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STAKEHOLDERS NO TERCEIRO SETOR: O ESTADO DA ARTE

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REPATS, Brasília, V.7, N.1 JAN/JUL (2020) ISSN: 2359-5299 Recebido em: 02 abr. 2020 - Aceito 30 abr. 2020

E-mail: repats.editorial@gmail.com

STAKEHOLDERS NO TERCEIRO SETOR: O ESTADO DA ARTE STAKEHOLDERS IN THE THIRD SECTOR: THE STATE OF ART

RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar estado da arte sobre as pesquisas que estão

sendo realizadas nos recentes e nos mais relevantes estudos científicos sobre stakeholders no Terceiro Setor. A partir de uma revisão metodológica da literatura, delimitada pelos dez artigos mais recentes e os dez artigos mais citados coletados na Base de dados Scopus-Elsevier, realizada em etapas distintas, pôde-se identificar e relacionar quais objetivos, métodos, resultados e contribuições de pesquisa, associados ao tema stakeholders no Terceiro Setor estão sendo abordados recentemente ou com maior ênfase ao longo do tempo. Desta forma, foi formulada a questão: como se encontra o Estado da Arte sobre Stakeholders no Terceiro Setor? Este estado da arte visa colaborar com a síntese de múltiplos estudos publicados e resultados obtidos, possibilitando o conhecimento amplo e atual, relacionando construtos relevantes para a pesquisa teórica e empírica por meio da unificação das informações nesta pesquisa.

Palavras-chave: Stakeholders. Terceiro Setor. Estado da Arte.

ABSTRACT: This article aims to present a state of art on research being conducted in recent and most

relevant scientific studies on stakeholders in the Third Sector. From a methodological review of the literature, delimited by the ten most recent articles and the ten most cited articles collected in the Scopus-Elsevier Database, performed in different stages, it was possible to identify and relate which objectives, methods, results and contributions of research, associated with the topic stakeholders in the third sector are being addressed recently or with greater emphasis over time. Thus, the following proposition was formulated: What is the State of the Art on Stakeholders in the Third Sector? This state art aims to collaborate with the synthesis of multiple published studies and results, enabling broad and current knowledge, relating relevant constructs to theoretical and empirical research through the unification of information in this research.

Keywords: stakeholders; Third Sector; State of Art.

1. INTRODUÇÃO

Para se elaborar um trabalho científico de valor acadêmico é preciso acrescentar algo ao que já foi pesquisado, daí a importância de se conhecer o que existe sobre o tema já explorado para que o conteúdo apresentado seja expressivo para o momento atual. O estado da arte possibilita conhecer o que vem se tratando na atualidade sobre o tema estudado e contribui na delimitação de um futuro problema de pesquisa. Contribui, também, com o desenvolvimento de pesquisas com qualidade, fundamentadas e embasadas dentro do rigor científico para que sirvam como um ‘fio condutor’; ou seja; a bússola norteadora do trabalho científico (LAKATOS e MARCONI, 1995).

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O estado da arte representa uma expressão do processo cumulativo de conhecimento sobre determinado tema; ou seja, constitui o limite do conhecimento em uma determinada área/tema. (JABBOUR,C., 2019).

Em virtude da grande quantidade de informações disponíveis nos meios eletrônicos e o respectivo avanço trazido à ciência no sentido de acesso à informação, o estado da arte existente sobre determinado tema compõe uma das etapas importantes em um projeto de pesquisa (RIDLEY, 2008; WEBSTER e WATSON, 2002). Compilar o conhecimento existente com base nos materiais previamente elaborados, tais como livros, artigos e teses, traz à pesquisa bibliográfica um caráter exploratório que permite maior familiaridade sobre um tópico, aprimoramento das ideias ou mesmo, inspirações intuitivas, complementa Gil (2007).

No estado da arte, o pesquisador mapeia, avalia o material intelectual existente, com a determinação prévia de hipótese(s) ou proposição(ões) de pesquisa e, sob uma metodologia pré-estruturada, visa contribuir para o avanço do conhecimento existente, por meio do conhecimento do atual Estado da Arte.

Nas últimas duas décadas, constatou-se um aumento do número de publicações de investigações relacionadas com a estratégia organizacional e com os

stakeholders na tomada de decisão nas organizações (ASHER, MAHONEY E

MAHONEY, 2005). Diversos estudos apontam o uso da Teoria dos Stakeholders na análise do ambiente organizacional contemporâneo (FREEMAN E LIEDTKA, 1997, METCALFE, 1998, CLARKE, 2005). Como os stakeholders estão em constante relação com a empresa, eles podem fornecê-las com contribuições ou recursos importantes, cada um representando interesses a serem satisfeitos. A gestão e o entendimento da percepção de stakeholders buscam perceber a relação estabelecida entre o gestor e a relevância dos variados atores que compõem uma organização, para alocar os recursos disponíveis otimizadamente entre eles e, de forma eficiente atender as demandas dos stakeholders mais importantes atendidos de forma prioritária (FREEMAN, 1984).

