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As definições do rural e do urbano

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PRESENÇA DA RURALIDADE EM MUNICÍPIOS GAÚCHOS: O EXEMPLO DE

SILVEIRA MARTINS, RS

THE PRESENCE OF RURAL FEATURES IN TOWNS IN RS: THE EXAMPLE OF THE

SILVEIRA MARTINS, RS

Michele Lindner – UNESP, Rio Claro – michelindner@gmail.com

Flamarion Dutra Alves – UNESP, Rio Claro – dutrasm@yahoo.com.br

Enéas Rente Ferreira – UNESP, Rio Claro – eneasrt@yahoo.com.br

Resumo: Atualmente muitas são as tentativas de se definir o que é o rural e o que é o urbano no contexto acadêmico. A concepção tradicional do rural como o lugar do atraso e do urbano como o lugar do progresso, não pode mais ser tida como absoluta, pois esses espaços têm passado por profundas transformações. Contudo, ainda é possível encontrar pequenos municípios que devido a presença marcante das ruralidades, podem ser definidos como municípios rurais. É nesse sentido que este artigo pretende identificar as ruralidades presentes em Silveira Martins, Rio Grande do Sul, onde ainda hoje se preservam os costumes dos antepassados que colonizaram a região.

Palavras-chave: Rural, urbano, ruralidades, Silveira Martins.

Abstract; Nowadays there are many attempts to define what is rural and what is urban

in an academic context. The traditional conceptualization which describes the rural as being the place of the late and the urban as the place of progress should not be understood as absolute because these places has been suffering deep changes. However, it is still possible to find towns which due to the intense presence of the rural features can be defined as rural towns. In that sense, in the present paper is aimed at to identify the rural features present in Silveira Martins, Rio Grande do Sul, in which there is a preservation of the habits of the ancestral people which colonized the region.

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Introdução

Existem milhares de pequenos municípios no interior do Brasil. Muitos desses

municípios possuem características mais rurais do que propriamente urbanas. Essas questões tem sido cada vez mais observadas no contexto acadêmico e a discussão sobre a temática das ruralidades e urbanidades torna-se mais presente.

A concepção tradicional do rural como o lugar do atraso e da rusticidade e do urbano como o lugar do progresso e da modernidade, não pode mais ser tida como absoluta. Tanto o rural como o urbano tem passado por grandes transformações que fazem com que estes espaços tenham características distintas dessa visão ultrapassada. O processo de modernização da agricultura, seguido pela explosão das facilidades do acesso aos meios de comunicação, transformaram profundamente a realidade do meio rural.

Da mesma forma, como é destacado por Wandeley (2001), a sociedade brasileira parece estar tendo um novo olhar sobre o rural, antes visto como uma fonte de problemas, passa a apresentar indícios de ser também portador de “soluções”, com o crescimento da busca por um maior contato com a natureza e o aprofundamento das relações sociais mais pessoais, tidas como predominantes entre os habitantes do campo.

Essas características tidas como eminentes do rural, muitas vezes também podem ser percebidas em pequenas cidades ou vilarejos. Nesses locais existe uma grande carga cultural, que pode ser traduzida através do apego as tradições, muito evidenciadas nas relações sociais da população, suas festividades, gastronomia e

economia desses locais. Esse conjunto de fatores representa a identidade social da comunidade, a qual reproduz o modo de vida do campo na cidade, ou seja, as ruralidades, que representam de acordo com Moreira e Gaviria (2002), a articulação entre as noções de rural e de identidade social.

Assim como o conceito de urbanidade o conceito de ruralidade, segundo Candiotto e Corrêa (2008), tem sido trabalhados como referências a territorialidades de indivíduos e grupos sociais, tanto socioculturais, como econômicas e/ou políticas.

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As definições do rural e do urbano

Mesmo com as profundas mudanças ocorridas no campo pós-modernização da agricultura e com as novas configurações que a cidade passou a assumir, com a descentralização das indústrias, ainda pode-se encontrar implícito em muitos discursos as interpretações clássicas dos conceitos rural e urbano. Essa distinção mostra esses dois espaços como espaços antagônicos, sendo o rural o sinônimo do atraso e o

urbano o sinônimo do moderno.

Essa concepção pode ser evidenciada no trabalho de Sorokin, Zimmerman e Galpin (1981), onde esses autores procuram delinear as diferenças fundamentais entre o rural e o urbano, buscando uma definição sociológica desses dois espaços. Segundo os autores essa definição deveria ser uma definição composta, ou seja, a combinação de vários traços típicos e não levando em conta apenas uma característica.

