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Quedas e seu impacto na saúde e na capacidade funcional dos idosos manauaras

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

FABÍOLA SILVA DOS SANTOS

QUEDAS E SEU IMPACTO NA SAÚDE E NA CAPACIDADE FUNCIONAL DOS IDOSOS MANAUARAS

FLORIANÓPOLIS 2019

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FABÍOLA SILVA DOS SANTOS

QUEDAS E SEU IMPACTO NA SAÚDE E NA CAPACIDADE FUNCIONAL DOS IDOSOS MANAUARAS

Tese de Doutorado em Enfermagem apresentada ao Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina – Área de Concentração: Filosofia e Cuidado em Enfermagem e Saúde, para obtenção do título de Doutor em Enfermagem. Linha de Pesquisa: O cuidado e o processo de viver, ser saudável e adoecer.

Orientadora: Dra. Silvia Maria Azevedo dos Santos.

FLORIANÓPOLIS 2019

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FABÍOLA SILVA DOS SANTOS

QUEDAS E SEU IMPACTO NA SAÚDE E NA CAPACIDADE FUNCIONAL DOS IDOSOS MANAUARAS

O presente trabalho em nível de doutorado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Profa.Ivonete Teresinha Schulter Buss Heidemann, Dra. Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC

Profa.Melissa Orlandi Honorio Locks, Dra. Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC

Profa.Cleisiane Xavier Diniz, Dra. Universidade do Estado do Amazonas

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do título de doutora em Enfermagem

____________________________ Profa. Dra. Jussara Gue Martini

Coordenadora do Programa

____________________________ Profa. Dra. Silvia Maria Azevedo dos Santos

Orientadora

Florianópolis, 18 de fevereiro de 2019.

Silvia Maria Azevedo

dos

Santos:35262710034

Assinado de forma digital por Silvia Maria Azevedo dos Santos:35262710034 DN: cn=Silvia Maria Azevedo dos Santos:35262710034, ou=UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, o=ICPEdu

Dados: 2019.09.02 14:29:39 -03'00'

Assinado de forma digital por Jussara Gue Martini:38065533000 Dados: 2019.09.02 14:59:34 -03'00'

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DEDICATÓRIA

Aos idosos da cidade de Manaus/Amazonas, em especial aqueles que abriram suas casas e seus corações, no intuito de contribuir com este estudo, dedico a vocês a realização deste trabalho, por todos os ensinamentos transmitidos durante a coleta de dados.

Aos meus pais, exemplo de amor e companheirismo verdadeiro. Obrigada pelo apoio incondicional!

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AGRADECIMENTOS

A Deus, nosso Pai, a nossa Senhora Aparecida, obrigada por minha vida, por me manter saudável e resiliente para esta caminhada.

Aos meus pais, Raimundo José Costa dos Santos e Maria de Fátima Silva dos Santos, pelo amor, pela confiança, obrigada pelas conversas, pelo apoio, incentivo e pelas provas de compreensão durante a realização deste trabalho. A vocês, devo quem sou.

Aos meus irmãos, Ricardo Santos e Fabricia Silva, por manterem condições familiares, assumindo responsabilidades além de suas necessidades, para que me fosse concedido o período de concentração e imersão necessário.

Às minhas sobrinhas - Isabela Vitória, Ana Júlia, Lohana e Ramilla -, pelo imensurável amor e pelos momentos de descontração, seja por telefone ou pessoalmente. Encontrá-las renovava minha alma com o mais puro dos sentimentos, e me dava forças para seguir nesta caminhada.

Ao meu amor querido, amigo, confidente e presente de Deus, André Luis Graes, grata pela paciência, parceria e escuta atenciosa. Obrigada pela contribuição, seja na formatação de tabelas, discussão de políticas ou apenas um abraço. Você fez parte desta construção.

À minha orientadora - Profa. Dra. Silvia Maria de Azevedo dos Santos -, grata por ir além da orientação. Por me entender quando nem eu me entendia. Admiração profunda por sua maestria em conduzir as orientações, sempre com um café e uma palavra sábia e doce. A senhora me inspira a ser cada dia melhor, pessoal e profissionalmente.

