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Introdução 02 Acidentes do Trabalho

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ÍNDICE Pág.

Introdução 02

Acidentes do Trabalho 10

Causas dos Acidentes de Trabalho 12

Investigação das Causas dos Acidentes 14

Custos dos Acidentes 16

Cadastro dos Acidentes 19

Estatísticas de Acidentes 20

Mapeamento de Riscos Ambientais 23

Normas Regulamentadoras 29

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SEGURANÇA DO TRABALHO

1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A Revolução Industrial

Revolução Industrial é o nome dado a um movimento ocorrido na Inglaterra entre 1760 e 1830, e que veio modificar profundamente os rumos da história da humanida-de.

Esta Revolução constitui-se no marco inicial da moderna industrialização, que teve origem com o aparecimento da primeira máquina de fiar. Até então a fiação e tecela-gem tinham constituído uma atividade doméstica tradicional, com produção apenas para atender às necessidades do próprio lar, e com um pequeno excesso, que era ven-dido a preço elevado em regiões onde estas atividades não eram desenvolvidas. O advento das máquinas que fiavam em ritmo muitíssimo superior ao mais hábil artífice, tornou possível a produção de tecidos em níveis até então não imaginados. (Diogo Pupo Nogueira).

A introdução da maquinaria na Inglaterra no Século XVIII, seguida por seu emprego nos Estados Unidos e outros países no Século XIX, criou um novo tipo de risco labo-ral.

Descreve-se melhor a Revolução Industrial como a transição da força do homem para a força da máquina, e como a passagem da produção nos lares para a produção nas fábricas.

O emprego de maquinarias e engrenagens, transmissões e lâminas cortantes, cada vez mais velozes e potentes, cresceu ininterruptamente sem consideração alguma pelos dedos ou mãos que pudessem amputar, acarretando novos tipos de riscos a um gigan-tesco número de acidentes do trabalho.

Um crescente contingente de trabalhadores, sem treinamento nem experiência, ficava exposto às peças em movimento e ao acúmulo de poeiras e produtos químicos alta-mente perigosos.

Intermináveis jornadas de trabalho, de sol a sol, e a utilização de crianças com o pa-gamento de um elevado tributo expresso em acidentes.

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As primeiras fábricas eram de construção rústica, ou instaladas em velhos moinhos (Mills), utilizando a água como a força motriz, com iluminação deficiente, quentes, mal arrumadas, sem instalações sanitárias, e as partes móveis das máquinas sem pro-teção. O emprego do vapor, o progresso dos transportes e o crescimento da população estimularam a exploração das minas de carvão.

Ainda em nossos dias a mineração de carvão nos Estados Unidos, é uma das indús-trias que maior risco oferecem, que se dirá no século XIX, quando pouco ou nada se conhecia de medidas de segurança nas minas. A queda de galerias, as inundações, as explosões, gases e asfixia causaram a morte de um grande número de mineiros. O proprietário da mina ou fábrica ditava, ele mesmo, as condições em que seus empre-gados deveriam trabalhar, e os familiares dos empreempre-gados acidentados, ou suas viú-vas, começaram a reclamar, mas era muito difícil serem atendidos por falta de apoio das autoridades governamentais, pois não havia nem mesmo leis que os amparassem.

Histórico da Segurança do Trabalho

A Segurança do Trabalho pode hoje ser definida como Ciência e Arte do Reconheci-mento, Avaliação e Controle dos Riscos de acidentes laborais. É ciência, porque o seu exercício requer o desenvolvimento de um espírito de pesquisa e comprovação das causas dos acidentes do trabalho, tanto na esfera técnica quanto na área humana e comportamental. Pode ser considerada ainda como uma ciência multidisciplinar, por-que, embora seja exercida pelos profissionais de segurança, não pode prescindir do apoio de outros ramos das ciências como Medicina, Psicologia, Assistência Social, Engenharia, Direito, Economia, Ergonomia, Educação, Química e Recursos Huma-nos. É também arte, porque requer de seus profissionais sensibilidade para reconhecer os valores humanos e universais presentes nos processos produtivos, e que devam ser preservados. Além disso, o profissional de segurança deve ter a sensibilidade de um educador, para obter das pessoas comportamentos voltados para a prática da seguran-ça, em consonância com os interesses de empregados e empregadores.

Comparada a outras ciências ou atividades, a Segurança do Trabalho é relativamente nova, já que as relações entre o trabalho e as doenças ou acidentes, permaneceram ignoradas cerca de 250 anos atrás, ou seja, de 1740 até nossos dias. Para exemplificar daremos a seguir um resumo cronológico de sua evolução histórica:

Em 1556, George Bauer publica o livro “Sobre o Metal” que descreve doenças rela-cionadas com a mineração da prata e do ouro.

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Em 1700, Bernardino Ramazzini publica, na Itália, uma obra, descrevendo uma série de doenças relacionadas a 50 profissões diversas, e introduz entre as perguntas impe-rativas da anamnese da época uma nova: “Qual é a sua ocupação ?”. Este trabalho lhe deu o cognome de “Pai da Medicina do Trabalho”.

Em 1760, ocorre na Inglaterra a Revolução Industrial, que intensifica a relação ho-mem/máquina, aumentando os índices de acidentes e despertando as autoridades para a importância da prevenção destes eventos.

Em 1802, é publicada, na Inglaterra, a primeira lei de proteção aos trabalhadores, inti-tulada Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes, que limitava a 12 horas a jornada diária de trabalho e proibia o trabalho noturno para menores aprendizes.

Em 1830, Robert Baker, famoso médico inglês, interessado em proteger a saúde dos trabalhadores, foi nomeado Inspetor Médico das Fábricas pelo Governo Britânico.

Em 1831, Michael Saddler chefiou uma Comissão Parlamentar de Inquérito que de-nunciava a situação crítica dos trabalhadores.

Em 1833, foi baixado o “Factory Act”, primeira legislação realmente eficiente na pro-teção do trabalhador inglês.

Em 1842, James Smith, diretor-gerente de uma indústria têxtil escocesa contratou um médico para fazer exames pré-admissionais, exames periódicos e orientar os trabalha-dores para a preservação da saúde.

Em 1852, na França, a Circular Ministerial, de 18 de dezembro, torna obrigatória a existência de Serviço Médico nas empresas, tanto industriais como comerciais.

Na década de 50, duas grandes organizações de âmbito mundial: OMS - Organização Mundial de Saúde e OIT - Organização Internacional do Trabalho se unem para proteger a saúde dos trabalhadores, fixando de forma ampla os objetivos da Saúde Ocupacional.

Em 1953, a Conferência Nacional do Trabalho elaborou a Recomendação nº 97, atra-vés da qual instituiu com os países membros o incremento da criação de serviços mé-dicos em locais de trabalho.

Em 1954, um grupo de 10 peritos da Ásia, América do Sul e da Europa, reunido em Genebra, estabeleceu a Recomendação nº 112, que tomou a nome de Recomendação para os Serviços de Saúde Ocupacional.

No Brasil, diversos movimentos científicos e legislativos se empenharam em levar o Governo Brasileiro a seguir a Recomendação nº 112, mas não obteve resultado.

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Em 1964, a tomada do poder pelos militares permitiu a introdução de diversas modifi-cações estruturais em Órgãos estaduais e Federais. Uma delas foi a unificação dos Institutos de Aposentadoria das diversas categorias profissionais em um Instituto Na-cional de Previdência Social (INPS). O seguro de acidente do trabalho, que era admi-nistrado pelos institutos das diversas categorias, passou a ser privativo do INPS. Esta unificação permitiu estatísticas de acidentes do trabalho, a nível nacional, e, da mesma forma, a apuração dos custos das indenizações pagas pelos cofres públicos aos aciden-tados e aos seus familiares. Tão elevados foram os números de acidentes do trabalho apurados, e tão altos os prejuízos que acarretavam para o Governo, que os Poderes Legislativo e Executivo foram acionados para a elaboração de um programa de âmbi-to nacional, com o objetivo de reduzir os acidentes e seus efeiâmbi-tos, que davam ao Bra-sil, na década de 70, o triste título de “Campeão Mundial de Acidentes do Trabalho”.

O plano, elaborado pelo Governo em 1972, denominou-se PNVT (Plano Nacional de Valorização do Trabalhador). Integrando este plano, o Governo Federal baixou a Por-taria 3.273, que tornou obrigatória a formação de Serviços Especializados em Segu-rança, Higiene e Medicina do Trabalho pelas empresas, conforme o grau de risco de suas atividades e o número de seus empregados.

