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O perfil do Bibliotecário escolar: um estudo de caso na Biblioteca Visconde de Sbugosa do NEI-CAp/UFRN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

RAÍLLA GLENDA MEDEIROS

O PERFIL DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR: um estudo de caso na Biblioteca Visconde de Sabugosa do NEI-CAp/UFRN.

NATAL/ RN 2019

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RAÍLLA GLENDA MEDEIROS

O PERFIL DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR: um estudo de caso na Biblioteca Visconde de Sabugosa do NEI-CAp/UFRN.

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Profa. MSc. Ana Claudia Ribeiro

NATAL/RN 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Medeiros, Railla Glenda.

O perfil do bibliotecário escolar: um estudo de caso na Bbilioteca Visconde de Sabugosa do NEI-CAp/UFRN / Railla Glenda Medeiros. - 2019.

73f.: il.

Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Ciências da Informação. Natal, RN, 2019.

Orientadora: Profa. Me. Ana Cláudia Ribeiro.

1. Biblioteca escolar - Monografia. 2. Bibliotecário escolar - Monografia. 3. Competência Profissional - Monografia. I. Ribeiro, Ana Cláudia. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 027.8 Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355

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RAÍLLA GLENDA MEDEIROS

O PERFIL DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR: um estudo de caso na Biblioteca Visconde de Sabugosa do NEI-CAp/UFRN.

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Orientador: Profa. MSc. Ana Cláudia Ribeiro

Monografia aprovada em _04_/_12_/_2019_ BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Profa. MSc. Ana Cláudia Ribeiro

Orientadora (UFRN)

_______________________________________________________ Prof. Dr. Pedro Alves Barbosa Neto

Membro da banca (UFRN)

_______________________________________________________ Profa. Dra. Gabrielle Francinne de S. C. Tanus

Membro da banca (UFRN)

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Dedico este trabalho a Dona Lea (in memorian), por ser inteira amor. Com todo amor e carinho da sua eterna Didila.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à vida, por me deixar em algumas vezes tomar as rédeas e por me ensinar todos os dias que viver é singular.

Agradeço aos meus pais, por todo amor, carinho, afeto, cuidado, zelo, preocupação, atenção e por não medir esforços para nos dar sempre a melhor educação.

Mãe, meu amor, você é meu maior exemplo de força, de mulher e de mãe. Começou a trabalhar muito cedo e, mesmo que eu sentisse um pouco da sua ausência quando criança, hoje entendo todo esforço que você fez por nossa família. Pai, obrigada por me buscar na escola, por me levar no parque e ficar horas me vendo brincar mesmo depois de um longo e cansativo dia de trabalho. Por todas as idas à sorveteria -até naquelas escondidas de Mainha e de Rodrigo- e por sempre me ensinar a valorizar as pessoas, as relações e os momentos juntos de quem a gente mais ama. Rodrigo, irmão, te agradeço por todo apoio nesta jornada, por todas as conversas, os conselhos, as caronas, as comidinhas, por toda a paciência. A vocês todo meu amor.

Agradeço à biblioteconomia por ter me ensinado uma profissão, além de me possibilitar concluir mais uma etapa da vida.

Agradeço aos meus amigos dos tempos de escola. Dentre eles os que já não estão constantemente presentes na minha rotina e os que se fazem presente até hoje. Por todos os momentos vividos, as risadas, as viagens, as alegrias, os perrengues. Vocês são realmente muito importantes para mim, com vocês aprendi muito.

Às minhas amigas (ou melhor: irmãs) de graduação Angelica Kaline e Ligya Marcelle, por todo apoio, carinho, incentivo, parceria e por suportar meus dramas (principalmente). Sem vocês esta graduação e a vida não seriam as mesmas.

Aos integrantes do CAZMA, Amanda Aguiar, Angelica Kaline, Ligya Marcelle, Miquéias Alex, Jackson Matheus, Brenna Macedo, Carlos Silva, Magaly Alexandre, o melhor centro acadêmico da UFRN.

À turma de Biblioteconomia de 2015.1, obrigada por acolherem uma ovelha desgarrada, ops! Uma aluna remanejada!

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Ao pessoal do NEI, Francisco, Cris, Paulo, Gefferson, Francisca, Sidney, Angela e tantos outros que trabalham nessa escola e cuidam dela com muito carinho. Aqui eu aprendi e cresci muito.

Aos amigos e companheiros bolsistas do NEI, por todas as risadas, aperreios, ensaios e por trabalharem com o lúdico, sempre é claro!

Às professoras do NEI, que me ensinaram muito.

Às meninas da biblioteca do NEI, Elione, Ellen, Milena e Hanna.

Não poderia deixar de agradecer as crianças do NEI, com esses pequenos aprendi a ser grande e vou guardar um pedacinho de cada um de vocês com muito, muito carinho.

A Lula, Dilma e Haddad, por abrirem portas para jovens em todo o Brasil, possibilitando o acesso ao ensino superior de qualidade.

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Sei que tem gente que diz que essas coisas não acontecem. Tem gente que esquece como é ter 16 anos quando faz 17. Sei que tudo se tornará história um dia. E que nossas fotos se tornaram lembranças.

E todos nós nos tornaremos mãe e pai. Mas no momento, estes instantes não são histórias. Está acontecendo. E estou aqui olhando para ela. Porque ela é tão linda.

Eu consigo perceber um momento em que você sabe não ser uma história triste. Ouve aquela música na estrada com as pessoas que você mais ama no mundo. Você se levanta e vê as luzes dos prédios e tudo que te faz pensar. E nesse momento, eu juro, nós somos infinitos.

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RESUMO

O presente estudo busca analisar o perfil do bibliotecário escolar. Visa, de maneira geral, elencar as competências inerentes à atuação deste profissional, com foco no bibliotecário que atua na Biblioteca Visconde de Sabugosa, do NEI-CAp/UFRN (Núcleo de Educação da Infância). Objetiva, de maneira especifica, discutir sobre algumas políticas públicas voltadas para as bibliotecas escolares, analisar as competências que podem auxiliar os Bibliotecários a trabalhar em Bibliotecas escolares, bem como analisar o perfil do Bibliotecário que atua na referida biblioteca. Para desenvolver a pesquisa foi necessário construir uma revisão de literatura na área, bem como realizar um estudo de caso para analisar as competências requeridas do Bibliotecário Escolar. De acordo com o decorrer da pesquisa conclui-se que existe um perfil para os profissionais que atuam em unidades escolares e que essa discussão se fundamenta na importância de elencar as competências necessárias para promover maior qualidade nos serviços oferecidos nessas unidades informacionais, tendo em vista a importância que o bibliotecário carrega enquanto agente de transformações sociais.

