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Transferência de renda dos trabalhadores do setor competitivo para os outros do setor oligopolizado : uma realidade no Brasil

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Emerson Luis Lemos Marinho

Doutor em Economia

pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas

A

TRANSFERENCIA DE RENDA DOS

TRABALHADORES DO SETOR

COMPETITIVO

PARA OS OUTROS DO SETOR

OLIGOPOLIZADO:

UMA REALIDADE NO BRASIL

FGV

Editora da Fundação Getulio Vargas Rio de Janeiro, RJ - 1993

(4)

~---

-Direitos reservados desta edição à Fundação Getulio Vargas Praia de Botafogo, 190 - 22253-900

CP 9.052 - 22272-970 Rio de Janeiro, RJ

É vedada a reprodução total ou parcial desta obra

Cop;yright C Fundação Getulio Vargas

li edição -1993

FGV - Escola de Pc5e-Graduação em Economia Diretor de Publicações Técnico-Científicaa; Clovis de Faro

88-00048535-5

Secretária:

Maria Helena Guilhon Chung FUNDAÇAOGETOLIO VARGAS BIBLIOTECA

Editora da Fundação Getulio Vargas Chefia: Francisco de Castro Azevedo Produção gráfica: Helio Lourenço NettO Capa: Haniel

Marinho, Emel'llon Luis Lemos.

TranaCerênciaderendadoetrabalhadoreedosetorcom-petitivo para os outros do setor oligopolizado : uma realidade no Brasil / }:menson Luis Lemoe Marinho. -Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas, 1993.

:1:, 72p. - (Tese!! EPGE; 24)

Originalmente aprEl!lentado como tese do autor (doutorado - Escola de Pc5e-Graduação em Economia, 1990)

Inclui Índice. Bibliografia: p. 67.

1. Política salarial- Brasil. 2. Inflação - Brasil. 3. Brasil- Política econômica. I. Fundação Getulio

Vargas. U. Título. III. Série.

(5)

Dedico eate trabalho a meus pais,

(6)

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a meu orientador, Sérgio Ribeiro da

Costa Werlang, pela atenção e paciência na orientação desta tese de doutorado.

Ao Prof. Carlos Ivan Simoll5en, que nas horas de difíceis, também me auxiliou na solução de certos impasses.

Aos Profs. Mario Henrique Simoll5en, Luiz Guilherme Schymura de Oliveira, José Marcio Camargo e Marcelo Estevão, pelos comentários que foram feitos.

AOB colegas de turma e funcionáriOB agradeço a amizade e o convívio destes últimOB anOB e, em particular, à funcionária Míriam Lopes de Oliveira, pela atenção que me dispell5ou.

AOB professores e funcionários do Departamento de Estatís-tica da UFRN sou reconhecido pela compreensão que tiveram durante o período em que estive afastado.

Finalmente, não poderia deixar de lembrar meus pais e Isabel Cristina, por todo o apoio que me deram.

(7)

sUMÁRIo

1. Equihôrio de Nash em um jogo entre oe sindicatOl5 do setor oligopolizado: o modelo pelo lado da oferta 1 1.1lntrodução 1

1.2 O modelo com um único sindicato no setor oligopolizado 4 1.3 O modelo com mais de um sindicato no setor

oligopolizado 10

1.4 Conclusões 18

2. Análise econométrica e evidência empírica 22 2.1 Introdução 22

2.2 O modelo econométrico 22 2.3 Evidência empírica 24 2.4 08 modelos estimados 27 2.5 Dadoe amostrais 34

3. Equilíbrio d~Nash do jogo com a interação da oferta e demanda agregada e sua consistência com expectativas

racionais 37

3.1lntrodução 37

3.2 O modelo com demanda agregada: instrumentallS-LM 39

3.3 A consistência do modelo com expectativas racionais: o C880 de perfeita previsão 46

3.4 Conclusões 49

4. O jogo com o Governo ativo para a determinação das

característiC88 ótimas das políticas monetária e r18cal 51 4.1lntrodução 51

4.2 O modelo com o Governo ativo maximizando uma função utilidade social 52

4.3 Conclusões 65

Referências bibliográfiC88 67 índice analítico 69

(8)

1. EQUILÍBRIO DE NASH EM UM JOGO

ENTRE OS SINDICATOS DO.SETOR

OLIGOPOLIZADO: O MODELO PELO

LADO DA OFERTA

1.1 Introdução

N08 últim08 an08, 08 trabalhadores braBileiroe conviveram com uma suceeeão de leis ealariais cujo principal pretexto era prote-ger o ealário real contra a inflação. Ao contrário do que era esperado, o que se viu foi uma deterioração do mesmo com uma coneeqüente queda no seu poder de compra. No entanto, esse declínio não foi homogêneo para todaB aB classes trabalhistas, pois se verifica nesse período que alguns setores obtiveram ganh08 reais com relação a08 demais. Tais ganh08 não podem nem devem ser tomados como obra do aCaBo. Afinal, a década de 80 já encontrou o sindicalismo no PaÍS maduro e capaz de barganhar com os empresários.

Para se ter uma idéia daB diversaB políticas salariais postaB

em prática mais recentemente, com a adoção d08 Planos Cruza-dos 1 e 2, vigoraram no PaÍS, respectivamente, a lei do "gatilho salarial" e o sistema de reajustes mais conhecido popularmente como URP. Os salários p85saram a ser reajustados mensalmen-te pelo diferencial entre a inflação e um gatilho de 5%, sempre que a primeira ultrapassasse este último, e, trimestralmente, adotou-se sua correção pela inflação, descontados os excess08 mensais da inflação sobre o gatilho neste período. Desta forma, não será nenhuma surpresa se nOVaB polí~iC85 salariais vierem: a ser adotadas ao longo do desenvolVimerito deste trabalho. A justificativa do Governo para a existência destaB políticaB sala-riais era sempre a mesma: proteger os salários reais da inflação.

MaB o que se observou na realidade foi uma contínua queda no poder de compra daB c185ses trabalhadoraB, com algumas delas, porém, se beneficiando mais do que outras. É o que ocorre justamente com os setores oligopolizados na economia brasilei-ra, quando se compara a evolução de seus salários reais com 08 do setor competitivo: De fato, como os sindicatos de trabalhado-res daqueles primeiros possuem maior poder de barganha do que os demais, eles conseguem aumentos de salários nominais sem-pre maiores do que os do setor competitivo. Aliás, é com baBe neste princípio que o Governo justifica a necessidade de se ter

(9)

políticas salariais. Para ele, a existência destas últimas deixaria os salárioe dos empregados do setor competitivo protegidos da inflação. Entretanto, a preocupação do Governo neste sentido parece estranha na medida em que ele é o maior responsável pelas causas do processo inflacionário no País. Na realidade, consegue-se mostrar, neste trabalho, que a maior parte do im-posto inflacionário arrecadado pelo Governo é pago pelos traba-lhadores deste setor.

Em artigo publicado no Jornal do Brasil, Amadeo, Camargo e Estevão (1989) fazem algumas considerações a respeito do problema de coordenação dos sindicatos. Entre outras conclu-sões, o artigo conclui, implicitamente, que existe transferência de renda dos trabalhadores pertencentes a sindicatos menos organizados para aqueles de sindicatos mais organizadoe. Em vista de todos esses argumentos, surgiu a idéia, então, de se escrever este trabalho. O objetivo principal concentra-se na formulação de um modelo simples que, incorporando as peculia-ridades da economia brasileira, mostre e explique o porquê da transferência de renda do setor competitivo para o setor oligo-polizado em nossa economia. No que se segue, o modelo leva em consideração uma economia composta de dois setores: o primei-ro, o setor competitivo, e o segundo, o setor oligopolizado, com a hipótese de que 08 agentes econômicos tomam decisões racionais

dentro de uma visão de um jogo não-cooperativo, como em Franco (1986).

O modelo incorpora, também, o fato de que, como a economia passa por contínuos processoe inflacionários, o Governo

rlX8

políticas salariais, visando a proteção do poder de compra dos salários reais dos trabalhadores. Além disso, cada sindicato de trabalhadores dos respectivos setores procura maximizar o sa-lário real de seus representados, sempre tomando como dado a estratégia do outro. Por sua vez, as empresas do setor oligopoli-zado, não aceitando diminuições de suas margens de lucro, repassam todo aumento de salário aos preços de seus produtos, enquanto as do setor competitivo, impoÍ58ibilitadas de fazer esses repa88e8, pela própria característica desse mercado, pagam aos seus empregados somente a produtividade marginal deste setor (ver, por exemplo, Scherer, 1980). Evidentemente, tem-se de levar em consideração que o poder de repasse das empresas varia com o ciclo econômico.