Neste sentido, identificar os stakeholders mais importantes para a sobrevivência organizacional, conhecer os seus propósitos e interesses, conhecer seus anseios, seus desejos e também mapear sua atuação é de fundamental importância para as organizações; sejam elas do primeiro, segundo ou terceiro setor. (HILL E JONES, 1998).

Em decorrência, a proposta da pesquisa nesse artigo se volta para responder a questão: como se encontra o estado da arte nas pesquisas sobre stakeholders no Terceiro Setor?

Associar pesquisas futuras com o estudo sobre stakeholders e o Terceiro Setor pode ser considerado um tema atual e relevante no contexto empírico e teórico, pela necessidade emergente de atender uma demanda de carência social atendida pelas organizações do Terceiro Setor, que as entidades governamentais não conseguem absorver plenamente. No entanto, essas organizações precisam sobreviver e captar recursos a partir de uma relação de interação com um conjunto de grupos interessados, denominados stakeholders, para a contínua ação em prol da sociedade. Esse empenho em manter a sobrevivência organizacional com escassos

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recursos pode ser compreendido pela Teoria da Dependência de Recursos (PFEFFER; SALANCIK, 1978), que permite empreender que o ambiente exerce influência nessas organizações, e otimizar o gerenciamento do fluxo desses recursos é o meio pelo qual as organizações conseguirão atingir seus objetivos, atender seus

stakeholders e cumprir com a sua missão (ROCHA; MOURA; REIS, 2011).

Nas seções seguintes, serão apresentadas as perspectivas teóricas sobre os construtos Terceiro Setor e Stakeholders, seguida pela abordagem metodológica da pesquisa, resultados e discussão e, por fim, a conclusão.

A pesquisa foi realizada na Base Scopus da Elsevier, com a utilização de strings para refinamento da pesquisa, resultando em 156 artigos. Dentre eles, foram selecionados os dez artigos mais novos e os dez artigos mais citados, os quais passaram por análise criteriosa de inclusão e exclusão, completando a amostra dos dez documentos mais novos e dos dez mais citados que serão integralmente pesquisados.

2. FUNDAMENTOS CONCEITUAIS 2.1 Stakeholders

No início da década de 1980, Robert Edward Freeman, com base na sociologia, economia, política e ética, agregou conteúdos sobre a Teoria dos Sistemas, Responsabilidade Social Corporativa, Teoria das Organizações e Planejamento Corporativo, dando origem a Teoria dos dos Stakeholders em sua obra denominada “Strategic Management: A Stakeholder Approach”, em 1984, obra essa, em que o termo ‘stakeholder’ corresponde aos integrantes que formam um grupo e possuem interesses ou direitos similares (FREEMAN, 1984). Esta concepção busca explicar a relação de interdependência entre os agentes envolvidos quando a empresa passa a não se enxergar autosuficiente, visto que, depende de seu ambiente externo.

Até então, Pfeffer e Salancik (1978) concebiam que a análise da gestão ficava restrita aos interesses de quatro grupos apenas: os fornecedores, funcionários, acionistas e os clientes, seguindo o modelo tradicional de produção do capitalismo. Freeman (1984) acrescentou outros grupos de interesses que são influenciados ou que influenciam diretamente ou indiretamente as atividades empresariais, em que a empresa ocupa a posição central ligada a uma série de relações interdependentes (stakeholders).

Assim, a partir da consolidação da Teoria dos Stakeholders na década de 80, inúmeros outros enfoques ampliaram esta abordagem teórica que ganhou espaço entre os acadêmicos e profissionais da área da gestão.

Na década de 90, ocorreu enorme desenvolvimento sobre o tema, nos estudos de Goodpaster (1991), Clarkson (1995), Donaldson e Preston (1995), Jones (1995), Rowley (1997), Mitchell, Agle e Wood (1997), Frooman (1999), dentre outros.

Goodpaster aborda em sua teoria a existência do stakeholder estratégico, que tem o poder de influenciar a empresa e precisa ser monitorado para que a organização

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atinja seus objetivos e o stakeholder moral que é influenciado pela empresa, cujo relacionamento ético é necessário ser mantido com eles (Goodpaster, 1991).

