• Nenhum resultado encontrado

O MST E A PESQUISA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "O MST E A PESQUISA"

Copied!
35
0
0

Texto

(1)
(2)

Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária

ITERRA

(3)

Produção: Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária - !TERRA

Organização: Articulação de Pesquisadores do MST e Coletivo Político Pedagógico do Instituto de Educação Josué de Castro

Projeto gráfico, diagramação e capa: Zap Design

Ilustração da capa: Sérgio Ferro

Todos os direitos reservados ao !TERRA

1ª edição: outubro 2001

ITERRA

Rua Dr. José Montauri, 181 Cx. Postal 134 - CEP 95 330 - 000 Veranópolis - RS

Fone I fax: (54) 441 17 55

Correio eletrônico: ejcastro@matrix.com.br

Sumário

APRESENTAÇÃO

O MST E A PESQUISA

AGENDA DE PESQUISA DO MST

DATA LUTA

COMO FAZER UM PROJETO DE PESQUISA

ROTEIRO DE PROJETO DE PESQUISA Orientação para os Trabalhos de Conclusão de Curso do Instituto de Educação Josué de Castro

LEITURA E PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Cons iderações em torno do ato de estudar

-texto de Paulo Freire

5

7

... 19

25

27

33

33

37

37 Modelos de F ichas de Leitura: ... 41

PESQUISA DE CAMPO

Criando métodos de pesquisa alternativa - texto de Paulo Freire ... 43

(4)

ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA

Orientações para os Trabalhos de Conclusão de Curso do Instituto de Educação Josué de Castro

Plano Provisório do Trabalho Dicas ou cuidados de redação

NORMAS TÉCNICAS PARA APRESENTAÇAO DOS TRABALHOS

Normas gerais

Normas técnicas para Referê ncia bibliográfica Normas técnicas para Citações e Notas Modelo de Folha de Rosto

BANCAS DE DEFESA PÚBLICA Passos trabalhados nos cursos do Instituto de Educação Josué de Castro

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

52

52

54

55

57 57

58 59 62

63

63

65

Apresentação

O investimento na Educação e na Pesquisa tem sido uma importante frente no processo de consolidação e de resistência de nossa organização. Por essa razão é que estamos publicando esse número dos Cadernos do !TERRA. Em seu conteúdo apresentamos um resumo de nossas experiências com a pesquisa. Na última década realizamos um conjunto de atividades que nos proporcionou uma ampla visão do processo de pesquisa dentro e fora do MST Podemos afirmar, com segu rança, que temos um conjunto de referências temáticas representativas dos desafios que o MST vive na luta pela terra. E como sempre ocorreu com o nosso Movimento, não podemos esperar por soluções, temos que nos desafiar para compreender as questões e procurar superar os problemas que estamos enfren tando.

É muito provável, que grande parte dos leitores dessa publicação não tenham conhecimento das experiências com pesquisas que os Sem Terra vêm realizando. Essa é uma realidade nova e cm expansão. Assim, são muitos os jovens Sem Terra que estão estudando e se envolvendo com a experiência da pesquisa. Mas, ao mesmo tempo, há um número muito maior de jovens que não têm acesso à educação. Essa realidade multiplica nossa responsabilidade pois, ao mesmo tempo em que estudamos, temos que procurar construir condições para transformar essa realidade.

Portanto, a pesquisa aqui é compreendida como compromisso de transformação. É com esse entendimento que estamos construindo a /\rticulação dos Pesquisadores do MST, como pode ser observado no primeiro texto deste Caderno, elaborado pe lo nosso companheiro Bernardo Mançano Fernandes e denominado de "O MST e a Pesquisa" . Pretendemos que esta publicação seja uma referência, um ponto de partida e de retorno para nossos pesquisadores iniciantes conhecerem a história da pesquisa no MST e para melhor ajudarem a construí-la.

Já demos os primeiros passos ao elaborarmos a /\genda de Pesquisa do MST, corno pode ser analisada na seqüência do Caderno. /\í temos uma visão inicial e ampla dos diversos temas que podemos estudar na perspectiva de compreendermos nossas realidades e procurar fo rmas de transformação. A pesquisa, desse ponto de vista, também é uma luta, porque não estudamos apenas para termos títulos ou cumprir com um ritual técnico, como quase sempre acontece com os acadêmicos. Mas, estudamos e pesquisamos para nos entranhar na realidade, compreendê-la, ousar e lutar para que as nossas vidas sejam mais dignas.

~

s

g

Q.

<(

w

...

~

o

(5)

:;;

s

~

<>:

w

....

~

o

D

Toda essa nossa pretensão exige muitos sacrifícios. Principalmente para uma população que tem que multiplicar sua luta para chegar até a universidade. O essencial é que cheguem, saiam e construam caminhos para que outros continuem esse processo, que qualifica a vida.

Também neste Caderno apresentamos um pequeno texto que pretende contribuir com os pesquisadores iniciantes na elaboração de seus projetos. Não é uma receita, mas serve como referência para quem se vê pela primeira vez diante do desafio de escrever um projeto de pesquisa. Esperamos que contribua para com aqueles que começam a se dedicar na construção de seus projetos. Também estamos disponibilizando dois textos do educador Paulo Freire para que sirvam de apoio às nossas reflexões sobre a pesquisa bibliográfica e a de campo, nesta perspectiva que defendemos de combinar pesquisa com ação.

Seguem depois alguns roteiros e orientações gerais para a realização das pesquisas e a elaboração de trabalhos de conclusão de curso c ou de monografias. Aproveitamos aqui a experiência construída através dos cursos do Instituto de Educação Josué de Castro, do ITERRA.

Pesquisa é condição fundamental para as organizações que prezam pela autonomia política. Ela nos permite construir uma leitura própria das realidades e traçar planos c programas que dirijam nossa caminhada para o futuro. Por isso, não devemos nunca acreditar que a pesquisa é coisa somente dos acadêmicos. Ao contrário, a pesquisa científica é condição política para todos que querem ser sujeitos de sua história.

Assim, o Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária, ao publicar mais este número dos Cadernos do ITERRA, propõe continuar essa trajetória de construir sempre novas experiências, nas q uais as pessoas trabalham socializando-se e crescendo como ser humano e como militante das causas do povo.

A11iculação de Pesquisadores do MSTe Coletivo Político Pedag6gico do Instituto de Educação Josué de Castro Outubro de 2001.

O MST E A PESQUISA

1

Bernardo Mançano Fernandes

Introdução

"Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo". Karl Marx

Nosso objetivo com este texto é proporcionar uma reflexão a respeito da pesquisa do e no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. Nesse sentido, procuramos organizar as idéias por partes relevantes de acordo com as nossas preocupações. Conforme está explícito na epígrafe, a pesquisa tem para o MST o sentido da transformação. Por essa razão, esse princípio deve estar presente em nossos projetos de pesquisa.

Este texto é de interesse tanto dos pesquisadores membros do MST, quanto dos pesquisadores que estudam ou pretendem estudar o MST. Pretendemos que seja uma referência para conhecer melhor as experiências com a pesquisa de um movimento, onde seus membros atuam em diversas dimensões da realidade.

Para iniciarmos essa reflexão, primeiro escrevemos um pequeno histórico do início das discussões a respeito da pesquisa no MST. Depois discutimos brevemente nossas práticas e nossa compreensão a respeito da pesquisa. Em seguida, enfatizamos a importância dos setores de atividades na realização dos trabalhos. Destacamos as nossas áreas de concentração, referência primeira para a elaboração de projetos, bem como nossa preocupação com as questões teóricas e metodológicas. Por fim, reforçamos nossos desafios e compromissos, assim como a necessidade da ousadia, e apresentamos algumas indicações para a escolha de temas de pesquisa.

Sabemos que fazer pesquisa com as condições que nos defrontamos é um grande desafio. A escassez dos recursos básicos para a realização das pesquisas faz com que tenhamos que nos desdobrar e usar intensamente da criatividade para efetivarmos nossos projetos. Mas o compromisso que

' Para a elaboração <leste texto foram fundamentais as comribuiçõcs dos membros cio Setor de Educação e <la Articulação d os Pt:squisaclores do MST

:;;

s

g Q. <>:

....