Dentro desse mesmo enfoque, analisa-se, também, a trajetó-ria de equilíbrio da

taxa

de inflação no longo prazo, quando se consideram as seguintes características: fatores inerciais, a

(10)

pre-sença de conflitos distributivos e o Governo sendo o maior responsável pelas causas da origem do processo inflacionário. Os fatores inerciais se caracterizáriam pelo fato de todos os contratos, inclusive salários, serem reajustadoe com base na inflação de períodos passados. O conflito distributivo entre tra-balhadores e empresários dar-se-ia quando os primeiros, atra-vés de seus sindicatos, pressionando as empresas por aumentos de salários e os segundos, resistindo a uma queda de suas margens de lucro, negassem ou repassassem todos esses aumen-tos aos preços de seus produaumen-tos. O Governo, por sua vez, torna-se um dos maiores responsáveis pela instabilidade do nível de preços na medida em que acomoda sua política monetária.

Resolvido o modelo, as conclusões a que se chega não são nada alentadoras. De fato, levando em conta as hipóteses do modelo, a economia poderá caminhar para uma hiperinflação. Além do mais, ao contrário do que o Governo e alguns economistas alegam, os salários reais dos trabalhadores do setor menos formal da economia (o setor competitivo) não ficam de maneira alguma protegidos da inflação, enquanto os dos trabalhadores do setor oligopolizado, em oposição aos primeiros, crescem con-tinuadamente no tempo. Outra conclusão importante obtida é: quanto mais descentralizada ou menos corporativista for a eco-nomia, no sentido de que maior seja o número de sindicatos atuando independentemente, maiores serão os níveis de taxa de inflação. Este mesmo resultado já tinha sido enfatizado por Fraga e Werlang (1983) e, em um contexto diferente, por Franco (1986). Este resultado tem sua importância na adoção de uma das I5OluÇÕe5 apresentadas para se evitar que a economia po55a caminhar para uma hiperinflação. São as políticas de pacto social. Para seu sucesso, seria ideal que, em uma mesa de negociação entre empresários, Governo e trabalhadores, estes últimos fossem representados por um único sindicato que repre-sentasse as aspirações de toda a classe trabalhadora. Além desta, outras soluções são apontadas e discutidas no artigo.

Um teste empírico, com o objetivo de se comparar os salários reais dos trabalhadores do setor competitivo e do oligopolizado, é realizado, chegando-se à seguinte conclusão: com taxas de inflação crescentes, ocorre uma perversa transferência de renda dos trabalhadores do setor competitivo para os do setor oligopo-lizado e, neste sentido, a evidência corrobora as conclusões do modelo.

O capítulo 1 compõe-se desta introdução e de mais três subcapítulos, distribuídos na seguinte seqüência: no primeiro

(11)

(1.2), é apresentado 0 caso em que existe somente um sindicato

representando todos os trabalhadores do setor oligopolizado, e outro representando os trabalhadores do setor competitivo. O segundo (1.3) analisa a situação em que existe mais de um sindicato no setor oligopolizado representando as diversas clas-ses de trabalhadores neste setor. O terceiro (1.4) faz uma análise detalhada das soluções encontradas nos subcapítulos anteriores e sugere várias maneiras alternativas que visam eliminar 88

distorções e desequilíbrios encontrados na resolução do modelo. 1.2 O modelo com um único sindicato no setor

oligopolizado

Inicialmente, o modelo leva em consideração uma economia com dois produtos, dividida em dois setores: o setor competitivo e o setor oligopolizado, em cada um dos quais, várias empresas produzem um determinado tipo de produto.

Os trabalhadores são representados por um único sindicato em cada setor. Além do mais, pelo fato de os integrantes daquele último pertencerem à classe de empregados mais bem organiza-dos da economia, admite-se que seu sindicato apresente um poder de barganha maior do que o do setor competitivo e, assim, obtém aumentos de salários nominais sempre superiores aos dos demais.

Em vista disso, o Governo, com o objetivo de minimizar essas distorções, estabelece regras de reajustes salariais que visem a proteção dos salários reais daqueles trabalhadores. Desse modo, supõe-se a existência de uma política salarial que, a cada perío-do, reajuste os salários nominais de todos os indivíduos de acordo com a inflação do período passado.

No que se refere às empresas, aquelas pertencentes ao setor oligopolizado, não desejando diminuições de suas margens de lucro, repassam, através de uma regra de mark-up, todos os aumentos de salários aos preços de seus produtos. Já as empre-sas do outro setor, impossibilitadas de fazer o mesmo pela própria característica desse mercado, pagam aos seus emprega-dos o valor da produtividade marginal deste setor.

A economia por hipótese, pelo menos no setor competitivo, funciona a pleno emprego. Adicionalmente, o modelo contempla

a

possibilidade de que haja perfeita mobilidade de mão-de-obra entre os dois setores. Assim, no longo prazo, poder-se-ia ter uma total transferência de mão-de-obra de um setor para outro que pagasse maior salário. No entanto, a possibilidade prática de um

(12)

evento desF~ natureza, pelo menos no curto prazo, parece dificil na medida em que os sindicatos, de modo geral, não p<>rmitt"'lll que trabalhadores de outras categorias se empreguem em seu setor. Além disso, o fato de os trabalhadores dos setores oligopo-lizados serem em geral muito mais especiaoligopo-lizados do que os do setor competitivo é um empecilho a mais para que haja total mobilidade entre estes setores.

A função utilidade dos trabalhadores do setor oligopolizado tem como argumentos o nível de salário real e a taxa de utilida-de. Por outro lado, como inflação ocasiona pesados custos para a sociedade, ela se torna bastante indesejável para eles e, como tal, uma desutilidade. Dessa forma, o sindicato, ao barganhar aumentos de salários nominais junto às empresas, aumenta o nível de utilidade de seus membros. No entanto, o T!'passe desses aumentos aos preços dos produtos, causando inflação, pode mais que compensar o aumento daquela utilidade. Nesses termos, a função utilidade dos empregados neste setor, filiados ao i-ésimo sindicato, será definida por uma função:

onde

a

U' /

a (

Wi/Q ) >

o

e

a

U' /

a (

n )

<

o

O índice geral de preços nesta economia será, por definição, a média geométrica ponderada dos preços dos dois produtos. Em adição, supõe-se ainda que esses preços sejam função de um componente G(t), o qual será explicado logo a seguir. Daí,

onde Pai e Pyt são, respectivamente, 05 preços dos produtos

produzidos nos dois setores e 05 parâmetros a, y, as participações

dos salários dos trabalhadores na compra específica destes pro-dutos. Portanto, estes dois parâmetros dão uma medida exata do tamanho daqueles setores na economia. O componente G(t),

cuja forma Cuncionalserá definida ao longo do capítulo, repassa ao índice de preços todas as distorções que têm como origem as inconsistentes políticas econômicas adotadas pelo Governo. A criação e o sistemático aumento de impostos indiretos com conseqüentes repasses ao preço é um exemplo de como G(t) pode pressionar os preços. As expectativas dos agentes econômicos quanto à imposição pelo Governo de planos de congelamento seriam um outro exemplo de como G(t) poderia atuar sobre os

(13)

preços. Aliás, características bem comuns da economia brasilei-ra. Neste sentido, aquele componente no índice geral de preços capta os efeitos dos atos governamentais e todos os outros fatores inflacionários que têm como origem 08 erroe de condução dae políticas econômicas do Governo. Em resumo, 08 efeitos das inconvenientes intervenções do Governo na economia transmi-tem-se ao índice geral de preços através de G(t). Neste caso específico, considera-se G(t) uma função crescente no tempo. Por outro lado, ela passa a ser uma função decrescente quando o Governo resOlve adotar medidas econômicas que combatam o processo inflacionário.

Os preços dos produtos n08 setoree competitivo e oligopoliza-do como função de G(t) são definidos, respectivamente, por

Pyt(G(t»

=

Pyt.G(t) e P ai(G(t»

=

P at-G(t). Além disso, pelo fato de as empresas dos setor oligopolizado utilizarem regra de mark-up

sobre os salários, ou seja, Pai

=

Ma. Wai , O índice geral de preços

pode ainda ser escrito como:

Qt-(Ma·Wat)a. (Pyt)Y. G(t) ,u+y-l (1.1) onde: Ma

=

1 + Ka, Ka, O mark-up praticado pelas empresas e

Wa , o salário nominal dos trabalhadores daquele mesmo setor. Aplicando logaritmo na expressão (1.1), com mais alguns alge-brismos de praxe, verifica-se que a taxa de inflação é igual a:

3tt;

= (

u/y) [ (wat - qt ) - (wat-l - qt-l )] + "t-l + h(t)/y (1.2) onde:

3tt; - In ( ~/Qt-l )

h(t) - InG(t) - InG(t-l)

Assim, a expressão (1.2) define a taxa de inflação do período como sendo igual à taxa de crescimento dos salários reais do setor oligopolizado.,~is a inflação do período passado, mais um componente h(t), que representa a "velocidade" com que o Go-verno inflaciona a economia.

