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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Saúde do Vale e no Whittington Hospital

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Farmácia Saúde do Vale

Ana Paula Fernandes Pereira

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ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Saúde do Vale

Abril a Julho de 2018

Ana Paula Fernandes Pereira

Orientador: Dr.ª Daniela Matos

Tutor FFUP: Prof. Doutor Paulo Lobão

(3)

iii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado

previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As

referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam

escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente

indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio

constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 07 de setembro de 2018

(4)

iv

Agradecimentos

Primeiro, começo por agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto pela qualidade de ensino e pelas experiências e oportunidades proporcionadas, que me prepararam para a entrada neste mundo do trabalho. Agradeço, em particular, ao professor Dr. Paulo Lobão, pelo acompanhamento ao longo do estágio e pela ajuda na correção e entrega do relatório de estágio.

A toda a equipa da Farmácia Saúde do Vale, um enorme obrigada pela forma como fui recebida e integrada na equipa, por todos os ensinamentos e pela preocupação, paciência e carinho. Sei que fizeram todos os esforços para me preparar o melhor possível e agradeço toda a sua dedicação.

Aos meus amigos, quer os que conheci ao longo do curso, quer os de longa data, obrigada por tornarem este percurso mais fácil, pelos momentos vividos em conjunto, pelos conselhos e pelo apoio.

Ao meu namorado e à minha família, os meus melhores amigos, não há palavras que expressem o meu agradecimento. Obrigada por serem os meus confidentes e os meus melhores conselheiros, por acreditarem em mim como ninguém, por todo o apoio, toda a ajuda e todo o amor.

(5)

v

Resumo

O estágio profissionalizante é a forma perfeita de completar o curso, possibilitando o contacto com a atividade do farmacêutico comunitário, que é, atualmente, a principal vertente da classe farmacêutica.

O farmacêutico comunitário apresenta, por um lado, uma enorme responsabilidade na promoção da saúde pública, particularmente no que toca ao uso responsável do medicamento, devendo estar o mais preparado possível de modo a oferecer um atendimento e aconselhamento de qualidade. Por outro lado, e considerando que a farmácia é um espaço comercial, fazem parte da sua atividade funções de gestão.

O presente relatório está dividido em duas partes. A primeira pretende descrever as diversas tarefas desempenhadas pelo farmacêutico na Farmácia Saúde do Vale e de que forma as pude observar/executar ao longo do estágio. Na segunda parte, estão descritos os projetos que foram desenvolvidos por mim, em torno de diferentes temas e problemáticas, na Farmácia Saúde do Vale, como forma de intervenção na comunidade em que esta se insere.

O primeiro projeto desenvolvido teve como título Saiba “Ouvir” a sua Tiroide e o seu

objetivo era o de alertar para as doenças da tiroide e, mais concretamente, para os sintomas que as caracterizam, uma vez que os mesmos podem ser facilmente atribuíveis a outras causas, atrasando o diagnóstico destas desordens. Assim, apresentei uma palestra com este mesmo tema na farmácia e entreguei um panfleto com as informações a reter aos participantes.

O segundo tema abordado, igualmente através da preparação de um panfleto e de uma formação na farmácia, foi a cessação tabágica. Neste caso, destaquei os malefícios que advêm do hábito tabágico e, até mesmo, do fumo passivo, bem como as terapias farmacológicas que podem ser usadas no processo de deixar de fumar.

Por último, o terceiro projeto, designado por Semana do Saco, pretendia aumentar o conhecimento que os utentes possuem acerca da sua medicação regular, através de conversas com os mesmos, nas quais podiam esclarecer todas as suas possíveis dúvidas e preocupações. Este foi o projeto que, na minha perspetiva, teve maior impacto na farmácia e nos seus utentes.

(6)

vi

Índice

Resumo ... v Índice de Figuras ... ix Índice de Tabelas ... x Lista de Abreviaturas ... xi

1. Parte 1: Descrição das Atividades Desenvolvidas na Farmácia Saúde do Vale .. 1

1.1. Introdução ... 1

1.2. Plano de Estágio ... 1

1.3. Farmácia Saúde do Vale ... 2

1.3.1. Localização, Horário de Funcionamento ... 2

1.3.2. Espaço Físico ... 2

1.3.2.1. Espaço Exterior ... 2

1.3.2.2. Espaço Interior ... 2

1.3.3. Recursos Humanos ... 4

1.3.4. Sistema Informático ... 4

1.4. Encomendas e Gestão de Produtos ... 4

1.4.1. Gestão de Stock ... 5

1.4.2. Gestão de Encomendas ... 5

1.4.3. Receção de Encomendas ... 6

1.4.4. Armazenamento dos Produtos ... 7

1.4.5. Gestão e Regularização de Devoluções ... 8

1.5. Determinação de Parâmetros Bioquímicos, Fisiológicos e Antropométricos .... 8

1.5.1. Medição da Pressão Arterial ... 8

1.5.2. Medição da Glicémia Capilar ... 9

1.5.3. Medição do Perfil Lipídico ... 9

1.5.4. Determinação de Parâmetros Antropométricos ... 10

1.6. Outros Serviços Disponíveis na Farmácia Saúde do Vale ... 10

1.6.1. Administração de Vacinas e outros Medicamentos Injetáveis ... 10

1.6.2. Consultas de Nutrição ... 10

1.6.3. ValorMed ... 10

1.6.4. Cartão Saúda ... 11

1.7. Atendimento ao Público – Dispensa de Produtos em Farmácia Comunitária . 11 1.7.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) ... 11

(7)

vii

1.7.1.1. A Prescrição Médica ... 12

1.7.1.2. Validação da Prescrição Médica ... 13

1.7.1.3. Regimes de Comparticipação... 13

1.7.1.4. Conferência de Receituário... 14

1.7.1.5. Medicamentos Genéricos ... 15

1.7.1.6. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ... 15

1.7.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) ... 16

1.7.3. Dispositivos Médicos ... 17

1.7.4. Produtos de Uso Veterinário ... 17

1.7.5. Produtos de Cosmética e Higiene Corporal (PCHC) ... 17

1.7.6. Produtos de Puericultura ... 18

1.7.7. Suplementos Alimentares ... 18

1.8. Meios de Comunicação ... 18

1.9. Formações ... 19

2. Parte 2: Atividades Desenvolvidas na Farmácia ... 20

2.1. Projeto 1 - Saiba “Ouvir” a sua Tiroide ... 20

2.1.1. Contextualização ... 20

2.1.1.1. Estrutura e Localização ... 20

2.1.1.2. Fisiologia ... 20

2.1.1.3. Regulação ... 21

2.1.1.4. Iodo ... 21

2.1.1.5. Efeitos das Hormonas Tiroideias ... 21

2.1.1.6. Doenças da Tiroide ... 22

2.1.1.6.1. Hipertiroidismo ... 22

2.1.1.6.1.1. Diagnóstico de Hipertiroidismo: Sinais e Sintomas ... 22

2.1.1.6.1.2. Hipertiroidismo: Tratamento ... 23

2.1.1.6.2. Hipotiroidismo ... 24

2.1.1.6.2.1. Diagnóstico de Hipotiroidismo: Sinais e Sintomas ... 25

2.1.1.6.2.2. Hipotiroidismo: Tratamento ... 26

2.1.1.6.3. Bócio ... 27

2.1.1.6.4. Nódulos Tiroideus ... 27

2.1.2. Projeto: Motivação, Objetivo e Metodologia ... 27

(8)

