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Modelos cosmológicos de energia escura: aspectos teóricos e vínculos observacionais.

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Academic year: 2021

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Universidade Federal de Itajub´

a

Programa de P´os–Graduac¸˜ao em F´ısica

Modelos cosmol´

ogicos de energia escura: aspectos

te´

oricos e v´ınculos observacionais

Altimare Ma´ıres Ribeiro

(2)

Universidade Federal de Itajub´

a

Programa de P´os–Graduac¸˜ao em F´ısica

Altimare Ma´ıres Ribeiro

Modelos cosmol´

ogicos de energia escura: aspectos

te´

oricos e v´ınculos observacionais

Disserta¸c˜ao submetida ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em F´ısica como parte dos requisitos para obten¸c˜ao do T´ıtulo de Mestre em F´ısica

´

Area de Concentra¸c˜ao: Astrof´ısica

Orientador: Prof. Dr. Armando Bartolome Bernui Leo

Julho de 2013 Itajub´a

(3)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mauá

Bibliotecária Jacqueline Rodrigues de Oliveira Balducci- CRB_6/1698

R484

Ribeiro, Altimare Maíres

Modelos Cosmológicos de energia escura: aspectos teóricos e vínculos observacionais / Altimare Maíres Ribeiro. – Itajubá, (MG) : [s.n.], 2013.

86 p. : il.

Orientador: Prof. Dr. Armando Bartolome Bernui Leo. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Itajubá.

1. Parâmetros cosmológicos. 2. Energia escura. 3. Modelos cosmológicos. 4. Aceleração cósmica. I. Bernui Leo, Armando Bartolome, orient. II. Universidade Federal de Itajubá. III. Título.

(4)

Universidade Federal de Itajub´

a

Programa de P´os–Graduac¸˜ao em F´ısica

Altimare Ma´ıres Ribeiro

Modelos cosmol´

ogicos de energia escura: aspectos

te´

oricos e v´ınculos observacionais

Disserta¸c˜ao aprovada por banca examinadora em 01 de julho de 2013, conferindo ao autor o t´ıtulo de Mestre em F´ısica

Banca Examinadora: Prof. Dr. Armando Bartolome Bernui Leo (orientador) Prof. Dr. Ribamar Rondon de Rezende dos Reis Prof. Dr. Agenor Pina da Silva Prof. Dr. Vit´orio Alberto De Lorenci

Itajub´a 2013

(5)

Ao meu namorado Willian Pereira Nunes `

(6)

Agradecimentos

Ao professor Armando Bernui pela paciˆencia e por todo apoio no desenvolvimento desta disserta¸c˜ao.

`

A minha fam´ılia, em particular aos meus pais pelo apoio e dedica¸c˜ao.

Ao meu namorado Willian Pereira Nunes por todo amor, carinho, paciˆencia e pelas importantes contribui¸c˜oes para o desenvolvimento desta disserta¸c˜ao.

A todos meus inestim´aveis amigos do Laborat´orio de Microondas (UNIFEI), em espe-cial: Adhimar de Oliveira, Ana L´ucia, Caroline Felix, Jo˜ao Ider, Kallem Cristine, Marcos Amarante, Marcos Faria e Patr´ıcia Santos que comigo dividiram todos os momentos desta disserta¸c˜ao.

`

A minha colega de mestrado e grande amiga Nath´alia Aparecida Lopes, exemplo de supera¸c˜ao.

Aos professores do Instituto de Ciˆencias Exatas (ICE) pelas disciplinas ministradas e pela aten¸c˜ao.

`

(7)

“A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltar´a ao tamanho original.” — Albert Einstein

(8)

Resumo

Desde a d´ecada de 1990 ´e bem conhecido que o universo entrou em uma recente fase de expans˜ao acelerada. Para explicar a acelera¸c˜ao c´osmica, as duas maiores linhas atuais de pesquisa sugerem a presen¸ca de uma componente dominante no universo com propriedades ex´oticas como press˜ao negativa ou a Teoria da Relatividade Geral n˜ao se aplica `a escalas cosmol´ogicas.

Nesta disserta¸c˜ao analisamos alguns modelos cosmol´ogicos baseados na energia escura, entre eles, o modelo Cosmol´ogico Padr˜ao Lambda Cold Dark Matter (ΛCDM) e alguns concorrentes: XCDM e ωaCDM. Utilizamos amostras de supernovas tipo Ia (SNIa) compiladas pelo Supernovae Cosmology Project Union 2.1 e 19 estimativas observacio-nais do parˆametro de Hubble H(z) compiladas por [74]. Aplicamos o teste estat´ıstico de minimiza¸c˜ao χ2 juntamente com a fun¸c˜ao likelihood para vincularmos os parˆametros

cos-mol´ogicos: Ωm, ΩΛ, Ωκ, ω0 e ωa. Nossos resultados mostram que o modelo ΛCDM fornece

um bom ajuste aos dados observacionais de SNIa e H(z). Dentro da regi˜ao de confian¸ca de 68%, a an´alise combinada dos dados de supernovas com H(z) revelam que todos os modelos cosmol´ogicos estudados se confundem com o modelo ΛCDM. Nesse sentido, os modelos cosmol´ogicos que assumem a densidade de energia escura como fun¸c˜ao do redshift no intervalo 0 < z < 2.0 n˜ao podem ser desconsiderados.

Em um segundo momento, investigamos a acelera¸c˜ao c´osmica utilizando a defini¸c˜ao do parˆametro de desacelera¸c˜ao q e o redshift de transi¸c˜ao zt (desacelera¸c˜ao - acelera¸c˜ao).

Todos os modelos cosmol´ogicos analisados reproduzem bem a recente fase de expans˜ao acelerada do universo com q0 < 0 e zt≈ 0.65.

Palavras–chave: parˆametros cosmol´ogicos, energia escura, modelos cosmol´ogicos, acelera¸c˜ao c´osmica, cosmologia observacional

(9)

Abstract

Since the 1990 decade, it is well known that the universe came into a recent phase of accelerated expansion. In order to explain this behavior, the two main paths of research found in the literature suggest a new exotic component dominant in the universe with negative pressure or modifications applied to General Relativity Theory at cosmological scales.

We investigate some dark energy cosmological models among them, the standart Lambda Cold Dark Matter ΛCDM model, XCDM and ωaCDM models. We use The Supernovae Cosmology Project Union2.1 supernovae (SNIa) compilation and 19 observational Hubble parameter data compiled by [74]. We apply the minimizing a χ2 function and likelihood function to estimate the best fit of cosmological parameters: Ωm, ΩΛ, Ωκ, ω0 and ωa. Our

results show that the ΛCDM model provides a good fit to the observational data. At 68% confidence level, the combined analysis of supernovae data with H(z) data shows that all cosmological models reduce themselves to the ΛCDM model. Thus, the cosmological mo-dels with dark energy density as a function of redshift for 0 < z < 2.0 are not disfavored for current observational data.

At the end, we investigate the cosmic acceleration by setting the definition of the decceleration parameter q and transition redshift zt (decceleration - acceleration). All

cosmological models reproduces the cosmic acceleration with q0 < 0 and zt≈ 0.65.

Key–words: cosmological parameters, dark energy, cosmological models, cos-mic acceleration, observational cosmology

(10)

Conte´

udo

Resumo 4 Abstract 5 ´Indice 6 Lista de Figuras 8 Lista de Tabelas 12

Lista de Abrevia¸c˜oes 14

1 Os fundamentos da Cosmologia Moderna 15

1.1 O Princ´ıpio Cosmol´ogico . . . 15

1.2 As equa¸c˜oes de campo da Relatividade Geral e a m´etrica de Friedmann-Lemaˆıtre-Robertson-Walker . . . 16

1.3 Parˆametros Cosmol´ogicos . . . 20

1.3.1 Parˆametro de densidade cr´ıtica . . . 20

1.3.2 Parˆametro de densidade . . . 21

1.3.3 Parˆametro de desacelera¸c˜ao . . . 21

1.3.4 Parˆametro da equa¸c˜ao de estado . . . 23

2 A expans˜ao acelerada do universo 25 2.1 Hubble e a expans˜ao do universo . . . 25

2.2 O Modelo Cosmol´ogico Padr˜ao (MCP) . . . 26

2.2.1 A Nucleoss´ıntese Primordial . . . 27

2.2.2 A Radia¸c˜ao C´osmica de Fundo . . . 28

(11)

2.3.1 Supernovas . . . 31

2.3.2 Supernovas tipo Ia e suas implica¸c˜oes cosmol´ogicas . . . 33

3 Os Modelos Cosmol´ogicos de energia escura 39 3.1 As componentes do universo . . . 39

3.1.1 A mat´eria escura . . . 40

3.1.2 A energia escura . . . 42

3.2 O Modelo de Concordˆancia C´osmica ΛCDM . . . 43

3.3 O Modelo com ω constante XCDM . . . 44

3.4 A parametriza¸c˜ao Chevallier-Polarski-Linder ωaCDM . . . 45

4 An´alise estat´ıstica dos modelos cosmol´ogicos 46 4.1 Parˆametros Cosmol´ogicos . . . 46

4.1.1 Parˆametro de Hubble . . . 46

4.1.2 As supernovas tipo Ia . . . 48

4.2 Descri¸c˜ao dos testes estat´ısticos . . . 49

4.2.1 Minimiza¸c˜ao χ2 e melhor ajuste . . . . 49

4.2.2 A fun¸c˜ao likelihood . . . 51

4.2.3 As regi˜oes de confian¸ca . . . 51

5 Resultados e Discuss˜oes 53 5.1 An´alise comparativa dos modelos cosmol´ogicos . . . 53

5.2 Regi˜oes de confian¸ca . . . 57

5.2.1 Parˆametros Ωm e ΩΛ . . . 58

5.2.2 Parˆametros ω e ωa . . . 58

5.2.3 Parˆametro Ωκ . . . 59

5.3 Consequˆencias cosmol´ogicas: parˆametro de desacelera¸c˜ao e redshift de transi¸c˜ao 69

6 Conclus˜oes 71

A Rotina completa 74

(12)

