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Academic year: 2021

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TÍTULO: EXERCÍCIO AERÓBIO E DIETA HIPERLIPÍDICA NA MODULAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:

SUBÁREA: EDUCAÇÃO FÍSICA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): RAPHAEL RIBEIRO ROCHA, ANA CLAUDIA MESQUITA GARCIA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): BERNARDO PETRIZ, FILIPE MOURA RIBEIRO, OCTÁVIO LUIZ FRANCO ORIENTADOR(ES):

COLABORADOR(ES): ALINNE PEREIRA DE CASTRO, CAMILA RIBEIRO, JEESER ALVES DE ALMEIDA

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1. Resumo

A obesidade é uma doença multifatorial com alto índice de mortalidade em todo mundo. Estudos recentes apontam a microbiota intestinal como um fator determinante na patogênese da obesidade. Este conjunto de bactérias que formam o microbioma no intestino do hospedeiro são responsáveis pela manutenção de sua homeostase fisiológica, participando de sua maturação imunológica, do processo digestivo e proteção contra patógenos. Tem sido investigado o efeito de diferentes dietas e programas de exercício na sua modulação, entretanto, pouco se sabe a respeito dos mecanismos moleculares responsáveis por este processo e suas respostas fisiológicas no hospedeiro. Neste contexto, o presente estudo investigou o efeito da dieta hiperlipídica e do treinamento aeróbio sobre a microbiota de modelo animal. Foram utilizados 40 camundongos C57Bl/6J machos divididos em dois grupos, baixo teor de gordura (LF; 10% de lipídeo) e alto teor de gordura (HF, 60% de lipídeo) com um período de indução de 4 meses. Posteriormente, os animais foram subdivididos em 4 grupos: LF treinado (n=10), grupo LF controle (n=10), grupo HF treinado (n=10) e grupo HF controle (n=10). Um teste incremental de velocidade máxima (Vmax) foi realizado para determinar a intensidade do treinamento, estabelecida a 50% a Vmax média de cada grupo de treino. Os animais treinaram por 30 min/dia, 5 dias/semana, durante 8 semanas. Amostras fecais foram coletadas nos períodos pré-dieta, pré-treino e pós-treino e as modulações na microbiota intestinal foram analisadas pelo sistema NGS Illumina MiSeq do gene 16S ribossomal. A dieta de HF resultou em um aumento do peso corporal e do tecido adiposo, em comparação com animais de grupos de LF. O período de treinamento resultou na perda de peso do grupo HF treinado em comparação com o grupo HF controle. O grupo LF treinado apresentou uma melhora significativa na Vmax, em comparação aos grupos alimentados com HF (controle e treinado), tanto no pré-treino, como no pós-treino. Os resultados mostrados indicaram que a dieta e o exercício foram capazes de alterar a composição da microbiota.

2. Introdução

A obesidade consiste em uma epidemia mundial, de origem multifatorial e com elevada correlação a outras patológicas como as disfunções metabólicas e doenças cardiovasculares1. Estima-se que 39% das pessoas ≥ 18 anos no mundo estão acima do peso e 2,8 milhões morrem a cada ano em decorrência à obesidade1. Na última década, a patogênese da obesidade tem sido associada à composição da microbiota intestinal. Estudos apontam que a microbiota associada a obesidade apresenta maior habilidade no processo de extração energética do meio, influenciando na estocagem de gordura e no metabolismo do hospedeiro2.

Por outro lado, o exercício físico é compreendido como um agente não-farmacológico na prevenção e no tratamento de doenças metabólicas como a obesidade3. Estudos, incluindo dados do nosso grupo, indicam que o exercício aeróbio promove alterações significativas sobre a composição da microbiota intestinal, podendo assim, ser uma nova forma complementar no tratamento da obesidade3.

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3. Objetivos

Averiguar os efeitos de oito semanas de treinamento aeróbico moderado sobre a microbiota intestinal de animais induzidos a obesidade por meio de dieta hiperlipídica.

4. Metodologia

Para o presente estudo, foram utilizados 40 camundongos machos C57Bl/6J com 20 semanas de vida, alocados em baias individuais. A temperatura do biotério foi mantida em 23 ºC (± 2 ºC) e a luz do ambiente controlada em ciclo de dose horas (claro/escuro). O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética em uso animal da Universidade Católica de Brasília sob o protocolo de número 026/15.

Os animais foram divididos em dois grupos: o grupo de animais não-obesos (LF, n = 20) que se alimentavam com dieta de baixo teor de gordura (10% de lipídios) e grupo de animais induzidos à obesidade (HF, n = 20), alimentados com ração hiperlipídica (60% de lipídios - DIO12492). O objetivo deste processo é realizar a indução da obesidade em aproximadamente 16 semanas de uso contínuo da ração.