Savage et al.(1991) abordam a avaliação do potencial de cada stakeholder quanto ao seu poder de ameaça ou de cooperação com a empresa, e que se deve prevenir antecedendo ações ante a atitude de cada um deles (Savage et al., 1991).

Para Clarkson (1995, p.5), os stakeholders são “indivíduos ou grupos que possuem ou reivindicam propriedade, direitos ou interesses em uma corporação”. [...] “Essas reivindicações são resultantes do relacionamento estabelecido com os

stakeholders ou das ações tomadas pela empresa em relação a eles” (CLARKSON,

1995, p.106). Ainda segundo Clarkson (1995), os grupos de stakeholders podem ser divididos em primários, distinguidos por terem participação ativa na organização, por possuírem relações formais da qual a sobrevivência da organização depende, tais como fornecedores, funcionários, acionistas, clientes, entre outros, e os secundários que são distinguidos por grupos que influenciam ou que são influenciados pelas organizações, mas não são essenciais para sua sobrevivência, porém, possuem poder de mobilização da opinião pública para favorecê-la ou prejudicá-la, caso haja alguma assimetria nesse relacionamento empresa-stakeholder.

Jones (1995) aborda a teoria dos stakeholders a partir dos contratos, baseado em três teorias econômicas: a teoria da agência, da economia dos custos de transação e a teoria das equipes de produção (JENSEN; MECKLING, 1976), em que se enfatiza a ideia de que os gestores são agentes autointeressados e que inibir seus comportamentos oportunistas possui um custo elevado, sendo assim, nesse sentido, as empresas que estabelecem contratos ou relacionamentos com seus stakeholders baseados na confiança e na cooperação reduzem os custos de transação e as empresas desfrutam de vantagem competitiva sobre aquelas que não as estabelecem.

Donaldson e Preston (1995) classificam as contribuições realizadas sobre

stakeholders em três dimensões: descritivo/empírico, instrumental e normativa.

A dimensão descritivo/empírica visa descrever e/ou explicar as características e comportamentos corporativos em face dos stakeholders; a dimensão instrumental busca avaliar o impacto dos stakeholders para o desempenho das organizações, esclarecendo como as estratégias e políticas aplicadas podem resultar no desempenho das organizações e; dimensão normativa interpreta a função da corporação fundamentada na discussão dos princípios éticos. Essa construção de princípios morais e éticos nas organizações possibilitam definir o papel e a relevância do stakeholder para determinada organização, estabelecendo, a partir daí, a dimensão descritivo/empírica e instrumental da teoria.

Rowley (1997) contribui com a Teoria da Influência dos stakeholders ao propor a identificação dos stakeholders da organização e como eles influenciam ou são influenciados pelas decisões organizacionais, por meio da utilização da análise de redes sociais de forma a lidar com a influência de múltiplos stakeholders simultaneamente.

Mitchell, Agle e Wood (1997) elaboram um modelo de análise segundo o qual os stakeholders podem ser identificados a partir de três características: poder de

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influência, legitimidade do relacionamento e urgência das reivindicações, cuja teoria foi denominada ‘Stakeholder Salience’ (Saliência de Stakeholders). De acordo com os autores, a ‘Saliência’ é definida como o “grau em que os gestores dão prioridade às reivindicações concorrentes dos stakeholders” (MITCHELL; AGLE; WOOD, 1997, p.854).

Frooman (1999) trata a relação diádica empresa-stakeholder por meio da Teoria de Dependência de Recursos, que aponta as estratégias que os stakeholders podem adotar para influenciar a tomada de decisão nas organizações, baseadas na premissa de que a necessidade de recursos que a empresa possui, gera a oportunidade para que outros possam obter controle sobre ela.

Na década seguinte, Friedman e Miles (2006) classificam os estudos teóricos sobre os stakeholders, segundo a identificação de partes interessadas relevantes que exigem um posicionamento explícito do centro dos interesses dominantes, agrupando os autores de acordo com suas definições em três macro grupos distintos: centradas na organização (Freeman (1984), Clarkson (1995), Mitchell, Agle e Wood (1997) e Rowley (1997), centradas no stakeholder (Frooman (1999)), ou centradas na relação entre a organização e seus stakeholders.

Com isso, torna-se relevante entender como se dá a relação da Teoria da Dependência de Recursos com a Teoria dos Stakeholders, com o objetivo da organização se adaptar às pressões e formular estratégias que equilibrem ou façam convergir os interesses dos dois lados; stakeholders e organização. (OLIVER, 1991; FROOMAN, 1999; LYRA; GOMES; JACOVINE, 2009; DOH; QUIGLEY, 2014). Almeida e Muniz (2005) acrescentam que a forma gradual com que as empresas identificam tais atributos e a maneira como os atores os percebem é a chave para a criação de estratégias de negócios e o que leva a empresa a definir valores de credibilidade e relacionamento, além de melhor se posicionar no mercado.