Na concepção de Sorokin, Zimmerman e Galpin (1981), entre o rural e o urbano existiriam nove diferenças fundamentais: as diferenças ocupacionais, as quais gerariam outras diferenças. Nesse caso o habitante do rural estaria ocupado com a agricultura, ou seja, a coleta e cultivo de plantas e animais; as diferenças ambientais, nas quais os trabalhadores rurais trabalhariam mais ao ar livre em contato com a natureza, ao contrário das populações urbanas que estariam em um ambiente artificial da cidade; as diferenças no tamanho das comunidades, onde existiria uma correlação negativa entre o tamanho da comunidade e a percentagem da população ocupada na agricultura; as diferenças na densidade populacional, nas quais as comunidades de agricultores teriam uma densidade populacional mais baixa do que das comunidades urbanas; as diferenças na homogeneidade e na heterogeneidade das populações, nas quais as populações das comunidades rurais tenderiam a ser mais homogêneas em suas características psico-sociais; as diferenças na diferenciação, estratificação e complexidade social, na qual população do campo seria mais homogênea, enquanto os

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Analisando as diferenças colocadas por Sorokin, Zimmerman e Galpin, Solari (1979), coloca que existem populações rurais, como do tipo fronteiriço, que são mais

heterogêneas que populações urbanas de cidades do interior de certos países e que esses critérios diferenciais não são válidos para todos os casos.

Assim, para Solari (1979) seria preciso distinguira teorização sobre a sociedade rural, como ela se apresenta nas sociedades pré-industriais ou subdesenvolvidas e nas industriais. Segundo o autor nas industriais existiria a tendência de se acentuar o processo de urbanização da vida rural, ocorrendo uma fuga do centro da cidade e uma profunda transformação na sociedade rural, na qual o agricultor tenderia a se dirigir a uma mercado cada vez mais extenso, convertendo-se em um empresário.

Dessa forma, a concepção clássica, da dicotomia do rural e do urbano apresentada por Sorokin, Zimmerman e Galpin, onde esses dois espaços são vistos como opostos passa a sofrer objeções. Essas objeções partem da observação de que entre o meio rural e o urbano existiria uma gradação infinita, em outras palavras um

contínuo (SOLARI, 1979).

Portanto, não poderia existir apenas o rural e o urbano sem algo que intermediasse essa relação, existiriam vários elementos que dariam a continuidade entre esses dois aspectos. Nesse sentido Wandeley (2001), coloca que a vertente do continuum rural-urbano refere-se a uma relação que aproxima e integra esses dois pólos, onde a hipótese central, mesmo ressaltando as semelhanças e a continuidade, não destrói as particularidades destes, além de não representar o fim do rural. Segundo a autora, nessa concepção “o continuum se desenha entre um pólo urbano e

um pólo rural, distintos entre si e em intenso processo de mudança em suas relações” (Wanderley, 2001, p.33).

Assim, percebe-se já nesse discurso, que a vertente do continuum ressalta a mudança das relações entre esses dois espaços, tornando-os cada vez mais próximos e deixando de ser opostos, porém não preconiza o fim das áreas rurais.

Da mesma forma, ao referir-se ao possível fim das área campestres, devido a urbanização implacável, Biazzo (2007) coloca que alguns autores a partir do fim dos anos 80 do século XX, já verificavam situações de recuperação do dinamismo de espaços tidos como rurais, contrariando a idéia do fim dessas áreas.

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e a tranqüilidade esvaídas do ambiente metropolitana (BIAZZO, 2007, p.13).

Assim, nas ultimas décadas tem se destacado uma nova percepção do campo, relativo a um modo de vida “alternativo” e ambientalmente sustentável, correspondente a um resgate da natureza pelos habitantes da cidade que se dirigem ao campo (BIAZZO, 2007).

Nesse sentido, Candiotto e Corrêa (2008) destacam a urbanização física do rural, apresentada por Graziano da Silva através do conceito de rurbano, com a

inserção de novas atividades no campo, sobretudo as não-agrícolas.

As atividades não-agrícolas vêm crescendo cada vez mais também no Brasil. Concomitantemente a isto, diminui a supremacia das atividades agrícolas no meio rural. Essa mudança advém do contínuo declínio da capacidade da agricultura de manter e gerar postos de trabalho, além do crescimento de atividades geradoras de ocupações rurais não-agrícolas (LAURENTI, 2000).

Essas atividades não-agrícolas fazem com que o rural assuma novas funções. Dentre as “novas funções” do campo que ganham cada vez mais destaque estão as atividades de lazer, como o turismo em área rural, segundas residências e aposentadorias rurais.

