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Avaliação da intervenção de atividades lúdicas em idosos institucionalizados

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(1)Encontro. Revista de Psicologia Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013. AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO DE ATIVIDADES LÚDICAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS. RESUMO Juliana Francisca Cecato Faculdade de Medicina de Jundiai - FMJ cecatojuliana@hotmail.com. José Eduardo Martinelli Faculdade de Medicina de Jundiai - FMJ julicecato@yahoo.com.br. José Maria Montiel Centro Universitário FIEO - UniFIEO montieljm@hotmail.com. Daniel Bartholomeu Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL Americana d_bartholomeu@yahoo.com.br. Vandercy Soares de Lacerda Anhanguera Educacional. O envelhecimento populacional e o surgimento cada vez maior de instituições de longa permanência fazem com que medidas eficazes tanto em políticas públicas quanto em saúde sejam direcionadas para tal população. Um corpo frágil e debilitado pela senilidade, uma mente associada a enfermidades psíquicas e em alguns casos degenerativas, compõem um cenário de muitos idosos estagnados em instituições, desprovidos de cuidados familiares, de convívio social, de uma exclusão que lhes é imposta por diversos fatores. O adaptar-se a uma rotina diferenciada e a um local que não lhes é familiar, acarretam inúmeras dificuldades, sintomas como, depressão, desesperança e consequentemente, perda da qualidade de vida, fazem com que a institucionalização do idoso torne-se sinônimo de doença e desamparo, onde o envelhecer não é somente uma consequência biológica, mas está necessariamente associada a enfermidades. O presente estudo pretende demonstrar por meio de uma revisão teórica a relevância das atividades lúdicas para a qualidade de vida de idosos institucionalizados, onde o despertar da criatividade e da espontaneidade, qualidades estas dispersas no processo de institucionalização, ao serem resgatadas podem beneficiar a saúde física e mental, promover a criação de novos vínculos ou estabelecer outros, tornando a convivência prazerosa e significativa para aqueles que lá residem. Palavras-Chave: permanência.. avaliação. psicológica;. idosos; instituição de longa. projeto_neuropsicologia@yahoo.com.br. Melissa Picchi Zambon Universidade Federal de São Carlos UFSCar luanasilvaluz@gmail.com. Janaina S. G. Fernandes Centro Universitário FIEO - UniFIEO janainagoncalves80@yahoo.com.br. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 4266 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@anhanguera.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE. ABSTRACT The aging population and the increasing emergence of long-stay institutions make effective both in public and health policies are directed to this population. A frail and weakened by senility, a mind associated with mental illness and in some cases degenerative form a backdrop for many elderly stuck in institutions, deprived of family care, for social interaction, an exclusion that is imposed upon them by several factors. The adapt to a different routine and a location that is familiar to them, cause numerous difficulties, symptoms such as depression, hopelessness and consequently loss of quality of life, make the institutionalization of the elderly become synonymous with disease and helplessness, where the aging is not only a biological consequence, but not necessarily associated with disease. This research intends to demonstrate through a theoretical review the relevance of play activities for the quality of life of institutionalized elderly, where the awakening of creativity and spontaneity, qualities they dispersed in the process of institutionalization, when redeemed may benefit physical health and mental health, promote the creation of new bonds or establish other, making life more enjoyable and meaningful for those who live there Keywords: assessment psychology; elderly; long term institution.. Artigo Original Recebido em: 30/04/2013 Avaliado em: 25/07/2013 Publicação: 02 de dezembro de 2013. 121.

