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AULA DE

DIREITO ADMINISTRATIVO I

Profª Lúcia Luz Meyer

atualizado em 03.2010

PONTO 20 – AGENTE PÚBLICO

Roteiro de Aula (21 fls)

SUMÁRIO: 20.1. Agente público - conceito e classificação. 20.2. Espécies de regimes jurídicos. 20.3. Cargo. Emprego. Função Pública. 20.4. Provimento e Vacância de cargo público. 20.5. Proibição de acumulação. 20.6. Efetividade. Estabilidade. Vitaliciedade. 20.7. Remuneração. Vencimento. Vencimentos. Subsídios. 20.8. Responsabilidade dos agentes públicos. 20.8.1. Responsabilidade civil. 20.8.2. Responsabilidade Penal. 20.8.3. Responsabilidade administrativa. 20.9. Legislação.

Os vocábulos empregados para designar aqueles que mantêm vínculo de trabalho

com entes estatais apresentam-se nebulosos. Na linguagem comum, inclusive usada na imprensa falada e escrita, mencionam-se, com freqüência, os termos funcionalismo, funcionários, servidores, para abranger todos os que trabalham na Administração ou num setor; são muito

comuns as expressões ‘greve no funcionalismo’, ‘greve dos funcionários do Correio’. Na linguagem técnico-jurídica reina confusão, parecendo difícil fixar com nitidez

o sentido das diversas expressões existentes. A Constituição Federal dá preferência à expressão servidores públicos, com a qual intitula uma seção; usa também o termo servidor em quase todos os dispositivos da matéria. Assim, a Constituição Federal atribui a essa locução o sentido

amplo, que tradicionalmente se conferia à expressão agentes públicos, para abranger todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho com o poder público.

(ODETE MEDAUAR, Direito Administrativo Moderno, 7ª ed, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 285)

20.1. AGENTE PÚBLICO - CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO:

É importante que se faça de início uma apresentação panorâmica sobre Agentes Públicos. - Conceito:

A Administração Pública é formada por pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos. Por sua vez, o AGENTE PÚBLICO é sempre uma pessoa física, investida no exercício de uma função pública, em caráter permanente ou eventual, com ou sem remuneração.

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A expressão ‘agente público’ é muitas vezes utilizada como sinônimo de ‘agente estatal’; assim, basta que esteja investido no desempenho de uma função estatal, com vínculo permanente ou eventual, institucional ou contratual, remunerado ou não, será um agente público.

Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (Curso de Direito Administrativo, 20ª ed, São Paulo: Malheiros, 02-2006, p. 226 – grifo original):

Esta expressão – agentes públicos – é a mais ampla que se pode conceber para designar genérica e indistintamente os sujeitos que servem ao Poder Público como instrumentos expressivos de sua vontade ou ação, ainda que o façam apenas ocasional ou episodicamente.

Segundo MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO (Direito Administrativo, 20ª ed, São Paulo: Atlas, 2007, p. 476):

Agente público é toda pessoa física que presta serviço ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta.

DIÓGENES GASPARINI (Direito Administrativo Brasileiro, 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p.139) entende que agente públicos

Podem ser definidos como todas as pessoas físicas que sob qualquer liame jurídico e algumas vezes sem ele prestam serviços à Administração Pública ou realizam atividades que estão sob sua responsabilidade.

No dizer de JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO (Manual de Direito Administrativo, 17ª ed, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 511 – grifo original):

A expressão agentes públicos tem sentido amplo. Significa o conjunto de pessoas que, a qualquer título, exercem uma função pública como prepostos do Estado. Essa função, é mister que se diga, pode ser remunerada ou gratuita, definitiva ou provisória, política ou jurídica. O que é certo é que, quando atuam no mundo jurídico, tais agentes estão de alguma forma vinculados ou Poder Público.

Leciona MARÇAL JUSTEN FILHO (Curso de Direito Administrativo, 2ª ed, São Paulo: Saraiva, 2006, pp. 579-580) que:

Agente Público é toda pessoa física que atua como órgão estatal, produzindo ou manifestando a vontade do Estado. O agente público é, necessariamente, uma pessoa física, o que exclui as pessoas jurídicas. O Estado é uma pessoa jurídica, e sua atuação jurídica depende da atuação material de um indivíduo. O agente público é aquele que forma e manifesta a vontade estatal.

Precioso também o ensinamento de JOSÉ MARIA PINHEIRO MADEIRA (Servidor Público na Atualidade, 6a ed, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 9):

O Estado necessita de recursos humanos e materiais para a realização de atividades, serviços e obras que estão a seu cargo. Os recursos humanos, os únicos que nos interessam no presente trabalho, constituem todas as pessoas físicas que, sob variados vínculos e algumas vezes sem qualquer liame, prestam serviços à Administração Pública ou realizam atividades que estão sob sua responsabilidade, ainda quando o façam ocasional ou episodicamente. Essas pessoas são os agentes públicos.