Sauerbronn e Sauerbronn (2011) Afirmam que a maneira como a organização busca conceber estratégias de relacionamento perante o público interessado, criando estruturas de ações sociais da empresa, é a forma como uma organização amplia seu espectro de avaliação e atuação perante os atores que influenciam ou são influenciados pelas decisões organizacionais. Os autores ainda complementam que a visibilidade das ações de responsabilidade social empresarial, em parte, se deve a incorporação do conceito de stakeholders na literatura ligada ao tema.

2.2 Terceiro Setor

A sociedade civil é dividida em três setores distintos: o primeiro constituído pelo Governo, o segundo pelas empresas privadas e o terceiro; foco deste estudo; é formado por associações sem fins lucrativos, tais como as ONGs (Organizações Não-Governamentais) e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público).

As atividades assistenciais sem fins lucrativos provém da segunda metade do século XVI, realizadas primordialmente pela igreja católica às comunidades que ficavam às margens das políticas sociais básicas de saúde e educação. Sua atuação no Brasil é datada do final do século XIX, mas somente a partir da década de 1990, o

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Terceiro Setor se expandiu no Brasil, pois apesar dessas instituições serem bastante antigas, apenas recentemente a sociedade despertou para a importância econômica desse segmento, conforme afirma Borges (2008) e a Gerência de Estudos Setoriais do BNDES (2001).

Entretanto, segundo Fischer (2002, p.45-46), “o conceito [...] não está suficientemente consolidado, nem no ambiente acadêmico nem no universo das práticas cívicas, associativas e de solidariedade.”

Para Anheier e Salamon (1998), as características que conceituam as organizações do Terceiro Setor são as entidades privadas, de gestão própria, com constituição jurídica formal, não ligadas institucionalmente a governos, que atendem finalidades públicas, sem fins lucrativos e com mão-de-obra voluntária.

Dentre os principais desafios da gestão de organizações do Terceiro Setor, estão a transparência com as partes interessadas; a qualidade dos serviços oferecidos à comunidade; sua sustentabilidade e capacidade de articulação (FALCONER, 1999).

Mesmo que não visem lucros, as organizações do Terceiro Setor necessitam de recursos para manterem sua sustentabilidade, o que pode ocorrer pela iniciativa privada ou com verbas públicas governamentais e seu principal objetivo é a solidariedade para a melhoria da qualidade de vida, que contribuam para o desenvolvimento econômico, com a criação de emprego e promoção socioeconômica das regiões.

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3. MÉTODO

A pesquisa foi realizada na Base Scopus da Elsevier, considerando que, na atualidade, esta é a maior base de dados científicos disponível. Para a coleta de dados desta pesquisa, foram utilizados os seguintes strings: ‘Third Sector’ e ‘Stakeholder*’ no título do artigo, abstract ou palavras-chaves, sempre em palavras na língua inglesa, foram encontrados o total de 229 resultados. No refinamento da busca, foram utilizados os seguintes filtros: ‘Subject area’ em “Social Sciences e Business, Management and Accounting”, diminuindo para 173 resultados; “Document type” somente para Artigos, com 159 resultados; “Source type” somente para Journals, permanecendo os 159 resultados anteriores e finalmente, refinamento por “Language” para documentos em inglês, espanhol e português, quando restaram 156 documentos, sem recorte temporal.

Dentre os 156 resultados encontrados, foram selecionados os dez artigos mais novos e os dez artigos mais citados, os quais passaram por análise criteriosa, para avaliação da pertinência do tema abordado. Dentre os artigos mais novos, dois foram excluídos da amostra, por abordarem o tema de buillyng e parceria público privada de serviços agrícolas, assim, outros dois artigos foram analisados, completando a amostra dos dez documentos que integralmente pesquisados.

Na análise dos artigos mais citados, as condições de refinamento continuaram idênticas e não houve a exclusão de nenhum artigo.

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E-mail: repats.editorial@gmail.com 4. RESULTADOS

Na base Scopus - Elsevier houve a extração dos gráficos que colaboraram na ilustração das informações sobre o desenvolvimento da pesquisa ao longo dos anos, os journals e autores relevantes, a concentração geográfica das publicações e suas principais afiliações, considerando o universo dos 156 artigos previamente selecionados.