~

o

(6)

:;.

~

~

<(

~

t;; ::;

o

o

temos com a realidade que construímos nos permite ousar e, em certa medida, superar as dificuldades. Essa é uma discussão importante que apresentamos nas partes finais do texto. Aprendemos na luta pela terra e pela vida que as conquistas só são possíveis com dedicação e persistência. Desse modo, esperamos que esse texto seja uma contribuição para aprofundarmos nossas idéias a respeito da pesquisa do e no MST.

1 - O princípio da caminhada

Pela própria lógica dos princípios da organização do MST, a pesquisa é essencial. Para um movimento social que causa expressivos impactos socioterritoriais com as ocupações de terra, com os acampamentos e transforma latifúndios em assentamentos, num processo contínuo de ressocialização, pesquisar é fundamental para compreender as novas realidades criadas na luta e na resistência. Por meio da pesquisa, o Movimento procura entender melhor as transformações que causa com suas ações, contribuindo com a construção de uma sociedade justa e igualitária.

Educação, pesquisa e tecnologia estão estritamente ligadas. Por essa razão, desde a criação dos setores de atividades, como por exemplo o Setor de Educação e do Sistema Cooperativista dos Assentados, o MST começou a realizar as primeiras discussões a respeito da pesquisa. Desse modo, em setembro de 1993, o Movimento participou de um seminário promovido pelo Departamento de Ensino Superior da Fundação de Desenvolvimento, Educação e Pesquisa da Região Celeiro - FUNDEP, em Três Passos - RS.

Nesse seminário, debateu-se a respeito da questão A Pesquisa do

Ponto de Vista dos Movimentos Populare/. Entre os diversos ternas

analisados, discutiu-se a importância dos projetos de pesquisa e o processo de construção do conhecimento científico, a partir das ações e dos saberes criados pelos movimentos populares, assim como as perspectivas de elaboração de projetos de intervenção para transformação da realidade e o compromisso dos pesquisadores com as populações estudadas. Participaram do evento, o MST, o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Rio Grande do Sul - MMTR-RS, a Comissão Regional dos Atingidos pelas Barragens - CRAB3, o Setor de Formação

do Departamento Rural da Central Única dos Trabalhadores - CUT, e

'A respeito, ver F\JNDEP, 1993a.

'Essa Comissão foi uma organização precursora do l\lovimenco dos Acingidos por Barragens- MAB.

representantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Federal de Pelotas.

Este encontro é nossa referência para registrarmos o início das discussões para pensar o sentido e o significado da pesquisa para os movimentos populares e, especialmente, para o MST. Desde então, pela territorialização e desenvolvimento do Movimento com a criação e ampliação dos setores de atividades, do Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária - !TERRA 4 e das parcerias com diversas universidades, os estudos e as pesquisas tornaram-se práticas cotidianas. Com a preocupação de qualificar mais as pesquisas realizadas por membros do Movimento em seus processos de formação, considerando desde os trabalhos de conclusão de curso no Ensino Médio às monografias de graduação, começou-se a pensar na possibilidade de articular os pesquisadores que estudam o MST, bem como discutir os temas pertinentes à questão agrária para um trabalho conjunto, com o objetivo de atender as demandas apresentadas pelas instâncias e pelos setores do Movimento.

Em 1997, na proposição para a criação da Articulação dos Pesquisadores do MST, foi elaborada uma minuta que continha corno objetivos: a qualificação e a potencialização de pesquisas voltadas para o desenvolvimento social no meio rural; articular pesquisadores de universidades interessados em desenvolver projetos vinculados às demandas do MST.

Em outubro de 1998, em São Paulo foi realizado um primeiro encontro para a Articulação dos Pesquisadores do MST. Participaram pesquisadores e representantes dos setores de atividades, das instâncias do Movimento e de universidades que constituíram uma comissão executiva. Foram apresentados os projetos de pesquisa cm desenvolvimento, bem como as demandas. Também foi elaborada a primeira versão da Agenda de Pesquisa do MST. Na criação dessa Agenda, objetivou-se a manutenção de um quadro de referências temáticas para pesquisa, de acordo com a demanda do Movimento. Em abril de 1999 foi realizada uma reunião da comissão executiva que deliberou pela criação de uma publicação5 para intercâmbio e divulgação das pesquisas realizadas.

' Localizado no município de Veranópolis - RS. 5

Depois de v;írias proposcas analisadas, deliberou-se pela criação da publicação Cadernos do !TERRA.

;á ::>

~

<(

~

t;; ::;

o

(7)

;;li 5

~

<(

~

,__

~

o

e

Em nova reunião, realizada em maio de 2000, decidiu-se pela criação de uma rede de pesquisadores para o cadastramento e mapeamento de projetos de pesquisa e extensão, bem como para incentivar maior aproximação dos pesquisadores das universidades com os pesquisadores do Movimento. Também foi proposta a realização de um evento amplo com esses pesquisadores e com membros do Movimento para debater as questões referentes à pesquisa do e no MST. Nesse sentido, há um grande empenho para a efetivação dessas propostas, com a pretensão de fortalecer as relações, procurando atender às demandas das famílias Sem Terra nas suas diversas dimensões.

2 - A

pesquisa do MST

Cada instituição tem objetivos e interesses para realização de projetos de pesquisa. É assim com as universidades, com o governo, com as igrejas e com as empresas. Da mesma forma, o MST tem interesses e objetivos definidos para os projeros de pesquisas, que implicam em tentar compreender as realidades que os Sem Terra estão construindo, bem como as formas de participação sociopolítica e econômica.

Desse modo, é importante destacar que as pesquisas realizadas por membros do MST possuem um caráter interativo com outras instituições públicas. Na maior parte das vezes, os projetos são desenvolvidos em sistemas de parcerias, de modo que os objetivos e interesses se complementam na perspectiva do desenvolvimento humano, voltados para a realidade das lutas pela terra e pela reforma agrária.

Neste sentido, é fundamental enfatizar a atitude do pesquisador com relação aos princípios e às necessidades de quem tem o compromisso de procurar compreender a realidade para tentar transformá-la. Assim, a realidade e a teoria são pontos de partida e de retorno constantes. Essa via de mão dupla tem como significado fazer ciência sem se distanciar do real. Esses procedimentos legitimam as ações dos pesquisadores que, com base em conhecimentos científicos, podem elaborar propostas para políticas públicas e ou políticas internas voltadas para as questões estudadas.

Os projetos de pesquisas desenvolvidos pelos pesquisadores do MST têm como referência a Agenda de Pesquisa elaborada pela Articulação dos Pesquisadores, desde 1998, que está na sua 4" versão (ver na seqüência deste Caderno). Essa agenda reúne as principais áreas do conhecimento, de acordo com as experiências e a forma de organização do Movimento, propõe linhas de pesq~ e diversos eixos temáticos, a partir dos Cll.lais

podem ser elaborados projetos, conforme os objetivos e os interesses em compreender as questões das realidades a serem estudadas.

Os principais núcleos de pesquisa do MST, hoje, são:

•o Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária - ITERRA, que é mantenedora do Instituto de Educação Josué de Casrro, onde são desenvolvidos os cursos: Técnico em Administração de Cooperativas - TAC; Técnico em Saúde e o Curso Normal de Nível Médio. Também são oferecidos cursos supletivos para a população de Veranópolis;

• os cursos de Magistério oferecidos, também, em outros estados, por meio de convênio com a Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal de Sergipe e Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul;

•os Cursos de Pedagogia da Terra, convênios com a Universidade de Ijuí (RS), Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade do Estado de Mato Grosso e Universidade Federal do Pará;

• os Cursos de Especialização e Extensão em Administração de Cooperativas - Ceacoop, convênios entre a Universidade de Campinas, a Universidade de Brasília e a Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil - Concrab;

• o Coletivo de Gênero, o Setor de Educação entre outros setores do Movimento;

• o Centro de Documentação do MST, convênio com o Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista - Unesp,6 apresenta-se também como espaço fomentador de pesquisas, tanto pelo seu acervo como pela necessidade constante de atualização. O DATALUTA - Banco de Dados da Luta pela Terra é um importante espaço de pesquisa que envolve as secretarias e os setores, resultando numa expressiva equipe de pesquisa.