(…).

Tais agentes atuam no mundo jurídico como instrumentos expressivos da vontade do Poder Público, a qual é imputada ao Estado, pois o Estado só se faz presente através de pessoas físicas que em seu nome atuam. Para tal, o agente público é investido de necessária parcela de poder público para o desempenho de suas atribuições, poder este que há de ser utilizado normalmente pelos agentes, de acordo com o que a lei lhes confere.

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O art. 37 da CF/88 inclui como agente público todos os servidores que prestam serviço à Administração Direta e Indireta, sejam eles estatutários ou celetistas.

Conceitua agente público o art. 2º da Lei n° 8.429, de 02/06/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), in verbis:

Art. 2º - Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

O art. 327 do Código Penal considera “funcionário público, para os feitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública” e equipara ao funcionário “quem exerce cargo, emprego ou função pública em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para execução de atividade típica da Administração Pública”.

A Lei n° 9.504, de 30.09.1997 (Estabelece normas para as eleições), define agente público no § 1° do art. 73:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:

[…].

§ 1º Reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta, ou fundacional.

[…].

- Classificação:

Existem várias categorias em que se pode classificar os agentes públicos, a depender do tipo de vínculo mantido com o Estado, da natureza das funções desempenhadas, das condições para a investidura, dos direitos e deveres assumidos, etc. A classificação mais usada é:

a) agentes políticos

-Os agentes políticos são os ocupantes de cargos eletivos e também aqueles ocupam o escalão máximo da organização do Estado; subordinam-se diretamente à Constituição. Para MARÇAL JUSTEN FILHO (2006:584):

Os agentes políticos são, no sentido mais próprio, os representantes do povo, que o conduz à investidura por meio de mandatos eletivos. Mas também se reputa que os auxiliares diretos e imediatos do Chefe do Poder executivo são agentes políticos, tal como se passa com os Ministros de Estado.

Diz HELY LOPES MEIRELLES (Direito Administrativo Brasileiro, 29ª ed, São Paulo: Malheiros, 01-2004, p. 76) que:

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funções, mandatos ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou delegação para o exercício de atribuições constitucionais.

Inclui-se nessa categoria de agente político os Chefes dos Executivos, seus auxiliares diretos, membros do Poder Legislativo, da Magistratura, do Ministério Público, dos Tribunais de Contas, representantes diplomáticos e, para alguns doutrinadores, as “demais autoridades que atuem com independência funcional no desempenho das atribuições governamentais, judiciais ou quase judiciais, estranha ao quadro do funcionalismo estatutário. Tem-se aqui uma idéia associada a Governo e função política com função de formadores da vontade do Estado”.

Leciona MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO (2007:478 – grifo original) que:

São, portanto, agentes políticos, no direito brasileiro, porque exercem atividade típicas de governo e

exercem mandato, para o qual são eleitos, apenas os Chefes dos Poderes Executivos federal,

estadual e municipal, os Ministros e Secretários de Estado, além de Senadores, Deputados e Vereadores. A forma de investidura é a eleição, salvo para Ministros e Secretários, que são de livre escolha do Chefe do Executivo e providos em cargos públicos, mediante nomeação.

Em sentido amplo o agente político exerce função pública, mas mantém vínculo de natureza política, não de subordinação e geralmente é transitório; a investidura se faz por eleição, nomeação ou comissão e não tem direito a férias.

b) agentes administrativos (servidores públicos)

-Os agentes administrativos mantém um vínculo de subordinação com o Poder Público, de caráter profissional e permanente (logo, não é um vínculo eventual), e compreendem:

b.1) os ESTATUTÁRIOS (sujeitos ao regime estatutário e ocupantes de cargos públicos);

Prescreve a Lei n° 8.112, de 11.12.1990 (Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais) que:

Art. 1° Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais.

Art.2° Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

b.2) os EMPREGADOS PÚBLICOS (contratados sob regime da CLT e ocupantes de empregos públicos).