viii

2.2. Projeto 2 - Gostava de Deixar de Fumar? ... 29

2.2.1. Contextualização ... 29

2.2.1.1. O Consumo de Tabaco ... 29

2.2.1.2. Composição do Fumo do Tabaco ... 29

2.2.1.2.1. Nicotina ... 30

2.2.1.3. Tabaco: As Consequências no Organismo ... 30

2.2.1.4. Tabaco: Mortalidade ... 31

2.2.1.5. Cessação Tabágica ... 31

2.2.1.5.1. Benefícios de Deixar de Fumar ... 31

2.2.1.5.2. Sintomas de Abstinência ... 32

2.2.1.5.3. Terapia na Cessação Tabágica ... 32

2.2.1.5.3.1. Terapia de Substituição de Nicotina (TSN) ... 32

2.2.1.5.3.2. Zyban® (Cloridrato de Bupropiom) ... 33

2.2.1.5.3.3. Champix® (Vareniclina) ... 33

2.2.2. Projeto: Motivação, Objetivo e Metodologia ... 34

2.2.3. Conclusão ... 35

2.3. Projeto 3 – Semana do Saco ... 35

2.3.1. Contextualização ... 35

2.3.2. Projeto: Motivação, Objetivo e Metodologia ... 36

2.3.3. Resultados: Questionários ... 36

2.3.4. Conclusão ... 38

3. Referências ... 39

4. Anexos ... 45

4.1. Anexo 1: Espaço Exterior da Farmácia Saúde do Vale ... 46

4.2. Anexo 2: Espaço Interior da Farmácia Saúde do Vale ... 46

4.3. Anexo 3: Certificado de Participação na Formação da Ducray®: Formação de cuidados dermatológicos: Hiperpigmentações e fotoenvelhecimento; Prurido; Pele atópica e eczemas; Hiperhidrose... 46

4.4. Anexo 4: Certificado de Participação na Formação da Pierre Fabre®: Cuidados de rosto e proteção solar & Novidades ... 46

4.5. Anexo 5: Poster do Projeto Saiba “Ouvir” a Sua Tiroide ... 46

4.6. Anexo 6: Apresentação Saiba “Ouvir” a Sua Tiroide ... 46

4.7. Anexo 7: Folheto do projeto Saiba “Ouvir” a Sua Tiroide ... 46

(9)

ix

4.9. Anexo 9: Poster do Projeto de Deixar de Fumar? ... 46

4.10. Anexo 10: Apresentação Gostava de Deixar de Fumar? ... 46

4.11. Anexo 11: Folheto do projeto Gostava de Deixar de Fumar? ... 46

4.12. Anexo 12: Fotos da palestra com o tema Gostava de Deixar de Fumar? ... 46

4.13. Anexo 13: Poster do Projeto Semana do Saco ... 46

4.14. Anexo 14: Questionário Semana do Saco ... 46

4.15. Anexo 15: Dados recolhidos pelos questionários, no projeto Semana do Saco……..………..46

4.16. Anexo 16: Exemplo de um dos questionários da Semana do Saco ... 46

4.17. Anexo 17: Semana do Saco: Resultados ... 46

Índice de Figuras

Figura 1 - Localização e forma da tiroide humana ...………..…….20

Figura 2 – Distribuição da medicação dos utentes participantes pelas diferentes classes terapêuticas.………...……….……....37

Figura 3 – Parede exterior principal da Farmácia Saúde do Vale……….………….45

Figura 4 – Cruz verde iluminada……….………….45

Figura 5 – Parque de estacionamento privativo da Farmácia Saúde do Vale……….……46

Figura 6 – Sala de atendimento ao público da Farmácia Saúde do Vale……….……47

Figura 7 – Sala para armazenamento do stock principal, gestão e receção de encomendas e outros assuntos de gestão ...………..……….……….47

Figura 8 – Laboratório ...……….………..48

Figura 9 – Armazém….……….……….48

Figura 10 – Gabinete de Atendimento Personalizado (GAP)………..49

Figura 11 – Gabinete do gestor financeiro da farmácia………...………49

Figura 12 – Foto da palestra com o tema Saiba “Ouvir” a Sua Tiroide..………...60

Figura 13 – Foto da palestra com o tema Saiba “Ouvir” a Sua Tiroide..………...60

Figura 14 – Foto da palestra com o tema Gostava de Deixar de Fumar?…..………..71

(10)

x Figura 16 – Variação do número de problemas de saúde e de medicamentos com a idade dos participantes ...………...……….76 Figura 17 – Variação do número de medicamentos com a idade dos participantes, por

sexo………..76

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio na Farmácia Saúde do Vale………...……….2 Tabela 2 – Dados recolhidos através dos questionários, no projeto Semana do

(11)

xi

Lista de Abreviaturas

FSV - Farmácia Saúde do Vale DL - Decreto-Lei

GAP - Gabinete de Atendimento Personalizado

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica SNS - Serviço Nacional de Saúde

PCHC - Produtos de Cosmética e Higiene Corporal PVP - Preço de Venda ao Público

MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica FEFO - First Expired, First Out

IMC - Índice de Massa Corporal

DCI - Denominação Comum Internacional

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

CCF - Centro de Conferência de Faturas SAMS - Serviços de Assistência Médico Social

SSCGD - Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos CNP - Código Nacional do Produto

ANF - Associação Nacional das Farmácias T3 - Triiodotironina T4 - Tetraiodotironina ou Tiroxina MIT - Monoiodotirosina DIT - Diiodotirosina rT3 - Triiodotironina Reversa TSH - Thyroid-Stimulating Hormone TRH - Thyrotropin-Releasing Hormone LDL- Low Density Lipoprotein)

TRAb, TSI ou TSH-R [stim] Ab - Thyroid-stimulating Immunoglobulin

TPO Ab – Anticorpo Anti-peroxidase da Tiroide Tg Ab – Anticorpo Anti-tiroglobulina

TSH-R [block] Ab– Anticorpo anti-recetor TSH – blocking

L-T4- Levotiroxina

DGS - Direção Geral de Saúde α4β2 - alfa4beta2

AVC - Acidente Vascular Cerebral

DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica OMS - Organização Mundial de Saúde

(12)

xii

(13)

1

1. Parte 1: Descrição das Atividades Desenvolvidas na Farmácia

Saúde do Vale

1.1. Introdução

O estágio profissionalizante é, para muitos, o primeiro contacto dos futuros farmacêuticos com o mundo do trabalho. Este constitui, assim, um momento de intensa aprendizagem e desenvolvimento, moldando o profissional de saúde que o completa. O conhecimento apreendido, quer de base clínica, comunicação clínica ou de gestão e de outras particularidades associadas à farmácia comunitária atual, como marketing, é essencial para complementar a formação recebida ao longo do curso, principalmente tendo em conta que é esta a área dominante da nossa profissão.

O farmacêutico comunitário apresenta um papel muito importante na sociedade, pois é o profissional de saúde mais próximo da população, sendo o último a contactar com os utentes antes dos mesmos iniciarem uma nova terapêutica e primeiro a quem, muitas vezes, estes recorrem quando existe um possível problema de saúde, tendo, neste caso, a responsabilidade de aconselhá-lo no melhor sentido. Desta forma, o farmacêutico deve estar preparado e, considerando a confiança que lhe é atribuída, contribuir para a promoção da saúde, não só durante os atendimentos, mas também através de intervenções na comunidade.

Inerente à profissão são, também, os desafios da realidade atual, que passam, principalmente em zonas mais rurais, afastadas das grandes cidades, por uma população envelhecida, polimedicada, empobrecida e desinformada. Nestes casos, o trabalho e a conduta do farmacêutico adquirem um significado ainda mais fulcral.

Posto isto, escolhi a Farmácia Saúde do Vale (FSV) para realizar o meu estágio curricular, sob a orientação da Dr.ª Daniela Matos. Para além da proximidade do meu local de residência, a minha decisão recaiu sobre a farmácia em questão uma vez que serve uma comunidade com as características acima descritas como desafiantes, pelo que senti que isso iria atribuir uma maior importância às minhas intervenções, incluídas na parte 2 do presente relatório, e enriquecer a minha formação, tornando-me, consequentemente, numa melhor profissional.