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ABSTRACT

This study seeks to analyze the profile of a school librarian. It aims, in general, to list the competences inherent to the performance of this professional with a focus on the librarian who works in the Visconde de Sabugosa Library of NEI-CAp/UFRN (Center for Early Childhood Education). It aims, in a specific way, to discuss about some public policies focused on school libraries, to analyze the competencies that can help librarians work in school libraries, as well as to analyze the profile of the librarian who works in that library. To develop the research it was necessary to build a literature review in the area, as well as conduct a case study to analyze the competencies required of the School Librarian. According to the course of the research it is concluded that there is a profile for professionals who work in school units and that this discussion is based on the importance of listing the skills needed to promote greater quality in the services offered in these information units in view of the importance that the librarian carries as an agent of social transformation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema CHA ... 30

Figura 2

– Estante do acervo da BSVS ... 48

Figura 3 – Estantes do acervo de literatura infanto-juvenil da biblioteca do NEI-CAp/UFRN ... 50

Figura 4 – Classificação simplificada e em cores ...50

Figura 5 – Mesa de estudos em grupo ... 51

Figura 6 – Contação de histórias: “Branca de Neve” ... 52

Figura 7 – Contação de histórias: “O mito da Medusa” ... 53

Figura 8 – Contação de histórias: “A princesa e a ervilha” ... 54

Figura 9 – Contação de histórias com o teatro de sombras... 54

Figura 10 – Música na biblioteca ... 55

Figura 11 – Estagiários do curso de Teatro contam história na BSVS ... 55

Figura 12 – Visita da autora Letiene Pessoa de Medeiros: “A escolha de Bob” .. 60

Figura 13 – Apresentação musical e contação de história... 60

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Programas e órgãos relacionados à leitura no âmbito nacional... 26 Quadro 2 – Conhecimento, Habilidade e Atitude ... 30 Quadro 3 – Competências básicas do Bibliotecário ... 33

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LISTA DE SIGLAS

BE – Biblioteca Escolar

BSVS – Biblioteca Setorial Visconde de Sabugosa CFB – Conselho Federal de Biblioteconomia

IFLA – Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias. NEI-CAp/UFRN – Núcleo de Educação da Infância

PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura

SIGAA – Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas SINFO – Superintendência de Informática

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15 2 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA BIBLIOTECA

ESCOLAR NO CONTEXTO NACIONAL ... 17 2.1 A QUESTÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA LEITURA NO

BRASIL ... 22 2.2 A BIBLIOTECA ESCOLAR . .. ... 27 3 COMPETÊNCIA PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR ... 29 3.1 COMPETÊNCIA EDUCACIONAL: PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO

ESCOLAR ... 39 3.2 COMPETÊNCIA CULTURAL: PAPEL ESSENCIAL DO

BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR ... 41 4 PROCESSO METODOLÓGICO ... 45 5 A BIBLIOTECA ESCOLAR DO NEI E O PROFISSIONAL

BIBLIOTECÁRIO ... 49 5.1 ENTREVISTA COM A BIBLIOTECÁRIA DA BIBLIOTECA VISCONDE DE SABUGOSA DO NEI-CAp/UFRN

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 63 REFERÊNCIAS ... 66 APÊNDICE – Entrevista com a Bibliotecária do NEI-CAp/UFRN ... 72

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1 INTRODUÇÃO

Dentro do contexto escolar existe uma série de profissionais que não estão dentro de sala de aula, mas, são essenciais pois contribuem de forma fundamental para a formação dos alunos. O bibliotecário é um exemplo, pois, incumbido de gerenciar a biblioteca, este profissional ainda tem a missão de atuar como mediador entre a informação e o usuário, utilizando os mais variados recursos para que essa ação aconteça da maneira mais propícia possível.

A importância da biblioteca escolar numa perspectiva de cooperação ao cumprimento dos programas educacionais é indiscutível. A presença de um bibliotecário capacitado para desenvolver programas e atividades dentro da biblioteca escolar objetivando o melhor uso deste espaço é imprescindível também. Com isso, refletir sobre as competências essenciais do bibliotecário escolar, tendo em vista a posição de destaque que ocupa enquanto agente de transformações sociais é primordial.

Destacar a relevância das competências necessárias a um perfil de atuação do bibliotecário escolar de mesmo modo que a biblioteca escolar como um ambiente formador e transformador é fundamental. Isso ocorre porque a biblioteca carrega uma grande responsabilidade na criação de uma comunidade leitora, além de formar cidadãos conscientes e capazes de um pensamento crítico.

De modo geral, tendo em vista as necessidades da biblioteca escolar na atualidade, a presente pesquisa está centrada em responder o seguinte questionamento: Quais competências o bibliotecário precisa desenvolver para exercer efetivamente a função de bibliotecário escolar?

Portanto, o estudo consiste em verificar a hipótese de que em função do público que a biblioteca escolar atende, é requerido do bibliotecário, competências que o diferencia dos demais bibliotecários para atuar neste segmento.

Nesse sentido, é necessário promover uma discussão sobre o perfil do bibliotecário escolar para além da sua formação acadêmica, analisando também as competências necessárias para uma atuação eficiente nesse tipo de unidade de informação.

Desta forma, objetivamos de modo geral, discutir as competências requeridas ao bibliotecário escolar, tendo como foco a análise da Biblioteca Visconde de Sabugosa do NEI-CAp/UFRN. Em continuidade objetiva-se especificamente:

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a) Discutir sobre o PNLL, PROLER, PNBE e a Lei 12.244/10 que são programas e políticas públicas voltadas para as bibliotecas escolares;

b) Identificar as competências que podem auxiliar atuação do bibliotecário escolar;

c) Analisar o perfil do bibliotecário escolar no NEI (Núcleo de Educação da Infância) - CAp/ UFRN

No âmbito científico, esta pesquisa tem a intenção de fomentar as discussões em torno do perfil de bibliotecários que exercem suas atividades em bibliotecas escolares. A ideia da pesquisa se deu a partir de uma observação da atuação do profissional bibliotecário dentro de uma biblioteca escolar. Diante disso, houve a necessidade de aprofundar os estudos sobre a área de atuação.

Dentro do contexto social, a pesquisa justifica-se por trazer à tona aspectos essenciais da biblioteca e, principalmente, do bibliotecário escolar, tendo em vista que a atuação deste profissional deve estar fundamentada na sua responsabilidade quanto a desenvolver e instigar hábitos de leitura e uso da informação, o que contribui diretamente para a formação de cidadãos conscientes e também para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. Ou seja, promover a equidade social.

Como justificativa pessoal buscou-se investigar a atuação de um bibliotecário em uma biblioteca escolar, analisando as atividades desenvolvidas por ele, sua formação e também sua experiência neste segmento de atuação, através de embasamento na literatura e no estudo de caso com a bibliotecária responsável por gerenciar a biblioteca em questão.

A construção da pesquisa foi motivada, de um lado, pelas experiências vividas enquanto a pesquisadora atuou como estagiária, as quais evidenciaram a indispensabilidade no desenvolvimento de competências para que o profissional bibliotecário potencializasse as ações de fomentação da leitura e uso da informação, a fim de formar de maneira plena o usuário. De outro lado, pela descontinuidade de políticas e programas voltados ao uso e à implantação de bibliotecas escolares pelo país.

Para a construção do estudo de caso, além das observações feitas e com a intenção de realizar uma descrição que retratasse o perfil do bibliotecário escolar que atua na unidade, foi necessário aplicar uma entrevista a fim de coletar maiores e melhores informações sobre o perfil do referido profissional.

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Este trabalho está estruturado em uma introdução, cinco capítulos e considerações finais, além das referências consultadas no trabalho. De início encontra-se a introdução que faz uma contextualização e a formulação do problema de pesquisa. Em seguida o segundo capítulo, é responsável por discorrer sobre a história da biblioteca escolar brasileira, seus conceitos, além de dissertar sobre políticas e programas voltadas às bibliotecas escolares no país. O terceiro capítulo aborda sobre competência profissional e suas implicações para com a atuação profissional. Tendo em vista que competências podem ser desenvolvidas ao longo da carreira, o capítulo ainda discorre sobre o bibliotecário escolar, buscando sua definição e, também, uma visão na perspectiva das competências que são essenciais para as práticas profissionais cotidianas. O quarto capítulo contempla os processos metodológicos utilizados para a concretização da pesquisa. Posteriormente temos o quinto capítulo, o qual versa sobre a atuação do bibliotecário escolar na Biblioteca Setorial Visconde de Sabugosa, objeto de análise deste trabalho. Em seguida as considerações finais da pesquisa e por último as referências utilizadas.