(2) 122. Avaliação da intervenção de atividades lúdicas em idosos institucionalizados. 1.. INTRODUÇÃO Segundo Bee (1997) o percentual da população acima de 65 anos tem aumentado rapidamente nas últimas décadas, e continuará a aumentar no próximo século. Pessoas consideradas idosas no Brasil, contam em média 18 milhões, atualmente o percentual é de 10,2% de idosos na população. A estimativa é que em 2020 cerca de 50% da população brasileira será de idosos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, essa etapa da vida começa oficialmente aos 65 anos ainda que alguns se sintam bem jovens nessa idade e outros comecem a sentir certos desgastes bem antes (MATTOS, 2009). A saúde é o fator isolado que determina a trajetória do estado mental ou físico de uma pessoa após os 65 anos. As pessoas com mais de 65 anos que tem algum tipo de doença crônica, apresentam um declínio mais rápido do que as pessoas que começam a apresentar sintomas na fase final da vida. O declínio é parte da manifestação dos próprios caminhos da enfermidade. Os hábitos de saúde que são importantíssimos na fase adulta para manutenção e bem estar antes dos 65 anos de idade, são indispensáveis e trazem efeitos diretos na longevidade dos idosos acima dessa faixa etária (BEE, 1997). Para Bee (1997) e Olds e Papalia (2000), um fator importante no impacto econômico de uma população em envelhecimento é a sua proporção que é saudável e fisicamente capaz, embora se queira viver muito, ser “velho” traz conotações de fragilidade física, mentalidade estreita, incompetência e perda de atratividade. Para as autoras, muitos problemas que costumavam ser considerados parte da idade avançada, são atualmente atribuídos não ao envelhecimento propriamente dito, mas a fatores de estilo de vida ou a doenças que podem acompanhar ou não o envelhecimento. As transformações propícias ao processo de envelhecer são geradoras de novos riscos tanto para a sociedade como para os indivíduos, entre eles podemos destacar, como ressalta Quaresma (2006), os riscos sociais, provocados pelas mudanças na forma de convivência e sociabilidade que levam a isolamento e solidão; os riscos ambientais, originados pela falta de acessibilidade da população idosa à vida urbana; e entre outros, os riscos de saúde, devido às doenças crônicas que podem levar a dependência. Neri (2001) assinala que uma boa qualidade de vida na velhice não é um atributo do indivíduo biológico, psicológico ou social, nem uma responsabilidade individual, mas sim, um produto da interação entre pessoas em mudança, vivendo numa sociedade em mudança. A terceira idade é um período normal do ciclo de vida, com seus próprios desafios e oportunidades de crescimento, e embora algumas habilidades possam diminuir, as pessoas física e intelectualmente ativas podem manter-se muito bem na maioria dos aspectos e até mesmo melhorar sua competência (OLDS; PAPALIA, 2000).. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

(3) Juliana Francisca Cecato et al.. 123. Segundo Andrade (2004), a alimentação adequada, a prática de exercícios físicos, a exposição moderada ao sol, a estimulação mental, o controle do estresse, o apoio psicológico, a atitude positiva perante a vida e o envelhecimento são alguns fatores que podem retardar ou minimizar os efeitos da passagem do tempo. Também relevante no processo de envelhecimento são as mudanças ocorridas nos aspectos, psicológico e social que envolve tal população, como a dificuldade de se adaptar a novos papéis, a dificuldade de se adaptar a mudanças rápidas, a falta de motivação, a dificuldade de planejar o futuro, as alterações psíquicas, baixas autoimagem e autoestima, a não aceitação da atual realidade, aposentadoria, perdas diversas e a diminuição dos contatos sociais. Tais mudanças atingem toda a população de idosos, o que difere um do outro são a maneira como este passou pela fase anterior de sua vida, e o que está levando para a fase atual como fator relevante e motivador no processo de envelhecimento (ANDRADE, 2004). De acordo com Miguel et al. (2007) a percepção da velhice em nossa sociedade tem se mostrado fortemente associada à figura da pessoa decadente e dependente, que vive à margem em casas de repouso, hospitais e outras instituições afins. Esses fatos podem determinar uma prática de cuidado calcada no “fazer