REFERÊNCIAS DE PLANEJAMENTO
E PROJETO DE CURSOS D’ÁGUA NO
MEIO URBANO
Na seqüência da análise dos casos, procedeu-se a uma com-paração entre os seis planos de recuperação de rios urbanos. O fato de as leituras de cada um deles terem se orientado por um mesmo roteiro contribuiu para um primeiro passo na comparação entre os processos da ruptura e da tomada da decisão de repensá-los e reintegrá-los ao meio urbano.
Os aspectos evidenciados inicialmente foram:
O processo que levou à deterioração e
ruptu-ra nas relações sociedade- natureza se explicita enfaticamente em cada um deles, embora esteja condicionado a cada contexto histórico e sócio-espacial;
Os motivos que levaram à elaboração dos planos
se vinculam ou à prevenção de inundações ou a um incômodo que se manifesta diante da degra-dação dos próprios sistemas fl uviais, incidindo so-bre o ambiente urbano e a paisagem, bem como ocasionando, em conseqüência, o isolamento de áreas potencialmente interessantes para a revita-lização urbana;
Os atores, em sua maioria, contam com o
envolvi-mento de agentes governamentais, de organiza-ções sociais e de agentes privados.
problema e de encaminhamento para a solução, por meio da defi nição dos objetivos, das di-retrizes e das propostas a serem encaminhadas. É importante esclarecer que esses princípios estão inter-relacionados e, mais do que isso, são interdependentes. No entanto, a subdivisão em temas se constitui num instrumento analítico efi ciente para a percepção das camadas que compõem o processo de evolução dos planos e das diferentes áreas que atuam em seu desenvolvimento.
5.1 Referências de planejamento e projeto selecionados a partir dos casos
Os princípios gerais que serão observados nos planos partem de uma ótica que privilegia a sustentabilidade do ambiente urbano de modo integrado, pela própria essência do objeto pesquisado – a recuperação de rios urbanos. A estrutura dos planos analisados induziu a seleção dos princípios, que se baseou também na literatura específi ca sobre recuperação de cursos d’água urbanos, discutida especialmente no capítulo 2. Desta maneira, assume-se a relevância dos seguintes princípios: recuperação e proteção do sistema fl uvial, articulação com as políticas urbanas, inserção do rio no tecido urbano, e valorização da identidade lo-cal bem como do sentido de cidadania, a serem encadeados e concretizados por meio de estratégias de implementação, monitoramento e gestão dos planos.
Recuperação e proteção do sistema fl uvial
Ao tratar da recuperação e proteção do sistema fl uvial, é necessário entender o rio como unidade ecológica e funcional, dentro do contexto da bacia hidrográfi ca – nascentes, tri-butários, planícies de inundação e alterações estruturais – e caracterizá-lo ao longo de sua extensão, identifi cando as características dos trechos compreendidos na área urbanizada. Com isto, é possível subdividi-los em segmentos a serem tratados de acordo com suas espe-cifi cidades, sem perder a noção do continuum.
Esse princípio está intimamente associado à caracterização do sítio e dos ecossistemas a ele associados – aquáticos, anfíbios e terrestres – e subdivide-se nos seguintes temas:
Qualidade da água: relaciona-se à fonte, proteção de nascentes, às cabeceiras,
aos córregos tributários, banhados ou alagados, às várzeas ou planícies de inun-dação, à presença da vegetação ripária ou não e à contribuição de poluentes e resíduos;
Características hidrológicas e morfológicas do rio1: diz respeito ao ciclo
hidroló-gico, à dinâmica do curso d’água, com seus processos de erosão e sedimentação, e à forma natural do leito fl uvial;
1 Riley (1998) relaciona a este item um profi ssional específi co – “fl uvial geomorphologist” ou geomorfologista de rios,
Ecossistema e biodiversidade: diretamente relacionados às fl orestas ripárias e à
conectividade entre fragmentos de vegetação, o que poderá assegurar a diversi-dade da fauna;
Drenagem e permeabilidade do solo: relacionadas às áreas de absorção da bacia
hidrográfi ca e à contribuição pontual e crescente das galerias de drenagem.