Na maior parte dos cursos e atividades desenvolvidas nessas instituições, a realização de projetos de pesquisa é obrigatória, nos outros é sempre fomentada e valorizada. Essas iniciativas são fundamentais para a compreensão da realidade e desenvolvimento dos assentamentos e da luta. É fundamental lembrar que essas pesquisas também estão inseridas na idéia de construção de um projeto popular para o Brasil. Esse é um princípio que rege nossa visão de mundo: a pesquisa para transformar a realidade.

:Ji 5

~

<(

~

,__

~

o

(8)

:Ji

5

~

<(

~

t;;

::;:

o

G

3 -A pesquisa no MST

As famílias Sem Terra e todos os processos que elas desenvolvem são estudados pelos pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento. Na maior parte das vezes, essas famílias são tratadas somente como objetos de pesquisa. Considerando apenas as realidades dessa população e a importância que as pesquisas possuem para contribuir com as diferentes dimensões do desenvolvimento humano, é

fundamental que os pesquisadores dêem retorno de suas pesquisas para o assentamento e ou acampamento pesquisados, bem como aos setores de atividades.

Muitos pesquisadores constroem suas monografias, dissertações, teses, relatórios e outros documentos a respeito dos Sem Terra e num ato descomprometido ignoram os sujeitos da pesquisa. Essa postura representa a falta de ética profissional e, em muitos casos, deixa de ter uma contribuição ainda maior para os trabalhadores. A superação desse modo de fazer pesquisa deve ser uma preocupação dos pesquisadores, desde a elaboração de seus projetos até a sua execução e finalização. Debater com o Movimento é sinal de respeito e consideração.

Outra questão importante é a generalização dos resultados. O MST é uma organização ampla que atua em diversas frentes de lura com uma diversidade enorme de ações, de acordo com as diferentes conjunturas sociopolíticas. Ao se generalizar os resultados de uma determinada pesquisa, os pesquisadores poderão cometer o erro de falsear a realidade. Ao se fazer uma pesquisa de estudo de caso, deve-se respeitar a escala da pesquisa e não generalizar o resultado para todas as realidades dos Sem Terra.

4 - Os setores de atividades e as pesquisas

Por sua forma de organização, preocupações e objetivos, os setores de atividades são importantes espaços geradores de pesquisas e de formação dos pesquisadores, ao mesmo tempo em que atuam diretamente com a realidade. Por essa razão, é importante que os pesquisadores também desenvolvam projetos de pesquisas aplicadas, ou seja, que possibilitem sempre novas leituras para transformações rápidas. Evidente que esta é uma opção, isto não significa que não se deva desenvolver pesquisas teóricas.

Há um potencial enorme de realização de projetos de pesquisa por meio dos setores que ainda não foi explorado. As primeiras experiências são recentes e servem como referencial para a ampliação dos conhecimentos. Essa é uma realidade que ainda precisa ser estudada e

melhor planejada. Por meio dessas experiências está sendo criada uma cultura da pesquisa no interior do Movimento.

A realização das pesquisas qualifica os setores porque as pessoas precisam se capacitar para atuar com mais intensidade nas áreas cm que trabalham. Precisam estudar mais para que os setores se desenvolvam. Sem pesquisa qualquer setor de atividade torna-se capenga ou dependente, porque não terá uma base de pensamento que alimente as suas leituras da realidade ou dependerá da leitura que o "outro" fará das suas atividades.

Entre as principais preocupações dos setores de atividades, estão os estudos para conhecer melhor e transformar a realidade com maior intensidade, para inclusive ampliar sua área de atuação nos assentamentos e acampamentos. Há uma perspectiva de crescimento dos projetos de pesquisa através dos cursos resultados de convênios com as universidades. Nesse sentido, essa é uma demanda constante, considerando os esforços para que os jovens Sem Terra tenham acesso ao Ensino Médio e ao Ensino Superior.

5 -·As linhas de pesquisa

Para contribuir com o desenvolvimento dos projetos de pesquisa no e do Movimento foi elaborada uma relação de tem as que denominamos de Agenda de Pesquisa do MST. É importante lembrar que essa relação representa um conjunto de proposições levantadas a partir das demandas dos setores de atividades. Outros temas podem ser propostos de acordo com os objetivos e interesses dos pesquisadores e das instituições envolvidas. Enfatizamos que o conteúdo da Agenda de Pesquisa do MST é fruto de um processo de construção coletiva em que foram levantadas as questões pertinentes às realidades do Movimento.

Conforme a Agenda, temos sete grandes áreas de concentração, nas quais estão contidas as principais linhas de pesquisa, bem como os eixos temáticos. As grandes áreas são:

1 - Educação e Formação;

2 - Estratégias de Construção do Sistema Cooperativista dos Assentados - SCA;

3 - Direito e Questão Agrária; 4 - Organicidade do MST; 5 - Desenvolvimento Humano; 6 - História e Geografia Camponesa; 7 -Cultura.

:Ji 5

~

<(

w

...

~

o

(9)

;,;

5

o..

<(

w

o-~

o

e

As dimensões dessas áreas são extensas, o que possibilita ao mesmo tempo a amplitude do projeto de acordo com as realidades regionais do país e o direcionamento dos objetivos cm torno das preocupações e necessidades dos Sem Terra.

Para compreender melhor a forma como está estruturada a agenda, sugerimos ao leitor que a consulte na seqüência deste Caderno. Todavia, antes, são necessários alguns esclarecimentos a respeito do significado de cada termo utilizado para denominar as partes da agenda de pesquisa. Nosso objetivo ao elaborar a agenda de pesquisa foi proporcionar aos pesquisadores um referencial temático desde o geral até o particular. Assim organizamos as áreas que contêm as linhas, que por sua vez incluem os eixos temáticos, de onde são propostos os projetos.

As áreas de concentração delimitam a extensão máxima das questões que interessam ao MST. Observe que as áreas estão organizadas por meio de uma divisão setorial e por área do conhecimento: Educação; Cooperação; Direito, Desenvolvimento, História, Geografia, Cultura. São referenciais abertos que precisamos pesquisar em todas as suas dimensões e interações possíveis através das linhas de pesquisas. Estas, por sua vez, são questões que representam as diversas realidades e experiências que os Sem Terra estão construindo. As linhas de pesquisa são amplas e dividem-se em e ixos temáticos. Estes são conjuntos de temas de pesquisas escolhidos a partir de cada linha e de cada área.

Portanto, ao se pensar cm um projeto de pesquisa temos como preocupação um tema ou uma questão, que também chamamos de objeto de pesquisa. De acordo com a questão escolhida, o pesquisador elaborará o seu projeto e deverá observar a que eixo seu tema se refere, qual a linha de pesquisa e sua respectiva área de concentração.

Desse modo, todo projeto de pesquisa tem como ponto de partida uma questão ou um tema. Assim, o projeto está relacionado a um ou mais eixos temáticos. Da mesma forma, estará inserido cm uma linha de pesquisa e sua(s) área(s) de concentração. De acordo com a extensão do tema, o projeto também poderá ter correspondência com mais de uma linha e mais de uma área.

O conteúdo da Agenda de Pesquisa apresenta uma enorme diversidade de questões que precisamos compreender. É importante lembrar que a Agenda não representa a totalidade dos problemas. Por essa razão, enfrentamos enormes desafios na realização dos projetos de pesquisa, bem como é necessário ousar mais para tentar responder as questões que a realidade nos coloca.