Ao Grupo de Estudos de Cuidados em Saúde de Pessoas Idosas - GESPI, agradeço pela acolhida, troca de conhecimentos, pelas reuniões sempre calorosas nas tardes de quinta. Vocês, professoras e membros, são especiais na forma de ensinar e transmitir conhecimento, pois o fazem por amor.

À profa. Dra. Ivonete Terezinha Shulter Buss Heideman, pelo aceite do convite e pela participação na banca de defesa. Agradeço imensamente pelas contribuições.

À profa. Dra. Melissa Orlandi Honório Locks, pelo aceite do convite e pela participação na banca de defesa, obrigada pelas contribuições valiosas.

À profa. Dra Ângela Maria Alvarez, pelo aceite em participar inicialmente da banca de qualificação de projeto desta pesquisa e agora enquanto suplente da banca de defesa de tese, gratidão.

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À profa. Dra. Cleisiane Xavier Diniz, pelo aceite em participar como membro suplente externo desta banca de defesa, seus estudos na área me inspiram.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, pelo incentivo e pela participação efetiva na construção de conhecimento de novos doutores na cidade de Manaus, minha admiração e agradecimento.

À bibliotecária Darlene Silveira Rodrigues, amiga e ótima profissional. Grata pela contribuição e pela orientação na normatização deste trabalho.

Agradeço, ainda, à companheira de estágio doutoral e parceira na divisão de problemas e sentimentos Fernanda Farias de Castro. Grata pela amizade e pelo companheirismo nesses nove meses que passamos longe de nossas casas.

Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, na coordenação da professora Dra. Jussara Gue Martini. Minha gratidão pela recepção calorosa na sede, pela fonte de inspiração diária e incentivo à pesquisa e extensão testemunhada por mim e por tantos outros doutorandos.

À Universidade do Estado do Amazonas, Escola de Ciências da Saúde, em especial ao curso de Enfermagem e coordenação: Profa. Msc. Eveline Menezes, Profa. Dra. Amelia Sicsu, pelo incentivo e apoio incondicional no decorrer dessa jornada.

Aos queridos colegas do Doutorado Interinstitucional - DINTER UFSC/UEA, Professores: Aldalice, Cassia, Cheila, Darlison, Elielza, Fernanda, Gisele, Giane, Jucimary, Lilian, Lishien, Miriam, Maria Luiza, Manoel e Sônia, sob coordenação local da querida professora Ednilza. Grata por toda amizade, partilha de sentimentos e companheirismo nessa longa caminhada de busca por conhecimento e ciência.

À querida amiga enfermeira mestranda Livia Lima, tenho a lhe agradecer por todos os dias de amizade, pelo companheirismo, por tornar o tempo de estágio doutoral mais leve.

Aos queridos amigos parceiros de trabalho do Instituto de Enfermeiros Intensivistas do Amazonas – IETI, lotados no Serviço de Cardiopediatria do Hospital Universitário Francisca Mendes, referência em cardiologia no estado: Enfermeiras Msc. Antonia Lirete Marinho Fama, Dalva Nara Alves, Carolina Angelim, Ingrid Cavalcante, Nádia Simone Dias, Valesca Bessa, Arlete Ferreira, Albaniza Gomes, Ednilza Benicio, Charliane Pará, Sandro Farias e Alexis Viciedo. Obrigada por toda confiança e provas diárias de amizade.

Às recém-enfermeiras - Hellem Ramalho e Bianca Barbosa -, minhas queridas alunas de iniciação científica e extensão universitária da Universidade do Estado do Amazonas - UEA, obrigada por oportunizar a prática do ensino e produção científica. Serei

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sempre grata pela contribuição na coleta de dados deste trabalho e por tantos momentos de aprendizados durante estes três anos.

À Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, obrigada pela abertura no campo da atenção básica e por oportunizar a investigação junto aos idosos por meio dos agentes comunitários de saúde.

Aos idosos que entrevistei, muito obrigada pela receptividade, pela alegria e pelo aprendizado de vida que levarei comigo para sempre.

A todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para realização deste sonho, meu mais puro sentimento de gratidão.

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SANTOS, Fabiola Silva dos. Quedas e seu impacto na saúde e na capacidade funcional dos idosos Manauaras. Tese (Doutorado de Enfermagem) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil, 2018. 205p.

RESUMO

O objetivo deste estudo foi desvelar o evento queda e compreender o impacto desta na saúde e capacidade funcional de idosos e respectivos familiares, na cidade de Manaus/AM, Brasil, assim como as demandas de cuidado requeridas. Estudo de abordagem qualitativa, do tipo exploratório descritivo, em que se utilizou como referencial teórico as politicas públicas relacionadas ao idoso. Período de coleta de dados de janeiro a abril de 2018, em quatro Distritos Sanitários da cidade de Manaus. Participaram do estudo 70 idosos considerados caidores, apontados pelos agentes comunitários de saúde. Após obtenção do consentimento livre e esclarecido, os idosos foram entrevistados, momento em que também foram aplicados os instrumentos de avaliação do perfil e avaliação de risco de novas quedas. As entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo proposta por Bardin (2016). A maioria dos idosos caidores entrevistados era do sexo feminino, residia em arranjos trigeracionais, possuía de quatro a seis filhos. Parte desses idosos relatou possuir osteartrose e hipertensão, acuidade visual e auditiva diminuída e fazer uso de medicamentos para tais condições. Em relação às quedas, os idosos informaram que caíram, em maioria, duas vezes em casa. No tocante ao motivo das quedas, os relatos revelaram categorias que foram organizadas nos seguintes eixos temáticos: História das quedas, as Condições de moradia, a Busca da casualidade, a Percepção de Saúde do idoso e os Cuidados e descuidados da família. Ao final do estudo, foi possível compreender como ocorria o evento quedas entre os idosos pesquisados, o impacto destas na saúde e qualidade de vida deste. Aspecto fortemente relatado foi a dificuldade de acessibilidade no espaço urbano próximo à moradia desses idosos, locais onde recorrentemente aconteceram as quedas. A pouca importância dada ao evento queda pelos idosos, pelas famílias e pelos profissionais da saúde, que ainda não dimensionam o impacto das mesmas e as graves consequências. Mesmo que as Políticas Públicas de Saúde venham destacando que as quedas tem forte poder incapacitante, influenciem na saúde física, psicológica, nas relações familiares e nos custos para o setor saúde, ainda se verifica pouco preparo dos profissionais da Atenção Básica de Saúde para atender às especificidades de saúde da população idosa que assiste. A despeito de contar com vários dispositivos legais que visam priorizar a atenção a idosos, como a Política Nacional do Idoso, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, os Pactos pela Vida e pela Saúde, o Estatuto do Idoso, ainda se tem muito a fazer para operacionalização junto a idosos e famílias assistidos, no intuito de promover envelhecimento ativo e saudável.

Palvras-chave: Envelhecimento. Políticas Públicas de Saúde. Acidentes por queda. Política Nacional de Saúde do Idoso.

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SANTOS, Fabiola Silva dos. The event falls and its impact on the health and functional capacity of the elderly in the city of Manaus. Thesis (Doctorate of Nursing) - Graduate Program in Nursing, Federal University of Santa Catarina, Florianópolis, Brazil, 2019. 205p.