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2 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA BIBLIOTECA ESCOLAR NO CONTEXTO NACIONAL

A biblioteca é e ainda se mostra fundamental para a preservação e disseminação do conhecimento. Desde o princípio, o homem sentiu a necessidade de encontrar formas de registrar, armazenar e preservar as informações por ele produzidas, o que se mostrou essencial para perpetuar ideias e teorias. Entretanto, por muito tempo a biblioteca teve sua imagem ligada, unicamente e exclusivamente, a um espaço de guarda, talvez uma visão errônea atribuída à biblioteca.No decorrer de sua história, a biblioteca manteve suas portas fechadas, seu acervo restrito ao público perpetuando assim a imagem de sacralidade em torno do livro. (MARTINS, 2003). Contudo, mudanças nas conjunturas econômica, política e social acarretaram alterações na sociedade e a biblioteca não fugiu a isso. A biblioteca passa a ser agora, um espaço que abriga informação e ao mesmo tempo possibilita a disseminação e construção do conhecimento, como já enuncia a 1ª lei de (RANGANATHAN, 2009) “Os livros são para serem usados”.

Muitas são as discussões em torno da biblioteca escolar, tanto no que diz respeito ao seu surgimento quanto suas contribuições para com a sociedade.

A primeira biblioteca no Brasil surgiu em 1568, em um colégio jesuíta (ALMEIDA, 2013). Portanto, versar sobre o contexto da biblioteca escolar no Brasil implica em fazer uma abordagem histórica, o que nos leva ao período colonial brasileiro, mais especificamente à chegada dos jesuítas e à instalação do governo geral na Bahia.

Só vamos conhecer instrução e possuir livros a partir da segunda metade do século, desde que se instala em 1549 o Governo-Geral em Salvador, na Bahia. Essa data marca, de fato, o começo da vida administrativa, econômica e social do Brasil. (MORAES, 1979, p.3) Durante o período colonial nenhuma outra ordem religiosa conseguiu cumprir tão bem a função de educar quanto os jesuítas. Como seu principal objetivo era a catequização de índios, assim como a de filhos dos colonos para assim evitar o crescimento do protestantismo precisavam ensinar a língua portuguesa para que de fato o processo de catequização fosse concretizado. A chegada dos jesuítas foi um marco importante na história da biblioteca escolar brasileira, uma vez que estes foram responsáveis por fundar as primeiras escolas e consequentemente as

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primeiras bibliotecas escolares. Além disso, suas coleções eram formadas por obras vindas diretamente das terras portuguesa (MORAES, 1979):

Em 1549 chegam à Bahia os primeiros jesuítas chefiados por Manuel da Nóbrega, nove anos depois da fundação da Companhia de Jesus. Vinham catequizar índios e instruir colonos. Nenhuma ordem religiosa cumpriu essa missão com tantos resultados. Os jesuítas traziam livros, mas não na quantidade necessária para suprir os colégios que fundaram em diversas partes da Colônia. (MORAES, 1979, p.3) As ações jesuítas significaram o surgimento das primeiras formas de biblioteca dentro de instituições escolares, demonstrando a relevância da biblioteca no processo de formação educativa dos colonos. (MORAES, 1979).

Em cada colégio se formava uma biblioteca, que foi constituída, aos poucos, por meio da chegada dos padres jesuítas, pois eram pelas bagagens que traziam os livros. Estes entravam em nosso país formando as coleções das bibliotecas dos colégios religiosos, utilizados com objetivo de ensinar a catequese e as primeiras letras aos alunos do Brasil Colônia. (VÁLIO, 1990, p.15)

Como vimos, as primeiras bibliotecas escolares brasileiras são fruto das missões jesuítas que, ao chegarem, trouxeram coleções de obras, sendo em sua maioria de cunho religioso e que, mais tarde, as mesmas seriam responsáveis por formar a coleção de suas bibliotecas. Existindo assim, uma forte relação entre biblioteca escolar e igreja. Com isso:

[...] as bibliotecas escolares foram construídas a partir dos colégios jesuítas que foram se instalando inicialmente na Bahia e logo depois em outras capitanias. Porém, os colégios jesuítas não foram os únicos a desenvolver atividades com a biblioteca escolar no Brasil. No século XVII, outras ordens religiosas começam a chegar por aqui e introduzir seus colégios, assim como estruturar suas bibliotecas escolares com vistas a promover acervo adequado para seus usuários. (SILVA, 2011, p.3).

Com a chegada do Marquês de Pombal, em 1759, e a ascensão do Período Pombalino (1760-1808), os jesuítas foram expulsos, fato que significou uma mudança no então modelo educacional vigente e, consequentemente, a quebra de toda estrutura educacional implantada pelos jesuítas por quase duzentos anos.

O período Pombalino foi de 1760 a 1808 e rompeu com toda estrutura educativa que fora implantado e consolidado em mais de

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dois séculos de atuação dos jesuítas em nosso país. A educação a partir de então, passou a ser de responsabilidade do Estado e muitas reformas estavam nos planos do Marquês do Pombal, porém neste período não houve nenhum avanço, devido à falta de recursos e bibliotecários. Nessa época, a educação entrou em crise e as bibliotecas escolares estavam em ruínas. (SILVA; ARAUJO, 2018, p. 14).

Dessa época até os dias que correm, a biblioteca escolar passou uma série de mudanças. Ainda sobre essas unidades de informação, Válio (1990, p.18):

A criação de bibliotecas escolares, no sentido hoje entendido, começou a acontecer no país com a fundação das escolas normais [...]. As bibliotecas das escolas normais foram surgindo até 1915, sendo as décadas de 30 e 40 reservadas à criação das bibliotecas dos ginásios estaduais.

Segundo Castrillon (1985), a Biblioteca Escolar é: “Um centro ativo de aprendizagem, onde a função de comunicação é exercida em sua plenitude. É instrumento de inovação capaz de formar o indivíduo para aprender de forma permanente. ” Localizada em escolas e organizada com objetivo de integrar a comunidade escolar (alunos, pais, professores e demais funcionários) com o acervo, a BE deve funcionar como uma parte integrante das atividades de sala de aula, como espaço de aprendizado, cultura e lazer, além de carregar, por objetivo, o desenvolvimento e a promoção da leitura e da informação, assim como proporcionar a construção do conhecimento. Nesse sentido, a biblioteca escolar deve figurar-se como um equipamento informacional e cultural.

É importante entender que cada biblioteca tem uma função social de acordo com a sua tipologia. Desde o princípio a BE se engloba num contexto educacional e de apoio ao processo de formação escolar.

Em 2015, a International Federation of Library Associations (IFLA) publicou as diretrizes que devem nortear os trabalhos dentro da biblioteca escolar, assegurando a todos os alunos o acesso à informação, além de reivindicar que todos os profissionais levem isso na prática. A mesma define a BE,como:

A biblioteca escolar é um espaço de aprendizagem físico e digital na escola, onde a leitura, pesquisa, investigação, pensamento, imaginação e criatividade são fundamentais para o percurso dos alunos da informação ao conhecimento e para o seu crescimento pessoal, social e cultural. (IFLA, 2015, p.19)

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Dentro do universo da escola, a biblioteca precisa ser uma aliada das práticas pedagógicas, devendo ser um espaço de constante aprendizado. De acordo com o manifesto da (UNESCO 1976, p.158-163):

Biblioteca é a porta de entrada para o conhecimento, fornece as condições básicas para o aprendizado permanente, autonomia das decisões e para o desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos sociais.

