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Humanização em saúde e interdisciplinaridade no estudo de pacientes com vestibulopatias

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Academic year: 2021

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Humanização em saúde e

interdisciplinaridade no estudo de

pacientes com vestibulopatias

Humanization in health and

i

nterdisciplinarity

in the study of patients

with vestibular disorders

Resumo

A atuação dos profissionais em saúde voltada à humanização e à promoção da inclusão social dos pacientes exige uma formação que supere a tradicional fragmentação do trabalho. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é apresentar a metodologia de trabalho interdisciplinar desenvolvida, no âmbito do Programa de Mestrado Profissional “Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social”, implantado pela Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil), desde 2007, e reconhecido pela CAPES. Essa metodologia, em fase de consolidação, vem sendo utilizada na formação de profissionais pós-graduados e está presente na própria constituição da equipe de docentes: médicos, psicólogo, farmacólogo, fonoaudiólogas, fisioterapeutas, gerontóloga e pedagoga. Trata-se de profissionais com formação, experiências, referenciais e metodologias diferenciadas. O trabalho interdisciplinar se concretiza em: (1) projetos de pesquisa; (2) práticas de laboratório; (3) reuniões científicas; (4) desenvolvimento de disciplinas; (5) orientação e co-orientação de dissertações; (6) elaboração de instrumentos de investigação e (7) promoção de dinâmicas e oficinas. Na perspectiva da interdisciplinaridade, esse conjunto de atividades permite aos estudantes obter uma compreensão específica do paciente, a partir de cada área de conhecimento, e uma compreensão global, mediante a articulação entre as várias áreas de conhecimento. Incorpora nos conteúdos e nas práticas de laboratório o princípio da humanização e da inclusão social: todas as pessoas devem ter atendidas suas necessidades de saúde, bem estar e qualidade de vida. Além das condições de saúde, os alunos consideram no tratamento do paciente, entre outros aspectos, sua história de vida, hábitos, atividades físicas e intelectuais, relacionamentos sociais e expectativas para a vida.

Palavras-chave: Humanização. Inclusão Social. Interdisciplinaridade. Educação.

Maria Rita Aprile1

Úrsula Margarida Karsch1,2 Célia Aparecida Paulino1

1 Professora Doutora do Programa

de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil).

2 Professora Doutora do Programa

de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP).

Autor para correspondência:

Maria Rita Aprile UNIBAN - Campus Marte Pós-Graduação e Pesquisa Av. Braz Leme, n. 3029 Cep: 02022-01

Email: maprile@uniban.br

F l

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Introdução

Entre os desafios apontados pelo Ministério da Saúde para a consolidação de uma política nacional de humanização da atenção e da gestão da saúde se inclui a superação da precária interação existente entre as equipes de profissionais que, por sua vez, resulta na fragmentação dos processos de trabalho1.

Mesmo que, nos últimos cinco anos, possam ser constatados avanços em relação à efetivação dessa política, o Ministério da Saúde reconhece que ainda há muitos desafios a serem enfrentados. Um deles se refere ao despreparo dos vários grupos de profissionais para o desenvolvimento de um trabalho coletivo e interdisciplinar voltado à prestação de serviços de saúde comprometidos com a defesa da vida, da integridade humana e das práticas inclusivas.

É importante destacar que a preparação dos profissionais da saúde com o foco na humanização e nos processos de reintegração social não se reduz ao domínio de uma consistente base teórica e de competências técnico-científicas. Esses saberes são indispensáveis e essenciais para a realização correta de protocolos e processos de intervenção, bem como para a utilização adequada de instrumentos e utilização de medicamentos, identificação de problemas e proposição de medidas para uma resolução rápida e eficaz.