Articulação com as políticas urbanas
Parte-se do pressuposto de que a elaboração de um plano de recuperação dos rios no meio urbano, ou da própria bacia hidrográfi ca, para ser de fato abrangente e efetiva, deve inte-grar-se às políticas que incidem sobre o território, particularmente às políticas urbanas, de uso e ocupação do solo e de desenvolvimento econômico (ALVIM, 2003).
Esse princípio está relacionado às várias esferas jurisdicionais de decisão governamental, fe-deral, estadual e municipal, tendo como bases os marcos regulatórios e as negociações entre as várias instâncias governamentais e os atores integrantes do processo de desenvolvimento do plano.
O princípio da articulação com a política urbana, portanto, subdivide-se em:
Planejamento do uso e ocupação do solo e os ecossistemas fl uviais: estratégias
que envolvem a articulação do plano às políticas urbanas, particularmente em relação à defi nição de usos, aos critérios de parcelamento do solo, aos índices de ocupação, às áreas destinadas ao lazer, aos equipamentos públicos e à infra-estrutura. A articulação do planejamento do uso e da ocupação do solo, em ge-ral de responsabilidade do poder local, é determinante quanto à defi nição de critérios de ocupação das áreas lindeiras aos corpos d’água e fundos de vale, infl uenciando a saúde e a qualidade dos sistemas fl uviais. No Brasil, de um modo geral, o planejamento do uso e ocupação do solo vem sendo elaborado à luz de uma visão tecnicista e econômica, que orienta os processos de decisão, prevale-cendo as pressões urbanas e os confl itos de interesse sobre os recursos naturais e o meio ambiente, ainda que o planejamento urbano2 esteja buscando incorporar
às agendas municipais questões relacionadas à qualidade ambiental, mais especi-fi camente nos planos diretores.
Metas de desenvolvimento econômico integradas às metas ecológicas: políticas
envolvendo geração de emprego e renda que se integram diante dos ecossiste-mas, aqui entendidos como sistemas fl uviais. No campo econômico, políticas de
2 No Brasil, desde 1988 a política urbana municipal é de responsabilidade dos município, sendo o plano diretor o
desenvolvimento urbano aliadas a oportunidades de geração de emprego e renda são essenciais para atuar em conjunto com a recuperação do meio físico.
Inserção do rio no tecido urbano
Na medida em que o rio é encarado como obstáculo, que segmenta o tecido urbano e apre-senta a orla isolada e desvinculada das áreas urbanizadas, é necessário reintegrá-lo por meio de conexões transversais, longitudinais e também prover acesso atraente e seguro para as orlas.
Esse princípio subdivide-se nos seguintes temas:
Conexão intra-urbana: trata de verifi car em que medida os bairros estão
inte-grados, bem como quais as conexões previstas no sentido transversal – pontes, passarelas e balsas – e, longitudinal – sistema de navegação articulado ao sistema viário estrutural;
Acesso ao rio e a atividades de lazer: identifi car nos planos a presença de áreas
públicas verdes de lazer, com acesso fácil e seguro.
Valorização da identidade local e do sentido de cidadania
De acordo com Leccese et al (2004), todo rio tem uma história e uma relação com a cidade muito particulares, que devem ser entendidas e valorizadas, pois trata-se de um signifi cativo fator de identidade, associado a atividades culturais, recreacionais, esportivas, produtivas, religiosas e outras. Esse tema apresenta grande potencial de motivação para adesão a movi-mentos de preservação ou recuperação de rios urbanos.
A valorização da identidade local e do sentido de cidadania subdivide-se em:
Recuperação e proteção do patrimônio cultural e ambiental: são identifi cados
valores materiais e imateriais a serem preservados;
Sensibilização e participação da sociedade civil na elaboração do plano: verifi
ca-se o engajamento da sociedade civil no processo.
Implementação, monitoramento e gestão dos planos
As estratégias de implementação, monitoramento e gestão são subdivididas em:
Plano de recuperação do sistema fl uvial no contexto da bacia hidrográfi ca: apesar
-culdade de articular as gestões municipais num âmbito regional, nem sempre é possível abarcar essa escala de intervenção;
Viabilidade econômica: estratégias de captação de recursos;
Monitoramento e gestão: essa fase se inicia junto com a implementação do
plano e não tem prazo para terminar, podendo mudar de jurisdição e de grupos gestores.