Lista de Figuras

2.1 Diagrama apresentado por Hubble (1929). Na escala, o eixo horizontal indica a distˆancia das gal´axias e o eixo vertical, a velocidade [9]. Observa-se o erro acidental cometido por Hubble: na figura aparece Km, Observa-sendo que o correto ´e Km/s para a unidade de velocidade. . . 27 2.2 Espectro da RCF obtido pelo FIRAS [21] . . . 29 2.3 Esquema de classifica¸c˜ao das supernovas [30]. As duas principais classes de

supernovas s˜ao caracterizadas com base na ausˆencia (Supernovas tipo I) ou presen¸ca (Supernovas tipo II) de linhas de hidrogˆenio no seu espectro. Em seguida, as supernovas de uma mesma classe s˜ao subdivididas com base na presen¸ca ou ausˆencia de outros elementos no seu espectro. . . 32 2.4 Rela¸c˜ao entre o pico de emiss˜ao de luminosidade com o decaimento da curva

de luz para supernovas pr´oximas. O painel superior apresenta a curva de luz aproximadamente 50 dias ap´os o pico de emiss˜ao das supernovas. O painel inferior apresenta a curva de luz do mesmo conjunto de supernovas depois do ajuste [33]. . . 34 2.5 Diagrama de Hubble com dados de SNIa do grupo SCP. Assumindo Ωκ = 0,

as quatro curvas tracejadas representam ajustes para diferentes valores de Ωm (listados a direita). As trˆes curvas s´olidas representam modelos com

Λ = 0 e diferentes valores para Ωm listados `a direita. Fonte:

http://www-supernova.lbl.gov. . . 35 2.6 No painel superior `a esquerda ´e apresentado o diagrama de Hubble com

supernovas em alto e baixo redshifts medidas atrav´es do m´etodo MLCS obtido pelo grupo HZT. No painel inferior ´e apresentado a diferen¸ca entre os dados e o modelo com Ωm = 0.20 e ΩΛ = 0. A direita est˜ao representadas

(13)

3.1 Curva de rota¸c˜ao da gal´axia NGC3198 [48]. Os pontos representam as medidas da velocidade orbital em fun¸c˜ao do raio gal´actico. As curvas re-presentam as contribui¸c˜oes da velocidade devido ao disco e ao halo. O comportamento n˜ao kleperiano para m´edios e grandes raios ´e explicado pela hip´otese da existˆencia do halo escuro. . . 42

4.1 Estimativas de H(z) compiladas por [74]. A linha s´olida representa o melhor ajuste para o modelo ΛCDM com Ωm = 0.27 e Ωκ = 0. . . 47

4.2 M´odulo de distˆancia (µ) em fun¸c˜ao do resdhift (z) para as 580 SNIa do cat´alogo Union 2.1. A linha s´olida representa o melhor ajuste para o modelo ΛCDM com ΩΛ = 0.729 ± 0.014 com 68% de confian¸ca [40]. . . 49

5.1 Evolu¸c˜ao do universo H(z) em fun¸c˜ao do redshift. O painel a esquerda repre-senta o ajuste dos modelos cosmol´ogicos aos 19 dados de H(z) dispon´ıveis na Tabela 4.6. No painel a direita foi dado um zoom na figura para melhor visualiza¸c˜ao do ajuste das curvas te´oricas. As cores azul, verde, laranja, roxo e vermelha, representam os modelos ΛCDM, XCDM, ωaCDM, OΛCDM e OXCDM, respectivamente. . . 57 5.2 M´odulo de distˆancia (µ) em fun¸c˜ao do redshift (z) ajustados aos dados de

SNIa dispon´ıveis no cat´alogo Union 2.1 [40]. A curva azul representa o modelo ΛCDM considerando as melhores estimativas para os parˆametros cosmol´ogicos dispon´ıveis na Tabela 5.1. Os demais modelos aparecem so-brepostos ao modelo ΛCDM e por isso n˜ao s˜ao visualizados. . . 58 5.3 Regi˜oes de 68.3% (contorno interno) e 95.4% (contorno externo) de

con-fian¸ca dos parˆametros Ωm vs. ΩΛ (painel inferior a esquerda) do modelo

ΛCDM utilizando dados de H(z) (lil´as) e SNIa (verde). Tamb´em est´a apre-sentada a distribui¸c˜ao de probabilidade (L/Lm´ax) para Ωm (painel superior)

e ΩΛ (painel inferior a direita). As linhas tracejada e s´olida representam a

distribui¸c˜ao de probabilidade usando os dados de H(z) e SNIa, respectiva-mente. . . 60

(14)

5.4 Regi˜oes de 68.3% (contorno interno) e 95.4% (contorno externo) de con-fian¸ca dos parˆametros Ωm vs. ω (painel inferior a esquerda) do modelo

XCDM utilizando dados de H(z) (lil´as) e SNIa (verde). Tamb´em est´a apresentada a distribui¸c˜ao de probabilidade (L/Lm´ax) para Ωm (painel

su-perior) e ω (painel inferior a direita). As linhas tracejada e s´olida repre-sentam a distribui¸c˜ao de probabilidade usando os dados de H(z) e SNIa, respectivamente. . . 61 5.5 Regi˜oes de 68.3% (contorno interno) e 95.4% (contorno externo) de

con-fian¸ca dos parˆametros Ωm vs. ω0 (painel inferior a esquerda) do modelo

ωaCDM utilizando dados de H(z) (lil´as) e SNIa (verde). Tamb´em est´a apresentada a distribui¸c˜ao de probabilidade (L/Lm´ax) para Ωm (painel

su-perior) e ω0 (painel inferior a direita). As linhas tracejada e s´olida

repre-sentam a distribui¸c˜ao de probabilidade usando os dados de H(z) e SNIa, respectivamente. . . 62 5.6 Regi˜oes de 68% (contorno interno) e 95.4% (contorno externo) de confian¸ca

dos parˆametros ωa vs. ω0 (painel inferior a esquerda) do modelo ωaCDM

utilizando dados de H(z) (lil´as) e SNIa (verde). Tamb´em est´a apresentada a distribui¸c˜ao de probabilidade (L/Lm´ax) para ωa (painel superior) e ω0

(painel inferior a direita). As linhas tracejada e s´olida representam a distri-bui¸c˜ao de probabilidade usando os dados de H(z) e SNIa, respectivamente. 63 5.7 Evolu¸c˜ao do parˆametro da equa¸c˜ao de estado ω em fun¸c˜ao do redshift para o

modelo ωaCDM. As curvas tracejada e s´olida foram geradas considerando os melhores parˆametros cosmol´ogicos do modelo (Tabela 5.3) a partir dos dados de H(z) e SNIa, respectivamente. . . 64 5.8 Regi˜oes de 68.3% (contorno interno) e 95.4% (contorno externo) de

con-fian¸ca dos parˆametros Ωm vs. Ωκ (painel inferior a esquerda) do modelo

OΛCDM utilizando dados de H(z) (lil´as) e SNIa (verde). Tamb´em est´a apresentada a distribui¸c˜ao de probabilidade (L/Lm´ax) para Ωm (painel

su-perior) e Ωκ (painel inferior a direita). As linhas tracejada e s´olida

repre-sentam a distribui¸c˜ao de probabilidade usando os dados de H(z) e SNIa, respectivamente. . . 65

(15)

5.9 Regi˜oes de 68.3% (contorno interno) e 95.4% (contorno externo) de con-fian¸ca dos parˆametros Ωm vs. ΩΛ (painel inferior a esquerda) do modelo

OΛCDM utilizando dados de H(z) (lil´as) e SNIa (verde). Tamb´em est´a apresentada a distribui¸c˜ao de probabilidade (L/Lm´ax) para Ωm (painel

su-perior) e ΩΛ (painel inferior a direita). As linhas tracejada e s´olida

repre-sentam a distribui¸c˜ao de probabilidade usando os dados de H(z) e SNIa, respectivamente. . . 66 5.10 Regi˜oes de 68.3% (contorno interno) e 95.4% (contorno externo) de

con-fian¸ca dos parˆametros Ωm vs. Ωκ (painel inferior a esquerda) do modelo

OXCDM utilizando dados de H(z) (lil´as) e SNIa (verde). Tamb´em est´a apresentada a distribui¸c˜ao de probabilidade (L/Lm´ax) para Ωm (painel

su-perior) e Ωκ (painel inferior a direita). As linhas tracejada e s´olida

repre-sentam a distribui¸c˜ao de probabilidade usando os dados de H(z) e SNIa, respectivamente. . . 67 5.11 Regi˜oes de 68.3% (contorno interno) e 95.4% (contorno externo) de

con-fian¸ca dos parˆametros Ωm vs. ω (painel inferior a esquerda) do modelo

OXCDM utilizando dados de H(z) (lil´as) e SNIa (verde). Tamb´em est´a apresentada a distribui¸c˜ao de probabilidade (L/Lm´ax) para Ωm (painel

su-perior) e ω (painel inferior a direita). As linhas tracejada e s´olida repre-sentam a distribui¸c˜ao de probabilidade usando os dados de H(z) e SNIa, respectivamente. . . 68 5.12 Evolu¸c˜ao do parˆametro de desacelera¸c˜ao q(z) em fun¸c˜ao do redshift. As

curvas do painel `a esquerda foram tra¸cadas considerando as melhores esti-mativas para parˆametros cosmol´ogicos de cada modelo dispon´ıveis nas Ta-belas 5.1 a 5.5. No painel a direita foi dado um zoom na figura da esquerda para melhor visualiza¸c˜ao do redshift de transi¸c˜ao (zt) referente a cada

mo-delo. As cores azul, verde, laranja, roxo e vermelha, representam os modelos ΛCDM, XCDM, ωaCDM, OΛCDM e OXCDM, respectivamente. . . . 70

(16)

Lista de Tabelas

3.1 Melhores estimativas para os parˆametros cosmol´ogicos do modelo ΛCDM utilizando os resultados dispon´ıveis pelo WMAP 9 anos [17] e Planck [23]. 40

4.1 Estimativas de H(z) (em unidades de Kms−1Mpc−1) e suas respectivas

incertezas. . . 48 4.2 Resumo dos parˆametros livres estudados nos modelos cosmol´ogicos. . . 50 4.3 ∆χ2 em fun¸c˜ao dos n´ıveis de confian¸ca em fun¸c˜ao do n´umero de parˆametros

livres (p). . . 52

5.1 Melhores parˆametros cosmol´ogicos para o modelo ΛCDM com dados de H(z) e SNIa. . . 54 5.2 Melhores parˆametros cosmol´ogicos para o modelo XCDM com dados de

