudos Transitório de Formação de Professores do Ensino Primário ... 612

Quadro 6.1 – Índice de Desenvolvimento Humano em Angola (1990-2001) ... 624

Quadro 6.2 – Elementos presentes em qualquer processo de intervenção social ... 626

Quadro 6.3 – Mapa conceptual de intervenção social ... 634

Quadro 6.4 – Número de anos por nível de ensino e localização do início da Formação Docente (1991) ... 638

(19)

Quadro 6.5 – Plano de Estudos para a Formação de Professores do Ensino Primário

para cumprimento da Lei 13/01 ... 645

Quadro 6.6 – Dez competências reconhecidas como prioritárias na formação contínua de professores658 Quadro 6.7 – Hipótese de cenário para a formação e ascensão na carreira docente .... 677

Quadro 6.8 – Disciplinas consideradas essenciais para um plano de formação de professores ... 685

C – Figuras: Fig. 2.1 – Mulher do Grupo Etnolinguístico Ovimbundu ... 188

Fig. 2.2 – Rapaz do Grupo Etnolinguístico Lunda-Cokwe ... 189

Fig. 2.3 – Reprodução gráfica de um desenho na areia ... 190

Fig. 2.4 – Mulher do Grupo Etnolinguístico Ngangela ... 192

Fig. 2.5 – Mulher Mwila do Grupo Etnolinguístico Nyaneka-Humbi ... 193

Fig. 2.6 – Mulher Kuvale do Grupo Etnolinguístico Herero ... 197

Fig. 2.7 – Homem Khoïsan ... 199

Fig. 2.8. – Príncipe Ne Vunda ou D. António Manuel (Negrita) em traje de nobre africano ... 241

Fig. 2.9 – Kimpa Vita ... 246

D – Fotos: Foto 1.1 – Mercado do Roque Santeiro, em Luanda ... 97

Foto 1.2 – Imagem da Conferência Internacional sobre o Diálogo Intercultural e a Cultura da Paz na África Central e na Região dos Grandes Lagos ... 117

Foto 1.3 – Maqueta da futura sede do CICIBA em Libreville (Gabão) ... 118

Foto 1.4 – Wangari Maathai, Prémio Nobel da Paz 2004 ... 119

Foto 3.1 – Viriato da Cruz ... 335

Foto 3.2 – Agostinho Neto ... 338

Foto 3.3 – Mário Pinto de Andrade ... 339

Foto 3.4 – Holden Roberto ... 341

Foto 3.5 – Jonas Savimbi ... 342

Foto 3.6 – Eng. José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola... 387

Foto 4.1 – António Burity da Silva Neto, Ministro da Educação ... 480

Foto 6.1 – Óscar Ribas ... 631

(20)

AGRADECIMENTOS

Às instituições que viabilizaram a realização desta minha investigação:

- Ministério da Educação da República de Angola; - Instituto Camões

- Fundação Calouste Gulbenkian - Universidade Aberta

Às individualidades políticas angolanas e responsáveis técnicos do Ministério da Educação que, directamente, se envolveram no apoio a este meu projecto:

- Oswaldo de Jesus Serra Van-Dúnem, ex-Embaixador da República de Angola em Portugal e actual Ministro do Interior;

- António Burity da Silva Neto, Ministro da Educação;

- Dr. Pinda Simão, Vice-Ministro da Educação para a Reforma Educativa; - Prof. Doutor Adão do Nascimento, Vice-Ministro da Educação para o

Ensino Superior;

- Armindo do Espírito Santo Vieira, Embaixador da República de Angola junto do Vaticano

- Dr Marcolino José Carlos Moco, ex-Secretário Executivo da CPLP e actual Deputado da Assembleia Nacional

- Dr. Jerónimo Justino, Director Nacional de Formação de Quadros do Ensino; - Dr. Narciso dos Santos Benedito, Director Nacional do Ensino Superior; - Dr. Ana Paula Henriques, Presidente do Instituto Internacional da Língua

Portuguesa – IILP

Aos familiares que, nos mais difíceis, me apoiaram e acarinharam do princípio ao fim desta investigação: minha mãe, Maria de Pina Zau; minha esposa, Maria Ermelinda de Oliveira Gomes de Pina Zau, licenciada em História; minhas filhas, Tânia Maísa Gomes de Pina Zau, licenciada em Relações Internacionais e Yara Patrícia Gomes de Pina Zau, licenciada em Biologia Ambiental; meus primos, João de Deus Baptista Galvão, cardiologista; Maria de Fátima Luís de Matos Fernandes e Margarida Matos Fernandes;

