Análise da arborização no bairro centro de Santarém, Pará
Analysis of arborization in the center of Santarém, Pará
DOI:10.34117/bjdv6n6-153
Recebimento dos originais: 09/05/2020 Aceitação para publicação: 06/06/2020
Douglas Valente de Oliveira
Mestrando em Ciências Florestais pela Universidade Federal de Viçosa Instituição: Universidade Federal de Viçosa
Endereço: Rua Augusta Siqueira, 82 - Centro, Viçosa – MG, Brasil E-mail: douglasvalenteoliveira@hotmail.com
Thiago Gomes de Oliveira
Graduando em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Oeste do Pará Instituição: Universidade Federal do Oeste do Pará
Endereço: Rua Bacurau, 3486 - Alvorada, Santarém – PA, Brasil E-mail: oliveira.tgso@gmail.com
Mayra Piloni Maestri
Doutoranda em Ciências Florestais pela Universidade Federal Rural da Amazônia Instituição: Universidade Federal Rural da Amazônia
Endereço: Travessa Apinagés, 824 – Batista Campos, Belém – PA, Brasil E-mail: mayrapmaestri@hotmail.com
Marina Gabriela Cardoso de Aquino
Mestranda em Engenharia Florestal pela Universidade do Estado de Santa Catarina Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina
Endereço: Rua Alberto Pasqualini, 515 – Conta Dinheiro, Lages – SC, Brasil E-mail: marinaacardosoo@gmail.com
Francimary da Silva Carneiro
Doutora em Ciências Florestais pela Universidade Federal Rural da Amazônia Instituição: Universidade Federal Rural da Amazônia
Endereço: Travessa Doutor Enéas Pinheiro, s/n - Marco, Belém – PA, Brasil E-mail: francimarycarneiro@gmail.com
Raphael Lobato Prado Neves
Doutorando em Ciências Florestais pela Universidade Federal Rural da Amazônia Instituição: Universidade Federal Rural da Amazônia
Endereço: Travessa Rui Barbosa , 325 - Redulto, Belém – PA, Brasil E-mail: raphael.lobato@outlook.com
RESUMO
A importância das áreas urbanas arborizadas tem crescido no decorrer dos anos e a falta de planejamento dessas áreas tem alcançado maior enfoque. Com o objetivo de analisar a situação das árvores que compõem a arborização do bairro Centro no município de Santarém, Pará, avaliou-se as características físicas das espécies arbóreas. Para levantamento dessas características realizou-se
inventario das espécies inseridas na área, seguindo os parâmetros nome vulgar, fitossanidade, problemas com a raiz, manejo, altura, diâmetro de copa, sanidade de copas e projeção do fuste e da copa. Observou-se predominância de poucas espécies, valores elevados de danos ao calçamento e conflitos entre arborização de rede elétrica. As espécies exóticas apresentaram maior predominância na arborização e a maioria dos indivíduos apresentou baixa altura entre 1,5 e 5,25 metros.
Palavras-chave: Inventário. Arborização. Fitossanidade. ABSTRACT
The importance of wooded urban areas has grown over the years and the lack of planning in these areas has reached a greater focus. In order to analyze the situation of the trees that make up the afforestation of the Centro district in the municipality of Santarém, Pará, the physical characteristics of the tree species were evaluated. To survey these characteristics, an inventory of the species included in the area was carried out, following the parameters common name, phtytosanitation, root problems, management, height, crown diameter, canopy health and crown and trunk projection. It was observed a predominance of few species, high values of pavement damage and conflicts between afforestation of the electric network. Exotic species showed greater predominance in the afforestation and the majority of the individuals presented low height between 1.5 and 5.25 meters.
Keywords: Inventory. Afforestation. Phtytosanitation.
1 INTRODUÇÃO
A arborização urbana é compreendida como qualquer cobertura vegetal de porte arbóreo existente nas cidades, e pode ocupar áreas de uso comum ou áreas particulares livres que acompanhem as vias rodoviárias (Rodrigues et al., 2002).
Os locais arborizados geralmente se apresentam mais agradáveis aos sentidos humanos (SOUZA & SILVA (2011). E quando inseridos de maneira planejada, esses locais tendem a maximizar e proporcionar somente benefícios (BLUM et al., 2008). No entanto observa-se no Brasil a falta de planejamento em muitas implantações de zonas arborizadas (SILVA et al., 2006).
O conhecimento acerca da arborização urbana depende do levantamento de informações sobre a arborização existente, o que pode ser obtido através de um inventário, que é fundamental no planejamento e manejo das áreas arborizadas (MELO et al., 2007).