Há ainda, em caráter não permanente, sem submissão a concurso público:

b.3) os SERVIDORES TEMPORÁRIOS - contratados por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público; estes exercem uma função pública, mas sem estarem vinculados a cargo ou emprego público (art. 37, IX da CF/88); o vínculo é através de um contrato administrativo; apenas desempenham uma função pública; pode ocorrer na Administração Direta e na Indireta, nos três Poderes Estatais; alguns entendem que se sujeitam ao regime

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celetista (Celso Antônio Bandeira de Melo, Diógenes Gasparini), e outros entendem que se submetem a um regime jurídico especial, instituído por lei, em cada esfera estatal. No âmbito federal o assunto é disciplinado pela Lei nº 8.745, de 09/12/93 (Dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal, e dá outras providências). Diz essa lei no art. 1°:

Art. 1º Para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, os órgãos da Administração Federal direta, as autarquias e as fundações públicas poderão efetuar contratação de pessoal por tempo determinado, nas condições e prazos previstos nesta Lei.

c) militares

-Após a EC nº 18/98 os militares foram excluídos da denominação de servidores, sendo considerados mais uma categoria de agente público. O art. 42 e §§ da CF/88 considera como militares os membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares dos

Estados, do DF e dos Territórios:

Art. 42 - Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

E o art. 142, § 3º, X da CF/88 inclui nessa categoria os membros das Forças Armadas:

Art. 142 - As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

§ 1º - Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas.

§ 2º - Não caberá "habeas-corpus" em relação a punições disciplinares militares.

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

[...].

Antes denominados de “servidores militares”, estão hoje sujeitos ao regime estatutário próprio para “militares”.

d) particulares em colaboração com o Poder Público

-Os particulares em colaboração com o Poder Público são os que exercem um munus, com ou sem remuneração, mas sem vínculo - estatutário ou empregatício -, com o Poder Público; eles exercem os deveres públicos de interesse do cidadão. Podem ser:

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d.1) por delegação: são os delegatários do Poder Público (empregados das concessionárias e permissionárias, de serviços notoriais e de registro, leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos, Diretores de Faculdades particulares). Ex: art. 236/ CF:

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento)

§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.

§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.

Os delegatários exercem função pública, em nome do Estado, mas sem vínculo com o mesmo, apesar de estarem sob sua – Estado - fiscalização;

d.2) por requisição: são os requisitados, nomeados ou designados para o exercício de funções públicas relevantes (jurados, comissários de menores, integrantes de comissões, mesários nas eleições, etc);

d.3) por ‘sponte’ (vontade) própria: são os gestores de negócios públicos, os que assumem uma função pública, espontaneamente, em momento de emergência, p. ex., em casos de epidemias, incêndios, etc;

d.4) por contrato civil: como por exemplo, um advogado contratado especificamente para atuar em uma determinada audiência.

20.2. ESPÉCIES DE REGIMES JURÍDICOS:

A EC nº 19/98 acabou com o ‘regime jurídico único’ previsto na redação original da CF/88. Vide os arts. 39, 40, 41 e 42 da CF/88. Depois dessa EC, podemos encontrar numa mesma entidade pública, de direito público, servidores públicos estatutários (regime de direito público) e servidores públicos celetistas (regime geral, de direito privado).

a) regime estatutário :

A palavra estatutário vem de status (conjunto de poderes e deveres criados, modificados ou extintos por lei); há uma predominância do interesse público sobre o interesse pessoal ou particular; exercem atividades exclusivas do Estado.

O regime jurídico que disciplina a relação de trabalho é imposto unilateralmente pelo Estado, vale dizer, ‘a vontade e a concordância do particular são pressupostos para a instauração do vínculo de trabalho, porém não são suficientes para gerar tal vínculo, que se produz por ato unilateral do Estado.

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O liame que mantém com o Estado é de natureza institucional, de normas de ordem pública, cogentes, não derrogáveis pelas partes; as normas da legislação civil, comercial e trabalhista não incidem sobre o servidor estatutário.

São ocupantes de cargos públicos, vale dizer, ‘titularizam’ cargos públicos, os quais são estabelecidos em lei por cada uma das unidades da Federação. Existe o Estatuto dos Servidores Públicos da União (Lei nº 8.112/90), os Estatutos dos Servidores Públicos de cada Estado (na Bahia temos a Lei nº 6.677/94), e, ainda os Municípios (ex: Lei Complementar 01/91 - Estatuto do Servidor Público Municipal de Salvador) também poderão ter seus próprios Estatutos.

O regime é sujeito a revisão unilateral por parte do Estado, respeitando apenas os direitos adquiridos pelo servidor quanto a vantagens ou benefícios incorporados.