H(z) e SNIa. . . 54 5.3 Melhores parˆametros cosmol´ogicos para o modelo ωaCDM com dados de

H(z) e SNIa. . . 55 5.4 Melhores parˆametros cosmol´ogicos para o modelo OΛCDM com dados de

H(z) e SNIa. . . 55 5.5 Melhores parˆametros cosmol´ogicos para o modelo OXCDM com dados de

H(z) e SNIa. . . 56 5.6 Melhores estimativas para os parˆametros cosmol´ogicos dos modelos ΛCDM,

XCDM e ωaCDM encontradas pelas referˆencias [66, 67]. . . 56 5.7 Estimativas de q0 e zt calculadas atrav´es dos melhores parˆametros

cos-mol´ogicos dispon´ıveis nas Tabelas 5.1 a 5.5 para cada modelo. . . 69

6.1 Melhores estimativas para os parˆametros cosmol´ogicos de cada modelo con-siderando as estimativas observacionais de H(z). . . 72

(17)

6.2 Melhores estimativas para os parˆametros cosmol´ogicos de cada modelo con-siderando as estimativas observacionais de SNIa. . . 72 6.3 Estimativas de q0 e zt calculadas atrav´es dos melhores parˆametros

(18)

Lista de Abrevia¸c˜

oes

RG = Relatividade Geral

FLRW = Friedmann-Lemaˆıtre-Robertson-Walker RCF = Radia¸c˜ao C´osmica de Fundo

SNIa = Supernova tipo Ia

MCP = Modelo Cosmol´ogico Padr˜ao

WMAP = Wilkinson Microwave Anisotropy Probe ΛCDM = Lambda Cold Dark Matter

COBE = Cosmic Bakground Explorer

FIRAS = Far Infrared Absolute Spectrophotometer CAT = Cosmic Anisotropy Telescope

BOOMERanG = Ballon Observations of Millimetric Extragalactic Radiation and Ge-ophysics

LTB = Lemaitre-Tolman-Bondi SNII = Supernovas tipo II

SALT = Spectral Adaptive Lightcurve Template SCP = Supernovae Cosmology Project

HZT = High-z Supernovae Search Team MLSC = Multicolor Light Curve Shape BAO = Oscila¸c˜oes Ac´usticas de B´arions CDM = Cold dark matter

HDM = Hot dark matter

(19)

Cap´ıtulo 1

Os fundamentos da Cosmologia

Moderna

Neste cap´ıtulo enfatizaremos os fundamentos da Cosmologia Moderna. O estudo da dinˆamica do universo ´e embasado no Princ´ıpio Cosmol´ogico e na Relatividade Geral (RG), que relaciona a mat´eria `a geometria. Mostraremos como os resultados da RG aliados `a m´etrica Friedmann-Lemaˆıtre-Robertson-Walker (FLRW) conduzem `as equa¸c˜oes de Fried-mann que governam a expans˜ao do universo. Finalmente, apresentaremos os parˆametros que podem ser determinados com os observ´aveis cosmol´ogicos atuais.

1.1

O Princ´ıpio Cosmol´

ogico

O Princ´ıpio Cosmol´ogico postula que em escalas suficientemente grandes o universo ´e homogˆeneo e isotr´opico, ou seja, n˜ao existe nenhum referencial privilegiado no universo. A homogeneidade implica que o universo ´e o mesmo em todos os pontos. J´a a isotropia indica que o universo ´e o mesmo em todas as dire¸c˜oes. Obviamente, o Princ´ıpio Cosmol´ogico n˜ao ´e exato. Em pequenas escalas, tais como gal´axias e aglomerados, a mat´eria ´e distribu´ıda de forma altamente irregular. Entretanto, quando olhamos em escalas cada vez maiores, a distribui¸c˜ao de mat´eria se torna mais uniforme. Os levantamentos de grande parte do c´eu revelam que pelo menos em escalas superiores a 100Mpc, o Princ´ıpio Cosmol´ogico ´e v´alido [1]. A evidˆencia mais contundente ´e o espectro da Radi¸c˜ao C´osmica de Fundo (RCF) que apresenta flutua¸c˜oes relativas de temperatura da ordem de ∆T /T ≈ 10−5 [2, 3].

(20)

1.2

As equa¸c˜

oes de campo da Relatividade Geral e a

etrica de Friedmann-Lemaˆıtre-Robertson-Walker

As equa¸c˜oes de campo de Einstein relacionam a distribui¸c˜ao de mat´eria-energia do universo com a geometria do espa¸co-tempo 1,

Gµν = 8πGTµν, (1.1)

onde o tensor Gµν se relacionam com a geometria do espa¸co-tempo, Tµν ´e o tensor

energia-momento e G a constante da gravita¸c˜ao universal. Assumiremos c = 1. No caso de um fluido perfeito,

Tµν = (p + ρ)uµuν − pgµν, (1.2)

sendo p ´e a press˜ao, ρ ´e a densidade, uµ ´e o quadri-vetor velocidade e gµν a m´etrica.

Para calcular as componentes do tensor de Einstein Gµν, precisamos inicialmente

de-terminar as componentes do tensor de Ricci, encontrar o valor para o escalar de curvatura e finalmente determinar as componentes do tensor energia-momento.

Tendo em vista o Princ´ıpio Cosmol´ogico, consideraremos um espa¸co tridimensional homogˆeneo e isotr´opico. Este espa¸co pode estar se expandindo ou se contraindo. A m´etrica mais geral que pode ser constru´ıda ´e a FLRW que tem a seguinte forma em coordenadas esf´ericas ds2 = dt2 − a(t)2  dr2 1 − κr2 + r 2(dθ2+ sin2θdϕ2)  . (1.3)

Os parˆametros a(t) e κ da equa¸c˜ao 1.3 representam, respectivamente, o fator de escala do universo e a constante de curvatura, que pode descrever trˆes situa¸c˜oes:

• κ = 0 para um espa¸co com geometria euclidiana;

• κ = 1 para um espa¸co com geometria esf´erica;

• κ = −1 para um espa¸co com geometria hiperb´olica.

Escrevendo

ds2 = gµνdxµdxν, (1.4)

onde gµν ´e o tensor m´etrico que descreve a geometria do espa¸co-tempo, µ e ν = 0, 1, 2, 3,

sendo: gµν = 0 ∀ µ 6= ν e gµν 6= 0 ∀ µ = ν. Comparando a equa¸c˜ao 1.3 com 1.4,

1

(21)

encontramos os coeficientes n˜ao nulos gµν

g00 = 1, g11 = −a 2

1 − κr2,

g22 = −a2r2, g33 = −a2r2sin2θ.

A trajet´oria das part´ıculas neste espa¸co tempo s˜ao denominadas geod´esicas e descritas pela equa¸c˜ao d2xµ ds2 + Γ µ νλ dxν ds dxµ ds = 0. (1.5)

Os coeficientes de conex˜ao Γµνλ s˜ao denominados s´ımbolos de Christoffel e s ´e um parˆametro afim ao longo das trajet´orias. Para calcular estes s´ımbolos, consideraremos a Lagrangeana

L = 1 2gµνdx

µdxν. (1.6)

As equa¸c˜oes de Euler-Lagrange para a Lagrangeana s˜ao d ds dL d ˙xµ − dL dxµ = 0, (1.7) com xµ

= {ct, r, θ, ϕ}. Substituindo a equa¸c˜ao 1.3 em 1.6 temos,

L = 1 2h ˙t

2

− a(t)2((1 − κr2)−1˙r2+ r2˙θ2+ r2sin2θd ˙ϕ2)i. (1.8)

O ponto na equa¸c˜ao 1.8 denota a derivada com respeito ao parˆametro u. Considerando: x0 = ct, x1 = r, x2 = θ, x3 = ϕ, podemos determinar as derivadas parciais da equa¸c˜ao 1.8,

dadas por: ∂L ∂ ˙x0 = ˙t, ∂L ∂ ˙x1 = −a2 (1 − κr2)1˙r, ∂L ∂ ˙x2 = −a 2r2˙θ, ∂L ∂ ˙x3 = −a 2r2sin2θ ˙ϕ, ∂L ∂x0 = −a ˙a[(1 − κr 2)−1˙r2+ r2˙θ2+ r2sin2θ ˙ϕ2], ∂L ∂x1 = −a 2 (1 − κr2)−2κr ˙r2− a2r ˙θ2− a2r sin2θ ˙ϕ2, ∂L ∂x2 = −a 2r2sin θ cos θ ˙ϕ, ∂L ∂x3 = 0.

(22)

Susbtituindo as derivadas na equa¸c˜ao 1.7 obtemos ¨t+ a˙a[(1 − κr2)−1˙r2+ r2˙θ2+ r2sin2θ ˙ϕ2] = 0, ¨ r + 2 ˙a a ˙t ˙r + κr(1 − κr 2)−1˙r2 − r(1 − κr2) ˙θ2− r(1 − κr2) sin2θ ˙ϕ2 = 0, ¨

θ + 2a−1˙a ˙t ˙θ + 2r−1˙r ˙θ − sin θ cos θ ˙ϕ2 = 0, ¨

ϕ + 2 ˙aa−1˙t ˙ϕ + 2r−1˙r ˙ϕ + 2cotgθ ˙θ ˙ϕ = 0.

Comparando os resultados acima com a equa¸c˜ao 1.5, determinanos os coeficientes n˜ao nulos Γµνλ

Γ011= a ˙a

(1 − κr2), Γ 0

22 = a ˙ar2, Γ033 = a ˙ar2sin2θ,

Γ101= ˙a a, Γ 1 11 = κr (1 − κr2), Γ 1 22= −r(1 − κr2), Γ133= −r(1 − κr2) sin2θ, Γ202 = ˙a a, Γ 2 12= 1 r, Γ 2 33 = − sin θ cos θ, Γ303 = ˙a a, Γ 3 13= 1 r, Γ 3 23 = cos θ sin θ.