1.2. Plano de Estágio

O estágio na FSV foi desenvolvido entre os dias 23 de abril e 22 de julho de 2018, compreendendo o meu horário 7h30 diárias, de segunda a sexta, entre as 8h30 e as 20h, com 4 horas de pausa para almoço.

Ao longo destes 3 meses, pude concluir a minha formação desempenhando as diferentes tarefas incluídas nas responsabilidades de um farmacêutico comunitário, bem como desenvolver 3 projetos de intervenção na comunidade.

(14)

2

Tabela 1 – Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio na Farmácia Saúde do Vale.

1.3. Farmácia Saúde do Vale

1.3.1. Localização, Horário de Funcionamento

A FSV está localizada na Rua de Aldares, nº 33, em São Mamede de Negrelos, concelho de Santo Tirso. Esta é uma farmácia recente, tendo sido inaugurada em 2015. O seu horário de funcionamento é entre as 8h30 e as 20h00, de segunda a sexta, e entre as 9h00 e as 19h00, com 1h30 para pausa de almoço das 12h30 às 14h00, ao sábado.

1.3.2. Espaço Físico 1.3.2.1. Espaço Exterior

Considerando o espaço exterior, a farmácia é facilmente identificável pela presença de um letreiro iluminado com o nome da mesma (Anexo 1 – Figura 3), na parede virada para a rua, e de uma “cruz verde” (Anexo 1 – Figura 4), que se encontra sempre ligada, mostrando informações

como o horário de funcionamento, a data, a hora e a temperatura.

A FSV beneficia ainda de um parque de estacionamento privativo (Anexo 1 – Figura 5), para uma maior comodidade dos seus utentes.

1.3.2.2. Espaço Interior

De acordo com o artigo 29º do Decreto-Lei (DL) nº 307/2007, as instalações de uma farmácia devem ser apropriadas para garantir “a segurança, conservação e preparação dos medicamentos”,

Atividades Desenvolvidas durante o Estágio Abril Maio Junho Julho

Receção de Encomendas

Armazenamento de Produtos e Reposição de Stock Controlo dos Prazos de Validade

Gestão e Regularização de Devoluções Determinação de Parâmetros Bioquímico Atendimento ao Público

Formações

Projeto 1 - Saiba “Ouvir” a sua Tiroide

Projeto 2 - Gostava de Deixar de Fumar? Projeto 3 – Semana do Saco

(15)

3 bem como “a acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes e do respetivo pessoal”. Desta forma, as farmácias devem contar com uma “sala de atendimento ao público”, um “armazém”, um “laboratório” e “instalações sanitárias” [1]. A FSV tem apenas um piso, assegurando a acessibilidade a cidadãos portadores de deficiência, e, para além das divisões enumeradas, conta, também, com um Gabinete de Atendimento Personalizado (GAP), um gabinete do gestor financeiro da farmácia e uma área para armazenamento do stock principal, gestão e receção de encomendas e outros assuntos de gestão.

Na sala de atendimento existem dois balcões de atendimento, vários expositores com produtos de dermocosmética, de higiene oral, corporal e íntima, suplementos alimentares, puericultura, entre outros, prateleiras não diretamente acessíveis aos utentes onde estão dispostos Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e duas montras, voltadas para o exterior, decoradas com temas e produtos sazonais.

O GAP é, como o próprio nome indica, o local onde são prestados os serviços personalizados, entre os quais a medição da pressão arterial, a determinação de parâmetros bioquímicos e a administração de injetáveis. Para além disso, é também usado para as consultas de nutrição, que ocorrem às sextas de quinze em quinze dias, e quando o aconselhamento requer uma maior privacidade do que a oferecida pelo atendimento ao balcão.

A sala onde o stock principal dos medicamentos é armazenado possui gavetas, que permitem organizá-los, de forma alfabética, em 12 secções (comprimidos e cápsulas, pomadas e cremes, inaladores e soluções para nebulização, xaropes, produtos nasais, loções, gotas orais, produtos oftálmicos, ampolas, produtos ginecológicos e produtos do protocolo da diabetes), independentemente de serem de marca ou genéricos, e um frigorífico, para os medicamentos que requerem refrigeração, como vacinas e insulinas. Esta zona contém, ainda, o material informático e os arquivos de informação necessários para os trabalhos de gestão farmacêutica, bem como de gestão e receção de encomendas.

Os excedentes dos medicamentos e outros produtos de saúde são colocados no armazém, assim como os expositores que não estão a ser usados, sacos, material de limpeza, entre outros. No armazém incluem-se, também, os cacifos dos colaboradores e um armário, trancado, no qual se encontram os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos.

Uma vez que na FSV não há a produção de medicamentos manipulados, o laboratório destina-se atualmente, apenas, à reconstituição das preparações extemporâneas.

Imagens das áreas referidas podem ser consultadas no Anexo 2 – Figuras 6 a 11.

(16)

4 1.3.3. Recursos Humanos

A FSV apresentou, no ano civil anterior, um “valor de faturação ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) igual ou inferior a 60% do valor da faturação média anual por farmácia ao SNS”, pelo que pode beneficiar de certas exceções, descritas no artigo 57º-A do DL nº 307/2007. Assim, esta farmácia está dispensada da obrigatoriedade de ter um segundo farmacêutico, isto é, um farmacêutico para além do diretor técnico, como previsto no artigo 23º do mesmo DL [1].

A equipa da FSV é, então, constituída pela Dr.ª Daniela Matos, diretora técnica e minha orientadora de estágio, e por uma técnica de farmácia. Trata-se de uma equipa jovem e dinâmica, com espírito de cooperação e melhoria contínua, que criou as condições necessárias para a minha educação e formação profissional ao longo do estágio.

Tal como requerido, ambas usam um cartão onde está indicado o seu nome e título profissional.

1.3.4. Sistema Informático

O sistema informático utilizado na FSV é o Sifarma 2000®, desenvolvido pela Glintt®. O

Sifarma® é o software ao qual 90% das farmácias portuguesas recorrem como ferramenta de gestão

e ao nível do atendimento [2].

O seu uso é bastante intuitivo, pelo que a adaptação à execução das diversas funções que requerem o recurso ao mesmo foi fácil. No início, comecei por utilizá-lo na receção de encomendas e, com o decorrer do estágio, no atendimento e em outros processos de gestão, como gestão de encomendas, gestão e regularização de devoluções, controlo dos prazos de validade, entre outros.

No atendimento, o Sifarma 2000® apresenta-se como um sistema muito útil e completo,

contendo informação científica, como indicações, posologia, interações e reações adversas, que auxiliam o profissional de saúde a praticar um aconselhamento de qualidade. Adicionalmente, permite que, durante o atendimento, se possa verificar o stock do produto e criar a reserva do mesmo, caso necessário, bem como consultar a ficha do utente e as suas compras anteriores na farmácia.

1.4. Encomendas e Gestão de Produtos

A gestão dos produtos e, particularmente, das encomendas, de uma farmácia comunitária é um aspeto fulcral na gestão da mesma, uma vez que esta é, na sua essência, uma empresa comercial. Uma boa gestão do stock, quer seja de medicamentos quer de outros produtos, torna a farmácia atrativa para os utentes, fidelizando-os, e, desta forma, aumenta o retorno associado.

(17)

5 1.4.1. Gestão de Stock

A gestão de stock tem como principal objetivo o de assegurar as necessidades dos utentes, sem que isso signifique o armazenamento de uma quantidade em excesso dos produtos e, consequentemente, prejuízo para a farmácia.

Este equilíbrio exige, assim, uma análise pormenorizada do número de vendas dos produtos ao longo do ano, considerando a sazonalidade, quando apropriado, do possível aumento na sua publicitação, da existência de promoções associadas, do espaço reservado para o seu armazenamento, entre outros fatores, como regulamentares, sendo que, por exemplo, as farmácias devem possuir pelo menos três dos cinco medicamentos mais baratos de cada grupo homogéneo [3].