No dizer de MARÇAL JUSTEN FILHO (2006:591):

Os servidores públicos estatutários ou com cargo público são aqueles cuja relação jurídica com o Estado é subordinada a regime jurídico de direito público, caracterizado pela ausência de consensualidade para sua instauração tal como para a determinação de direitos e deveres.

b) regime celetista (ou trabalhista) :

Os servidores em regime trabalhista, ou celetista, são disciplinados pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, a qual que sofre derrogações das normas constitucionais, isto é, apesar de sujeitos à CLT, submetem-se também às normas constitucionais referentes à investidura, aquisição de cargos, vencimentos, etc. (Capítulo VII, Título III/CF); os Estados membros e os Municípios não podem derrogar normas da legislação trabalhista, pois não tem competência para legislar em Direito do Trabalho, que é reservado exclusivamente à União (art. 22, I da CF/88). A CLT estabelece as normas gerais de vínculo de trabalho de direito privado.

Em outras palavras, os servidores públicos celetstas são ocupantes de empregos públicos; o liame com o Estado é de natureza contratual, vale dizer, o vínculo somente se instaura através do contrato de trabalho.

Os servidores das estatais de direito privado (Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) são todos servidores celetistas.

Vale sempre ressaltar que, conforme já retro referido, todos eles – estatutários ou celetistas - submetem-se à concurso público para ingresso no Estado.

OBSERVAÇÕES:

(1) na esfera federal, os servidores da Administração Direta, Autárquica e Fundacional estão também submetidos à Lei nº 9.962, de 22/02/2000 (Disciplina o regime de emprego público do pessoal da Administração federal direta, autárquica e fundacional, e dá outras providências), que diz que o pessoal celetista será regido pela CLT no que a lei não dispuser em contrário:

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Art. 1° O pessoal admitido para emprego público na Administração federal direta, autárquica e fundacional terá sua relação de trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e legislação trabalhista correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário.

(2) algumas categorias de servidores públicos deverão sempre ser estatutário, ocupantes de cargos públicos, p. ex., os membros da Magistratura, do Ministério Público, do Tribunal de Contas, da Advocacia Pública e da Defensoria Pública, e alguns servidores de serviços auxiliares da Justiça;

(3) servidores de empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado (estas, se houverem em nível estadual e/ou municipal, eis que a nível federal são todas de direito público) submetem-se à CLT, classificando-se como servidores empregados - art. 173, § 1º, II da CF/88:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º - A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) […].

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

(4) Lei nº 10.871, de 20/05/2004 (Dispõe sobre a criação de carreiras e organização de cargos efetivos das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras, e dá outras providências).

20.3. CARGO PÚBLICO. EMPREGO PÚBLICO. FUNÇÃO PÚBLICA: Vale, inicialmente, proceder a algumas pontuações:

1. os servidores públicos ocupam cargos (estatutários) ou empregos (celetistas) e exercem função pública.

2. Sobre cargos, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (02-2006:233-234 – grifo original) diz que:

Cargos são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por

um agente, previstas em número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por lei, salvo quando concernentes aos serviços auxiliares do Legislativo, caso em que se criam por resolução, da Câmara ou do Senado, conforme se trate de serviços de uma ou de outra destas Casas. Os servidores titulares de

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categoria de agentes. Tal regime é estatutário ou institucional; logo, de índole não-contratual.

Os cargos públicos tem denominação própria, atribuições e padrão de vencimento ou remuneração, próprio do regime estatutário.

3. O emprego público equivale, no regime celetista, ao cargo público do regime estatutário.

4. Já função pública é a atribuição exercida pelos agentes sem que lhe corresponda, necessariamente, um cargo ou emprego.

5. A investidura em cargo ou em emprego público se faz após aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos (salvo nomeação para cargo em comissão, de livre nomeação e exoneração, e a contratação para serviços temporários – art. 37, IX da CF/88, bem como, para funções de confiança – art. 37, V da CF/88); 6. Denomina-se de vacância ao ato administrativo pelo qual o servidor é destituído do cargo, emprego ou função, decorre de exoneração, demissão, aposentadoria, promoção e falecimento.

7. Quando o servidor for condenado na esfera criminal, o juízo cível e administrativo não podem decidir em contrário (art. 935/CC); quando houver absolvição penal, há várias hipóteses (art. 386/CPP) e farta jurisprudência, e só afasta condenação civil e administrativa se decorrente da inexistência do ato imputado ao servidor público ou negativa de sua autoria.

Vide art. 48, X da CF/88 (redação da EC nº 32/2001):

48 – Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, (...): [...]

X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;

[...].

Cargo público:

Cargos públicos são unidades específicas de atribuições existentes nos diversos órgãos;

distinguem-se de ‘emprego’ pelo vínculo jurídico. O vínculo, estatutário ou institucional, só existe nas entidades de direito público.