(14)

Nest&8 condições, como 08 trabalhadores tomam suas deci-sóee racionalmente, aqueles do setor oligopolizado procuram maximizar SU88 utilidades, respeitando a restrição (1.2). Por simplificação, considerar-se-á, neste modelo (Franco, 1986), uma função utilidade similar à definida na forma:

onde: w~ -qt

=

ln(WatlQt), e o parâmetro q" o logaritmo do índice geral de preç08. A condição b > a é neceeeária para tornar a função (1.3) côncava. Logo, o p;roblema se resume em:

M A X [Ui (wat - qt ' xt) - M A X [ (wat - qt)a . xt - b]

{w

Clt - qv ,,~

{w

Clt - qt • "t}

sujeito à restrição (1.2).

Portanto, a solução desse problema de maximização fornece a seguinte solução:

Wat - qt - (a/y (b-a» [y . Ilt-l + h(t) - Dt-l] (1.4) onde Dt_l

=

(w~_l - qt-l). Conseqüentemente,

(1.5)

Substituindo a expressão (1.4) nas expressões (1.2) e (1.5),

obtém-se o seguinte sistema de equações de diferenças finitas:

"t - (b/(b - a) ) . xt-l + (b/y(b - a) ) . h(t) - (b/y (b - a) ) . Dt-l

(1.6)

Dt - (ya/(b-a» . xt-l + (a/(b-a» . h(t) - (a/(b-a» Dt-l (1.7)

Analisando este sistema de equações, observa-se então que Dt pode ser escrito como combinação linear de ~t com:

Dt - (aylb) . xt (1.8)

Logo, esta última expressão, na equação (1.6), fornece a seguinte trajetória da taxa de inflação:

(15)

"'t -

"'t-l + (b/(y .,(b-a))) . h(t)

(1.9)

onde a primeira parcela do lado esquerdo da igualdade acima é a DOesa conhecida inflação inercial e a segunda, a inflação gerada pelo Governo. Isto poeto, quando se toma o caso particular em que G(t)

=

exp(TI.t) com TI > O e, portanto, com h(t)

=

TI, tem-ee que a equação (1.9).apreeenta como solução:

"'t - Xc>

+ (b/(y . (b-a))) TI . t (1.10)

Obeerve-ee, então, que o parâmetro TI na equação (1.10) serve .como referência para se medir a velocidade com que o Governo inflaciona a economia. Assim, quando a contribuição do Governo para a aceleração do processo inflacionário é nenhuma [TI

=

O na equação (1.10)], a(}uela apresenta, apenas, o caso de inflação inercial como u~ conseqüência do conflito distributivo de pre-ços e salários. Em caso contrário, no longo prazo, a economia poderá caminhar para uma hiperinflação.

A trajetória do salário real no setor oligopolizado é obtida quando se combinam as equaçóe8 (1.5) e (1.8). Assim:

(1.11) Note-ee, de acordo com as análises das equações (1.10) e (1.11), que, quanto maior a participação dos gastos dos trabalha-dores na compra do produto do setor oligopolizado, menor o salário real deste setor e maior a taxa de inflação. No caso extremo em que a= I, quando a economia seria, então, totalmen-te oligopolizada, a taxa de inflação, mesmo no curto prazo, poderia alcançar níveis insuportáveis. Enfim, toda e88a estática

comparativa pode ser mais facilmente entendida quando, na figura I, se desenham as curvas daquelas duas equaçóe8.

Em relação ao setor competitivo, como o salário real medido a preço desse setor é igual à produtividade marginal da mão-de~ obra, tem-se:

(1.12) onde K (N yt )

=

I n.

rt '(

N yt )] com

f

W

yt) sendo a função de

produção do setor competitivo e wyt representando o logaritmo

(16)

a Figura 1

Como 08 salári08 nominais, de acordo com a política salarial do Governo, são reajustad08 a cada período com base na inflação do período passado:

Wyt - wyt_i + 3ft-i (1.13)

Sendo aMim, o preço do produto neste setor é determinado combinando-ee as equações (1.12) e (1.13). Daí, ter-se:

(1.14) Em seguida, !!Iubl5tituindo esta última expreBSáo em (1.1) com mai.s alguM algebrism08 de praxe, verifica-se finalmente que o índice geral de preç08 pode ser ainda escrito na forma:

qt - (a/y) ma + (alh) . "o + wyt_i + 3ft-i + (all/y(b-a) ) . t-K (N.,J (1.15)

(17)

Deeee

modo, quanto maioree forem o mark-up, o salário nominal do período paI!Il!I8do no setor competitivo, a inflação inercial, a participação dos gastos dos trabalhadores na compra do produto del!l8e setor, maior o índice geral de preços. Por outro lado, quanto maior a produtividade marginal no setor competi-tivo, menor será seu valor.

Por último, o salário real del!ll!le setor é calculado subtraindo-se de ambos os lados da igualdade (1.13) a exprel!ll!láo (1.15). N eel!lel!l termos,

Wyt - qt -

[K(Nytl -

(a/y)ma + «b-a)/b)3to] - 3tt (1.16) o que mostra, ao contrário do que o Governo e muitos

economis-tas peDl!l8m, que OA I!I8lários reais daquelee trabalhadores

encon-tram-se totalmente desprotegidos da inflação. Observe-8e que, mesmo considerando que os salários nominais sejam reajusta-dos a cada período de acordo com a inflação do período passado, ainda 8I!Isim elee sofrem contínuas perdas no seu poder de compra. Note-8e, também, que quanto maiorel!l o mark-up das empreeas e a participação dos gastos dos trabalhadores na compra do produto do setor oligopolizado, menor ainda será este salário real. Adicionalmente, outra política de reajustes de I!I8lá-rios semelhante ao sistema URP foi considerada e as conclusões obtidas permaneceram inalteradas.

Assim sendo, mecanismos de reajuste de I!I8lários ou políticas econômic8l!l de combate à inflação que visem a proteção dos salários reais deetee trabalhadores terão de ser adotadas, pois embora eete setor não contribua de maneira significativa para tal, é sobre ele que recai toda a carga do processo inflacionário. Nestas condições, nce subcapítulos 1.3 e 1.4, quando se considera a exi8tência de dois ou mais sindicatos no setor oligopolizado, estas soluções são apresentadas e discutidas mais detalhadamente.

1.3 O modelo com mais de um sindicato no setor oligopolizado

Este modelo, a princípio. considera agora a existência de duas classes de trabalhadores no setor oligopolizado, em cada uma das

quais se admite que exista um único sindicato. A mence, desta diferença, supãe-se ainda que as hipótesee levantadas no subcapí-tulo anterior continuam válidas também neste. Em seguida, apre-senta-ee o caso geral em que no 'setor oligopollzado existem n

(18)

No que se segue, supondo-se inicialmente que existam so-mente dois sindicatos naquele setor, o índice geral de preços, neste modelo, será definido como: .

onde Mal = 1 + Kal é o mark-up das empresas que empregam os trabalhadores miados ao i-ésimo sindicato, e Wa1p os 8eW5

respectivoS salários nominais. A8 demais variáveis são definidas como no subcapítulo 1.2.

Aplicando o logaritmo na expres.são acima com mais algumas manipulações algébricas, tem-se que ela ainda pode ser escrita na forma:

(1.17)

(~/y) (wa2t - qt) + Pyt + (l/y)h(t)

Manipulando algebricamente a equação (1.17), encontra-ee que a taxa de inflação de um determinado período t é igual a:

(1.18)

o que mostra que ela é igual à inflação do período paeeado, mais a média ponderada das taxas de crescimento dos salários reais dos dois setores mais h(t).

E, como por hipótese, os agentes são racionais, admite-se que cada sindicato de trabalhadores do setor oligopolizado maximize sua função de utilidade tomando como dado a estratégia do outro. Sendo &88im, cada sindicato, ao maximizar a função utilidade (1.3) sujeita à restrição (1.17), rep~uz as seguintes funções de reações Ral e Ra2:

al(b-a) (wa lt-qt)-aa2(wa2t-qJ - a[Y'tt_I+h(t)-Dt-11-aal (walt-qt) + a2(b-a) (wa2t-qJ - a[Y'tt_2+h (t)-Dt _11

onde:

. (1.19) (1.20)

(19)

(1.21) Portanto, a solução do sistema de equações lineares (1.19) e (1.20) noe fornece o seguinte equilíbrio de Nash:

(1.22) (1.23) onde b -2a > O, para que se possa garantir a existência desse equilíbrio no primeiro quadrante do plano (wa1t -Qt)x(wa 2t -qt).

A dinâmica da taxa de inflação, neste caso, é obtida substi-tuindo-se as expressões (1.22) e 1.23) em (1.18). Desse modo,

3tt=(b/(b - 2a) )3tt _ 1 + (b/( y (b - 2a) ) ) . h(t) -(b/( Y (b - 2a) ) ) . Dt-1)

(1.24)

Novamente, substituindo aquelas mesmas expressões,

p0-rém, defasadas de um período, em (1.21), obtém-se: Dt -1" (2ay/(b - 2a) 3tt -1 + (2a/(b - 2a) .