As revistas científicas mais proeminentes sobre o tema Stakeholders no Terceiro Setor são Voluntas, com 60 publicações; Journal of Integrated Care, com 5 publicações; Ciriec Espana Revista de Economia Publica Social Y Corporativa, com 4 publicações; Public Management Review, com 4 publicações e Accounting Auditing

and Accountability Journal, com 2 publicações.

Tabela 1. Revistas científicas mais importantes no tema

Fonte: Dados da pesquisa na base Scopus-Elsevier, 2019

O gráfico 1 apresenta a progressão da quantidade de artigos sobre o tema e demonstra que até 2007, este assunto limitava-se a cerca de 5 artigos ao ano, porém, a partir de 2008, ele começa a ganhar forças e ascende, tendo o ano de 2013 como o primeiro de maior produção com 19 artigos e, após uma ligeira oscilação nos anos seguintes, chega em 2019 com sua maior ascensão, 24 artigos, o que possibilita conjecturar que o tema a ser pesquisado possui relevância acadêmica.

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E-mail: repats.editorial@gmail.com Gráfico 1. Documentos por ano

Fonte:Dados da pesquisa na base Scopus-Elsevier, 2019

Dentre todas elas, o Journal Voluntas se destaca não somente pelo tempo de atuação, desde 1990, mas também pelo número de publicações 60. Este journal é uma publicação internacional sobre Organizações Voluntárias e Sem Fins Lucrativos, Jornal Oficial da Sociedade Internacional de Pesquisa do Terceiro Setor. O Voluntas se caracteriza como um journal interdisciplinar para pesquisas em todo o mundo na área entre o estado, o mercado e os setores domésticos, envolvidos no Terceiro Setor. Possui fator de impacto de 1.469 da base Scopus e está classificada na Plataforma Sucupira com Qualis A1, na área de avaliação da Administração.

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E-mail: repats.editorial@gmail.com Gráfico 2. Revistas científicas por ano x procura.

Fonte: Dados da pesquisa na base Scopus-Elsevier, 2019

O autor com maior relevância é o italiano Giacomo Manetti, filiado à Università

degli Studi di Firenze, Florencia, Itália, com três documentos. É Professor Associado

de Contabilidade no Departamento de Economia e Gestão da Universidade de Florença (Itália) e vice-reitor de orçamento e relatórios financeiros. Suas pesquisas incluem Teoria dos Stakeholders, responsabilidade social corporativa, relatórios e garantia de sustentabilidade, terceiro setor e histórico contábil. Porém, foi constatado que os demais autores da lista não se distanciam desse quantitativo, apresentando dois documentos cada um.

Gráfico 3. Documentos por autor

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As cinco principais instituições afiliadas à produção científica que abordam o tema de Stakeholders no Terceiro Setor estão concentradas na Europa e são respectivamente: University of Birmingham (Inglaterra), Glasgow Caledonian

University (Escócia), Università degli Studi di Firenze (Itália), Sheffield Hallam University (Inglaterra) e University of Manchester (Reino Unido), sendo esta última,

premiada com vinte e cinco prêmios Nobel.

Gráfico 4. Principais afiliações

Fonte: Dados da pesquisa na base Scopus-Elsevier, 2019

As áreas de estudos são orientadas principalmente para as Ciências Sociais e Negócios, Gestão e Contabilidade, correspondendo a 80,8% da amostra. As demais áreas de estudo são Economia, Econometria e Finanças (Economics, Econometrics

and Finance); Ciências Ambientais (Environmental Science); Engenharia

(Engineering), Artes e Humanidades (Arts and Humanities); Energia (Energy); Medicina (Medicine); Ciências da Decisão (Decision Sciences); Ciências Computacionais (Computer Science); Psicologia (Psychology) e Matemática (Mathematics).

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E-mail: repats.editorial@gmail.com Gráfico 5. Concentração das áreas de estudo

Fonte: Dados da pesquisa na base Scopus-Elsevier, 2019

O Reino Unido é o país com maior produção científica no tema de stakeholders no terceiro setor com cerca do dobro de publicações do país em segundo lugar, os Estados Unidos. Os demais países possuem uma uniformidade no quantitativo, porém, verifica-se uma maior concentração na Europa.

Gráfico 6. Concentração geográfica das publicações

Fonte: Dados da pesquisa na base Scopus-Elsevier, 2019

Os principais financiadores da pesquisa científica, no tema ora abordado, estão localizados na Europa, eles são: Economic and Social Research Council, localizada no Reino Unido e a Carnegie Trust for the Universities of Scotland, na Escócia, respectivamente.

