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Problematizando o esporte da mídia nas aulas de educação física: o craque Neymar Júnior em foco

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MATHEUS CORRÊA DA ROSA

PROBLEMATIZANDO O ESPORTE DA MÍDIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: o craque Neymar Júnior em foco

FLORIANÓPOLIS, SC 2018

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PROBLEMATIZANDO O ESPORTE DA MÍDIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: o craque Neymar Júnior em foco

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Graduação em Educação Física, do Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física.

Orientadora: Prof. Dra. Carolina Fernandes da Silva Coorientador: Prof. Drando. Juliano Silveira

FLORIANÓPOLIS, SC 2018

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Primeiramente agradeço a Deus por sempre ter me dado forças, saúde e fé. Orientando e dando-me conforto em meus momentos de maior dificuldade. Sem ele jamais conseguiria concluir tal etapa de minha vida.

Agradeço também a minha família composta por meus amados pais Eloiza e Nivaldo, irmã Thaise e cunhado André. São meus exemplos de superação, respeito, honestidade e carinho, entre tantas outras qualidades. Minha família sempre acreditou no meu sucesso, me incentivando a vencer. Meu reconhecimento por em muitas vezes, meus familiares, terem se sacrificado para me dar tudo o que sempre precisei.

Faço uma ressalva a minha irmã Thaise. Desde novo, sempre acompanhei os seus passos aprendendo como se faziam trabalhos de aula e formatações, o que me ajudou muito, posteriormente, em minha graduação. Ela sempre esteve presente, me ouvindo e aconselhando. Dando a vida caso precisso for. A mesma ainda presenteou à mim e toda nossa família, com um bebê. Minha irmã está grávida e serei o padrinho do mesmo. Fiquei muito feliz e isto me motivou muito. Eu os amo mais que tudo.

À Universidade Federal de Santa Catarina, pelo ambiente com muitas possibilidades de conhecimento, vivências e experimentações. A estruturação acadêmica e seu corpo docente, que sempre me oportunizaram novos horizontes em minha graduação.

À professora e orientadora Dra. Carolina Fernandes da Silva, por ter confiado em mim, me auxíliado neste camino de construção de minha pesquisa. Exemplo de profissional.

Ao professor doutorando e coorientador Juliano Silveira, por ter estado ao meu lado na grande maioria do seu tempo. Do momento de construção até a finalização de minha pesquisa, me apoiando, ensinando e com tanta dedicação me aconselhando. Uma pessoa de bom caráter, o respeito muito. Um novo amigo.

Aos membros gestores e alunos da Escola Básica Professora Adriana Weingartner, por ter me concedido espaço para coleta dos dados.

Meus agradecimentos aos grandes amigos que conheci durante esta passagem na graduação. Vão sempre continuar presentes em minha vida.

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desde de já, o mеυ muito obrigado!

RESUMO

PROBLEMATIZANDO O ESPORTE DA MÍDIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: o craque Neymar Júnior em foco

Este estudo pode ser caracterizado de caráter qualitativo, e se desenvolve partindo da seguinte questão norteadora: Quais as percepções de alunos e alunas dos anos finais do ensino fundamental de uma escola pública de Palhoça sobre as relações entre esporte e mídia, considerando a participação do jogador Neymar Júnior na Copa do mundo FIFA 2018? Pode-se afirmar que a mídia assume papel de suma importância na difusão de informações e na formação da opinião pública na contemporaneidade. A mídia consiste em uma rede de difusão de informações que são conduzidas a uma grande parcela da população, caracterizando uma comunicação de massa. E dentre as informações que são consumidas cotidianamente estão os conteúdos relacionados ao esporte. Com a adesão da mídia, o esporte ganhou um caráter mais espetacularizado e com grande olhar para a comercialização, tornando-se esporte da mídia. Nessa mesma perspectiva, na qual esta manifestação cultural é tida como um grande negócio, o processo de espetacularização parece ressaltar ainda mais a lógica de consumo atribuída por interesses mercantilistas. Estas influências sobre o esporte repercutem no âmbito educacional, encontrado-se na esfera curricular da educação física, cuja tematização pode se assemelhar aos moldes da instituição esportiva, caso não haja a devida mediação por parte dos professores. Diante disto, o objetivo desta pesquisa foi verificar as percepções dos alunos e alunas sobre a influência da mídia, na qual os alunos estavam sendo expostos, analisar as relações entre o consumo de mídia dos alunos, onde neste se mostram grandes consumidores e prontamente influenciados. Pode-se afirmar que este estudo teve um viés exploratório, partindo de leituras breves, dos pressupostos teóricos do tema, para uma maior contextualização. No campo a mesma nos inspiramos nos pressupostos da teoria da recepção, compreendendo dois momentos: 1) Apresentação e aplicação de um questionário; 2) O grupo focal pautado na discussão de um vídeo relacionado com o tema da pesquisa. Os dados produzidos no grupo focal foram transcritos para posterior análise de conteúdo a partir de uma abordagem qualitativa. Após reflexões, verificou-se a presença de argumentos críticos dos alunos sobre os fatos, demonstrando a necessidade das aulas de Educação Física escolar constituirem-se em espaços para a problematização das questões referentes ao esporte da mídia. Palavras chave: Esporte da mídia. Educação física. Futebol.

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INTRODUÇÃO...7 CONSTRUINDO O TEMA DE PESQUISA...7 PROBLEMA DE PESQUISA...11 OBJETIVO GERAL...11 Objetivos específicos...11 JUSTIFICATIVA...12 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....………... ………...13 Caracterização da pesquisa...13 Campo e sujeitos da pesquisa...14

Sobre o processo de produção de dados...15

Análise dos dados...16

CAPÍTULO 1 - APONTAMENTOS SOBRE CONSUMO DE MÍDIA E ACESSO AOS CONTEÚDOS ESPORTIVOS POR PARTE DOS ALUNOS...18

1.1 EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS E ACESSO À INFORMAÇÃO...18

CAPÍTULO 2 - DISCUTINDO A PARTICIPAÇÃO DE NEYMAR JÚNIOR NA COPA DO MUNDO FIFA/2018...29

2.1 ESPORTE, MÍDIA E O FUTEBOL...29

2.2 O ÍDOLO NEYMAR JÚNIOR: DESEMPENHO, COBRANÇAS, LIDERANÇA E INFLUÊNCIAS...32 2.3 REPERCUSSÃO DE NEYMAR E SUA REPRESENTATIVIDADE:

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CONSIDERAÇÕES FINAIS...39 REFERÊNCIAS...43 ANEXOS...47 Anexo 1...48 Anexo 2...49 Anexo 3...51

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INTRODUÇÃO

CONSTRUINDO O TEMA DE PESQUISA

Pode-se afirmar que a mídia assume papel de suma importância na difusão de informações e na formação da opinião pública na contemporaneidade, principalmente por meio da televisão e também da internet. Conforme (MORAES, 1998 apud PIRES 2000, p. 23), fez um comentário:

A mídia colabora de forma significativa na definição de novas tendências e conceitos globalizados voltados para o consumo de bens culturais, onde o artifício de simplificar e racionalizar a realidade, acaba reduzindo a própria mídia ao simples entretenimento, e a divisão da oferta de bens e serviços ligados ao consumo diretamente relacionado ao capitalismo.

Com isso, a mídia pode influenciar e propagar novos elementos como tendências para a sociedade, possibilitando a difusão de novas ideologias. Para Tahara (1998 apud ROSA, 2011, p. 39) “o termo mídia tem origem do latim médium. No Brasil este termo é sinônimo de meios de comunicação.” Constituem-se em uma rede de difusão de informações que então são transmitidas por diversos programas, pautadas por instituições empresariais ou governamentais. Conforme (PIRES, 2000, p. 24):

Programas da grande mídia através de técnicas jornalisticas, por exemplo, fornecem uma visão superficial e fragmentada da informação veiculada, provocando nos seus consumidores, muitas vezes, compreensões distorcidas e, por isso mesmo, insuficientes para a elaboração de uma opinião esclarecida e crítica a respeito de um respectivo assunto.