Contudo, quando se trata da humanização da assistência, outros requisitos são exigidos. Além das competências técnico-científicas, conhecidas pelo

saber fazer, também o domínio de capacidades éticas e sociais, ou saber conviver e saber ser, é solicitado dos profissionais. Essas capacidades

permitem aos profissionais saber trabalhar em grupo e com equipes multidisciplinares, saber lidar com as diferenças individuais e coletivas, assumir comportamentos éticos em relação aos pacientes, aos seus familiares, aos colegas, bem como na execução de procedimentos e métodos de trabalho2. Trata-se, sobretudo, de capacidades que permitam aos profissionais identificar os fatores e os impactos sociais que interferem na saúde individual e coletiva; atuar no sentido de acolher positivamente o paciente e os seus familiares; imprimir agilidade aos processos de atendimento e promover o encaminhamento adequado para a resolução da situação que levou o paciente a buscar os serviços de saúde3. Além disso, adotar práticas sociais inclusivas, especialmente, quando a população atendida - em razão de sua condição física - apresenta um vestígio de não pertencimento social.

No âmbito da educação superior, especialmente, nos cursos de pós-graduação, a aquisição e / ou fortalecimento desse conjunto de competências técnico-científicas e ético-sociais deverá concorrer para a preparação do chamado profissional-cidadão, isto é, do profissional competente no cumprimento de suas responsabilidades e consciente das relações éticas e sócio-interativas intrínsecas ao seu cargo ou função4.

Caminhando nessa direção, este artigo apresenta a metodologia de trabalho interdisciplinar desenvolvida pelo Programa de Mestrado Profissional “Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social”, implantado pela Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil), desde 2007 e reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível

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Superior (CAPES). Essa metodologia, em fase de consolidação, vem sendo utilizada na formação de profissionais pós-graduados, na perspectiva da humanização da atenção em saúde.

Proposta do Mestrado

A proposta do Mestrado Profissional “Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social”, considerada inédita no contexto da educação superior brasileira, articula saberes e práticas de dois eixos distintos, porém não excludentes. Um dos eixos se refere à reabilitação de pacientes que apresentam distúrbios de equilíbrio corporal (tonturas, zumbidos e vertigens) de origem no sistema vestibular. O outro eixo trata dos processos sociais destinados à reintegração social de pacientes vestibulopatas, em uma perspectiva de humanização e de respeito à integridade humana.

Em relação ao primeiro eixo, a reabilitação vestibular dos pacientes com vestibulopatias ou doenças do labirinto é concretizada por meio de exercícios repetitivos de olhos, cabeça e corpo mediante a utilização de realidade virtual e de métodos de substituição sensorial que estimulam a plasticidade do sistema nervoso central e manobras corporais.

No segundo eixo, a proposta focaliza uma multiplicidade de aspectos, entre eles, os sociais, os psicológicos e os culturais que contribuem para o conhecimento mais amplo do paciente. São consideradas as especificidades referentes ao seu modo de ser, seus hábitos e estilo de vida, bem como as relações que estabelece com os demais indivíduos e grupos da sociedade. Assim concebida, a proposta inclui o princípio da sociedade inclusiva, que considera que todas as pessoas com algum tipo de deficiência ou de incapacidade devem ter as suas necessidades atendidas, o que também se aplica aos pacientes vestibulopatas5.

O Programa se inclui na categoria de Mestrado Profissional, no nível de pós-graduação stricto sensu, conforme Portaria 80/1998 da CAPES. Vale destacar que fins de março de 2009, o país contava com 4.112 cursos de pós-graduação stricto sensu, distribuídos em 2.441 (59,36%) mestrados acadêmicos; 1417 (34,46%) doutorados e 254 (6,18%) mestrados profissionais. A estimativa da CAPES é que, nos próximos cinco anos, os mestrados profissionais representem 25% do total dos cursos stricto sensu. A principal diferença entre o mestrado acadêmico e o mestrado profissional se refere ao seu objetivo e finalidade. O mestrado acadêmico se volta para a formação do pesquisador destinado, geralmente, à carreira acadêmica. O mestrado profissional tem a finalidade de formar profissionais com alto nível de qualificação para atuação em instituições e empresas diversas, o que necessariamente não exclui a sua formação para a pesquisa, haja vista ser essa uma das exigências profissionais da atual configuração do mundo do trabalho e da sociedade contemporânea. Como todo programa de pós-graduação stricto sensu, o diploma do mestrado profissional tem validade nacional, condicionada ao reconhecimento prévio da CAPES, e confere aos egressos idênticos grau e prerrogativas para o exercício da docência.