por”, retirando dos idosos o direito de exercer sua autonomia, tornando-os, a cada dia, mais dependentes. Apesar de apresentar uma capacidade de se adaptar a novas condições de vida, o ser humano, e mais especificamente a pessoa idosa, diante da ocorrência de declínios funcionais e de perdas que resultam em dependência, acaba por se isolar e perde completamente a capacidade de participar e de se expressar frente aos problemas do cotidiano. Ressalta Martinez e Brêtas (2004), que indubitavelmente o melhor lugar para viver a velhice é no espaço do próprio lar, seja ele o da família ou não, pois congrega a somatória das experiências vividas até então pelo idoso, entretanto, existirão situações em que a internação será inevitável. Independentemente de onde estejam, em seus lares ou em instituições, vale ressaltar, que, se quisermos aprender a entender, respeitar e valorizar os idosos devemos nos conscientizar de alguns pontos básicos, tais como: respeitar as individualidades, evitando as generalizações; não infantilizá-los; não tratá-los como incapazes; oferecer-lhes cuidados específicos para sua faixa etária; preservar sua independência e autonomia; ajudá-lo a desenvolver aptidões; ter paciência, pois seu tempo é outro, são mais lentos; trabalhar suas perdas e seus ganhos; promover estimulação biopsicossocial (ANDRADE, 2004). Embora a legislação brasileira enfatize a família como a principal responsável pelo cuidado do idoso, estando tal fato expresso na Constituição Federal de 1988, reforçado na Política Nacional do Idoso de 1994, e no Estatuto do Idoso, e que a manutenção do idoso em ambientes familiares é mais adequada para o seu bem-estar, Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

(4) 124. Avaliação da intervenção de atividades lúdicas em idosos institucionalizados. recomendações estas de comum acordo entre os especialistas, é fato reconhecer a necessidade de se estabelecer políticas públicas que visem o atendimento institucional a determinados idosos, como os de idade mais avançada, com comprometimento físico ou mental, com carência de renda, sem família ou em condições de maus-tratos familiares (CAMARANO; PASINATO, 2004). As instituições de longa permanência em sua modalidade constituem a mais antiga e geral forma de atendimento ao idoso, mas, somente no inicio do século XX, tiveram seu espaço ordenado, suas responsabilidades abordadas no Estatuto do Idoso, seus princípios discorridos no artigo 49, enfatizando a preservação dos vínculos familiares, o atendimento personalizado e em pequenos grupos, a observância dos direitos e garantias dos idosos, a preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade (CAMARANO, 2007). Para as autoras Papalia e Olds (2000), a maioria dos idosos não quer viver em clínicas ou instituições, e a maioria dos familiares também não quer isso. Contudo, em função das necessidades de uma pessoa mais velha ou das circunstâncias de uma família, essa parece ser a única solução. Por outro lado, idosos saudáveis que vivem em instituições, por carecerem de apoio social, podem apresentar deficiências em habilidades sociais, além de baixa qualidade de vida e, consequentemente, níveis mais elevados de depressão. A depressão pode ter diversas causas as quais podem atuar em conjunto. Algumas pessoas podem ser geneticamente predispostas a ela devido a um desequilíbrio bioquímico no cérebro, sendo que acontecimentos estressantes ou solidão podem dispará-la. Os idosos muitas vezes sentem que a colocação numa clinica é sinal de rejeição, e os filhos geralmente internam seus pais com relutância, cheios de desculpas e com muita culpa. A questão dos esquemas de vida torna-se mais premente quando um ou ambos ficam debilitados, enfermos ou inválidos, ou quando um dos cônjuges morre. (CARNEIRO et al., 2007; PAPALIA; OLDS, 2000). Desta forma, como destacam Papalia e Olds (2000), se os idosos já não dispõem de possibilidades de manejo do próprio ambiente físico, é necessário que os membros da família ou das instituições por eles frequentadas cuidem desses aspectos. Neri (2001) assinala que, a adoção de providências que visem facilitar e promover a interação física, social e psicológica do idoso com o ambiente pode aumentar a sua eficácia e assim a qualidade de vida real e percebida do idoso. Para Bleger (1984), a partir do ponto de vista psicológico, a instituição forma parte da personalidade do idoso, e na medida em que isto ocorre, tanto como a forma em que isto se dá, configuram distintos significados, sendo o meio pelo qual “os seres humanos podem se enriquecer ou se empobrecer e se esvaziar como seres humanos”. Uma instituição de longa permanência constitui basicamente um grupo psicológico, Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