O trabalho teve por objetivo analisar a situação das árvores que compõem a arborização do bairro Centro no município de Santarém, Pará.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O município de Santarém está situado na região Oeste do estado do Pará, extensão geográfica de 17.898 Km2 e, aproximadamente, 302.667 mil habitantes (IBGE, 2018). O clima da região é quente e úmido, com temperatura média anual variando entre 25 e 28 ºC, caracterizado por umidade e pluviosidade elevadas com índice pluviométrico anual variando de 2.000 a 2.200 mm, o qual tem maior intensidade no inverno (VALENTE et al., 2011).
O município apresenta 43.3% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização (IBGE, 2018). Onde, o bairro Centro foi a área da realização do censo da vegetação arbórea urbana do presente estudo, tendo como base o inventário quali-quantitativo da arborização urbana, realizado através do Projeto Floresta Urbana realizado Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santarém (SEMMA), Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio) e a Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca (Semap).
No inventário foram utilizadas planilhas estruturadas para a realização do inventário de todas as árvores com informações como nome vulgar, fitossanidade (com diferentes graus de severidade do ataque), problemas com a raiz (afloramento e sanidade), manejo (caso as copas estejam em conflito com a fiação, iluminação ou sinalização pública e necessidade de poda de manutenção), altura (foram inventariados somente indivíduos com altura superior a 1m), diâmetro a altura do peito (DAP), sanidade dos fustes e copas (cupins, parasitas e podridão), projeção do fuste e da copa (casa ou rua) e fenologia (estado vegetativo, floração e frutificação). Também foram feitos registros fotográficos de todas as árvores inventariadas. Para identificação das famílias e espécies foi utilizada referências bibliográficas especializadas (LORENZI; SOUZA, 2001; LORENZI, 2002).
Após a coleta de dados, as informações foram tabuladas em planilha do Microsoft Excel, e realizada análise de dados.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No levantamento foram obtidos o cadastro de 124 indivíduos arbóreos presentes na zona central do município de Santarém, Pará. Deste total 6 espécies não foram identificadas e as demais se enquadraram nas famílias: Anacardiaceae (47); Annonaceae (1); Bignoniaceae (20); Chrysobalanaceae (14); Combretaceae (2); Fabaceae (12); Leguminosae (3); Meliaceae (2); Moraceae (16) e Myrtaceae (1).
A diversidade de espécies que são utilizadas é importante não só na composição estética das áreas arborizadas, mas também na interação fauna e flora do local e na fitossanidade dos indivíduos arbóreos (MELO et al., 2007; SILVA & HIGUCHI, 2008).
Apesar da diversidade de famílias botânicas ocorreu predominância da Mangifera indica L., que representa 37,90 % das indivíduos e de Ficus spp com 16%, fugindo do aconselhado por Grey e Deneke (1978), citados por Milano e Dalcin (2000), em que uma espécie não devem ultrapassar 15% da população arborizada.
A alta presença destas espécies pode ser prejudicial as vias, ao calçamento e potencial dano ao trânsito, devido a primeira produzir frutos médios que podem danificar os veículos ou causar
acidentes físicos aos pedestres, e ambas terem raízes agressivas que podem vir a entupir a encanação e romper o calçamento (SILVA, 2011).
Os danos ao calçamento foram apresentados por 42 árvores, que tiveram suas raízes aflorando e causando rachaduras e fragmentação de calçadas e muros. Entre essas árvores 59,52% continham danos por estrangulamento radicular, devido a pressão das áreas concretadas sobre as raízes.
A altura das árvores variou entre 1,5 e 5,25 metros, para 54,52% dos indivíduos e entre 7 e 10 metros para o restante, predominando portanto a altura média de 7,04 metros. Quanto a competição rede elétrica vs. árvores, foram encontrados 18,55% das espécies competindo com a fiação elétrica e 10,48 % como potencias competidoras. Velasco, et al. (2006) aponta que a competição entre árvores e rede elétrica representam o principal problema da arborização urbana.
Quanto a variável copa, ocorreu predominância de copas sadias com 73,40%, seguida de 16,12% de copas parasitadas e 10,48% com algum tipo de doença. A maioria das copas não dispôs de inclinação para a rua (34,67%), no entanto os 34,67% que tem esta disposição podem acarretar problemas no trânsito, se caso não ocorrer podas de condução periódicas.
O diâmetro de 77,92 % das árvores foi inferior a 10 metros, valores estes maiores do que os encontrados por Rocha et al. (2004), ao analisar arborização de vias públicas em Nova Iguaçu. Essa redução de diâmetro pode ser justificada pelas podas a que são submetidas as árvores ou a adaptabilidade desses indivíduos ao ambiente urbano.
Conclui-se que a arborização mantém predominância de espécies exóticas, Mangifera indica L. e Ficus spp, que contribuem ativamente com danos ao calçamento, havendo assim a necessidade de substituição destas por outras espécies, de preferência espécies autóctones. Deve-se também verificar mais afundo as condições que levam a redução de copa dos indivíduos estudados, para que a área de cobertura vegetal não seja perdida com o tempo.
REFERÊNCIAS
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