Os pós-graduados do Programa de Mestrado Profissional “Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social” estão sendo capacitados para

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acompanhar e incorporar a produção de saberes científicos referentes à reabilitação do equilíbrio corporal de origem no sistema vestibular e às práticas sociais inclusivas com foco nos vestibulopatas. Por se tratar de um mestrado profissional, os alunos deverão - durante o curso - formular projetos e desenvolver técnicas e processos demandados por diferentes níveis de sua atuação, seja em instituições públicas ou privadas; utilizar inovações tecnológicas necessárias à formulação de respostas para os problemas identificados em suas áreas específicas de atuação, avaliando, inclusive, os resultados das intervenções realizadas, tanto em relação à reabilitação dos pacientes, quanto de sua qualidade de vida, bem estar e reintegração social. A aquisição e o aperfeiçoamento das competências profissionais deverão contribuir para ampliar as possibilidades dos alunos de inserção e de permanência no mundo do trabalho, conferindo-lhes o grau de Mestre.

Metodologia interdisciplinar

Os docentes do Programa do Mestrado Profissional “Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social” compõem uma equipe constituída de médicos, farmacóloga, fonoaudiólogas, fisioterapeutas, psicólogos, assistente social com formação em gerontologia e pedagoga. E, como tal, trata-se de uma equipe de profissionais com formações, experiências, linguagens, referenciais teóricos e metodológicos diversificados.

Para além de uma visão tradicional e cartesiana de ciência que delimita de forma rígida os campos dos saberes, as metodologias e os procedimentos de pesquisa, os docentes do Programa têm enfrentado o desafio de tornar efetiva uma metodologia de trabalho, que resulte em uma atuação interdisciplinar, tanto no que se refere ao desenvolvimento das disciplinas, quanto das práticas de laboratório.

Uma primeira característica desta metodologia diz respeito à formação profissional proposta pelo Programa que, pela própria concepção, somente se efetiva se os docentes atuarem na perspectiva da interdisciplinaridade. Essa proposta, conforme já dito, não se restringe a preparar os alunos somente para o exercício da reabilitação vestibular de pacientes acometidos de distúrbios do equilíbrio corporal, mas prepará-los para desenvolver práticas destinadas à sua reintegração social. Nesse sentido, é intento do Programa contribuir para que os alunos adquiram um conhecimento mais abrangente dos pacientes; identifiquem as influências dos distúrbios do desequilíbrio corporal sobre os aspectos psicológicos, afetivos e cognitivos, bem como sobre o relacionamento que esses pacientes mantêm com seus parceiros ou parceiras e com os demais familiares e grupos da sociedade. Leva-se em conta que as estruturas familiares estão sofrendo modificações rápidas ocasionadas por diversos motivos; separações, divórcios e novas uniões; instabilidade do mercado de trabalho, movimentos migratórios nacionais e internacionais, maior tempo de vida das gerações e um aumento do contingente de viúvas, geralmente morando sozinhas nas cidades, idosos exercendo chefias de família; e a crescente participação da mulher no mercado de trabalho6.

Uma segunda característica, que decorre da primeira, se refere ao sentido que o Programa imprime à inclusão social de pacientes que apresentam as

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vestibulopatias. Destaca-se que o processo de construção desse conceito constitui um verdadeiro desafio e, ao mesmo tempo, um avanço nos estudos e pesquisas sobre a temática, que ainda é pouco investigada e quase inexistente na literatura acadêmica nacional e internacional.

Vale registrar que a emergência do conceito de inclusão social em saúde se dá quando medidas e práticas inclusivas passam a integrar as agendas públicas de diferentes países e grupos sociais. A ênfase incide sobre a equidade dos bens e serviços de saúde e sobre a humanização das relações entre profissionais e pacientes no sentido de fazer cumprir o direito universal em relação ao acesso e à qualidade dos serviços prestados7.