A estrutura organizacional proposta nos quadros permite compatibilizar a análise dos pla-nos, para que seja possível realizar comparações consistentes entre os casos e verifi car quais são os pontos comuns e quais as abordagens que merecem destaque.
Objetivos Diretriz Proposta Objetivos Diretriz Proposta Objetivos Diretriz Proposta Objetivos Diretriz Proposta
Renaturalizar o leito, as margens (onde for possível) e o delta do rio Don
Re-criação de pequenos meandros e das características físicas do canal do rio para criar habitats de peixes, corredeiras e poços naturais ao longo de sua extensão
Proteger, recuperar e interligar os habitats e a vida selvagem
Re-criar o delta e banhados, onde o rio encontra o lago
Restaurar o eco-sistema fluvial (o rio e seus afluentes)
Remover as paredes de concreto e sedimentos do leito do rio e dar um tratamento paisagístico às margens
Valorizar os aspectos naturais e ambientais
Reflorestar as matas ciliares com espécies nativas
Alargar a várzea do Rio Los Angeles
Reutilizar as águas pluviais para reduzir as inundações
Construir banhados Utilizar pavimentos drenantes nas calçadas e estacionamentos
Recuperar os diques de conteção das marés
Adequar o tratamento de resíduos sólidos
Implantar a coleta seletiva e reciclagem do lixo e a coleta e industrialização dos resíduos sólidos
Implantar comportas ao longo do Rio para controle das enchentes
Priorizar o saneamento das águas do rio Piracicaba
Implantar infra-estrutura de saneamento: Concluir o coletor tronco, o sistema de interceptores paralelos ao rio e a construção da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE)
Usar pisos drenantes e plantar árvores nas áreas de estacionamentos
Implantar sistema de saneamento básico
Construir a rede de coleta e tratamento de esgoto
Minimizar o volume de deflúvios no lote por meio de infiltração e armazenamento
Controlar a poluição difusa
Criar bacias de detenção e retenção
Adotar canais e valetas revestidos de vegetação e pavimentos porosos para infiltração
Prover áreas de retenção de sedimentos nos locais em construção Mangal das
Garças - - -
-Potencializar a natural vocação paisagística
Recriar a paisagem típica da região amazônica
Recuperar as aningas e re-introduzir espécies vegetais nativas
- -
-Cabuçu de Baixo
Remover a população acentada sobre o córrego do Bananal e estabilizar as margens Recuperar fundos de
vale, em especial o córrego do Bananal Controlar as ligações
clandestinas de esgoto na rede de águas pluviais Promover a saúde
pública pelo controle do contato com a água e solo contaminados Piracicaba
Aumentar a capacidade de retenção das águas pluviais no próprio lote e ampliar as áreas livres vegetadas
Adotar medidas estruturais não-convencionais de captação de águas pluviais Estabelecer áreas de
transição entre zonas florestadas e aquelas já ocupadas
Conectar as manchas verdes remanescentes através de parques lineares ou ruas verdes
Manter, criar e enriquecer os habitats Preservar e recuperar o
ambiente natural Introduzir vegetação
ripária para estabilizar as margens do córrego do Bananal Melhorar a qualidade
da água do rio Piracicaba
Proteger os recursos hídricos e melhorar a qualidade da água do corpo receptor
Incrementar a captação das águas pluviais na macro e na micro escala Estabelecer Áreas de
Proteção Ambiental ao redor do cinturão meândrico do rio
Preservar a paisagem urbana e natural a partir do rio Piracicaba
Criar um corredor biológico, recompondo a vegetação ripária
Rever o sistema de drenagem das águas pluviais
Preservar o traçado original do rio
Preservar, recuperar e conservar as margens e áreas envoltórias do rio Piracicaba e seus tributários
Implementar a navegação fluvial recuperando as tradições culturais do rio
Eliminar o despejo de esgoto sem tratamento no rio
Recuperar a qualidade da água do rio Anacostia, rumo a balneabilidade Anacostia