Nesse sentido, precisamos construir novas idéias, novos temas de pesquisas que contribuam para o acompanhamento e compreensão dos desafios que enfrentamos. É importante lembrar que a Agenda é sempre uma versão parcial, nunca é definitiva. A Agenda está em movimento porque novos eixos temáticos, novas linhas de pesquisa e, portanto, novas áreas de concentração deverão ser criadas enquanto outros podem deixar de ser necessários. A Agenda é somente uma forma de organizar as pesqmsas.

6 - As questões teóricas e metodológicas

Definir as questões teóricas e metodológicas no campo da pesquisa é condição fundamental para qualquer instituição. Nesse sentido, os pesquisadores do MST devem se preocupar com a relevância dessas questões. Não se pode ignorar que a Ciência é política e a definição das correntes teóricas é condição fundamental para a qualidade dos nossos trabalhos. Igualmente, o rigor metodológico é um modo de preservarmos esta qualidade. Sem esses dois elementos, qualquer projeto de pesquisa perde toda a sua potencialidade de oferecer leituras da realidade para transformá-la.

J\s questões teóricas referem-se aos autores que utilizamos como

referências para construir nossa compreensão a respeito dos temas que nos propomos estudar. É por meio das correntes teóricas, ou seja, da leitura de diferentes obras, que elaboramos nossos pensamentos acerca da questão estudada. Desse modo, é preciso que haja coerência com relação às correntes de pensamento. Essa é uma condição fundamental para a realização da análise crítica do problema pesquisado.

J\.s questões metodológicas referem-se aos procedimentos que precisamos utilizar na execução da pesquisa. Esses procedimentos compreendem parâmetros, técnicas e instrumentos. Os parâmetros são definidos de acordo com os objetivos do projeto e podem ser compreendidos por amostras, seqüências etc .. Do mesmo modo, as técnicas são compreendidas pela realização de entrevistas, aplicação de questionários, pesquisa documental, entre outras. E os instrumentos são recursos que utilizamos como gravador, máquina fotográfica e computador.

No MST, as pesquisas são realizadas cm três níveis: Ensino médio, graduação e pós-graduação: mestrado e doutorado. Para cada um desses níveis há um grau de exigência para o aprofundamento dos conteúdos. Para a pesquisa no Ensino Médio é importante o trabalho com a realidade local, do assentamento, do acampamento, do município ou da

;,;

5

~

<(

w

:;;

::;; o

(10)

~

g

"-<>'.

~

....

~

o

G

microrregião. Sempre lembrando que existem diversas opções. A constatação da realidade por meio da análise crítica com base num referencial teórico e numa metodologia aplicada é suficiente para se propor novas ações para e por parte da população estudada.

Na graduação, a pesquisa possui um aprofundamento maior. Não basta a constatação da realidade estudada, são necessárias interpretações, boa pesquisa teórica e utilização de procedimentos metodológicos diversos.

É importante ter cm mente que as monografias serão referenciais que irão subsidiar futuras pesquisas. Portanto, é fundamental que ao se elaborar um projero, faça-se um levantamento das pesquisas já realizadas a respeito daquele rema ou lugar.

Na pós-graduação, a preocupação com o aprofundamento da análise é ainda maior. Para as pesquisas no mestrado são fundamentais os conhecimentos das principais correntes teóricas pertinentes ao rema ou objeto. Para as pesquisas no doutorado é essencial a construção de uma tese. Nesses dois níveis o rigor metodológico é condição fundamental para a excelência da pesquisa.

A pesquisa participativa é um procedimento importante para a realização de nossos projetos. Discutir o conteúdo do projeto com as comunidades estudadas, com o Setor, com a Coordenação e ou a Direção ajuda a ampliar horizontes. Afinal, estamos conversando com pessoas que tem um amplo conhecimento da realidade a ser estudada, de modo que podem contribuir muito na realização da pesquisa de campo.

Vale retomar a discussão a respeito dos modos de se fazer pesquisa. Evidente que essa decisão está relacionada com os objetivos e interesses do pesquisador, do Setor e do MST. Pode-se desenvolver pesquisas aplicadas e pesquisas teóricas.

As pesquisas aplicadas têm por objetivo conhecer uma determinada realidade para tentar transformá-la em curto prazo de tempo. Esse tipo de pesquisa requer quase sempre a execução de diagnósticos e de programas para mudanças imediatas. É o caso de se elaborar projetos de desenvolvimento para determinados setores dos assentamentos ou dos acampamentos.

As pesquisas teóricas estão mais voltadas à compreensão das questões e na proposição de novas políticas. Esse tipo de pesquisa exige um alto grau de leitura e debate teórico. São de grande contribuição para acompanhar as mudanças das conjunturas políticas e econôm icas.

Nesse caso, sugerimos ao pesquisador que procure conhecer mais profundamente o referencial bibliográfico sobre a história e as diversas

dimensões de atuação do MST. Esta, com certeza, é uma bibliografia que carrega a história das experiências com a pesquisa. Dessas leituras é possível realizar uma ampla reflexão a respeito das questões teóricas e metodológicas que devem fazer parte dos projetos de pesquisa. Vale lembrar da importância das diversas linhas de publicação do MST, cadernos, livretos, livros, revistas, jornal etc.

7 - O desafio e a ousadia

O desafio e a ousadia são atos e qualidades que todos os pesquisadores devem ter. A realização da pesquisa é possível desde que tenhamos objetivos claros e interesses a realizar. Fazer a pesquisa é uma questão política essencial. É a condição de conhecermos mais e melhor as nossas realidades por meio de nossas leituras.

Para os membros do MST essa é uma questão estratégica. Ler as ações do MST por meio de fontes secundárias é uma possibilidade que não pode ser a única. Nesse sentido, as experiências de pesquisa no MST tornam-se condição de autonomia política e intelectual.

Por essa razão é preciso priorizar a pesquisa, determinando o tempo necessário para sua realização. Definir bem o cronograma no projeto, cumprindo-o, ajuda na realização de um trabalho de qualidade. Ninguém faz uma boa pesquisa de última hora. Muitos pesquisadores, por uma série de motivos, acabam realizando as atividades de campo e as leituras em um único momento. Esses atos prejudicam o trabalho e aparecem no corpo da monografia.

Por essa razão, um bom planejamento e responsabilidade são requisitos que não podem faltar na efetivação de um projeto.

No conjunto dos trabalhos ampliamos nossas experiências e com a incorporação de diversos pesquisadores construímos uma articulação que pode dimensionar essas práticas, constituindo-se cm um espaço importante de reflexão. Esse é um grande desafio para a construção de urna rede de pesquisadores que atuam nas áreas de concentração constantes na agenda e junto ao MST.

8 - A pesquisa e o compromisso: orientações para a esco-lha de temas de pesquisa

Não há projeto que seja desenvolvido sem compromisso. Por essa razão, ao elaborarmos os projetos é preciso ter em mente a comunidade, ou seja, as pessoas que serão objetos da pesquisa. Ou ainda, a importância da análise do objeto para o desenvolvimento humano. Desse modo, oferecemos algumas orientações para a escolha de um tema de pesquisa.

:?.

5

~

<>'.

~

....

~

(11)

:J.

s

o i'.J

o.. <t

~

t-~

o

e

Um projeto de pesquisa nasce a partir de preocupações e interesses. Temos realidades amplas que nos desafiam a compreendê-las. Desse modo, ao escolhermos um tema de pesquisa, temos pelo menos dois pontos de partida e de retorno: a realidade e a Agenda de Pesquisa.

Com relação à realidade, o pesquisador pode construir seu projeto a partir de um tema que é de seu interesse e ou da comunidade. Com relação à Agenda de Pesquisa, esta pode servir como referência para que o pesquisador escolha seu tema de pesquisa, atendendo a uma ou mais demandas do Movimento. Essas possibilidades de escolha do objeto de pesquisa revelam o compromisso do pesquisador com a realidade.

O compromisso deve ser com a população estudada que compõe o MST, com o rigor científico e com a ética profissional. Ao se escolher um objeto de pesquisa, este deve estar associado às preocupações do pesquisador, da comunidade e do Setor. Uma pesquisa é uma relação social e deve atender aos interesses de todos.