Utilizando os s´ımbolos de Christoffel n˜ao nulos podemos calcular as componentes do tensor de Ricci, definido como

Rµν ≡ Γλµν,λ− Γλµλ,ν+ ΓλµνΓδλδ − ΓδµλΓλνλ. (1.9) Assim, encontramos R00 = − 3¨a a , (1.10) R11=  a¨a + 2 ˙a2+ 2κ (1 − κr2)  , (1.11) R22= r2(2 ˙a2+ a¨a + 2κ), (1.12)

R33 = r2sin2θ(2 ˙a2+ a¨a + 2κ), (1.13)

Rµν = 0, µ 6= ν. (1.14)

Uma vez determinadas as componentes do tensor de Ricci, obtemos o valor do escalar de curvatura R, dado por

R = gµνRµν, (1.15)

onde gµν corresponde `a matriz inversa de g

µν. Assim,

(23)

R = −6 ¨aa + ˙a 2 a2 + κ a2  . (1.16)

O tensor Gµν ´e definido como

Gµν ≡ Rµν−

1

2Rgµν. (1.17)

Utilizando os resultados obtidos, equa¸c˜oes 1.10 a 1.16, ´e poss´ıvel calcular Gµν, equa¸c˜ao

1.17, cujas componentes n˜ao nulas s˜ao

G00= 3  ˙a2 a2 + κ a2  , (1.18) G11 = −  1 1 − κr2  2¨a + ˙a2+ κ , (1.19) G22= −r22¨aa + ˙a2+ κ , (1.20)

G33 = −r2sin2θ2¨aa + ¨a2 + κ . (1.21)

A equa¸c˜ao 1.2 define o tensor energia-momento para o fluido perfeito. No sistema de coordenadas com´oveis, uµ= δµ

0, e consequentemente,

uµ = gµνδν0 = δ0µ. (1.22)

Lembrando que: δ0

µ = δ0ν = 1 se µ = ν = 0 e δµ0 = δν0 = 0 se µ = ν 6= 0. Assim, a equa¸c˜ao

1.2 pode ser reescrita como

Tµν = (ρ + p)δµ0δν0− pgµν. (1.23)

Utilizando os resultados de gµν, determinamos as componentes n˜ao nulas de Tµν

T00 = ρ, (1.24) T11= p  a2 1 − κr  , (1.25) T22 = pa2r2, (1.26) T33= pa2r2sin2θ. (1.27)

Substituindo os resultados encontrados, equa¸c˜oes 1.18 a 1.21 e 1.24 a 1.27, na equa¸c˜ao 1.1 determinamos as componentes n˜ao nulas apenas para µ = ν. Uma vez que as componentes T22 e T33 s˜ao idˆenticas `a componente T11, temos

H2 ˙a 2 a2 = 8πGρ 3 − κ a2, (1.28) ¨ a a = −4πG 3 (ρ + 3p). (1.29)

(24)

Finalmente, as equa¸c˜oes 1.28 e 1.29 s˜ao conhecidas como Equa¸c˜oes de Friedmann.

Uma vez que o tensor energia-momento Tµν´e uma matriz diagonal, a inversa ´e a matriz

Tµν. As equa¸c˜oes de Einstein levam automaticamente `as leis de conserva¸c˜ao. Neste caso,

Tµν||µ = 0, (1.30)

onde o s´ımbolo || representa a derivada covariante. Em termos dos s´ımbolos de Christofell, temos Tµν |µ+ ΓµαµT αν + Γν αµT µα= 0, (1.31)

onde a nota¸c˜ao | corresponde `a derivada ordin´aria. Para a componente ν = 0 e utilizando os s´ımbolos de Christofell determinados acima, encontramos a equa¸c˜ao de conserva¸c˜ao do fluido

˙ρ + 3˙a

a(ρ + p) = 0. (1.32)

1.3

Parˆ

ametros Cosmol´

ogicos

Os modelos cosmol´ogicos s˜ao bem representados em termos de seus parˆametros. Nas subse¸c˜oes seguintes, abordaremos os parˆametros cosmol´ogicos mais importantes para o nosso estudo 2.

1.3.1

Parˆ

ametro de densidade cr´ıtica

Antes de definirmos densidade cr´ıtica, vamos reescrever a equa¸c˜ao 1.28 em termos da densidade de energia, ǫ(t).

H2 = 8πG 3 ǫ(t) −

κ

a2. (1.33)

Seja ǫc, a densidade cr´ıtica necess´aria para o universo assumir geometria euclidiana (κ = 0)

ǫc(t) ≡

3H(t)2

8πG . (1.34)

A equa¸c˜ao 1.34 expressa o valor da densidade cr´ıtica para um dado valor de H(t). Se o valor de ǫ ´e maior que o expresso na equa¸c˜ao 1.34, o universo ´e curvado positivamente, caso contr´ario, ser´a curvado negativamente. Atualmente, o valor da densidade cr´ıtica ´e

ǫc,0(t) ≡

3H2 0

8πG. (1.35)

O sub-´ındice 0 se refere a`as atuais estimativas dos parˆametros cosmol´ogicos.

2

(25)

1.3.2

Parˆ

ametro de densidade

A partir da densidade cr´ıtica, podemos determinar um parˆametro adimensional para cada componente do universo. O parˆametro de densidade para cada componente i ´e definido como

Ωi(t) ≡

ǫi(t)

ǫc(t)

. (1.36)

Em geral, Ωi ´e uma fun¸c˜ao do tempo, desde que ǫi e ǫc sejam fun¸c˜oes do tempo. O

atual valor para este parˆametro ´e denominado de Ω0. Nosso universo cont´em diferentes

componentes e esta nota¸c˜ao pode ser usada para identificar cada uma delas. Assim, definimos os parˆametros: Ωm para mat´eria, Ωr para radia¸c˜ao e ΩΛ para a energia escura.

O parˆametro de densidade total ser´a definido pelo somat´orio

Ω(t) ≡XΩi. (1.37)

Com esta nota¸c˜ao, podemos reescrever a equa¸c˜ao de Friedmann. Lembrando que ρ(t) = ǫ(t) e substituindo o resultado encontrado em 1.36 na equa¸c˜ao 1.33, temos

H2 = 8πG

3 ǫc(t)Ω(t) − κ

a2. (1.38)

Dividindo a equa¸c˜ao anterior por H(t)2, encontramos

Ω(t) − 1 = a2H(t)κ 2. (1.39)

O caso em que Ω = 1 ´e especial, uma vez que nele, κ = 0 e desde que κ ´e uma constante em todo tempo, a equa¸c˜ao anterior converte-se em Ω = 1 para todo tempo.

Em particular, definimos o parˆametro Ωκ relacionado com a curvatura

Ωκ ≡ −

κ

a2H(t)2. (1.40)

Este parˆametro pode ser positivo ou negativo e usando a equa¸c˜ao 1.38 temos

Ω(t) + Ωκ = 1. (1.41)

1.3.3

Parˆ

ametro de desacelera¸c˜

ao

At´e o final do s´eculo passado era conveniente assumir que o universo estava expandindo desaceleradamente, pois, era esperado que a atra¸c˜ao gravitacional estivesse freando a ex-pans˜ao. Neste sentido ´e necess´ario definir o parˆametro de desacelera¸c˜ao com a finalidade de quantificar a taxa de expans˜ao do universo.

(26)

Seja a expans˜ao em s´erie de Taylor de uma fun¸c˜ao F (x) dada por F (x) = ∞ X n=0 fn(a) n! (x − a) n , (1.42)

com n!, o fatorial de n e f (n) denota a n-´esima derivada de f em torno de a. Expandindo o fator de escala a(t), atrav´es da s´erie de Taylor e mantendo os trˆes primeiros termos, temos a(t) = a (0)t 0(t − t0) 0! + a(1)(t − t 0) 1! + a(2)(t − t 0)2 2! . (1.43)

Dividindo a equa¸c˜ao 1.43 por a(t), a(t) a(t0) = 1˙a a + 1 2 ¨ a a(t − t0) 2. (1.44)

Usando a normaliza¸c˜ao a(t0) = 1, esta expans˜ao pode ser reescrita como

a(t) = 1 + H0(t − t0) −

1 2q0H

2

0(t − t0)2. (1.45)

O parˆametro q0 ´e denominado parˆametro de desacelera¸c˜ao e ´e definido como

q0 ≡ − ¨aa

˙a2



t=t0

. (1.46)

O sinal negativo na defini¸c˜ao acima garantiria um valor positivo para q0 em um universo

com expans˜ao desacelerada. Em contrapartida, um valor negativo para q0sugere expans˜ao

acelerada.

O parˆametro de desacelera¸c˜ao tamb´em pode ser expresso em termos do desvio espectral para o vermelho (redshift).

Antes de continuarmos, precisamos conceituar o redshift. Uma consequˆencia do efeito Doppler aplicado `as ondas eletromagn´eticas ´e o redshift definido como

z ≡ λobλ− λem

em

, (1.47)

sendo λob ´e o comprimento de onda da luz observada na Terra e λem o comprimento de

onda da luz emitida se o objeto estivesse em repouso. Se z > 0, esta quantidade ´e chamada de redshift, caso contr´ario, recebe o nome de blueshift. A maioria das gal´axias possuem z > 0.

Seja H(t) = ˙a/a. Derivando, temos

˙

H = a¨a − ˙a

2

(27)

Sejam as quantidades a = 1 1 + z, (1.49) ˙ H = dH dt = dH dz dz dt, (1.50) ˙a = − 1 (1 + z)2 dz dt. (1.51)

Substituindo a equa¸c˜ao 1.51 em 1.50, temos ˙

H = ˙H(z)−˙a(1 + z)2 . (1.52)

Igualando as equa¸c˜oes 1.55 e 1.48, encontramos

˙

H(z)−˙a(1 + z)2 = a¨a − ˙a2

a2 . (1.53)

Resolvendo a equa¸c˜ao acima, resulta que (1 + z) ˙H(z)

H(z) − 1 = − a¨a

˙a2. (1.54)

Note que o lado direito da express˜ao 1.54 ´e equivalente `a express˜ao 1.46. Finalmente, temos

q0 =

(1 + z) ˙H(z)

H(z) − 1, (1.55)

sendo H(z) denominado fun¸c˜ao de Hubble.