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E-mail: repats.editorial@gmail.com Gráfico 7. Principais patrocinadores da pesquisa científica

Fonte: Dados da pesquisa na base Scopus-Elsevier, 2019

Na busca pelos artigos que possuem maior ênfase no meio acadêmico, foi realizada a pesquisa considerando a análise quantitativa de citações, por esta ser uma das métricas científicas utilizadas a partir da sistematização da informação que possibilitou difundir os resultados e inovações trazidas pelas pesquisas científicas à comunidade. Assim, foram selecionados os dez artigos com o maior número de citações na Base Scopus-Elsevier, conforme Tabela 2.

Tabela 2. Artigos mais citados X ano X número de citações (continua)

Título do artigo Autor(es) Ano

citações

The mainstreaming of the third sector into public policy in England in the late 1990s: Whys and wherefores

Kendall J. 2000 108

From stakeholders to institutions: The

changing face of social enterprise governance theory"

Mason C.M., Kirkbride

J., Bryde D. 2007 101

Mapping stakeholder perceptions for a third sector organization"

Fletcher A., Guthrie J., Steane P., Roos G., Pike S.

2003 94 Remodelling the third sector: Advancing

collaboration or competition in community-based initiatives?

Milbourne L. 2009 68

The public accountability index: Crafting a parametric disclosure index for annual reports"

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Título do artigo Autor(es) Ano

citações

Performance Measurement for Social Enterprises

Arena M., Azzone G.,

Bengo I. 2009 46

Beyond Nonprofits: Re-conceptualizing the Third Sector"

Salamon L.M.,

Sokolowski S.W. 2016 43 Overcoming the dual liability of foreignness

and privateness in international corporate citizenship partnerships

Bhanji Z., Oxley J.E. 2013 37

Varieties of co-production in public services:

Time banks in a UK health policy context" Glynos J, Speed E. 2012 37 Fonte: Dados da pesquisa na base Scopus-Elsevier, 2019

Na análise dos dez artigos mais novos e dos dez mais citados na Base Scopus-Elsevier, encontrou-se os seguintes assuntos, resultados e contribuições. Quadro 1 - Análise dos dez artigos mais novos na Base Scopus-Elsevier

Título dos 10 artigos

mais novos Autor(es) Ano Objetivo

Power, Exchange and Solidarity: Case Studies in Youth Volunteering for Development

Georgeou

N., Haas B., 2019

Apresentar um modelo que inclui o nível estrutural das lógicas organizacionais das trajetórias de modelos, abordagens e fontes de financiamento do voluntariado para o desenvolvimento (YV4D): organizações, programas e instituições (estruturalista) e o nível relacional visa capturar a ordem simbólica dos esquemas YV4D, como a

interação entre

poder, intercâmbio e solidariedade (pós-estruturalista )

Resultados e Contribuições: As lógicas de troca do mercado neoliberal, juntamente com as

ideologias políticas e interesses do estado afetam o design do modelo YV4D The Inherently Contested

Nature of

Nongovernmental

Accountability: The Case of HAP International

Kennedy D 2019

Percepção dos stakeholders sobre a importância da Parceria de Responsabilidade Humanitária (HAP)

Resultados e Contribuições: Descreve as tensões que surgem na elaboração da prestação de

contas das organizações sem fim lucrativos e constata que a identidade e prática humanitária é a última a ser considerada na prestação de contas.

Going to Scale: A Case Study of an Indian Educational NGO

Guha P 2019

Estudo de caso dos desafios organizacionais para a expansão de ONG educacional

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E-mail: repats.editorial@gmail.com Título dos 10 artigos

mais novos Autor(es) Ano Objetivo

Resultados e Contribuições: Embora as dificuldades de expansão possam ser atenuada com

um novo modelo de governança baseado em colaboração, a baixa responsabilidade e governança das ONGs dificultam a qualidade das parcerias.

Social enterprise, social innovation and self-directed care: lessons from Scotland. Henderson F., Hall K., Mutongi A., Whittam G 2019

Explorar as oportunidades e desafios que a política de suporte autodirigido apresentou às empresas sociais da Escócia

Resultados e Contribuições: Apresentar por meio do Institucionalismo uma nova visão sobre as

interações governo e prestadores de serviços de empresas sociais Partnership working

across sectors: a multi-professional perspective

El-Farargy

N. 2019

Identificar recursos, práticas e comportamento que influenciam uma parceria eficaz com o Terceiro Setor

Resultados e Contribuições: Destaca visões, percepções, facilitadores e barreiras ao

atendimento integrado social da Escócia. Ethno-racial Diversity on

Nonprofit Boards: A Critical Mass Perspective

Fredette C., Sessler Bernstein R.