(5) Juliana Francisca Cecato et al.. 125. forma-se principalmente pela proximidade física e também pela identidade de pontos de vista de seus constituintes e, à medida que a interação continua valores, objetivos, papéis, normas, vão se formando progressivamente, tem uma atmosfera própria, sendo integrado por pessoas que se conhecem, que procuram objetivos comuns, possuem ideologias semelhantes e interagem com frequência (RODRIGUES et al., 2008). Em se tratando de idosos institucionalizados, pode-se constatar um grau de poder e controle dos cuidadores, comparável ao grau de poder que só os pais têm sobre os filhos pequenos. Este tipo de controle leva as pessoas a tratarem os idosos como crianças, principalmente dentro das instituições. Em nome da eficiência, da rapidez e da perfeição do trabalho, as tarefas que ajeitada ou desajeitadamente poderiam ser executadas pelos idosos vão sendo, aos poucos, delegadas e perdidas, principalmente no contexto de institucionalização. Para Araújo et al. (2006, p.238), as instituições de longa permanência representam um ambiente psicossocial, caracterizadas em sua maioria, por idosos abandonados por seus familiares e que geralmente são carentes de relacionamento social e afetivo, no entanto, o confinamento social e afetivo a que são submetidos, “torna a velhice sinônimo da espera/preparação para a morte, uma vez que não há a participação em atividades sócio recreativas, e as redes de apoio social são quase inexistentes”. Relevante também, como descreve Neri (2001, p.168), é a adoção de providências que visem facilitar e promover a interação social, física e psicológica do idoso com o ambiente, o, que segundo a autora, “pode aumentar a sua eficácia e assim a qualidade de vida real e percebida do idoso”. Nesse momento é imprescindível que a instituição asilar acumule também atributos positivos capazes de maximizar a independência funcional dos idosos ameaçada ante as deficiências físicas e cognitivas, assegurando ao máximo a sua autonomia e estimulando um envelhecimento ativo dentro das possibilidades de cada indivíduo (MARTINEZ; BRÊTAS, 2004). Os objetivos deste estudo foi demonstrar a relevância das atividades lúdicas para a qualidade de vida de idosos institucionalizados, despertar a criatividade. e. a. espontaneidade,. qualidades. estas. dispersas. no. processo. de. institucionalização, e que, se resgatadas poderão beneficiar a saúde física e mental dessa população.. 2.. MÉTODOS Foram analisados seis participantes, de ambos os sexos, com idades entre 60 e 80 anos. Os critérios de inclusão foram idosos institucionalizados, que apresentavam preservação cognitiva para desenvolver atividades lúdicas, como por exemplo: participar da “hora do conto”,. conseguir. identificar. figuras,. jogos,. etc.. Idosos. que. apresentassem. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

(6) 126. Avaliação da intervenção de atividades lúdicas em idosos institucionalizados. comprometimento cognitivo grave (Clinical Dementia Rating ≥ 3), acamados, com comprometimento visual e auditivo grave, com sequela de acidente vascular encefálico que comprometessem a cognição e idosos que não aceitassem participar das atividades foram excluídos da pesquisa. A coleta de dados ocorreu por meio de conversas informais e observações científicas junto aos idosos, onde foram desenvolvidas as atividades lúdicas. Primeiramente, foram feitas observações científicas na instituição e foram anotados os comportamentos mais frequentes identificados nos participantes (Tabela 1). Posteriormente, foram desenvolvidas atividades lúdicas que objetivavam a interação social, criatividade, espontaneidade e satisfação de estar engajado em algo produtivo. Tabela 1. Representação dos comportamentos observados durantes as observações científicas antes das atividades lúdicas.. 3.. Comportamentos observados antes das atividades lúdicas. Antes. Depois das atividades. Apatia. 6. 3. Isolamento. 5. 2. Inativade. 5. 3. Desejos de morte. 4. 2. Desânimo. 6. 3. Desesperança. 6. 3. RESULTADOS Os resultados evidenciam uma diminuição nos comportamentos negativos como mostra o Gráfico 1 e a Tabela 1. Pode-se observar que as intervenções com as atividades lúdicas diminuíram em 50% os sentimentos de apatia, desejos de morte, desânimo e desesperança. Observa-se uma diminuição apenas de 40% do sentimento de isolamento e uma diminuição considerável em relação à inatividade, onde pode-se verificar uma diminuição de 60% (Tabela 2).. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