Devido a sua propagação ser generalizada para toda a sociedade, na visão de Silva e Pacheco Neto (2016) a mídia tem um grande viés influenciador, onde mais do que nunca, se tornou corresponsável no processo de formulação de novos conceitos e opiniões. Com isso, diversos conteúdos veiculados nas grandes mídias foram afetados devido as suas incorporações. “Um dos principais conteúdos dos chamados espetáculos televisivos é o esporte” (PIRES 1998, p. 34).

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termo significa que a mídia passa a utilizar o esporte como ferramenta para defender seus interesses econômicos, políticos, sociais e ideológicos, tornando-se assim “esporte espetáculo”. Betti (2001, p. 126) ainda cita que “a espetacularização do esporte gera a fragmentação e descontextualização dos fenômenos históricos, sociológicos e antropológicos do esporte”. Perante isso, com a adesão da mídia, o esporte ganhou um significado mais industrializado e com grande olhar para o consumo, indo para além de sua prática no âmbito do lazer, do tempo livre e até mesmo como conteúdo escolar.

Este “esporte espetáculo” de acordo com Pires (1998) passa a adotar além da mercadorização, uma interlocução com os meios eletrônicos, espetacularizando suas linguagens e estabelecendo padrões do discurso televisivo. Da mesma forma é perceptível tal tendência em relação a internet. Essa adequação do esporte ao universo midiático culminou no reforço de uma série de características, como o alto rendimento e a competição, que acabam exercendo influências sobre as compreensões do fenômeno esportivo por parte de seus consumidores. E assim sendo, pode-se claramente perceber os reflexos desse esporte da mídia no ambiente escolar e, particularmente nos momentos destinados a educação física.

Nas aulas de educação física escolar, historicamente o esporte tem se constituido como conteúdo curricular hegemônico. A princípio a educação física, quando não se propõe a problematizar o esporte institucionalizado em suas aulas, acaba, apenas, reforçando os meios extraescolares através dos quais as crianças se informam e aprendem sobre o esporte, que, muitas vezes, se constitui de elementos da esportivização, da competição, da prórpia espetacularização e mercadorização.

Por isso, a necessidade dos professores de educação física promoverem uma mediação problematizadora sobre os valores competitivos, de alto rendimento e de consumo enfatizando a mercadorização do esporte, na perspectiva de se proporcionar uma outra vivência do esporte no âmbito escolar. Do contrário, acabarão alimentando e reforçando o modelo tradicional encontrado em muitas escolas que favorece ainda mais toda a influência da mídia sobre o esporte aos consumidores.

Contudo, apesar do lugar representativo que as práticas tradicionais de esporte tem ocupado ainda hoje no âmbito da educação física escolar, tal conteúdo é passível de uma apropriação e tematização problematizadora, especialmente se levarmos em conta as produções realizadas nos últimos 30 anos na área da

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Educação Física. Assim sendo, destaca-se que o esporte pode assumir tanto as características do esporte espetáculo e de alto rendimento, como também pode ser pedagogicamente transformado com objetivos diferentes de um esporte de cunho institucionalizado. Neste sentindo nos deparamos com o “esporte da escola” e o “esporte na escola”.

O “esporte na escola” segundo Pires, Abreu e Franca (2016) fragmenta a abordagem do esporte em significados ligados a performance, competição, com consequências de exclusão de muitos praticantes, dando preferência para aqueles que se destacam mais tecnicamente. Acaba gerando princípios de vitória ou derrota que são mescladas a um discurso meritocrático, que atrai a atenção de muitos praticantes e da sociedade. Este condicionamento acentua a preponderância de um modelo próximo à lógica do alto rendimento, que vai ao encontro e repercute com os princípios da mercadorização do esporte e do “esporte da mídia” tradicional.

Já o “esporte da escola” segundo Pires, Abreu e Franca (2016) procura incentivar os alunos a refletirem sobre o esporte de forma que os mesmos sejam capazes de criticar o modelo tradicional que é tecnicista ligado a competição, e a mercadorização. Desta forma os educandos reconstroem as suas necessidades educativas e interesses, proporcionando práticas conjuntas de ambos os sexos e social. Sendo assim, não dá importância exagerada ao movimento técnico, acreditando que é a partir dos jogos e da construção do pensar crítico que ocorre o aprendizado. Destaquemos contudo que, não estamos diminuindo a importância do movimento técnico mas sim o princípio do treinamento esportivo que determinam a estrutura da aula para que se possa dar conta do êxito no gesto técnico.

Dentre as compreensões críticas que levam a um novo pensamento e levantam novas discussões sobre o esporte e a educação física, temos a perspectiva da cultura corporal, representada pela concepção crítico-superadora trazida no livro Metodologia do ensino da Educação Física (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Umas das criticas feitas pelos autores em sua abordagem metodológica é que “o esporte pode ser considerado uma forma de controle social, quando voltado aos princípios do capitalismo, pela adaptação do praticante aos valores e normas dominantes defendidos para a ‘funcionalidade’ e desenvolvimento da sociedade” (COLETIVO DE AUTORES 1992, p. 48-49).

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histórico-cultural. Através da cultura corporal acontece uma ressiginificação dos conteudos ligados a prática corporal, a educação fisica na sua totalidade e o esporte propriamente dito. Por meio desta, aspectos da cultura são introduzidas no seu contexto, de uma forma reflexiva, com um conjunto de valores a fim de integrar questões ligadas ao movimento, expressão corporal, a ludicidade e a produção midiática. Enfatizando suas competências práticas, teóricas e culturais, assim como seus valores educativos, pois são nesses aspectos que o esporte justifica sua presença no currículo escolar.

Ainda entre as abordagens críticas sobre o esporte em âmbito escolar também encontramos a abordagem Crítico-Emancipatória de Kunz (2004). Ele recrimina o esporte de alto rendimento na educação física escolar, defendendo que neste meio deve ser construido um conceito amplo de esporte, voltado ao sujeito que se movimenta, tendo como base um ensino dialógico-problematizador. Para Kunz (2004) o se-movimentar é uma relação do ser humano como movimento e do mundo, onde encontramos intencionalidades nas nossas expressões corporais. O autor ainda sugere que o conceito de cultura de movimento, é um processo da construção de um conhecimento e não particularmente o produto. Sendo assim, adequo que estas intencionalidades compreendem-se no sentido que cada ser humano possui originado de suas vivências e experiências.

Tais abordagens se mostram ainda mais importantes ao levarmos em consideração que de acordo com Campos, Ramos e Santos (2015, p. 10) “A atuação da mídia no campo da cultura de movimento é crescente, além de decisiva na construção de novos significados e novas modalidades de entretenimento e consumo.” Betti (2001, p.126-127) acrescenta que “as crianças e adolescentes, hoje, e cada vez mais, tomam contato com os conteúdos da cultura corporal de movimento como telespectadores, e não como praticantes; pela imagem, e não pela vivência”.

Entendemos por “cultura corporal de movimento” aquela parcela da cultura geral que abrange algumas das formas culturais que se vêm historicamente construindo, nos planos material e simbólico, mediante o exercício sistemático da motricidade humana – jogo, esporte, ginásticas e práticas de aptidão física, atividades rítmicas/ expressivas etc. (Betti 2001, p.125).