ABSTRACT

The study aims to unveil the falls and understand their impact on the health and functional capacity of the elderly, their relatives, and care demands required, in the city of Manaus/AM. It was a qualitative, exploratory, and descriptive study in which public policies about the elderly were used as theoretical references. Data collection period occurred from January to April 2018 in four Sanitary Districts of the city of Manaus. Seventy elderly considered as fallers and pointed out by the community health agents attended the research. After obtaining the free and informed consent, the elderly were interviewed, and it was possible to apply the tools for assessing the profile and evaluating the risk of further falls. The interviews were analyzed according to the content analysis proposed by Bardin (1979). Most of the elderly fallers interviewed were female, resided in trigenerational homes, and had four to six children. Many of them reported having osteoarthritis and hypertension, decreased visual and auditory acuity, and used medications for such conditions. Regarding the falls, the elderly reported they fell, mostly, twice at their homes. Regarding the reasons of the fall, the reports revealed categories that were organized in the following thematic axes: History of falls, Housing conditions, Search for chance, Health Perception, and Family’s care and carelessness. At the end of this study, it was possible to understand how the falls occur among the elderly surveyed, the impact on their health and life quality. One aspect strongly reported was the difficulty of accessibility in urban spaces near the elderly’s houses where the falls often happened. There was low importance given to the falls by the elderly, family, and health professionals who still do not dimension their impact and serious consequences. The Public Health Policies have already shown that falls have strong incapacitating power, influence the physical and psychological health, family relations, and costs for the health sector. However, there is still little preparation of the Basic Health Care professionals to meet the elderly’s health specificities they attend. Even with several legal provisions to prioritize care for the elderly such as the Elderly National Policy, Elderly National Health Policy, Pacts for Life and Health, and Elderly Statute, there is still much to do to see its operationalization with the elderly and families assisted to promote active and healthy aging.

Keywords: Aging. Public Health Policies. Accidents by falling. National Health Policy of the Elderly.

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SANTOS, Fabiola Silva dos. La caída del evento y su impacto en la salud y capacidad funcional de los ancianos de la ciudad de Manaus. Tesis (doctorado de enfermería)-programa de posgrado en enfermería, Universidad Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil, 2019. 205p.

RESUMEN

El objetivo de este estudio fue desvelar el evento de la caída y comprender su impacto en la salud y capacidad funcional de los ancianos y sus familiares en la ciudad de Manaus/AM, así como las demandas de cuidado necesarias. Este fue un estudio de abordaje cualitativo, del tipo exploratorio-descriptivo, en el que se utilizó como referencia teórica las políticas públicas relacionadas con el anciano. El período de recolección de datos ocurrió en los meses de Enero a Abril del 2018, en cuatro Distritos Sanitarios de la ciudad de Manaus. Participaron del estudio 70 ancianos considerados caedores y señalados por los agentes comunitarios de salud. Después de obtener el consentimiento libre y esclarecido, los ancianos fueron entrevistados y se aplicaron los instrumentos de evaluación del perfil y del riesgo de nuevas caídas. Las entrevistas fueron analizadas según el análisis del contenido propuesto por Bardin (1979). La mayoría de los ancianos caedores entrevistados era del sexo femenino, vivía en hogares trigeneracionales y tenía de cuatro a seis hijos. Una gran parte de esos ancianos relataron poseer osteoartrosis e hipertensión, acuidad visual y auditiva disminuida y usaba medicamentos para tales condiciones. En relación a las caídas, los ancianos informaron que se cayeron, en su mayoría, dos veces en casa. En relación al motivo de las caídas, los relatos rebelaron categorías que fueron organizadas en los siguientes ejes temáticos: Historia de las

caídas; Las condiciones de vivienda, La búsqueda de la casualidad, La percepción de la salud del anciano y Los cuidados y descuidos de la familia. Al finalizar ese estudio fue

posible comprender como ocurren las caídas entre los ancianos investigados, su impacto en la salud y la cualidad de vida de los mismos. Un aspecto fuertemente relatado fue la dificultad de acceso a los espacios urbanos cerca de los hogares de esos ancianos, lugares donde sucedieron de forma recurrente las caídas. Se da poca importancia a las caídas por parte del anciano, la familia y los profesionales de la salud que todavía no dimensionan el impacto de las mismas y sus graves consecuencias. Además, las Políticas Públicas de Salud han estado destacando que las caídas tienen un fuerte poder incapacitante, influencian la salud física y sicológica en las relaciones familiares y los costos para el sector de la salud. También, se verifica una preparación insuficiente de los profesionales de la Atención Básica de Salud para atender las especificidades de salud de la población anciana que asiste. Aun considerando que ya contamos con varios dispositivos legales que tratan de priorizar la atención de los ancianos, como por ejemplo la Política Nacional del Anciano, la Política Nacional de Salud del Anciano, los Pactos por la Vida y por la Salud y el Estatuto del Anciano, todavía tenemos mucho para hacer para ver su operabilidad junto a los ancianos y las familias que asistimos con el objetivo de promover un envejecimiento activo y saludable.