(1.25) h (t) - (2a/(b - 2a) Dt _ 1

Do conjunto de equações (1.24) e (1.25), observa-se que a variável Dt pode ser escrita como combinação linear de 1tt, com Dt

=

(2ay

I bh.

Substituindo esta última expressão em (1.24), obtém-se que:

3tt = 3tt-1 + (b/(y(b-2a) . h(t) (1.26) Resolvendo esta equação de diferença finita, supondo-se, novamente, G(t)=exP(llt), encontra-se que a dinâmica da taxa de inflação é igual a:

1tt = 1to + [bll/y(b-2a)] . t (1.27)

onde a primeira parcela do lado direito da igualdade é a inflação inercial e a segunda, a inflação provocada pelo Governo. No longo

(20)

prazo, de acordo com a equação (1.27), a taxa de inflação tende a explodir nesta economia.

Os salários reais dos trabalhadores nos dois setores oligopo-lizados são determinados, quando se substitui, respectivamente, a expressão Dt

=

(2ay/b)3tt com mais alguns algebrismos em (1.22) e (1.23). Logo,

(1.28) (1.29) Nestas condições, os salários reais nestes setores encontram-se inteiramente protegidos da inflação, pois qualquer que encontram-seja o nível desta última, aqueles crescem continuadamente com o tempo, de acordo com as equações (1.28) e (1.29). Desse modo, com relação ao poder de compra dos salários, são os trabalhado-res dos setotrabalhado-res oligopolizados os que mais se beneficiam do processo inflacionário.

A seguir, apresenta-se a estática comparativa desses salá-rios, quando se considera o crescimento dos tamanhos das clas-ses neste setor. No que se segue, dois casos são apresentados: no primeiro, supõe-se que um dos dois setores oligopolizados cresça de tamanho às custas do outro, quando o tamanho do setor competitivo permanece inalterado. Assim, quando se tem, como exemplo, a situação em que o setor (l2 cresce às custas do setor

(l1, o salário real do primeiro cai enquanto que o do segundo aumenta. A figura 2 explica como isto ocorre. O aumento de (l2,

na mesma proporção em que cai (l1, torna os coeficientes lineares

e angulares das funções de reações Ra1 e Ra2 maiores ainda do que no equilíbrio de Nash inicial, dado pelo ponto Eo. Como conseqüência, há um deslocamento de Ra1 para cima e de Ra2

para a esquerda onde, no novo equilíbrio, ponto E1 na figura 2, o salário real agora é maior no setor (l1 e menor no setor (l2 do que em relação ao equilíbrio inicial.

Neste último, considera-se o caso em que os dois setores crescem de tamanho às custas do setor competitivo. O resultado final é a queda dos salários reais nestes dois setores, mas, com aquela sendo maior no setor que apresenta maior crescimento. Veja, como exemplo, a figura 3, onde se supõe que (l2 cresce mais do que (l1. Naquele, o coeficiente linear de Ra1 cai na mesma

proporção em que aumenta o de Ra2 . Além do mais, como os seus coeficientes angulares aumentam na mesma intensidade, as

(21)

retas Ral e

R

a2 deelocam-ee de tal maneira que, no novo equilí-brio (ponto EI), amboe OI!! salários reais são menores do que no equilíbrio inicial, dado pelo pontoE

o.

Como, porém, o coeficiente angular da reta Ral é menor do que o da reta Ra2' o salário real do setor aI cai menos do que o do setor ~.

I

Figura 2

No caso contrário, em que o setor que mais cresce de tamanho é o setor aI' 815 conclusões são, evidentemente, simétricas àque-1815 obtidas no caso anterior. A figura 4 ilustra melhor eete caso.

Quanto aos salários reais dos trabalhadores do setor compe-titivo, mostrar-ee-á, apesar da existência de uma política sala-rial que reajusta os salárioe nominais de acordo com a inflação do período passado, que aquelee sofrem constantee quedas em seu poder de compra. Com efeito, substituindo 815 expressões

(1.14), (1.28) e (1.29) em (1.17), obtém-ee:

qt - (al/Y) mal + .(~/y) ma2 + (2alb)3tQ + Wyt _ I +

(1.30)

(22)

,

Figura 3

Por último, subtraindo de ambos oe ladoe da exp~ão (1.13) a expreMáo (1.30), encontra-ee que o salário real de equilíbrio deste setor é dado por:

(1.31)

( (b - 2a)/b)

"01-

"t

o que moetra, de fato, de acordo com a análise de equação (1.31), que aquele não se encontra de forma alguma protegido da inflação. Portanto, em u'ma economia com as caracterÚltiC8l!l deeae modelo, são oe trabalhadores do setor competitivo oe que mais perdem com o proceeeo inflacionário e, o que é pior, sem contribuir para tal.

Generalizando para o C8I!IO em que a economia apresenta um número n de setores oligopolizadoe e mais um setor competitivo, tem-ee, por indução, que a trajetória da inflação e oe I!I8lárioe reais

(23)

Figura 4

"t -

no

+ (br&/(y(b-na) . t (1.32) Wa. - qt - (ay/ba. ) . "t • i - 1.2.3 •...• n

I I

"

wyt - ~ - [K(N) - ~ (al/Y) mal - ( (b - na)/b

no] -

"t •

i-I

i -1.2.3 •...• n

A figura 5 apresenta. para ~lguM valores de n. os desenhos da curva (1.32). Observe-8e que. quando n= 1. aquela equação reproduz a figura 1.

(24)

i-y

1

FiguraG

A análise das curvas na figura 5 mostra-nos que, quanto maior o número de sindicatoe de trabalhadores no setor oligopo-lizado, atuando independentemente para um dado támanho do setor competitivq, maiores serão os níveis de inflação em cada período de tempo. Em outras palavras, quanto mais descentra-·lizada ou menos corporativista fOl; a economia, mais propenSa a

processos inflacionários ela fica. Vejam-ee os deslocamentoe do ponto TI em direção ao ponto

T ",.

Deslocamentoe na direção contrária, no sentido de que a economia se torne mais centrali-zada ou mais corporativista, fazem, evidentemente, com que menores sejam os níveis de inflação.

Este mesmo resultado, em outros dois trabalhos, já fora obtido por Franco 91986) e, em um contexto semelhante, por Fraga e Werlang (1983).

Movimentoe da esqúerda para a direita, ao longo de qualquer curva da figura 5, mostram que, quanto mais crescem de tama-nho as cla.seles de trabalhadores no setor oligopolizado àS custas do setor competitivo, maiores são as taxas de inflação. No caso

(25)

extremo, quando a economia é toda ela oligopolizada, isto é, y=O, a inflação tende para o inrmito.

Por último, obeerve-ee que oe pontos de equilíbrio

T

2'

T

3 e

T

n

são Paretos-inferiores com relação ao equilíbrio cooperativo TI' pois, nele, a taxa de inflação é menor do que em todos os outl'Ol!5 equihôrios. Neste sentido, isto seria um forte argumento para que todos oesindicatoe no setor oligopolizado se fundil!5l!5em em um único sindicato, pois, 88I!5im, alcançariam o equilíbrio coope-rativo em que todoe estariam melhor.

Em relação aos trabalhadores do setor competitivo, visto que eles são os mais prejudicados em todo este proceMO, l!5Ó lhes restaria a alternativa de tentarem organizar-se em um sindicato forte e representativo, para que pudessem, através dele, pres-sionar o Governo a adotar políticas econômiC81!5 que não inflacio-n881!5em a economia. Ademais, teriam, também, de forçar o Governo a manter uma sistemática vigilância I50bre o setor oligopolizado, para evitar que as empresas repass8l!58em aos preçoe dos produtos os aumentos salariais concedidos por elas. Por sua vez, oe sindicatos de trabalhadores no setor oligopoliza-do teriam de se conscientizar de que a disputa entre eles por mais salárioel!5Ó resulta em prejuízos para si e, mais ainda, para os trabalhadores do setor competitivo.

A seguir, são feitos alguns comentários adicionais I50bre as conclusões doe dois suhcapítulos anteriores e apresentam-se várias soluÇÕe1!5 alternativas, que visam eliminar estas distor-ções.

1.4: CODclU8Õe8

A reI5Olução do modelo nos suhcapítulos 1.2 e 1.3 mostra que o argumento usado pelo Governo e alguns economistas, I50bre a necessidade de se ter polítiC81!5 salariais que protejam integral-mente ossalárioe reais dos trabalhadores do setor menos formal, é, totalmente, desprovido de sentido teórico. Como se viu, quanto maior a inflação, menor o salário real destes últimos. Já no setor oligopolizado, ocorre justamente o contrário. Em vista disso, poder-se-ia perguntar: como isto se dá, se os trabalhadores daquele setor se encontram amparados em lei que reajusta periodicamente seus salários, de acordo com a inflação do perío-do passaperío-do? A resposta parece simples. Como os sindicatos perío-do setor oligopolizado possuem maior poder de barganha do que os do setor competitivo, eles conseguem aumentos de salários no-minais sempre superiores aos dos demais. Além disso, a

(26)

passi-vidade do Governo em permitir que as empresas repassem esses aumentos aos preços dos produtos, causando mais inflação, contribui mais ainda para tal.