(7) Juliana Francisca Cecato et al.. 127. Gráfico 1. Representação gráfica em dois momentos do trabalho na instituição: a linha azul representa os relatos antes da intervenção e a linha em vermelho evidencia os relatos após as atividades. Tabela 2. Representação da diminuição em porcentagem dos comportamentos após intervenção com atividades lúdicas.. 4.. Comportamentos observados antes das atividades lúdicas. Diminuição dos comportamentos (%). Apatia. 50%. Isolamento. 40%. Inativade. 60%. Desejos de morte. 50%. Desânimo. 50%. Desesperança. 50%. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos primeiros encontros o que realmente chamou a atenção, foi o fato de estarem isolados entre si, logo, um duplo isolamento, pois estando em uma Casa de Repouso, o primeiro isolamento que ocorre, é com a sociedade, com o mundo exterior, fora daquele local, e, o segundo isolamento, entre si, uma vez, que pelas dificuldades motoras e psíquicas ali encontradas, a comunicação já se torna prejudicada. Pode-se observar que como estão de certa maneira, há muito tempo, naquele tipo de ambiente, teria que primeiro observá-los e percebê-los em seu meio, apenas uma observadora empírica de uma realidade específica, não aceitariam uma “invasora”, a maioria deles, são reservados e sistemáticos, até mesmo como garantia para serem respeitados em sua privacidade, afinal, não é algo simples nesta altura da vida, acostumar-se com o coletivo e com as regras impostas pelo local, podendo levar o idoso “a atitudes de não aderência ou à falta de cooperação” (MIGUEL et al., 2007). Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

(8) 128. Avaliação da intervenção de atividades lúdicas em idosos institucionalizados. Não estão desprovidos dos cuidados materiais e físicos, banho, comida, fraldas, medicação, mas das relações humanas, portanto, estabelecer a rotina de visita e tratá-los de forma individual e única, dispondo-me a ouvi-los, e dentro do retorno oferecido por cada um, um contato físico como um abraço ou um beijo, foi o elo que tornou possível os primeiros contatos. Para tanto, a inserção de maneira sutil no ambiente, no tempo e espaço concedido por cada um deles, tornou possível estabelecer vínculos sem que se dessem conta, até porque para o idoso torna-se difícil abrir espaço para pessoas estranhas, e para alguns ali, que estão em situação de dependência, é ainda mais constrangedor, sua privacidade está limitada, também seus direitos e desejos tem horários para se concretizarem. Se inicialmente mostravam-se apáticos e distantes, ao longo dos encontros e das rodas de conversa, fora possível perceber certa expectativa e motivação pelas atividades. E a confirmação de que a motivação para a realização das atividades era possível, veio pelo primeiro momento lúdico proposto, onde músicas de época de vários estilos foram selecionadas e tocadas no intuito de levá-los a memórias passadas, inclusive à partilha de vivências, os idosos cantarolaram e relembraram situações da infância e juventude. A cada encontro fora ficando mais dinâmico propor algo para realizarem juntos. E mesmo nas dificuldades físicas apresentadas por alguns, era possível perceber o desejo em participar, para tanto as atividades eram selecionadas de maneira a levar a todos à participação. No decorrer das atividades propostas, fora possível constatar um misto de alegria e satisfação, de criatividade e espontaneidade, mas também de incertezas; aqueles momentos faziam a diferença, se divertiam, sentiam-se livres, mas sabiam que eram apenas algumas horas, e que logo após estariam envoltos na realidade local. É plausível que uma equipe multidisciplinar também faria toda a diferença no