Para tornar possível o cumprimento desta obrigatoriedade pelas empresas, o PNVT previa a formação de profissionais de Segurança e Medicina do Trabalho em caráter de emergência, através da estruturação de cursos intensivos, com cargas horárias re-duzidas, para a formação de Médicos e Enfermeiros do Trabalho e Engenheiros e Ins-petores de Segurança do Trabalho.

Em 1985, não mais se ministravam estes cursos intensivos de emergência, que foram substituídos pelos cursos de especialização para engenheiros e técnicos de segurança.

Esta retrospectiva histórica nos permite reconhecer como a Segurança do Trabalho vem crescendo em importância, na medida em que o homem vai se tornando consci-ente de que o objetivo do trabalho é gerar bens que tornem mais feliz e confortável a existência do homem, e jamais o infortúnio.

O Advento da Produção em Série

A produção seriada é um processo de produção industrial baseado no princípio de padronização das principais peças que compõem um conjunto e que permite produzi-las separadamente em grande escala. Este processo foi idealizado e introduzido, nos Estados Unidos, pela primeira vez, em 1903, por Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística americana.

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A corrida da industrialização, nos Estados Unidos e em vários países da Europa, trouxe a valorização excessiva da produção em prejuízo de valores humanos e univer-sais.

O advento da produção em série não veio comprometer a segurança física dos traba-lhadores, pois possibilitou a automação dos processos de fabricação, nos quais o ope-rador não precisa permanecer em contato íntimo com as partes móveis das máquinas, que passaram a ser comandadas à distância, por meio de acionamento de botões ou por automatismo e atualmente até por computadores.

Os aspectos negativos da produção seriada para a segurança do trabalhador estão liga-dos à fadiga visual ou muscular resultante de operações repetitivas, como no caso da que acontece aos digitadores: as tenossinovites, que atingem as membranas dos ten-dões por efeito de esforço repetitivo com as mãos e os dedos, num ritmo imposto pela produção mecanizada. Por outro lado, a mecanização do trabalho ameaça transformar o empregado num robô, situação que inspirou alguns pensadores e humanistas a pro-testarem através de suas obras, a exemplo do famoso cineasta inglês, Charles Chaplin, com seu filme “Tempos Modernos”, no qual o empregado em uma linha de montagem de uma grande fábrica continuava fazendo movimentos condicionados pela máquina, mesmo após deixar o trabalho.

Com a evolução dos processos mecanizados de produção, um outro fator de insegu-rança passou a assustar os trabalhadores, que viam neste progresso o fantasma do de-semprego em massa, criando assim um paradoxo: a evolução das técnicas de aumento de produção gerando o temor da falta.

Aspectos Sociais e Econômicos da Segurança e Medicina do Trabalho

Os Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho devem ser reco-nhecidos como uma conquista de alguns séculos de luta e denodado esforço de huma-nistas, governantes, legisladores, cientistas sociais, autoridades médicas, economistas, enfim de toda uma elite de seres humanos que empunharam a bandeira de preservação da integridade física e da dignidade dos empregados, ameaçados e prejudicados pela falta de segurança do trabalho.

Para podermos avaliar a importância da incumbência destes Serviços Especializados, destacaremos a repercussão negativa dos acidentes do trabalho no aspecto humano, social e econômico.

No Aspecto Humano

• Incapacitam, total ou parcialmente, o trabalhador em caráter temporário ou perma-nente;

• Causam sofrimento físico, moral e psicológico ao empregado;

• Angustiam a vítima pela autocompaixão, pela preocupação e incerteza quanto à recuperação e quanto ao futuro.

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• Atingem especialmente os menos favorecidos, pois são os que mais se expõem aos trabalhos rudes e mais perigosos.

• Reduzem o padrão de vida do acidentado por perda salarial e, conseqüentemente, sua qualidade de vida.

No Aspecto Social

• Quando resultam em seqüelas graves, podem incompatibilizar a vítima e seus fami-liares com o empregador ou médico assistente ou com a Previdência Social.

• Privam as comunidades de pessoas úteis e participativas quando causam incapaci-dade parcial ou total, permanentes.

• Revoltam a opinião pública, quando fazem vítimas fatais, por negligências dos empregadores.

• Geram incerteza e insegurança às famílias, cujos parentes trabalham nas mesmas funções de outros que sofreram acidentes graves ou fatais.

• Ocupam funcionários de assistência social com programas de reabilitação profis-sional, funcionários estes que poderiam ser utilizados em outras obras sociais.

• Agravam a discriminação de algumas categorias profissionais menos qualificadas.

No Aspecto Econômico

• Oneram os custos das empresas com tratamento de acidentados, perda de mão-de-obra, multas no descumprimento de prazos de entrega, prejuízos materiais e cau-sam elevação do preço de comercialização dos produtos.

• Afetam a economia do país ao reduzir a força de trabalho da população economi-camente ativa.

• Oneram os cofres públicos com pagamento de Seguros Sociais e com pagamento de assistência médica aos acidentados (hospitalização, cirurgia, próteses, reabilita-ções, etc.).

Consideradas todas estas implicações negativas da infortunística laboral, poderemos avaliar a importância dos Serviços Especializados e a relevância de seus resultados para todos os seguimentos da sociedade. Portanto, cada acidente evitado deve ser vis-to como um benefício amplo e profundo.

No cumprimento deste objetivo principal, a Segurança e Medicina do Trabalho con-tribuem para elevar o nível de conhecimento e desempenho profissional dos trabalha-dores, em todos os níveis hierárquicos, através de campanhas de orientação, educação e treinamentos.

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À Engenharia de Segurança ainda compete acompanhar atividades paralelas à produ-ção como a destinaprodu-ção de resíduos industriais, que são lançados no ar, nas águas ou em aterros, para evitar que estes, ultrapassando os limites físicos da empresa, venham afetar o meio ambiente.

Sob o prisma humano, a Segurança e Medicina do Trabalho exercem influência posi-tiva sobre o homem, tornando-o mais consciente de seu próprio valor como pessoa humana, pois, muitas vezes, o trabalhador põe em risco a sua vida por considerá-la em segundo plano em relação ao seu trabalho.

Também socialmente os Serviços de Segurança e Medicina do Trabalho exercem in-fluência positiva sobre o homem, já que grande parte da sociedade é atingida pelos acidentes, pois estima-se que mais de 20% da população economicamente ativa (em-pregados segurados e não-segurados) acidenta-se anualmente. Tal fato já é suficiente para considerar que, dentre os inúmeros males que atingem a sociedade, o acidente do trabalho é um dos mais graves.

Os reflexos da atuação destes Serviços Especializados, na economia da empresa, são de fácil comprovação, pois, ao reduzir os índices de acidentes, permite-se a continui-dade das operações, reduzindo os custos de produção. Neste sentido a contratação de profissionais de segurança e medicina não só é um imperativo Social e Humano, mas também um bom investimento.

Para finalizar, devemos deixar bem claro, que, apesar da inestimável contribuição dos Serviços de Segurança e Medicina do Trabalho para a prevenção dos acidentes, ela representa apenas uma parcela dentro de uma responsabilidade solidária do trinômio Estado/Empresa/Trabalhador.

As Conseqüências dos Acidentes do Trabalho a Nível Nacional

Sabemos hoje que os acidentes de trabalho afetam a nação como um todo; é, portanto, importante quantificarmos estas conseqüências para formar a consciência nacional, que favorecerá a mobilização de recursos materiais e humanos disponíveis para rever-ter este quadro, a exemplo do que já foi realizado nos países mais desenvolvidos.

Apesar das medidas governamentais tomadas a partir de 1972, contidas no Plano Na-cional de Valorização do Trabalhador, a taxa de acidentes do trabalho no Brasil é ain-da ain-das mais altas do mundo, ou seja, 4% dos trabalhadores segurados se acidentam anualmente. Isso sem computar os acidentes ocorridos com trabalhadores não segura-dos, existentes nas áreas rural e urbana. Fica evidenciado, portanto, que, estes 4% não representam parte da população economicamente ativa no Brasil. Some-se a isto que as doenças do trabalho, os acidentes do trajeto e os acidentes sem afastamento não são comunicados, em sua totalidade, pelas empresas, estimando-se que o referido índice (4%) é no mínimo quatro vezes maior, chegando a 16%. Assim, para cada 100 traba-lhadores brasileiros, 16 são atingidos com lesões pessoais.