1.3.4

Parˆ

ametro da equa¸c˜

ao de estado

O parˆametro da equa¸c˜ao de estado relaciona a press˜ao p com a densidade de energia ǫ de uma componente do universo

ωi =

p ǫi

. (1.56)

Podemos encontrar uma rela¸c˜ao geral que relaciona o parˆametro da equa¸c˜ao de estado, a densidade de energia e o fator de escala. Seja a equa¸c˜ao 1.32 do fluido c´osmico expressa em termos da densidade de energia

˙ ǫω+ 3

˙a

a(ǫω+ pω) = 0. (1.57)

Resolvendo esta equa¸c˜ao temos

˙ ǫω+ 3

˙a

(28)

A equa¸c˜ao 1.57 pode ser reescrita como dǫω dt 1 ǫω = −3(1 + ω) da dt 1 a. (1.59)

Integrando os dois lados da equa¸c˜ao 1.58 e supondo ω constante, temos Z ω ǫω = −3(1 + ω) Z da a , (1.60) ln ǫω = −3(1 + ω) ln a + ǫω,0, (1.61) ǫω = eln a −3(1+ω)+ǫω,0 , (1.62) ǫω = ǫω,0a−3(1+ω), (1.63)

sendo ǫω,0 uma constante.

Na Cosmologia baseada da RG, podemos destacar trˆes cen´arios, que correspondem ao da radia¸c˜ao, da mat´eria n˜ao-relativ´ıstica e da energia escura, abaixo detalhados:

• ωr = 1/3 para a radi¸c˜ao o que implica em ǫr = ǫm,0/a4;

• ωm = 0 para a mat´eria n˜ao-relativ´ıstica, o que implica em ǫm = ǫm,0/a3;

• ωΛ = −1 para a componente respons´avel pela expans˜ao acelerada do universo no

modelo ΛCDM 3, o que implica em ǫ

Λ = ǫΛ,0.

3

(29)

Cap´ıtulo 2

A expans˜

ao acelerada do universo

Neste cap´ıtulo abordaremos inicialmente os estudos desenvolvidos por Hubble e a cons-tata¸c˜ao de que o universo estava em expans˜ao e consequentemente, o modelo cosmol´ogico de Einstein foi substitu´ıdo. Em seguida, abordaremos os pilares do Modelo Cosmol´ogico Padr˜ao destacando seus ˆexitos e limita¸c˜oes. Finalmente abordaremos as an´alises desenvol-vidas com as Supernovas tipo Ia (SNIa), na d´ecada de 1990, e suas implica¸c˜oes no contexto da expans˜ao acelerada do universo.

2.1

Hubble e a expans˜

ao do universo

Em 1917 Einstein propˆos um modelo de universo com base na Teoria da Relatividade Geral (1915-1916) e no Princ´ıpio Cosmol´ogico [8]. Este modelo era fundamentado na ideia, aceita na ´epoca, de que o universo era imut´avel. Contudo, os fundamentos da RG n˜ao permitiam tal solu¸c˜ao, uma vez que toda mat´eria se atrai gravitacionalmente. Para conseguir um universo est´atico, Einstein inseriu uma constante corretiva em suas equa¸c˜oes de campo para contrabalancear o efeito atrativo da gravita¸c˜ao. Reescrevendo a equa¸c˜ao 1.1 em termos desta constante, temos

Gµν − Λgµν = 8πGTµν, (2.1)

onde Λ ´e chamada de constante cosmol´ogica e tem unidade de [tempo]−2. Alguns autores

incluem o termo c2 obtendo [comprimento]−2.

(30)

1.29, podem ser reescritas como H2 ˙a 2 a2 = 8Gπρ 3 − κ a2 + Λ 3, (2.2) ¨ a a = −4πG 3 (ρ + 3p) + Λ 3, (2.3)

Em 1929, Edwin Hubble (1889-1953) descobriu uma rela¸c˜ao entre o redshift e a distˆancia das gal´axias at´e n´os. Hubble estimou a distˆancia de 20 gal´axias. Seus resultados revela-ram uma rela¸c˜ao linear entre o redshift z e a distˆancia d, sendo que, quanto mais distantes estavam as gal´axias mais veloz era o afastamento (Figura 2.1), conhecida hoje como lei de Hubble [9]

z = H0

c d, (2.4)

v´alida para z ≤ 1.0.

A descoberta de Hubble que as gal´axias estavam se afastando da Via L´actea e, por consequˆencia da homogeneidade do espa¸co, assumida no Princ´ıpio Cosmol´ogico, elas se afastavam uma das outras, implicava que o universo estava em expans˜ao. Tal constata¸c˜ao fez Einstein abandonar sua constante cosmol´ogica.

A primeira estimativa de H0 foi feita pelo Hubble que encontrou H0 = 500 Km/s

Mpc [9]. Desde ent˜ao, as medidas de H0 foram sensivelmente melhoradas. Os autores

da Ref. [10] determinaram h = 0.738 ± 0.024, j´a os autores da Ref. [11] encontraram h = 0.62 ± 0.013, onde h ´e uma parametriza¸c˜ao da cosntante de Hubble e H0 = 100h

Km/s/Mpc. Ambos os autores utilizaram cefeidas e supernovas tipo Ia para estimar o valor de H0.

A constante de Hubble ´e um parˆametro importante para v´arias aplica¸c˜oes em Cosmo-logia, tais como:

• calcular a idade do universo;

• determinar o tamanho do universo observ´avel; • estimar a densidade cr´ıtica do universo.

2.2

O Modelo Cosmol´

ogico Padr˜

ao (MCP)

O modelo que est´a na base do atual MCP foi proposto em meados de 1927, sendo finalmente aceito por volta de 1965. Segundo ele, o universo se originou de um estado de

(31)

Figura 2.1: Diagrama apresentado por Hubble (1929). Na escala, o eixo horizontal indica a distˆancia das gal´axias e o eixo vertical, a velocidade [9]. Observa-se o erro acidental cometido por Hubble: na figura aparece Km, sendo que o correto ´e Km/s para a unidade de velocidade.

densidade e temperaturas elevadas, T ≈ 1015K e ρ ≈ 1025g/cm3(Ver [12] e referˆencias nele

contidas), em um volume relativamente pequeno. O modelo est´a assentado em trˆes pilares: o Princ´ıpio Cosmol´ogico (ver sess˜ao 1.1), a Teoria da Relatividade Geral e a hip´otese de que o conte´udo do universo pode ser bem descrito por um fluido perfeito. Atualmente, este modelo ´e bem corroborado por dados observacionais dos quais enfatizaremos nas subsess˜oes seguintes: a Nucleoss´ıntese Primordial e a Radia¸c˜ao C´osmica de Fundo.

2.2.1

A Nucleoss´ıntese Primordial

O conjunto de rea¸c˜oes termonucleares que ocorreram no universo primordial e que foram respons´aveis pela forma¸c˜ao dos elementos leves ´e denominado de Nucleoss´ıntese Primordial. Gamov foi o primeiro a descrever o universo primordial. Ele supˆos que a temperatura do universo primordial era elevada o suficiente para conter toda mat´eria decomposta em sua forma elementar [13]. Assim, ele considerou que o universo era ini-cialmente preenchido por pr´otons, nˆeutrons, el´etrons, p´ositrons, f´otons e neutrinos. A s´ıntese dos elementos leves depende da rela¸c˜ao entre a temperatura, a taxa de expans˜ao e a taxa das rea¸c˜oes fraca e nuclear. As rea¸c˜oes regidas pela intera¸c˜ao fraca determinam a interconvers˜ao entre nˆeutrons e pr´otons que por sua vez, determina a quantidade de 4He

(32)

de b´arions e a quantidade de f´otons (a raz˜ao b´arion-f´oton η) e o n´umero de neutrinos Nν.

A nucleoss´ıntese primordial 1 ocorreu, aproximadamente, entre os instantes t ≈ 0.01s

e t ≈ 100s, quando a temperatura do universo variou de T ≈ 10MeV para T ≈ 0.1MeV . Neste per´ıodo foram sintetizados elementos leves, tais como: deut´erio (2H), h´elio-3 (3He),

h´elio (4He) e l´ıtio (7Li). Com a diminui¸c˜ao da temperatura devida `a expans˜ao do universo,

a press˜ao dos elementos bariˆonicos foi insuficiente para continuar a fus˜ao nuclear no plasma primordial cessando a s´ıntese dos elementos leves. Assim, as fra¸c˜oes dos elementos leves observadas hoje devem ser condizentes com a nucleoss´ıntese primordial. Os elementos mais pesados foram sintetizados posteriormente atrav´es das rea¸c˜oes nucleares no interior das estrelas [16]. Segundo as previs˜oes da nucleoss´ıntese, a parte bariˆonica do universo ´e constitu´ıda por cerca de 75% de hidrogˆenio (1H), 25% de h´elio (He) e menos de 1% de

outros elementos.

A estimativa da abundˆancia dos elementos leves constitui um importante teste para os modelos cosmol´ogicos. As an´alises dos dados obtidos pelo Wilkinson Microwave Aniso-tropy Probe (WMAP) permitiram realizar previs˜oes acerca da nucleoss´ıntese. De acordo com o WMAP 9 anos, a abundˆancia primordial do h´elio era YHe = 0.3080.0320.031 com 68% de

confian¸ca e a massa total dos neutrinos mν < 0.44eV com 95% de confian¸ca [17].

A an´alise da abundˆancia dos elementos depende da raz˜ao b´arion-f´oton η = [2 − 6]10−10

e do n´umero efetivo de esp´ecies de neutrinos Nν = 3.26 ± 0.35 com 95% de confian¸ca

[17]. Com o aux´ılio da temperatura da Radia¸c˜ao C´osmica de Fundo 2 ´e poss´ıvel estimar

a densidade da mat´eria bariˆonica (Ωb) no universo. De acordo com o WMAP 9 anos:

Ωb = 0.0463 ± 0.0024 para o modelo Lambda Cold Dark Matter (ΛCDM) [17].

A teoria da nucleoss´ıntese est´a de acordo com os valores encontrados para Nν em

aceleradores Nν = 3.00 ± 0.02 [18]. Al´em disso, seus resultados podem ser empregados

para vincular outros parˆametros cosmol´ogicos.

2.2.2

A Radia¸c˜

ao C´

osmica de Fundo

A Radia¸c˜ao C´osmica de Fundo (RCF) pode ser explicada considerando que o universo apresentava um estado primordial denso e quente. Neste sentido, a radia¸c˜ao interagia constantemente com os el´etrons e o universo era opaco, uma vez que o caminho livre m´edio era pequeno. Contudo, a medida que o universo se expandia, ele esfriava. Assim,

1

Outras informa¸c˜oes sobre a nucleoss´ıntese primordial podem ser encontradas em [14, 15].