Portanto, percebe-se que atualmente as atividades produtivas agrícolas tradicionais já não são mais suficientes para explicar, por si sós, a dinâmica da renda, a das ocupações das famílias rurais. Assim, compreender o papel da diversificação do meio rural consiste numa tarefa na qual estão envolvidos uma série de fatores que abrangem diretamente as esferas socioeconômicas, ambientais e culturais do espaço em que vem sendo desenvolvidas essas atividades não-agrícolas.

Dessa forma, crescem cada vez mais atividades de lazer, que buscam um resgate as tradições culturais de determinadas áreas e valorizam os costumes da vida do rural. Essas atividades geralmente se manifestam em rotas turísticas e em eventos festivos de pequenos municípios, ocorrendo tanto em áreas rurais como urbanas.

O conceito de ruralidades

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sobre o tema, para definir o que são as ruralidades, as quais podem ser encontradas tanto nos espaços rurais quanto nos urbanos.

Dessa forma buscou-se o trabalho de Candiotto e Corrêa (2008), que ao discorrer sobre o conceito de ruralidades colocam que este esta assentado em duas correntes de interpretação. Segundo a pesquisa dos autores, a primeira corrente vê a ruralidade como uma processo de valorização do rural, a qual vem sendo disseminada por instituições globais através de financiamentos e políticas publicas. Essas instituições defendem o discurso da redução da pobreza e desigualdades sociais, porém segundo os autores está implícito nesse discurso a ampliação das relações capitalistas, através de novas atividades agrícolas e não agrícolas no espaço rural.

Nessa perspectiva, a nova ruralidade não é algo construído socialmente pela população rural, mas mais uma idéia imposta por organismos concentradores do poder, cristalizada no discurso, porém muitas vezes não concretizada, que passa a ser utilizada e propagada por diversos pesquisadores como novos aspectos da realidade do espaço rural (CANDIOTTO E CORRÊA, 2008, p.232).

A segunda corrente coloca as ruralidades como realidade empírica, construída, sobretudo de forma endógena. “As ruralidades seriam compostas por objetos, ações e representações peculiares do rural, com destaque para as representações e identidades rurais dos indivíduos e grupos sociais” (MOREIRA, 2005, apud

CANDIOTTO E CORRÊA, 2008, p.233).

Dessa forma, o que permitirá falar em ruralidades são as articulações entre as noções de rural e de identidade social, relações especificas dos habitantes do campo com a natureza e sua comunicação direta, face a face (MOREIRA; GAVIRIA, 2002).

Mesmo representando as relações especificas dos habitantes do campo, Carneiro (1998 apud CANDIOTTO E CORRÊA, 2008) coloca que a ruralidade não é definida como oposição a urbanidade, ela é um processo dinâmico em constante reestruturação de valores locais, hábitos e técnicas, incorporados a partir da relação entre campo e cidade.

Segundo Candiotto e Corrêa (2008), alem da população rural, a urbana também apresenta suas ruralidades, as quais são idealizadas pela mídia que vende o rural como sinônimo de natureza e vida mais saudável. Assim como a população rural

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Ao encontro disso, Biazzo (2007, p. 19), que acredita ser mais conveniente chamar campo e cidade de campestres e citadinos, ressalta que:

(...) em ambos espaços se manifestam identidades sociais que configuram ruralidades e urbanidade. Em paisagens do campo e das cidades (formas, conjuntos de objetos) existem urbanidades e ruralidade (conteúdos – heranças, origens, hábitos, relações, conjunto de ações) que se combinam, gerando novas territorialidades, admitindo-se que cada local ou região pode abrigar diferentes territorialidades superpostas, relativas a diferentes atores sociais.

Dessa forma, a partir do exposto percebe-se que tanto as ruralidades, quanto as urbanidades, podem estar presentes em qualquer espaço, pois referem-se a manifestações culturais, ligadas aos modos de vida, tradições, ocupações, ou seja, elementos característicos desses espaços que ocorrem não necessariamente apenas neles.

Pequenos municípios e as manifestações das ruralidades

Ao falar do rural e do urbano é necessário que se tenha claro o que podemos definir por rural ou campo e por urbano e cidade. Veiga (2003) coloca que a vigente definição de cidade é fruto do Estado Novo e “foi o Decreto-Lei 311. de 1938 que transformou em cidades todas as sedes municipais existentes, independentes de suas características estruturais e funcionais” (VEIGA, 2003, p.1). Segundo o autor, a partir disso da noite para o dia “ínfimos povoados, ou simples vilarejos” se tornaram cidades.