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Tivemos registrada, em 1987, a cifra de 1.137.124 trabalhadores incapacitados para o trabalho (sem considerar os não segurados). Esse total aterrador de mutilados, incapa-citados e de óbitos, em apenas 1 ano, é suficiente para encher 5 estádios do porte do Maracanã.

A expressão econômica de um país é a coluna mestra de sustentação do Poder Nacio-nal, porque dela derivam todos os recursos para o desenvolvimento das outras expres-sões de seu poder. Grande parte do que a nação gasta hoje com tratamento e indeniza-ções a acidentados e seus dependentes poderia estar sendo aplicada em educação, em pesquisas científicas e tecnológicas, em pagamento de suas dívidas, interna e externa.

As empresas afetadas pelos prejuízos da infortunística são o segmento principal do poder econômico da nação. São elas, portanto, que constituem a Expressão Econômi-ca do Poder Nacional.

Conforme dispõe a Lei 8.212, de 24/07/91, artigo 22, as empresas recolhem à Previ-dência Social as taxas de 1%, 2%, e 3% de Seguro de Acidente do Trabalho, respec-tivamente para os graus de Risco Leve, Médio e Grave, sobre a folha mensal dos salá-rios de contribuição destas empresas. Do total recolhido são gastos 99% para indeni-zar despesas com acidentes do trabalho, enquanto apenas 1% destina-se aos progra-mas de prevenção destes acidentes através da FUNDACENTRO. Este é um investi-mento insignificante para se atingir meta tão importante, que é a de reduzir as tristes estatísticas e todas as suas implicações negativas a nível nacional.

Esta é uma política ANTIECONÔMICA, em termos de previdência, ANTI-SOCIAL, em termos de trabalhadores, e HOMICIDA, em termos humanos.

Os Reflexos dos Acidentes a Nível Internacional

Para podermos avaliar os reflexos dos acidentes do trabalho no panorama internacio-nal, devemos associar a ocorrência dos acidentes às condições sócio-econômicas e tecnológicas destes países.

Na impossibilidade de analisar o quadro de cada país, o faremos em conjunto, consi-derando as condições sócio-econômicas dos países da América Latina (Terceiro Mun-do), onde estas condições se assemelham, e os mecanismos de controle de riscos são menos rigorosos.

Existe uma relação íntima entre o subdesenvolvimento e os índices de acidentes dos países, sendo que estes índices podem até mesmo se refletir no panorama internacio-nal como um indicador de subcultura.

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ACIDENTE DO TRABALHO

Conceituação: Acidente do Trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a servi-ço da empresa, ou, ainda, pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provo-cando lesão corporal ou perturbação da capacidade para o trabalho permanente ou temporário.

Conceito Legal: “Acidente do Trabalho será aquele que ocorrer pelo exercício do tra-balho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional, que cause a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.

Esta definição está contida na Lei 8.213, de 24/07/91, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências.

Esta complementação do conceito legal evidencia o espírito da lei em proteger os di-reitos do trabalhador acidentado contra possíveis interpretações tendenciosas que ten-tem descaracterizar o acidente do trabalho, atribuindo-o preponderanten-temente a causa ou causas anteriores alheias ao trabalho.

Para caracterizar um acidente do trabalho é necessário que fique constatada a existên-cia de nexo causal entre o efeito (dano pessoal ao empregado) e a causa (trabalho exe-cutado pelo empregado).

Casos equiparados ao Acidente do Trabalho

I - O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja con-tribuído diretamente para a morte do segurado, para a perda ou redução da sua capaci-dade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recupe-ração;

II - O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conse-qüência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiros ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro, ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior.

III - A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade.

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IV - O acidente sofrido, ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviços sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou

proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por es-ta, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independente-mente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segu-rado.

Parágrafo 1º - Nos períodos destinados à refeição ou ao descanso, ou, por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho, ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

Parágrafo 2º - Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às conseqüências do anterior.

Parágrafo 3º - Considerar-se-á como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da ativi-dade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para esse efeito o que ocorrer primeiro.

Parágrafo 4º - Será considerado agravamento de acidente do trabalho aquele sofrido pelo acidentado quando estiver sob a responsabilidade de Reabilitação Profissional.

Conceito Técnico

O Conceito Técnico é o que mais deve interessar ao profissional de segurança, porque abrange toda a visão prevencionista do acidente do trabalho. Podemos expressá-lo nos seguintes termos:

“O acidente do trabalho é uma ocorrência não programada, inoportuna, não dese-jável, que interfere no andamento normal do trabalho, causando perda de tempo, danos materiais e/ou pessoais”.

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Lesão Incapacitante

Lesão Não Incapacitante

Danos à Propriedade

Acidente Tipo (NB – Norma Brasileira – 18)

Esta expressão Acidente Tipo é usada para definir a maneira como a pessoa sofre a lesão, ou seja, exprime a forma como se dá o contato entre a pessoa e o agente da le-são (seja este violento ou não). Exemplos:

Batida contra: pessoa bate o corpo ou parte deste contra obstáculos. Batida por: Situação em que a pessoa sofre batidas de objetos ou peças. Queda de objetos: Neste caso a pessoa é atingida por objetos que caem.

Queda de pessoas: A pessoa sofre lesão ao cair de mesmo nível ou de nível acima do solo.

Prensagem: Quando o corpo da pessoa, ou parte deste, é prensada por objetos ou par-tes móveis de equipamentos.

Esforço excessivo: neste caso, a lesão atinge tendões ou músculos, quando estes são exigidos acima do limite de resistência.

Exposição à temperatura externa: Quando há exposição do corpo, ou de parte deste, a temperaturas muito elevadas ou muito baixas.

Contato com eletricidade: Quando a lesão é causada pela passagem da corrente elé-trica.

Contato com substâncias cáusticas: Quando a lesão é causada por contato com pro-dutos químicos corrosivos em alta concentração.

CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO

Podemos reconhecer, como causa de acidente, qualquer fator que, se removido a tem-po, evitará o acidente. Os acidentes, sob qualquer forma que se apresentem, têm suas causas e, portanto, não são inevitáveis como se costuma supor. A visão prevencionista se apóia na capacidade de reconhecimento, avaliação e controle das possibilidades de ocorrência dos acidentes.

a) Definição de Risco: Risco é a possibilidade de ocorrência de uma ou mais variá-veis com potencial suficiente para degradar um sistema e causar danos. O risco é, portanto, uma causa de acidente em potencial. Os riscos, levantados na análise de um acidente, aplicando-se a Técnica Série de Riscos, podem ser classificados em:

Risco inicial: é a condição com potencial para degradar o sistema, que se converteu na origem da série.

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Riscos Contribuintes: são as condições que interagiram com o Risco Inicial, contri-buindo para a degradação do sistema.

Risco Principal: é a condição que finalmente pôde se materializar em dano (agente da lesão e/ou do prejuízo material).

b) Definição de Perigo: É a exposição de um valor, pessoal ou material, a um risco, que favoreça a sua materialização ou dano.

c) Definição de Dano: É a severidade da lesão, perda física, funcional ou econômica, que pode resultar no controle sobre um risco se não for efetivado.

d) Definição de Inibidor: É a providência adequada para se eliminar ou controlar cada risco levantado numa Série de Riscos.

Ato Inseguro - É a maneira pela qual o trabalhador age se expondo, consciente ou inconscientemente, ao risco de acidente. Exemplos:

„ Ficar junto ou sob cargas suspensas.

„ Colocar o corpo ou parte deste em posição perigosa.

„ Operar máquina sem autorização ou permissão.

„ Imprimir excesso de velocidade em máquinas ou veículos.

„ Lubrificar, ajustar ou limpar máquinas em movimento.

„ Improvisar ferramentas ou utilizá-las para outros fins.

„ Inutilizar ou anular dispositivos de segurança.

„ Não usar equipamentos de proteção individual.

„ Usar roupas inadequadas ao operar máquinas.

„ Usar anéis, pulseiras, cabelos longos e soltos próximo às partes móveis de máqui-nas operatrizes.

„ Manipular produtos químicos sem conhecimento de suas propriedades.

„ Fumar ou usar chama em locais onde haja risco de incêndio ou explosão.