Previamente ao treinamento físico, os animais foram ambientados na esteira rolante, que na sua extremidade fornece impulsos elétricos manipuláveis para estímulo ao exercício em movimento. Por três semanas, tempo e velocidade foram incrementados até o limite de 14 m.min-1. Posteriormente, os animais foram subdivididos em 4 grupos: Hight Fat Exercise (HFE, n= 10), Hight Fat Control (HFC, n=10), Low Fat Exercise (LFE, n=10) e Low Fat Control (LFC, n= 10). Posteriormente, foi realizada a aplicação de teste de velocidade incremental (Velocidade Máxima-Vmax) em esteira rolante, sem inclinação, com velocidade inicial de 6 m.min-1 e com incrementos de 3 m.min-1 a cada 3 minutos até a exaustão do animal4. A intensidade moderada de treinamento fora determinada a 60% do teste de Vmax durante 30 min por um período de 8 semanas4.

Ao final do treinamento, os animais sofreram eutanásia e as amostras de fezes coletadas foram encaminhadas para extração de DNA bacteriano. Foram utilizadas três amostras fecais de cada animal coletadas nos períodos: Pré-dieta (controle absoluto), pré-treinamento e ao final da 8ª semana de treinamento. A realização das coletas ocorreu sempre 24 h após a última sessão de exercício para evitar a interferência aguda do exercício na microbiota fecal. As amostras foram imediatamente estocadas em solução RNAlater® (Life Technologies, USA) para

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preservação do material genético até sua estocagem a -80 ºC. Posteriormente, as amostras pertencentes a cada linhagem animal, foram escolhidas aleatoriamente para a extração do DNA fecal. Cerca de 0,25 g de cada amostra fecal foi utilizado para a extração do DNA microbial por meio do kit PowerFecal DNA Isolation Kit (MoBio, Carlsbad, CA, USA). Após a extração os genes bacterianos 16s foram amplificados via reação em cadeia da polimerase (PCR) e posteriormente quantificados via Qubit® (Life tecnologies) e em seguida enviados diretamente para a empresa BPI Genotyping – Botucatu/SP, para o término da preparação dos amplicons.

Os resultados da bioinformática foram analisados por meio de um software chamado QIIME5 que consiste em um pacote completo de programas livres utilizados, principalmente, para comparação e análises de comunidades microbianas geradas através de plataformas de sequenciamento de alto desempenho. Posteriormente, as sequências foram filtradas para controle de qualidade e agrupadas em unidades taxonômicas operacionais (OTUs) utilizando 97% de similaridade. O algorítimo que foi utilizado para agrupar as sequencias de nucleotídeos foi o UCLUST. As amostras foram utilizadas para a análise de rarefação para determinar alfa diversidade (espécies observadas e índices de diversidade filogenética) e tabelas OTU rarefeitos. Beta diversidade e análises de coordenadas principais (PCoA) também foram calculadas dentro do QIIME usando e unweighted unifrac distancia6. Para avaliar similaridade entre as amostras, foi utilizado closed reference OTU picking contra o

banco de dados Greengenes Database versão 13_8

(http://greengenes.secondgenome.com/).

5. Resultados

Após o treinamento físico de oito semanas ocorreram diferenças significativas na potência aeróbia (Vmax) do grupo LF-T, em comparação ao seu controle (LF-C) (P < 0,01), conforme a (Figura 1). No entanto, não ocorreram diferenças significativas entre os grupos HF-T e HF-C. Em acréscimo, o grupo LF-T obteve uma maior Vmax, em comparação ao grupo HF-T (P < 0,05) e ao grupo HF-C (P < 0,0001). Nota-se que o grupo LF-T obteve uma maior Vmax, em comparação ao grupo HF-T também no período pré-treino (P < 0,01). Isto pode indicar que as diferentes aplicações de dietas antes do treinamento podem ter influenciado na potência aeróbia entre os grupos.

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Figura 1: Velocidade máxima (Vmax) pelo Teste Incremental antes do treinamento (pré-treino) e após o treinamento (pós-treino). Low Fat Controle, LF-C; Low Fat Treinado, LF-T; High Fat Controle, HF-C; High Fat Treinado, HF-T. Diferenças significativas entre LF-C vs HF-C (*P <0.05); LF-T vs HF-T (*P <0.05), LF-T vs HF-C (pré-treino, †P < 0,01) e LF-T vs HF-C (pós-treino, ††P < 0,0001).

O sequenciamento resultou em 20.537.620 de sequências e, após os passos de filtros de qualidade, o total de 10.783.252 de sequências de DNA de qualidade foram obtidas. Assim, no intuito de evitar a introdução de viés nas análises subsequentes (α e β-diversidade), em virtude da esperada discrepância de valores entre as regiões do sequenciamento, foi necessário normalizar as amostras, delimitando o número de sequências mínimas para o aproveitamento máximo das amostras. Portanto, as análises de α e β diversidade foram realizadas com as amostras que obtiveram um número maior ou igual a 113.854 mil sequências. Desta maneira, a considerar que a amostra HFC.2. pós-treino (2ª réplica biológica do período pós-treino) não continha o número mínimo de sequências acima mencionadas, assim, por este motivo conduziu a sua exclusão da α e β diversidade.