(21)

meu genro e meu “assistente”, Fernando Manuel Lopes Carvalho. E ainda aos amigos: Dr. Zeferino Martins, ex-Secretário Executivo Adjunto da CPLP; Prof. Doutor Victor Kajibanga e Prof. Doutor Paulo de Carvalho, docentes da Universidade Agostinho Neto; Prof. Doutor Eugénio Silva, docente da Universidade do Minho; Dr. Frigiano Álvaro Durantez, Vice-Presidente da Organização dos Estados Ibero-Americanos; Dr. José Coelho Inglês, Responsável do Sector de Estudantes da Embaixada da República de Angola em Portugal; Dr. André Corsino Tolentino, ex-Ministro da Educação da República de Cabo Verde; Dr. Jorge Couto e Dra. Armandina Maia, ex-responsáveis do Instituto Camões; Dr. Edmundo Vicente de Melo Rocha, pediatra e alergologista; Dra. Arlette Rocha, Dra. Ana Manuela Guerreiro e Dr. Helder Abrunhosa Maia, docentes; Alberto Acácio Sales Monteiro e Mário Santos, informáticos; João Camilo Lopes, Júnior, tradutor; e Francisco Filipe da Conceição Gumbe “Filipe Mukenga”, meu irmão de adopção.

Agradecimentos especiais:

- Ao Prof. Doutor Hermano Carmo, catedrático e pró-Reitor da Universidade Aberta, meu orientador da dissertação de Mestrado e desta Tese de Doutoramento, pela disponibilização de tempo, bibliografia, e ainda pelo encorajamento e amizade sempre actuantes;

- À Prof. Doutora Maria de Fátima Goulão e Dr. Manuel Goulão, por toda a hospitalidade, apoio, dedicação e amizade que, a mim e à minha família, nos foram oferecidos, durante a nossa estada em Portugal.

A todo vós e ainda aqueles que, de uma maneira ou de outra, contribuíram para a realização desta investigação, a expressão sincera da minha mais elevada gratidão.

(22)

Anexo I-A – Países pobres representam apenas 25% do Comércio Mundial ... 713 Anexo I-B – Indice de Percepciones de Corrupción 2003 de Transparency

International ... 715 Anexo I-C – Mia Couto, In, Savana, 13/12/2003 ... 718 Anexo I-D – Distribuição da População na África Sub-Sahariana (1984) ... 721 Anexo I-E – Densidade Populacional na África Sub-Sahariana ... 722 Anexo I-F – Línguas Oficiais e Línguas Nacionais, por Sebastião Coelho ... 723 Anexo I-G – Diferentes papeis das línguas de comunicação como meio de ensino na África Sub-Sahariana até 1990 ... 740 Anexo II-A – Organização Administrativa da República de Angola ... 745 Anexo II-B – Angola no contexto dos agrupamentos económicos

na África Sub-Sahariana ... 747 Anexo II-C – Grupos e subgrupos etnolinguísticos de Angola ... 748 Anexo II-D – Lista dos Ntotila do Congo ... 749 Anexo II-E – Lista Nominal dos manicongo após a chegada de Diogo Cão (1482) .... 750 Anexo II-F – Monangamba, poema de António Jacinto ... 751 Anexo III-A – Quadro Sinóptico sobre a Génese do Moderno

Nacionalismo Angolano de 1950 a 1964 ... 752 Anexo III-B – Etapas da unidade falhada ... 753 Anexo III-C – Exército de Ninguém por Sebastião Coelho... 754 Anexo III-D – 40 anos de guerra em Angola (cronologia)... 759 Anexo IV-A – Efectivos do Ensino Primário em Angola no contexto

da África Sub-Sahariana (1960) ... 786 Anexo IV-B – Mapa dos Efectivos do Ensino Primário

na África Sub-Sahariana (1983) ... 787 Anexo IV-C – Evolução do número de alunos no ensino geral

entre os anos lectivos de 1978/79 e 1990/91 ... 788 Anexo IV-D – Relação entre as taxas de repetência, abandono

e promoção entre os anos lectivos de 1980/81 e 1989/90

no Ensino de Base Regular ... 789 Anexo IV-E – Organograma do Ministério da Educação, em 1992 ... 790 Anexo IV-F – Estratégia Integrada para a Melhoria do Sistema de Educação

(2001-2015) ... 791 Anexo IV-G – Diário da República de 31/12/01 (Lei 13/01) ... 799 Anexo IV-H – Lei de Bases do Sistema de Educação ... 800 Anexo IV-I – Organigrama do Sistema de Educação – perspectiva vertical ... 822 Anexo IV-J – Organigrama do Sistema de Educação – perspectiva horizontal –

com relatório explicativo dos organigramas

do Sistema de Educação ... 823 Anexo IV-K – Comparação entre o Sistema de Educação em vigor

e o Sistema de Educação a implementar ... 828 Anexo IV-L – Comunicado Final do Iº Encontro de Escritores Angolanos ... 834 Anexo V-A – Aspectos relevantes da Declaração Universal

dos Direitos Linguísticos ... 840 Anexo V-B – Esquema da Hipótese A sobre o crescimento da rede escolar