Estudos formulados no âmbito do Programa, desde 2007, indicam que a discussão do conceito de inclusão social referente aos vestibulopatas exigiu de antemão o resgate de comportamentos e situações que podem promover a sua exclusão social. A compreensão do significado da exclusão para os portadores de vestibulopatias constituiu um dos pressupostos iniciais para a discussão de sua reintegração e inclusão social.

As limitações ou restrições de ordem física de que são acometidos os vestibulopatas e que, por sua vez, limitam ou restringem o desempenho de um conjunto de atividades de vida diária e, em conseqüência, interferem em seu bem estar e qualidade de vida se expressam por diferentes necessidades. O auxílio para se alimentar; a dependência de terceiros para cuidar da própria higiene; a incapacidade para se deslocar sem acompanhante seja a pé ou por meio de transporte; a privação da prática de esportes ou de atividades de relaxamento corporal; o impedimento para realizar outras atividades que envolvam movimentação física, como dançar e cozinhar, e as dificuldades para o desenvolvimento da linguagem, especialmente, no caso de crianças são alguns sintomas que exigem cuidado permanente.

Essas limitações ou restrições poderão interferir no surgimento de alguns comportamentos psíquicos e sociais, que também concorrem para a exclusão ou auto-exclusão social dos vestibulopatas. Entre esses comportamentos, se destaca a tendência ao isolamento, pois muitos pacientes restringem a sua participação em eventos sociais, familiares, educacionais, religiosos por temerem a manifestação de sintomas de desequilíbrio corporal como vertigens, tonturas e zumbidos. Outro comportamento é o medo de rejeição que leva muitos vestibulopatas a ocultar de seus familiares, amigos e outras pessoas os sintomas decorrentes de vestibulopatias. Além desses, se destaca a sensação de inutilidade ou de “morte social” presente nos vestibulopatas obrigados a se aposentar ou a abandonar o trabalho e, em decorrência, se consideram incapazes de desenvolver uma atividade produtiva ou improdutiva. Essas sensações de incapacidade, dependência e de inutilidade poderão gerar um forte sentimento de baixa auto-estima e quadros acentuados de depressão.

A partir do exposto e dos estudos realizados no Laboratório de Reabilitação Vestibular e Inclusão Social, localizado no campus Maria Cândida da UNIBAN, o conceito de inclusão social é entendido como o processo que conjuga a reabilitação do equilíbrio corporal ao bem estar social e emocional dos pacientes e, por conseguinte, interfere em sua qualidade de vida.

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Assim, a inclusão social de pacientes com vestibulopatias se expressa em comportamentos que evidenciam a reabilitação do equilíbrio corporal, a consciência dos limites e possibilidades de cada um; a aquisição de informações que permitam a superação de preconceitos, medos e inseguranças em assumir a ocorrência dos distúrbios. Esta nova posição é contrária a esconder suas dificuldades perante as pessoas. Acrescente-se o resgate da autoconfiança e da autonomia para realização de atividades físicas e mentais; a elevação da auto-estima; a consecução de uma visão otimista de futuro mediante a verbalização de planos que incluam uma perspectiva de crença no amanhã; a reconstrução das relações familiares; a manifestação de segurança quanto ao retorno às atividades sociais; e ainda a apresentação de uma relação positiva com o trabalho produtivo ou improdutivo. Enfim, o conceito de inclusão social referente aos pacientes com vestibulopatias, que vem sendo construído e amadurecido no âmbito do Programa, se relaciona à obtenção de melhorias da qualidade de vida e, em decorrência, para o resgate do papel dos pacientes como cidadãos.

Outra característica em que se evidencia a metodologia de trabalho interdisciplinar se refere aos projetos de pesquisa dos docentes e dos mestrandos. No caso dos projetos docentes, além do professor responsável, dele participam outros docentes do Programa com formações diversas, o que concorre para o entendimento mais amplo dos processos de reabilitação vestibular e de inclusão social e para a construção e consolidação da interdisciplinaridade.