local,. além. do. psicólogo,. um. terapeuta. ocupacional,. um. fisioterapeuta,. um. fonoaudiólogo, profissionais que acompanhariam de maneira mais próxima os idosos, levando-se em conta “a importância dos demais aspectos envolvidos no cuidado como a promoção da independência, a preservação da autonomia e a manutenção de um ambiente estimulante” (MIGUEL et al., 2007). É importante considerar que os idosos ao se envolverem nas atividades lúdicas propostas, experimentam momentos de liberdade física e mental, ressaltando o que Andrade (2004) propõe “a sensação subjetiva de saúde e de bem-estar, influi mais do que a situação real da funcionalidade física e cognitiva”, a que estão expostos, onde o despertar da criatividade e da espontaneidade, promovidos pela realização de tarefas descontraídas e divertidas, farão com que tais qualidades, dispersas no processo de institucionalização, ao serem resgatadas auxiliem a saúde física e mental desses idosos. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

(9) Juliana Francisca Cecato et al.. 129. Cabe mencionar que o aumento da população idosa requer estudos peculiares no sentido de atualizar-se constantemente em relação ao que se pretende oferecer enquanto profissional, uma vez que, cada geração trará diferentes necessidades e anseios de acordo com sua época. Pode-se concluir as atividades lúdicas quando devidamente propostas, podem contribuir de maneira promissora para um efetivo trabalho com idosos institucionalizados, o brincar, simplesmente pelo prazer de brincar, sem compromisso ou regras formais pode proporcionar ao idoso um novo olhar sobre seu momento, despertando espontaneidade e criatividade; onde conteúdos internos são revividos, tornam-se emergentes, permitindo novos significados às suas vivências.. REFERÊNCIAS ALEIXO, M. A. R. Musicoterapia aplicada a pacientes com demência. In: BOTTINO, C. M. C.; LAKS, J.; BLAY, S. L. Demência e transtornos cognitivos em idosos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. ANDRADE, Rosane Santos de. Estímulos psicomotores para crianças de 6 a 10 anos adaptados à terceira idade. Pós-graduação “lato sensu” - Projeto a vez do mestre. Universidade Candido Mendes. 21/07/2004. Disponível em: <http://www.avm.edu.br/monopdf/7/ROSANE%20SANTOS%20DE%20ANDRADE.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2010. ARAÚJO, L. F.; COUTINHO, M. P. L.; SALDANHA, A. A. W. Envelhecimento: questões de gênero. In: CORTE, B.; MERCADANTE, E. F.; ARCURI, I. G. (Orgs.). Envelhecimento e velhice: um guia para a vida. 1 ed. v.2 São Paulo: Vetor, 2006. BEE, H. O ciclo vital. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. BLEGER, José. Psico-higiene e psicologia institucional. Porto Alegre, Artes Médicas, 1984. CAMARANO, A. A.; PASINATO, M. T. O envelhecimento populacional na agenda das políticas públicas. In: CAMARANO, A. A. (Org.). Os novos idosos brasileiros. Rio de Janeiro: IPEA, 2004. CAMARANO, A. A. Instituições de longa permanência e outras modalidades de arranjos domiciliares para idodos. In: NERI, A. L. (Org.). Idosos no Brasil: vivências desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, Edições SESC, SP, 2007. CARNEIRO, Rachel Shimba; FALCONE, Eliane; CLARK, Cynthia; PRETTE, Zilda Del; PRETTE, Almir Del. Qualidade de vida, apoio social e depressão em idosos: relação com habilidades sociais. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 20, n. 2, 2007. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/188/18820208.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2010. CARVALHO, N. C. Dinâmicas para idosos: 125 jogos e brincadeiras adaptados. 4.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. CAVALLARI, V. R. ZACHARIAS, V. Trabalhando com recreação. 9.ed. São Paulo: Ícone, 2007. FERREIRA, R. C. R. Arteterapia e transtornos cognitivos. In: BOTTINO, C. M. C.; LAKS, J.; BLAY, S. L.. Demência e transtornos cognitivos em idosos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. FRITZEN, S. J. Jogos dirigidos para grupos, recreação e aulas de educação física. Petrópolis, RJ: Editora Vozes Ltda., 1981. JACOB, L. Animação de idosos. Manual de animação de idosos. Cadernos Socialgest, n.04, 2007. Disponível em: <http://www.socialgest.pt>. Acesso em: 22 nov. 2011. MARTINEZ, Silvia Helena Leandro; BRÊTAS, Ana Cristina Passarella. O significado do cuidado para quem cuida do idoso em uma instituição asilar. Acta Paul. Enf., São Paulo, v.17, n.2, p. 181-8,. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

