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Análise dos fatores de risco associados a quedas de idosos no domicílio

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Análise dos fatores de risco associados

a quedas de idosos no domicílio

Wenersâmio Araújo de Moura Luz Marilia Braga Marques Nádya dos Santos Moura Eduardo Carvalho de Souza Ana Larissa Gomes Machado

Introdução

s quedas em pessoas idosas são eventos muito importantes em decorrência da maior vulnerabilidade dessa parcela da população, resultando em comprometimentos de gravidade variável. Além disso, podem ser responsáveis por declínio da capacidade funcional, da qualidade de vida dos idosos e do aumento do risco de institucionalização, de fraturas e morte (CRUZ et al., 2012).

A prevalência de quedas no Brasil chega a 27,6%, sendo mais frequente no sexo feminino, em idosos longevos, sedentários e obesos (SIQUEIRA et al., 2011). Os fatores intrínsecos responsáveis pelas quedas seriam decorrentes das alterações relacionadas ao processo de envelhecimento, como distúrbios osteomusculares e de equilíbrio, às comorbidades e à polifarmácia ou, extrinsecamente, resultariam de circunstâncias sociais e ambientais, criando um desafio aos idosos (SILVA et al., 2007).

Os locais de maior ocorrência desses eventos podem parecer os mais seguros possíveis, pela familiaridade, e tornarem-se um ambiente de risco. O indivíduo tem sua prontidão diminuída em consequência da autoconfiança provocada pelo conhecimento do ambiente em que vive. A atenção fica reduzida porque as atividades que desempenham, em seu lar, são costumeiras. Muitas situações corriqueiras em sua juventude passam a representar perigos iminentes (SILVA et al., 2007).

A identificação dos fatores associados às quedas em idosos contribuiria para a elucidação de fenômenos causais, propiciando o desenvolvimento de estratégias preventivas precoces, em nível domiciliar e comunitário.

Destacam-se como objetivos do estudo identificar os fatores de risco, intrínsecos e extrínsecos, que contribuem para a ocorrência de quedas de idosos no domicílio e descrever as consequências que o evento significa para a vida dos mesmos.

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Métodos

Trata-se de estudo transversal, analítico, com abordagem quantitativa, desenvolvido de abril a dezembro de 2010, em uma Unidade de Saúde da Família - USF, localizada no município de Picos – PI, escolhida por conveniência, a qual atendia a 1122 famílias.

A amostra compõe-se de 102 idosos, calculada por meio de fórmula para população finita (Pocock, 1989). Ocorreram visitas à unidade de saúde, momento em que acontecia o primeiro contato com os usuários. Os participantes selecionados obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 60 anos e residir no bairro onde se localizava a unidade de saúde. Já o critério de exclusão foi ter dificuldades para manter um diálogo compreensível, independentemente do fator causador.

A coleta de dados aconteceu nos meses de agosto e setembro de 2010, pela visita domiciliária previamente agendada com os participantes, junto com os agentes comunitários de saúde indicados pelos enfermeiros da USF.

Utilizou-se um formulário semiestruturado para a coleta de dados, o qual teve como finalidade obter informações a respeito do idoso e do seu histórico de quedas. O instrumento continha informações sobre dados pessoais (idade, sexo, estado civil, escolaridade, renda), hábitos e saúde (prática de atividade física, uso de medicamento, problema de visão e/ou audição), características da casa (presença de desnível no terreno, se apresentava obstáculos nas circulações), roupas/acessórios (se usa roupas compridas, objetos de apoio) e sobre circunstâncias relacionadas à queda (quantidade, local, causa, consequências).

Os dados foram tabulados no programa Microsoft Office Excel e analisados no programa estatístico SPSS (Statitical Package for the Social Sciences) versão 17.0, sendo a análise efetuada por meio de estatística analítica.

A aplicação do instrumento de coleta de dados foi efetivada seguindo as orientações da Resolução 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996). A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Piauí, sob o protocolo nº 01960045000-10.

Resultados

Verificou-se que dos 102 idosos, 49% sofreram quedas, de acordo com a Tabela 1. Os participantes da pesquisa eram predominantemente do sexo feminino (66,7%), com idade entre 60 e 65 anos (37,3%), não sabiam ler/escrever (64,7%), com renda de um salário mínimo (73,5%), e moravam com alguém (85,3%). Não houve diferença percentual entre os que tinham companheiro. Essas características significaram os fatores de risco sociodemográficos para quedas mais frequentes no grupo estudado, excetuando-se o estado civil, em que pouco mais da metade (56,0%) dos

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idosos que sofreram queda não tinham companheiro. Não foi encontrada associação estatística significativa entre as características sociodemográficas investigadas e o acometimento por queda entre os idosos.