O mesmo procedimento se verifica nos projetos desenvolvidos pelos mestrandos. Esses projetos contam, além do docente orientador, com a participação de outros docentes com formação diversificada e que atuam como co-orientadores e colaboradores. Assim concebidos, os projetos proporcionam aos alunos a oportunidade de uma visão ampla do paciente e, ao mesmo tempo, das relações entre as funções desenvolvidas por profissionais com formação diversa.

É importante destacar que a orientação e co-orientação de uma mesma dissertação por professores com formação e experiências diferenciadas têm favorecido a consolidação de um locus de produção de conhecimentos e de utilização de tecnologias relacionados à reabilitação vestibular e inclusão social, disseminados por meio da produção científica de docentes e alunos; de convênios com instituições públicas e privadas visando o desenvolvimento de trabalhos conjuntos e intercâmbio com empresas que produzem equipamentos relacionados à área de atuação do Programa. As práticas do laboratório se voltam para um atendimento interdisciplinar dos pacientes. Além das queixas e dificuldades oriundas das alterações do equilíbrio corporal, outras variáveis são consideradas, entre elas, a história de vida dos pacientes; sua residência, seus hábitos alimentares; atividades físicas e intelectuais; rotinas; lazer; relação com o trabalho e a aposentadoria; estresse; relacionamentos interpessoais e expectativas de vida, visando obter uma visão mais ampla dos pacientes vestibulopatas. Na fase inicial do atendimento, os pacientes que procuram o laboratório do Programa são submetidos a um diagnóstico, que envolve a realização de testes, exames e entrevistas com docentes com formação em Medicina, Fisioterapia e Fonoaudiologia. Posteriormente, este diagnóstico é complementado pelos docentes com formação em Psicologia, Farmacologia, Gerontologia e Educação por meio de entrevistas, testes e dinâmicas.

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Durante a fase de Reabilitação Vestibular, os pacientes continuam a ser alvo de um atendimento interdisciplinar por meio de exercícios de reabilitação e de dinâmicas relacionadas à sua inclusão social.

Para o desenvolvimento de todas essas atividades, o laboratório conta com 12 salas para realização de entrevistas e orientação de alunos; 02 salas de atendimento médico, 01 sala de avaliação fisioterapêutica, 01 sala para avaliação do processamento auditivo central; 01 sala para oficinas e dinâmicas relacionadas à inclusão social; 10 cabines de audiometria; 01 sala de vestibulometria; 01 sala para avaliação da audição; 01 sala para reabilitação vestibular com equipamentos em solo e 01 Balance

Rehabilitation Unit (BRU). Portanto, a estrutura do laboratório e a formação

dos docentes permitem um atendimento diferenciado dos pacientes diagnosticados ou não com vestibulopatias, que são atendidos por docentes e por alunos sob a supervisão e o acompanhamento dos docentes.

Uma vez por mês, são realizadas as reuniões científicas, outra estratégia para o fortalecimento da metodologia interdisciplinar. As reuniões científicas contam com a participação de docentes do Programa e docentes colaboradores, mestrandos, e alunos do programa de iniciação científica. Estas reuniões têm as seguintes finalidades: analisar e debater os projetos de pesquisa de docentes, mestrandos com o propósito de sugerir, quando necessário, medidas destinadas a sua melhoria; analisar a adequação da metodologia, dos instrumentos de investigação e da bibliografia; proceder à aprovação dos projetos; analisar casos clínicos atendidos e de interesse comum ao Programa; aprofundar discussões sobre experiências selecionadas das oficinas ou de outras atividades realizadas no laboratório e, ainda, realizar seminários que permitam a discussão de questões relacionadas aos projetos de pesquisa ou de interesse do Programa.

Os mestrandos têm contato com as disciplinas por meio de um trabalho

integrado, que se evidencia na interação dos docentes, na realização de

aulas e seminários. Esse procedimento tem o objetivo de fomentar o debate entre as diversas linhas de pesquisa e oferecer aos mestrandos uma visão mais ampla do paciente em que se inclui o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento realizados por profissionais com formação e experiências diversificadas. Além disso, visa capacitar os futuros mestres para atuar em uma perspectiva inter e multidisciplinar com diferentes grupos de profissionais.