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representada pelo futebol (SURDI, 2009), para a qual a mídia contribui de forma decisiva e que costuma ter impactos sobre a educação física que acontece nas escolas. De fato, por intermédio da mídia temos contato com textos publicitários, transmissões de eventos e comentários de especialistas, sobretudo ligadas a produção de ídolos esportivos, que acabam influenciando o imaginário das crianças e jovens. Esta imagem do ídolo que nasce do futebol, através desta relação com a mídia, conforme Surdi (2009) vêm ganhando espaço em relação as expressões, e aos demais conhecimentos na sociedade. A grande maioria da mídia vem se aproveitando destes ídolos, destacando suas qualidades e atributos a ponto de torná-los especiais, e por isso, admiráveis para sua veiculação. Grande parte deste público são adolecentes que refletem nos espaços de aula, principalmente na educação física, influências de vivências e experimentações de movimentos pré-determinados, oriundos destes ídolos criados pela mídia esportiva.

É aí que entra a necessidade da educação física, problematizar esses discursos da mídia e, consequentemente, o esporte da mídia, assumindo o compromisso de propor reflexões críticas para conseguirmos questionar o esporte e suas normas, além das condições de ressignificação à realidade social e cultural da comunidade que o pratica, cria e recria (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Nesta perspectiva, foi proposta a discussão sobre o esporte da mídia, assumindo como referência um evento esportivo recente e a participação de um “ídolo esportivo” nos pareceu uma aposta interessante, visando a construção de uma aula de educação física mais crítica e compromissada com a formação social dos alunos e alunas.

PROBLEMA DE PESQUISA

Quais as percepções de alunos dos anos finais do ensino fundamental de uma escola pública de Palhoça sobre as relações entre esporte e mídia, considerando a participação do jogador Neymar Júnior na Copa do mundo FIFA 2018?

OBJETIVO GERAL

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fundamental de uma escola pública de Palhoça, sobre as possíveis influências do esporte da mídia nos seus cotidianos e na educação física escolar, assumindo como objeto a participação de um ídolo futebolístico em um evento esportivo midiático.. Objetivos específicos

1) Verificar as percepções dos alunos em relação a influência da mídia sobre suas compreensões e vivências esportivas;

2) Analisar as relações entre o consumo de mídia dos alunos com suas compreensões sobre o esporte;

3) Verificar a presença de argumentos críticos por parte dos alunos em uma discussão sobre um fenômeno esportivo;

4) Compreender como a Educação Física escolar pode problematizar as questões referentes ao esporte da mídia.

JUSTIFICATIVA

Durante meu processo de formação na graduação, houveram sempre discussões a respeito da espetacularização do esporte, que gera influências sobre as informações diretamente ligadas as mídias, onde, por meio destas os conhecimentos acabam sendo, na sua grande maioria, impostos para a sociedade. Diante deste fato, o tema consagrou-se frente as minhas colocações para buscar compreender como se dão estas influências em âmbito escolar. Dessa forma, acredito que o presente trabalho tem uma grande contribuição na tematização, discussão e reflexão de um pensamento mais crítico levado aos alunos sobre a influência do esporte da mídia nas aulas de Educação Física escolar. Principalmente por trazer algumas considerações fundamentais que podem ser pensadas a fim de compreender e esclarecer melhor todas estas relações e representatividades.

Em termos de relevância social, observou-se que uma reflexão crítica sobre esses interesses favorece uma compreensão melhor das responsabilidades que encontram-se diante da formação de um ser humano mais crítico. Sendo assim o papel da minha pesquisa é estudar como o esporte da mídia acaba influenciando diretamente as representações da vivência esportiva dos alunos em seus

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momentos de lazer e no caso específico, nos momentos de prática esportiva nas aulas de Educação Física. Da mesma forma, contribui para verificar de que maneira a Educação Física pode atuar nesse processo, problematizando as relações entre esporte e mídias nas aulas.

No que tange a relevância acadêmica o presente trabalho tem o papel de enriquecer as discussões sobre o tema. Tem, assim, o intuito de somar esforços e se relacionar com outras pesquisas acadêmicas da área, como exemplo: “o esporte na mídia durante a copa do mundo/2006 sob os olhares de jovens escolares: sínteses conclusivas de um estudo de recepção; de ANTUNES (2010)” e, “Representações do esporte-mídia na cultura lúdica das crianças; de LISBÔA (2010)”; entre outros, para compreender e refletir sobre as relações entre esporte da mídia na Educação Fisica escolar. Contribui também com as produções que vêm sendo realizadas nos últimos 20 anos em espaços didáticos acadêmicos relacionados a educação física como o Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva, nascido no Centro de Desportos/UFSC.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Caracterização da pesquisa

Este trabalho pode ser caracterizado como um estudo exploratório de caráter qualitativo que pretendeu, além de buscar o aprofundamento e articulação dos pressupostos teóricos-metodológicos, o enriquecimento das discussões envolvendo a Educação Física relacionada com o esporte da mídia e suas possiveis influências.

De acordo com Gil (1998) as pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar uma visão de um todo, de cunho aproximativo, acerca de um caso determinado. Sendo retratado neste trabalho, a influência da mídia esportiva, nas aulas de educação física em uma escola pública da rede municipal de Palhoça. A definição desta problemática se relaciona com pesquisa exploratória. Prodanov e Freitas (2013) afirma que esta visa proporcionar uma maior familiaridade com o problema, tornando-o explícito ou construindo hipóteses sobre ele.

A pesquisa adotou como inspiração para produção de dados os princípios básicos da teoria da recepção. Os estudos através da teoria da recepção, na sua

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essência, de acordo com (MEZZAROBA, 2008, p. 50) “têm como objeto as práticas cotidianas dos sujeitos, onde se estabelece uma relação fundamental do contexto destes (família, instituições, situações) com os meios de comunicação.”

Sendo assim, por meio desta teoria, segundo Fauth (2010, apud Martín-Barbero, 1995) devemos rever e repensar, criticamente, todas as informações que são veiculadas pelas mídias. Quebrando, então, este vinculo influenciador do emissor sobre o receptor, fazendo com que este que recebe as informações, as ressignifique interpretando e se apropriando de uma nova perspectiva dos significados gerados pelos conteúdos da mídia.

Segundo Antunes (2007, p. 23), em um estudo de recepção “há um espaço para reflexão, ressignificação e para momentos e movimentos de resistência à imposição dos conceitos e valores propostos (impostos) pela mídia e suas produções.” Sendo assim o receptor seria motivado a refletir a mensagem veiculada pelo meio apresentado através dos discursos e narrativas midiáticas, afim de interpretar criticamente ou não esta informação, podendo gerar uma ressignificação dos conhecimentos. Como professores, segundo Antunes (2007 apud SOUZA, 1995 p. 23) “podemos oportunizar e colaborar para o processo de formação do receptor como sujeito.” Assim proporcionando aos sujeitos uma compreensão e interpretação mais critica das informações.

Campo e sujeitos da pesquisa

A pesquisa foi realizada em uma escola da Rede Pública Municipal, localizada no bairro Caminho Novo, no município de Palhoça. A escolha da escola se deve por uma questão de familiaridade, pois a mesma situa-se no bairro no qual resido desde meu nascimento. Os participantes desta pesquisa são alunos do nono ano do ensino fundamental, do turno matutino. A escolha por esses participantes se motivou por uma questão relacionada ao tempo de pesquisa e um critério de conveniência, por uma questão ocasional de disposição para colaborar com a pesquisa, se interessando pela temática.

A maioria dos estudantes que fazem parte do ambiente desta escola, moram no mesmo bairro ou nas proximidades. Nesta comunidade, muitos estudantes frequentam a escola do seu entorno, ainda mesmo que possa competir com outra escola pública que também (se localiza nas proximidades da escolhida. Onde essa

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relação dá-se por uma divisão de subgrupos sociais que se apresenta na comunidade que as escola e os alunos estão inseridos.

Os alunos sujeitos desta pesquisa, são compreendidos, através de sua idade, como adolescentes. Respaldados pelo artigo 2º do Estatuto da Criança e do adolescenete (BRASIL, 1990) compreendemos adolescentes aqueles que apresentam uma faixa etária entre doze á dezoito anos de idade.