Há projetos individuais e há projetos coletivos, porém todos estão contidos na premissa do compromisso. Toda pesquisa é sempre uma nova experiência. É sempre um processo de aprendizagem que nos faz crescer, ser profissionais mais qualificados, comprometidos com a construção de um projeto popular para o Brasil.

Referências bibliográficas

Articulação dos Pesquisadores do MSTAgenda de Pesquisa. 4ª versão. Ibirité, 2000.

Christoffoli, Pedro Ivan. Como fazer pesquisa no movimento social.

Curitiba: inédito, 1999.

FUNDEP. A pesquisa do ponto de vista dos Movimentos Populares.

Três Passos: inédito, 1993a.

FUNDEP. Pesquisa e Movimentos Populares. Três Passos: inédito, 1993b.

Marx, Karl. A ideologia alemã. São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas, 1982.

NERA. DATALUTA -Banco de Dados da Luta pela Terra. Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária. Série Estudos nº 3. Presidente Prudente: NERA, 2.000.

Agenda de Pesquisa - Movimento dos Trabalhadores

Rurais Sem Terra - MST

w

versão> 1

Arca de Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos

Concentração

1) Educação e a) F armação de Quadros Métodos de Formação·

Formação Níveis de formação·

F armação nos setores·

Métodos de formação de outras organizações·

Métodos de trabalho de base na frente de

b) Trabalho de base e de massa·

massa Métodos de trabalho de base nos

assentamentos· Níveis de formação· Perfil do sem terra "urbano"· Formação para cooperação agrícola·

As mobilizações de massa como espaços de

e) Vivências educativas no educação·

MST O acampamento como escola de vida·

O assentamento ...

Mobilizações infantis e juvenis·

Processos de autoformação através do estudo -a vivênci-a no MST exigindo o estudo (não necessariamente escolar)

Concepção de escola do MST

d) Pedagogia do Projeco Político Pedagógico

Movimenco: Planos de Estudo

Educação Infantil (familiar Planos de Curso

e escolar) Formação de educadores

Educação Fundamental Gestão

Educação de Jovens e Relação escola - comunidade · MST

Adultos Processo ensino · aprendizagem

Educação em nível Médio Educação e valores

Educação para Formação Trabalho como processo educativo

Profissional Educação e cooperação

Educação Superior MST na Universidade

Estudantes universitários do MST Educação, esporte e lazer Ambientes Educativos Diferentes Linguagens Lucas por escolas

Sistematização da prática e dos cursos formais do MST

7 Versão elaborada durante Encontro do Setor de Educação - lbiricé - MG - 13 a 17 de novembro de

2.000. A primeira versão desta Agenda foi elaborada no Primeiro Encontro d os Pesquisadores do MST, realizado no Cen-tro de Formação Roseli Nunes, em São Paulo. de 30 de nucubro a 1 de novembro de 1998. As versões seguintes têm recebido contribuições de todos os setores de atividades e instâncias do MST

Observação: Esta Agenda tem servido de base para a definição dos cernas de pesquisa cm vista da elaboração dos Trabalhos de Conclusão de Curso de todos os Cursos Formais vinculados ao MST A partir dela cada setor

responsável pelo curso pode escabclccer suas prioridades e orientações específicas, bem como estimular a

cons-tituição de equipes de pesquisa, ou seja, mais de um educando desenvolvendo pesquisa em torno do mesmo

eixo temático, orientados por um mesmo educador que ajuda a garantir uma produção de conhedmento ao

mesmo tempo pessoal e coletiva cm torno de questões prioritárias ao avanço do Movimento.

:J.

~

<t w

t:;

::<

o

(12)

~ s ~ lt <( ..., .... ~ o

e

IArea de 1 Linhas de Pesquisa

Concentração

1) Educação e

Formação

e) Educação Básica do Campo

1) Papel e funcionamento do

Setor de Educação no MST

g) Relação MST e sociedade

através da educação

h) Pedagogia e cultura

i) Sujeitos do Processo Pedagógico

j) Capacitação

k) Pedagogias

Eixos Temáticos

Políticas Públicas Proposta pedagógica

Escola e projeto de desenvolvimento regional Concepção de escola dos povos do campo Municipalização e nucleação de escolas Formação de educadores do campo Relação escolas do MST - escolas do campo Escolas Famílias

Escolas Itinerantes Cultura oral e escolari1.ação

Acompanhamento das escolas Organização do Setor de Educação

Escolas de assentamento e secretarias de educação

Relação com outras escolas Parcerias

Dimensão educativa do Jornal Sem Terra Dimensão educativa das rádios comunitárias Dimensão educativa das arres

Infância Adolescência Juventude Adultos

Portadores de necessidades educativas especiais

Experiências de capacitação: lógica/método

Pedagogia da Terra Pedagogia do Trabalho Pedagogia da História Pedagogia da Alternância Pedagogia da Cooperação Pedagogia do Gesto Pedagogia da Luta Pedagogia do Símbolo

Projetos

t--- -+---~--- - -- -·-- -+----1

Z) Estratégias de Construção do Sistema Cooperativista dos Assentados

a) Estratégia Econômica e

Política do SCA Concepção de cooperação Limites e possibilidades da cooperação no

capitalismo lntercooperação

Grandes Linhas de Produção Agroindústria

Agroindústria e integração Renda não agrícola Produção Extrativismo Estudos Comparativos

Área de Linhas de Pesquisa

Concentração

Z) Estratégias de b) Organicidade do SCA

Construção do Sistema Cooperativista

dos Assentados c) Formas de Cooperação

(OONllNUAÇi.O)

,_,s

d) Desenvolvimento Local e Regional

e) Programa de Crédito

f) Mercado

g) Gerenciamento

h) Agricultura sustentável

i) Lógica Camponesa

Eixos Temáticos

Métodos de organização da produção Nucleação

Métodos de organização do trabalho

Cooperativa de Produção Agropecuária Cooperativa de Prestação de Serviços Cooperativa de Produção e Prestação de Serviços

Cooperativa Regional de Prestação de Serviços Associação

Experiências de Ajuda Mútua Grupos coletivos

Grupos Coletivos e semicoletivos "Agriculmra familiar cooperada" Avanços e limites das formas de cooperação Cooperativas de Crédito

Cooperativas de Trabalho

"Nova concepção" de Assentamento Modelo tecnológico e qualidade de vida Agricultura de subsistência

Movimento dos Pequenos Agricultores Geopolítica dos assentamentos Concepção agroecológica Gestão de Assentamento Desenvolvimento do semi - árido fndice de Desenvolvimento Humano Impactos Socioespaciais dos Assentamentos

Participação da mulher

Crédito e Diferenciação Sócio-econômica Crédito e estratégia de desenvolvimento Novas modalidades de crédito Seguros ...