Tabela 1 – Associação entre características sociodemográficas e queda nos idosos (n=102). Picos-PI, 2010. Variáveis Queda Total p-valor Sim Não f % F % F % Sexo 0,123* Masculino 13 26,0 21 40,4 34 33,3 Feminino 37 74,0 31 59,6 68 66,7 Idade 0,780* 60 - 65 anos 19 38,0 19 36,5 38 37,3 66 - 70 anos 12 24,0 11 21,2 23 22,5 71 - 75 anos 9 18,0 14 26,9 23 22,5 76 - 80 anos 4 8,0 2 3,8 6 5,9 > 80 anos 6 12,0 6 11,5 12 11,8 Estado civil 0,235* Com companheiro 22 44,0 29 55,8 51 50,0 Sem companheiro 28 56,0 23 44,2 51 50,0 Escolaridade 0,813*

Não sabe ler/escrever 33 66,0 33 63,5 66 64,7

1 - 8 anos de estudo 13 26,0 16 30,8 29 28,4 > 8 anos de estudo 4 8,0 3 5,8 7 6,9 Renda individual*** 0,449** < 1 salário 6 12,0 3 5,8 9 8,8 1 salário 35 70,0 40 76,9 75 73,5 2 - 3 salários 6 12,0 8 15,4 14 13,7 > 3 salários 3 6,0 1 1,9 4 3,9 Mora sozinho 0,357* Sim 9 18,0 6 11,5 15 14,7 Não 41 82,0 46 88,5 87 85,3

* Referente ao χ² de Pearson; ** Referente à razão de verossimilhança; ***Salário mínimo em vigência = R$ 545,00.

Segundo a Tabela 2, as características mais frequentes entre os idosos acometidos por queda foram sedentarismo (74,0%), uso de medicamentos (76,0%), HAS (72,0%), presença de alguma alteração visual (82,0%), audição regular (38,0%), boa locomoção (40,0%) e nenhuma alteração nos pés (60,0%). Osteoporose, nível de audição e alteração nos pés estiveram significativamente associados ao acometimento por quedas nos idosos estudados.

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Tabela 2 – Associação entre características clínicas e queda entre os idosos (n=102). Picos-PI, 2010. Variáveis Queda Total p-valor Sim Não F % F % F %

Prática de atividade física

0,747* Sim 13 26,0 15 28,8 28 27,5 Não 37 74,0 37 71,2 74 72,5 Uso de medicamentos 0,239* Sim 38 76,0 34 65,8 72 70,6 Não 12 24,0 18 34,6 30 29,4

Hipertensão arterial sistêmica

0,188* Sim 36 72,0 31 59,6 67 65,6 Não 14 28,0 21 40,4 35 34,3 Diabetes mellitus 0,529* Sim 9 18,0 7 13,5 16 15,7 Não 41 82,0 45 86,5 86 84,3 Reumatismo 0,709* Sim 7 14,0 6 11,5 13 12,7 Não 43 86,0 46 88,5 89 87,3 Osteoporose 0,048* Sim 16 32,0 8 15,4 24 23,5 Não 34 68,0 44 84,6 78 76,5 Abuso do álcool 0,656* Sim 4 8,0 3 5,8 7 6,9 Não 46 92,0 49 94,2 95 93,1 Alteração visual 0,357* Sim 41 82,0 46 88,5 87 85,3 Não 9 18,0 6 11,5 15 14,7 Audição 0,014** Excelente 11 22,0 6 11,5 17 16,7 Boa 15 30,0 31 59,6 46 45,1 Regular 19 38,0 13 25,0 32 31,4 Ruim 5 10,0 1 1,9 6 5,9 Péssima - - 1 1,9 1 1,0 Locomoção 0,863** Excelente 6 12,0 4 7,7 10 9,8 Boa 20 40,0 26 50,0 46 45,1 Regular 17 34,0 16 30,8 33 32,4 Ruim 5 10,0 4 7,7 9 8,8 Péssima 2 4,0 2 3,8 4 3,9 Alteração nos pés 0,012** Ferimento 15 30,0 4 7,7 19 18,6

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Deformidade dos pododáctilos - - 2 3,8 2 2,0

Unha encravada 5 10,0 6 11,5 11 10,8

Nenhuma 30 60,0 40 76,9 70 68,6

* Referente ao χ² de Pearson; ** Referente à razão de verossimilhança.