2019

Entender a relação entre composição etno-racial dos conselhos de administração e sua capacidade de envolver stakeholders, melhorar a capacidade de resposta organizacional e gerenciamento fiduciário

Resultados e Contribuições: Conselhos com massa crítica etno-racial diversificada melhoram o

desempenho do conselho em governança (desempenho fiduciário, engajamento de stakeholders e capacidade de resposta organizacional.

Is online disclosure the key to corporate governance? López-Arceiz F.J., Torres L., Bellostas A.J. 2019

Análise do efeito indireto da governança corporativa e posição financeira (desempenho, financiamento e investimento)

Resultados e Contribuições: As práticas de governança, por si só, não são capazes de melhorar

a situação financeira das organizações. Essas melhorias precisam de divulgação para serem alcançadas

The power of third sector organizations in public education

Kolleck N. 2019

Identifica as dimensões do poder tridimensional (relacional, estrutural e discursivo)

Resultados e Contribuições: Desenvolve uma abordagem teórica para a analisar o poder das

organizações do Terceiro Setor Before Nonprofit Organisations Become Social Enterprises

Peng X.-E.,

Liang C 2019

Explorar os antecedentes e suas influências nas intenções empreendedoras sociais sob a perspectiva dos stakeholders

Resultados e Contribuições: Os líderes das organizações sem fins lucrativos precisam valorizar

suas estratégias de negócios concentrando-se na originalidade, empatia cognitiva e vínculo de capital social para desenvolver talentos nos empreendimentos sociais.

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mais novos Autor(es) Ano Objetivo

Management strategies of non-profit community sport facilities in an era of austerity Parnell D., May A., Widdop P., Cope E., Bailey R. 2019

Entender o impacto da austeridade no gerenciamento das organizações e de suas operações em instalações esportivas comunitárias da Inglaterra.

Resultados e Contribuições: Desafios para a sustentabilidade resultantes da austeridade e

diminuição do financiamento do governo central para os serviços públicos locais

Quadro 2 – Artigos mais citados na Base Scopus-Elsevier (continua) Título dos artigos

mais citados Autor(es) Ano Objetivo da pesquisa

The mainstreaming of the third sector into public policy in England in the late 1990s: Whys and wherefores

Kendall J. 2000

Explicar por que aconteceu a incorporação do Terceiro Setor às políticas públicas na Inglaterra, no final dos anos 90.

Resultados e Contribuições: Contribuições de atores políticos e coletivos nas políticas públicas,

problemas e fluxos políticos. From stakeholders to institutions: The changing face of social enterprise governance theory Mason C.M., Kirkbride J., Bryde D. 2007

Estabelecer o atual cenário teórico da Governança Social nas empresas e apresentar uma teoria alternativa para governança considerando as pressões institucionais presentes.

Resultados e Contribuições: Dinâmica da governança nas organizações e a influência que

valores, símbolos e normas culturais exercem sobre a estrutura organizacional, analisados pelas Teorias dos Stakeholders e da Administração e atribuição de uma teoria de governança alternativa que considere as pressões institucionais em sua análise.

Mapping stakeholder perceptions for a third sector organization Fletcher A., Guthrie J., Steane P., Roos G., Pike S. 2003

Mapear a percepção das dimensões sobre a importância relativa aos KPAs da unidade de estudo sob uma perspectiva dos stakeholders externos

Resultados e Contribuições: Os grupos estudados apresentaram um acordo geral entre seus

stakeholders em quatro áreas principais de KPAs, mas houve muita discrepância na percepção desses stakeholders nas demais nove KPAs e seus atributos constituintes, porém, a unidade de estudo mantém uma base para gerenciar sua estratégia, desempenho organizacional e desempenho, mesmo com as diferenças nas percepções.

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mais citados Autor(es) Ano Objetivo da pesquisa

Remodelling the third sector: Advancing collaboration or competition in community-based initiatives? Milbourne L. 2009

Examinar se a remodelação nos arranjos organizacionais devido ao aumento na obrigação das agências públicas em contratar o terceiro setor para o fornecimento de serviços de assistência social colabora ou incentiva a competição das iniciativas comunitárias, sob a perspectiva do Terceiro Setor.

Resultados e Contribuições: Houve a percepção de melhoria nos serviços sociais prestados nas

áreas mais carentes, mas a competitividade entre as organizações prejudica o trabalho colaborativo e a confiança da comunidade.