Marca da Reforma Agrária "Mercado de massas" Comercialização

Metodologia de Pesquisa de mercado

Estrutura / Estratégia / Processo Planejamento da produção Custos

Fluxo financeiro Mão-de-obra Contabilidade Gestão democrática Controles

Produção ecológica Visão sistêmica Irrigação

Agricultura Orgânica Matriz Tecnológica

Identidade Social dos Assentados

(13)

;'.Ã 5

~

<( "' t; ::;: o

e

IArea de Concentração

3) Direito e Questão Agrária

4) Organicidade doMST

5)

Desenvolvimento Humano

Linhas de Pesquisa

a) Direito Penal e Processual formal e controle dos Movimentos Sociais

b) Questão agrária e direitos socioeconómicos

c)Prãticas sociais e exigibilidade dos direitos

d) Aparelho repressor do Estado e os Movimentos Sociais

e) Questão Agrária e Direito Ambiental

a) Mécodos de organização social e direção

b) Princípios organizacivos do MST

c) Estratégia de mudanças organizacionais

d) Estratégias de com unicação do MST

e) Meios de Comunicação Popular

a) Saúde nos Assencamentos e Acampamentos

Eixos Temáticos Projetos

J udiciarização do MST

Legislação ambiental

Ações Solidárias Alianças

Articulação de deferentes formas de luta Envolvimento de jovens e mulheres Jeito de lidar com a base

Jeito e lidar com a massa

Organicidade dos colccivos de educação

Direção Coleciva versus presidencialismo Vínculo com a base

Disciplina

Democratização da informação

Organização e Consciência Social Estrutura e Cultura Organizacional

Rádios Comunitárias Uso do JST

Comunicação do MST com a sociedade Comunicação de massa

Revista Sem Terra O MST e a internet

Rádios comunicárias Boletins e jornais populares

Doenças do Trabalho Saúde preventiva Medicina altemaciva Saúde pública e RA Saúde maccrno-infancil "Farmácia Viva"

Doenças Sexualmence Transmissíveis Alcoolismo

Area de Linhas de Pesquisa

Concentração

5) b) Concepção de

Desenvolvimento Assentamento

Humano (Cont.)

c) Questões de Gênero

d) Questões de Juventude

f e) Esporce e Lazer

f) Famflia

6) História e a) F armação e

Geografia Terricorialização do MST

Camponesa

b) História e memória do MST

c) História da Luta pela Terra

7) Culrnra a) Mística do MST

b) Memória dos movimentos sociais

c) Construção da Identidade Sem Terra

d) Cultura Camponesa e transformação

e) Projeto Cultural do MST

f) Religiosidade no MST

Eixos Temáticos

Questão Ambiencal Saneamenco Em belczamcn to Habicação / Agrovila Organização da produção

Pais militantes Relações afetivas Participação da mulher Mulher Trabalhadora

Perfil dos jovens assentados Relação crabalho, escudo e militância Participação dos jovens nas mobilizações do MST

jogos cooperativos

Educação familiar

DATALUTA - Banco de Dados da Luta pela Terra

História de cada área de atuação ou setor na relação com a história do MST

Regionalização da luta pela terra

Hiscória e memória do MST por estado História e memória do MST por região

Hiscória e memória do M~'T por município

Mártires da luta pela terra

Valores, projeto e símbolos da luta popular

Cultivo da memória

Sem terra acampado Sem terra assentado Os jovens sem terra

As crianças sem cerra • os sem terrinha

Assentamento e diversidade étnica e cultural

Expressões artísticas

Presença das igrejas nos assentamentos e acampamentos

Religiosidade e ideologia Fé e milicância

(14)

~

401EÇJ

fí11Ll

unesp•

DATALUTA BANCO DE DADOS DA LUTA PELA TERRA

&:;. ,-:-,::~ ,,..+ .... ,

k ··~\

(

(! ,. ...

;;,)

,,1

-~:

.,

,,:,,

:·.

\':; ;'1

\:~,. S';/

",• " *'

--..!~~,,;

NÚCLEO DE ESTUDOS, PESQUISAS E PROJETOS DE REFORMA AGRÁRIA

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA FACULDADE OE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Campus de Presidente Prudente

O OATALUTA- Banco de Dados da Luta pela Terra é desenvolvido no Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária-NERA, do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista - UNESP, campus de Presidente Prudente. O Banco de Dados é mantido pelo convênio entre a UNESP e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra - MST, com apoio da Pró - Reitoria de Extensão da Unesp - PROEX.

O DATALUTA foi criado em 1997, quando iniciamos os trabalhos de sistematização de dados referentes aos assentamentos e às ocupações em todo o Brasil, trabalhahdo com dados secundários, tendo como fontes a CPT, o MST, o INCRA e institutos de terras estaduais. Em 2000, começamos uma nova fase, iniciando as primeiras pesquisas primárias com participação direta das secretarias estaduais do MST. Foram elaborados formulários que são preenchidos pelas secretarias e enviados via correio eletrônico para o NERA. Por meio dos formulários estão sendo realizadas pesquisas a respeito das ocupações de terra realizadas pelo MST.

Os dados são sistematizados e analisados por estagiários do Curso de Geografia da Unesp. Nesta nova fase do DATALUTA foi implantado um programa no Microsoft Access para sistematização dos dados, elaborado no Pólo Computacional da UNESP - Campus de Presidente Prudente. Os dados sistematizados são utilizados na produção de mapas, com a utilização dos programas Polymap e Arcwiew. Desse modo, são elaboradas tabelas por municípios, microrregiões, estados, macrorregiões e Brasil. Igualmente são elaborados gráficos e textos.

:.li

~

<(

~

t;:;

::E o

(15)

:J.

8

~

"-<(

....

....

~

o

D

Pretendemos manter atualizados os bancos de dados a respeito dos assentamentos rurais e das ocupações de terra, bem como destacar a participação do MST nesse processo. Desse modo, mantemos as pesquisas secundárias com as instituições acima citadas, bem como pretendemos consolidar a pesquisa primária a respeito das ocupações realizadas pelo MST, contando com a importante participação da secretarias estaduais. Nosso projeto é ampliar as pesquisas primárias, levantando dados das reocupações, implantação de assentamentos, efetivação de despejos, registro de prisões, registro de assassinatos, produção agropecuária, cooperativismo, educação, saúde, cultura, bibliografia, ou seja, o registro de obras científicas e culturais com referências com o MST e ou com a questão agrária.

Os dados reunidos cm tabelas, gráficos, mapas e textos são organizados em relatórios anuais, provendo o Centro de documentação do MST, localizado no CEDEM - Centro de Documentação e Memória da UNESP, Praça da Sé, 108 - São Paulo/ SP. Alguns dados, mapas e textos estão disponíveis na página do NERA: www.prudente.unesp.br/ dgeo/nera

COMO FAZER UM PROJETO DE PESQUISA

Bernardo Mançano Fernandes

1 - Introdução

Este texto é dirigido aos pesquisadores iniciantes. Meu objetivo é

contribuir com as pessoas que precisam escrever um projeto e têm dificuldades cm fazê-lo. Elaborei este texto a pedido da coordenação do Curso de Especialização e Extensão cm Administração de Cooperativas -CEACOOP, que é uma realização do Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária - !TERRA em convênio com a Universidade de Brasília UnB e com a Universidade de Campinas -Unicamp. São pesquisadores membros de diversos movimentos sociais: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA e do Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB. Também tenho utilizado este texto no Curso de Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, campus de Presidente Prudente.

Não pretendo que seja um conjunto de regras e de técnicas, mas sim uma referência teórica para os iniciantes, de modo que é uma contribuição na superação das dúvidas e para romper com os melindres, que os principiantes possuem e que muitas vezes atrapalham o desenvolvimento da experiência da elaboração do projeto de pesquisa. Dessa forma, não são receitas, mas colocações de problemas. Esses são princípios do texto. Pensar o projeto de pesquisa é a melhor forma de elaborá-lo. Os modelos de projetos são importantes, mas não devem atrapalhar a criatividade de pesquisador. Nesse sentido é fundamental pensar o projeto de pesquisa como um todo cm movimento, cm que as partes são interativas. Essa idéia de interação é essencial para se fazer um projeto de pesquisa.

Desse modo, começamos desenvolvendo urna questão sobre o que é o projeto, qual a sua forma, quais os passos que devem ser dados na construção do projeto, bem como os tropeções que todos nós levamos na realização de nossas pesquisas e como pensar o projeto em suas partes. Espero que este texto seja úti l aos iniciantes e que contribua com essa tarefa gostosa que é fazer o projeto de pesquisa.

2 - O que

é

um projeto de pesquisa

A resposta a esta pergunta pode parecer óbvia mas não é. Muitas

:J.

~ l:'

<I:

....

~

o

(16)

-~

s

3

.,_

<(

~

>-~

o

D

pessoas que se iniciam na pesquisa têm dificuldades em pensar o projeto como um todo, conseguem imaginá-lo apenas em partes, enfrentando várias dificuldades na elaboração do projeto de pesquisa. Algumas chegam mesmo a desistir da pesquisa durante a tentativa de elaboração do projeto. Por isso é importante compreender o que é um projeto de pesquisa para que o pesquisador iniciante possa elaborá-lo sem se sentir muito 111seguro.