A ocorrência de quedas entre os idosos no momento em que deambulavam (71,4%; p=0,011), banhavam-se (57,1%; p=0,018) e desciam escada (42,9%; p=0,042) esteve associada ao acometimento por fratura em decorrência da queda (Tabela 3).

Quanto aos locais de ocorrência das quedas que culminaram em fraturas, verificou-se que as quedas ocorridas no banheiro (57,1%; p=0,030) e em outros locais, como quintal e garagem (57,1%; p=0,020), foram as mais frequentes.

Tabela 3 – Ocorrência de fratura entre os idosos em decorrência das quedas, segundo a atividade que desempenhavam e o local (n=102). Picos - PI, 2010. Variáveis Fratura Total p-valor Sim Não f % f % F %

Atividade que realizava

Deambulava Sim 5 71,4 25 26,3 30 29,4 0,011* Não 2 28,6 70 73,7 72 70,6 Sentava Sim 1 14,3 14 14,7 15 14,7 0,974* Não 6 85,7 81 85,3 87 85,3 Levantava Sim 2 28,6 13 13,7 15 14,7 0,283* Não 5 71,4 82 86,3 87 85,3 Banhava-se Sim 4 57,1 18 18,9 22 21,6 0,018* Não 3 42,9 77 81,1 80 78,4 Subia escada Sim 1 14,3 7 7,4 8 7,8 1,000** Não 6 85,7 88 92,6 94 92,2 Descia escada Sim 3 42,9 9 9,5 12 11,8 0,042** Não 4 57,1 86 90,5 90 88,2 Local de ocorrência Sala Sim 2 28,6 21 22,1 23 22,5 0,693* Não 5 71,4 74 77,9 79 77,5 Quarto

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Sim 2 28,6 17 17,9 19 18,6 0,484* Não 5 71,4 78 82,1 83 81,4 Banheiro Sim 4 57,1 20 21,1 24 23,5 0,030* Não 3 42,9 75 78,9 78 76,5 Cozinha Sim 1 14,3 9 9,5 10 9,8 1,000** Não 6 85,7 86 90,5 92 90,2 Outro local Sim 4 57,1 14 14,7 18 17,6 0,020** Não 3 42,9 81 85,3 84 82,4

* Referente ao χ² de Pearson; ** Referente à razão de verossimilhança.

Segundo os idosos, os fatores intrínsecos responsáveis pelas quedas mais frequentes foram fraqueza muscular dos membros inferiores (21,6%), diminuição da visão (15,7%) e uso de medicamentos (10,8%). Quanto aos fatores extrínsecos, os predominantes foram superfícies escorregadias (28,4%), ausência de corrimãos (28,4%) e obstáculos no caminho (23,5%) (Tabela 4).

Tabela 4 - Distribuição dos idosos segundo os fatores intrínsecos e extrínsecos responsáveis pelas quedas (n=102). Picos-PI, 2010.

Variáveis F %

Fatores intrínsecos

Fraqueza muscular dos membros inferiores 22 21,6

Diminuição da visão 16 15,7 Uso de medicamentos 11 10,8 Diminuição da audição 4 3,9 Deformidade dos pés 2 2,0 Outros 11 10,8 Fatores extrínsecos Superfícies escorregadias 29 28,4 Ausência de corrimãos 29 28,4 Obstáculos no caminho 24 23,5

Degraus altos ou estreitos 17 16,7

Iluminação inadequada 8 7,8

Referente às consequências em decorrência das quedas, 40,5% dos idosos revelaram medo de cair novamente e 33,5% modificaram hábitos para evitar a recorrência de quedas. A consequência mencionada com menor frequência foi a imobilização (7,0%), relacionada aos idosos que sofreram algum tipo de fratura, cujos locais citados foram clavícula, quadril, membros superiores e inferiores (Figura 1).

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Figura 1 – Consequências das quedas referidas pelos idosos (n=102). Picos-PI, 2010.

Discussão

Observou-se maior frequência de quedas no sexo feminino entre os participantes deste estudo, resultado semelhante aos de pesquisas prévias (GANANÇA et al., 2006; SIQUEIRA, 2007). Constata-se que nas mulheres são maiores a fragilidade, a prevalência de enfermidades, o uso de medicamentos, o comportamento de risco e o número de atividades domésticas. Ademais, a quantidade de massa magra e de força muscular é menor nas pessoas do sexo feminino (GANANÇA et al., 2006).