Sobre o processo de produção de dados

Primeiramente houve o contato com Secretaria de Educação de Palhoça para solicitação de permissão para o desenvolvimento do estudo, assim como, para apresentação do Termo de Conscentimento Livre e Esclarecido que seria assinado pelos responsáveis pelos alunos. Neste contato, fomos informados que a Secretaria de Educação de Palhoça, neste ano, não reinvidicou para as pesquisas, o comitê de ética. Ficou acordado então que, os cuidados éticos do estudo, estariam relacionados com o envio de uma autorização aos pais para que os mesmos tomassem ciência sobre a participação de seus filhos na pesquisa.

Esta pesquisa foi constituída por dois momentos, sendo estes precedidos pela apresentação do estudo e assinatura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido, encontrado no (ANEXO 1), pelos responsáveis dos alunos que foram sujeitos desta pesquisa.

1) O primeiro momento desta pesquisa se caracterizou pela apresentação e aplicação de um questionário (Anexo 2) que se relaciona com a intenção de identificar um perfil de consumo de mídia (aparelhos eletrônicos que possuem e principais meios de informação e comunicação). Abrangendo também a compreensão dos alunos a respeito da internet e suas plataformas, relacionando-as diretamente com os esportes, eventos esportivos e representatividade midiática. 2) O segundo momento da pesquisa se constituiu em um grupo focal.

Este se pautou em questões e discussões acerca das reflexões dos alunos, através das demonstrações apresentadas por meio de um vídeo relacionado com a participação de Neymar Junior na Copa do Mundo de Futebol FIFA 2018. O vídeo, relacionado com o tema e o problema desta pesquisa, foi apresentado e a discussão mediada pelo

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pesquisador responsável (Matheus Corrêa da Rosa). Propôs-se assim, segundo Bauer e Gaskell (2008, pg. 73) uma interação, com trocas de ideias e significados sobre o tema, de modo a explorar várias perspectivas e realidades.

A produção dos principais dados para este estudo se deu por meio da técnica de grupo focal, utilizando-se do recurso tecnológico (gravador) para posterior transcrição dos dados produzidos por meio das reflexões dos sujeitos investigados.

O instrumento de coleta deu-se a partir do grupo focal. Para Dias (2000, apud Caplan, 1990) o grupo focal são um grupo de pessoas que estão reunidas e dispostas afim de avalair conceitos e/ou identificar problemas.

O objetivo central do grupo focal é identificar percepções, sentimentos, atitudes e idéias dos participantes a respeito de um determinado assunto, produto ou atividade (...) seus objetivos em pesquisas (...) é aprender como os participantes interpretam a realidade, seus conhecimentos e experiências. (DIAS,2000, p. 3).

O grupo focal possibilita que os levantamentos dos dados da temática, assim como as discussões sejam mais aprofundadas, oportunizando novas reflexões e experiências que trazem um nova construção de pensamentos sobre o determindado tema que foi oportunizado na pesquisa. Para Bauer e Gaskell (2008) por mais que possa ter um roteiro pré-determinado para tal entrevista, os conteúdos dos dados vão ficando mais estruturados à medida do andamento das questões da pesquisa que vão sendo colocadas e refletidas no seu decorrer.

O momento da produção dos dados, que assumiu como inspiração, os princípios básicos da teoria da recepção, junto ao grupo focal, a priori foi realizado com oito estudantes do nono ano do ensino fundamental da Escola Basica Professora Adriana Weingartner da cidade de Palhoça, Santa Catarina. No qual foram escolhidos, intencionalmente, por suas demonstrações de interesse em participar da pesquisa. Justifica-se a escolha também, pelo fato de possuirem uma disposição reflexiva mais aguçada sobre o tema de pesquisa, por estarem em constante consumo com a mídia propriamente dita, em sua grande maioria, em uso diário.

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A análise dos resultados foi feita respeitando os princípios da pesquisa qualitativa. De acordo com as considerações de Prodanov e Freitas (2013) a pesquisa qualitativa tem o ambiente como fonte direta dos dados, onde a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo. O que foi primordial neste trabalho para entender as influências em consideração ao tema e problema de pesquisa respectivamente. A pesquisa qualitativa ainda busca compreender como os fenômenos acontecem, onde o mediador se envolve no caso da pesquisa. O tratamento desta análise foi feito assumindo como inspiração os princípios da análise de conteúdo.

Segundo Minayo (2006) a análise de conteúdo parte de uma leitura de primeiro plano das falas, depoimentos e documentos, para atingir um nível mais profundo, ultrapassando os sentidos manifestos do material. Assim se submetendo a uma visão mais ampla dos depoimentos e documentos.

De acordo com Bardin (1977, p.95 apud GIL, 2011, p.152) “A análise de conteúdo desenvolve-se em três fases: (a) pré-analise; (b) exploração do material; e (c) tratamento dos dados, inferência e interpretação”.

A pré-análise consiste na organização e preparação do material que será utilizado como documento para gerar as pressuposições da pesquisa. Já a exploração do material incide na fase da descrição analítica. Segundo Bardin (1977 apud GIL 2011) basicamente às tarefas de codificação, envolvendo: o recorte (escolha das unidades), a enumeração (escolha das regras de contagem) e a classificação (escolha de categoria). O tratamento dos dados é onde ocorre o momento da análise reflexiva e critica, tornando estes dados válidos e significativos.

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CAPÍTULO 1 - APONTAMENTOS SOBRE CONSUMO DE MÍDIA E ACESSO AOS CONTEÚDOS ESPORTIVOS POR PARTE DOS ALUNOS

1.1 EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS E ACESSO A INFORMAÇÃO

Tomando como base nosso intuito de compreender como os sujeitos participantes do estudo acessam as informações, sobretudo aquelas ligadas ao esporte e particularmente ao futebol, nos propusemos realizar um breve levantamento do perfil de consumo de mídia e acesso a informação sobre esporte. Assim sendo, para dar conta dessa tarefa buscou-se identificar primeiramente, por meio de um questionário, quais os equipamentos eletrônicos presentes em seus lares e principais fontes de acesso a informação, além da busca por dados referentes a recepção das informações atreladas ao discurso midiático esportivo.

Para compreendermos a influência do conjunto de meios de comunicação e informação, devemos refletir de que forma estas mídias com suas práticas estão inseridas em nossa sociedade. O discurso da mídia está presente em todos os lugares na forma de jornais, jogos, internet, revistas, televisão entre outras formas, que acabam atingindo a grande maioria da população. São transmitidos transversalmente com linguagens que incorporam um significado a fim de atingir toda a sociedade, transformando suas falas diante das realidades que o público se encontra. Assim, de acordo com Santos e Mezzaroba (2012, p. 1) “a mídia acaba ‘naturalizando’ as representações sociais e operando no sentido da manutenção de uma dada relação de forças no interior de uma sociedade.”

Da mesma forma que a família e a escola possuem um espaço no cotidiano dos educandos, os meios de comunicação também se encontram presentes, atuando na mediação e na representatividade desses sujeitos. A fim de verificar quais eram as características sobre o consumo de mídia dos sujeitos participantes deste estudo, primeiramente, foi questionado quais equipamentos midiáticos eletrônicos estão presentes em seus lares. Os dados referentes a essa questão são

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apresentados a seguir no gráfico 01.

Gráfico 01. Equipamentos eletrônicos presentes nos lares dos alunos

Fonte: o autor (2018)

Ao analisarmos o gráfico 1 percebemos que o meio de comunicação mais presente nas residências dos alunos é a televisão. É por meio desta, que na grande maioria do seu tempo, os sujeitos da pesquisa vêm sendo expostos a informações oferecidas através de conteúdos midiáticos tradicionais encontrados em programas de sinal aberto ou por assinatura. Segundo Lisbôa (2010, p. 8) “a televisão, configura-se como um importante e poderoso meio de produção e veiculação de informações que vem se ‘nacionalizando” como um membro efetivo das famílias brasileiras.”