A BE deve ser um dos pilares na construção do conhecimento. Deve oferecer uma variedade de títulos, temáticas, autores e formatos de materiais que apoiem a sua efetiva e constante utilização. Criando e fortalecendo, assim, o hábito de leitura nos alunos. Familiarizando-os com o universo dos livros desde cedo, despertando e incentivando as crianças para as práticas de leitura. Além de atender às exigências curriculares, a fim de desenvolver a capacidade de pesquisa, contribuindo, desta forma para aumentar o nível de conhecimento de seus usuários.

Isto é, precisa estar dentro do contexto da instituição a qual pertence e concordar com os mesmos objetivos da instituição, conhecer sua comunidade para que, dessa maneira, as práticas e ações voltadas a atender às necessidades de seus usuários se deem de maneira concreta. Sua missão deve estar baseada em assegurar acesso à informação, estimular a leitura e promover serviços de apoio ao ensino e aprendizagem, objetivando a formação de cidadãos conscientes, independentes e competentes no uso da informação.

Nos dias que correm, existem rápidas mudanças provocadas pela revolução tecnológica e, assim sendo, novas palavras deste universo revolucionário, como conectividade e interatividade devem estra inseridas nas atividades de uma biblioteca. Para Milanesi (1986, p.224) “As múltiplas possibilidades informativas abrem um novo espaço de atuação para a biblioteca que não se tornando receptiva a elas poderá colaborar para a separação entre a informação escrita e as demais. ”. Isso porque a informação ultrapassa os limites impostos pelos livros físicos e passa a ganhar novos contextos dentro da atual sociedade da informação, pois a mesma pode agora estar disponível em qualquer lugar, suporte, além de ser acessada a qualquer minuto.

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Concomitante a tais mudanças, o bibliotecário escolar deve propor ações, atividades e serviços que se adequem às novas necessidades informacionais necessárias à sociedade da informação.

Diante disso, o bibliotecário surge como uma figura essencial aos processos de organização, gerenciamento e disseminação de toda informação produzida, juntamente com a biblioteca escolar que, de acordo com Fonseca (2007, p. 53), tem por objetivo “fornecer livros e material didático tanto para estudantes quanto para os professores. Ela oferece infraestrutura bibliográfica e audiovisual de ensino fundamental e médio”. Dessa forma, considerando-a como um importante recurso no processo de formação escolar, essas unidades de informação carecem de atenção, seja com relação à sua existência no ambiente escolar e também com a qualificação dos profissionais que trabalham nesses espaços.

Dessa maneira, é visto que esse tipo de unidade possui suas particularidades. Esta, por muitas vezes foi tida como um lugar silencioso e inerte, hoje é dedicado à leitura, à pesquisa e passa a ganhar novos contextos. E esse movimento é exigido também da escola, como assim menciona Campello (2003, p. 11):

A escola não pode mais contentar-se em ser apenas transmissora de conhecimentos que, provavelmente, estarão defasados antes mesmo que o aluno termine sua educação formal; tem de promover oportunidades de aprendizagem que deem ao estudante condições de aprender a aprender, permitindo-lhe educar-se durante a vida inteira. (CAMPELLO, 2003, p. 11)

Isso quer dizer que ao invés de prestar apenas aos serviços de orientação à pesquisa escolar:

As bibliotecas escolares oferecem toda variedade de serviços, têm como prioridade criar e fortalecer hábitos de leitura nas crianças, familiarizar as crianças com os diversos materiais que poderão enriquecer as suas horas de lazer. Tem como principal meta despertar as crianças para a leitura, desenvolvendo a sua capacidade de expressão, criatividade e imaginação. (GONZAGA, 2017, p. 17)

Em concordância a isso, a biblioteca é um núcleo situado dentro da escola que deve:

A biblioteca escolar é um local que deve funcionar como um órgão auxiliar e complementar para o bom desempenho da instituição

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escola, facilitando o acesso ao acervo bibliográfico, estimulando o prazer na leitura, despertando o desejo de conhecer novos assuntos, viajando através da imaginação e desfrutando da beleza da aquisição de novos saberes. (PEDROZA, 2018, p. 21)

No presente, a biblioteca e o bibliotecário precisam superar a concepção de preservação e refletir um local receptivo a mudanças e à criação de diálogos, para assim, permitir a construção do conhecimento, adequando-se às novas realidades informacionais.

O próximo tópico tem como princípio a conceituação quanto aos objetivos da biblioteca escolar e da leitura no país, bem como a exemplificação de órgãos, programas e leis voltadas para as bibliotecas escolares.

2.1 A QUESTÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA LEITURA NO BRASIL

A biblioteca escolar é uma instituição social vinculada à escola sendo assim, responsável por gerir uma coleção formada por livros, revistas, mapas, filmes, CD’S e todo material informacional necessário para aprendizagem dessa comunidade. Ou seja, esse tipo de organização constitui-se como um instrumento valoroso no desenvolvimento do currículo escolar, fomentando o objetivo principal de incentivo à leitura e pesquisa, pertinentes ao processo educativo.

[...] é uma instituição do sistema escolar que organiza materiais bibliográficos, audiovisuais e outros meios e os coloca à disposição de uma comunidade educacional. Constitui parte integrante do sistema educativo e participa de seus objetivos, metas e fins. A Biblioteca é um instrumento de desenvolvimento do currículo e permite o fomento da leitura e a formação de uma atividade científica, constitui um elemento que forma o indivíduo para a aprendizagem permanente, estimula a criatividade, a comunicação, facilita a recreação, apoiar os docentes em sua capacitação e lhes oferece informação necessária para a tomada de decisão em aula. (CASTRILLON, 1985, p.283)

Embora a biblioteca escolar seja vista por muitos como um constituinte mister na criação do hábito de ler, essa instituição ainda vive “marginalizada” dentro das ações que efetivem a criação desse hábito, tão importante para a formação de uma sociedade leitora. Silva (1995) crê que “escrever sobre a biblioteca escolar brasileira é tocar numa das maiores deficiências do nosso aparelho escolar. ”

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Como já se sabe, a BE é um componente essencial para o aprimoramento da educação e da leitura na sociedade. Entretanto, para que tal objetivo seja efetivado, faz-se necessária medidas que auxiliem no desenvolvimento de todos os aspectos que envolvem este processo. Observando a importância da BE, a UNESCO publicou um manifesto que traz a BE como um instrumento valioso para a formação inicial dos estudantes no que se relaciona com a aprendizagem e conhecimento dos direitos à cidadania. De acordo com o Manifesto da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS, UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION, 2002, p.2) os objetivos da BE estão pautados em:

a) Apoiar a todos os estudantes na aprendizagem e prática de habilidades para a avaliação e uso da informação, independente da forma, do formato ou mídia, incluindo com sensibilidade aos modos de comunicação dentro da comunidade;

b) Favorecer o acesso a recursos locais, regionais, nacionais e globais e a oportunidade para que os estudantes exponham diferentes ideias, opiniões e experiências;

c) Organizar atividades que estimulem a sensibilidade e a consciência cultural e social;

d) Trabalhar com estudantes, professores, administradores e pais para realizar a missão da escola;

e) Proclamar a ideia de que a liberdade de expressão e o acesso à informação são essenciais à efetiva e responsável cidadania e participação na democracia;

f) Promover a leitura, recursos e serviços da Biblioteca a toda a comunidade escolar e à comunidade externa.