„ Brincar ou fazer exibicionismo em serviço.

Causas dos Atos Inseguros

„ Desconhecimento dos riscos de acidentes.

„ Treinamento inadequado.

„ Falta de aptidão ou de interesse pelo serviço.

„ Atitude de violência ou de revolta.

„ Incapacidade física para o trabalho.

„ Pressa na execução do trabalho.

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Exemplos:

„ Falta de proteção em máquinas e equipamentos.

„ Ferramental ou maquinaria defeituosos ou inadequados.

„ Má arrumação e falta de limpeza no local de trabalho.

„ Escassez de espaço no posto de trabalho.

„ Passagens perigosas de pessoas.

„ Instalações elétricas inadequadas ou defeituosas.

„ Iluminação inadequada.

„ Ventilação inadequada.

„ Falta de equipamentos de proteção individuais.

e) Fator pessoal de Insegurança: É a condição pessoal do trabalhador, constituída por uma característica física ou psicológica que predispõe ao acidente.

Exemplos:

„ Defeito físico ou dos sentidos.

„ Deficiência psicológica.

„ Estrutura incompatível com a função.

„ Doença convulsiva.

„ Idade incompatível com a função.

INVESTIGAÇÃO DAS CAUSAS DOS ACIDENTES

A investigação das causas dos acidentes constitui-se no primeiro passo para o Reco-nhecimento, Avaliação e Controle dos Riscos de Acidentes. Mas esta não é uma tarefa simples, porque a maioria das causas de acidentes está ligada aos processos industriais e às ações inconseqüentes dos homens, gerando tanto os Atos Inseguros como as Condições Inseguras.

As Condições Inseguras são, com raras exceções, a materialização de falhas humanas que se tornam presentes num ambiente de trabalho, predisposto ao acidente. Por isso, numa investigação mais profunda das causas de um acidente, decorrente de uma con-dição insegura, vamos encontrar quase sempre um erro de projeto ou de construção de um equipamento ou instalação que contribui para a ocorrência do acidente. Nossa afirmativa comprova-se pela necessidade freqüente da intervenção da Engenharia de Segurança sugerindo mudanças em “layouts”, modificações em escadas e construção de passarelas, bem como proteções em máquinas ou equipamentos já em funciona-mento. Subordinando-se, portanto, as causas dos acidentes às ações humanas, conclui-se que a investigação e controle dessas causas não são tarefas simples que não podem ficar restritas às causa imediatas do acidente rotuladas de ato seguro ou de condição insegura, que pouco ou nada acrescentam ao prevencionismo. As causas dos acidentes são, portanto, tão oblíquas, que não podem limitar-se a enfoques simplistas ou super-ficiais.

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Análise de Acidentes - Análise dos acidentes tem a finalidade de conhecer suas cau-sas para que sejam avaliadas e controladas. Os antigos métodos de análise de aciden-tes se limitavam a identificar a causa imediata da lesão ou do dano material, sem pes-quisar os inúmeros antecedentes que conduziram ao acidente. A evolução do preven-cionismo levou ao desenvolvimento de uma metodologia denominada Técnica Série de Riscos que possibilita uma análise com objetividade e tecnicidade.

A Técnica Série de Riscos - Este moderno método de análise é realizado em grupo, exigindo a participação ativa de todos os seus integrantes e tornando coletivo o pro-cesso decisório, tanto no reconhecimento como na avaliação, no controle das causas do acidente analisado. A Técnica Série de Riscos permite estabelecer indicadores con-fiáveis das causas dos acidentes, pois conta com a experiência das pessoas que têm experiência, autoridade e responsabilidade sobre os processos envolvidos no acidente.

Finalidade da T.S.R: Analisar acidentes com objetividade e tecnicidade, evitando julgamentos e interpretações subjetivas e conduzindo à descoberta de um elevado nú-mero de causas com suas respectivas medidas inibidoras, possibilitando a escolha da solução mais adequada e oportuna para cada uma delas.

Composição do Grupo:

a) Acidentado (sempre que possível). b) Chefia imediata do acidentado.

c) Testemunha (preferencialmente colega que exerça a mesma função do acidentado) d) Representante do Setor de Manutenção Mecânica e/ou Elétrica (segundo a natureza

do acidente).

e) Representante da CIPA. f) Técnico de Segurança.

g) Chefe do Setor onde ocorreu o acidente.

h) Médico ou Enfermeiro do Trabalho (quando a natureza do acidente exigir).

Princípios Orientadores do Trabalho do Grupo

a) Criar um clima de confiança entre os participantes.

b) Colocar de lado as influências hierárquicas entre os participantes, pois o chefe não é necessariamente o que tem mais conhecimento dos processos operacionais. c) Eliminar totalmente a tendência de buscar culpados, e sim as causas que levaram

ao acidente.

d) Dirigir a consideração das pessoas para fatos reais, evitando lidar com suposições do tipo “quem sabe” ou “talvez”.

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Metodologia de Aplicação da Técnica Série de Riscos (Fase de Preparação da Reunião)

1 - Definir as pessoas que irão compor o grupo (as que mais contribuição têm a dar sobre o acidente).

2 - Fazer a convocação por escrito e enviar a cada participante com antecedência mí-nima de 5 dias, contendo informações como a data, local, horário e tema da reunião. 3 - Antes da reunião, preparar o local, reunindo o material de apoio como: “slides”, transparências ou desenho que ilustre o posto de trabalho, a máquina ou a instalação onde ocorreu o acidente. Quadro a giz ou “flip charter”.

(Durante a reunião)

4 - Listar no quadro a giz, à vista de todos os presentes, todos os riscos que forem sendo levantados, até que se esgotem as considerações.

5 - Retirar da relação os riscos que não contribuíram diretamente para a ocorrência do acidente.

6 - Classificar os Riscos em Inicial, Contribuinte e Principal, ordenando-os segundo a sua ocorrência, no tempo e no espaço, de forma seriada.

7 - Estabelecer um inibidor para cada risco. 8 - Determinar o Diagrama de Blocos.

9 - Enviar à chefia do setor responsável a ata da reunião realizada, acompanhada do Diagrama de Blocos para que a referida chefia possa adotar as medidas inibidoras propostas na análise do acidente.

CUSTOS DOS ACIDENTES

Introdução

Apesar de reconhecermos que o homem e o meio ambiente são os maiores valores a serem preservados contra os agentes agressivos dos processos produtivos, encontra-mos a dura realidade da nossa conjuntura sócio-econômica, que coloca em primeiro lugar o lucro, situando em segundo plano o homem e o meio ambiente. Por outro lado, se o empresário coloca em primeiro plano o lucro, poderemos fazer do custo dos acidentes um importante argumento para convencê-lo a investigar na Prevenção.

Custo Social e Custo Privado

Os prejuízos decorrentes dos acidentes do trabalho atingem todos os segmentos da sociedade. Numa primeira instância estes custos atingem o empregado, seus familia-res e a empfamilia-resa - Custo Privado; em segunda instância, atingem a sociedade e a na-ção - Custo Social.

(17)

A Empresa e o Custo dos Acidentes

Embora a empresa seja o segmento social mais atingido pelos efeitos antieconômicos dos acidentes do trabalho, os seus dirigentes nem sempre os percebem em toda a sua extensão. Na verdade não existe, na quase totalidade das empresas, um sistema de apuração de custos de seus produtos. Sendo o acidente uma ocorrência não programa-da, indesejável, que interfere no andamento normal de uma atividade laboral, acarreta sempre perda de tempo e da conseqüente produtividade, mesmo quando não causa danos materiais ou pessoais.

Composição do Custo dos Acidentes

De acordo com a legislação brasileira, as empresas repassam uma parcela dos custos dos acidentes pessoais ao INSS através do Seguro Obrigatório de seus empregados. Esta parcela é denominada Custo Segurado ou Custo Direto. Há, porém, outra parcela maior chamada Custo Não Segurado ou Custo Indireto, que é de responsabilidade exclusiva do empregador.

Custo Segurado ou Custo Direto

O Custo Segurado ou Direto é de fácil apuração pela contabilidade de custos da em-presa. Este custo aparece como uma saída definida de dinheiro, expressa em Taxa de Seguro, destinada à Previdência Social. Ela cobre todas as despesas ligadas direta-mente ao atendimento dos acidentados que, desta forma, passam para a responsabili-dade do INSS como:

„ despesas médicas, hospitalares e farmacêuticas, necessárias à recuperação do aci-dentado;

„ pagamento de diárias e indenizações enquanto se mantiver afastado do serviço;

„ transporte do acidentado durante o tratamento médico.