Remover a
sedimentação do canal, o tamponamento e a canalização dos corpos d`água
Aumentar a capacidade de controle de inundações do rio Recuperar o rio
Anacostia e seus tributários, nos ambientes urbanos e naturais, rumo a navegabilidade Aumentar o nível de
oxigenação da água para dar suporte à flora e à fauna, implantar sistema de tratamento de esgotos e reter e filtrar as águas pluviais Melhorar o tratamento
das águas do rio Los Angeles e seus tributários
Los Angeles Aumentar as áreas públicas permeáveis
adjacentes ao rio Aumentar a quantidade
de áreas permeáveis Restabelecer as funções
ecológicas, a longo prazo
Capturar e tratar as águas pluviais por meio de áreas verdes livres, banhados construídos, telhados verdes, terraceamento com vegetação das margens do canal e jardins de chuva
Implantar métodos de gerenciamento e tratamento das águas pluviais, na escala regional, adjacente ao leito, e escala do lote, visando reduzir o nivel de poluição das águas do rio
Proteger e regenerar os banhados na bacia hidrográfica
Adotar medidas não-estruturais como alternativa à utilização de sistemas tradicionais de drenagem
Utilizar processos naturais para coletar, deter ou reter, filtrar e absorver águas pluviais, assimilando as inundações como um processo natural
Recuperar os habitats naturais ao longo do rio, nas áreas urbanas e rurais
Promover a retenção, infiltração e reciclagem das águas pluviais Minimizar o impacto
das marés e as superfícies impermeabilizadas Introduzir espécies
nativas na recuperação da vegetação ripária Recuperar os aterros, as
áreas contaminadas, a vegetação ripária e as suas funções naturais
Criar corredores verdes contínuos, recuperando a vegetação ripário ao longo do rio Don Melhorar as condições de saúde pública e a
qualidade de vida
Proteger as fontes naturais do rio Don: as cabeceiras, as águas subterrâneas, os córregos e os afluentes
Criar banhados, lagoas e prados visando melhorar a qualidade da água por filtragem e metabolização de bactérias e reduzir o fluxo de deflúvios em direção ao rio
Proteger e regenerar a forma natural e a função do rio Don e tributários
Restabelecer a diversidade ecológica da parte baixa do Don
Restaurar a funcionalidade ecossistêmica Proteger e ampliar as
várzeas removendo as paredes de concreto, onde for possível Manter a capacidade de
inundação existente e diminuir a velocidade do fluxo do rio Restabelecer as funções
hidrológicas, a longo prazo
Casos
Temáticas
Qualidade da água Características hidrológicas e morfológicas do rio Ecossistema e Biodiversidade Controle de Inundação e Drenagem
5.1.1 Recuperação e Proteção do Meio Ambiente
Qualidade da água
Trata-se de um dos objetivos mais complexos a serem atingidos pelos planos, os quais esta-belecem horizontes de longo alcance. O prazo demandado para recuperação das águas se justifi ca pelo montante de investimentos requerido, pelo monitoramento constante que se faz necessário e pela abrangência de diversos fatores que afetam a qualidade da água. O ho-rizonte estabelecido pelo plano do Anacostia, visando à balneabilidade, é 2025; o hoho-rizonte de Piracicaba para um rio livre de esgoto é 2010.
Para a melhoria da qualidade da água, a abordagem comum entre os planos consiste em:
Preservar as águas doces;
Coletar e tratar o esgoto e controlar e fi ltrar a poluição difusa;
Reduzir o impacto do despejo dos defl úvios que impactam a morfologia, a
hidro-logia e a qualidade das águas.
As medidas prioritárias são:
a) proteger as nascentes, não soterrando-as, não compactando-as e mantendo-as plantadas;
b) interceptar fontes de poluição, pontual ou difusa, por meio da coleta e do trata-mento do esgoto e do gerenciatrata-mento e tratatrata-mento das águas pluviais; c) promo-ver a coleta seletiva do lixo e dos resíduos sólidos oriundos da construção civil.