A medida de rarefação mostrou que a diversidade das espécies atingiu o platô de tendência em todas as amostras na medida em que o número de sequências fora aumentado (Figura 2). Este fator indica que o acréscimo de mais sequencias iria promover um número reduzido de espécies adicionais ao estudo. Além disso, a

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diversidade das espécies bacterianas presentes em cada amostra foi reduzida tanto nas amostras da aplicação da dieta, como também após a intervenção do treinamento.

Figura 2: Alfa diversidade e curva de rarefação. As curvas de rarefação das amostras fecais, com pelo menos 11 mil sequências de RNAr 16S em cada amostra coletada. Cada linha conecta um número médio e desvio padrão (± DP) correspondente a 97 % de similaridade entre as OTU’s observados nos respectivos três períodos: pré-dieta (controle absoluto); treinamento (HFC treino; HFT Pré-treino; LFC Pré-treino e LFT Pré-treino) e treinamento (HFC Pré-treino; HFT Pré-treino; LFC Pós-treino e LFT Pós-Pós-treino).

A análise de coordenadas principais (PCoA) das distâncias UniFrac unweighed foi calculado e comparado entre todas as triplicatas de amostras fecais coletadas nos períodos pré-dieta (controle absoluto), pré-treinamento e pós-treinamento para se observar as similaridades na composição da microbiota e também o efeito da dieta e do exercício na comunidade microbiana (Figura 3). As amostras fecais obtiveram maior similaridade devido a aplicação das dietas, no qual as amostras que foram alimentados com High Fat (pré-treino e pós-treino) foram plotadas no quadrante inferior e as amostras alimentados com Low Fat (pré-treino e pós-treino) no quadrante superior. Isto demonstra que houve uma alta similaridade entre as amostras nas diferentes aplicações de dieta (R = 0,68, P = 0,001). Todavia, a intervenção do exercício durante oito semanas de treinamento, executado a uma intensidade de 50% da Vmax não foi possível reverter o agrupamento das amostras devido a aplicação da dieta durante todo o experimento.

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Figura 3: Efeito do treinamento sobre a comunidade bacteriana. A análise de coordenadas principais (PCoA) das distâncias UniFrac unweighed foi gerado com as sequencias obtidas pelas amostras nos períodos pré-dieta (controle absoluto), pré-treinamento e pós-treinamento. A análise de similaridade ANOSIM foi usado para confirmar a distinção da comunidade bacteriana entre as triplicatas de amostras nos três períodos.

6. Considerações Finais

Baseado nos resultados obtidos, podemos notar que o exercício proporcionou uma melhora na Vmax dos animais LFT, isso em comparação a todos os demais grupos: LF-C (P < 0,01), HF-T (P < 0,05) e ao grupo HF-C (P < 0,0001). Mediante a esses dados presume-se que tipos de dieta antes e durante ao treinamento, podem surtir efeito sobre a Vmax. Referente a microbiota, verificou-se que a diversidade das espécies bacterianas presentes em cada amostra foi reduzida tanto nas amostras da aplicação da dieta, como também após a intervenção do treinamento, entretanto, as amostras fecais obtiveram maior similaridade com a aplicação das dietas. O treinamento que durou 8 semanas à 50% da Vmax, não conseguiu reverter o agrupamento das amostras devido a aplicação da dieta durante todo o experimento. Infere-se que a intensidade do exercício foi abaixo do necessário para efetiva modulação do meio microbiano, contudo, sugere-se que novos experimentos devem ser feitos para avaliar a modulação do exercício em outras intensidades.

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7. Fontes Consultadas

1 - NG, Marie et al. Global, regional, and national prevalence of overweight and obesity in children and adults during 1980–2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013. The Lancet, v. 384, n. 9945, p. 766-781, 2014.

2 - MORENO-INDIAS, Isabel et al. Impact of the gut microbiota on the development of obesity and type 2 diabetes mellitus. Recent Discoveries in Evolutionary and

Genomic Microbiology, p. 57, 2015.

3 - PETRIZ, Bernardo A. et al. Exercise induction of gut microbiota modifications in obese, non-obese and hypertensive rats. BMC genomics, v. 15, n. 1, p. 1, 2014. 4 - FERREIRA, Julio CB et al. Maximal lactate steady state in running mice: effect of exercise training. Clinical and Experimental Pharmacology and Physiology, v. 34, n. 8, p. 760-765, 2007.

5 - CAPORASO, J. Gregory et al. QIIME allows analysis of high-throughput community sequencing data. Nature methods, v. 7, n. 5, p. 335-336, 2010.

6 - LOZUPONE, Catherine; HAMADY, Micah; KNIGHT, Rob. UniFrac–an online tool for comparing microbial community diversity in a phylogenetic context. BMC

bioinformatics, v. 7, n. 1, p. 371, 2006.

7 - RIDAURA, Vanessa K. et al. Gut microbiota from twins discordant for obesity modulate metabolism in mice. Science, v. 341, n. 6150, p. 1241214, 2013.

8 - TREMAROLI, Valentina; BÄCKHED, Fredrik. Functional interactions between the gut microbiota and host metabolism. Nature, v. 489, n. 7415, p. 242, 2012.

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