Sendo assim, não são políticas de reajustes salariais que irão proteger estes trabalhadores, pois, a continuar essa situação, sempre haverá uma nefasta transferência de renda do setor competitivo para empresários e trabalhadores do setor oligopo-lizado. No entanto, deve-se salientar que, na ausência de políti-cas salariais, a situação daqueles primeiros poderia ser ainda pior.

Para eliminar estas distorções, o Governo deveria adotar e conduzir suas políticas econômicas de maneira a não inflacionar a economia. Em o fazendo, assim, a inflação resultante seria conseqüência somente do conflito distributivo, mas com o poder de compra dos salários a se manter constante. No entanto, como quanto mais intenso este conflito maior a inflação, os sindicatos do setor oligopolizado teriam de se conscientizar de que a disputa entre eles por mais salários só traz prejuízos para aqueles do eetor competitivo.

Em resumo, quando a parcela da inflação gerada pelo Gover-no deixa de existir, a ecoGover-nomia apresenta, apenas, o equilíbrio inflacionário inercial, que tem como causa o conflito distributivo. Neste caso, os salários reais em todoe os setores da economia seriam constantes. A existência desse equilíbrio mostra também que um processo de conflito distributivo não é incompatível com a presença de inflação inercial, ou seja, com taxa de inflação constante. Este mesmo resultado, em um contexto bem diferen-te, já tinha sido obtido por Amadeo e Camargo (1989).

No caso em que o Governo resolva não contribuir para o estancamento do processo inflacionário, outra alternativa seria o próprio Governo, na medida do possível, proibir o repasse dos constantes aumentos de salários aos preços dos produtos no eetor oligopolizado. Aliás, prática esta que tem sido constante-mente utilizada pelo Governo brasileiro através do Conselho Interministerial de Preços (CIP). Em vista dessa alternativa, restariam aos empresários apenas duas opções: ou conceder aumentos de salários, diminuindo, assim, suas margens de lucro, ou não permiti-los. Com relação à primeira, fica evidente que não seria um equilíbrio de longo prazo, pois se alcançaria um momento em que as empresas, a partir daí, só teriam prejuízos. Quanto à segunda, os sindicatos poderiam decretar greves gerais que, além de possíveis instabilidades sociais e políticas, causariam sérios danos para a economia do País.

(27)

Naturalmente as condições no mercado de trabalho serviriam de freio para essas reivindicações salariais, pois quanto maior o desemprego, menor o poder de barganha dos sindicatos.

Em vista do exposto, parece evidente que a solução seria o Governo adotar políticas ótimas de demanda agregada que eli-minassem a inflação, que será assunto tratado no capítulo 4.

No entanto, em adição às medidas de demanda agregada, o combate à formação dos oligopólios seria sem dúvida uma outra medida que auxiliaria o Governo no combate à inflação. Mas, para isso, teria de se criar condições para o estabelecimento de uma verdadeira economia de mercado. Logo, em uma economia fechada como a n055a, uma primeira providência para o êxito deste objetivo seria a decretação da abertura ao comércio exte-rior. Uma segunda seria o Governo manter um rígido controle sobre os preç05 no setor oligopolizado, na tentativa de evitar que as empresas repassem a estes 05 aumentos abusivos de salários. Com isso, o poder dos oligopólios ficaria reduzido e as empresas brasileiras, para sobreviverem à concorrência externa, teriam, necessariamente, de aumentar suas produtividades.

Medidas como estas, porém, não alcançam os objetivos finais sem demandar um longo intervalo de tempo. Aliado a isso, é de conhecimento de todos que todo programa de combate à inflação necessariamente provoca uma recessão temporária . .Assim sen-do, simultaneamente ao emprego destas medidas, políticas de pacto social deveriam ser tentadas para minimizar 05 custos para a sociedade. Nestas condições, trabalhadores, empresários e Governo teriam de se sentar à mesa para negociar 05 seguintes pontos:

a) formulação e condução de políticas econômicas pelo Gover-no que não inflacionem a ecoGover-nomia;

b) compreensão dos sindicatos nos setores oligopolizados, no sentido de que façam menores pressões em suas reivindicações salariais;

c) aceitação, por parte dos empresários do setor oligopolizado, da diminuição de suas margens de lucro ou, no mínimo, de mantê-las constantes;

d) participação de todos os trabalhadores nos lucros das empresas.

No entanto, algumas pré-condições se fazem necessárias para o seu SUce550. Primeiramente, seria ideal, que, na negocia-ção, os trabalhadores f055em representados por um único sindi-ca~ que centraliza55e as reivindicações de todos 05 trabalhado-res, devendo também ocorrer o mesmo com a classe empresarial.

(28)

Atinai, m08trou-se neste capítulo que quanto mais centralizadoe oe sindicatos menores oe níveis de inflação.

Por último, estabelecida a política econômica para o combate

à inflação, o Governo não poderia desviar-se das metas acorda-das no programa, pois, caso contrário, ter-se-ia novamente a inflação e, conseqüentemente, o fracasso do pacto social.

O suceeeo do conjunto dessas medidas expoetas eliminaria de vez o problema da transferência de renda doe trabalhadoree do setor competitivo para aqueles do setor oligopolizado na econo-mia brasileira. Finalmente, 88 medidas apresentadas parecem

(29)

2. ANÁLISE ECONOMÉTRICA E EVlDiNCIA

EMPÍRICA

2.1 Introdução

Apresentadas as conclueóee do modeio teórico no capítulo I, veriflca-ee agora se a evidência empírica corrobora a principal conclUl!!ão do modelo: a traMCerência de renda doe trabalhadoree do setor competitivo para 08 do setor oligopolizado.

Com este intuito, levaram48 em conta quatro grandes seto-ree da economia brasileira co'neideradoe Cortemente oligopoliza-doe, em que a organização e o poder de barganha de seUl!! reepectivoe sindicatos de trabalhadores são hoje, reconhecidamen-te, bem maiores do que em relação ao restante da economia. Eetee

setores são: o siderúrgico, aqui incluídoe oe metalúrgiClOl!l, o aero-náutico, o petroquímico e por último o setor de Certilizantes.

Os dados amoetrais compõem-ee de séries de índices de salári08 nominais doe setoree acima calculadoe pela Fiesp, con-siderando o período de 4.4.86 a 1.1.89, com base em mar./86=l00.

Estes

índices são defmidos pela razão entre oe totais-da Colha de salárioe nominais e de peeeoal ocupado.

O intervalo amoetral, considerado para estas séries, jUl!!tifi-ca-ee pelo Cato de que no modelo oe salárioe reais no setor . oligopolizado creecem com a

taxa

de inflação. Mas como oe

salárioe nominais reeistem à queda, mesmo com inflação des-cendente, optou-ee por levar em conta um intervalo de tempo em que oe períod08 de inflação crescente Coeeem oe maioree poeeí-veis. Dada, ainda aMimo a existência de alguns períod08 com a inflação decrescente, criou-ee uma variável dumm;y que aMume valor I, em períodoe de inflação crescente, e zero em caso contrário. .

Quanto ao índice de preço utilizado para cálculo da

taxa

de inflação, escolheu-ee o IGP-DI, editado e pJlblicado pela Funda-ção Getulio Vargas do Rio de Janeiro.

2.2 O modelo econométrico

No subcapítulo 1.3 encontrou-se que oe salárioe reais de

equilí-brio doe trabalhadoree de uma determinada classe do setor oligopolizado e do setor competitivo eram dadoe, reepectivamen-te, de acordo com a expressão (1.32), por.

(30)

Wa. 1 t - qt - (aylbai ) . 7tt; , i - 1,2,3, ... , n. Wyt - qt - Const - 7tt; , i - 1,2,3, ... , n.

n

onde CoTl8t - [K(Nyt) - ~ (ai/y)mai + «b - na) )/b) "o] e o índi-i-I

ce i, o i-é8imo setor oligopolizado da economia. Subtraindo da primeira expreeeão acima a segunda, encontra-se:

Defasando esta última equação de um período e subtraindo o resultado dela mesma para o período t, obtém-se:

Desde que a política do Governo é reajustar os salários nominais doe trabalhadores do setor competitivo com base na inflação do período passado, isto é:

tem-ee, substituindo esta lei salarial na equação logo acima, que:

onde 91

=

(1 + ay~) e 92

=

-(ay/~) com 91 > O, 92 < O e 91 + 92

=1.

Nes8e8 termos, ao se estimar econometricamente a equação na forma:

onde utN(Oia2), e as hipóteses estatísticas a seguir se

(31)

poder-ee-á concluir, com base nos dados amostrais, que a evidên-cia empírica confirma a principal conclusão do modelo: os salá-rios reais do setor oligopolizado crescem com a inflação, enquan-to os do seenquan-tor competitivo caem, havendo, assim, transferência de renda dos trabalhadores do setor competitivo para aqueles do setor oligopolizado da economia.