The public

accountability index: Crafting a parametric disclosure index for annual reports"

Coy D., Dixon K. 2004

Criação de um índice paramétrico de divulgação de relatórios anuais sob a perspectiva de responsabilidade pública, utilizando a opinião dos stakeholders

Resultados e Contribuições: Criação do Índice de Responsabilidade Pública (PAI) que pode ser

aplicado em todos os setores. Performance Measurement for Social Enterprises Arena M., Azzone G., Bengo I. 2009

Estado da arte sobre medição de desempenho e impacto social em empresas sociais

Resultados e Contribuições: Modelo generalizado com as medições de desempenhos a serem

medidas e um método passo a passo para que as empresas sociais construam seu próprio modelo Beyond Nonprofits:

Re-conceptualizing the Third Sector"

Salamon L.M.,

Sokolowski S.W. 2016

Apresentar uma re-conceituação operacional de concenso sobre Terceiro Setor

Resultados e Contribuições: Re-conceituar o termo Terceiro Setor atendendo aos critérios de

comparabilidade, operacionalidade e potencial de integração junto aos sistemas estatísticos oficiais.

Overcoming the dual liability of foreignness and privateness in international corporate citizenship partnerships Bhanji Z., Oxley J.E. 2013

Percepção da legitimidade sobre a instituição de programas de cidadania corporativa de empresas multinacionais

Resultados e Contribuições: Descrição de um conjunto de arranjos alternativos de governança

que servem para alinhar os incentivos entre os parceiros da aliança e sua vinculação a responsabilidade fundamental de privatização.

Varieties of co-production in public services: Time banks in a UK health policy context"

Glynos J, Speed

E. 2012

Discrepâncias de time banking que estabelecem os princípios de coprodução na área da saúde.

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mais citados Autor(es) Ano Objetivo da pesquisa

Resultados e Contribuições: O regime de assistência à saúde, se entendido como um 'regime

de escolha', invariavelmente se mostrará um ambiente inóspito para o time banking, pois os princípios de coprodução sintonizam melhor com o 'regime de reconhecimento'.

Fonte: a autora (2019)

5. Discussão dos Resultados

Os resultados da pesquisa apontam que no Terceiro Setor, quando abordado o tema stakeholders, as teorias utilizadas são as clássicas, não havendo teorias para este setor especificamente, o qual se difere dos demais, por não possuir o viés de lucro ou perspectiva governamental.

Algumas considerações podem ser feitas acerca dos modelos apresentados. Os modelos de estratégia são baseados em uma visão prescritiva, recomendando determinadas estratégias conforme o comportamento do stakeholder (FREEMAN, 1984; SAVAGE et al., 1991); a disposição da empresa em atender o interesse do

stakeholder (CLARKSON, 1995; JAWAHAR; MCLAUGHLIN, 2001); ou a relação da

empresa com os stakeholders (ROWLEY, 1997; FRIEDMAN; MILES, 2006).

Diferentemente de outros campos da gestão, como por exemplo, o marketing, cujas teorias estiveram embasadas em estudos relacionados ao aspecto mercantil e, posteriormente, foram criadas teorias de autores seminais como Phillip Kotler e Peter Drucker destinadas a organizações sem fins lucrativos, os autores seminais da teoria dos stakeholders não se direcionaram para desenvolver estudos sobre as organizações sem fins lucrativos.

Portanto, o estado da arte nas organizações do terceiro setor se encontra ainda em fase embrionária, as teorias dos stakeholders voltadas para as organizações com fins lucrativos são empregadas nas organizações do terceiro setor não havendo ainda nenhuma teoria específica para esse setor.

Considerações Finais

O objetivo deste trabalho foi o de apresentar uma metodologia estruturada para estado da arte em Administração, com o objetivo de compilar e identificar os assuntos atuais e com maior ênfase sobre Stakeholders no Terceiro Setor, sem recorte temporal com a finalidade do conhecimento do Estado da Arte, que pretende ser replicável, abrangente e não tendencioso, conferido pelo rigor metodológico científico.

Esta metodologia também pode contribuir no estímulo aos pesquisadores no sentido de integrar às teorias dos stakeholders relacionadas ao primeiro e segundo setor com as organizações em fins lucrativos no sentido de facilitar o acesso aos acadêmicos e profissionais da área, o conhecimento sobre a situação atual e o acompanhamento da evolução da pesquisa no campo, por meio de relatórios que sintetizam os pesquisas primárias.

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Apesar das limitações no número de artigos analisados que tratam sobre o tema, as contribuições desta pesquisa podem auxiliar futuros estudos nessa temática que, ainda, é carente de estudos científicos, mas que vem demonstrando exponencial crescimento nos últimos anos.

REFERÊNCIAS

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*O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 *This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001

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