No entanto para o desenvolvimento de tais objetivos é ideal viabilizar mais ações de incentivo à leitura e alfabetização. Segundo o IBGEEDUCA ([2019?]) em 2018 a Região Nordeste apresentou a maior taxa de analfabetismo do país, cerca de 13,9%. Em segundo lugar a Região Norte, com 8,0 %, fato este que pode ser sanado com a implantação de um número maior de bibliotecas pelo Brasil.

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O conceito de leitura não pode se restringir ao simples ato de decodificar letras e símbolos, isto é: “ (a) ler é extrair significado do texto e (b) ler é atribuir significado ao texto. ” (LEFFA, 1996, p. 11).

A leitura é um processo que objetiva a atribuição de significados, buscando entender, compreender e formar conhecimento além dos códigos impressos, desse modo ler significa interagir com o texto. (SILVA; BORTOLIN, 2018. p.36 ).

Pereira (2015, p. 41) propõe que:

Em uma sociedade letrada, não basta apenas aprender a ler e a escrever, é preciso que cada indivíduo utilize a leitura e a escrita em seu benefício, compreendendo as finalidades decorrentes nos diversos contextos de letramento.

Tendo em vista que a leitura é o principal instrumento para a aprendizagem, bem como elemento essencial para a construção de uma educação de qualidade e determinante para o desenvolvimento da nação, promover a leitura é extremamente fundamental para erradicação dos altos índices de analfabetismo de um país.

De modo geral, o analfabetismo se caracteriza como a incapacidade de um indivíduo em entender um texto, mesmo que ainda conhecendo letras, números e símbolos. Esse fenômeno, por assim dizer, se figura como um dos maiores problemas da sociedade pois é responsável por acentuar desigualdades sociais. Com isso, percebemos que a educação é a principal ferramenta que se mostra como a solução ideal para esse problema social.

O acesso à Educação de qualidade é direito fundamental para o desenvolvimento da cidadania e ampliação da democracia. Os investimentos públicos em educação são de extrema importância para a redução da pobreza, criminalidade e ampliação do crescimento econômico, bem-estar e acesso aos direitos fundamentais pela população. (IBGEEDUCA, [2019?])

É visto que o contexto socioeconômico reflete diretamente no número de analfabetos. Apesar de ter passado pelas cadeiras de uma sala de aula, a maior parte da população apresenta um baixo nível de escolaridade, o que revela uma extrema dificuldade em compreender textos, ainda que sabendo reconhecer e distinguir letras e símbolos.

Isto só reforça que a leitura não faz parte de um hábito cotidiano da população, logo o baixo índice de leitura da sociedade está diretamente ligado à dificuldade de superar barreiras socioeconômicas.

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Transformações rápidas e significativas são indispensáveis para mudanças no panorama da leitura e dos leitores do país. Duas organizações são indispensáveis nesse processo: a escola e a biblioteca. A primeira com sua responsabilidade de socializar o conhecimento e a segunda com o papel de promover o hábito da leitura, assim como desenvolver habilidades de busca e uso consciente da informação.

2.2 A BIBLIOTECA ESCOLAR

É importante enfatizar que a criação do hábito de leitura não será de fato sanada com a distribuição de livros para a população. Não basta distribuir livros, é necessário garantir condições básicas para o funcionamento de espaços de leitura como as bibliotecas, integrando-as às práticas escolares, bem como investir na formação de mediadores e agentes de leitura que tenham em mente sua responsabilidade quanto o desenvolvimento intelectual, cultural e cognitivo dos leitores.

Orientar políticas, programas e investimentos voltados à melhoria da qualidade do atendimento nas bibliotecas escolares e ao alcance dos seus objetivos de aprendizagem integrado ao currículo escolar, enquanto ambiente informacional e de promoção de leitura e da pesquisa. (INSTITUTO PRÓ-LIVRO, [2017?], p. 11)

Desse modo, é percebido a essencialidade de programas de incentivo à leitura e de uso efetivo da biblioteca, pois são contribuintes para amenizar desigualdades existentes em nossa sociedade. Tendo em vista essa importância, destacar leis e projetos que viabilizam o processo de leitura e implantação de bibliotecas escolares é imprescindível.

A atuação do governo, através de órgãos específicos como é o caso do INL, restringe-se à mera distribuição de livros, partindo do pressuposto de que a não existência do hábito de leitura na maioria da população brasileira, deve-se unicamente ao fato da dificuldade de acesso ao livro. (ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p.30)

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Voltado a isso, temos o reforço à ideia de que somente a leitura e a distribuição de livros não são suficientes para o desenvolvimento de uma cultura de leitura no país.

Não basta somente saber ler e escrever. É preciso fazer uso dessas habilidades, responder às exigências sociais da leitura, interagir com objetos reais, vivenciar situações concretas. São esses os motivos que justificam a proliferação de políticas e programas sociais de leitura. (SOARES, 2002, p.360)

Tendo em vista a essencialidade no desenvolvimento do hábito de leitura na população, o governo deve estabelecer essa como uma de suas prioridades. Em consonância a isto, a criação e manutenção de programas que possibilitem a democratização e o acesso aos espaços de leitura é fulcral.

As discussões em torno de políticas públicas de incentivo à leitura e democratização desses espaços devem ser pautas muito relevantes no Brasil, o que mostra a importância de problematizar a temática para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, assim como a formação de cidadãos mais críticos, autônomos e participativos.

Para a formação de uma sociedade letrada é essencial a redução do número de analfabetos, com políticas que priorizem e valorizem a educação pública gratuita e de qualidade, do mesmo modo que promover políticas de incentivo à leitura.

Implementado em 2006 o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) é:

O Plano Nacional do Livro e Leitura foi instituído em 2006 pelos ministros da Cultura e da Educação, Gilberto Gil e Fernando Haddad. O plano dá as diretrizes para uma política pública voltada à leitura e ao livro no Brasil. Entre os objetivos, estão os de atender a necessidade de desenvolvimento social e da cidadania, além de formar uma sociedade leitora. (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2014) Não é novidade que a leitura ainda não é, na prática, um direito inerente a todo cidadão brasileiro. Com isso, reconhecer a importância de iniciativas que promovam e incentivem a leitura é essencial.

Criado por meio do Decreto nº 519 de 1992, o Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER), tem por objetivo a difusão de práticas de leitura em todo o país. De acordo com o Art. 2º:

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I - promover o interesse nacional pelo hábito da leitura;

II - estruturar uma rede de projetos capaz de consolidar, em caráter permanente, práticas leitoras;

III - criar condições de acesso ao livro.

Criado em 1997 o PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escolar) é um programa que tem por objetivo desenvolver o hábito da leitura. Para isso, faz a distribuição de um conjunto de obras de literatura infantil e juvenil e também obras de referência como enciclopédias, mapas, dicionários e outros materiais didáticos e de apoio nas escolas de todo país. São livros que, consequentemente formam os acervos dentro dessas escolas.

O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) tem como objetivo prover as escolas de ensino público das redes federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, no âmbito da educação infantil (creches e pré-escolas), do ensino fundamental, do ensino médio e educação de jovens e adultos (EJA), com o fornecimento de obras e demais materiais de apoio à prática da educação básica. (BRASIL, [2019?])