(23)

Anexo V-D – Estratégias de Desenvolvimento do Sistema de Educação

e Ensino (SEE) com as Hipóteses A e B ... 850 Anexo V-E – Extracto da carta de um professor angolano, do 1º nível do Ensino de Base Regular, da Escola nº13 da Babaela, para os

colegas portugueses, da Escola Básica do 1º ciclo do Laranjeiro ... 851 Anexo V-F – Extracto de uma carta de um professor angolano,

do 1º nível do Ensino de Base Regular, da escola nº13 da Babaela, para os colegas portugueses, da Escola Básica do 1º ciclo

do Laranjeiro, em nome dos seus alunos ... 852 Anexo V-G – Relatório explicativo do Cronograma da Reforma Educativa

e da Estratégia de implementação do Novo Sistema de Educação

(com quadros anexos) ... 853 Anexo VI-A – Cartas de crianças angolanas endereçadas

a crianças portuguesas e redigidas com o apoio dos professores ... 861 Anexo VI-B – Cartas de crianças angolanas endereçadas a crianças portuguesas ... 862 Anexo VI-C – Castilho Soares em entrevista ao jornal angolano Independente ... 863 Anexo VI-D – Línguas Nacionais no Ensino em 2006 ... 864 Anexo VII-A – “O ABC dos Vimbundus” do Pe. Domingos Vieira ... 867

(24)

INTRODUÇÃO

(25)

“Aqueles que pensam que o irreal é e que o Real não é nunca alcançarão a Verdade, perdidos como estão; mas aqueles que sabem que o Real é e que o irreal não é, certamente alcançarão a Verdade, seguros, como estão, no caminho do pensamento correcto.”

Buda1

- “Putu ilonga, kimbundu kilongolola” (Provérbio Ambundu) - O português educa, o quimbundo esclarece

- Só a nossa língua nos fornece a verdadeira compreensão das palavras2

1

BUDA (1996), Dhammapada – O Caminho da Perfeição, Cap. I – Caminhos Opostos, Livro da Vida Editores, Mem Martins (Portugal), parágrafos 10-11

2

RIBAS, Óscar (1979), Misoso, vol. I, Imprensa Nacional – UEE, Luanda, p.498

(26)

A temática de uma Angola independente e melhor para os angolanos é-me próxima desde a infância e na adolescência. No início, nem compreendia a relevância das actividades recreativas e culturais, dos apoios em matemática, que permitiam aos activistas da libertação nacional reunirem-se com maior segurança, até porque essas acções dificultavam a aproximação da PIDE/DGS. Mais tarde a participação militante no Comité 4 de Fevereiro, a poesia, a canção e a música de intervenção. Chegado a Angola o mergulho no duro legado do colonialismo e da guerra.

A intervenção no terreno fez-me reflectir e concluir que a formação e a experiência adquiridas no ensino de base não eram suficientes para ajudarmos Angola a vencer a batalha do desenvolvimento e fomos aprofundar os nossos conhecimentos para o Brasil. Aí pudemos constatar que a realidade brasileira não é exportável para África.

Concluída a licenciatura em Pedagogia, no Brasil e aproveitando o facto de ter sido nomeado Adido Cultural, em Lisboa, licenciei-me em Administração Escolar. Já como Conselheiro junto da CPLP, com a função de assessor para os Assuntos de Educação Cultura e Desportos, fiz um mestrado em Relações Interculturais, na Universidade Aberta, em Lisboa, cuja dissertação foi a génese de “Angola: Trilhos para o Desenvolvimento”, livro posteriormente publicado por esta universidade. Decidimos aprofundar o estudo desta temática na investigação desenvolvida, no âmbito da tese de doutoramento. É este estudo, que agora se submete à apreciação do júri, para defesa.

I. O problema

Angola já desfruta de prestígio, credibilidade e respeito, não só no continente africano, mas em todo o Mundo, no plano político. Possui enormes e invejados recursos naturais e uma população maioritariamente jovem. Mas os angolanos são, na sua esmagadora maioria, iletrados ou analfabetos funcionais, não dominam eficazmente pelo menos um código verbal comum e são pouco qualificados, em consequência do seu passado.3

3

“ (…) não há educação sem comunicação”. Cf., CARVALHO, Adalberto Dias de (1996), Epistemologia das Ciências da Educação, Edições Afrontamento, Porto, p.97. Ovídio Pahula, delegado provincial da Justiça da Província do Cunene, em declarações ao semanário “Agora”, crê que cerca de 75% da população residente nesta província não fala português. “Como é que você quer desenvolver uma província se a maior parte dos habitantes não falam a língua portuguesa (…)”. No entanto, este responsável também afirmou que, tal não significava, que a população local fosse inculta. In, ANGONOTÍCIAS (10 de Outubro de 2004), Cunene: 75% da população não fala português, In,

(27)

Face à realidade existente levanta-se a seguinte questão:

- Como organizar um sistema de Formação de Formadores cujos perfis possam adequar-se aos diferentes níveis e contextos sócio-culturais e linguísticos?