Tal dado é coerente com a pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), (TIC DOMICÍLIOS, 2017) na qual se afirma que cerca de 96% dos brasileiros pesquisados possuem televisão em suas residências. De acordo com uma publicação da Agência IBGE Notícias (2018) do total de 69,3 milhões de domicílios em 2016, a televisão estava presente em 67,4 milhões, num total de 102,6 milhões de aparelhos. Telev isão Smar tpho ne Com puta dor/ Not eboo k Tabl et Telev isão por a ssin atur a Vide ogam e 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Número EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS N Ú M ER O D E A LU N O S

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Por serem tão presentes nas residencias das pessoas, os meios de comunicação tradicionais, como a televisão, apresentam o domínio das escolhas dos seus consumidores, difundindo informações de forma restrita em alguns momentos, fora de sua totalidade, caso os elementos que a compõem não sejam analisados por uma perspectiva crítica. Estes elementos podem ser encontrados na fala de Antunes (2010, p. 23), que afirma:

É claro o fato de que o rádio, o jornal ou a televisão selecionam eventos, acontecimentos, da mesma forma como selecionam definições específicas que repassam sentidos e significados pré-estabelecidos a quem consome essa produção. Mas não há, nesse processo, incentivos à reflexão crítica e ressignificação das mensagens, permitindo que se fortaleça a intenção de que sejam adotados os conceitos prontos, pré-estabelecidos.

Podemos, igualmente através dos elementos que compõem o grande desenvolvimento tecnológico da comunicação e a emergência de uma cultura digital, compreender o segundo lugar deste gráfico: Os smartphones. É por meio destes dispositivos móveis que, principalmente estes sujeitos, estão atualmente e, cada vez mais, mobilizados a utilizarem esta ferramenta para compartilhar as informações. Diferente da televisão, os smartphones permitem uma aproximação ainda maior entre os membros de diversas comunidades, através de mensagens que podem ser enviada e lidas de forma quase instantânea para diversos locais, para repassarem e debaterem uma informação de forma rápida e em grande escala.

Os usos dos smartphones são potencializados pela internet, estando abertos a outros canais de notícias que de forma ilimitada podem apresentar diversas temáticas, sem ter na sua grande maioria uma restrição de tempo e conteúdo para divulgação das informações. Assim englobam diversos pontos de vista, podendo deixar referências para posteriores pesquisas e comparações de informações relacionadas, além de outros aspectos que podem compor e enriquecer sua totalidade.

Voltando a atenção mais uma vez para os dados apresentados pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), vê-se que cerca de 94,6% dos brasileiros pesquisados com idades de 10 anos ou mais, na faixa etária dos sujeitos desta pesquisa, são usuários da internet por meio dos telefones celulares (TIC DOMICÍLIOS, 2017). Enriquecendo estes

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dados, segundo fontes da Agência IBGE Notícias (2018) do total de 179,4 milhões de pessoas com 10 anos ou mais, em 2016, por volta de 169,7 milhões acessam internet por meio do celular.

Através destas referências, e dos números colhidos por ela, podemos ter uma noção básica do quão habituais são, os meios de comunicação no nosso cotidiano, marcando transformações nas dinâmicas culturais contemporâneas. Esta crescente obtenção das informações, em relação com a internet principalmente, será discutida em seguida pela análise dos gráficos 2 e 3 respectivamente. Foi perguntado aos sujeitos desta pesquisa se os mesmos acessavam a internet e quais os meios de comunicação usavam para buscarem e acessarem as mais diversas informações.

Gráfico 02. Percentual dos alunos que acessam a internet

SIM; 88.89% NÃO; 11.11% SIM NÃO Fonte: o autor (2018)

Gráfico 03. Meios de comunicação mais utilizados para se manter informado

Inte rnet Rede Soc ial Tele visão Abe rta Tele visão por Ass inat ura Rádi o Revis ta 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Número

MEIOS PARA MANTER-SE INFORMADO

N Ú M ER O D E A LU N O S

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Fonte: o autor (2018)

Mesmo a televisão sendo o equipamento eletrônico mais presente dentro das residências dos alunos, é a internet, como constatado nos gráficos 2 e 3, principalmente por meio dos telefones celulares (smartphones), o meio de comunicação mais utilizado por estes adolescentes para buscarem informações. A internet, diferente da televisão e de outras mídias tradicionais, têm cada vez mais em sua construção uma estrutura comum facilmente acessível e ampla para que os adolescentes e o público, de modo geral, possam estar presentes em qualquer comunidade produzindo e compartilhando diversos conteúdos e informações.

Qualquer um que possua internet pode construir um canal de informação e compartilhar a comunicação sem limites, com um básico de conhecimento sobre sua utilização. Através da internet conseguimos, conforme Alves e Silva (2018, p. 44), “acessar diversos documentos em um rápido espaço de tempo, ler uma informação que ainda nem foi publicada e até produzir nossas próprias informações em formato de documentos, vídeos e por ventura baixando gratuitamente de outros países.”

Ao compararmos tais dados com as pesquisas anteriores do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), por meio de uma nova pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros (TIC DOMICÍLIOS, 2017) mais especificamente sobre o indicador amplo de usuários de internet, verifica-se que 73% dos brasileiros pesquisados com idades de 10 anos ou mais, na faixa etária dos sujeitos desta pesquisa, são usuários de internet. Segundo fontes da Agência IBGE Notícias (2018) sendo do total de 179,4 milhões de pessoas com 10 anos ou mais, em 2016, por volta de 130,9 milhões de pessoas acessam a internet.

Para além disso, de acordo com Rodriguez (2018, p. 1) ao descrever um relatório recente da agência de mídia Zenith – The ROI Agency (2018) “No próximo ano [entre 2019 e 2020], pela primeira vez, passaremos mais tempo usando a Internet [no mundo] do que assistindo televisão.”

Isto porque a televisão enquanto meio de comunicação tradicional está se adaptando de forma recente e de maneira ainda concisa, a investir em formatos e programações diversificadas que trabalham, também, em conjunto com a própria internet. Diante disto, abre-se espaço para outros meios de comunicação e plataformas que estão presentes inteiramente como produtos da internet ganhando

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este público. Estas plataformas se atualizam de acordo com a mentalidade, evolução e a necessidade dos consumidores, tendo assim uma rápida ascensão entre os jovens e adolescentes, como os alunos sujeitos desta pesquisa, além de toda sociedade.

Foi questionado aos sujeitos da pesquisa quais plataformas da internet mais acessavam no seu dia a dia. Respectivamente, os dados podem ser encontrados no gráfico 04, logo abaixo.

Gráfico 04. Plataformas e redes sociais acessadas na internet

Youtube Facebook WhatsApp Instagram Twitter Skype Snapchat Wattpad Discord Pinterest 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

PLATAFORMAS E REDES SOCIAIS

N Ú M ER O D E A LU N O S Fonte: o autor (2018)

Através da internet, as plataformas midiáticas e as redes sociais se difundem entre a sociedade, espalhando muitas informações, principalmente para os adolecentes, como os sujeitos desta pesquisa. A participação destes adolescentes nos diversos espaços virtuais é uma realidade muito clara atualmente, como o próprio gráfico 04 demonstra. Redes sociais, como: o Facebook, Instagram e outras, além das plataformas de compartilhamento como o Youtube, estão entre as mais citadas para buscarem informações. Ressaltando o Youtube, esta plataforma atualmente está se destacando neste grupo de uma forma que ela, como citado por Burgess e Green (2009, p. 13) “já faz parte do cenário da mídia de massa e é uma força a ser levada em consideração no contexto da cultura popular contemporânea.”