Palabras clave: Envejecimiento. Politicas Públicas de Salud. Accidentes por caídas. Politica Nacional de Salud del Anciano.

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LISTA DE FIGURAS E MAPAS

Figura 1 - Fotografia de E12 (Zona Oeste), 96 anos, , segurou a minha mão

por toda entrevista ... 19 Figura 2 - Fotografia de E15 (Zona Oeste), costureira, que após a queda, perdeu a

mobilidade em membros inferiores, porém continua costurando ... 23 Figura 3 - Fotografia de E10 (Zona Norte), demonstrando como desce as escadas

em sua casa ... 28 Figura 4 - Livro escrito por E 16, (Zona norte) anos, morador da zona norte da cidade ... 30 Figura 5 - Fluxograma dos Critérios para detecção clínica da síndrome da

fragilidade em idoso proposto por Fried (2001) ... 42 Figura 6 - Fotografia do RIP-RAP, localizado na zona norte de Manaus, local de

passagem dos idosos ... 47 Figura 7 - Fluxograma Temporal das Políticas Públicas voltadas ao Idoso no Brasil ... 49 Figura 8 - Fluxograma com proposta de atendimento ao idoso na atenção básica,

na cidade de Manaus-AM ... 69 Figura 9 - Fotografia do caminho percorrido pela pesquisadora, situado na zona

oeste, para coleta de dados, demonstrado pela agente comunitária de Saúde (ACS)

e idosos do local ... 71 Figura 10 - Fotografia da Unidade Básica de Saúde Armando Mendes, localizada

na zona Norte da cidade de Manaus/ AM ... 75 Figura 11 - Fotografia da Unidade Básica de Saúde Theodomiro Garrido, localizada

na zona sul da cidade de Manaus/ AM ... 77 Figura 12 - Fotografia da Unidade Básica de Saúde Leonor Brilhante, localizada

na zona Leste da cidade de Manaus/ AM ... 78 Figura 13 - Fotografia da Unidade Básica de Saúde da Redenção, localizada na Zona

Oeste da cidade de Manaus/ AM ... 79 Figura 14 - Fluxograma de trabalho para indicação dos idosos junto aos ACS ... 80

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Figura 15 - Fluxograma de análise de dados, por meio do Software Atlas ti 8 ... 85 Figura 16 - Fotografia de E-18 Zona Oeste, caminhando pela casa para

demonstrar sua residência, a mesma só conseguia caminhar segurando em paredes ... 88 Figura 17 - Mosaico de fotografias de autoria representando as muitas faces do idoso

caidor ... 90 Figura 18 - Mosaico de fotografias, representando os riscos que os idosos caidores

correm na residência ou na comunidade... 111 Figura 19 - Relações das categorias com o potencial de risco para novas quedas em

idosos ... 122 Figura 20 - Mosaico de fotografias representando as consequências da queda para o

idoso ... 131 Figura 21 - Mosaico de fotografias representando a capacidade funcional do idoso

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de Idosos Atendidos por Unidade de Saúde, Manaus/ AM (2016) ... 75 Tabela 2 - Categorias reveladas nas falas dos idosos e sua representatividade ... 86

MANUSCRITO I

Tabela 1 - Aspectos de Saúde – Agravos pré-existentes, comorbidades,

etilismo e tabagismo ... 96 Tabela 2 - Uso de medicamentos e sua relação com o número de quedas em

idosos, na cidade de Manaus/AM ... 97 Tabela 3 - Relação do uso de polifarmácia e a ocorrência de quedas em idosos da

cidade de Manaus/AM ... 97 Tabela 4 - Número de quedas relatadas por idosos das áreas adstritas de Manaus ... 98 Tabela 5 - Locais de quedas de idosos caidores na cidade de Manaus ... 98