II. Objecto de Estudo

O sistema de educação e formação, em geral, e a formação de formadores, em particular, constituem o objecto de estudo deste trabalho.

III. Objectivos

O propósito fundamental consiste em definir os perfis e os curricula adequados à preparação de formadores, aptos a interagir, não só nas instituições vocacionadas para a formação, mas também em empresas e outras entidades, públicas ou privadas, civis ou militares, que assegurem, não só, a formação inicial, mas também a qualificação e a requalificação ao longo da vida.

IV. Estratégia

Angola necessita de formar recursos humanos a diferentes níveis, incluindo o científico e o tecnológico, bem como aliciar os que se encontram no exterior.

V. Metodologia

Devido à escassez de documentação fiável, a actual pesquisa foi organizada sob o formato de um estudo exploratório.

http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=2676&PHPSESSID=53f18dd9f3f00196f52931b788 76a0a5, em 11/10/04

(28)

“(…) a relativa juventude da ciência social e a pequena quantidade de pesquisas de ciência social tornam inevitável, ainda durante algum tempo, o carácter de pioneirismo dessa pesquisa. Existem poucos caminhos bem experimentados que o pesquisador de relações sociais possa seguir; frequentemente, a teoria é excessivamente geral ou excessivamente específica para que possa dar clara orientação para a pesquisa empírica.”4

Esta afirmação expressa na obra conjunta de Seltiz, Jahoda, Deutch e Cook, aplica-se inteiramente ao objecto de estudo deste trabalho e levou os mesmos autores a classificarem as pesquisas em Ciências Sociais em estudos exploratórios, estudos

descritivos e estudos verificadores de hipóteses causais. Ora, a perspectiva exploratória

em que nos posicionámos implica, à partida, numa certa flexibilidade metodológica.

“Por seu turno Philips, num esforço de tipificação da diversidade das pesquisas em Ciências Sociais, ocasionada pela sua juventude e pela complexidade do seu objecto, classifica as investigações de acordo com dois contextos: um contexto de descoberta, para objectos de estudo sobre os quais existe pouca informação sistematizada e um contexto de verificação para estudos em campos já com bastante pesquisa feita.”5

Neste trabalho, o autor procurou recorrer à maior diversidade possível de fontes documentais, depois de já ter recorrido a fontes vivas (aquando da dissertação de Mestrado) e procedido a análises de natureza qualitativa e quantitativa. Foram nessa altura, recolhidos depoimentos de informadores qualificados através de entrevistas em profundidade, bem como de inquéritos feitos através de questionários elaborados para o efeito.6 Ao longo do trabalho as fontes recolhidas e utilizadas assentaram principalmente em:

- Monografias e artigos de diversas proveniências;

- Resultados de encontros governamentais e de profissionais de formação;

- Documentos de missionários, que durante séculos, tiveram (e têm ainda) uma acção directa na formação em Angola, nomeadamente sobre aspectos em que o objecto de estudo deste trabalho se debruça;

- Dados estatísticos existentes;

4

In, CARMO, Hermano (1997), Ensino Superior a Distância – Contexto Mundial, Universidade Aberta, Lisboa, p.58; cit. in, ZAU, Filipe (2002), Angola: Trilhos para o Desenvolvimento, Universidade Aberta, Temas Educacionais, Lisboa, p.24

5

PHILIPS, Bernard (1974), Pesquisa Social, Agir, Rio de Janeiro, s/p; cit. in, CARMO, Hermano (1997), op. cit., p.58

6

Veja-se em ZAU, Filipe (2002), op. cit., pp.24-25; pp.225-252; e pp.283-298

(29)

- Informações e recomendações de agências internacionais - Informações recolhidas da Internet

- Artigos da imprensa

- Legislação diversa.

Toda a informação recolhida foi analisada pelo autor, de modo a procurar encontrar a coerência necessária, para uma melhor explanação e compreensão do objecto da investigação.

Os nomes e as localidades de origem bantu apresentam diferentes tipos de grafia conforme a origem das fontes consultadas. Nalguns casos houve uniformização de critérios, a partir de um trabalho intitulado Notas de Introdução à Linguística Bantu do Professor Vatomene Kukanda especialista em linguística bantu e Director Geral do Centro Internacional de Civilizações Bantu (CICIBA).7 Isto, porque nos parece ser a norma de comunicação entre os 22 países da África subsahariana, a maior parte deles, membros daquele Centro Internacional. Todavia, noutros, optou-se por respeitar a grafia oficialmente utilizada, bem como a de outros autores quando os citámos na íntegra. Este último procedimento foi ainda seguido, sempre que uma determinada expressão bantu não foi encontrada na fonte, que optámos utilizar como padrão.