Com relação aos idosos investigados que sofreram quedas, 49% da amostra, o número foi ligeiramente mais elevado do que em outros estudos como, por exemplo, em pesquisa de 2007, na qual 34,8% de sua amostra, composta por 4003 idosos, referiu ter sofrido quedas no ambiente domiciliar; outro estudo, do ano de 2008, com amostra de 155 idosos, apresentou frequência de 38,7% (SIQUEIRA, 2007; CAMPOS, 2008).

Em relação aos fatores de risco sociodemográficos para ocorrência de quedas, observou-se que a faixa etária predominante entre os idosos pesquisados esteve entre 60 e 65 anos, diferindo de estudos anteriores, nos quais o maior número de quedas ocorreu entre os idosos com idade igual ou superior a 80 anos e em idosos com mais de 85 anos, perfazendo, respectivamente, 64,6% e 45,2% das quedas (GANANÇA et al., 2006; JAHANA; DIOGO, 2007).

Acerca dos fatores intrínsecos que predisporiam o idoso a cair, destacaram-se nesta pesquisa o processo de envelhecimento, uso de medicamentos, manifestação de doenças crônicas e demais comorbidades.

O uso de medicamentos foi fator considerado por número considerável de participantes, 38 (76,0%), dentre os idosos que relataram ter sofrido queda,

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observando-se semelhança com outro estudo, no qual 81,7% dos idosos que referiram ter sofrido quedas faziam uso de pelo menos um medicamento (GANANÇA et al., 2006).

Quando se investigou o período do dia em que as quedas ocorreram, observou-se maior frequência no período da manhã, 32 (31,3%), seguido pelo período da tarde e da noite, com 30,3% e 16,7%, respectivamente. Em estudo feito em São Paulo, verificou-se resultado similar, em que o período de ocorrência da queda mais frequente foi a manhã (51,6%), seguido da tarde (34,4%), noite (12,5%) e madrugada (1,6%) (GANANÇA et al., 2006), havendo a possibilidade de estar ligado ao fato de desenvolverem o maior número de tarefas e atividades durante o dia, comparando-se à noite, tornando o idoso mais exposto e predisponente a cair.

Dentre as atividades no momento da queda, a maior parte dos idosos que referiram já ter caído alegou que estava deambulando, sendo citado por 34 participantes, o que corresponde a 68,0%. Essa mesma atividade foi a mais aludida pelos idosos que participaram do estudo em 2007, sendo mencionada por 35,6% da amostra (JAHANA; DIOGO, 2007).

O envelhecimento acarreta redução da amplitude de movimentos de forma geral. A diminuição da flexibilidade está associada à ocorrência de quedas no idoso, principalmente pela perda de mobilidade das articulações do quadril, joelhos, tornozelos e coluna vertebral, o que gera alterações no padrão de marcha e dificuldades no desempenho de tarefas cotidianas. Além disso, há a tendência de alargamento da base de apoio, encurtamento e lentificação dos passos e flexão anterior do tronco, para aumentar a estabilidade postural (ROSE; GAMBLE 2006).

Sabe-se que o déficit na força muscular seria amenizado com a prática regular de atividade física (RIUL et al., 2009), porém, 74% dos idosos dessa pesquisa relataram que não praticam nenhum tipo de atividade física.

Quanto ao local em que ocorreu a queda, o mais citado pelos participantes da pesquisa foi o banheiro, 48%, resultado que difere de outros estudos, nos quais a maior parte das quedas ocorreu no quarto do idoso e próximo à sua cama, 46,3% e 23,82%, respectivamente (GANANÇA et al., 2006; MAZO, et al., 2007).

Para a prevenção desses acontecimentos, cuidadores e familiares devem se mobilizar em torno da adaptação do ambiente em que o idoso vive e observar alguns itens de segurança, como uso de calçados adequados, tapetes antiderrapantes, disposição da mobília em casa e barras de segurança nos banheiros (PEREIRA, 2006).

Os perigos ambientais contribuem em grande parte para as quedas em idosos, mas somente sua presença não é suficiente para a ocorrência do evento, sendo mais importante a interação com a limitação física que o idoso tenha (MACHADO, 2009).

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Os fatores ambientais proporcionam o maior risco de queda e, quando associados a características físicas dos indivíduos, são ainda mais agravantes. Todos os elementos do meio que cercam o idoso favoreceriam as quedas, portanto, é essencial evitar encerar o piso, manter corrimão nas escadas e nos banheiros, retirar tapetes soltos, móveis baixos e obstáculos no chão, utilizar lâmpadas que permitem boa iluminação nas escadas e corredores, entre outros (LORD et al., 2006).