MANUSCRITO II

Tabela 1 - Resultados do questionário referentes ao risco dos idosos sofrerem novas

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Mapa do Brasil, demonstrando o Amazonas, ao lado: mapa do estado do

Amazonas abaixo em detalhe a localização da cidade Manaus ... 73 Mapa 2 - Mapa dos Distritos de Saúde da Cidade de Manaus- AM ... 74 Mapa 3 - Mapa do Distrito Oeste de Manaus e suas áreas adstritas, em detalhe localização

da UBS Armando Mendes ... 76 Mapa 4 - Mapa do Distrito de Saúde Sul e suas áreas adstritas, em detalhe a UBS Theodomiro

Garrido ... 77 Mapa 5 - Mapa do Distrito de Saúde Leste e suas áreas adstritas, em detalhe a UBS Leonor

Brilhante ... 78 Mapa 6 - Mapa do Distrito de Saúde Oeste e suas áreas adstritas, em detalhe a UBS da Redenção .... 79

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRASCO Associação Brasileira de Saúde Coletiva ABS Atenção Básica à Saúde

ACS Agente Comunitário de Saúde

AGS Sociedade Americana de Gerontologia AVC Acidente Vascular Cerebral

BGS Sociedade Britânica de Geriatria

CAIMI Centro de Atendimento Integral a Melhor Idade

CDC Center for Diseases

CES-D Center Epidemiological Studies Depression

CGDANT Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Trasmissiveis

CHS Cardiovascular Health Study

CNS Conselho Nacional de Saúde

CONASEMS Conselho Nacional de Secretários de Saúde dos Municipios CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde

DCNT Doenças Crônico não Transmissiveis

DM Diabetes Mellitus

ESF Estratégia Saúde da Familia HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estátistica ILPI Instituição de Longa Permanência para Idosos INPS Instituto Nacional de Previdência Social LOAS Lei Orgânica de Assitência Social MEEM Mini Exame do Estado Mental

MS Ministério da Saúde

NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família OMS Organização Mundial de Saúde ONU Organização das Nações Unidas OPS Organização Pan Americana de Saúde PAI Programa Nacional de Previdência Social PNAB Política Nacional de Atenção Básica PNI Política Nacional do Idoso

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PNSPI Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa SBGG Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SEMSA Secretaria Municipal de Saúde

SNC Sistema Nervoso Central SUS Sistema Único de Saúde

SVS Secretária de Vigilância em Saúde

TVP Trombose Venosa Profunda

UBS Unidade Básica de Saúde

UNATI Universidade Aberta da Terceira Idade WHAS Women”s Health and Aging Study

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SUMARIO APRESENTAÇÃO ... 20 1 INTRODUÇÃO ... 24 2 OBJETIVOS ... 29 2.1 GERAL ... 29 2.2 ESPECÍFICOS ... 29 3 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA ... 31 3.1 PROCESSO DO ENVELHECIMENTO ... 32

3.2 DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS ... 38

3.3 FRAGILIDADE ... 41

3.4 QUEDAS ... 43

4 REFERENCIAL TEÓRICO: POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS AO ENVELHECIMENTO ... 48

5 PERCURSO METODOLÓGICO ... 72

5.1 TIPO DE ESTUDO ... 72

5.2 LOCAL DO ESTUDO ... 72

5.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO ... 80

5.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ... 81

5.6 ASPECTOS ÉTICOS ... 86

6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 89

6.1 MANUSCRITO I - IDOSO CAIDOR MANAUARA: PERFIL DE UMA AMOSTRA DA POPULAÇÃO ... 90

6.2 MANUSCRITO II - IDOSOS CAIDORES RESIDENTES NAS ÁREAS ADSTRITAS DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DA CIDADE DE MANAUS - POTENCIAL DE RISCO PARA NOVAS QUEDAS ... 111