Apesar da importância para com a formação dos acervos dentro das escolas o programa foi descontinuado em 2015.

Conforme o Quadro 1, seguem as explanações sobre os órgãos e programas nacionais de incentivo à leitura anteriormente citados.

Quadro 1- Programas e órgãos relacionados à leitura no âmbito nacional

Órgãos e programas de incentivo à leitura INL - Instituto Nacional do

Livro

Órgão responsável pela Política Nacional de Livros e Bibliotecas.

PNLL - Plano Nacional do Livro e Leitura

Programa responsável por criar diretrizes para a uma política voltada ao livro, a

leitura e a biblioteca. PROLER - Programa de

Nacional de Incentivo à Leitura

Programa que objetiva ampliar o acesso à leitura através da associação com outras

práticas culturais. PNBE-Programa Nacional

Biblioteca da Escola.

Programa que faz a distribuição de livros para a construção de acervos nas escolas.

Fonte: Autora desta pesquisa (2019).

A distribuição de livros em nada proporciona mudanças no quadro da leitura nacional caso mudanças não forem realizadas na capacitação dos profissionais que

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estão inseridos diretamente no contexto escolar, para que assim se crie uma cultura efetiva de estimulo à leitura, escrita e uso da informação.

Ainda que todas as transformações propiciadas pelos avanços da era digital, o livro e a biblioteca ainda mantêm o seu lugar de importância para com a sociedade. Para isso, é elementar que os bibliotecários desenvolvam competências que se relacionem diretamente com as práticas de leitura e uso dos recursos informacionais, tendo em vista os seus papéis de agentes mediadores da informação.

Apesar de estudos e pesquisas comprovarem a importância da biblioteca escolar, esta ainda é uma realidade distantes dentro das escolas brasileiras.

Nesse contexto, sancionada em 24 de maio de 2010, a lei 12.244 objetiva garantir um direito inalienável, que até 2020 todas as escolas públicas e privadas possam contar com bibliotecas escolares e que sua efetividade deva ser tratada como uma prioridade. A referida lei ainda garante a reserva de vagas aos profissionais da informação no ambiente escolar. Com isso, seus artigos objetivam enfatizar a importância da biblioteca no ambiente escolar e a essencialidade do profissional da informação nesses espaços. Ela define a biblioteca escolar como:

Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais vídeo-gráficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura. (BRASIL, 2010)

Considerar as bibliotecas como uma prerrogativa fundamental, garante avanços significativos ao ingresso no universo da leitura e da informação. Entretanto, para garantir a manutenção desses importantes equipamentos informacionais e culturais de maneira adequada é preciso pensar em questões ligadas à administração desses espaços.

Contudo, com a chegada do prazo de 10 anos determinado pela Lei federal 12.244/10, existe um questionamento. A referida lei traz um grande enfoque sobre a coleção que compõe uma biblioteca escolar, mas, em nenhum momento se refere à qualificação profissional.

Ainda, a legislação de fato não determina procedimentos que orientem práticas que devam ser adotados para a condição de existência desse tipo de

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biblioteca, muito menos a aplicação de um conjunto de práticas que evidenciem a atuação do profissional bibliotecário. Nesse contexto, o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), através da Resolução 199/2018, que trata sobre os parâmetros para estruturação e funcionamento das bibliotecas escolares, afirma:

Art.1º Estabelecer como padrão os parâmetros para a estruturação e o funcionamento das bibliotecas escolares das redes públicas e privadas da educação básica, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2018).

Ainda segundo a resolução:

§ 2º As bibliotecas escolares devem:

f) serem administradas por bibliotecários qualificados, apoiados por equipes adequadas em quantidade e qualificação para atenderem à comunidade. (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2018).

A qual reforça a importância de uma equipe preparada para administrar a biblioteca escolar, evidenciando não só a presença do bibliotecário, como também uma equipe formada por outros profissionais qualificados para alcançar os objetivos fundamentais e inerentes à biblioteca escolar.

Diante da lei 12.244/10, podemos inferir que não existe uma especificação quanto a função de bibliotecário escolar, mas sim que a lei prevê a existência de um profissional para exercer as atividades técnicas que lhe são atribuídas.

Assegurar a existência desses espaços em unidades escolares é crucial. A existência e o acesso da população às bibliotecas são medidas essenciais e devem ser reconhecidas, mas, outro fator importante deve ser trazido à tona na qualificação de profissionais que devem possuir capacidades e habilidades para gerir unidades de informação, principalmente dentro de escolas.

O próximo capítulo aborda acerca da competência profissional, habilidade que deve ser desenvolvida pelos profissionais, visando maior qualidade na prestação do serviço ou do produto que oferecem.

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3 COMPETÊNCIA PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR

O mercado de trabalho exige cada vez mais daqueles que se arriscam na busca de um emprego. Em vista disso, uma série de pré-requisitos são esperados, os quais também podem ser denominados como competências. Portanto, as competências têm seu conceito ligado a soma de conhecimentos, habilidades, comportamentos e aptidões que possibilitam uma maior eficiência na execução de suas atividades.

No campo da educação Perrenoud (1999, p. 30) afirma que: "Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.). Para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações".

Para que um profissional exerça com excelência o seu ofício é necessário a combinação de conhecimentos e habilidades. Tais características formam a competência profissional, que em outras palavras podem ser definidas como a capacidade que o indivíduo tem de ser. A competência profissional está diretamente ligada à qualificação, aos profissionais de ponta, profissionais de referência.

No contexto educacional, Fleury e Fleury (2001, p. 185) afirmam que o conceito de competência profissional é compreendido como:

Um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um alto desempenho, acreditando-se que os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e personalidade das pessoas. Em outras palavras, a competência é percebida como estoque de recursos, que o indivíduo detém. Embora o foco de análise seja o indivíduo, [...] sinaliza a importância de se alinharem às competências às necessidades estabelecidas pelos cargos, ou posições existentes nas organizações.

No mercado de trabalho, exige-se a competência atrelado a sua capacidade de entregar um produto ou até mesmo um serviço dentro de um contexto de mercado. A competência seria a união do saber (Conhecimento), da (Habilidade) que implica no fazer, e a partir disso pôr as ações em prática (Atitude).

(32)

Figura 1 – Esquema CHA.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

O CHA é uma ferramenta utilizada para medir a performance dentro de uma determinada função. Como visto na figura acima, a união desses três quesitos implica no desenvolvimento do trabalho por um profissional, de maneira a obter maior qualidade no produto ou serviço por ele desempenhado.

Quadro 2 – Conhecimento, Habilidade e Atitude.

C H A

CONHECIMENTOS HABILIDADE ATITUDE

Escolaridade, conhecimentos técnicos,

cursos gerais e especializações.

Experiência prática do saber

Ter ações compatíveis para atingir os objetivos, aplicando os conhecimentos

e habilidades adquiridas ou a serem adquiridas.

O SABER O SABER APLICAR O QUERER FAZER

Fonte: Adaptado de (RABAGLIO, 2001)

O conhecimento se apresenta como a base teórica da competência. Tudo aquilo que um indivíduo foi capaz de aprender, seja esse conhecimento formal, aprendido dentro de uma sala de aula, ou até mesmo o seu conhecimento de mundo

(33)

propiciado por vivências pessoais e culturais ao longo de toda sua vida. Está diretamente relacionado ao desenvolvimento teórico e intelectual, é o saber.