Capítulo IV - Da contribuição da Empresa

Art.22 - A contribuição da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de:

I - 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, a qual-quer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados, empresários, trabalhado-res avulsos e autônomos que lhe ptrabalhado-restem serviços;

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a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve;

b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave;

c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave.

Parágrafo 3º - O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar, com base nas estatísticas de acidentes do trabalho, apuradas em inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da contribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de estimular investimentos em prevenção de acidentes.

Custo Não Segurado ou Custo Indireto

Este custo engloba todas as despesas que têm uma decorrência indireta dos acidentes. Os principais itens que os compõem são:

• Salários pagos aos colegas do acidentado, que deixaram de produzir em decorrên-cia do acidentes.

• Salário pago ao acidentado sem afastamento, durante o período de curativos.

• Salário pago ao acidentado com afastamento, não coberto pelo INSS (primeiros 15 dias).

• Salários pagos em horas extras para repor a produção que o acidentado deixou de dar.

• Salários pagos aos supervisores pelo tempo decorrido em atividades ligadas ao acidente.

• Diminuição da eficiência do acidentado ao retornar ao trabalho. Despesas com pre-paração do substituto do acidentado.

• Custo de material e/ou equipamento danificado no acidente (quando houver).

• Despesas decorrentes de atraso nas entregas, ligadas a multas contratuais, etc...

Finalizando, todas essas despesas relacionadas ao lucro cessante proveniente do acidente.

Cálculo do Custo Não Segurado

O Custo Segurado é de difícil apuração. Existem alguns métodos na Engenharia de Sistemas que podem ser aplicados não só aos acidentes com lesão pessoal, mas a to-dos os acidentes com danos à propriedade, como quebra de máquinas, equipamentos, etc..

(19)

O método mais conhecido para se apurar o Custo Indireto de um acidente com lesão pessoal é baseado na teoria de Heinrich. Este método consiste em se considerar o Custo Indireto como sendo 4 vezes o Custo Direto. Esta relação de 4 x 1, aceita pelos especialistas, foi encontrada por H. W. Heinrich em 1930, e baseia-se no fato de que, para cada unidade monetária gasta com indenização e assistência às vítimas (Custo Segurado) correspondem 4 unidades monetárias de Custo Não Segurado ou Indireto.

CADASTRO DE ACIDENTES

Introdução: Quando ocorrem acidentes do trabalho em uma empresa, com conseqüen-tes lesões nos trabalhadores, esconseqüen-tes acidenconseqüen-tes se constituem numa prova evidente de que existem nesta empresa:

Condições Inseguras e Atos Inseguros que precisam ser devidamente RECONHECIDOS, AVALIADOS e CONTROLADOS.

Contudo, para podermos conhecer o grau de segurança em que se encontra esta em-presa, e para podermos acompanhar a evolução dos acidentes é necessário organizar um cadastro destes eventos, para sabermos com que freqüência ocorrem e a gravidade das lesões sofridas pelos empregados. Constituindo o cadastro ele também servirá para:

„ avaliar se os gastos com o programa de segurança estão sendo compensadores;

„ criar interesse pela Prevenção de Acidentes;

„ determinar as principais fontes de acidentes;

„ identificar Atos e Condições Inseguras;

„ prestar informações à diretoria da Empresa;

„ apresentar dados estatísticos em reuniões (CIPA e outras);

„ organizar cursos de segurança.

Comunicação e Registro de Acidentes

A comunicação dos acidentes com lesão, além de ser uma exigência legal, constitui-se na principal fonte de dados cadastrais. O impresso utilizado para formalizar a comuni-cação do acidente é também conhecido pela sigla CAT e deve conter, além dos dados exigidos pelo INSS, outros que têm a finalidade de enriquecer o Cadastro de Aciden-tes do Órgão de Segurança. EsAciden-tes dados são:

a) Campo Preenchido pelo Supervisor Imediato do Acidentado

„ - Nome do acidentado

„ - Número de registro do empregado

„ - Setor a que pertence

„ - Função que exerce

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„ - Idade

„ - Hora e data do acidente

„ - Horas trabalhadas até o acidente

„ - Regime de trabalho (normal ou extra)

„ - Dia da última folga

„ - Área onde ocorreu o acidente

„ - Descrição do acidente

„ - Assinatura de duas testemunhas com respectivos endereços

„ - Assinatura do Supervisor imediato.

b) Campo Preenchido pelo Médico do Trabalho

„ - Diagnóstico ou lesão

„ - Parte do corpo atingida - Afastamento ou não do trabalho

„ - Dias de afastamento do trabalho e dias debitado (estes últimos se houver lesão ou perda de função ou membro)

„ - Data do afastamento

„ - Data da alta médica

„ - Assinatura do médico.

c) Campo preenchido pelo Técnico de Segurança

„ - Conclusões do Técnico de Segurança (com indicações das causas: Ato Inseguro, Condição Insegura, Fator pessoal, Doença Profissional, Acidente do Trajeto)

„ - Assinatura do Técnico de Segurança.

ESTATÍSTICA DE ACIDENTES

TAXA OU COEFICIENTE DE FREQÜÊNCIA

A Taxa ou Coeficiente de Freqüência dos acidentes expressa o número de acidentes ocorridos em cada milhão de horas/homens/trabalhadas. Embora muitos autores e até Órgãos do Ministério do Trabalho utilizem este indicador para fazer comparações de uma empresa com outra, consideramos desaconselhável este procedimento uma vez que os riscos não são comparáveis, assim como as peculiaridades de cada empresa.

Como prevencionistas, devemos utilizar este referencial para acompanharmos a evo-lução dos índices de segurança de uma empresa ao longo do tempo, comparando-a com ela própria. A expressão Taxa de Freqüência é :

TX. FREQ. = Nº de Acid. x 1.000.000

Horas/Homens Trabalhadas

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TAXA OU COEFICIENTE DE GRAVIDADE

Esta taxa representa a perda de tempo em número de dias perdidos por acidentes ocor-ridos em 1 milhão de Horas/Homens Trabalhadas. Aos dias efetivamente perdidos pelo afastamento do acidentado, somam-se os Dias Debitados, quando ocorrer lesão que cause redução permanente de sua capacidade para o trabalho.

Os Dias Debitados são informados com base na Tabela de Dias Debitados, que estima a vida média do trabalhador ou em 20 anos ativos ou 6.000 dias úteis, e é reconhecida internacionalmente. Portanto, a Taxa de Gravidade é o indicador oficial da severidade das lesões causadas por acidente do trabalho em uma empresa.

A expressão da Taxa de Gravidade é:

TX . GRAVID. = (Nº Dias Perd. + Nº Dias Deb.) x 1.000.000

Horas/ Homens trabalhadas

Definições das Variáveis das Taxas Segundo a NB - 18 (ABNT - 1951)

1) Acidente Sem Perda de Tempo

É o acidente em que o acidentado, segundo o parecer do Médico do Trabalho, pode exercer sua função normal, no mesmo dia do acidente, ou no imediato ao do acidente, no horário regulamentar.

2) Incapacidade Temporária

É a perda total da capacidade para o trabalho por um período nunca superior a um ano.

3) Incapacidade Total Permanente

Perda anatômica ou impossibilidade funcional em suas partes essenciais (mãos, pés, olhos) e lesões orgânicas ou perturbações funcionais graves e permanentes de qual-quer órgão vital, que determine incapacidade para o trabalho.

4) Incapacidade Parcial Permanente

Perda de qualquer membro, ou parte dele, perturbação de qualquer membro ou parte do mesmo. Ex: perda de um olho ou perda de um dedo.

(22)

6) Homens / Horas Trabalhadas

É o número que exprime a soma de todas as horas efetivamente trabalhadas por todos os empregados do estabelecimento, inclusive pessoal de escritório, administração, vendas ou outras funções.

NOTA: Nestas horas incluem-se as horas extras e excluem-se as horas de repouso remunerado.

7) Dias Perdidos

É o total de dias corridos em que o acidentado ficou incapacitado para o trabalho em decorrência de acidente, com incapacidade temporária, contados a partir do dia imedi-ato ao do acidente, até o dia da alta médica, inclusive.