2

(33)

quando a temperatura atingiu T ≈ 3000K [6], os ´ıons e os el´etrons se combinaram for-mando ´atomos neutros. Quando o universo atingiu um n´umero significativo de el´etrons livres, a radia¸c˜ao de fundo come¸cou a percorrer livremente o universo sem interagir mais com os el´etrons. Esta ´epoca ´e conhecida como Recombina¸c˜ao, quando o universo ficou transparente `a radia¸c˜ao. Gamov estimou a temperatura da RCF como sendo de T ≈ 5K [13]. A diminui¸c˜ao da temperatura desta radia¸c˜ao ´e uma consequˆencia direta da expans˜ao do universo 3.

A RCF foi observada pela primeira vez em 1965 por Penzias e Wilson como sendo um sinal de fundo que n˜ao possuia uma dire¸c˜ao privilegiada [19]. A interpreta¸c˜ao cosmol´ogica foi dada por Dick e colaboradores que reconheceram este sinal como sendo a RCF pre-vista por Gamov [20]. As condi¸c˜oes de equil´ıbrio termodinˆamico do universo primordial imprimiram o espectro de corpo negro `a RCF.

Desde sua detec¸c˜ao, v´arios sat´elites foram lan¸cados com o objetivo de conhecer as pro-priedades da RCF. O primeiro deles foi o Cosmic Background Explorer (COBE), lan¸cado em 1989. A bordo do COBE estava o detector Far Infrared Absolute Spectrophotometer (FIRAS) que confirmou que a RCF tinha um acurado espectro de corpo negro (ver Figura 2.2) estimando a temperatura em (2.735 ± 0.06K) [21].

Figura 2.2: Espectro da RCF obtido pelo FIRAS [21]

Depois do COBE outros instrumentos foram constru´ıdos para estudar as propriedades

3

(34)

da RCF, dentre os quais destacamos 4:

• Cosmic Anisotropy Telescope (CAT), 1994 - 1997: foi o primeiro interferˆometro constru´ıdo para medir as anisotropias da RCF.

• Balloon Observations of Millimetric Extragalactic Radiation and Ge-ophysics (BOO-MERanG), 1997-2003: um instumento lan¸cado a bordo de um bal˜ao com o objetivo de mapear a RCF. O primeiro voo mediu as anisotropias da RCF e o segundo mediu a temperatura e polariza¸c˜ao.

• WMAP, 2001 - 2012: ´e uma miss˜ao de explora¸c˜ao da NASA com o objetivo de fazer o mapeamento do c´eu. Os primeiros resultados foram publicados em 2003 com atualiza¸c˜oes em 2007, 2009 e 2011 5. Os resultados finais do WMAP 9 anos foram

publicados em 2012 [17].

• Planck, 2009 - 2013: foi projetado pela Agˆencia Espacial Europ´eia com o objetivo de estudar o universo primordial. Em mar¸co de 2013 foram publicados os resultados atualizados desta miss˜ao [23].

2.3

Supernovas e a expans˜

ao acelerada do universo

O MCP passa por alguns testes observacionais, mas apresenta alguns problemas6. Uma

das principais quest˜oes ´e a atual fase de acelera¸c˜ao c´osmica. Em 1998, as observa¸c˜oes com SNIa indicaram que o universo se encontra em uma fase de expans˜ao acelerada [24, 25]. As evidˆencias revelaram tamb´em que a expans˜ao come¸cou desacelerada e passou recentemente por uma transi¸c˜ao para a fase acelerada. Este resultado ´e pass´ıvel de interpreta¸c˜oes, tais como:

• a Relatividade Geral n˜ao se aplica `a escalas cosmol´ogicas. Atualmente existem di-versas teorias alternativas de gravidade f (R). Estas teorias surgem quando subs-titu´ımos o escalar de curvatura de Ricci R por qualquer fun¸c˜ao f (R) n˜ao-linear (ver, por exemplo, [26]).

4

Para revis˜oes completas, consulte [12].

5

Revis˜oes sobre as miss˜oes do WMAP podem ser encontradas em [22] e referˆencias nele contidas.

6

(35)

• validade restrita do Princ´ıpio Cosmol´ogico. Neste caso, o universo ´e regido pela m´etrica Lemaˆıtre-Tolman-Bondi (LTB) que descreve uma regi˜ao centrada no obser-vador em expans˜ao radial n˜ao homogˆenea (ver, por exemplo, [27]).

• a existˆencia de outra componente, a energia escura, respons´avel pela expans˜ao ace-lerada (ver por exemplo, [28]).

Nesta disserta¸c˜ao abordaremos alguns modelos cosmol´ogicos baseados na energia escura como explica¸c˜ao para a acelera¸c˜ao c´osmica. Nas subse¸c˜oes seguintes faremos um estudo das supernovas. Abordaremos os aspectos astrof´ısicos que as tornam excelentes candidatas a velas padr˜ao e suas implica¸c˜oes cosmol´ogicas.

2.3.1

Supernovas

As supernovas s˜ao eventos explosivos. Elas liberam no momento da explos˜ao uma energia da ordem de 1050ergs, podendo atingir no pico de luminosidade valores equivalentes

a 1010L

Sol [15], que corresponde a uma fra¸c˜ao significativa da luminosidade total de uma

gal´axia.

A classifica¸c˜ao das supernovas foi inicialmente feita com base na presen¸ca (superno-vas tipo II) ou ausˆencia (superno(superno-vas tipo I) de linhas de emiss˜ao de hidrogˆenio no seu espectro. As supernovas tipo II (SNII), SNIb e SNIc s˜ao encontradas em gal´axias espirais e irregulares. Estas supernovas s˜ao est´agios finais de evolu¸c˜ao de estrelas supermassivas (≥ 8MSol) que sofreram colapso gravitacional. As SNIa ser˜ao discutidas na pr´oxima se¸c˜ao.

A classifica¸c˜ao das supernovas em subtipos ´e baseada na an´alise das propriedades f´ısicas e qu´ımicas dispon´ıveis no seu espectro 7, conforme ilustra a Figura 2.3.

Antes de continuarmos precisamos conceituar distˆancia de luminosidade. A distˆancia de luminosidade, dl, relaciona a luminosidade L definida como a energia emitida pela fonte

por unidade de tempo e o fluxo F medido em nosso detector (energia emitida pela fonte por unidade de tempo por unidade de ´area).

O estudo da luminosidade das estrelas leva ao sistema de medir suas magnitudes. O sistema de magnitudes se originou na Gr´ecia Antiga, onde as estrelas eram classificadas de acordo com seu brilho aparente. Este sistema de magnitudes ´e utilizado at´e hoje. Nele, a magnitude aparente bolom´etrica m 8 ´e definida com base em uma estrela referˆencia.

7

Estudo detalhado sobre as supernovas pode ser encontrado em [29] e referˆencias nela contidas.

8

(36)

Figura 2.3: Esquema de classifica¸c˜ao das supernovas [30]. As duas principais classes de supernovas s˜ao caracterizadas com base na ausˆencia (Supernovas tipo I) ou presen¸ca (Supernovas tipo II) de linhas de hidrogˆenio no seu espectro. Em seguida, as supernovas de uma mesma classe s˜ao subdivididas com base na presen¸ca ou ausˆencia de outros elementos no seu espectro.

Atualmente adotamos a estrela Vega como referˆencia tendo magnitude aparente nula. As estrelas mais brilhantes que Vega tem magnitude aparente negativa e uma estrela menos brilhante tem magnitude aparente positiva. Esta defini¸c˜ao ´e expressa como

m ≡ −2.5log10

F Fα

, (2.5)

onde F e Fα representam o fluxo da fonte e da estrela referˆencia, respectivamente.

Utilizaremos tamb´em a magnitude absoluta M de uma estrela que ´e definida como a magnitude que a fonte apresenta quando se encontra a uma distˆancia padr˜ao de 10pc e a redshift igual a 0. Neste caso,

F10 =

L

4π(10pc)2. (2.6)

O fluxo F (dl) observado `a distˆancia dl est´a relacionado com o fluxo F (10pc) `a distˆancia

de 10pc por F10= F  dl 10pc 2 . (2.7)

total que tamb´em ´e chamado fluxo bolom´etrico. A magnitude correspondente a esse fluxo integrado ´e conhecida como magnitude bolom´etrica.

(37)

Substituindo a equa¸c˜ao 2.8 em 2.6, temos M = m − 5log10  dl 10pc  . (2.8)

Usualmente, podemos reescrever o resultado da equa¸c˜ao 2.9 na forma

m = 5log10  dl cH0−1  + 5log10  cH−1 0 1pc  − 5 + M, (2.9) m = 5log10dl+ A, (2.10)

sendo dl definido como

dl ≡ (1 + z)

Z z

0

dz′

H(z′). (2.11)

A quantidade A ´e definida como

A ≡ 42.38 − 5log10h. (2.12)

Finalmente, definimos a quantidade µ ≡ M − m, denominada m´odulo de distˆancia, ex-pressa por

µ = 5log10dl+ 42.38 − 5log10h. (2.13)

2.3.2

Supernovas tipo Ia e suas implica¸c˜

oes cosmol´

ogicas

As Supernovas tipo Ia (SNIa) s˜ao encontradas em praticamente todos os tipos de gal´axias. Seu espectro ´e caracterizado pelas linhas de emiss˜ao dos elementos: c´alcio, sil´ıcio e enxofre durante a fase de pico de luminosidade e ausˆencia das linhas de hidrogˆenio, uma vez que, esgotaram toda a reserva desse elemento ao longo de sua evolu¸c˜ao. O modelo mais aceito para explicar a explos˜ao das SNIa sugere um sistema bin´ario composto por uma an˜a branca que recebe mat´eria da estrela parceira. Esta transferˆencia ocorre at´e o instante em que a an˜a branca alcan¸ca o limite de massa de Chandrasekhar 9.

Uma vez que as condi¸c˜oes iniciais s˜ao bem homogˆeneas para esta classe de supernovas, elas podem ser boas candidatas a velas padr˜ao. As SNIa apresentam alta luminosidade, podendo ser detectadas a grandes distˆancias (Mpc) e com dispers˜oes de luminosidade da ordem de σ = 0.4 − 0.5 mag na banda B [2]. Esta classe de supernovas se tornou bastante popular nas ´ultimas d´ecadas devido ao seu amplo uso como velas padr˜ao para a

9

O limite de Chandrasekhar representa a m´axima massa poss´ıvel para uma estrela do tipo an˜a branca suportada pela press˜ao interna. Se uma an˜a branca exceder esta massa por agrega¸c˜ao, entrar´a em colapso, devido ao efeito da gravidade.