A habilidade seria a capacidade de transformar o seu conhecimento em algo realizável, ou seja, materializá-lo, saber fazer. Sintetizando, seria a capacidade de pôr em prática todo seu conhecimento, saber aplicar.

Já a atitude se configura como a vontade de realizar uma determinada ação, ser proativo.

As pesquisas focadas no bibliotecário escolar e no seu papel enquanto mediador, levantam constantes discussões sobre as competências necessárias a este profissional. Além das habilidades técnicas, o desenvolvimento de competências que possam satisfazer as necessidades informacionais de seus usuários é vital.

Sendo assim, para que o bibliotecário escolar cumpra com as exigências demandadas por seus usuários, além das sucessivas incorporações advindas das Tecnologias de Informação e comunicação (TIC’s) que faz com que os profissionais da informação passem a desenvolver um novo e ainda mais significativo papel no processo educacional, é primordial que ocorra a constante busca pela qualificação, almejando desenvolver habilidades e competências para além da sua formação durante a graduação que, em geral, forma profissionais diante de uma perspectiva mais generalista da profissão.

O Bibliotecário Escolar se enquadra em funções relativas às habilidades que giram entre as esferas educativas, culturais, técnicas e administrativas, pois estas dentre outras concernentes fazem parte do cotidiano e da rotina de uma BE.

Portanto, é perceptível a essencialidade do desenvolvimento de competências, isso porque ela implica diretamente na atuação de profissional mais qualificados assim como em excelentes resultados. A seguir, serão elencadas as competências essenciais aos profissionais bibliotecários que exercem suas atividades em bibliotecas escolares.

Para Albuquerque e Tedesqui (2014): A importância de versar sobre as competências pertinentes ao bibliotecário escolar se fundamenta na questão das competências essenciais a esta área de atuação objetivando o bom funcionamento da biblioteca escolar.

De acordo com a formação acadêmica do bacharel em biblioteconomia, sabe-se que a definição trata do profissional habilitado para trabalhar com a informação de

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modo a analisa-la, gerenciá-la e disseminá-la, necessitando estar preparado para adaptar-se aos diversos tipos de unidades de informação. Ou seja, a biblioteconomia tem como objeto de trabalho a informação, e consequentemente isto implica em uma gama de campos de atuação. Com isso, a necessidade por bibliotecários especializados surge como uma tendência cada vez mais crescente. Nesse sentido:

Mesmo que ainda fortemente centrada na técnica da organização da informação, a formação do bibliotecário tem incorporado outras preocupações, como aquelas que perpassam questões relacionadas ao uso dessa informação, por exemplo: os estudos sobre o usuário, a educação desse usuário, a orientação sobre o funcionamento das unidades de informação, sobre os tipos de suportes informacionais e serviços oferecidos. (GARCEZ, 2014, p. 8)

Portanto, é visto que apesar existirem diversos segmentos de atuação para o bibliotecário, são exigidas competências para além das funções técnicas como a catalogação e classificação. Isso se deve ao fato de:

A biblioteconomia é reconhecida com uma área interdisciplinar. Sendo assim, precisa da contribuição de outras áreas. Esse caráter interdisciplinar é não só aceito, como apregoado e, até mesmo, defendido pelos profissionais bibliotecários. Espera-se, entretanto que, os próprios profissionais acumulem conhecimentos de outras áreas para aplicá-los quando necessário, nos trabalhos que desenvolvem no âmbito da Biblioteconomia. A contribuição de outras áreas restringe-se, assim, aos interesses particulares de alguns, poucos, bibliotecários. (ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p.94).

Levando em consideração o âmbito escolar, para Almeida Júnior (2006 p. 54), “o bibliotecário escolar é aquele que reconhece sua profissão como importante e necessária para a sociedade e se reconhece como agente de transformação social”. Isso porque é um ramo de atuação que exigem do profissional desafios, instigações, provocações. É uma função que exige uma certa familiaridade com áreas que envolvam leitura e educação, considerando que o bibliotecário escolar é por natureza um agente social.

Além dos conhecimentos adquiridos durante sua formação acadêmica, que são essenciais para o desenvolvimento de seu trabalho, o bibliotecário escolar deve ter a preocupação de manter seus conhecimentos e habilidades dentro de uma educação continuada, e sempre estar informado e atualizado tanto em sua área profissional quanto na parte pedagógica por meio de leituras, palestras, reuniões, eventos, grupos e outros. (BICHER; ALMEIDA JÚNIOR, 2013)

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Além dos conhecimentos técnicos na área, desenvolver habilidades e competências específicas, pensar no usuário e considerá-lo sujeito principal de suas atividades, é fundamental para que a dinamização da biblioteca seja viabilizada na prática, tornando-se assim um agente cultural, além de converter a biblioteca num espaço de informação, ação e transformação cultural.

O bibliotecário escolar apresenta particularidades que o diferencia de bibliotecários que atuam em outras unidades de informação. Suas ações se encontram mais próximas dos pedagogos e demais educadores, pois sobre ele recai a preocupação em dividir a responsabilidade de educar e de apoiar a escola no cumprimento do seu Projeto Político Pedagógico. (SILVA; BORTOLIN, 2018, p.59) Mudanças no paradigma social exigem cada vez mais um número maior de competências dos profissionais. Atrelado a isso, as concepções quanto às suas funções também passam por significativas mudanças. No Quadro 3, são expostas as competências básicas que o bibliotecário deve possuir.

Quadro 3- Competências básicas do Bibliotecário.

Competências de comunicação e de expressão Competências técnico-científicas relacionadas ao fazer profissional do bibliotecário Competências Gerenciais Competências sociais e políticas

Orientação para uso da biblioteca.

Estimular a pesquisa.

Realizar estudo de usuários.

Dar visibilidade para a biblioteca. Selecionar Registrar Armazenar Recuperar Disseminar a informação Gerir, administrar, e coordenar uma equipe e também uma unidade de informação. Planejamento de atividades que serão desenvolvidas na unidade. Estimular o uso crítico e consciente da informação. Desenvolver práticas de estímulo às ações culturais.

Fonte: Adaptado de Valentim (2002).

Embora a biblioteca e o bibliotecário detenham uma função profundamente pedagógica quanto a orientação na busca pela informação, indagar sobre seu papel enquanto mediador cultural é essencial.

Conforme Almeida Júnior e Bicheri (2013) com o intuito de cumprir o seu papel, a biblioteca escolar deve ter além de um espaço adequado e um acervo de

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qualidade dispor de um profissional competente, ativo que vá ao encontro de seus usuários, buscando saber quais são suas necessidades, quais são seus interesses e gostos. Por isso é fundamental deixar o estereótipo de passividade e adotar uma postura ativa, dinâmica e criativa. De acordo com Pitz, Souza e Boso, (2011): “O bibliotecário escolar precisa ser dinâmico e audacioso, desenvolvendo ações que causem impacto real na vida dos usuários. ” Nas questões referentes à leitura, novidade e criatividade são palavras de ordem para atrair os novos leitores. O bibliotecário deve criar a imagem da biblioteca como um local acolhedor, divertido e agradável, para que, dessa forma, os leitores tenham o desejo de frequentá-la. Os projetos que objetivam o uso deste espaço podem e devem ser realizados por profissionais da informação para aproximar e manter os leitores interessados.