Os cargos podem distribuir-se em classes (conjunto de cargos de mesma natureza, com mesmas atribuições, responsabilidades e vencimentos) e carreiras (agrupamento de classes escalonadas pelo grau de responsabilidade ou complexidade das atribuições), ou ser isolado. Para MARÇAL JUSTEN FILHO (2006:593):

Cargo público é uma posição jurídica criada e disciplinada por lei, sujeita a regime jurídico de direito público peculiar, caracterizado por determinação unilateral do Estado e por inúmeras garantias em prol do ocupante.

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Os cargos públicos podem ser (art. 37, II da CF/88):

a) de provimento efetivo: dependem de concurso público ou de provas e títulos; admite-se, excepcionalmente, ser ‘sem concurso’, p. ex: art. 101/CF = Ministros do STF e demais Tribunais Superiores, os do ‘quinto constitucional’ dos Tribunais Estaduais e Ministros e Conselheiros dos TC;

b) de provimento vitalício: somente no âmbito do Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas;

c) de provimento em comissão: livre nomeação e exoneração; provisoriedade; previsão constitucional para cargos de direção, chefia e assessoramento;

A investidura, em regra, é precária e temporária. Casos especiais: art. 84, XIV/CF c/c art. 52, III, a e f da CF/88, quando depende de aprovação do Senado.

A atividade privada somente será admitida se não provocar prejuízos às atividades próprias do cargo. Difere de ‘função de confiança’.

Emprego público:

Também os empregos públicos são unidades específicas de atribuições existentes nos diversos órgãos, providos através de concurso; distingue-se de ‘cargo’ pelo vínculo jurídico. O vínculo é celetista (sob regime de direito privado), e pode existir tanto em entidades de direito público ou de direito privado.

Função pública:

A função pública consiste nas atribuições do órgão, cargo ou emprego, ou destinadas diretamente ao agente público; todo cargo ou emprego tem uma função, mas o inverso não é necessariamente verdadeiro; assim, existe função sem cargo ou emprego, que é a chamada ‘função autônoma’, que abrange:

a) função temporária – art. 37, IX da CF/88:

Art. 37 – (…): […];

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

[...].

b) função de confiança – art. 37, V da CF/88:

Art. 37 – (...): [...].

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

[...].

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direção, chefia e assessoramento. Pode ser também uma ampliação das atribuições e responsabilidades de um cargo de provimento efetivo; corresponde o pagamento de uma remuneração adicional.

20.4. PROVIMENTO E VACÂNCIA DE CARGO PÚBLICO:

Diz DIRLEY DA CUNHA JÚNIOR, (Direito Administrativo, 5ª ed, Salvador: Jus Podium, 2007, p. 217), que provimento

É o ato administrativo por meio do qual o agente público é investido no exercício do cargo, emprego ou função. A investidura em cargo público ocorrerá coma posse. No Direito Administrativo há dois tipos de provimento: a) o provimento originário ou autônomo, e b) o provimento derivado.

Provimento

-O provimento pode ser:

a) provimento originário ou autônomo:

Consiste na primeira investidura, por nomeação ou por contratação; em regra, prazo de 30 dias após a nomeação para a posse; após a posse, 15 dias para entrar em exercício;

b) provimento derivado:

O provimento derivado pressupõe o provimento originário e pode ser: b.1. provimento derivado vertical:

- promoção – passa do ultimo padrão de uma classe para o 1º padrão da classe seguinte; diferente de progressão (dentro da mesma classe); - transposição ou ascensão funcional – passar de uma carreira para outra (foi considerada inconstitucional – Súmula 685 ‘É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual foi anteriormente investido’);

b.2. provimento derivado horizontal:

- transferência – abolida pela CF/88; - readaptação – art. 24 da Lei nº 8.112/90; b.3. provimento derivado por reingresso:

- reversão – para o mesmo cargo;

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- reintegração – mesmo cargo, por decisão judicial;

- recondução – reingresso por ter sido desalojado em decorrência de reintegração.

Vacância

-A vacância é destituição do servidor do cargo, emprego ou função que ocupava. Pode ser por (art. 33 da Lei n° 8.112/90):

a) exoneração: ‘a pedido’ ou ‘de ofício’; b) demissão;

c) promoção; d) readaptação;

e) aposentadoria: é penalidade;

f) posse em outro cargo inacumulável; g) falecimento.

A ascensão e a transferência não são mais hipóteses de vacância (Lei nº 9.527, de 10.12.97).

20.5. PROIBIÇÃO DE ACUMULAÇÃO:

A Constituição brasileira proibe de acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas, tanto da Administração Direta como da Indireta, inclusive de sociedades controladas, direta ou indiretamente pelo Poder Público, prevendo, entretanto, algumas exceções.