Um projeto de pesquisa é um texto que o pesquisador escreve para poder traçar o roteiro das atividades que irá desenvolver na realização da pesquisa.

O projeto de pesquisa é um documento porque é elaborado por um pesquisador com o objetivo de compreender uma determinada questão da realidade e porque a pesquisa está associada a uma instituição que tem interesses definidos.

Nesse sentido, o projeto de pesquisa contém várias partes de acordo com os objetivos de cada instituição. Em cada parte são detalhadas as atividades que o pesquisador vai desenvolver, bem como o porquê da pesquisa, além das principais idéias que serão utilizadas para pensar a questão da pesquisa.

A essas id éias chamamos de referencial teórico. A questão nós chamamos de objeto de pesquisa. E o porquê nós chamamos de justificativa.

Sempre realizamos uma pesquisa por alguma razão. Por isso, todo projeto de pesquisa tem os objetivos gerais e específicos. Também todo projeto precisa conter uma metodologia que será utilizada na investigação do objeto.

Metodologias são procedimentos, ou seja, são atividades que realizamos com o objetivo de compreender a questão da pesquisa. Essas atividades são práticas e teóricas. Por exemplo: o ato de procurar os livros necessários para a pesquisa é fazer um levantamento bibliográfico, portanto uma atividade prática. O ato de ler esses livros, de refletir sobre seus conteúdos e as relações que estes têm com o objeto de pesquisa é uma reflexão, portanto uma atividade teórica. A elaboração de um questionário ou de uma entrevista é uma atividade prática, pensar as questões e as perguntas a partir do objeto de pesquisa e do referencial teórico é uma atividade teórica.

Também ao pensarmos a aplicação dos questionários e das entrevistas e como vamos definir as categorias que serão investigadas, de acordo com os objetivos do projeto de pesquisa, estamos desenvolvendo procedimentos metodológicos. Assim como nas pesquisas

em documentos diversos, como atas, relatórios, censos, dossiês, jornais, revistas etc. Tudo isso é metodologia.

Todo projeto de pesquisa tem que ter um tempo para ser realizado. Por isso, é necessário que o pesquisador defina um cronograma, em que vai estipular o tempo de duração da pesquisa.

A última parte do projeto é a bibliografia. Nesta parte, o pesquisador escreve quais são as publicações que irá utilizar na realização da pesquisa. Por fim vem a primeira parte que é a introdução. O caráter da introdução é informar o conteúdo do projeto. Portanto, a introdução é onde o pesquisador apresenta o objeto de pesquisa, as suas hipóteses e quais o resultados esperados. A introdução deve ser um resumo do projeto na forma de apresentação.

3 - A forma do projeto de pesquisa

O projeto de pesquisa é então um texto que contém a descrição do conjunto das atividades que serão desenvolvidas para compreender uma determinada questão.

A forma do projeto tem os seguintes itens:

Capa;

1 - Introdução; 2 -Justificativa; 3 - Objetivos;

4 - Referencial teórico; 5 - Metodologia; 6 - Cronograma; 7 - Bibliografia.

Como mostrado anteriormente, a introdução é a primeira parte da estrutura do projeto, mas é a última parte a ser escrita. Isso porque é preciso escrever todas as outras partes, para podermos fazer um resumo que apresente o projeto.

O ponto de partida para a elaboração de um projeto é a definição do objeto. Sem definir o objeto, não poderemos escolher a metodologia nem o referencial teórico, nem saberemos quanto tempo vamos precisar para fazer a pesquisa.

Definido o objeto, começamos a escrever parte por parte do projeto. Como está apresentado acima, este exemplo de projeto tem sete partes. Cada uma dessas partes tem um conteúdo definido. É preciso estar atento para não misturar os conteúdos, como por exemplo, o que é muito comum, colocar objetivos na justificativa; colocar justificativa na metodologia ou colocar metodologia na parte dos objetivos. Pode Qarecer estranho, mas

s

~

<(

~

t;;

:::; o

(17)

::li

s

~

<(

~

1--~

o

e

para o pesquisador iniciante que está se familiarizando com a experiência de elaborar seu projeto de pesquisa, esses erros são comuns.

4 - A elaboração do projeto de pesquisa passo a passo e tropeções

Errar durante a realização do projeto de pesquisa, se confundir, ter dúvidas, insegurança faz parte do processo. É comum em todas as experiências de pesquisa. Todos passam por isso, até mesmo o orientador. Por isso é importante um orientador, porque como ele já errou, pode ajudar o orientado a errar menos.

O primeiro passo para elaborar um projeto de pesquisa é definir um objeto. Escolhido o objeto, começamos a escrever o projeto. O passo seguinte é a definição do referencial teórico. Assim, o pesquisador vai procurar conhecer quais as pessoas que já pesquisaram temas semelhantes ou temas que possuem relação com o seu objeto. Vai procurar livros que possam subsidiar, contribuir com o entendimento do objeto de pesquisa. O referencial teórico deverá ajudar o pesquisador a pensar quais são os conceitos principais de sua pesquisa, ou seja, as categorias de análise. Por meio dessas idéias, o pesquisador irá analisar seu objeto - que é uma questão da realidade - e deverá desenvolver um pensamento interpretativo para compreender a questão que ele se propôs estudar. Esse processo deve ser realizado junto com o orientador.

Ao definir o referencial teórico, o pesquisador vai definindo os objetivos, que devem ser bastante claros. Com o objetivo geral o

pesquisador deve esclarecer onde se quer chegar com a pesquisa. Com os objetivos específicos deve descrever as diferentes possibilidades e resultados que o projeto de pesquisa pode realizar.

Só a teoria não é suficiente para se entender o objeto. A prática também é importante. Portanto, é preciso definir os procedimentos metodológicos, ou seja, a metodologia.

Com base no raciocínio lógico, o pesquisador, junto com o seu orientador, deverá definir quais os procedimentos metodológicos necessários para se compreender o objeto. Evidente que cada objeto irá exigir diferentes procedimentos. Os critérios de escolha dos procedimentos ou atividades serão determinados pela lógica e pelo rigor científico.

É importante observar que muitas vezes vamos escrevendo, ao mesmo tempo, várias partes do projeto. Quando definimos o objeto, definimos o caminho para a elaboração do projeto de pesquisa. Assim é preciso determinar o referencial teórico, quais os objetivos, qual a metodologia a ser aplicada etc.

Assim são dados os primeiros passos, mas ainda faltam outros. Faltam a justificativa, o cronograma, a bibliografia e a introdução.

Justificar significa explicar a importância do objeto. Justificar uma pesquisa significa defendê-la, argumentando a sua importância. Nesta parte do projeto, o pesquisador deve provar a relevância. Deve defender o seu ponto de vista sobre o objeto e mostrar qual a contribuição que o projeto traz para a ciência, para a instituição que tem interesse pela pesquisa, para a sociedade em geral etc.

O cronograma é um quadro onde descrevemos as atividades que serão realizadas durante a realização da pesquisa, bem como o tempo de duração de cada uma cm todo o projeto.

A bibliografia é definida pelo referencial teórico, sendo que nesta parte escrevemos os dados das obras utilizadas, bem como de todas as

outras publicações: relatórios, censos etc.

Por fim, vem a introdução que tem o caráter ela apresentação e de

resumo do projeto.

Não é fácil realizar todo esse processo. Muitas vezes tropeçamos em cada um dos passos dados. Um tropeção comum é na definição do referencial teórico. Sem uma boa orientação, sem esforço, pode-se não realizar um levantamento bibliográfico necessário, de modo que a não realização dessa atividade pode prejudicar a execução da pesquisa. Para a escolha do referencial teórico é preciso coerência. É preciso observar quais as relações filosóficas e políticas que existem entre a bibliografia e o objeto de pesquisa, para não se trabalhar com um referencial que pouco ajuda na compreensão do objeto.