Em um mundo em constantes mudanças, globalizado, não cabem mais os procedimentos ditos tradicionais. O bibliotecário tem de largar seu papel passivo, de mero processador técnico de livros e desempenhar um papel ativo: agente de mudanças sociais. (CALDIN, 2005)

O bibliotecário escolar deve estar ciente da sua responsabilidade social, pois, além dos conhecimentos técnicos, este precisa desenvolver habilidades e competências específicas, pensar no usuário considerando-o uma peça chave no processo de dinamização da biblioteca, tornando-se, assim um agente cultural e convertendo a biblioteca num espaço de ação cultural. (NASCIMENTO, 2017).

Partindo pressuposto de que o bibliotecário é um mediador cultural - serve à sociedade quando foca suas atividades na demanda por apropriação cultural, levantamos a hipótese de que a mediação cultural, intrínseca à profissão de bibliotecário, é tratada de forma insuficiente e confusa em normas, diretrizes e orientações para a sua formação. (LIMA; PERROTTI, 2016)

Ainda de acordo com Lima e Perrotti (2016):

Sendo assim, e considerando o bibliotecário um mediador cultural, exige-se uma formação humanística porque a mediação cultural é um ato complexo e está implicada em relações e interações socioculturais e de superação de obstáculos à apropriação cultural. Por outro lado, para que atue como mediador cultural é requerido que o bibliotecário conheça e elabore métodos, técnicas e ferramentas nos contextos culturais, e de “diferenças”, junto aos sujeitos e públicos que se vinculam, com o subsídio de uma formação técnica. (2016, p. 04)

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Durante a graduação, os cursos de biblioteconomia oferecem disciplinas comuns entre as grades de diferentes universidades. Catalogação, classificação e indexação são componentes obrigatórios para desenvolvimento de práticas cotidianas no fazer bibliotecário. Ao longo do curso as disciplinas optativas surgem como uma forma de viabilizar a construção de conhecimentos em áreas correlatas à biblioteconomia, tendo a Educação como uma delas. Disciplinas que envolvem o campo da educação são substâncias na formação do bibliotecário escolar.

Segundo Correa e Souza (2005, apud Castro filho 2011, p.13) situaram na formação do profissional bibliotecário a origem da ausência de colaboração entre eles e os professores, argumentando que os cursos de biblioteconomia não oferecem disciplinas que favoreçam a aquisição de conhecimentos sobre educação e pedagogia. Quando são oferecidas, essas disciplinas são optativas e não atingem todos os alunos.

Para Silva (1986) na maior parte das vezes o bibliotecário deixa a cargo do professor a tarefa de promover a leitura, numa atitude negligente. A explicação para isto pode se dar ao fato do desconhecimento do seu papel enquanto mediador de leitura ou mesmo porque a maioria deles não foi preparado para realizar um trabalho nessa área. Ainda assim, existem aqueles que não acreditam que essa seja uma atividade da biblioteca.

Os temas que circundam a biblioteca escolar têm se tornado mais frequentes na literatura, e ainda, para os estudiosos da área. A cooperação entre bibliotecário e professor, figura-se como um modelo ideal para o alcance dos objetivos da biblioteca escolar.

O profissional bibliotecário tem um valor contributivo muito alto dentro da escola, desenvolver nos alunos o hábito de ler, usar os recursos de informação para sanar necessidades informacionais e o incentivo às visitas regulares na biblioteca. É um papel social que deve ser desenvolvido pelo bibliotecário em colaboração com toda comunidade escolar, para isso competências como:

● Ter compromisso com a sua formação no sentido de sempre buscar formação para, assim, oferecer maior qualidade nos seus serviços.

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● Desenvolver ações lúdicas como: contação, teatro de fantoches, teatro de sombras, sarau poético, semana literária, entre diversas outras atividades que devem ser propostas pelo profissional da informação.

● Promover ações culturais dentro da unidade.

● Observar o comportamento dos usuários diante das atividades desenvolvidas dentro da unidade pode servir como um indicador.

● Trocar informações com outros profissionais que também atuem em bibliotecas escolares, formando assim uma rede de cooperação e possibilitando a troca de saberes.

● Desenvolver projetos que possibilitem a capacitação dos usuários (alunos e demais comunidade) para o uso das fontes de informação.

● Ser um leitor ávido, quem não ele para servir de exemplo dentro de uma biblioteca, haja visto que é impossível conceber um bibliotecário escolar que não gosta de ler.

● Estar atento às novidades que envolvam a literatura infanto-juvenil, o que vai contribuir diretamente e de maneira positiva nos processos que envolvam a formação e desenvolvimento de coleções garantindo assim melhor qualidade dos títulos de seu acervo.

● Buscar maneiras de mesclar o uso de diferentes suportes informacionais. ● Procurar outras maneiras que não envolvam o livro na hora da contação de

histórias, com objetivo de diversificar as formas de leitura.

Tais ações são indispensáveis às práticas cotidianas do bibliotecário que atua neste tipo de unidade.

Baseado no papel de importância que a biblioteca escolar desempenha no processo de ensino e aprendizagem dentro da escola, busca-se entender como o perfil do bibliotecário deve adequar-se frente ao tipo de unidade de informação a qual ele está inserido. Dentro da biblioteca, o bibliotecário é um elemento importante no desenvolvimento de atividades de incentivo à leitura e formação de leitores que mais tarde se tornarão usuários autônomos dentro de bibliotecas.

Na era da informação e do conhecimento, o papel dos novos bibliotecários cresce em função da sua responsabilidade e importância. O bibliotecário é um profissional da informação, logo, seu papel não pode estar restrito apenas aos livros. A “biblioteca” está em todos os lugares. A “biblioteca” é o mundo. (SOARES, 2016)

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As competências e habilidades exigidas do bibliotecário (escolar) devem garantir qualidade na prestação do serviço que oferecem, com o propósito de simplificar o acesso à biblioteca, especialmente aos alunos da escola onde está inserida.

Desse modo observa-se um conflito nas profissões que não se relacionam ao mercado de trabalho e que são resultados do processo de globalização, o qual exige do profissional conhecimentos mais específicos, que ultrapassem os ramos ditos tradicionais. “O mercado para o bibliotecário só pode ser ocupado por aqueles que são devidamente qualificados. O problema é que não exige competência, mas diploma.” (ALMEIDA JÚNIOR, 2002, p. 134).

De acordo com Côrte e Bandeira (2011, p. 15) o Bibliotecário Escolar necessita ter competências como:

● Possuir curso de biblioteconomia, conforme a lei nº 4084/62; ● Ser um investigador permanente;

● Possuir atitudes gerenciais proativas; ● Possuir espírito crítico e bom senso;

● Ser participativo, flexível, inovador, criativo;

● Facilitar a interação entre os membros da comunidade escolar; ● Possuir capacidade gerencial e administrativa;

● Possuir capacidade de comunicação e relacionamento interpessoal; ● Saber que é a informação é imprescindível à formação do aluno; ● Dominar as modernas tecnologias da informação;

● Estar em constante questionamento; ● Estar atualizado na sua área de atuação;

● Ter consciência de que o usuário é seu fim último;

● Saber que a informação é imprescindível à formação do cidadão;

● Reconhecer sua profissão como importante e necessária para a sociedade; ● Reconhecer-se como um agente de transformação social e

● Ser um leitor crítico, que distingue, no momento da seleção e da indicação de livro, a literatura infantil e juvenil que é de qualidade.

Com base nisso, nota-se que certas aptidões são elementares para o efetivo desempenho de um serviço de qualidade pautados no ambiente da unidade informacional escolar.

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