Também muitos dos pés de página apresentam alguma informação considerada relevante para especialistas de diversas áreas, dada a natureza interdisciplinar das Ciências de Educação.8

De acordo com Remi Hess, este trabalho insere-se ainda no contexto de uma Sociologia de Intervenção que, mais do que um ramo, é uma perspectiva das Ciências Sociais (e da Sociologia em particular), “que assume a virulência da influência do investigador no seu objecto de estudo, e que a utiliza com o intuito explícito de produzir melhorias

7

KUKANDA, Vatomene (1985-1986), Notas de Introdução à Linguística Bantu, Universidade Agostinho Neto, Instituto Superior de Ciências da Educação – ISCED, Lubango

8

“As ciências da educação – empírico-descritivas, nomotéticas e teoréticas – procuram responder à questão ‘o que é a educação?’ e são nomeadamente, a biologia da educação, a psicologia da educação, a antropologia da educação, a filosofia da educação, a sociologia da educação, a economia da educação e a história da educação. Por sua vez, a pedagogia, a quem interessa a questão ‘como deve ser a educação’ – essencialmente práxica – desdobra-se no conjunto das ciências pedagógicas”. Cf., CARVALHO, Adalberto Dias de, op. cit., pp.98-99

(30)

sociais no quadro de uma ética de liberdade e de solidariedade.”9 Desta feita, a Sociologia de Intervenção distingue-se da perspectiva sociológica tradicional de fazer ciência, uma vez que, esta última, “procurava evitar a interferência do investigador no objecto de estudo, de vários modos, buscando nessa perspectiva distanciada, uma objectividade análoga à que se julgava possível alcançar nas Ciências Físico-Naturais.”10 De considerar ainda que,

“Esta perspectiva de fazer ciência intervindo, tem assumido uma grande heterogeneidade de formas no terreno. Apesar dessa diversidade todas as experiências que partilham desta perspectiva partem de uma premissa comum: a constatação de que o saber não é monopólio do sistema-interventor mas que este e o sistema-cliente possuem capitais de informação sobre a realidade social que devem pôr em comum a fim de, juntos, construírem um valor acrescentado de conhecimento.”11

VI – Estrutura do trabalho

O presente trabalho está organizado em duas partes que, por sua vez, se subdividem em seis capítulos.

A primeira parte compreende quatro capítulos:

No primeiro capítulo debruçamo-nos sobre as dificuldades estruturais dos países em desenvolvimento, face à actual mundialização do capitalismo e à ordem económica mundial prevalecente, bem como ainda à necessidade de se alcançar em todo o mundo um desenvolvimento sustentado, como imperativo para a sobrevivência da espécie

9

HESS, Remi (1982), Sociologia de Intervenção, Rés, Lisboa, s/p; cit. in., CARMO, Hermano (1999), Desenvolvimento Comunitário, Universidade Aberta, Lisboa, p.140

10

“Sobre a questão da objectividade da investigação científica e nas Ciências Sociais em particular, cfr. SANTOS, Boaventura Sousa, 1991, Um discurso sobre as Ciências, 5ª ed., Porto, Afrontamento. Depois da revolução introduzida pelo princípio da incerteza de Heisenberg, a comunidade científica tem adoptado uma atitude mais humilde face à objectividade: esta passou a ser considerada, não como um ponto que se alcança mas como uma direcção que é imperioso tomar”.Cf., CARMO, Hermano (1999), op. cit., p.140. Em 1925, com a descoberta da Mecânica Quântica, Werner Heisenberg tornou-se um dos maiores físicos de todos os tempos. O princípio da incerteza de Heisenberg afirma que não se pode medir com segurança as propriedades básicas do comportamento subatômico. Quando se quer encontrar a posição de um electrão, por exemplo, é necessário fazer incidir sobre ele algum tipo de raio (como a radiação, por exemplo). Este raio pode alterar a posição do electrão. O mesmo acontece ao medir a sua velocidade: ao incidir alguma coisa sobre o electrão a velocidade pode ser alterada. In, http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_incerteza_de_Heisenberg, em 16/08/04

11

CARMO, Hermano (1999), op. cit., p.140. No 6º capítulo abordaremos a questão do sistema-interventor e do sistema-cliente como componentes de um processo de intervenção social.

(31)

humana.12 De entre as várias estratégias avançadas pela comunidade internacional, com vista ao desenvolvimento e à redução dos alarmantes índices de pobreza absoluta, fome, pandemia do HIV-SIDA e malária, destacaremos a importância da Educação e do exercício de uma ética educativa, como forma de sobrevivência dos países em desenvolvimento. Para o caso específico do continente africano o princípio da endogeneidade associa-se ao da sustentabilidade, como estratégia direccionada para a autonomização e bem-estar das populações, através de uma maior relação entre Educação/Cultura/Informação.