Hipóteses de exceção (acumulação em atividade) - art. 37, XVI e XVII da CF/88:

Art. 37 – [...]: [...];

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

a) a de dois cargos de professor; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). [...].

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Vale dizer, apenas é permitida a acumulação de : a) dois cargos de professor;

b) um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde.

Outra exceção é a prevista no art. 38 da CF/88, relativamente a mandatos eletivos:

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;

II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;

V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no exercício estivesse.

Há ainda a exceção para acumulação com proventos de aposentadoria (art. 37, § 10 da CF/88):

a) se for viável a acumulação na atividade: b) aposentadoria com proventos de cargo eletivo; c) aposentadoria com cargo em comissão.

Quando permitida a acumulação, observar sempre a compatibilidade de horário e o teto. Considera-se, também, a aposentadoria e a pensão para efeito de acumulação proibida (art. 37, § 10 da CF/88):

Art. 37 – [...]: [...];

§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

[...].

Finalmente, ver o disposto nos arts. 118-120 da Lei n° 8.112/90:

Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.

(14)

§ 1° A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.

§ 2° A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compatibilidade de horários.

§ 3° Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis na atividade

Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração devida pela participação em conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legislação específica.(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

20.6. EFETIVIDADE. ESTABILIDADE. VITALICIEDADE:

Efetividade:

A efetividade ocorre quando o servidor ocupa um cargo público, por concurso. Observe-se, entretanto, que o cargo efetivo pode ser extinto, não gerando direito adquirido para o servidor.

Estabilidade:

A estabilidade é a garantia do servidor público estatutário ocupante de cargo efetivo (para demitir é necessário instaurar um processo administrativo para apurar falta grave ou processo judicial; ou pode ser exonerado para redução de despesas – art. 169/CF). Vale dizer, é uma “garantia de permanência no serviço público”, não gerando direito adquirido ao cargo, mas à permanência no Estado. O prazo para aquisição é de 03 anos (estágio probatório), nos termos do art. 41 da CF/88, com redação da EC 19/98:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

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III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.

§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

Importa aqui ressaltar o disposto no art. 19 dos ADCT, relativamente à denominada estabilidade excepcional:

Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público.

§ 1º - O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando se submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.

§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço não será computado para os fins do "caput" deste artigo, exceto se se tratar de servidor.

§ 3º - O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos da lei.

Vitaliciedade:

A vitaliciedade é a garantia de permanência aos agentes políticos; consiste em maior proteção que a estabilidade. São beneficiários os Juízes (todas as instâncias), Promotores (e Procuradores do MP) e Conselheiros e Ministros do TC.

A EC 19/98 ampliou as hipóteses de perda de cargo do servidor estável; o prazo para aquisição é de 02 anos e só se perde vitaliciedade por sentença judicial transitado em julgado.

20.7. REMUNERAÇÃO. VENCIMENTO. VENCIMENTOS. SUBSÍDIO:

A EC 19/98 introduziu várias modificações no regime remuneratório do servidor público, por exemplo, excluiu do art. 39 da CF/88 o princípio da isonomia de vencimentos e introduziu o regime de subsídios para determinadas categorias de agentes públicos. Ver também o art. 37, X.

Na remuneração ou vencimento considera-se uma parte fixa e uma variável, composta de vantagens pecuniárias de variada natureza.

O teto é pago em espécie (excluindo-se os ‘não em espécie’, como transporte, moradia, etc): a) remuneração máxima no âmbito federal = subsídio mensal de Ministro de STF;

(16)

b) remuneração máxima no âmbito municipal: subsídio de Prefeito; c) remuneração máxima no âmbito estadual:

c.1) Poder Executivo = subsídio de Governador;

c.2) Poder Legislativo = subsídio de Deputado Estadual;

c.3) Poder Judiciário = subsídio de Desembargador (90,25% do de Ministro do STF).

Há paridade de vencimentos entre os três Poderes (art. 37, XI e XII da CF/88):

Art. 37 - (…). […].

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li-mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o sub-sídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;

[…].

Também é estabelecida uma revisão anual, na mesma data, sem distinção de índices (art. 37, X retro transcrito).

Finalmente, a isonomia é assegurada a inativos e pensionistas mesma proporção e mesma data que os ativos (art. 40, § 8º/CF).

Assim, diz-se de remuneração: vencimentos e todas as vantagens pecuniárias, fixas e não fixas.

Vencimento:

Vencimento é a retribuição básica, sem vantagens adicionais; é o padrão ou a referência do cargo. Já vencimentos (no plural), compreende a retribuição básica e as vantagens pecuniárias fixas (adicionais, etc).