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Considero que o comportamento migratório dos consumidores das informações midiáticas indo da televisão para a internet e outras plataformas, ocorre com o objetivo de buscar novas fontes de notícias e conhecimentos que permitam a formação de novos conceitos e opiniões. Onde a disseminação das informações estimula a formação de comunidades que compartilham novas narrativas, como exemplo maior, o próprio Youtube.

O Youtube, através de suas disponibilidades em formato de vídeo apresenta diversos conteúdos informativos. Quando perguntamos aos alunos pesquisados, através do questionário, quais conteúdos estes adolescentes assistiam, eles destacaram os clipes musicais, jogabilidade de jogos de video game, batalha de rima, documentários, tutoriais de maquiagem e principalmente as personalidades. Estas personalidades do Youtube são as celebridades desta plataforma, onde pessoas gravam vídeos com suas opiniões, seu dia a dia e outras curiosidades em formato de vlogs. Fazendo uma analogia a palavra blog que seria um site com conteúdo em formato de texto, no caso do Vlog o conteúdo produzido seria em formato de vídeo.

Estes vídeos se compõem de edições, cortes e efeitos especiais que por sua vez acabam conquistando de forma mais eficiente a audiência e por sua vez o interesse de um adolescente quando comparado com um conteúdo transmitido na televisão. Estes conteúdos do Youtube se estruturam daquilo que os adolescentes mais se interessam. Por isso Burgess e Green (2009, p. 32) expõem que o Youtube é “tanto um sintoma como um agente das transições culturais e econômicas que estão de alguma maneira atreladas às tecnologias digitais, à internet e à participação mais direta dos consumidores.”

Contudo, como os mesmos autores afirmam, as informações que são encontradas nesta plataforma, e para além assim como nas televisões, devem ser seriamente analisadas e refletidas, antes mesmo de absorvidas como verdade, devido a seu grande papel influenciador de opiniões.

Encontramos também exemplos de um elemento nos meios, que envolve diretamente e indiretamente o conteúdo do Youtube, com outras redes sociais, sendo destacado pelos alunos durante o questionário e o grupo focal, conhecido como “os memes”.

Meme significa uma informação montada em forma de imagens, vídeos, frases, músicas, entre outros, que são editados e compartilhados na internet,

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atingindo uma grande massa. De acordo com Horta (2015) O termo “meme” foi criado, com o intuito de representar uma unidade de difusão da cultural que se dispersa em uma sociedade, através da replicação por imitações de ideias, frases, estilos, imagens, entre outros.

A divulgação destas informações ocorre de acordo com o tamanho e a capacidade que a internet tem de difundir os assuntos, tornando estes memes informações virais. Muitos dos canais de conteúdos presentes dentro do Youtube incentivam e criam estas informações editadas “os memes” e difundem para seu público.

De acordo com Alves e Silva (2018) baseados nas colocações de Burgess e Green (2009) a composição dos vlogs incentivam os comentários e o compartilhamento de informações, como exemplos os memes, transformando o YouTube em uma grande rede social. As outras redes sociais que compõem esse grupo, auxiliam numa difusão ainda mais longa destas informações que na grande maioria dos casos, quando recebidas, não são avaliadas com critérios críticos pelos leitores.

Podemos entender o meme na cultura como um processo, uma dinâmica de crescimento semiótico. Dessa forma, mais que uma brincadeira em que juntamos uma imagem a outra, em que colocamos uma legenda para uma fotografia ou que editamos um vídeo, o meme opera dentro de uma lógica, configurando um dizer sobre o mundo. (HORTA, 2015, p. 181)

A cada ano este conteúdo compreendido como meme, cresce e é divulgado por partes dos jovens e adolescentes com grandes proporções pela internet. No ano de 2018 o assunto destaque dos memes envolveu inteiramente um esporte muito conhecido pelos brasileiros: O futebol.

Dando prosseguimento às discussões, no gráfico 05, são apresentados dados sobre o acesso a conteúdos esportivos pelos sujeitos participantes do estudo.

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SIM; 55.56% NÃO; 44.44% SIM NÃO Fonte: o autor (2018)

Dentre as questões, voltamos os olhares para o conteúdo esportivo. Quando perguntado, através do questionário, aos alunos, sujeitos desta pesquisa, se estes consumiam conteúdo esportivo, o resultado ficou quase parelho, sendo 56% acessam e 44% não acessam. Dos dezoito participantes, dez acessavam e oito não. Aqueles que responderam positivamente, acessam as informações por meio da televisão, internet e plataformas online. Como exemplo destes conteúdos foi destaque: o Ultimate Fighting Championship (UFC) que significa uma organização de artes marciais mistas, conteúdos sobre natação, manobras de bicicleta modificadas, vôlei e principalmente o futebol. Ainda destes dez alunos que buscavam informações sobre conteúdos esportivos, sete eram meninos e três eram meninas. E daqueles que não acessavam, cinco eram meninas e três eram meninos. Esta questão de gênero, que ficou clara principalmente durante as falas no grupo focal, será discutida no capítulo seguinte.

No gráfico a seguir são apresentados dados referentes ao questionamento se os alunos acompanharam a seleção brasileira de futebol masculino na Copa do Mundo de 2018, tendo um envolvimento com meios informáticos da mídia esportiva ainda mais incisivo.

Gráfico 06. Você acompanhou a seleção brasileira de futebol masculino na copa do mundo da Rússia em 2018?

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SIM; 77.78%

NÃO; 22.22%

SIM NÃO

Fonte: o autor (2018)

Ao avaliarmos o resultado do gráfico 06 vemos uma diferença quando comparado ao gráfico 05. Mesmo que apenas 56% dos alunos busquem informações sobre esporte, cerca de 78% acompanharam a Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2018 na Rússia. Este acontecimento é fruto da popularização do futebol no Brasil.

Atualmente nossas representações acerca do esporte vêm sendo influenciadas diretamente pelos discursos midiáticos, que representam predominantemente uma perspectiva espetacularizada. De fato estas transformações modificam o entendimento que a sociedade e estes jovens podem ter do esporte, gerando novas compreensões do mesmo.

Estas novas compreensões podem estar diretamente atreladas ao consumismo, lucro e manipulação da sociedade ganhando seu poder de escolha por meio da sua capacidade de influência através dos conteúdos midiáticos. Por meio da transformação do esporte em espetáculo, ainda em momentos oportunos para a promoção, a mídia transforma os eventos esportivos em ações lucrativas quando espalham informações fragmentadas, com linguagens chamativas, com viés de ganhar o interesse dos telespectadores. Vimos muito destas características na Copa do Mundo de Futebol FIFA 2018. Em semelhança a este fato, Antunes (2014, p 14) defende:

A hipótese de que o contato diário com os mais variados meios de comunicação de massa e os discursos por eles produzidos no campo esportivo têm provocado influências inegáveis nos processos de apreensão e aprendizagem, por parte dos receptores, a respeito do

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conceito de esporte e sua prática gerando, por conseqüência, novas representações no imaginário social.

De acordo com Azevedo e Mezzaroba (2013) a sociedade, de modo geral, ainda não está totalmente consciente, com um ponto de vista crítico, em relação a compreensão das reais intenções das informações que vinculam no meio mídiático. Nesta circunstância “o modelo de esporte propagado [encontrado no âmbito competitivo da Copa do mundo de Futebol Fifa, por exemplo] se refere à performance, ou seja, vinculado a princípios do esporte de rendimento, de competição, focado no binômio vitória-derrota.” (FAUTH, 2010, p. 7). Desta maneira acontece a massificação do esporte midiático, que é adotado de uma forma inconsciente por grande parte da população, na qual parece assumir destaque o futebol.

Segundo Bruggemann e Pires (2013, p. 2) os meios de comunicação nacionais alavancaram o futebol brasileiro e seus jogadores, devido às características que encontramos dentro da formação da conjuntura futebolística brasileira. Sendo esta, as conquistas futebolísticas históricas do Brasil atrateladas ao seu estilo de jogo. Este estilo de jogo é composto por valores que são abertamente compreendidos dentro da cultura brasileira, como o futebol-arte, os dribles e gingas, da malandragem e da particularidade de cada jogador.