2.3 Evidência empírica

Para os setores siderúrgico, aeroviário, petroquímico e de ferti-lizantes considerados oligopolizados, estimou-se com algumas modificaçóes a equação (2.1) pelo método de mínimos quadrados ordinários. A variável dependente em cada setor, nestas equa-ções, é a diferença em logaritmo entre o salário nominal do período te t-1. As variáveis explicativas 3d e m-1são substituídas respectivamente por m+ 1 e m. Isto se explica pela metodologia do cálculo do IGP-DI, pois a inflação, no período

t,

é calculada tomando-se a variação média dos índices entre o período te t-1, refletindo assim, na realidade, a inflação do período t-1 e não a do período t.

Introduziu-se, também, por razões já apresentadas na intro-dução deste capítulo, uma variável explicativa dummy, denomi-nada D2, que assume valor 1 nos períodos em que a inflação cresce, e zero em caso contrário.

Assim sendo, a forma funcional da equação (2.1) a ser esti-mada passa a ser:

onde <l.j

=

8, a, p,

f

representam, respectivamente, os setores

siderúrgico, aeroviário, petroquímico e de fertilizantes.

A estatística utilizada para testar as hipóteses dos sinais dos parâmetros 80, 81 e 82 é a usual estatística T de Student. No caso da hipótese 81 + 82

=

1, procede-se da seguinte maneira: impon-do-se a restrição 82

=

1 - 81 na equação (2.2), tem-se que ela pode ser escrita como:

(32)

Estima-se, então, a equação (2.3) e calcula-se a soma de quadrados de resíduos deste modelo, denominando este resulta-do de SQRR (soma de quadrados dos resíduos quandó se impõe a restrição 92

=

1 - 91), A estatística do teste será definida por:

F .. SQRR - SQR)lr SQR/(n - k - 1)

(2.4)

onde n, k, SQR e r são, respectivamente, o número de observa-ções, o número de regressores, a soma de quadrados de resíduos e o número de restrições sobre 05 parâmetros do modelo (2.2).

Esta estatística tem distribuição F de Snedecor com r graus de liberdade do numerador e (n -k -1) no denominador.

As variáveis na equação (2.2) são definidas por:

Wait - wait _ 1 .. ln(waiJ - ln(wait _ 1)' <lj. '"" s , a, p , f

onde Wait representa o índice de salário nominal de cada setor

<Ij no período

t.

As demais são iguais a:

3tt; '"' In(IGPt ) - In(IGPt -1) 3tt; + 1

=

In(IGPt + 1 ) - In(IGPt)

[

1, nos períodos de inflação crescente

D2-O, nos períodos de inflação decrescente

Nos quatro setores analisados, primeiramente estimou-se o modelo na forma da equação (2.2) pelo método de mínimos quadrados ordinários. Desse modo, pode-se concluir das tabelas 1 a 16, através das estatísticas T, que as hipóteses sobre os parâmetros 90, 91 e 92 se confirmam. Ou seja, a constante 90, de fato, deveria ser estatisticamente não-significante, pois na au-sência de inflação, a menos dos aumentos por produtividade, a

taxa de crescimento dos salários nominais deveria ser igual a zero.

A confirmação estatística das hipóteses 91 > 1 e 92 >0 reforça empiricamente a principal conclusão do modelo: a de que os

o •• ,.or •••

(33)

salários reais nos setores oligopolizados estudados crescem com a

taxa

de inflação, ocorrendo exatamente o contrário no setor competitivo. Aliás, analisando os sinais e valores dos parâmetros 61 e 62, na equação (2.1), chega-f!e à seguinte interpretação: os sindicatos daqueles primeiros, ao perceberem a corrosão de seus salários reais devido à inflação, conseguem recuperar esta perda no período seguinte, adicionando aos salários do período anterior à inflação deste período mais o diferencial de inflação entre os períodos corrente e passado. Note-se que 61

=

(1 + hy/aaj), enquanto 62

=

-(hy/aaj).

A significância da variável dummy D2, nessas regressões, indica que a definição do intervalo amostraI, apresentando o maior número de períodos com inflação crescente, é relevante para explicar o crescimento dos salários reais dos trabalhadores do setor oligopolizado em épocas de inflação ascendente.

A não-significância da constante 60 , como era de se espe-rar, fez com que se estimassem as regressões sem este parâmetro. As conclusões e os testes de hipóteses feitos anteriormente ainda permanecem válidos a menos, agora, da não-significância da variável dummy D2. (Ver as tabelas do subcapítulo 2.4.)

As estatísticas de Durbin-Watson em todas as regressões parecem indicar a existência de autocorrelações de primeira ordem. Em vista disso, tentoU-f!e contornar o problema estiman-do aquelas regressões através estiman-do métoestiman-do exato de máxima-ve-rossimilhança com a hipótese de que os resíduos apresentassem correlações de ordem 1. Esses resultados encontram-se dispostos nas tabelas do subcapítulo 2.4.

Observe-se, nessas regressões, que as estimativas dos parâ-metros e de seus respectivos desvios-padrão apresentaram irre-levantes variabilidades com relação às estimativas anteriores. Conseqüentemente, o mesmo aconteceu com as estatísticas T. Além do mais, verifica-se, em todas elas, que os valores das estatísticas de Durbin-Watson apresentam-se maiores do que em relação às primeiras, indicando, assim, uma melhora no problema de autocorrelação de ordem 1. Nesses termos, a aná-lise e as conclusões obtidas das estimativas da equação (2.2), pelo método de mínimos quadrados, não ficam invalidadas, em vista da possível presença de autocorrelação de primeira ordem nos resíduos.

As tabelas 17 a 24 apresentam, para todos os setores, as estimativas das equações do modelo (2.3) pelo método de míni-mos quadrados ordinários. Estes modelos servem de base para

(34)

testar a hipótese de que 91

+

92 = 1. Calculando, então, a estatística F pela expressão (2.4), decide-ee pela aceitação desta hipótese em tod05 05 C8505.

Aseim eendo, todae u evidênciu acima parecem compro-var a tese de que exiete, na realidade, uma pervensa tranefe-rência de renda dOI!! trabalhadoree do eetor competitivo para aquelee do eetor eiderúrgico, aeroviário, petroquímico e de fertilizantee, col18ideradOl!! fortemente oligopolizadoe na eco-nomia brBl!lileira. A conclUl!lão (mal que ee tira desea evidência é que, ao continuar eeta eituação, o problema de dietribuição de renda em noeeo País tenderá a ee agravar ainda maie, aumentando, aeeim, a grande dívida eocial exietente hoje no Bruil.

2."

o.

modelos estimados

Para cada um d05 eetores siderúrgico, petroquímico, aeroviá-rio e de fertilizantes apresentam-ee agora u regressõeI!l, na forma da equação (2.2), com o termo constante e eem ele, utilizando-ee o método de mínimos quadradoe ordinárioe e o método exato de máxima verossimilhança. Os valoree entre parênteeel!l, com e eem uterisc05, nae tabelae 1 a 16 eão, reepectivamente, OI!! desvios-padrão dos parâmetrOl!! e euae eI!ltatíetiC8l!l T de Student.

Setor siderúrgico

Tabela 1

Método de DlÍnimOl!! quadradOl!! ordináriOl!!

Wst; - Wst;-l = 0,53 - 0,75D2 16,4~ + 16,637tt+ 1

(0,31) (0,34) (2,09) (2,23) (1,60)· (-2,20)· (-7,89)· (7,46)·

SQR = 13,5724

(35)

Tabela 2

Método exato de máxima vel'088imilhança -AR(1)

Wst; - Wst; _ 1 = 0,26 - 0,52D2 - 15,5~ + 15,77311; + 1 (0,40) (0,35) (2,12) (2,05) (0,66)· (-1,50)· (-7,35)· (7,67)· _ SQR = 12,0213 R2 = 0,72 R2=0,69 DW=1,40 F(4,29) = 19,09 Tabela 3

Método de mínimos quadrados ordinários

Wst; - Wst; _ 1 = -O,34D2 - 15,64311; + 16,61311; + 1 (0,23) (2,07) (2,28) (-1,47)· (-7,75)· (7,27)· _ SQR = 14,7314 R2 = 0,66 R2=0,64 DW=1,01 F(2,31) = 30,46 Tabela 4

Método exato de máxima vel'088imilhança -AR(1)

Wst; - Wst; _ 1 = -O,41D2 - 14,76311; + 15,75311; + 1 (0,30) (1,97) (1,98) (-1,39)· (-7,47)· (7,96)· SQR = 12,1113 R2 = 0,72 R2=0,69 DW=1,38 F(3,30) = 26,06 Setor petroquímico Tabela 5

Método de mínimos quadrados ordinários

0,55 - 0,80D2 - 15,44311; + 16,63311; + 1 (0,32) (0,33) (2,02) (2,15) (1,72)· (-2,40)· (-8,14)- (7,73)-_ SQR

=

12,6698

(36)