OBS.: No caso de agravamento de lesão considerada inicialmente sem afastamento, e que vier a ser requerido posteriormente o afastamento pelo médico, contam-se os dias perdidos a partir da data do afastamento e não do dia seguinte ao do a-cidente.

8) Dias Debitados

São os dias que, convencionalmente, se atribui à redução ou perda total permanente da capacidade para o trabalho em decorrência de acidente do trabalho.

NOTA: Nos dias a computar por incapacidade permanente parcial e incapacidade temporária total, resultantes de um mesmo acidente, contar-se-ão os dias cor-respondentes à incapacidade de maior tempo perdido, que será a única a ser considerada. (NB-18, Item 4.5)

9) Periodicidade da Estatística de Acidentes

Pode ser mensal ou anual, com encerramento no último dia do mês ou do ano respec-tivamente.

(23)

10) Tabela de Dias Debitados

Natureza da Invalidez

%

Dias Debitados

Morte 100 6.000

Incapacidade Total ou Permanente 100 6.000

Perda da Visão de Ambos os Olhos 100 6.000

Perda da Visão de Um Olho 30 1.800

Perda do Braço Acima do Cotovelo 75 4.500

Perda do Braço Abaixo do Cotovelo 60 3.600

Perda da Mão 50 3.000

Perda do 1º Quirodátilo (Polegar) 10 600

Perda de qualquer outro Quirodátilo (Dedo) 5 300

Perda de dois outros Quirodátilos 12,5 750

Perda de três outros Quirodátilos 20 1.200

Perda de quatro outros Quirodátilos 30 1.800

Perda do 1º Quirodátilo e de qualquer outro 20 1.200

Perda do 1º Quirodátilo e de dois outros 25 1.500

Perda do 1º Quirodátilo e de três outros 33,5 2.000

Perda do 1º Quirodátilo e de quatro outros 40 2.400

Perda da Perna acima do joelho 75 4.500

Perda da Perna no joelho ou abaixo dele 50 3.000

Perda do Pé 40 2.400

Perda do 1º Pododáctilo ou de dois outros mais 6 300

Perda do 1º Pododáctilo de ambos os pés 10 600

Perda de qualquer outro Pododáctilo 0 0

Perda da Audição de um ouvido 10 600

Perda da Audição de ambos ouvidos 50 3.000

MAPEAMENTO DE RISCOS AMBIENTAIS

O Mapa de Riscos é a apresentação gráfica dos riscos ambientais nos diversos locais de trabalho, inerentes ou não ao processo produtivo, de fácil visualização e afixado em locais acessíveis, no ambiente de trabalho, para informação e orientação de todos os que ali atuam e de outros que eventualmente transitem pelo local, quanto às princi-pais áreas de risco.

(24)

O mapa de riscos é elaborado segundo a portaria nº 5, de 17 de agosto de 1992, pela CIPA, ouvidos os trabalhadores envolvidos no processo produtivo e com orientação do serviço especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SEESMT - da Empresa.

É considerada indispensável, portanto, a participação das pessoas expostas ao risco no dia-a-dia.

A elaboração do mapa de riscos pela CIPA é obrigatória nas empresas com grau de risco e número de empregados que exijam a constituição da CIPA.

O mapa de riscos deve ser feito anualmente, toda vez que se renova a CIPA. Ele deve ser revisado quando houver modificações importantes que alterem a representação gráfica (tamanhos dos círculos).

A realização do mapa de riscos é informada formalmente ao Empregador por meio da Ata da respectiva Reunião da CIPA. Os prazos para a adoção das medidas são negoci-ados entre as CIPA’s e as Empresas.

A falta de elaboração e de afixação, nos locais de trabalho, do mapa de riscos, pode implicar em multas de valor elevado (NR-28). As infrações são classificadas por sua intensidade, representada por números de 01 a 04, e graduadas de acordo com o nú-mero de empregados da Empresa.

Os riscos estão presentes no local de trabalho e em todas as demais atividades huma-nas, comprometendo a segurança e a saúde das pessoas e a produtividade da Empresa.

Estes riscos podem afetar o trabalhador a curto, a médio, e, em longo prazo, provo-cando acidentes com lesões imediatas e/ou doenças chamadas profissionais ou do tra-balho, que se equiparam a acidentes do trabalho.

Para fazer o mapa de riscos, consideram-se os riscos ambientais provenientes de :

1) Agentes Químicos: Poeiras, fumos, névoas, vapores, gases, produtos químicos em geral, etc..

2) Agentes Físicos: Ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes, pressões anormais, temperaturas extremas, umidade, etc..

3) Agentes Biológicos: Vírus, bactérias, fungos, bacilos, parasitas, etc..

(25)

4) Agentes Ergonômicos: Trabalho físico pesado, posturas incorretas, treinamento inadequado/inexistente, monotonia, ritmo excessivo, etc..

5) Risco de Acidentes: Arranjo físico deficiente, máquinas e equipamentos sem pro-teção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, eletricida-de, armazenamento inadequado, animais peçonhentos, etc..

É muito importante saber que a presença de produtos ou agentes no local de trabalho não quer dizer que, obrigatoriamente, exista perigo para a saúde. Isso depende da combinação de muitas condições como a natureza do produto, a sua concentração, o tempo e a intensidade a que a pessoa fica exposta.

Elaboração do Mapa de Riscos

É importante ter uma planta do local, mas, se não houver condições de conseguir, isto não deverá ser um obstáculo.

Faz-se um desenho simplificado, um esquema ou croqui do local. A CIPA deve se familiarizar com o Anexo II, que classifica os riscos de acidentes de trabalho.

Nessa tabela - que faz parte dos anexos da Portaria Ministerial -, há cinco tipos de riscos (já descritos anteriormente), que corresponderão a cinco cores diferentes no mapa.

Após o estudo dos tipos de riscos, deve-se dividir o local a ser mapeado em setores. Geralmente isso corresponde às diferentes seções da Empresa. Essa divisão facilitará a identificação dos riscos de acidentes de trabalho.

Em seguida, o grupo deverá percorrer as áreas a serem mapeadas com lápis e papel na mão, ouvindo as pessoas acerca de situações de risco de acidentes do trabalho.

Sobre esse assunto, é importante perguntar aos demais trabalhadores o que incomoda e quanto incomoda, pois isso será importante para se fazer o mapa. Também é preciso marcar os locais dos riscos informados em cada área.

(26)

Os riscos são caracterizados graficamente por círculos e cores. O tamanho do círculo representa o grau de risco.

Obs. 1

Risco Grande Risco Médio Risco Pequeno ou Grave

Cada círculo deve ser colocado naquela parte do mapa que corresponde ao lugar onde o problema existe.

Caso existam, num mesmo ponto de um setor, diversos riscos de um só tipo - por e-xemplo, riscos físicos: ruído, vibração e calor -, não é preciso colocar um círculo para cada um desses agentes. Basta um círculo apenas - neste exemplo, com a cor verde -, dos riscos físicos, desde que os riscos tenham o mesmo grau de nocividade.

Uma outra situação é a existência de riscos de tipos diferentes num mesmo ponto. Neste caso, divide-se o círculo conforme a quantidade de riscos de tipos diferentes num mesmo ponto, cada parte com sua respectiva cor.

Quando um risco afeta a seção inteira do setor de trabalho - exemplo: ruído -, uma forma de representar isso no mapa, é colocá-lo no meio do setor e acrescentar setas nas bordas, indicando que aquele problema se espalha pela área toda.

Exemplo:

É Ê

Ë Ì

Ex.: Risco Físico - Iluminação

Obs.: Concluída a elaboração do mapa da CIPA, deve-se preencher os quadros dos anexos, com os riscos encontrados e encaminhá-los à Empresa.

Obs. 1 : O número de trabalhadores expostos ao risco deve ser colocado dentro do círculo.

Obs. : A especificação do agente deve ser também anotada.

(27)

O Mapa de Riscos deve ficar em local visível para alertar as pessoas que ali trabalham sobre os riscos de acidentes em cada ponto marcado com os círculos. Também podem ser acrescentados novos círculos, por exemplo, quando se começa um novo processo, se constrói um novo setor na Empresa ou se descobre perigos que não foram encon-trados quando se fez o primeiro Mapa.