Outro tropeção é na escolha dos procedimentos metodológicos. De acordo com o objeto a ser pesquisado, é preciso se certificar que se optou pelas atividades adequadas. Também se não se definir bem os objetivos, pode-se tropeçar na realização da pesquisa, porque o pesquisador pode perder o rumo no meio da pesquisa.

Ao se definir o cronograma é fundamental ter a consciência que o tempo definido para a pesquisa é suficiente. Caso contrário, tropeça-se mais uma vez ao não conseguir realizar toda a pesquisa.

Na justificativa é necessário tomar cuidado para não repetir idéias que já estão contidas cm outras partes do projeto.

Ao escrever a bibliografia, o pesquisador deve ficar atento às normas técnicas.

Às vezes os tropeções podem levar o pesquisador a desistir do projeto. Mas cada tropeção pode ser superado com novos passos, aí vale a perseverança do pesqu isador e o apoio do orientador.

::li

5

~

...:

~

t;;

:::;

(18)

:::>

~

q:

~

...

~

o

G

Com a realização do projeto c.le pesquisa cada pesquisador traz uma importante contribuição para a compreensão da rcalic.lade. Só por isso a pesquisa já é fundamental, bem como é valoroso o esforço de cada pessoa que se propõe pesquisar.

Todavia, mais importante ainda é quando o pesquisador compreende a importância da pesquisa para ajudar a transformar a realidade pesqu isada.

Boa pesquisa.

ROTEIRO DE PROJETO DE PESQUISA

Orientação para os Trabalhos de Conclusão de Curso do Instituto de Educação Josué de Castro

Folha de Rosto

Deve conter as seguintes informações:

Na parte superior da folha (centralizado e com letras maiúsculas) • Nome completo do MST

• Nome completo do JTERRA • Nome completo do IEJC • Nome do Curso - 'forma • Metodologia da Pesquisa

• Área de Concentração - Linha de Pesquisa

Na parte central da folha (centralizado)

•Projeto de Pesquisa (com letras maiúsculas e negritado) • Título do Trabalho (com letras minúsculas e negritado)

Na metade da parte inferior da folha (centralizado)

• Nome do educando/ da educanda (com letras maiúsculas) • Orientador/a: Nome completo (com letras minúsculas)

Na parte inferior da folha (centralizado com letras minúsculas) • Município onde se localiza o Instituto

• Mês e Ano da elaboração do projeto

Sumário

• Visão geral do trabalho pela indicação de cada seção, seu título e paginação correspondente. Devem ser apresentadas apenas as seções primárias, secundárias e terciárias.

Introdução

• Apresentação do projeto: situá-lo na agenda de pesquisa do MST (área, linha, eixo temático) e dar uma id éia geral do que será a pesquisa.

:J.

5

~

q:

~

t;;

::>

o

(19)

<t 5

~

<t

~

·-

~ o

e

Desenvolvimento do Projeto

1. Objeto da Pesquisa

• Problema da realidade: situar o problema ou desafio específico da prática para o qual a pesquisa pretende trazer sua contribuição.

• Questão da pesquisa: o que será mesmo o objeto da pesquisa, elaborado através de uma questão central, que poderá ser desdobrada em questões específicas.

2. Justificativa

•Argumentos que respondam à pergunta: por que pretendo realizar esta pesquisa (importância do tema, relação anterior com a questão, condições de fazer este trabalho etc.)

3. Objetivos

• O que pretendo alcançar com a pesquisa.

• Que metas me coloco cm relação aos resultados da pesquisa.

4. Referencial Teórico

• Clarear conceitos e ou categorias teóricas básicas envolvidas no tema escolhido e na questão formulada.

5. Metodologia

• Pesquisa de campo: abrang&ncia, localização, instrumentos, perguntas e ou observações a fazer, coletivo ele apoio e interlocução etc. • Pesquisa bibliográfica: tipo de bibliografia a ser consultada, como será conseguida, previsão de possíveis obras a serem pesquisadas etc.

• Devolução dos resultados: prever como será feita.

6. Cronograma

• Definição de prazos para o desenvolvimento de cada passo previsto na metodologia.

7. Orçamento

• Previsão de despesas e fontes de recursos para realização da pesquisa.

,

i

Bibliografia consultada

• Indicação dos textos lidos para a elaboração do projeto.

Observação: Os itens do desenvolvimento do projeto (itens numerados do roteiro) devem ser apresentados um após o outro, sem abrir nova página.

~

5

~

<t

~

t;;

:::;; o

(20)

-LEITURA E PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

"Considerações em torno do ato de estudar"

(Extraído de Freire, Paulo, Ação Cultural para a liberdade e outros escritos)8

Toda bibliografia deve refletir uma intenção fundamental de quem a elabora: a de atender ou a de despertar o desejo de aprofundar conhecimentos naqueles ou naquelas a quem é proposta. Se falta, nos que a recebem, o ânimo de usá-la, ou se a bibliografia, cm si mesma, não é capaz de desafia-los, se frustra, então, a intenção fundamental referida. A bibliografia se torna um papel inútil, entre outros, perdido nas gavetas das escrivaninhas.

Esta intenção fundamental de quem faz a bibliografia lhe exige um triplo respeito: a quem ela se dirige, aos autores citados e a si mesmos. Uma relação bibliográfica não pode ser uma simples cópia de títulos, feita ao acaso, ou por ouvir dizer. Quem a sugere deve saber o que está sugerindo e por que o faz. Quem a recebe, por sua vez, deve ter nela, não uma prescrição dogmática de leituras, mas um desafio. Desafio que se fará mais concreto na medida em que comece a estudar os livros citados e não a lê-los por alto, como se os folheasse, apenas.

Estudar é, realmente, um trabalho difícil. Exige de quem o faz uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a.

Isto é, precisamente, o que a "educação bancária"9 não estimu la. Pelo contrário, sua tônica reside fundamentalmente em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade. Sua "disciplina" é a disciplina para a ingenuidade em face do texto, não para a indispensável criticidade.

Este procedimento ingênuo ao qual o educando é submetido, ao lado de outros fatores, pode explicar as fugas ao texto, que fazem os estudantes, cuja leitura se torna puramente mecânica, enquanto, pela imaginação, se deslocam para outras situações. O que se lhes pede, afinal, não é a compreensão do conteúdo, mas sua memorização. Em lugar de ser o texto e sua compreensão, o desafio passa a ser a memorização do mesmo. Se o estudante consegue fazê-lo, terá respondido ao desafio.

"Escrito em 1968, no Chile, esce texto serviu de introdução à relação bibiográfica que foi proposta aos participantes de um seminário nacional sobre educação e reforma agrária.

''sobre "educação bancária", ver Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido, Editora Paz e 'forra. Rio de Janeiro, 1977, 4' ed., (N.E.)

~

5

~

<t w

t;;

:::;

Referências

Documentos relacionados

Como é de conhecimento o PIBIC da FMJ vem informando constantemente sobre os procedimentos adotados neste programa de Iniciação Científica, tanto por e-mails como

As imagens do NACO são tão nítidas como se tivessem sido obtidas a partir

´e aquele pelo qual a filosofia alem˜a traduziu, depois de Kant, o latim existentia, mas Heidegger deu-lhe um sentido muito particu- lar, j´a que designa na sua filosofia

O modelo narrativo de Duby, segundo Le Goff, estava conectado à sua vontade de seduzir as pessoas para que elas gostassem mais da História; por outro lado, ele também não queria

Os anos de 1995 a 2000 foram marcados pela grande popularidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) na área urbana e foram os mais representativos no país no que

A raiva é uma doença viral que acomete os animais domésticos, silvestres e destes para o homem, causando uma doença com sintomatologia?. nervosa, aguda e fatal, levando ao óbito

Já o terceiro e último capítulo trás à baila as consecuções da efetividade da titulação do direito de propriedade em área agrícola, analisando o papel do ministério

Visando a este cenário, o Ministério da Saúde criou o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), regulamentado pela Portaria Interministerial