Tabela 6

Método exato de máxima ve1"088imilhança - AR(l) Wpt - wpt_1 = 0,30 - O,57D2 - 16,1~ (0,37) (0,34) (2,04) + 16,37"t; + 1 (2,03) (0,81)- (-1,66)- (-7,91)-_ SQR = 11,6408 R2 = 0,73 R2=O,69 DW=1,41 F(4,29) = 19,36 Tabela 7

Método de mínimOl!l quadradoe ordinárioe Wpt - wpt_1 = R2 = 0,67 -O,37D2 - 15,5Emt + (0,23) (2,01) (-1,63)- (-7,76)-SQR = 13,9231 16,61ltt; + 1 (2,22) (7,48)-R2=O,65 DW=l,04 F(2,31) = 32,07 Tabela 8

Método exato de máxima vel'088imilhança -AR(l) -O,42D2 - 15,39"t; + 16,43"t; + 1 (0,29) (1,93) (1,97) (-1,45)- (-7,99)- (8,35)-_ SQR = 11,7926 R2 = 0,72 R2=O,70 DW=1,36 F(3,30) = 26,24

Setor aeroviário

Tabela 9

Método de mínimos quadrados ordinários

wat- Wat-1 = 0,56 - 0,84D2 - 17,0~ + 17,3~+1 (0,33) (0,35) (2,10) (2,24)

(1,68)- (-2,44)- (-8,10)-

(7,76)-SQR = 13,7334

(37)

Tabela 10

Método exato de máxima veroeeimilhança -AR(l) Wat - Wat _ 1 = 0,34 - O,66D2 - 16,1~ + 16,6~ + 1

(0,40) (0,35) (2,11) (2,08) (0,85)· (-1,87)· (-7,62)· (7,97)· _ SQR = 12,3177

R2 = 0,73 R2=O,70 DW=l,53 F(4,29) = 19,96 Tabela 11

Método de mínimos quadrados ordinários Wat - Wat -1 = -O,41D2 + 16,13"t + 17,37"t + 1

(0,24) (2,09) (2,31) (-1,72)· (-7,71)· (7,53)·

SQR = 15,0329

R2 = 0,67 R2=O,65 DW=l,04 F(2,31) = 32,17 Tabela 12

Método exato de máxima ve1'08Similhança -AR(l) Wat - Wat _ 1 = -O,52D2 - 15,17"t + 16,60"t + 1

(0,30) (2,00) (2,01) (-1,73)· (-7,38)· (8,24)· _ SQR = 12,5004 R2

=

0,73 R2:0,70 DW=l,53 F(3,30) = 26,98 Setor fertilizante Tabela 13

Método de mínimos quadrados ordinários

Wft-Wft_1 = 0,73 - 0,83D2 -17,99nt + 16,54nt+1 (0,45) (0,47) (2,88) (3,07) (1,61)· (-1,76)· (-6,25)· (5,39)· _ SQR = 25,7354

(38)

Tabela 14

Método exato de máxima vel'OS8imilhança - AR(1) Wft - wft _ 1 = - 0,03 - 0,33D2 - 13,1~ + 11.~ + 1 (0,78) (0,42) (3,35) (2,61) (-0,04)· (-0,78)· (-3,93)· (4,47)· _ SQR = 19,4144 R2 = 0,68 R2=0,63 DW=1,29 F(4,29) = 15,20 Tabela 15

Método de mínimoe quadradoe ordinárioe Wft - wft -.1 = -O,26D2 16,82"t; + 16,51"t; + 1 (0,32) (2,85) (3,14) (-0,82)· (-5,89)· (5,25)· SQR = 27,9490 R2 = 0,53 R2:0,50 DW=0,92 F(2,31) = 17,83 Tabela 16

Método exato de máxima vel'OS8imilhança - AR(1) Wft - wft _ 1 = -O,33D2 13,25"t; + 1l,6&1t + 1

(0,40) (2,82) (2,47) (-0,82)· (-4,70)· (4,72)·

_ SQR = 19,4258

R2 = 0,68 R2=0,64 DW=1,29 F(3,30) = 20,94

~ tabela.e 17 a 24 apresentam 88 equações estimadae na

forma da equação (2.3) para aqueles setores. Estas regreeeóe15 são 81!1 mesm88 doe C8.I!I08 anteriores, impondo-ee a restrição de

que ~

=

1~1. Ela.e servem de baBe para que se poel!l8 calcular a estatística

F

definida pela expressão (2.4) e, 8I!II!Iim, testar a hipótese de que 91 + 92

=

1. Esta estatística, bem como a !!IOma de quadradoé de reeíduoe dest8l!l regreB8Õe8, encontram-se

(39)

Setor siderúrgico

Tabela 17

Método de mínimos quadrados ordinários

(Waf; - Waf; _ 1)...,-1tt = 0,45 - 0,80D2 + 17,19(1tt + 1

-ltt>

(1,49)· (-2,43)· (8,55)·

SQRR = 13,7432

Ho : 91 + 92 - 1

--->

F(1,30) - 0,38

Tabela 18

Método de mínimos quadrados ordinários

(Waf; - waf; _ 1) -1tt =-0,3502 + 16,63(1tt + 1

-ltt>

(-2,75)· (8,26)· SQRR = 14,7318 Ho : 91 + 92 - 1

--->

F(1,30) - 0,0008 Setor petroquímico Tabela 19

Método de mínimos quadrados ordinários (Wpt - wpt_1) -1tt = 0,48 - 0,85D2 + 17,16(1tt+ 1

-ltt>

(1,63)· (-2,65)· (8,84)·

SQRR= 12,8204

(40)

Tabela 20

Método de mínimos quadrados ordinários (Wpt - Wpt _ 1) - "t

= -

0,3602 + 16,57("t + 1 -

"t>

(-2,9W (8,47)· SQRR

=

13,9237 Ho : 91 + 92 - 1

--->

F(1,30) - 0,001 Setor aeroviá.rio Tabela 21

Método de mínimos quadrados ordinários (Wat - Wat _ 1) - "t

=

0,50 - 0,8802 + 17,81("t + 1 -

"t>

(1,65)· (-2,66)· (8,83)· SQRR

=

13,8270

Ho :

91 + 92 - 1

--->

F(1,30) - 0,20

Tabela 22

Método de mínimos quadrados ordinários (Wat - Wat - 1) - "t = - 0,3702 + 17,19("t + 1 -

"t>

(-2,90)· (8,45)· SQRR

=

15,0475

(41)

Setor fertilizante

Tabela 23

Método de mínImos quadrados ordinários (Wft - wft _ 1) - 3tt;

=

0,52 - 0,98D2 + 18,14(3tt; + 1 - 3tt;)

(1,22)· (-2,11)· (6,42)·

SQRR

=

27,1082

Ho : 91 + 92 - 1

--->

F(1,30) - 1,60

Tabela 24

Método de mínimos quadrados ordinários (Wft - wft - 1) - 3tt;

= -

0,45D2 + 17,50(3tt; + 1 - 3tt;)

(-2,58)· (6,23)·

SQRR

=

28,4011

Ho: 91 + 92 .. 1

--->

F(I,30) .. 0,48

2.5 Dados amostrais

Neste sub capítulo são apresentados os índices de salários nomi-nais dos setores siderúrgico, petroquímico, aeroviário, de ferti-lizantes e o índice geral de preços (IGP-DI). Os quatro primeiros índices são calculados pela Fiesp (tabela 25), enquanto o último é calculado pela Fundação Getulio Vargas, do Rio de Janeiro (tabela 26), e ambos publicados na revista

ConjunturaEconômi-ca, editada pela mesma Fundação.

A variável dummy, criada para diferenciar os períodos de inflação crescente daqueles com inflação em queda, encontra-se disposta na tabela 27. Os dados utilizados vão de abril de 1986 a janeiro de 1989, com base em março de 1986.