(38)

Cosmologia, uma vez que com elas pode-se inferir distˆancias em escalas cosmol´ogicas. Em meados de 1977, Pskovskii [31] estudou a rela¸c˜ao entre o brilho m´aximo e o decaimento da curva de luz das supernovas. Estudos posteriores confirmaram que a varia¸c˜ao estava correlacionada com o tempo de crescimento e decl´ınio da curva de luz das supernovas (ver Figura 2.4): quanto mais lento o decl´ınio, maior a luminosidade absoluta [32]. Esta rela¸c˜ao pode ser entendida no contexto do modelo da explos˜ao de uma an˜a branca, pois a quantidade total de 56Ni produzido ´e proporcional `a luminosidade m´axima da supernova.

Assim, quanto mais Ni for produzido, maior ser´a a luminosidade da SNIa que tamb´em brilhar´a por mais tempo.

Figura 2.4: Rela¸c˜ao entre o pico de emiss˜ao de luminosidade com o decaimento da curva de luz para supernovas pr´oximas. O painel superior apresenta a curva de luz aproximada-mente 50 dias ap´os o pico de emiss˜ao das supernovas. O painel inferior apresenta a curva de luz do mesmo conjunto de supernovas depois do ajuste [33].

(39)

O estudo com supernovas foi desenvolvido por dois grandes grupos: o The Supernovae Cosmology Project (SCP) entre os anos de 1980 e 1990 e o High-z Supernova Search Team (HZT), fundado em 1994. O SCP analisou a luminosidade em fun¸c˜ao do redshift para 42 SNIa no intervalo 0.10 < z < 0.83 [25, 34]. Este resultado foi somado a um conjunto de 18 supernovas em baixos redshifts z < 0.1 [35] para a constru¸c˜ao do diagrama de Hubble conforme ilustra Figura 2.5. O melhor ajuste encontrado pelo SCP para a densidade de mat´eria foi Ωm = 0.25 ± 0.36 para um universo plano favorecendo o modelo ΛCDM e

Ωm = −0.4 ± 0.15 para ΩΛ= 0 [25].

Figura 2.5: Diagrama de Hubble com dados de SNIa do grupo SCP. Assumindo Ωκ = 0,

as quatro curvas tracejadas representam ajustes para diferentes valores de Ωm (listados a

direita). As trˆes curvas s´olidas representam modelos com Λ = 0 e diferentes valores para Ωm listados `a direita. Fonte: http://www-supernova.lbl.gov.

(40)

O grupo HZT estudou 42 SNIa em altos redshift 0.16 < z < 0.97 determinando as distˆancias de luminosidade por dois m´etodos de ajustes da curva de luz: o Template-fitting method ∆m15B 10 [36] e o The Multicolor Light Curve Shape Method (MLSC)11

[37]. Os resultados revelaram que as supernovas em redshifts z < 1.0 se ajustam melhor ao modelo cosmol´ogico com Ωm = 0.24 e ΩΛ = 0.76 [24] conforme ilustra a Figura 2.6.

Figura 2.6: No painel superior `a esquerda ´e apresentado o diagrama de Hubble com supernovas em alto e baixo redshifts medidas atrav´es do m´etodo MLCS obtido pelo grupo HZT. No painel inferior ´e apresentado a diferen¸ca entre os dados e o modelo com Ωm = 0.20

e ΩΛ = 0. A direita est˜ao representadas as regi˜oes de 1σ, 2σ e 3σ de confian¸ca para Ωm e

ΩΛ [24].

10

O m´etodo utiliza uma rela¸c˜ao linear entre a luminosidade e taxa de decl´ınio ∆m15(B) das supernovas.

A quantidade ∆m15(B) corresponde `a varia¸c˜ao em magnitudes na banda B ap´os um per´ıodo de 15 dias. 11

Este m´etodo utiliza a forma da curva de luz das supernovas para reduzir os efeitos da extin¸c˜ao interestelar.

(41)

Os autores tamb´em estimaram o parˆametro de desacelera¸c˜ao (q0) admitindo que o

universo ´e composto pelas componentes Ωm e ΩΛ. Seja o parˆametro de desacelera¸c˜ao

definido na equa¸c˜ao 1.42 e o parˆametro de Hubble medido hoje igual a

H0 =

˙a

a. (2.14)

Manipulando a equa¸c˜ao 1.42 e utilizando a equa¸c˜ao 2.15, o parˆametro de desacelera¸c˜ao pode ser reescrito como

q0 = −

¨a aH2

0

, (2.15)

sendo ¨a, a acelera¸c˜ao c´osmica definida na equa¸c˜ao 1.29. Lembrando que p = ωǫ, a equa¸c˜ao 1.29 pode ser reescrita como

¨ a a = − 4πG 3c2 (ǫ + 3ωǫ) ⇒ ¨a a = − 4πG 3c2 X ω ǫω(1 + 3ω), (2.16)

onde ǫω representa a densidade de energia da componente com equa¸c˜ao de estado ω.

Multiplicando ambos os lados da equa¸c˜ao 2.17 por −1/H2

0, temos −¨a aH2 0 = + 4πG 3c2H2 0 X ω ǫω(1 + 3ω). (2.17)

Lembrando que o parˆametro de densidade de uma componente do universo ´e dado por

Ωω ≡

ǫω

ǫc

, (2.18)

com Ωω correspondente ao parˆametro de densidade da componente com equa¸c˜ao de estado

ω e ǫc ≡ 3c2H02/8πG corresponde `a densidade cr´ıtica. Substituindo 2.19 em 2.18, temos

−¨a aH2 0 = −1 2 X Ωω(1 + 3ω). (2.19)

O lado esquerdo da equa¸c˜ao 2.20 ´e equivalente a q0. Admitindo que o universo ´e composto

por mat´eria (Ωm) com ω = 0 e constante cosmol´ogica (ΩΛ) com ω = −1, a equa¸c˜ao 2.20

pode ser reescrita em termos das duas componentes

q0 =

1

2Ωm− ΩΛ. (2.20)

Descartando a possibilidade de uma densidade de mat´eria negativa, a acelera¸c˜ao c´osmica ocorre se

ΩΛ>

Ωm

2 . (2.21)

(42)

Este resultado vem sendo corroborado atrav´es de outros observ´aveis cosmol´ogicos, tais como: RCF [38], Oscila¸c˜oes Ac´usticas de B´arions (BAO) [39] e recentes cat´alogos de SNIa [40] 12. Admitindo um universo homogˆeneo e isotr´opico e assumindo a validade da RG

em escalas cosmol´ogicas, precisamos da existˆencia de uma energia escura para balancear a atra¸c˜ao gravitacional, permitindo a expans˜ao acelerada do universo. Os modelos cos-mol´ogicos de energia escura ser˜ao analisados no pr´oximo cap´ıtulo.

12

(43)

Cap´ıtulo 3

Os Modelos Cosmol´

ogicos de energia

escura

Neste cap´ıtulo faremos uma an´alise de alguns modelos cosmol´ogicos fundamentados na energia escura. Apresentaremos o principal modelo para descrever a acelera¸c˜ao c´osmica baseado na Relatividade Geral, o modelo Lambda Cold Dark Matter ΛCDM juntamente com alguns modelos concorrentes: XCDM e ωaCDM.

3.1

As componentes do universo

Nesta sess˜ao discutiremos os parˆametros cosmol´ogicos do modelo ΛCDM, utilizando os resultados dispon´ıveis no WMAP 9 anos juntamente com os resultados obtidos atrav´es da miss˜ao Planck1.

Os seis parˆametros b´asicos do modelo ΛCDM s˜ao:

• a densidade da mat´eria bariˆonica (Ωbh2);

• a densidade da mat´eria escura fria (Ωch2);

• a densidade de energia escura (ΩΛ);

• a amplitude das perturba¸c˜oes primordiais do escalar de curvatura (∆2 R);

• o ´ındice espectral da lei de potˆencia da densidade das perturba¸c˜oes primordiais (ηs);

1

Detalhes das miss˜oes juntamente com os trabalhos produzidos podem ser encontrados em: http://lambda.gsfc.nasa.gov/.

(44)

• e a reioniza¸c˜ao da profundidade ´optica (τ).

Destes parˆametros, podemos determinar:

• a idade do universo (t0);

• o parˆametro de Hubble (H0);

• a densidade de b´arions (Ωb);

• a densidade de mat´eria escura fria (Ωc);

• o redshift da equiparti¸c˜ao mat´eria-radia¸c˜ao (zeq);

• o redshift da reioniza¸c˜ao (zreion).

Os parˆametros cosmol´ogicos de interesse nesta disserta¸c˜ao para o modelo ΛCDM utili-zando os resultados do WMAP 9 anos e do Planck est˜ao dispostos na Tabela 3.1.

Parˆametro cosmol´ogico WMAP 9 anos Planck Diferen¸ca Ωbh2 0.02264 ± 0.00050 0.02217 ± 0.00033 −0.00047

Ωch2 0.1138 ± 0.0045 0.1186 ± 0.0031 0.0048

ΩΛ 0.721 ± 0.025 0.693 ± 0.19 −0.028

H0Kms−1M pc−1 70 ± 2.2 67.9 ± 1.5 −2.1

t0 Ganos 13.74 ± 0.11 13.796 ± 0.058 56Mano

Tabela 3.1: Melhores estimativas para os parˆametros cosmol´ogicos do modelo ΛCDM utilizando os resultados dispon´ıveis pelo WMAP 9 anos [17] e Planck [23].

3.1.1

A mat´

eria escura

O parˆametro de densidade de mat´eria hoje, Ωm,0, compreende a contribui¸c˜ao da mat´eria

bariˆonica e da mat´eria escura e influencia na determina¸c˜ao de parˆametros cosmol´ogicos, tais como o parˆametro de Hubble e a acelera¸c˜ao do universo. A maior parte da densidade de mat´eria no universo ´e constitu´ıda pela mat´eria escura que n˜ao interage eletromagneti-camente. A detec¸c˜ao desta componente ´e feita de forma indireta analisando sua influˆencia gravitacional sobre a mat´eria bariˆonica [42, 43, 44].