O Sifarma 2000® é um sistema muito adaptado a este processo, uma vez que permite

visualizar como variou o stock do produto nos meses passados e, com base nisso e nos restantes fatores enumerados, definir os stocks mínimo e máximo. Assim, sempre que o valor de stock mínimo para o produto é atingido, o programa gera, de forma automática, uma proposta de encomenda do mesmo, que é, depois, analisada pelo profissional competente.

Para uma boa gestão de stock é fundamental garantir que o stock físico é o mesmo que o indicado pelo sistema, tendo em conta que podem existir discrepâncias resultantes de erros na receção das encomendas ou no atendimento, ou até mesmo furto.

Por último, de acordo com o artigo 34º do DL nº 307/2007, “as farmácias não podem fornecer medicamentos, ou outros produtos, que excedam o prazo de validade” [1], pelo que todos os meses se emite a listagem, designada por Lista de Controlo de Prazos de Validade, dos produtos cujo prazo de validade é inferior a três meses relativamente àquele momento. Os prazos são, então, verificados e os medicamentos recolhidos para devolução ou, no caso de MNSRM de preço marcado, para quebras. Os produtos de preço marcado com IVA a 23% que fazem parte da referida listagem são colocados num expositor em frente ao balcão de atendimento e é aplicado um desconto por validade curta sobre os mesmos. Por outro lado, quando as validades se encontram desatualizadas e, por isso, não correspondem às do stock presente na farmácia, as mesmas são corrigidas no sistema.

1.4.2. Gestão de Encomendas

Quase na totalidade dos dias, como forma de reposição do stock, são geradas as encomendas diárias, através do Sifarma®, aos armazenistas de distribuição grossista com que a FSV trabalha:

Alliance Healthcare® e Botelho & Rodrigues, Lda.®. As encomendas diárias são criadas com base

nos valores de stock mínimo definidos para os diferentes produtos e nas encomendas que são forçadas, isto é, durante os atendimentos o sistema permite “forçar” uma determinada quantidade de um produto, de modo a que este surja na proposta de encomenda. As propostas de encomenda

(18)

6 para cada um dos dois fornecedores referidos são, então, analisadas, normalmente, pela diretora técnica, que decide, produto a produto e tendo em conta o perfil de venda do mesmo, as quantidades “forçadas”, quando é esse o caso, e as suas condições de compra, a quantidade que é pedida e para qual dos armazenistas. Após aprovadas, estas são enviadas diretamente, através do sistema, para a Alliance Healthcare®, duas vezes por dia, e para a Botelho & Rodrigues, Lda.®,

apenas uma vez por dia.

As encomendas instantâneas correspondem a pedidos de um único produto, independentemente da quantidade requisitada, que são, igualmente, feitos de forma direta, através do Sifarma®, aos fornecedores, inclusive durante os atendimentos, sendo possível consultar a hora

prevista de entrega do produto.

Outro tipo de encomenda é a encomenda Via Verde, que partiu do Projeto Via Verde do Medicamento, e que permite à farmácia criar um pedido de certos produtos, cujo stock é mais controlado, durante o atendimento, perante uma receita válida dos mesmos, assegurando, assim, a sua receção.

Ao longo do meu estágio, tive, ainda, a oportunidade de realizar encomendas manuais, que são geradas sem terem base em qualquer proposta e que podem ser comunicadas ou não aos armazenistas. Estas são comummente usadas nos casos em que é recebida uma encomenda cujo pedido foi feito por telefone, por e-mail ou presencialmente, com delegados de informação médica.

Por último, na FSV efetuam-se regularmente encomendas diretas aos laboratórios, quer de medicamentos genéricos, quer de Produtos de Cosmética e Higiene Corporal (PCHC), como é o caso da Mylan® e da Uriage®, de modo a poder usufruir de descontos superiores, uma vez que são

pedidas elevadas quantidades e não inclui a margem de lucro para o fornecedor.

1.4.3. Receção de Encomendas

Na FSV são recebidas duas encomendas diárias da Alliance Healthcare®, de manhã e de tarde,

e uma da Botelho & Rodrigues, Lda.®, apenas de manhã, pelo que, normalmente, quando é

necessário receber um produto ainda no mesmo dia, a encomenda é feita para o primeiro dos armazenistas mencionados. Estas destinam-se, então, a repor o stock dos produtos vendidos, bem como a obter as reservas dos utentes. Frequentemente, são, também, recebidas encomendas instantâneas, Via Verde e pedidas diretamente aos laboratórios, como já referido.

As encomendas diárias vêm em caixas de plástico, designadas por “banheiras”, contendo cuvetes de gelo quando se tratam de produtos refrigerados, ou em caixas de cartão, e fazem-se acompanhar da respetiva fatura, de onde constam várias informações, entre as quais o número de unidades de cada produto enviadas e o preço de faturação. No caso de algumas encomendas feitas diretamente aos laboratórios, é enviado um guia de remessa a acompanhar os produtos, pelo que o envio da fatura é posterior.

(19)

7 Ao longo do meu estágio, fui eu que, quando presente, procedi à receção das encomendas na FSV, conferindo o número de unidades, o valor faturado, o prazo de validade e o PVP (Preço de Venda ao Público) das mesmas, no caso dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM). Por outro lado, em MNSRM e restantes produtos de venda livre, o preço deve ser marcado na FSV de acordo com as margens de lucro definidas pela farmácia, que dependem do IVA a que estão sujeitos. Quando todos os parâmetros forem verificados e definidos, a encomenda é aprovada, podendo os possíveis produtos indisponíveis ser transferidos para uma encomenda suspensa para outro fornecedor.

1.4.4. Armazenamento dos Produtos

O armazenamento dos produtos foi, a par da receção de encomendas, a minha principal tarefa durante as primeiras três semanas de estágio, o que foi muito importante não só para conhecer os produtos que existem no mercado e dos quais temos stock, como também para saber onde estes se encontram, útil para o atendimento numa fase posterior.

De modo a controlar o stock físico regularmente, os produtos recebidos são colocados num carrinho com gavetas contendo números, de 0 a 5 ou mais, de acordo com o número de unidades existentes na farmácia, que é dado pelo sistema na receção da encomenda. Assim, quando esta era armazenada, eram verificados os níveis de stock dos produtos.

Como já referido, o stock principal de medicamentos está, na FSV, organizado em gavetas por ordem alfabética, dividido segundo a forma farmacêutica ou local de ação do medicamento. Existem, também, alguns MNSRM que estão expostos na sala de atendimento, por trás do balcão, apenas acessíveis ao profissional de saúde, e outros produtos como PHCH e suplementos, por exemplo, que se encontram acessíveis aos utentes. Por último, os excedentes dos artigos referidos, bem como os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, encontram-se no armazém.

O armazenamento dos produtos na FSV segue o princípio FEFO (First Expired, First Out), o que implica que, nos produtos que chegam, o prazo de validade dos mesmos seja comparado com o dos previamente presentes na farmácia, quando assim é o caso, e os produtos cuja validade se encontra mais próxima do fim são colocados à frente. Este princípio pretende, assim, evitar o desperdício e o prejuízo para a farmácia, ao minimizar a quantidade de produtos de validade expirada.

Todos os produtos são mantidos a uma temperatura que varia entre 18ºC e 25ºC, excetuando os que são armazenados no frigorífico (2-8ºC), e humidade inferior a 60%. Para monitorizar a manutenção destas condições e de modo a reagir rapidamente a qualquer desvio às mesmas, na FSV existem termohigrómetros em todos os locais onde estão presentes produtos: sala de atendimento, armazém, frigorífico e na sala onde é armazenado o stock principal.