(10) 130. Avaliação da intervenção de atividades lúdicas em idosos institucionalizados. 2004. Disponível em: <http://www.unifesp.br/denf/acta/2004/17_2/pdf/art7.pdf>. Acesso em: 30 out. 2010. MATTOS, M. L. J. A velhice segundo a OMS começa aos 65 anos. Fundação Maria Lúcia Jaqueira de Mattos, 2009. Disponível em: <http://estatutodoidoso.blogspot.com/2009/11/velhicesegundo-oms-comeca-aos-65-anos.html>. Acesso em: 12 out. 2011. MIGUEL, Maria Emilia Grassi Busto; PINTO, Meyre Eiras de Barros; MARCON, Sonia Silva. A dependência na velhice sob a ótica de cuidadores formais de idosos institucionalizados. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.9, n.3, p 784-795, 2007. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n3/v9n3a17.htm>. Acesso em: 30 out. 2010. NERI, A. L. Velhice e qualidade de vida na mulher. In: NERI, Anita Liberalesso (org.). Desenvolvimento e envelhecimento: perspectivas biológicas, psicológicas e sociológicas. Campinas: Papirus, 2001. PAPALIA, Diane E. Olds, Sally Wendkos; trad. Daniel Bueno.Desenvolvimento Humano. 7.ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. QUARESMA, M. L. B. Envelhecimento: questões de gênero. In: CORTE, B.; MERCADANTE, E. F.; ARCURI, I. G. (Orgs.). Envelhecimento e velhice: um guia para a vida. 1.ed., v.2, São Paulo: Vetor, 2006. RODRIGUES, Aroldo; ASSMAR, Eveline Maria Leal; JABLONSKI, Bernardo. Psicologia Social. 26.ed. Petrópolis: Vozes, 2008. SANTOS FILHO, J. A. A. DSO. Atividades recreativas e envelhecimento. In: SCHWARTZ, G. M.; RANGEL, I. C. A.; DARIDO, S. C. Educação Física no ensino superior: atividades recreativas. Faculdade Anhanguera de Jundiaí, programa do livro texto (PLT), 2009. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998. WINNICOTT, D. W. O Brincar e a realidade. Trad. José Octávio de Aguiar Abreu e Vanede Nobre. Rio de Janeiro: Imago, 1975. Juliana Francisca Cecato Psicóloga, Bióloga pela Universidade São Francisco. Mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de Jundiaí, e Pós Graduanda em Psicopedagogia pela Anhanguera Educacional. José Eduardo Martinelli Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Jundiaí, mestrado em Gerontologia pela Universidade Estadual de Campinas e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. Médico responsável pela disciplina de Geriatria e Gerontologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí - FMJ e pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia Comendador Hermenegildo Martinelli José Maria Montiel Possui graduação em Psicologia, especialista em Diagnostico e Triagem. Mestre e Doutor em Psicologia com ênfase em Avaliação Psicológica em Contextos de Saúde Mental pela Universidade São Francisco. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Cognitiva e Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

(11) Juliana Francisca Cecato et al.. 131. Neuropsicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: avaliação psicológica, avaliação neuropsicológica com ênfase em transtornos mentais e problemas de aprendizagem, desenvolvimento de instrumentos para avaliação psicológica e neuropsicológica e intervenções psicológicas. Daniel Bartholomeu Psicólogo, Mestre e Doutor em Avaliação Psicológica em Contexto de Saúde Mental pela Universidade São Francisco. É colaborador do Laboratório de Pesquisa em Psicologia do Esporte (Lepespe) e coordenador do Laboratório de Psicodiagnóstico e Neurociências Cognitivas (LaPeNC). Atualmente leciona no Centro Universitário Salesiano de Americana. Vandercy Soares de Lacerda Psicóloga e Pós graduanda em Psicopedagogia pela Anhanguera Educacional. Melissa Picchi Zambon Psicóloga, Mestre e Doutoranda em Educação Especial (Educação do Indivíduo Especial) pela Universidade Federal de São Carlos. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Escolar e Educação Especial, atuando principalmente nos seguintes temas: motivação acadêmica, autoconceito, atribuição de causalidade, metas de realização, aprendizagem cooperativa e inclusão escolar. Janaina S. G. Fernandes Mentranda do Programa de Pós Graduação UNIFIEO.. Encontro: Revista de Psicologia  Vol. 16, Nº. 24, Ano 2013  p. 121-131.

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