Com suas particularidades estes jogadores ganham um grande destaque nacionalmente e internacionalmente. E a partir deste destaque deixam em muitos momentos de lado seus títulos de jogadores e passam a ser compreendidos, através de um discurso midiático, para além, como celebridades e heróis nacionais. Com isso suas histórias e o estilo de vida destes jogadores passam a ser seguidas por todos que se interessam. Assim, esta narrativa acaba sendo adotada mais pelos consumidores das grandes mídias. (BRUGGEMANN; PIRES, 2013), tal como, pelos alunos participantes do presente estudo

Todavia, além destas questões, ainda há outros elementos que somam com estas circunstâncias. Acrescento então o elemento da jovialidade encontrado nos adolecentes desta pesquisa, que por meio dos memes ligados a conteúdos esportivos e, ao futebol mais especificamente aqui no Brasil, expressam as características da mídia, espalhando-as para toda sociedade. O conteúdo do meme esportivo do ano de 2018, relacionado com a jovialidade, foi constituido pela entrada da Copa do Mundo de futebol de 2018 no Brasil.

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No que diz respeito aos jogadores que se tornam celebridades as custas da mídia, destacamos aqui o jogador brasileiro de futebol Neymar Júnior vítima dos memes. Podemos perceber através dele e da sua grande influência, por meio de sua representatividade, como um ídolo da mídia esportiva trata os consumidores através desta influência e como os consumidores destas informações se comportam mediante isto. Muitos desses consumidores são adolescente, assim como os participantes desta pesquisa.

Desta forma, o capítulo seguinte tem como objetivo destacar e analisar algumas questões das falas destes alunos, encontradas em alguns pontos da transcrissão do grupo focal, seguindo três bases. Estas serão interligadas espontaneamente com foco no jogador Neymar e questões relacionadas ao esporte, mídia, gênero, cobranças, repercussões midiáticas ligada a um ídolo esportivo e entre outros pontos da temática já discutida.

CAPÍTULO 2 - DISCUTINDO A PARTICIPAÇÃO DE NEYMAR JÚNIOR NA COPA DO MUNDO FIFA/2018

2.1 ESPORTE, MÍDIA E O FUTEBOL

Os dados presentes neste capitulo tem como finalidade enriquecer os elementos desta pesquisa, dando seguimento nas apresentações e discussões téoricas, junto aos demais dados já colhidos e debatidos no capítulo anterior. Estão presentes nestas informações e análises, reflexões e discussões das compreensões das falas dos alunos que participaram do grupo focal, que tematiza a relação do esporte da mídia e suas representatividades, com o foco na participação do jogador de futebol Neymar Junior na Copa do Mundo de Futebol FIFA 2018. Os dados produzidos no grupo focal foi agrupado em temáticas para que transversalmente pudéssemos discutir os elementos captados nas falas dos sujeitos.

Logo no começo das apresentações do grupo focal, o mediador, autor desta pesquisa (Matheus Correa da Rosa), fez num primeiro momento, uma sondagem dos assuntos que seriam, ao longo da abordagem, discutidos com os alunos.

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Explicou-se como a dinâmica prevista seria desenvolvida. A seguir, o grupo contou com uma série de discussões e reflexões por parte dos alunos participantes, tendo como base o vídeo apresentado sobre a participação de Neymar na Copa. Na voz do mediador e dos alunos encontramos alguns elementos:

“- Qual é o esporte mais propagado na televisão?” – Perguntou o mediador. “- Futebol.” – Todos os alunos responderam.

“- E, em quais lugares encontramos o futebol de forma mais difundida?” – Mediador.

“- Na escola?.” – Respondeu o Aluno A.

“- E na mídia geralmente, que passa mais futebol masculino. O feminino não se vê muito, na escola.” – Respondeu a Aluna B.

Quando o mediador perguntou no primeiro momento, aos alunos, qual seria na compreensão destes sobre o esporte mais transmitido nas mídias, ao exemplo na televisão, e em qual ambiente ele estaria mais difundido, pode-se constatar dois elementos intimamente presentes nestas primeiras respostas. A hegemonia do futebol e uma questão vinculada a gênero.

Consentindo com as falas de Antunes (2007), concordamos e compreendemos que o futebol é um elemento intensamente incluso na cultura popular brasileira. Segundo Antunes (2007, p. 13 - 14) “o futebol tem atuado na construção, manutenção e divulgação de uma identidade nacional em nível universal utilizando a mídia como principal meio de divulgação.”

Relacionando o futebol com a mídia, em paralelo com o universo feminino e masculino, também para além desta conjuntura, Goellner (2005, p. 150) assegura que “a mídia esportiva pouco espaço confere ao futebol feminino, e quando o faz, geralmente, menciona não tanto os talentos esportivos das atletas, árbritras ou treinadoras, mas as suas imagens e o seus comportamentos.” Podendo compreender, através destas falas, um olhar mais para os aspectos exteriores.

No Brasil o futebol é discursivamente incorporado à identidade nacional, torna-se necessário pensar o quanto este ainda é, para as mulheres, um espaço não apenas a conquistar, mas sobretudo a ressignificar alguns dos sentidos que a ele estão incorporados de forma a afirmar que esse espaço também é seu. (GOELLNER, 2005, p. 150).

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Como um estimulo para perceber e refletir sobre estas desigualdades de gênero que podemos encontrar no universo futebolistico e, para além deste, na grande maioria dos esportes, o mediador expôs um fato verídico aos alunos que participavam do grupo focal. Este fato se refere a um campeonato de skate no qual o campeão da modalidade masculina ganhou uma premiação claramente maior do que a campeã da modalidade feminina, no mesmo evento esportivo. Este causo teve conhecimento pelos alunos participantes do grupo focal.

“- Passou o ganhador masculino na televisão, mas apenas ele, olha só a questão do gênero.” – disse o Aluno A, se referindo à desigualdade de gênero.

Posteriormente com as discussões do grupo focal, esta questão de gênero voltou novamente a ser levantada por meio dos alunos, quando o mediador perguntou ao grupo se existia uma diferença entre os esportistas homens e mulheres:

“- Vai Marta.” – Disse o Aluno C.

“- Marta ta participando da ONU”. – Mencionou a Aluna D, em relação a Marta ter sido nomeada embaixadora da ONU Mulheres.

“- Soube pela internet que ela ganhou como melhor jogadora do mundo.” – relatou o Aluno A.

O mediador intrigado com estas questões que apareceram novamente, agora mencionando uma jogadora de futebol como referência destas falas relacionadas a uma questão de gênero, perguntou se existia uma diferença do trato da mídia entre Marta e o jogador Neymar Junior. Todos os alunos responderam: “Bastante diferença.”

Deu-se destaque ainda na fala do aluno A, na parte em que o mesmo relatou que “soube pela internet”, como finalidade para ajudar na compreensão de como os adolescentes, estão mais conectados com as informações via outras mídias, que não seja só e, especificamente, a televisão. Ganhando a internet um grande destaque nesta composição, positiva ou não, de novas fontes de informações e

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opiniões, que podem levar a discussões de gênero e outras que se tornam marcantes culturalmente na formação do indivíduo espectador .

Na perspectiva de se abordar o papel da mídia na formação da cultura esportiva entre os jovens, o mediador perguntou aos alunos se os mesmos se sentiam influenciados de alguma forma pelas imagens que as mídias e/ou redes sociais, de modo geral, propagavam a eles. Como exemplo, o mediador utilizou a participação do jogador Neymar e da Seleção brasileira na Copa do Mundo de Futebol FIFA 2018, como episódio desta questão. Resposta:

“- Acho que sim né, a gente fica com aquilo dentro da mente, se tem tanta gente torcendo então o Brasil deve estar bem. Porque por exemplo, eu assim não sou muito ligado [referindo-se nas questões da seleção] mas no Instagram o time ta bom, tem boa formação, então eu pensei se ‘eles estão falando isso...’ [acredita firmemente]. Até porque, tipo assim, o Neymar pra mídia é um jogador bom né, tipo o Neymar ta ali, a formação do time ta boa, então não tem porque perder né?! Então isso meio que da um fim pra gente acreditar. Uma influencia né.” – Mencionou Aluno A.