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8 1.4.5. Gestão e Regularização de Devoluções

Existem vários possíveis motivos para fazer a devolução de um produto, entre os quais o prazo de validade curto ou expirado, engano no pedido e a embalagem danificada. A Nota de Devolução dos produtos para os diferentes fornecedores é criada diretamente no Sifarma® e inclui o motivo da

devolução, o produto que se pretende devolver e a quantidade do mesmo, bem como o número da fatura de origem. Este documento é impresso em triplicado e colocado junto ao produto até que o distribuidor do respetivo armazenista faça uma nova entrega de encomenda na farmácia. Neste momento, o responsável pela recolha assina, carimba e data o triplicado da Nota de Devolução, que fica na farmácia para posterior regularização, e transporta, juntamente com o produto, o original e duplicado.

Durante o meu estágio na FSV, fiz parte da gestão de devoluções, com a criação de Notas de Devolução e regularização das mesmas. A regularização é feita no sistema informático, e pode consistir no envio de produto(s) para troca ou, como é mais frequente, de uma nota de crédito. Caso a devolução não seja aceite, o produto é devolvido à farmácia.

1.5. Determinação de Parâmetros Bioquímicos, Fisiológicos e Antropométricos

Como forma de introdução ao atendimento ao público, a partir da minha terceira semana de estágio, comecei por fazer a determinação de parâmetros bioquímicos, fisiológicos e antropométricos a quem os requisitasse, sendo que, de modo a estar familiarizada com o equipamento do qual a FSV dispõe para a realizar, houve um momento de explicação e observação prévia com a orientadora de estágio.

O farmacêutico é o profissional de saúde mais próximo da população, como já mencionado, pelo que é importante para os utentes poderem receber do mesmo aconselhamento quanto aos seus valores nestes parâmetros. Para além disso, a farmácia comunitária tem, na maioria dos casos, uma localização mais acessível e não é necessária qualquer marcação. Assim, atualmente, assegurar estes serviços é, sem dúvida, uma das mais valias da farmácia comunitária.

Na FSV é disponibilizada, sob a forma de serviços sujeitos a um pagamento, a medição da pressão arterial, do colesterol total, dos triglicerídeos, da glicémia e, ainda, do peso e altura, permitindo o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC).

1.5.1. Medição da Pressão Arterial

A hipertensão está associada a um maior risco de doenças e eventos cardiovasculares e, a nível nacional, uma elevada percentagem da população é hipertensa [4]. Assim, um controlo cuidadoso da pressão arterial demonstra-se fundamental.

Este é o parâmetro cuja determinação é mais frequente na FSV, existindo vários utentes que medem regularmente a sua pressão arterial na farmácia, isto é, uma vez por semana ou

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9 quinzenalmente. A FSV dispõe de um tensiómetro automático de braço, sendo a medição precedida de uns minutos de descanso e feita sempre três vezes, com o utente sentado e confortável, tendo o braço apoiado numa superfície plana.

Quando realizei estas medições, ao longo do meu estágio, forneci aos utentes um cartão de registo dos valores determinados e alertei para a importância da monitorização regular. Aconselhei, ainda, os utentes a respeitarem a posologia definida pelo médico para os anti-hipertensores, nos casos em que tal se aplicava, e a adotarem um estilo de vida saudável, com a prática de exercício físico e a redução de ingestão de sal como principais medidas para o controlo da pressão arterial.

1.5.2. Medição da Glicémia Capilar

Em Portugal, a prevalência estimada de diabetes, no ano de 2015, era de 13,3% [5], o que é preocupante considerando as complicações macro e microvasculares que lhe estão associadas, como a doença cardiovascular e a nefropatia, respetivamente.

A medição da glicémia capilar realizada na farmácia pode auxiliar no diagnóstico de novos casos, embora o farmacêutico deva, nessa situação, remeter para o médico que irá verificar os resultados obtidos, e permite aos utentes com diabetes já diagnosticada, a monitorização da efetividade da terapêutica e outras possíveis medidas instituídas.

Este é, também, um parâmetro comummente determinado na FSV, pelo que tive a oportunidade de o realizar com alguma frequência. O aconselhamento dado por mim aquando da medição da glicémia capilar focou o facto de ser essencial o cumprimento da terapia farmacológica prescrita e os cuidados requeridos na alimentação, particularmente no que toca aos hidratos de carbono.

1.5.3. Medição do Perfil Lipídico

Outro dos principais fatores de risco para a ocorrência de eventos cardiovasculares é um perfil lipídico com valores elevados de colesterol e/ou triglicerídeos.

Na FSV é possível proceder à medição destes dois parâmetros, sendo que, para a determinação dos triglicerídeos é necessário um jejum de 12 horas. Ambos são medidos usando sangue capilar, tal como para a glicémia, e com recurso a um aparelho automático, que apresenta o resultado em apenas alguns segundos.

Ao longo destas determinações tentei desenvolver uma conversa com os utentes que me permitisse identificar possíveis problemas como a falta de adesão à terapêutica e/ou uma alimentação inadequada, podendo, assim, direcionar da melhor forma o aconselhamento. O estilo de vida tem um papel preponderante no perfil lipídico, pelo que recomendei a redução da ingestão de gorduras saturadas e o aumento da ingestão de legumes e frutas, bem como a prática de exercício físico.

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10 1.5.4. Determinação de Parâmetros Antropométricos

A FSV dispõe de um equipamento na sala de atendimento que permite a determinação do peso e altura dos utentes, calculando, ainda, automaticamente o IMC. Embora os utentes possam usar o aparelho sem a intervenção do profissional de saúde, foi comum questionarem acerca do valor do IMC. Nestes casos, expliquei que se tratava de uma relação entre o seu peso e altura e que indicava se apresentava o peso ideal, um peso inferior ao normal, excesso de peso ou obesidade.

1.6. Outros Serviços Disponíveis na Farmácia Saúde do Vale

1.6.1. Administração de Vacinas e outros Medicamentos Injetáveis

A FSV disponibiliza a administração de certas vacinas, não incluídas no Plano Nacional de Vacinação, como a vacina da gripe, que é o caso mais frequente, e de outros medicamentos injetáveis. Embora este serviço não constituísse parte do meu estágio, uma vez que não me encontrava habilitada para tal, reconheci-o como uma mais valia para a farmácia e para os seus utentes, uma vez que, para além de ter uma localização acessível para os mesmos, permite que evitem ter que se deslocar a dois sítios, um para a compra e outro para a administração.

1.6.2. Consultas de Nutrição

Como referido anteriormente, uma sexta-feira a cada quinze dias existe uma nutricionista disponível para consultas aos utentes, perante marcação prévia. Nestas consultas de nutrição é feita a avaliação antropométrica dos utentes e é dado aconselhamento relativo ao estilo de vida e a produtos que podem ser úteis para alcançar os resultados desejados. Os produtos aconselhados são da marca Super Premium Diet®, marca à qual está associada também a nutricionista.

A alimentação está na base de uma vida saudável, adquirindo a prestação deste serviço na farmácia um caráter preponderante para o objetivo da promoção da saúde da população. O mesmo tem tido, até agora, muita adesão e um bom feedback, inclusive no que toca aos produtos aconselhados.

1.6.3. ValorMed

A ValorMed é uma sociedade sem fins lucrativos, como está descrito na sua página online, que surgiu, em 1999, perante a necessidade da criação de um sistema para recolha e tratamento dos resíduos de medicamentos [6].

Desta forma, a FSV possui no armazém contentores de recolha da ValorMed onde coloca os resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso entregues pelos utentes. Uma vez cheios, estes são fechados e, posteriormente, recolhidos pela Alliance Healthcare®.

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11 1.6.4. Cartão Saúda

O cartão Saúda é um cartão ao qual qualquer utente pode aderir e que lhe permite acumular pontos em todas as compras de produtos (1 euro = 1 ponto), com a exceção dos MSRM. Para além disso, é ainda atribuído um ponto na primeira visita diária à farmácia, desde que o valor da compra seja igual ou superior a 3 euros, mesmo que apenas em MSRM. Os pontos acumulados podem depois ser trocados quer por vales de dinheiro quer por produtos incluídos no catálogo de pontos do cartão Saúda.