A primeira indica¸c˜ao da mat´eria escura foi proposta por Zwicky na d´ecada de 30 ao analisar a dinˆamica do aglomerado de Coma atrav´es da medida da velocidade de dispers˜ao

(45)

das gal´axias [45]. Supondo o aglomerado em equil´ıbrio dinˆamico, Zwicky aplicou o teorema do virial para determinar a sua massa e concluiu que ele s´o poderia estar gravitacional-mente interagindo se sua massa total excedesse a soma das massas das gal´axias que o compunha. Estudos posteriores desenvolvidos por Smith para o aglomerado de Virgo [46] confirmaram a proposta de Zwicky.

O estudo do comportamento das curvas de rota¸c˜ao das gal´axias espirais tamb´em for-nece evidˆencias da mat´eria escura. As curvas de rota¸c˜ao s˜ao obtidas atrav´es das medidas da velocidade circular orbital v(r) em fun¸c˜ao do raio gal´actico. Na d´ecada de 70, Rubin e Ford Jr. mediram a curva de rota¸c˜ao da gal´axia Andrˆomeda (M31) [47]. Uma vez que acreditava-se que a maior parte da massa da gal´axia estivesse concentrada na regi˜ao da mat´eria luminosa, o comportamento da curva deveria ser kepleriano para m´edios e grandes raios. Enquanto que para pequenas distˆancias do centro gal´actico, o comportamento da curva de rota¸c˜ao foi confirmado, a medida que o raio aumentava a curva de rota¸c˜ao n˜ao seguia a lei kepleriana permanecendo praticamente constante, indicando a existˆencia de uma outra componente dominante formando um halo de mat´eria escura. Este comporta-mento foi evidenciado em outras gal´axias. Como exemplo, mostramos a curva de rota¸c˜ao esperada para a gal´axia espiral NGC 3198 (Figura 3.1). A curva representada pelo termo disk descreve a velocidade de rota¸c˜ao da gal´axia admitindo a existˆencia apenas da mat´eria bariˆonica. Note que, para a curva te´orica ser compat´ıvel com a curva esperada para a referida gal´axia ´e preciso assumir a existˆencia de uma componente n˜ao bariˆonica no halo (representada pelo termo halo).

Para gal´axias el´ıpticas a detec¸c˜ao da mat´eria escura como constituinte para a massa total ´e mais complicada, porque as ´orbitas das estrelas s˜ao mais complexas que em gal´axias espirais. Contudo, evidˆencias com medidas feitas a partir da emiss˜ao de raios-X revelam que a massa dos aglomerados destas gal´axias tamb´em ´e dominada pela mat´eria escura [2]. Outro ponto relevante ´e saber se a mat´eria escura ´e fria ou quente, de onde surgem as denomina¸c˜oes cold dark matter - CDM (mat´eria escura fria) constitu´ıda por part´ıculas n˜ao relativ´ısticas e hot dark matter - HDM (mat´eria escura quente) constitu´ıda por part´ıculas relativ´ısticas. A principal diferen¸ca entre os modelos com HDM e CDM est´a relacionada com a forma¸c˜ao e evolu¸c˜ao das estruturas. Os modelos com HDM apagam as flutua¸c˜oes de pequenas escalas na ´epoca da forma¸c˜ao das estruturas. Neste contexto, as estrutu-ras em grande escala foram formadas primeiro, enquanto que as gal´axias foram formadas posteriormente atrav´es da fragmenta¸c˜ao destas estruturas. Contudo, este cen´ario ´e

(46)

con-Figura 3.1: Curva de rota¸c˜ao da gal´axia NGC3198 [48]. Os pontos representam as medidas da velocidade orbital em fun¸c˜ao do raio gal´actico. As curvas representam as contribui¸c˜oes da velocidade devido ao disco e ao halo. O comportamento n˜ao kleperiano para m´edios e grandes raios ´e explicado pela hip´otese da existˆencia do halo escuro.

tradit´orio com as observa¸c˜oes. Por exemplo, se observarmos uma gal´axia e o quasar QSOs em redshift z ≈ 6, concluimos que a estrutura em pequena escala surgiu quando o universo tinha menos de 10% de sua idade atual. Portanto, a HDM ´e exclu´ıda como a componente dominante da mat´eria escura. Em contrapartida, a mat´eria escura fria consegue se acumu-lar em pequenas escalas formando as estruturas de forma hier´arquica estando de acordo com as observa¸c˜oes [49, 50].

3.1.2

A energia escura

Atualmente, a energia escura ´e considerada a componente respons´avel pela acelera¸c˜ao c´osmica. Al´em das evidˆencias com supernovas (ver Cap´ıtulo 2), outras observa¸c˜oes levam a inferir sua existˆencia, entre as quais destacamos: o espectro de potˆencia das anisotropias da RCF, BAO, observa¸c˜oes em raios X de aglomerados de gal´axias e r´adio gal´axias 2.

Esta componente apresenta algumas propriedades [28]: • N˜ao emite radia¸c˜ao eletromagn´etica;

• Apresenta ao que parece, press˜ao negativa (ω ≡ p/ρ ≤ −1/3);

2

(47)

• Representa cerca de 2/3 da densidade total do universo;

• ´E homogˆenea e n˜ao se manifesta nas escalas dos aglomerados de gal´axias. Nas se¸c˜oes seguintes apresentaremos alguns modelos baseados na energia escura.

3.2

O Modelo de Concordˆ

ancia C´

osmica ΛCDM

O modelo Lambda Cold Dark Matter (ΛCDM) ´e considerado o atual paradigma da Cosmologia. Ele fornece um bom ajuste para as principais observa¸c˜oes astronˆomicas como a estimativa da distˆancia de luminosidade de SNIa, RCF e BAO 3.

O modelo ΛCDM considera o universo homogˆeneo e isotr´opico, constitu´ıdo basica-mente por mat´eria escura fria, mat´eria bariˆonica, f´otons, neutrinos e energia escura sob a forma da constante cosmol´ogica, com parˆametro de equa¸c˜ao de estado ω = −1.

Utilizando os resultados do Cap´ıtulo 1: o valor da densidade cr´ıtica hoje (ǫc,0), equa¸c˜ao

1.35, o parˆametro de densidade (Ωi) de cada componente do universo, equa¸c˜ao 1.36,

junta-mente com o parˆemetro de densidade total e a densidade de cada componente do universo em termos do parˆametro ω, equa¸c˜oes 1.39 e 1,61, respectivamente, podemos reescrever a equa¸c˜ao de Friedmann, equa¸c˜ao 1.37, como

H2 = H02 Ωr,0 a4 + Ωm,0 a3 + ΩΛ  −aκ2. (3.1)

Utilizando as equa¸c˜oes 1.40 que define o parˆametro Ωκ e 1.48 que relaciona o fator de

escala (a) com o redshift (z), temos

H2 = H02Ωr,0(1 + z)4+ Ωm,0(1 + z)3+ ΩΛ,0+ Ωκ,0(1 + z)2 , (3.2)

com parˆametros livres: Ωr,0, Ωκ,0 e Ωm,0.

A hip´otese de que a constante cosmol´ogica seja uma candidata convincente para des-crever a expans˜ao acelerada tem reproduzido uma s´erie de trabalhos na literatura (ver por exemplo: [53, 54, 55, 56, 57]).

A constante cosmol´ogica, representada por Λ, ´e a candidata mais simples `a energia escura. Ela foi introduzida por Einstein em 1917 para descrever um modelo cosmol´ogico est´atico. No atual contexto cosmol´ogico, a energia escura ´e representada por um fluido com densidade de energia

ρΛ=

Λ

8πG, (3.3)

3

(48)

e press˜ao

pΛ= −

Λ

8πG, (3.4)

sendo, neste caso, pΛ= −ρΛ.

Em complemento a esta vis˜ao, na Teoria Quˆantica de Campos o termo Λ poderia estar associado `as flutua¸c˜oes quˆanticas do estado do v´acuo. Tais flutua¸c˜oes podem ser demonstradas experimentalmente, por exemplo, atrav´es do Efeito Casimir 4 [58, 59].

Di-ferentemente da vis˜ao cl´assica, onde o v´acuo ´e entendido como uma regi˜ao desprovida de mat´eria, radia¸c˜ao ou qualquer outra forma de energia (tensor energia-momento ´e nulo Tαβ ≡ 0), na vis˜ao quˆantica o v´acuo ´e entendido como o estado de m´ınima energia. Devido

`as rela¸c˜oes de incerteza, os campos flutuam em torno do zero, e apenas seus valores m´edios podem ser considerados nulos. Finalmente, a equa¸c˜ao de estado de v´acuo pvac = −ρvac,

ou seja, uma equa¸c˜ao de estado idˆentica a de uma constante cosmol´ogica.

De fato, os resultados do WMAP 9 anos revelam que o universo ´e praticamente plano (Ωκ = −0.0027+0.0019−0.0038) [17], isso implica que a densidade total de energia deve estar pr´oxima

da densidade cr´ıtica. Assumindo que a densidade de energia do v´acuo seja dada pela diferen¸ca entre a densidade cr´ıtica e a densidade de mat´eria e lembrando que a densidade de energia ´e dominante no universo hoje, temos [60, 61]

ρΛ,0≤ ρc,0 =

3H2 0

8πG ≈ 10

−29g/cm3. (3.5)

Em contrapartida, o valor da constante Λ previsto pela teoria quˆantica de campos ´e

ρΛ,teor ≈ [1013− 1092]g/cm3 [60, 62]. Esta discrepˆancia da ordem de 45 a 120 magnitudes

entre o valor te´orico e o observacional ´e denominada Problema da Constante Cosmol´ogica (ver por exemplo, [63]) e tem motivado diversos modelos alternativos para a energia escura capazes de acelerar o universo e resolver este problema. Nas sess˜oes seguintes abordaremos alguns desses candidatos.

3.3

O Modelo com ω constante XCDM

Este modelo ´e uma extens˜ao do ΛCDM. Nele, a energia escura ´e descrita por um fluido homogˆeneo com o parˆametro da equa¸c˜ao de estado ω = px/ρx, com ω < −1/3

para evidenciarmos a expans˜ao acelerada, px e ρx representam a press˜ao e a densidade do

4

O Efeito Casimir ´e conhecido pela for¸ca de atra¸c˜ao que surge entre duas placas planas condutoras e descarregadas quando colocadas paralelamente uma sobre a outra no v´acuo.

Referências

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