Subsídio:

O subsídio foi introduzido pela EC 19/98, e consiste na retribuição pecuniária parcela única, sem qualquer acréscimo de adicional, gratificação, etc..., Entretanto, a própria CF ressalva: art. 39, §3º/CF.

(17)

Para algumas categorias, é constituído de parcela única, sem percepção de vantagens pecuniárias variáveis. O subsídio pode ser:

a) obrigatório - para certos cargos ou funções – parlamentares, magistrados, MP, AGU, Procuradorias dos Estados e DF, Defensoria Pública, militares e polícias civis e militares, membros dos TC;

b) facultativo (a CF faculta aos demais servidores de carreira no art. 39, § 8º da CF). Cita-se o art. 39 da CF/88, in verbis:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.

§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará:

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; II - os requisitos para a investidura;

III - as peculiaridades dos cargos.

§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados.

§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.

§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.

§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.

§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos.

§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.

§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.

O art. 37, XV da CF/88 prevê a irredutibilidade de remuneração: “XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.” Sobre esse aspecto ver também a Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).

Em resumo, a forma de pagamento pode ser, em regra, mediante subsídio (agente político), vencimento (estatutário), salário (celetista), soldo (militar), provento (aposentado), e, ainda, a

(18)

pensão (dependente de servidor falecido).

20.8. RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOS:

A responsabilidade funcional pode ser: civil e/ou penal e/ou administrativa.

20.8.1. Responsabilidade C ivil:

A responsabilidade civil é de ordem patrimonial, decorre do art. 186 c/c art. 927 do Código Civil Brasileiro:

Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. c/c Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187) causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Necessário distinguir se o dano é causado ao Estado (haverá um processo administrativo) ou a terceiros (o Estado responde objetivamente – art. 37, § 6º da CF/88):

Art. 37 - (…). […].

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

[…].

20.8.2. Responsabilidade penal:

A responsabilidade penal ocorre:

a) quando pratica crime ou contravenção (ação ou omissão antijurídica e típica); b) dolo ou culpa (não há hipótese de responsabilidade objetiva);

c) relação de causalidade; d) dano ou perigo de dano.

O art. 327 do Código Penal - CP considera:

[...] funcionário público, para os feitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

E equipara a funcionário a:

[...] quem exerce cargo, emprego ou função pública em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para execução de atividade típica da

(19)

Administração Pública.

Os arts. 312-327/CP e os arts. 513-518 do Código de Processo Penal - CPP notificam crimes de ação pública, de competência exclusiva do Ministério Público.

A condenação pode acarretar pena principal e penas acessórias (arts. 67-73 do CP). 20.8.3. Responsabilidade Administrativa :

A responsabilidade administativa é a decorrente do exercício do cargo, emprego ou função pública.

As responsabilidades administrativa, civil e penal não se excluem mutuamente, ao contrário, podem incidir simultaneamente; vide art. 37 da CF.

A responsabilidade administrativa verifica-se quando se pratica ilícitos administrativos previstos na legislação estatutária e apresentam elementos básicos do ilícito civil: ação ou omissão contrária à lei, culpa ou dolo e dano.

Verifica-se um procedimento administrativo e judicial, assegurado contraditório e ampla defesa.

Há os processos sumários (sindicância) e os processos administrativos disciplinares. O assunto será estudado em ponto específico do Programa de Direito Administrativo (ver o Roteiro de Aula dos Pontos 21 e 22).

20.9. LEGISLAÇÃO ( cita-se aqui alguns dos dispositivos mais importantes sobre este ponto):

De início vale fazer uma remissão à ODETE MEDAUAR (2003:284-285) quando ela afirma que:

As bases normativas sobre servidores públicos encontram-se na Constituição Federal. A matéria relativa a servidores foi alterada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.1998. (...) As Constituições Estaduais abrigam as normas sobre servidores da Constituição Federal e especificam outras para o respectivo Estado, o mesmo ocorrendo com as Leis Orgânicas Municipais. As normas constitucionais sobre servidores e outras vêm englobadas nos chamados Estatutos, ou seja, leis que reúnem os preceitos fundamentais na matéria para cada âmbito administrativo, aplicáveis a boa parte dos servidores. Assim, há o Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, hoje também denominado Regime Jurídico dos Servidores Civis da União, das autarquias e das fundações federais – Lei nº 8.112, de 11.12.1990, com várias alterações posteriores; cada Estado membro poderá editar o Estatuto de seus servidores civis; cada Município, o seu. (...). Existem também os Estatutos especiais, destinados a determinadas categorias de servidores, cujas peculiaridades demandariam preceitos específicos: assim, no âmbito da Administração pode haver Estatuto do Magistério, Lei Orgânica de Procuradorias, Estatuto de Servidores de Autarquias; no âmbito do Poder Judiciário, a Lei Orgânica da Magistratura.