O facto da FSV possibilitar a utilização do cartão Saúda é uma característica atrativa para a comunidade, visto não ter qualquer custo associado e apresentar as vantagens descritas.

1.7. Atendimento ao Público

– Dispensa de Produtos em Farmácia Comunitária

O ato farmacêutico que mais define qualquer farmácia é o atendimento, mais concretamente o processo de dispensa de produtos e o aconselhamento associado. Este deve ser o mais completo possível, adaptado a cada utente e deve ter como objetivo principal um tratamento seguro e efetivo, uma vez que é o farmacêutico quem apresenta o papel central na promoção do uso racional do medicamento.

A partir da quarta semana de estágio comecei a fazer atendimento ao público, acompanhada, numa primeira fase, pela minha orientadora, e, numa fase posterior, de forma mais autónoma. Esta foi, sem dúvida, das atividades desenvolvidas ao longo do estágio, aquela em que mais aprendi, não só em termos científicos/clínicos, mas, principalmente, ao nível da postura e da comunicação. Desta forma, fez sempre parte do meu atendimento procurar transmitir toda a informação importante e esclarecer todas as possíveis dúvidas dos utentes, ouvindo com atenção, tendo espírito crítico e procurando mais informação quando necessário.

1.7.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM)

Segundo o DL nº 176/2006, um medicamento define-se como uma “substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [7]. No artigo 114º do mesmo DL, é possível ler-se que os MSRM, em particular, são medicamentos que podem constituir um risco para a saúde dos doentes, quando usados sem acompanhamento médico ou para fins diferentes daqueles para os quais estão indicados, que contêm substâncias com atividade ou possíveis reações adversas ainda não totalmente esclarecidas e/ou quando são administrados por via parentérica [7].

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12 Assim, a dispensa de MSRM deve ser um complemento à prescrição dos mesmos, incluindo a verificação desta mesma prescrição, sem a qual não podem ser vendidos na farmácia, e procurando maximizar as vantagens que advém do uso do medicamento. Este processo é praticado na FSV, especialmente quando se trata de uma terapia a começar ou que foi recentemente iniciada.

1.7.1.1. A Prescrição Médica

Ao longo do meu estágio, lidei com vários tipos de prescrição médica, sendo os principais a receita manual e a eletrónica, materializada e desmaterializada.

As receitas manuais ainda são usadas com alguma regularidade, embora sejam cada vez mais raras e apenas possam ser preenchidas excecionalmente em quatro situações: falência do sistema informático, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio e prescrição máxima de 40 receitas médicas por mês. Estas receitas, efetuadas em documento pré-impresso, apresentam uma validade de 30 dias e não podem ser renováveis [8].

As receitas eletrónicas materializadas, por outro lado, podem ser renováveis, sendo válidas para 6 meses, no caso de tratamentos de longa duração [8]. Estas apresentam, ainda, outras vantagens relativamente às receitas manuais, como, por exemplo, a diminuição da ocorrência de erros na interpretação da prescrição médica.

As receitas eletrónicas desmaterializadas, isto é, receitas sem papel, são, sem dúvida, as mais comuns na atualidade. Enquanto que nas prescrições manuais existia um limite de apenas quatro unidades por receita e não mais do que duas do mesmo medicamento, com a exceção de unidoses, nestas podem ser prescritos um número ilimitado de diferentes produtos sem, contudo, ultrapassar as seis unidades por medicamento, para tratamentos prolongados, e as duas unidades para os tratamentos agudos [8]. Para o farmacêutico conseguir ter acesso a estas receitas sem papel, são precisos o número de receita e o código de dispensa, bem como o código de direito de opção, quando o utente o pretende exercer. Assim, esses dados podem ser enviados para o telemóvel ou

e-mail dos utentes ou o prescritor pode fornecer aos mesmos a guia de tratamento, da qual os códigos

constam. A principal vantagem que lhes está associada é o facto do utente não ter que levantar toda a medicação prescrita na receita ao mesmo tempo nem na mesma farmácia, podendo fazê-lo de acordo com as necessidades, ao longo de 30 dias (tratamento agudo) ou 6 meses (tratamento crónico) [8].

Outra importante característica das receitas atuais é o facto das mesmas deverem incluir as Denominações Comuns Internacionais (DCIs) que se pretendem prescrever, em vez do nome da marca comercial, exceto no caso de ser, realmente, impossível a substituição do medicamento de marca pelo genérico [8]. Nestas exceções, descritas no artigo 6º da Portaria nº 224/2015, é necessário incluir na prescrição uma justificação técnica: exceção a) medicamento com margem ou índice terapêutico estreito; exceção b) suspeita de intolerância ou reação adversa prévia, que tenha sido anteriormente reportada ao INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de

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13 Saúde, I.P.); e exceção c) tratamento com duração estimada superior a 28 dias [8]. Para além disso, existe ainda uma quarta situação em que tal pode ser feito que corresponde à inexistência de um medicamento genérico comparticipado para a substância ativa em questão [8]. Na situação descrita pela exceção c) o utente possui, porém, a opção de escolher qualquer outro medicamento com a mesma DCI, forma farmacêutica, dose e tamanho de embalagem, desde que apresente preço igual ou inferior ao medicamento de marca [8].

Na FSV, em regra o utente é questionado acerca da preferência entre o medicamento de marca e o genérico, no caso de um tratamento agudo ou a iniciar. Para medicação crónica, é dispensado o medicamento habitual, a não ser que o utente decida escolher outro.

1.7.1.2. Validação da Prescrição Médica

Aquando da receção de qualquer tipo de receita médica, é necessário verificar que esta se encontra conforme para que o farmacêutico possa, então, proceder à sua dispensa.

Nas prescrições eletrónicas sem papel, o sistema informático valida automaticamente a receita. No entanto, em receitas materializadas, a verificação deve ser feita pelo farmacêutico, tendo em conta certos aspetos como a identificação do utente e do prescritor, a entidade financeira responsável pela comparticipação, que é, mais comummente, o SNS, a identificação dos medicamentos, que pode ser feita de acordo com o descrito acima, e a respetiva quantidade e posologia, bem como duração do tratamento, o regime de comparticipação, a data de prescrição e a validade da mesma. Adicionalmente, nas receitas manuais é ainda preciso confirmar que a receita está assinada, não rasurada, nem escrita com cores de caneta diferentes e que está assinalada uma das quatro justificações técnicas.

Ao longo do estágio na FSV, sempre que dispensava medicamentos prescritos através duma receita manual, procedia à verificação dos pontos enumerados, de forma a certificar-me de que esta era válida e seria aceite pelo Centro de Conferência de Faturas (CCF).

1.7.1.3. Regimes de Comparticipação

Os sistemas de comparticipação dos medicamentos têm como objetivo tornar a saúde mais acessível, não tendo o utente que pagar a medicação na sua totalidade.

O SNS é o sistema mais frequente e pretende “obter melhor equidade e mais valor para todos os cidadãos”, melhorando o acesso ao medicamento por parte de pessoas com menos recursos económicos, tornando o sistema de comparticipações “mais racional e eficiente” e promovendo a “generalização da utilização do medicamento genérico” [9]. Este apresenta um regime geral e um regime especial de comparticipações. No regime geral, a parte do preço do medicamento que é paga pelo Estado depende da classificação farmacoterapêutica do mesmo e divide-se em quatro escalões: escalão A – 90% do PVP dos medicamentos; escalão B – 69% do PVP dos

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14 medicamentos; escalão C – 37% do PVP dos medicamentos; escalão D – 15% do PVP dos medicamentos [10]. Já no caso de pensionistas cujo rendimento total anual não ultrapassa 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato, estes estão abrangidos pelo regime especial, sendo a comparticipação para medicamentos incluídos no escalão A acrescida de 5% e de 15% nos restantes escalões [9]. Para além disso, estes utentes podem ainda beneficiar de uma comparticipação de 100% se optarem por um dos 5 medicamentos com preço mais baixo de determinado grupo homogéneo. Existem, ainda, certos grupos de produtos comparticipados pelo SNS com margens de comparticipação diferentes das acima referidas, como, por exemplo, as câmaras expansoras (80%) [11].