O mapa é, portanto, dinâmico. Os círculos mudam de tamanho, desaparecem ou sur-gem. O Mapa deve ser revisado, quando houver modificações importantes que alterem a representação gráfica (círculos) ou, no mínimo, de ano em ano, a cada nova gestão da CIPA.

ANEXO II

IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS

Grupo 1 - Verde Grupo 2 – Vermelho Grupo 3 - Marrom Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Ruídos Poeiras Vírus

Vibrações Fumos Bactérias

Radiações ionizantes Névoas Protozoários

Radiações não ionizantes Neblinas Fungos

Frio Gases Parasitas

Calor Vapores Bacilos

Pressões anormais Produtos Químicos (geral) Umidade

Grupo 4 – Amarelo Grupo 5 - Azul Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes

Esforço físico intenso Arranjo físico inadequado

Levantamento e transporte manual (pesos) Máquinas/Equipamentos s/ proteção

Postura inadequada Ferramentas inadequadas

Controle rígido de produtividade Iluminação inadequada Imposição de ritmos excessivos Eletricidade

Trabalho em turno Probabilidade de incêndio e explosão

Trabalho excessivo Armazenamento inadequado

Monotonia e repetitividade Animais peçonhentos

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ANEXO I

Local de trabalho:_________________________

Grupo I - Riscos Químicos

Riscos Fonte Geradora Nº do Mapa

Proteção Individual /

Coletiva

Recomendações

Gases e vapores

Poeiras

Fumos

Névoas

Neblinas

Outros

As próximas tabelas do Anexo I devem seguir os mesmos procedimentos, atribuindo-se à coluna de riscos os que pertencem aos agentes causadores dos mesmos.

Caso se constate a necessidade de medidas corretivas nos locais de trabalho, a direção do estabelecimento definirá a data e o prazo para providenciar as alterações propostas, através de negociação com os membros da CIPA e do SEESMT. Tais datas deverão ficar registradas no livro de atas da CIPA.

O objetivo final do mapa é conscientizar sobre os riscos e contribuir para eliminá-los, reduzi-los ou controlá-los. Graficamente, isso significa a eliminação ou diminuição do tamanho/quantidade dos círculos. Também podem ser acrescentados novos círculos, por exemplo, quando se começa um novo processo, se constrói uma nova seção na empresa ou se descobre perigos que não foram encontrados quando se fez o primeiro mapa.

(29)

NORMAS REGULAMENTADORAS

NR 1 - Disposições Gerais

Estabelece quem deve cumprir as Normas Regulamentadoras, quais categorias de tra-balhadores elas alcançam, e que o seu cumprimento não desobriga de se observar o que dispõem outras normas, leis e convenções coletivas. Estabelece o que compete ao MTb através da SSST e através da DRT. Define (e é importante conhecer essas defi-nições) o que é empresa, estabelecimento, frente de trabalho, etc.. Define a responsa-bilidade solidária entre empresas que constituem grupos econômicos e define as res-ponsabilidades do empregador e dos trabalhadores.

Importante ressaltar que a Portaria nº 13, de 07/02/88, alertou, em função da Conven-ção 148 da OrganizaConven-ção Internacional do Trabalho, o texto da NR-1, incluindo, o de-ver dos empregadores de informar os trabalhadores sobre os riscos a que estão expos-tos, no seu ambiente de trabalho, e autorizou os representantes dos trabalhadores (di-rigentes sindicais) a acompanharem as vistorias realizadas pelo MTb.

NR 2 - Inspeção Prévia

Estabelece regras para solicitação e para emissão do CAI - Certificado de Aprovação de Instalações, quando for possível ao MTb realizar inspeção prévia, ou seja, antes do início das atividades, ou da Declaração de Instalações, encaminhada pela empresa à DRT, quando não for possível a realização de inspeção prévia.

NR 3 - Embargo ou Interdição

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NR 4 - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e

Medici-na do Trabalho

Deve ser constituído por todas as empresas que se enquadrem nos quadros anexos. O primeiro quadro estabelece a classificação dos diversos ramos de atividade em graus de risco que variam de 1 a 4 . A classificação segue o enquadramento das empresas no Código Nacional de Atividade Econômica - CNAE, que é estabelecido pela Receita Federal e que consta do Cartão do CGC de cada empresa. Em função do enquadra-mento em grau de risco e do número de trabalhadores, a empresa pode dimensionar o número, a qualificação e a carga horária dos profissionais que constituirão seu servi-ço. Os profissionais do SESMT devem possuir vínculo empregatício com a empresa. A forma de dimensionar o SESMT é simples para uma empresa que tenha somente um estabelecimento e que se enquadre no quadro, mas pode ser complexa para empre-sas com diversos estabelecimentos. O dimensionamento fica claro com a leitura deta-lhada da NR, mas é bom saber que há possibilidades de dimensionamentos diferentes, mas corretos para uma mesma empresa. Deve-se procurar sempre o que mais atenta às necessidades da empresa. O dimensionamento proposto na Norma é o mínimo, como é óbvio, mas não se aceita a substituição de profissionais (por exemplo, colocar um engenheiro no local do técnico de segurança - que se fundamenta nas atribuições dife-renciadas de cada profissional). As atribuições do SESMT ficam claras na leitura da NR, podendo-se resumir que cabe a ele estruturar e implementar as políticas da em-presa no campo da segurança e da saúde dos trabalhadores.

NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

A leitura da norma é auto-explicativa, sendo importante ressaltar que, à parte as buro-cracias infindas (que estão em processo de redução pelo MTb), o importante é que a CIPA funcione como um espaço de negociação entre os trabalhadores. É preciso que a CIPA tenha um plano de ação que permita agir de forma proativa, e não se manter ao nível das reclamações infindas e insolúveis. Se bem estruturada, a CIPA pode ser um grande aliado da gerência, até mesmo na busca de maior produtividade.

Verifique o mapeamento de riscos, que é atribuição da CIPA fazer. O mapeamento de riscos é uma avaliação qualitativa, não determinística, sobre os riscos que mais inco-modam os trabalhadores, mapeamento este, realizado e representado por eles. Não é um levantamento técnico qualitativo e, portanto, não deve ser desenvolvido por técni-cos. Se os trabalhadores acham que a monotonia incomoda mais que o ruído, em local que o sabemos quantitativamente alto, eles devem registrá-la como risco principal e nós, engenheiros, médicos, bem como os técnicos, devemos dedicar-lhe atenção, por-que, se ela é o problema para eles, é ela que vai gerar problemas. A segurança e saúde não é um campo que a técnica pode dominar completamente; os mecanismos sociais e fisiológicos são tão complexos, que, na maioria das vezes, nosso determinismo carte-siano não dá conta da realidade.

(31)

NR 6 - Equipamento de Proteção Individual

A norma estrutura os mecanismos para fabricação, testes e comercialização dos EPI's e determina o uso adequado dos mesmos, estabelecendo aqueles que são para situa-ções especificadas (é auto-informativa). Vale lembrar as observasitua-ções consignadas quando lemos a Lei (CLT) sobre domínio, mau uso e estruturação da preservação.

NR 7 - Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional

Foi a primeira Norma editada pelo MTb, na tentativa de compreender de forma sistê-mica o ambiente e as medidas a serem adotadas nas empresas. Como programa, com-preende uma forma de agir, estruturada em ações, metas e resultados e responsabili-dades. A finalidade do PCMSO é a promoção e preservação da saúde dos conjuntos dos trabalhadores. Especial atenção deve ser dada a essa finalidade que transcende a atividade curativa. O PCMSO deve buscar a promoção da saúde, aqui entendida den-tro dos critérios da OMS (Organização Mundial de Saúde) como um estado de com-pleto bem estar físico, emocional, muito além da ausência de doença.

O PCMSO deverá ser coordenado por médico do trabalho e deverá, através da reali-zação de diversos exames e do reconhecimento e levantamento dos riscos presentes no ambiente de trabalho, traçar, em conjunto com o PPRA (que veremos mais para frente), propostas de melhoria e de solução para os problemas determinados. Após a realização dos exames, o médico dará, obrigatoriamente, conhecimento dos resultados aos trabalhadores e emitirá o ASO - Atestado de Saúde Ocupacional, em duas vias, sendo a segunda entregue ao trabalhador examinado e a primeira arquivada para fins de fiscalização. O ASO deverá conter os riscos a que o trabalhador está exposto. Os registros sobre o PCMSO devem ser guardados pelo médico por 20 (vinte) anos.