“- Tipo Facebook que saiu uma atualização, lá naquele ‘vai Brasil’ [se referindo à campanha de apoio dos torcedores brasileiros a seleção no Facebook].” – Referiu o Aluno C, enriquecendo as falas anteriores do Aluno A.

As falas mencionadas pelo Aluno A, que foram destacadas novamente, mostram como as informações são noticiadas nos canais de comunicação das mídias digitais, interferindo e dominando a percepção do público consumidor. Este público, de modo geral, como os alunos sujeitos desta pesquisa, na sua grande maioria, se apropriam das informações, que são destaque nestes meios, como se fosse uma verdade quase incontestável.

Guillermo Orozco Gómez esclarece, classifica e caracteriza o termo mediação. Este termo se atrela com esta temática debatida da influência dos meios de comunicação que surgem das mais diversas tecnologias. Para Orozco (1996 apud Antunes, 2007, p. 56) a mediação “é um processo estruturante que configura tanto a interação dos telespectadores com os meios de comunicação quanto a criação, por parte dos receptores, dos sentidos dessa interação”. Neste segmento

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pode-se classificar diferentes tipo de mediação. Destaquemos uma: A mediação tecnológica.

A Mediação Tecnológica está diretamente relacionada com as tecnologias empregadas na comunicação midiatizada. São as formas, mecanismos e estratégias das quais os meios de comunicação se utilizam para reproduzir e recriar eletronicamente as características sociais recolhidas da realidade. A construção da temporalidade, o imbricamento de diferentes linguagens, a produção de gêneros específicos, o caráter testemunhal, a verossimilhança e a representatividade da mensagem, funcionam como elementos de grande influência no processo de recepção. (OROZCO, 1996 apud Antunes, 2007, p. 58).

Desta forma a mídia, relacionada com os equipamentos eletrônicos, meios de comunicação e plataformas via internet, acaba influenciando diretamente na cultura do receptor com todas as suas informações e estratégias para conquistarem o público em geral.

2.2 O ÍDOLO NEYMAR JÚNIOR: DESEMPENHO, COBRANÇAS, LIDERANÇA E INFLUÊNCIAS

Uma das estratégias adotadas pela mídia, ligada ao conteúdo esportivo, mais especificamente, ao futebol, foi a criação de um ídolo esportivo: Neymar Junior. Este dircurso midiático esportivo necessita criar um “herói nacional” que represente o povo aproximando a comunidade, os adolescentes e, todo público de modo geral, ao consumismo e as influências que este mesmo traz através dos seus movimentos ligados a espetacularização.

Destaco aqui algumas das falas dos alunos que participaram do grupo focal, evidenciando o jogador Neymar Jr. e sua participação na Copa do Mundo de Futebol FIFA 2018, com o intermédio do mediador.

“- A questão da influencia da mídia ficou muito presente, porque se espera muito do Neymar na copa do mundo?” – Perguntou o Mediador.

“- Sim, ele era muito cobrado.” – Respondeu a Aluna F. “- Porque será que ele cobrado? – Mediador.

“- Porque ele é considerado uma figura pública do Brasil por causa do Futebol.” – Aluna F.

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“- A gente esperava mais dele porque ele é o destaque do Brasil, e nos jogos ele arrasa, ele chama atenção, todo mundo pensava que ele fosse dar o melhor dele lá e acabou decepcionando.” – Aluna B.

“- Inclusive ele tinha acabado de voltar de lesão do pé.” – Aluno C.

“- Porque ele se cobra e é muito cobrado, o peso da copa do mundo sempre fica nas costas dele, porque ele é o jogador destaque.” – Destaca Aluna F.

Quando Neymar deixa de ser reconhecido pela mídia e pelos torcedores como mero jogador e, é compreendido como alguém que se destaca no universo social, no qual muitos se inspiram, cria-se um vínculo com a população que se identifica com este jogador de forma imediata.

De acordo com as colocações de ( MARQUES, 2012, apud BRUGGEMANN E PIRES, 2013, p. 12):

Baseado na Revista SportsPro, que [o agora ex] atleta do Santos e [ainda atual jogador] da Seleção Brasileira tem o maior potencial de Marketing entre os esportistas de todo o mundo. Este potencial se dá pelo seu carisma e sua abertura junto ao público através de redes sociais, mas também pode-se entender que esse potencial se deu pelo "Tsunami" de notícias proferidas pelos meios de comunicação sobre a figura do Neymar.

Constatamos através destas falas, que os alunos partilhavam expectativas e esperanças de um esporte da mídia, que se compreende no universo da espetacularização, exaltando ídolos que geram uma personificação nestes alunos, podendo até ir para além, envolvendo pessoas de qualquer meio social, idade e gênero.

“- Será que a história do Neymar inspira alguém?” – Perguntou o mediador. ‘- Sim né, porque ele saiu da favela.” – Disse o Aluno C.

De acordo com Lisbôa (2007, p. 81) ressaltando colocações de Adorno (1996) “a mídia exerce influência para a ‘semiformação cultural’ utilizando o esporte, criando estratégias para a construção do ídolo esportivo, privilegiando principalmente a mobilidade sociológica e ascensão social.”

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Segundo Bruggemann e Pires (2013) por meio do seu discurso, a mídia esportiva passa um encantamento do jogador fazendo questão de noticiar tudo o que acontece na vida dele, deixando ao final de ser só dele e passando a ser vivida por todos. O que possibilita pensar na questão dos “heróis” que devem agir para “redimir a sociedade”. Mas podemos pensar, que às vezes esses “heróis” acabam tomando atitudes não tão cuidadosas.

“-Vocês acham que o Neymar poderia ser o líder desta seleção?” – Questionou o Mediador.

“- Poderia ser, pelo fato de ele jogar bem e ter o apoio dos fãs, da nação brasileira, ele poderia sim. ” – Disse o Aluno A

“- Eu não acho, porque ele não tem autocontrole sobre ele mesmo. Então não tem como ser, tanto é que ele xingou o juiz em um jogo.” – Aluna F

“- Então nós temos lá o Neymar, que a midia o trata como um ídolo, e a gente se depara com um ídolo agindo assim de modo desrespeitoso, xingando o juiz como ocorreu em um jogo da Copa do Mundo, em 2018. Será se com essa atitude, ele pode ser considerado uma boa influencia?” – Pergunta o Mediador.

“- Não né, ainda mais que ele falou [referindo-se ao comentário do jornalista do vídeo transmitido durante o grupo focal] que ele [ Neymar] era ídolo das crianças né, isso influencia as crianças [negativamente]. Elas não vão achar isso bonito.” – Argumenta a Aluna B.

“- Não sei qual jogo, mas teve um que ele foi massacrado.” – Relatou o Aluno G, na ocasião de Neymar ter passado por acontecimentos de críticas e maus comentários, por usuários da internet.

De um certo modo os sujeitos desta pesquisa, por mais que se comprometam com estas representações midiáticas, já conseguem analisar algumas das questões que estes ídolos repercutem em dados momentos, dentro ou fora de campo, como celebridades. O mediador e os alunos, após as reflexões, chegaram à conclusão que tendo a aparição de Neymar como ídolo, este teria que controlar suas atitudes, pois representa uma parcela da sociedade que se inspira em sua história e padrão, mesmo este sendo empoderado pela mídia. Assim como cita (SETTON, 2009, apud FELTES E SANFELICE, 2017, p. 1):

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