(20)

- Lei nº 8.112, de 11.12.1990 – Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União; - Lei nº 10.871, de 20/05/2004 – Dispõe sobre a criação de carreiras e organização de cargos efetivos das autarquias denominadas Agências Reguladoras;

- Lei nº 8.745, de 09/12/93 – dispõe servidores temporários. - Lei n° 8.429, de 2/6/1992 – Lei de Improbidade Administrativa; - Lei nº 10.887/2004;

- Lei Complementar nº 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal.

- Lei nº 9.801, de 14/06/1999 – Dispõe sobre as normas gerais para perda de cargo público por excesso de despesa e dá outras providências.

- Lei nº 9.506, de 30 de outubro de 1997 - alterou a redação da Lei de Custeio da Previdência Social (Lei Federal 8.212/91), incluindo, como segurados obrigatórios da Previdência Social, como EMPREGADOS, os agentes políticos, quer na esfera federal, estadual ou municipal. - etc.

- na BAHIA – Lei nº 6.677/1994 (Estatuto do Servidor do Estado da Bahia).

DOUTRINA CITADA:

CARVALHO FILHO, José dos Santos - “Manual de Direito Administrativo”, 17ª ed, Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2007.

CUNHA JÚNOR, Dirley - “Direito Administrativo”, 5ª ed., Salvador: Jus Podium, 2007. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella - “Direito Administrativo”, 20ª ed, São Paulo: Atlas,

2007.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella - “Parcerias na Administração Pública – Concessão, Permissão, Franquia, Terceirização, Parceria Público-Privada e outras formas”, 5ª ed, São Paulo: Atlas, 2005.

JUSTEN FILHO, Marçal - “Curso de Direito Administrativo”, 2ª ed, revista e atualizada, São Paulo: Saraiva, 2006.

MADEIRA, José Maria Pinheiro - “Servidor Público na Atualidade”, 6a ed, Rio de

Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 9):

MEDAUAR, Odete, - “Direito Administrativo Moderno”, 7ª ed, revista e atualizada, São Paulo: Ed. Rev. dos Tribunais, 2003.

MEIRELLES, Hely Lopes - “Direito Administrativo Brasileiro”, 29ª ed, revista e atualizada por Eurico de Andrade Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho, São Paulo: Malheiros, 01.2004.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de - “Curso de Direito Administrativo”, 20ª ed, revista e atualizada até a EC 48/05, São Paulo: Malheiros, 02-2006.

PAES, José Eduardo Sabo - “Fundações e Entidades de Interesse Social”, Ed. Brasília Jurídica, 2003.

(21)

ROSA, Márcio Fernando Elias - ‘Direito Administrativo’, 5ª ed, São Paulo: Saraiva, 2003.

TEXTOS RECOMENDADOS COMO LEITURA COMPLEMENTAR:

FERREIRA, Marcelo Dias - “Carreiras típicas de Estado: profissionalização do servidor e núcleo estratégico”. (disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=397 ) - TEXTO N° 0169.

MODESTO, Paulo – “Função Administrativa”, (disponível em: http://mail.google.com/ mail/?view=att&disp=vah&attid=0.1&th=10b4d48534dbf303) - TEXTO Nº 0158.PAGANELLI, Wilson – “O Agente Político e a contribuição à Seguridade Social”,

(disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=6883) - TEXTO Nº 0124

PERIN, Jair José - “Regime jurídico aplicável ao mililtar temporário das Forças

Armadas”, (disponível em: <

http://www.senado.gov.br/web/cegraf/ril/Pdf/pdf_170/R170-04.pdf >) - TEXTO N° 0247.

PESSOA, de Robertônio Santos - “Alerta! A ‘nova’ Administração Pública”, (disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=318) - TEXTO Nº 0012.

SANTOS, Carlos Frederico – “Os agentes políticos e a responsabilidade por culpa em face do art. 10 da Lei de Improbidade Administrativa”, (disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/aj/da0042.htm) - TEXTO Nº 0115.

SILVA, Marcos Luiz da – “Da transposição de cargos na Administração Pública”, (disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=6605) - TEXTO Nº 0112.

VINCI JÚNIOR, Wilson José – “O servidor público estatutário e a nova ordem de competência da Justiça do Trabalho estabelecida pela Emenda Constitucional nº 45/04”, (disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=6379) - TEXTO Nº 0094.

Osnabrück, Niedersachsen - Deutschland, atualizado em 11 de marco de 2010 Profª LUCIA LUZ MEYER

meyer.lucia@gmail.com

Referências

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