(42)

Tabela 25

Índicee de salári08 nominaie

Data Siderúrgico Petroquímico Aeroviário Fertilizantes

1986 Abr. 122,3040 107,0931 100,0841 102,1619 Mai. 129,7964 112,4523 98,0006 101,8704 Jun. 126,5921 112,3647 98,0071 108,6149 Jul. 133,8802 127,9878 98,5865 107,9598 Age. 136,3281 112,5060 101,6480 112,1073 Set. 134,3447 109,1150 104,6396 115,0168 Out. 137,1505 110,3449 107,2102 110,5335 Nov. 147,6148 122,5775 117,0375 137,3293 Dez. 143,9446 149,5569 115,4559 158,5527 1987 Jan. 168,9832 165,7099 162,1649 170,2123 Fev. 192,1565 178,2940 109,4536 169,7166 Mar. 243,6936 213,2531 180,2151 241,6224 Abr. 378,3905 220,8179 388,7553 325,6004 Mai. 459,1708 274,2645 386,8207 381,5414 Jun. 551,7369 328,7897 481,6771 499,7486 Jul. 470,5003 371,2102 426,0811 564,2782 Age. 482,8740 348,1481 440,9825 589,6225 Set. 503,4456 376,3014 495,5269 553,7861 Out. 545,3360 393,1505 502,8551 632,0940 Nov. 720,9532 510,7737 538,2220 1098,1000 Dez. 841,6973 681,9356 531,5262 1312,7000 1988 Jan. 953,4177 774,0752 567,7640 1351,7000 Fev. 1085,5000 951,4130 859,4862 1520,8000 Mar. 1261,2000 1120,1000 913,3804 1890,9000 Abr. 1927,9000 1238,7000 1104,2000 1829,3000 Mai. 2401,7000 1354,0000 1619,6000 1985,8000 Jun. 2578,7000 1610,3000 1787,0000 2986,0000 Jul. 3039,9000 1711,7000 2234,2000 3966,5000 Age. 3399,5000 1970,1000 2630,3000 4066,3000 Set. 4093,2000 2357,5000 3002,8000 5273,4000 Out. 6024,2000 2937,9000 5221,0000 6298,2000 Nov. 8355,8000 3953,1000 6338,5000 10015,1000 Dez. 9784,9000 6785,0000 7456,6000 1727,9000 1989 Jan. 14,3301 10,5087 9,5534 0,9553 Fonte: Fiesp. 35

(43)

Tabela 26 Tabela 27

índice de preço Variável dummy

Data IGP-DI D2 1986 O

&"

99,4180 1 Mai. 99,7360 1 Jun. 100,2630 1 Jul. 100,8970 Ago. 102,2410 1 Set. 103,3580 1 Out. 104,7910 1 Nov. 107,3640 1 Dez. 115,4790 1 1 1987 1 ~ 129,3800 1 Fev. 147,6310 1 Mar. 169,7740 Abr. 203,8570 1 Mai. 260,0650 O Jun. 327,3824 O Jul. 357,9310 O Ago. 374,0310 1 Set. 404,0170 1 Out. 449,0580 1 Nov. 514,0120 1 Dez. 595,6810 1 1988 O Jan. 709,7050 1 Fev. 834,9390 1 Mar. 986,5850 1 Abr. 1187,2000 1 Mai. 1418,8000 1 Jun. 1714,3000 1 Jul. 2083,6000 1 Ago. 2560,6000 1 Set. 3220,2000 Out. 4108,4000 1 Nov. 5257,5000 1 Dez. 6776,2000 1 1989 ~ 9553,4000 Fonte: FGV-RJ.

(44)

3. EQUILÍBRIO DE NASH DO JOGO COM A

INTERAÇÃO DA OFERTA E DEMANDA

AGREGADA E SUA CONSISTÊNCIA COM

EXPECTATIVAS RACIONAIS

3.1 Introdução

o

problema descrito no capítulo 2 foi resolvido através de um modelo de equihôrio parcial na medida em que se coneideravà somente o lado da oferta. Desejando conetruir agora um modelo de equilíbrio geral, introduzir-se-á, neste capítulo, o lado da demanda agregada através do inetrumental IS-LM. O objetivo é, ainda, explicar o mecanismo de traneferência de renda dos trabalhadores do setor competitivo para aqueles do setor oligo-polizado, tentando, agora, identificar os fatores ou variáveis da demanda agregada que contribuem para este processo.

Na realidade, deseja-se mostrar que políticas expaneionistas de demanda agregada por parte do Governo beneficiatn os salá-rios reais dos trabalhadores do setor oligopolizado, em detrimen-to dos salários reais daqueles do sedetrimen-tor competitivo. Nestas condições, levando em coneideração 88 hipóteses do modelo descritas a seguir, demonetra-se que o Governo, ao aumentar seus gastos ou ao expandir a base monetária ou, mesmo, ao desvalorizar a

taxa

de câmbio real, provoca aumento do salário real dos empregados do setor oligopolizado e reduz o daqueles do outro setor. Este resultado é compreeneível, na medida em que se aceita o fato de que os sindicatos de trabalhadores do setor oligopolizado têm maior poder de barganha do que os do setor competitivo. Dessa maneira, o sindicato daqueles primeiros, ao perceber aumento da

taxa

de inflação, pressiona 88 empres88 por mais salários. Estas últimas, utilizando seu poder de mer-cado, rep888am a08 preços de seus produtos, no todo ou em parte, os aumentos salariais concedidos, causando mais inflação. Como o sindicato d08 trabalhadores do setor competitivo não possui o mesmo poder de barganha, seus salários reais caem com a inflação.

Nesses termos, supõe-se que 08 trabalhadores do setor oligo-polizado possuam uma função utilidade no molde daquela que foi definida no capítulo 1. Desde que os argumentos desta função são o salário real e a taxa de inflação, quanto maiores estes últimos, maior a utilidade desses trabalhadores com relação ao

(45)

primeiro e maior a detrutilidade com relação ao segundo. Assim sendo, o sindicato deste setor procura maximizar a utilidade de sews representados, mal!! levado em conta que suas

reivindica-çóeI!Il!I8lariais podem caUl!l8r inflação.

Um fato também relevante é a consistência do modelo, quan-do os agentes econômicos têm expectativ8l!l racionais. Demons-tra-se, no caso particular de perfeita previsão, que os resultados obtidos permanecem inalterados desde que a el8l!lticidade juro da demanda por moeda seja menor do que 1. Aliás, este é um resultado comumente aceito na literatura, quando em vários paÍ8e8 muitos trabalhos empíricos comprovam tal fato.

No que se segue, considera-se na construção deste modelo, ao contrário do capítulo anterior, uma economia aberta sem que esta nece888riamente opere mais a pleno emprego, e com 88

demais hipóteses feit8l!l naquele capítulo permanecendo válidas também aqui. Assim, a economia apresenta-se dividida em dois setores: o setor competitivo e o oligopolizado, sendo produzido em cada um deles um único tipo de produto. Admite-se, também, a existência de somente um sindicato em cada setor que repre-sente seus respectivos trabalhadores.

O preço no setor oligopolizado é formado adicionando-ee um

mark-up constante sobre o único fator variável que é o I!I8lário. No setor competitivo, o preço é tomado como dado e o I!I8lário real é igual ao valor da produtividade marginal. Coll8idera-se, tam-bém, que os I!I8lários nominais dos trabalhadores deste setor sejam reajustados, a cada período, de acordo com a inflação do período passado.

Sem perda de generalidade e por questão de simplificação, a função de produção da economia será uma média geométrica ponderada das funções de produções dos dois setores em que cada um tem como argumento a mão-de-obra de seu respectivo setor. Em suma, a função de produção será do tipo Cobb-Dou-glas, com retornos decrescentes de escala.

Este capítulo, além da introdução, é composto de mais três

subcapítulos distribuídos na seguinte seqüência: no primeiro (3.2), desenvolve-se o modelo e obtêm-se seus resultados. No segundo (3.3), mostra-se a consistência do mesmo, quando os indivíduos têm perfeita previsão com relação à inflação. É um caso particular das expectativas racionais. No terceiro (3.4), comentam-ee os resultados obtidos e tiram-se 88 conclU8Õe8 do

(46)

3.2 O modelo com demanda agregada: instrumental IS-LM

CoMidere-ee uma economia aberta, dividida em dois setores: o setor oligopolizado e o setor competitivo. Em cada um de1!!11!!1e1!5 setores, é produzido um único tipo de produto diferenciado, sendo ambos comercializáveis com o setor externo. Nestas con-dições, o índice geral de preços é. definido como uma média geométrica ponderada dos preços desses produtoe mais o preço em cruzeiros do produto externo. Assim,

on~e P at é o preço do produto do setor oligopolizado,

l'yt

é o preço do produto do setor competitivo, Ep a taxa de câmbio nominal e Pt

*,

o preço do produto externo. Os parâmetros a, y e

p

são, respectivamente, as participaçõee dos gaatoe dos indivíduos nessa economia na compra dos produtoe dos setores oligopoliza-do, competitivo e externo. Neste sentioligopoliza-do, estes parâmetros di-meMionam o tamanho de1!!11!!1e1!5 setores.

A compatibilidade de uma economia aberta com a hipótese de mark-up constante justifica-se pelo fato de se coMiderar uma economia protegida. Assim, a imposição de tarifas sobre os preços dos produtoe importados faz com que se possa ter mar-geM de lucros constantes, mesmo em uma economia aberta.

Desde que no setor oligopolizado as empresas praticam regra de mark-up sobre o salári08, o preço do seu produto é dado por:

Pat = Ma.Wat' onde Ma é a margem de lucro praticada pelas empresas deste setor e Wat , o salário nominal de seus trabalha-dores. Isto dado, o índice geral de preços acima ainda pode ser escrito da seguinte maneira:

Aplicando logaritmo com mais algumas manipulações algé-bricas na expressão acima, verifica-se agora que a taxa de inflação é igual a:

Imagem

Tabela 26  Tabela 27

Referências

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