No segundo capítulo abordaremos Angola, enquanto país multicultural e plurilingue, quer no contexto económico dos países em desenvolvimento; quer ainda no contexto histórico de um Estado com a responsabilidade de construir uma identidade nacional que não sufoque a diversidade cultural existente.

O terceiro capítulo procura responder à necessidade de analisar concepções político-ideológicas sustentadas pelo falso conceito de “raça”. O nativismo, o proto-nacionalismo, o pan-africanismo e a crioulidade, surgiram em períodos distintos, dentro e fora de Angola. Não contribuíram para a construção de identidades e, como tal, representam falsos suportes da angolanidade. Assim sendo, a identidade dos povos deverá ser entendida como resultado de factores sócio-culturais e políticos. Não biológicos. A guerra colonial, como elemento associativo e dissociativo, acabou por se constituir num factor de identidade para a construção do Estado angolano, através do surgimento de um movimento nacionalista moderno. Porém, este cresceu dividido e o aspecto fratricida da guerra civil em Angola, com aberta intervenção de tropas estrangeiras, explica, hoje, a introdução de uma estratégia de alteridade, que permita integrar um maior número de aspectos ligados à pluralidade cultural existente, como mais valia para a construção de uma identidade angolana. O sector da Educação, através do ensino obrigatório e com a contribuição activa dos sectores da Cultura e da Informação, terá de estar à altura de contribuir para a reconciliação e construção da unidade nacional e para o desenvolvimento sustentado e endógeno com vista ao progresso do país.

12

Nesta conformidade, julgámos oportuno reproduzir aqui um dos slogans utilizados pela organização internacional ecológica Greenpeace face à ambição desmedida do lucro, que vem caracterizando muitas das actuais políticas neo-liberais em todo o mundo: “Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come!”

(32)

O quarto capítulo procura demonstrar como a instrução de base constituiu sempre um elemento de identidade. Quer através de um contacto de meio milénio com os portugueses, em que se evidenciou o sentido eurocêntrico e assimilacionista das políticas educativas traçadas entre 1845-1961; quer, ainda, no pós-independência, entre 1977-1991, onde o carácter ideológico do período da guerra-fria, inserido na luta de classes, se sobrepôs às necessidades educativas concretas da grande maioria das populações angolanas.

A segunda parte engloba os dois últimos capítulos:

O quinto capítulo visa as necessidades básicas educativas, à luz de fundamentos políticos e doutrinários direccionados para um ensino de qualidade para todos. Inclui experiências pedagógicas em países africanos, alguns, vizinhos de Angola. De entre essas experiências, consta a utilização das línguas africanas em estrita cooperação com as línguas oficiais de origem europeia. Também os conteúdos e as metodologias de ensino para uma estratégia de educação para todos são alvos de atenção, neste penúltimo capítulo.

Finalmente, o sexto capítulo frisa o papel do professor do ensino de base, como interventor social de um processo de desenvolvimento e de construção da angolanidade, a partir de uma formação académico-profissional que concorra para um estatuto socialmente prestigiado e de um perfil julgado necessário para o exercício da docência.

(33)
(34)

CAPÍTULO I – PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO E

DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS

(35)

1. A questão estratégica do desenvolvimento na actual conjuntura

mundial

1.1. A evolução do conceito de desenvolvimento

Apesar do termo desenvolvimento ser normalmente utilizado de forma muito genérica, o mesmo corresponde a um incremento de um todo orgânico e harmonioso, relacionado com o progresso da economia e com o progresso geral da sociedade. Subentende-se assim que, para haver desenvolvimento, é imprescindível a existência de sucesso económico, para que, posteriormente, este se coloque ao serviço do progresso social e humano.1 Assim sendo, desenvolver é muito mais do que crescer.

O crescimento de um país corresponde ao aumento quantitativo de bens e serviços que, por sua vez, proporciona uma evolução estrutural resultante da transformação das proporções e das relações no sistema produtivo. Porém, se as políticas de Estado não estiverem direccionadas para um bem-estar social generalizado, o crescimento real e estrutural da sua economia poderá realizar-se sem que, no entanto, surja qualquer progresso social. Na sequência do crescimento económico, as condições de vida do conjunto da população podem, não só, não melhorar, como podem até mesmo piorar.2 Tal facto, por exemplo, ocorre quando se dá um “crescimento selvagem”, em que há um incremento da economia com elevados custos sociais e ecológicos.3 Daí que, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) o conceito de desenvolvimento humano deverá corresponder:

“(…) àquele que seja capaz de aumentar as potencialidades das pessoas por meio de melhores condições de educação, treinamento, saúde, habitação, meio ambiente e alimentação, assegurando que os frutos do desenvolvimento económico sejam traduzidos em melhoria das condições de vida e que permitam que as pessoas tomem parte activa, participando das decisões que influenciam as suas vidas.”4

1

BIROU, Alain (1982), Dicionário de Ciências Sociais, Publicações D. Quixote, Lisboa, p.110

2

Idem, p.95

3

SACHS, Ignacy, In, VIEIRA, Paulo Freire; RIBEIRO, Maurício Andrés; FRANCO, Roberto Messias; CORDEIRO; Renato Carporali (1998), Desenvolvimento e Meio Ambiente no Brasil: A contribuição de Ignacy Sachs; Pallotti, Porto Alegre, APED, Florianópolis, s/p; DESSUS, Conceitos, Consulta ao Banco de Dados; In, http://www.semarh.df.gov.br/DESSUS/DESSUS32.asp?pag=1, em 18/08/2003

4

VVAA (1998), Desenvolvimento humano e condições de vida: indicadores brasileiros, PNUD, Brasília. In, http://www.semarh.df.gov.br/DESSUS/DESSUS32.asp?pag=2, em 18/08/03

(36)

Em momento algum se perde o factor humano como fim último do desenvolvimento. De acordo com Amartya Sen, ex-membro da presidência do Banco Mundial,5 galardoado com o Prémio Nobel de Economia em 1998, associado ao conceito de desenvolvimento está implícita a existência de um Estado de Direito Democrático, com participação activa da Sociedade Civil:

“Os fins e os meios do desenvolvimento exigem que a perspectiva da liberdade seja colocada no centro do palco. As pessoas têm de ser vistas como activamente envolvidas – dada a oportunidade – na conformação do seu próprio destino, e não apenas como beneficiárias passivas dos frutos de engenhosos programas de desenvolvimento. O Estado e a sociedade têm papéis amplos no fortalecimento e na protecção das capacidades humanas. São papéis de sustentação, e não de entrega sob encomenda.”6

Em 1984, na sequência da Assembleia-Geral da ONU, foi constituída a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela Sr.ª Gro Harlem Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega. Esta Comissão teve como objectivo a criação de um conjunto de estratégias ambientais de longo prazo com vista à obtenção de um desenvolvimento sustentável para o século XXI. Após ter realizado audiências públicas em diversos continentes e ter ouvido os principais sectores da sociedade e da economia, a “Comissão Brundtland” lançou o seu relatório final, em 1987, sob o título O Nosso Futuro

Comum.7 A partir dessa altura o conceito de desenvolvimento passou a adquirir um sentido ainda mais amplo, ao ser entendido como “(…) o padrão das transformações económicas, sociais e estruturais, através da melhoria qualitativa do equilíbrio relativo ao meio ambiente.”8 Nascia assim a noção de desenvolvimento sustentável, ou seja, o “tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano, não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo.”9 Logo, o desenvolvimento sustentável ou sustentado tornou-se numa meta a ser alcançada, tanto pelos países em desenvolvimento como pelos países industrializados. Novos entendimentos surgem assim sobre o modo de se resolverem os problemas globais que, para além da degradação do

5

SEN, Amartya (2000), Desenvolvimento com liberdade, Companhia das Letras, São Paulo, p.11

6

Idem, p.71

7

In, http://www.formosaonline.com.br/geonline/textos/meio_ambiente/reportagens01.htm, em 18/08/2003

8

BELLIA, Vítor (1996), Introdução à Economia do Meio Ambiente, IBAMA, Brasília, s/p, In http://www.semarh.df.gov.br/Dessus/Dessus32.asp?pag=1, DESSUS, Conceitos, Consulta ao Banco de Dados, em 18/08/2003

9

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (1987), ONU, In, http://www.semarh.df.gov.br/DESSUS/DESSUS32.asp?pag=2, em 18/08/2003

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ambiente físico e biológico, incorporam ainda dimensões sociais, políticas e culturais,10 tais como: a pobreza e a exclusão social.11 Nesta conformidade, a sustentabilidade corresponde ao “conceito que privilegia o uso de bens naturais/culturais sem descuidar de sua conservação, para que as gerações futuras possam beneficiar deles.”12

A partir do relatório O nosso Futuro Comum cada aspecto da economia mundial passou a ser pensado em função dos impactos ecológicos que produzem e em estreita ligação com os diferentes processos de preparação e formação de pessoas que já participam (ou que venham no futuro a participar) na vida política, económica e sócio-cultural nos diferentes países do Mundo. Daí que, a formação dos recursos humanos resultante de processos educacionais, para além da sua estreita ligação ao desenvolvimento, terá que ser capaz de: “formar e/ou mudar hábitos e mentalidades em face da necessidade urgente de se conservarem contextos representativos da natureza e contextos culturais de alta significação. O vandalismo é um caso especial, que deve ser combatido e evitado.”13