Para além do SNS, alguns utentes usufruem de sistemas de complementaridade que pagam uma dada percentagem do PVP da sua medicação, como, por exemplo, os Serviços de Assistência Médico Social (SAMS) e os Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos (SSCGD). Nestas situações, é necessário o cartão de beneficiário do utente, de modo a comprovar a complementaridade de comparticipação. Existem, também, seguros de saúde (Fidelidade, Medicare, etc.) responsáveis pela comparticipação de parte dos encargos do utente.

1.7.1.4. Conferência de Receituário

Nas receitas desmaterializadas existe uma comunicação online direta aos centros de faturação, para posterior reembolso do valor das comparticipações.

Por outro lado, no caso das receitas materializadas o processo é diferente. Quando uma prescrição deste tipo, seja manual ou eletrónica, contendo MSRM, é dispensada, é necessária a impressão, no verso, do documento de faturação, que é assinado pelo utente e que inclui a DCI, o Código Nacional do Produto (CNP), o preço, o valor da comparticipação e o valor pago pelo mesmo. O verso da receita é ainda assinado, datado e carimbado pelo responsável pela dispensa. Ao longo do mês, as prescrições são revistas pela diretora técnica e corrigidas quando necessário e possível.

Quando revalidadas, as receitas são divididas de acordo com a entidade responsável pela comparticipação e com os planos de comparticipação, sendo os mais frequentes na FSV o 01 (SNS) e o 48 (pensionista pertencente ao SNS com reforma inferior ao salário mínimo). Dentro de cada plano, as receitas são organizadas por lotes e numeradas de 1 a 30. Na FSV, no último dia de cada mês, procede-se ao fecho do receituário, com emissão dos verbetes de identificação de cada lote. De seguida, é feita a faturação e as receitas, bem como toda a documentação necessária relativa às mesmas, comparticipadas pelo SNS, são enviadas para o CCF. No CCF é verificado se as receitas foram dispensadas respeitando tanto a vontade do prescritor como também cumprindo todos os aspetos legais associados. Caso exista alguma inconformidade, a receita à devolvida e a comparticipação não é recebida, o que acarreta prejuízo para a farmácia.

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15 Adicionalmente, para o receituário que é comparticipado por organismos complementares de comparticipação, cópias das receitas, juntamente com a cópia do cartão de beneficiário do utente, são enviadas para a Associação Nacional das Farmácias (ANF). A ANF é, então, responsável por enviar as receitas para os respetivos organismos e por transferir o valor recebido pelos mesmos para a farmácia. No caso de receitas sem papel, para utentes com planos adicionais de comparticipação, o regime adicional é acrescentado manualmente e é impresso um documento, de forma automática, que, anexado à cópia do cartão de beneficiário do utente, é enviado para a ANF, juntamente com as receitas anteriormente referidas.

Durante o estágio tive a oportunidade de observar e perceber o processo de fecho dos diferentes organismos de comparticipação e faturação mensal.

1.7.1.5. Medicamentos Genéricos

Medicamentos genéricos são fármacos com “a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação terapêutica que o medicamento original, de marca” e podem ser identificados como tal pela presença da sigla “MG” na embalagem exterior [12].

Como referido anteriormente, promover a utilização de medicamentos genéricos é uma das ações no sentido do uso racional do medicamento, uma vez que estes são, regra geral, mais baratos do que o medicamento de referência, tornando, assim, a saúde mais acessível para os utentes e possibilitando uma melhor gestão de recursos ao SNS.

Durante os atendimentos era comum encontrar utentes que, por desconhecimento, duvidavam da eficácia e segurança dos medicamentos genéricos e, assim, preferiam os de marca. Nesses casos, expliquei aos utentes que estes fármacos haviam demonstrado bioequivalência relativamente aos de referência, assegurando a mesma qualidade, eficácia e segurança, a um preço que é, em média, 20 a 35% inferior [12].

1.7.1.6. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes incluem fármacos cujas substâncias ativas possuem ação depressora ou estimulante do sistema nervoso central, podendo causar dependência, quer física quer psicológica [13]. Assim, a dispensa e gestão dos medicamentos incluídos nesta classe estão sujeitas a requisitos legais particulares.

Considerando a aquisição destes medicamentos, os armazenistas enviam um resumo mensal das requisições dos mesmos, documento que deve ser carimbado, datado e assinado pela diretora técnica, sendo o duplicado reenviado para os distribuidores e o original arquivado na farmácia durante 3 anos [14].

Quanto à dispensa dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, o sistema informático requer o preenchimento dos dados de identificação do utente (nome e morada) e do adquirente

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16 (nome, morada, idade, número e validade do documento de identificação), que pode ou não ser o utente, mas que deve ter mais de 18 anos de idade, para além do nome do médico prescritor e do número da receita. A venda destes medicamentos só pode, então, ser feita perante a apresentação de um documento de identificação, comummente o cartão de cidadão, do adquirente. Ao finalizar a venda, é impresso um documento com os dados relativos à dispensa dos medicamentos em questão, que deve ser arquivado durante 3 anos, juntamente com uma cópia da receita, no caso de receitas materializadas [3].

O registo mensal de saídas de medicamentos pertencentes a esta classe deve ser comunicado ao INFARMED até ao dia 8 do mês seguinte, exceto para as benzodiazepinas, e é, também, necessário o envio do balanço anual de entradas e saídas destes medicamentos, até ao dia 31 de janeiro do próximo ano [14].

Ao longo do estágio pude dispensar alguns destes fármacos, cumprindo o procedimento acima descrito, e ainda observar os restantes passos enumerados, envolvidos na gestão dos medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, compreendendo a sua importância.

1.7.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)

Os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) são medicamentos que, ao contrário dos MSRM, podem ser dispensados sem apresentação de uma prescrição médica, isto é, são medicamentos de venda livre. Estes podem apresentar um caráter sazonal, como, por exemplo, produtos indicados nas picadas de insetos, mais frequentes no verão, ou não, no caso de medicamentos para as dores musculares ou diarreia/obstipação, entre outros. Os exemplos descritos constituíram algumas das patologias para as quais dispensei MNSRM, durante o meu estágio na FSV.

A existência de MNSRM, indicados em problemas de saúde de menor gravidade, torna estes medicamentos mais fácil e rapidamente acessíveis aos utentes, sendo uma mais valia quer para os mesmos, quer para o sistema de saúde, que pode, assim, direcionar os seus recursos para situações mais graves.

No entanto, os MNSRM nunca devem ser vendidos sem aconselhamento por parte do farmacêutico, uma vez que a automedicação pode acarretar riscos para a saúde do utente. Desta forma, após conversar com o utente, o farmacêutico tem a responsabilidade de o encaminhar para o médico, caso seja necessário, ou, então, aconselhar o MNSRM mais adequado, confirmando as indicações para as quais são pretendidos e as posologias mais adequadas, bem como verificando as possíveis contra-indicações, reações adversas e interações com outra medicação tomada pelos utentes.

Ao longo do meu estágio aconselhei, em diversos atendimentos, MNSRM, procurando, em todos os casos, obter o máximo de informação relativamente à situação que o utente pretendia ver

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17 tratada, para aconselhar com segurança e transmitir o conhecimento necessário à utilização eficaz do medicamento.