Para as futuras cidades seria exigida a existência de pelo menos 200 casas, e para as futuras vilas (sedes de distrito), um mínimo de 30 moradias. Mas todas as localidades que aquela data eram cabeça de município, passaram a ser consideradas urbanas, mesmo que sua dimensão fosse muito inferior ao requisito mínimo fixado para as novas (VEIGA, 2003, p.2).

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que disponha do mínimo de serviços e equipamentos e que os moradores exerçam atividades econômicas; Núcleo aglomerado rural isolado que pertença a um único

proprietário e outros aglomerados, os quais não representam as características de nenhum dos outros três (VEIGA, 2003, p.2).

Contudo, Veiga coloca que mesmo com as mudanças, a classificação reforçou a convenção de que são urbanas todas as sedes municipais (cidades), sedes distritais (vilas) e áreas isoladas definidas por Câmaras Municipais sem nenhum outro critério geográfico, de caráter estrutural ou funcional. E nesse sentido, utiliza o exemplo de um município no estado do Acre, no qual coloca que os dois mil e poucos habitantes que residem na sede desse município são considerados urbanos, independente de “quais forem as funções desempenhadas pela aglomeração, o gênero de vida, a forma de civilização e a mentalidade de seus habitantes” (VEIGA, 2003, p.3).

Iguais ao município exemplificado por Veiga existem muitos outros municípios no Brasil, que são definidos como urbanos, sem que sejam levados em conta características como os modos de vida e outras importantes características de suas populações.

Nesse sentido, a área escolhida para analise no presente artigo é a do município de Silveira Martins, RS. Esse município faz parte da Microrregião Geográfica de Restinga Seca e limita-se ao norte, com Ivorá, ao sul, com Restinga Seca, ao leste com São João do Polêsine e Faxinal do Soturno e, ao oeste, com Santa Maria e

Julio de Castilhos (Figura 1).

Situada sobre a Serra de São Martinho, na Serra Geral, ou Rebordo do Planalto,

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Figura 1 – Localização do Município de Silveira Martins

em relação ao Estado do Rio Grande do Sul

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primeiros habitantes deste núcleo foram russos e alemães, que na sua grande maioria abandonaram a região por não se adaptarem às condições geográficas das encostas

da Serra São Martinho. Este fato levou a direção da colônia a desviar levas de imigrantes italianos para povoar aquela região. Dessa forma, surge a Quarta Colônia de Imigração Italiana no Rio Grande do Sul, chamada inicialmente de Città Nuova, depois Città Bianca e, mais tarde, de Silveira Martins, em homenagem ao seu intercessor no império, Gaspar da Silveira Martins (RUVIARO, 2007).

O Município, criado no ano de 1987, com a desmembração de terras dos municípios de Faxinal do Soturno e Santa Maria, tem sua a economia baseada no setor primário, destacando-se o cultivo do arroz e da batata inglesa. Atualmente, Silveira Martins possui uma área de 122,7 Km², ocupada por uma população de 2.566 habitantes. Do total de habitantes do município de Silveira Martins, 1.039 habitantes residem na área urbana e 1.527 habitantes na área rural (IBGE, 2000).

Apesar dos dados apresentados demonstrarem que este município possui uma vocação rural, não é apenas através da população e da economia que identificamos as ruralidades, estas podem manifestar-se também nos hábitos dos habitantes, nos contatos diretos e pessoais das comunidades, na alimentação, e principalmente nas festas.

As festividades de pequenas comunidades costumam trazer traços típicos tidos como do “mundo rural”, os quais se manifestam em vários aspectos e reúnem não apenas a comunidade do local, como também dos municípios próximos, além de amigos e parentes dos habitantes da comunidade.

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Figura 2 – Festival da Uva e das Águas – Silveira Martins, RS

Fonte: Pesquisa de Campo do Grupo de Pesquisa Turismo e Desenvolvimento – UFSM. 2006.

Esses elementos podem ser verificados na mobilização da comunidade em torno das festas, onde a comunidade se une para a organização dos preparativos, trabalhando em conjunto em torno de uns objetivos comuns, transmitindo dessa forma a valorização da identidade local e familiar implícitas na festa.

Outros elementos tidos como característicos do rural, estão no preparo dos

alimentos a serem comercializados nas festas, nos quais é privilegiado o uso dos produtos produzidos localmente, também no caso do vinho servido, geralmente de fabricação local. Nesse sentido, visualiza-se a produção do meio rural, muito além do próprio espaço em si. Tendo a manifestação da ligação entre atividade produtiva, produtos, produtores(as) e família(s) envolvidas no processo, perfazendo o sentido de identidade.

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pessoas sentam juntas e assim passa-se a ter uma maior interação entre os participantes.