(32)

NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA tem características essenci-almente preventivas, objetivando manter, em todas as empresas, ambientes de traba-lho isentos de riscos, que comprometam a saúde e integridade dos seus empregados.

No escopo da NR 9, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes no ambiente de trabalho, os quais estejam em concentração ou intensidades acima dos limites de exposição ou dos níveis de ação.

Os níveis de ação representam, efetivamente, o caráter preventivo da norma, buscando corrigir os agentes de risco em sua forma ainda incipiente.

Este é o objetivo do ponto de vista legal, e, para que seja alcançado, são estabelecidas estratégias, definidas as responsabilidades e a limitação da sua abrangência, pois sabe-se que nada que sabe-se faça, por melhor intenção que sabe-se tenha, logrará sucesso sabe-sem a ado-ção de uma metodologia científica, ordenaado-ção de prioridades e ações objetivas para se obterem os resultados esperados.

NR 13 - Caldeiras e Vasos sobre Pressão

A última revisão, estruturada através da Portaria nº 23, de 27/12/94, tornou a NR 13 bastante complexa.

A norma anterior tratava caldeiras de capacidades muito distintas como caldeiras que acionam panelas de cozinhas industriais e caldeiras de sistemas petrolíferos, da mes-ma formes-ma, gerando procedimentos impossíveis ou prescindíveis para as duas categori-as.

A norma atual veio tentar solucionar essa falha. Para compreender as classificações é preciso ler a Norma inteira. À parte as classificações, vamos generalizar o que é im-portante ter em mente sobre as caldeiras:

1. cada caldeira é uma máquina única e deve vir do fabricante com todos os projetos e memoriais descritivos de seu funcionamento e testes. A esse conjunto se chama “Prontuário da Caldeira”;

2. toda caldeira deve ser constantemente operada por um trabalhador qualificado e habilitado, denominado “operador de caldeira”;

3. caldeiras devem ser inspecionadas periodicamente e, em situações específicas, por profissional legalmente habilitado (engenheiro mecânico);

4. caldeiras devem ser observadas diariamente, e as anotações de quaisquer ocorrên-cias devem ser feitas em livro próprio, denominado “Registro de Segurança”.

(33)

NR 14 - Fornos

Apesar de ser uma das normas menos lidas de todas as NR’s, não se esqueça de dar importância e ela, se você se interessar por áreas ligadas à metalurgia. Fornos são e-quipamentos que merecem toda a atenção de um engenheiro de segurança.

NR 15 - Atividades e Operações Insalubres

Com as críticas que colocamos no início desta sobre o adicional de insalubridade, esta norma deve ser lida com cuidado, pois traz os valores limites (lembre-se que são limi-tes de “tolerância”, abaixo dos quais a “maioria dos trabalhadores” não adoecerá, e não limites de “segurança”) . Vamos, em ordem, pelos anexos que a compõem:

1. Ruído: depois de ler e entender os conceitos, examine a lógica do adicional de insalubridade que determina o pagamento do mesmo valor para pessoas que traba-lhem oito horas a 86 dB(A) e a 115 dB(A) . O primeiro, se pode trabalhar 7 horas e se está trabalhando uma a mais; o segundo, se pode trabalhar 7 minutos, e se está trabalhando 7 horas e cinqüenta e três minutos a mais. Isso, sem contar as infindas horas extras. Somando tal critério ao EPI, único critério de prevenção real, chega-mos ao exército de trabalhadores com perdas auditivas existentes no Brasil. Lem-bre-se da importância da prevenção pela melhoria real dos ambientes de trabalho. Reduzir ruído pode ser difícil, mas não é impossível, e, muitas vezes, idéias sim-ples e criativas podem ser suficientes, como conversar com os trabalhadores sobre o assunto.

2. Ruído de impacto: observe os critérios de caracterização da norma .

3. Calor: grave problema do nosso mundo do trabalho, até mesmo em locais onde não deveria constituir problema, o calor aparece por falhas de construção e estrutu-ração dos estabelecimentos. Leia e aprenda sobre os critérios de medição e dos cál-culos de sobrecarga térmica, mas saiba que o importante é reduzir o calor. Se lhe interessar maiores informações sobre normas de avaliações quantitativas, procure a FUNDACENTRO .

4. Iluminação: foi eliminada da NR 15, em 1990 .

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6. Trabalho sobre condições hiperbáricas: talvez esta norma seja a mais complexa de toda a 3.214. O tema é difícil, e o manejo de trabalhos sobre tais condições deve estar em mãos de especialistas. Leia a Norma, aprenda o que for possível, mas, se for preciso, chame um especialista. Vale destacar a separação entre trabalhos sob ar comprimido e os de mergulho; a necessidade de equipamentos de compressão e descompressão; o respeito aos tempos e etapas na compressão e descompressão; a necessidade de médicos e hospitais especializados; e a obrigatoriedade de o traba-lhador utilizar permanentemente um crachá que esclareça que trabalha com ar comprimido por causa das doenças descompressivas que podem atacá-lo a qual-quer hora, em qualqual-quer situação, em função das modificações introduzidas nas pressões parciais dos gases diluídos em seu sangue. A compressão aumenta a pre-sença de nitrogênio no sangue e pode causar embolia gasosa.

7. Radiações não ionizantes: nossa norma é muito pobre . Procure as normas da ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Higyenists, cujos valo-res devem ser observados quando a NR 15 não os traz. As radiações não ionizantes são as microondas, os "lasers", as radiações ultravioletas e infravermelhas, e as RADIOFREQÜÊNCIAS (inclusive Telefonia Celular). Procure aprender bastante sobre elas, durante o curso, e seus efeitos sobre o ser humano têm sido cada vez mais valorizados no “primeiro mundo”, e elas se tornarão importantes por aqui, sem dúvida.

8. Vibrações : risco muito importante do ponto de vista da saúde. Pode gerar proble-mas graves e é coadjuvante nas LER’s. Temos dificuldades históricas em medi-las e tratá-las. Os limites estão na ACGIH.

9. Frio: valores relativos aos incômodos do frio são bastante subjetivos. O frio é rela-tivo, e a proteção deve ser obrigatória, sempre que causar incômodos.

10. Umidade: deve-se sempre se proteger contra a umidade excessiva. Recomenda-se o uso de EPI’s adequados.

11. Agentes químicos da avaliação qualitativa: verifique os critérios de valor teto e absorção pela pele. Para saber medir, procure as Normas da FUNDACENTRO. Pa-ra saber limite dos que aí não se encontPa-ram, procure as normas da ACGIH (na In-ternet).

12. Limites para poeiras minerais: sílica, manganês e asbestos. Preste atenção nas aulas de higiene para aprender a calcular o limite para sílica.

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13. Agentes químicos de avaliação qualitativa: são os mais graves, e constituem problemas para a saúde, em qualquer situação de exposição - preocupse com e-les. Os agentes especificados têm relação indireta com a Aposentadoria Especial. São eles:

• Arsênico;

• Carvão mineral;

• Chumbo;

• Cromo;

• Fósforo;

• Hidrocarbonetos e outros compostos de carbono;

• Mercúrio;

• Silicatos;

• Substâncias cancerígenas (observe a inclusão do Benzeno);

• Diversos - observe-os com cuidado (vale uma crítica à indústria do cimento, que continua usando cromo no processo e mantendo a atividade como insalubre, sendo que a substituição do cromo é possível e eliminaria o problema na fonte)

14. Agentes Biológicos: avaliação qualitativa. São listados: contato com doentes, a-nimais infectados e trabalho de lixo e esgoto.

NR 16 - Atividades e Operações Perigosas

Leia com cuidado esta norma, que estabelece o que é periculoso e quais são as ativi-dades e áreas de risco que determinam o pagamento. Observe que, em alguns quadros, só se estabelece a atividade; em outros, só o local, e, em outros, ainda, a atividade e o local onde é exercida. Nestes, é preciso combinar três critérios:

• têm direito ao adicional de periculosidade todos os que permaneçam em um círculo de 7,50 m em torno do ponto de abastecimento (determinação pelo local);

• têm direito ao adicional na manutenção de navios e caminhões-tanque (determina-das pela atividade);

• têm adicional os que fazem testes de aparelhos de medição em laboratórios para ensaio de materiais radioativos (determinação pelo local e pela atividade).

NR 17 - Ergonomia

Referências

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