Entre as técnicas de fi ltragem das águas pluviais há, nos casos internacionais, um expediente recorrente – a valorização dos banhados ou alagados – que, no caso de terem sido supri-midos ou estarem degradados, são construídos ou recuperados. Os banhados estão entre as várias técnicas apontadas para fi ltragem por meio de áreas vegetadas. Para estabelecer a cadeia de elementos de drenagem e fi ltragem, o plano diretor do Rio Los Angeles baseou-se nos manuais de Stormwater Best Management Practice, publicados na Califórnia por uma
entidade específi ca - California Storm Water Quality Association. As BMP, anteriormente
apresentadas, são padrões a serem adotados pelos municípios, que contam ainda com ór-gãos regionais consultores de drenagem.
Os casos internacionais contam com o tratamento de quase 100% do esgoto; porém, o fato de ainda manterem parte do antigo sistema de coleta de esgoto e águas pluviais do tipo combinado faz com que, nos picos de chuvas, a vazão provoque o transbordamento dos efl uentes, antes de serem tratados. As ações focam, portanto, principalmente a substituição do sistema combinado, situação evidenciada no plano do Anacostia, pelo sistema separador absoluto3, no gerenciamento das águas pluviais e no combate à poluição difusa, que inclui
Os planos do rio Piracicaba e da Microbacia do Cabuçu de Baixo recomendam as mesmas medidas mencionadas acima, também baseadas nos conceitos das BMP. No entanto, no Brasil, tais técnicas de fi ltragem são pouco divulgadas e ainda timidamente aplicadas. Além dessas práticas ainda não estarem assimiladas no país, há o agravante da insufi ciência do sistema de saneamento básico quanto à coleta e ao tratamento de esgoto, principalmente doméstico, fato ressaltado no plano para a microbacia do Cabuçu de Baixo.
Apesar de se adotar no Brasil o sistema separador, os órgãos públicos não têm conseguido controlar as ligações de esgoto clandestinas para a canalização destinada às águas plu-viais.
Quanto aos resíduos da construção civil, são raras as cidades brasileiras que os coletam e os industrializam em usinas específi cas para esse fi m.
Características hidrológicas e morfológicas do rio
Em relação às características hidrológicas e morfológicas dos rios, grandes estragos ocorre-ram por meio de intervenções da engenharia, no entusiasmo do tecnocentrismo. Hoje, tais intervenções são alvo de críticas contundentes, como já visto no capítulo 2, pois ocasionam danos radicais aos ecossistemas, ao comportamento hidrológico do sistema fl uvial e à paisa-gem urbana, além de não solucionarem a sua principal meta – conter inundações.
Há uma unanimidade na visão de todos os planos analisados: o ideal seria descanalizar, destamponar e até renaturalizar o leito quando possível, utilizando métodos alternativos de contenção das margens. Verifi ca-se, entretanto, que esse tipo de intervenção nem sempre é possível, pela falta de disponibilidade de recursos fi nanceiros e de áreas adjacentes ao rio, e por se constituírem em medidas de médio e longo prazo.
A substituição dos canais de concreto retirados por outros métodos de contenção das mar-gens deve ser feita em função da declividade das encostas, da condição de estabilidade do solo, da disponibilidade de matéria prima e da condição de manutenção (Figuras 159 a 162). Pode-se adotar simplesmente o plantio ou o plantio associado a contenções com troncos de madeira, paliçadas de troncos, enrocamento, gabiões, mantas geotêxteis, e outras (Figuras 155 a 158). A vegetação é sempre recomendada por todos os benefícios que acarreta, con-forme explicitado no capítulo 2, além da possibilidade de operar uma positiva transforma-ção da paisagem urbana.
3 O sistema separador absoluto, em que águas pluviais e esgoto são coletados em tubulação separada, mencionado no
Figura 155: Proteção de margem com faxinas fi xadas com estacas
Fonte: Baden-Wurtt in COSTA (2001, p. 41) apud CARDOSO (2003).
Figura 156: Proteção de margem com estacas de madeira colocadas transversalmente
Figura 157: Proteção de margens com entreleçamento de varas colocadas transversalmente.
Fonte: SELLES (2001, p. 37) apud CARDOSO (2003).
Figura 158: Proteção de margem com raízes e pedras.
Figuras 159 a 160: Evolução da remoção de um canal onde não há limitação com expansão da margem vegetada – etapas 1 e 2
Fonte: COSTA (2001, p. 143) apud CARDOSO (2003)