Figura 3 – Decoração da Festa da Batata – Silveira Martins, RS. Fonte: Pesquisa de Campo do Grupo de Pesquisa Turismo e Desenvolvimento – UFSM. 2006.

No caso das instalações, geralmente faz-se uso de salões de festas de igrejas, tendo em seu entorno capelas, santuários, basílicas e a própria igreja da comunidade,

acentuando o caráter comunitário desses eventos.

Essas festividades não perpassaram as esferas locais de abrangência. Dessa forma, perpetuam-se no âmbito local hábitos historicamente difundidos e que atravessam gerações familiares, sobretudo no tocante às formas de produção agrícola, as manifestações culturais, as festividades e a gastronomia.

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Considerações Finais

No debate em torno do meio rural, sua valorização, identidade e simbologias peculiares, encontram-se as manifestações de toda uma conjunção de ações cotidianas carregadas de valores próprios e heranças históricas, na qual se fundamenta a existência das ruralidades. Essa conjunção encontra-se muitas vezes não apenas no rural dos pequenos municípios, mas também na área dita urbana

desses locais.

Pequenos municípios no interior do Brasil, como o município de Silveira Martins, apresentado nesse artigo, possuem muito mais as características rurais em seu cotidiano do que as propriamente urbanas. Isso tudo ocorre, seja pelo apego as tradições, seja pela falta de infra-estrutura para o seu funcionamento como cidade em si, ou então ambos os casos. A falta de estrutura mesmo pode reforçar a permanência de muitos costumes, pois a distância das “novidades” faz com que a comunidade não mude os costumes.

Nesse sentido, torna-se comum que esse municípios não busquem mudanças e procurem saciar suas carências em municípios maiores das proximidades. No caso do município de Silveira Martins, seus habitantes buscam no município de Santa Maria-RS, o que não encontram em suas cidades, principalmente no caso do comércio e educação para seus filhos.

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Referências Bibliográficas

BIAZZO, Pedro Paulo. CAMPO E RURAL, CIDADE E URBANO: distinções necessárias para uma perspectiva crítica em Geografia Agrária. In: MARAFON, Gláucio José; PESSÔA, Vera Lucia Salazar (Org.). Interações Geográficas: a conexão interinstitucional de grupos de pesquisa. Uberlândia: Roma, 2007.

CANDIOTTO, Luciano Zanetti Pessoa; CORRÊA, Walquíria Kruger. Ruralidades, urbanidades e a tecnicização do rural no contexto do debate cidade-campo. In: CAMPO-TERRITÓRIO: revista de geografia agrária. v.3, n. 5, p. 214-242, fev. 2008. Capturado de: < http://www.campoterritorio.ig.ufu.br>, em 12/06/2008.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/censo>. Acesso em 15 jun. 2007.

LAURENTI, A. C. Terceirização dos Trabalhos Agrários e o “Novo Rural”. ORNAS, ocupações rurais não-agrícolas: anais: oficina de atualização temática. – Londrina: IAPAR, 2000.

MOREIRA, Roberto José; GAVIRIA, Margarita Rosa. Territorialidades, ruralidades e assimetrias de poder na Comunidade de Taquari. In: Estudos Sociedade e

Agricultura. p. 47-721, abril 2002. Capturado de:

<http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/brasil/cpda/estudos/dezoito/roberto18. htm>, em 11/06/2008.

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SOLARI, Aldo B. O objeto da sociologia rural. In: SZWRESCSANYI, T.; QUEDA, O. Vida Rural e Mudança Social. São Paulo: Cia. Ed. Nacional. 1979. p. 03-14.

SOROKIN, Pitirim A.; ZIMMERMAN, Carlo C.; GALPIN, Charles J. Diferenças fundamentais entre o mundo rural e o urbano. In: MARTINS, José de Souza. Introdução crítica a sociologia rural. São Paulo: Hucitec. 1981. p. 198-224.

VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento territorial do Brasil: do entulho varguista ao

zoneamento ecológico-econômico. Capturado de:

<www.fea.usp.br/professores/zeeli>, 22 p, em 09/11/2003.

WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. A ruralidade no Brasil moderno. Por um pacto social pelo desenvolvimento rural. In: ¿Una nueva ruralidad en América Latina?.

Buenos Aires: CLACSO, 2001. Capturado de:

Imagem

Figura 1 – Localização do Município de Silveira Martins  em relação ao Estado do Rio Grande do Sul
Figura 2 – Festival da Uva e das Águas – Silveira Martins, RS
Figura 3 – Decoração da Festa da Batata – Silveira Martins, RS.

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