1.2. Um mundo cheio de atribulações

O relatório Brundtland apresenta-nos também um conjunto de questões preocupantes, que podem afectar, no futuro, todas as pessoas que vivem neste planeta:

- A explosão demográfica e a sua desigual distribuição pelas mais diferentes regiões do Mundo, com consequências em quase todos os domínios da vida social;

10

“Do latim cultura: cuidados com os vegetais e, posteriormente, cuidado com o espírito. Quando a palavra é empregada para se aplicar a um homem em particular, visa o grau de formação, de instrução ou ainda os cuidados dados ao espírito e às ocupações do espírito. Quando o termo é utilizado em antropologia ou em sociologia, tem um sentido bastante diferente. Trata-se de tudo o que, numa dada sociedade, é adquirido, aprendido e pode ser transmitido. A cultura visa, portanto, todo o conjunto da vida social, desde os aspectos tecnológicos e as organizações institucionais, até às formas de expressão da vida do espírito, considerando a totalidade como uma ordem de valores que dá ao grupo uma certa qualidade humana.” Cf. BIROU, Alain, op. cit., p.98. É pois, como herança social, que qualquer pessoa recebe ao longo da sua socialização, que o termo cultura vem sendo utilizado ao longo de todo este trabalho.

11

BARBIERI, José Carlos (1997), Desenvolvimento e Meio Ambiente: as estratégias de mudança da agenda 21, Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro, s/p , cit. in, DESSUS, Conceitos, Consulta ao Banco de Dados, http://www.semarh.df.gov.br/DESSUS/DESSUS32.asp?pag=2, em 18/08/2003. Há exclusão social, quando “grupos humanos não têm acesso a bens, serviços e meios de produção (uso, controlo e propriedade) que permitem a satisfação das necessidades básicas nas dimensões económica, política, social, cultural e afectiva”. Cf., CAEIRO, Domingos (2001), Globalização Económica; In, CARMO, Hermano – coord. (2001), Problemas Sociais Contemporâneos, Universidade Aberta, Lisboa, p.218

12

In, http://www.naturally.hpg.fg.com.br/sustentavel.htm, em 18/08/2003

13

(38)

- A degradação do ambiente, que ameaça inviabilizar o crescimento económico, conduzindo um número cada vez maior de pessoas para a pobreza e para a fome; - As guerras civis, a xenofobia e o preconceito racial;

- O distanciamento cada vez maior entre os países industrializados e os países em desenvolvimento;

- A falta de estruturas e a dificuldade em adaptar da melhor forma os currículos escolares, evitando-se abordagens teóricas, por vezes, desviadas das realidades sócio-culturais a que deveriam dar resposta;

- A falta de um sistema de educação de base eficiente;

- A inexistência de uma adequada e abrangente formação profissionalizante imbuída de um espírito de educação permanente...

Um somatório de questões que não devem ser subestimadas nem ignoradas, porque, a médio ou longo prazo, podem afectar a sobrevivência da espécie humana.14

Um outro relatório, este da Comissão Independente População e Qualidade de Vida (ICPQL), intitulado Cuidar o Futuro, informa-nos que “em 1830, o número de seres humanos tinha atingido um milhar de milhões. Em 1930, cem anos depois, a população tinha crescido mais mil milhões”. Porém, foi depois da II Guerra Mundial, que o crescimento populacional acelerou ainda mais. Em 1960, chegou-se aos 3 mil milhões de habitantes, em 1974 aos 4 mil milhões e em 1987 aos 5 mil milhões. Por volta de 1998, data da divulgação deste segundo relatório, a humanidade correspondia a 5.700 milhões de pessoas ligadas a diferentes culturas e comunicando em diferentes idiomas. Mas, deste total, apenas 16% viviam em países industrializados; cerca de 45% da população dos países em desenvolvimento tinha menos de 15 anos de idade e o número de pessoas idosas elevava-se acima dos 10%.15

Em 12 de Outubro de 1999 o nosso Mundo atingiu os 6 mil milhões de habitantes: “quase metade tem menos de 25 anos e mais de mil milhões são jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos.”16 De acordo com o relatório da “Comissão

14

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (1988), Nosso Futuro comum, Editora da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, pp. 27-46

15

CREIGHTON, Phyllis (1998), Introdução: Um Mundo em transição, In, COMISSÃO INDEPENDENTE POPULAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA, Cuidar o Futuro, Trinova Editora Lda, Lisboa, pp.2-3

16

FNUAP (1999), A Situação da População Mundial – 6 mil milhões; Fundo das Nações Unidas, USA, p.1; cit. in., ANTÓNIO, Stella (2001), Problemas Demográficos, In, CARMO, Hermano (2001), op. cit., p.125.

Referências

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