A elaboração de instrumentos para coleta de dados com a participação conjunta de vários docentes constitui um outro exemplo de trabalho interdisciplinar com foco na humanização do tratamento e na inclusão social. Um dos instrumentos elaborados, nessa perspectiva, é o questionário Qualidade de Vida e Inclusão Social (QVIS) para portadores de distúrbios do equilíbrio corporal, que vem sendo utilizado por docentes e alunos do Programa e se encontra em fase de validação, na versão em português, no âmbito do Programa e, em língua inglesa, na Austrália.

A promoção de oficinas, vivências e outras dinâmicas constituem outra das estratégias utilizadas de forma interdisciplinar. Nas oficinas, denominadas “Conversando, a gente se entende”, realizadas semanalmente, os pacientes têm a oportunidade de trocar experiências sobre temas diversos, sobre suas necessidades e expectativas de vida. Depoimentos dados pelos participantes atestam que se trata de momentos importantes de sua vida, pois

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compartilham experiências; verbalizam seus problemas e têm a oportunidade de conhecer pessoas com problemas semelhantes, além da oportunidade de construir novas amizades.

Conclusão

A metodologia interdisciplinar utilizada e consolidada, no âmbito do Programa de Mestrado em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social se evidencia tanto no plano do discurso, quanto das estratégias de trabalho adotadas que concorrem para a articulação de saberes e práticas de reabilitação vestibular e inclusão social.

A composição da equipe de docentes e as estratégias de trabalho possibilitam uma formação mais ampla de profissionais para a saúde, em grau de Mestrado. Em oposição ao trabalho fragmentado que proporciona uma visão distorcida do paciente e da realidade a qual se integra, essa formação vai além dos conhecimentos e práticas de reabilitação vestibular, enfatizando a integridade humana e a inclusão social.

A metodologia interdisciplinar tem permitido aos docentes e aos alunos a realização de dois focos de estudo: (1) o específico, que decorre de cada área de conhecimento e, portanto, permite a compreensão do paciente em aspectos pontuais e localizados e o (2) o global, que resulta da compreensão do paciente em sua totalidade e complexidade, a partir da articulação das várias áreas de conhecimento.

Assim, questões específicas da saúde dos vestibulopatas e de sua inclusão social e qualidade de vida concorrem para que os estudantes recebam uma formação fundada nos conhecimentos científicos e tecnológicos e, ao mesmo tempo, na humanização das ações de saúde.

Nesse sentido, a interdisciplinaridade tem permitido a consolidação de uma diretriz de humanização da atenção em saúde uma vez que a dimensão subjetiva que pressupõe um relacionamento mais afetivo e mais próximo com o paciente está presente em todas as práticas interativas que envolvem pacientes, docentes e alunos.

Abstract

The role of health professionals dedicated to the humanization and patients social inclusion promotion requires training to overcome the traditional fragmentation of work. Thus, the aim of this paper is to present the methodology developed for interdisciplinary work within the Professional Masters Program "Rehabilitation of Body Balance and Social Inclusion", which has been implemented by Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil) since 2007 and recognized by CAPES. This methodology, in a consolidation phase, has been used in the training of postgraduates and is present in the constitution of the team of faculty: physicians, psychologist, pharmacologist, audiologists, physiotherapists, geriatrician and educator. These are professionals with different training, experience, references and methodologies. Interdisciplinary work is represented in: (1) research projects, (2) laboratory practice, (3) scientific

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meetings, (4) development of disciplines, (5) guidance and joint supervision of dissertations, (6) development of research tools and (7) promotion of dynamics and workshops. In an interdisciplinary perspective, this set of activities allows students to obtain a clear understanding of the patient, from every area of knowledge, as well as a global view, by linking the various areas of knowledge. It incorporates to the content and laboratory practice the principle of humane and social inclusion: all people should have their health needs attended, wellness and quality of life. In addition to health conditions, students consider in the patient's treatment, among other things, their life history, habits, physical and intellectual activities, social relationships and life expectancies.

Keywords: Humanization. Social Inclusion. Interdisciplinarity. Education.

Referências

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