6.3 MANUSCRITO III - IMPACTO DAS QUEDAS NA SAÚDE DE IDOSOS MANAUARAS ... 131

6.4 MANUSCRITO IV - PERCEPÇÃO DO IDOSO CAIDOR SOBRE A CAPACIDADE FUNCIONAL PÓS-QUEDA ... 151

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 168

REFERÊNCIAS ... 172

APÊNDICES ... 188

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APRESENTAÇÃO

Fonte: Autoria Própria, 2019

Julga-me a gente toda por perdido; Vendo-me tão entregue ao meu cuidado; Andar sempre dos homens apartado E dos tratos humanos esquecido; Mas eu que tenho o mundo conhecido; E quase que sobre ele ando dobrado; Tenho por baixo rústico enganada; Quem não é por meu mal engrandecido; Vá revolvendo a terra , o mar e o vento; Busque riquezas, honras a outra gente Vencendo ferro, fogo, frio e calma; Que eu só em humilde estado me contento; De trazer esculpido eternamente; Vossso vermoso gesto dentro da alma. (CAMÕES,1843) Figura 1 – Fotografia de E12 (Zona Oeste), 96 anos,

segurou minha mão por toda entrevista, como se soubesse de toda caminhada que a pesquisadora iria percorrer

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APRESENTAÇÃO

No início de minha formação como doutoranda nas disciplinas realizadas em Manaus, com as docentes do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal de Santa Catarina - PEN/UFSC, pude aprender sobre métodos de pesquisa e correntes filosóficas, que mais tarde pude utilizar no desenvolvimento desta pesquisa e serão de imensa importância para futuras investigações.

O Doutorado Interinstitucional (DINTER) surgiu para mim como desafio profissional e pessoal, oportunidade única de aprendizado e desenvolvimento, enquanto pesquisadora. Digo isso, também, considerando a longa experiência do grupo de docentes e a responsabilidade com que conduziram as aulas e as orientações. Em minha concepção, foram quatro anos de muito aprendizado e descobertas.

O estágio na sede me trouxe desafios pessoais e profissionais, a distância da família foi uma das provações mais difíceis pela qual passei. No entanto, sempre tive a certeza da importância desse sacrifício para minha formação profissional. Além disso, nessa caminhada, percebi em mim importante amadurecimento e a certeza de que quero prosseguir, avançando em investigações, cujo tema de base seja o envelhecimento.

No desenvolvimento desta pesquisa, percebi que os desafios acadêmicos são diversos, mas o processo de coleta de dados, talvez, tenha sido um dos maiores desafios. Entre esses, posso citar a dificuldade de acessar regiões mais distantes do Município de Manaus, local da coleta dos dados. Porém, a coleta de dados seguiu nas demais zonas selecionadas da aérea urbana e devo afirmar que este período foi o de maior aprendizado, momentos em que o sentimento de descoberta e de troca com os idosos foram intensos. Tudo isso porque tive a oportunidade de conhecer de perto a realidade em que vive o idoso caidor na cidade de Manaus e verificar condições extremas de resiliência deste, o que ampliou minha visão profissional e como pesquisadora.

Ser idoso na cidade de Manaus exige essa resiliência, haja vista os desafios relacionados à mobilidade e acessibilidade. A cidade é cortada por igarapés e, por consequência dessa peculiaridade, os idosos se deslocam por terrenos íngremes, pontes e locais com lama de difícil acesso. Ademais, as calçadas, em maioria, não são rebaixadas e há presença de morros e escadarias em algumas áreas, como as zonas sul e oeste.

Frente ao exposto, cair é consequência de uma cidade ainda pouco estruturada para acolher pessoas em processo de envelhecimento ou idosas. Um dos desfechos das quedas para o idoso é a diminuição ou perda da independência e capacidade funcional, o que acaba

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sobrecarregando a família. Isso é agravado pela espera por meses para uma consulta ou sessões de reabilitação.

Identificar essas peculiaridades foi um desafio para esta pesquisadora, outro empecilho foi a escrita final dos resultados desta pesquisa, pois sempre estive preocupada e empenhada em retratar e refletir intensamente o que aprendi com meus informantes, os idosos caidores e respectivos cuidadores familiares.