1.7.3. Dispositivos Médicos

O DL nº 145/2009 define como dispositivo médico “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, (…) cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios…”. Estes podem ser usados para inúmeros fins, como “diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença”, “estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico” e “controlo da conceção”, entre outros [15].

A FSV apresenta uma grande diversidade de dispositivos médicos disponíveis, sendo exemplos destes produtos material de penso, material ortopédico, seringas, testes de gravidez, compressas e produtos usados no controlo da glicemia. Assim, ao longo do estágio, dispensei em vários atendimentos dispositivos médicos, explicando, quando apropriado, como usar/aplicar.

1.7.4. Produtos de Uso Veterinário

A farmácia é o local escolhido por muitos para comprarem produtos para os seus animais, seja desparasitantes, externos e internos, champôs, pílulas contracetivas, suplementos alimentares, entre outros. A FSV dispõe de exemplos de produtos de todas as categorias referidas, sendo os mais vendidos os desparasitantes externos.

Uma vez que a formação ao longo do curso não nos prepara para esta área que é, atualmente, uma parte importante da realidade das farmácias comunitárias, durante o estágio fiz alguma pesquisa, de modo a estar apta a fazer um aconselhamento e atendimento de qualidade.

1.7.5. Produtos de Cosmética e Higiene Corporal (PCHC)

Segundo o descrito no DL nº 189/2008, um produto cosmético tem como finalidade ou ação a de “limpar, perfumar, modificar o aspeto, proteger, manter em bom estado ou corrigir os odores corporais” quando aplicado nas “diversas partes superficiais do corpo humano” [16]. Os PCHC são dos produtos que mais definem as farmácias para os consumidores, o que implica que ter uma oferta variada e completa nesta área é fulcral.

O facto da FSV ser uma farmácia recente e estar inserida numa comunidade envelhecida e empobrecida reflete-se numa necessidade superior de haver uma boa gestão do stock no que toca aos PCHC. Por um lado, é importante que os utentes encontrem nesta farmácia produtos cosméticos e de higiene capazes de responder às suas necessidades. No entanto, o desperdício/prejuízo, principalmente em produtos mais caros como os PCHC por vezes são, deve

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18 ser evitado. Assim, a FSV apresenta várias marcas de PCHC (Uriage®, Eucerin®, Vichy®, etc.),

com uma grande diversidade de produtos, mas com poucos exemplares de cada um dos mesmos. Apesar desta área ser uma das quais gosto particularmente, no início do estágio não me sentia com confiança ou conhecimento suficientes para poder aconselhar da melhor forma os utentes. As formações, oferecidas pelas diferentes marcas, em que participei, bem como a ajuda das profissionais da FSV, foram muito úteis neste sentido e, ao longo do estágio, fui ficando mais autónoma no atendimento e aconselhamento de PCHC.

1.7.6. Produtos de Puericultura

A FSV apresenta um espaço na sala de atendimento dedicado aos produtos de puericultura, isto é, artigos destinados a crianças e bebés, incluindo papas, leites, produtos de higiene, chupetas e biberões, entre outros. Mais uma vez, a oferta é variada, com produtos das marcas Chicco®,

Uriage®, Isdin®, Klorane®, Mee®, entre outras.

Tal como para os PCHC, fui conhecendo os diferentes produtos através do que me era transmitido pela farmacêutica e técnica de farmácia da FSV e fiz, ainda, alguma pesquisa na área, nomeadamente focando temas específicos, como a preparação e conteúdo da mala de maternidade.

1.7.7. Suplementos Alimentares

Os suplementos alimentares pretendem “complementar o regime alimentar normal” e são “fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico”, segundo o descrito no DL nº 136/2003 [17].

Ao longo do meu estágio pude, por várias vezes, dispensar e aconselhar suplementos alimentares, sendo os com ação no stress, fadiga, desempenho mental e perda de peso os mais requisitados.

1.8. Meios de Comunicação

A FSV dispõe de uma página de Facebook [18] que é atualizada diariamente, com publicações que pretendem divulgar os seus produtos, serviços, promoções e eventos. Para além disso, é também usada como uma fonte de informação, com dicas e conselhos úteis para situações do dia a dia.

Enquanto estagiária na FSV, recorri a esta plataforma para divulgar os eventos por mim organizados, entre os quais a Semana do Saco.

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1.9. Formações

O farmacêutico é um profissional com um elevado grau de responsabilidade, pelas razões que foram sendo descritas ao longo deste relatório. Assim, o conhecimento que transmitimos aos utentes e que fundamenta as nossas decisões e aconselhamento nos atendimentos deve estar atualizado, de acordo com as ideias e descobertas mais recentes.

Os produtos disponíveis no mercado evoluem, também, consoante essas mesmas ideias e descobertas, pelo que é necessário que o farmacêutico esteja atento às novidades e faça um esforço para as conhecer.

Uma área na qual o mercado evolui com particular rapidez é a dos PCHC. Neste sentido, e como forma de divulgação, as diferentes marcas que comercializam este tipo de produtos promovem, ao longo do ano, várias sessões de formação.

No decorrer do meu estágio, tive a oportunidade de participar nas seguintes formações:

• Uriage® – Lançamento da nova gama de antienvelhecimento: Age Protect®.

• Ducray® – Formação de cuidados dermatológicos: Hiperpigmentações e

fotoenvelhecimento; Prurido; Pele atópica e eczemas; Hiperhidrose (Anexo 3). • Pierre Fabre®– Cuidados de rosto e proteção solar & Novidades (Anexo 4).

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20 Cartilagem Tiroideia Glândula da Tiroide Traqueia Clavícula Esterno

Figura 1 - Localização e forma da tiroide humana [22].

2. Parte 2: Atividades Desenvolvidas na Farmácia

2.1. Projeto 1 -

Saiba “Ouvir” a sua Tiroide

2.1.1. Contextualização

A tiroide é uma glândula presente no corpo humano cujas hormonas por si produzidas são essenciais para o desenvolvimento e metabolismo do organismo [19-20]. Em 2016, estimava-se que as doenças da tiroide afetavam cerca de 300 milhões de pessoas no mundo e mais de 1 milhão de portugueses [20-21].

2.1.1.1. Estrutura e Localização

A tiroide está localizada no pescoço, abaixo da laringe e anterior à traqueia, e tem a forma de uma borboleta, símbolo que lhe está associado a nível mundial, com dois lobos unidos por um istmo, como é possível ver na Figura 1. Pesa cerca de 30-40 gramas e os seus lobos medem aproximadamente 4 cm de comprimento e entre 1 a 2 cm de largura. Em algumas pessoas, a tiroide tem ainda um outro lobo no centro, designado por lobo piramidal. O nome “tiroide” vem da palavra grega que significa “escudo” [19-20].

A glândula é constituída por folículos, formados por uma camada de células epiteliais e preenchidos por coloide no seu interior. Entre os folículos estão ainda presentes as células parafoliculares ou células C [20].

2.1.1.2. Fisiologia

A tiroide produz, armazena e liberta para o sangue, conforme as necessidades, as hormonas da tiroide [19-20].

Uma dessas hormonas é a calcitonina, produzida pelas células parafoliculares, que participa na regulação dos níveis de cálcio no organismo ao inibir a reabsorção óssea e diminuir os níveis plasmáticos deste elemento [19-20].

No entanto, as hormonas mais importantes e que mais estão implicadas nos distúrbios da tiroide são a T3, triiodotironina, e a T4, tetraiodotironina ou tiroxina. A sua síntese ocorre no colóide e inicia-se através da ligação de iodeto, previamente oxidado pela peroxidase da tiroide, aos resíduos de tirosina na posição 3 da tiroglobulina, uma glicoproteína produzida pelas células foliculares da tiroide, formando a monoiodotirosina (MIT), ou simultaneamente nas posições 3 e 5 da glicoproteína em questão, originando a diiodotirosina (DIT). De seguida, pela condensação de

Referências

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