No presente estudo os fatores extrínsecos foram citados pelos idosos como mais responsáveis pelas quedas que os fatores intrínsecos. Dentre os fatores extrínsecos mencionados, destacaram-se superfícies escorregadias e ausência de corrimãos; em relação aos fatores intrínsecos destacou-se a fraqueza muscular dos membros inferiores.

A fraqueza de membros inferiores é associada à ocorrência de quedas, pois com o envelhecimento ocorrem diminuição do tamanho e dos números das fibras e da quantidade de motoneurônios, lentidão da contração muscular e rigidez do sistema motor (GANANÇA et al., 2006).

Uma das consequências das quedas bastante comum é o medo de cair, identificado principalmente naqueles que apresentam déficit de equilíbrio e de mobilidade (AUSTIN et al., 2007).

No presente estudo, a consequência mais aludida pelos idosos que sofreram quedas foi o medo de cair novamente, mencionado por 41 idosos, correspondendo a 82,0% da amostra, resultado este semelhante a outros estudos já realizados (JAHANA; DIOGO, 2007; ROCHA et al., 2010; RIBEIRO, 2008; PEREIRA, 2006), ainda destaca-se que este receio é identificado principalmente naqueles que apresentam déficit de equilíbrio e de mobilidade (AUSTIN et al., 2007).

Entre as orientações que os profissionais de saúde podem fazer aos idosos e famílias para prevenir novas quedas estão atividade física regular, consultas regulares para avaliação dos níveis de pressão arterial e uso de medicamentos, e cuidados com o ambiente em que o idoso vive (MACHADO, 2009).

Conclusões

De acordo com a análise dos resultados dessa investigação, percebeu-se que é imprescindível uma avaliação minuciosa da queda e de seus fatores predisponentes, a fim de que sejam implementadas ações preventivas para a manutenção da independência e saúde física do idoso.

Os resultados encontrados sugerem que há grande necessidade de se produzir informações sobre alguns fatores de risco para as quedas, aos quais os idosos estão expostos diariamente, sobre a urgência de uma postura orientadora por

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parte dos profissionais da saúde e do desenvolvimento de práticas preventivas significativas de baixo custo, no nível primário de atenção à saúde do idoso. Os efeitos da diminuição natural do desempenho dos idosos e o risco de quedas seriam atenuados se forem desenvolvidos programas de atenção à saúde que visem à melhoria das capacidades motoras, alcançando de igual forma melhora dos aspectos psicossociais. Essas medidas implicam uma abordagem multidimensional, o que somente é possível a partir da ação integrada e especializada de uma equipe interdisciplinar.

Em termos de intervenção profissional, a interpretação dos resultados encontrados permite sugerir que ações educativas em torno do tema sejam enfatizadas para a construção de visão mais crítica do cliente acerca da importância desse evento, favorecendo a sua responsabilidade e estimulando o autocuidado. Essas ações devem ser executadas individualmente pela equipe de Saúde da Família, levando em consideração as limitações físicas, psíquicas e ambientais dos idosos, por meio de estratégias de sala de espera, orientação nutricional e medicamentosa, maior incentivo para a prática de exercícios físicos e durante a consulta, na forma de orientações, a fim de se trabalhar o tema e desenvolver atividades de prevenção.

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Data de recebimento: 13/01/2013; Data de aceite: 26/02/2013. ________________________

Wenersâmio Araújo de Moura Luz - Enfermeiro (UFPI). Email: wenersamioluz@gmail.com

Marilia Braga Marques - Enfermeira (UFC). Doutoranda em Enfermagem UFC. Docente da Universidade Federal do Piauí - UFPI/CSHNB. Email: marilia@ufpi.edu.br.

Nádya dos Santos Moura - Enfermeira (UFPI). Enfermeira da Estratégia Saúde da Família do município de Picos-PI (Secretaria Municipal de Saúde de Picos-PI). Email: nadyasantosm@yahoo.com.br.

Eduardo Carvalho de Souza - Estudante do curso de Enfermagem (UFPI). Email: eduardocarvalho21@gmail.com.

Ana Larissa Gomes Machado - Enfermeira (UECE). Doutoranda em Enfermagem UFC. Docente da Universidade Federal do Piauí - UFPI/CSHNB. Email: analarissa2001@yahoo.com.br.

Referências

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