Outro aprendizado significativo nesse processo de formação foi minha participação no Laboratório de Pesquisas e Tecnologias em Enfermagem, Cuidado em Saúde às Pessoas Idosas – GESPI/NFR/PEN/UFSC. O acolhimento no grupo de pesquisa, as lições de organização e de trabalho das professoras do grupo foram observadas com muita admiração por mim. A possibilidade de seguir esses bons exemplos foram fontes de fortalecimento, posso revelar que a cada reunião e a cada orientação, fui fortalecida, tendo a certeza de que precisava trabalhar com o mesmo foco e dedicação que essas professoras, que buscam melhorar a vida do idoso, por meio da pesquisa, extensão e ensino. Ao comparar a realidade do Norte com o Sul do nosso País, pude perceber que somente por meio de pesquisas bem sustentadas e de qualidade se pode fazer a diferença no dia a dia desse segmento da população, ainda em franco crescimento em minha cidade.

A presente pesquisa está pautada na tese de que a ocorrência de quedas frequentes, que caracterizam um idoso caidor, tem grande repercussão na vida do idoso e de quem o cerca, pois, geralmente, afeta a capacidade funcional e qualidade de vida deste. Além disso, a família e o próprio idoso não valorizam o evento quedas, por o considerarem comum ao processo de envelhecimento. Defendo essa ideia, assim como entendo que as políticas públicas e de saúde voltadas ao idoso seriam as mais adequadas como referencial teórico para esta tese.

Esta tese está estruturada em cinco capítulos. Na introdução, é realizada breve contextualização do fenômeno estudado, justificativa do mesmo e delineamento das questões de pesquisa.

No primeiro capítulo, estão descritos os objetivos da pesquisa, enquanto que, no segundo capítulo, ocorre a contextualização teórica. Está dividida em subtópicos, que são: 2.1: Processo do Envelhecimento, seguimento que trata dos aspectos biológicos e psicológicos característicos do envelhecer; 2.2: Trata das doenças crônicas não transmissíveis e seu impacto nos idosos, suas características e suas repercussões para o envelhecimento, na seção 2.3, é descrito o conceito de fragilidade e suas especificidades para no idoso; em 2.4, Se descreve o conceito de queda, seus fatores de risco impacto para o envelhecimento.

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O capítulo três trata das Políticas Publicas voltadas ao envelhecimento, referencial teórico do estudo. Para tanto, foi realizada busca histórica para se compreender como ocorreu a construção de leis, programa e políticas voltadas à terceira idade. Tomei como ponto de partida as conferências nacionais de saúde; da Atenção Básica e de Promoção da Saúde, além das políticas cujo foco central são os idosos e o envelhecimento ativo.

O quarto capítulo revela como ocorreu o percurso metodológico da pesquisa, iniciando na criação do projeto, solicitação de anuência junto ao comitê de ética, liberação da secretária de saúde, coleta de dados em campo e análise dos mesmos. O quinto capítulo trata da apresentação de resultados e discussão dos dados, na forma de quatro manuscritos. E, por último, são descritas as considerações finais da pesquisa, contendo síntese do que foi realizado, enfatizando pontos fortes e limitações do estudo.

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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

A BELEZA DUMA RUGA Que rosto lindo eu vi hoje, rugoso, Tão fascinante qual o duma criança! Continha o mesmo brilho radioso, Continha a alegria pura duma dança...

É um brilho de amor por ser-se homem E pela fé confiada na existência;

É como se o amanhã unisse o dia d' ontem É como se o amanhã fosse a nossa essência! Nos rostos deslumbrantes por que passas: Um duma criança linda renascida

Ou a cara dum velho bem franzida Reluz futurecida a acção de graças. Pois, uma ruga é prémio incontestável, É o colo mais feliz da transcendência! E é assim que se é criança admirável, E é assim que finda a vida em sapiência.

(FIQUEIREDO, 2003)

Figura 2 – Fotografia de E15 (Zona Oeste), costureira, que após a queda, perdeu a mobilidade em membros inferiores, porém continuava costurando.

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1 INTRODUÇÃO

Estimativas apontam que o envelhecimento da população em países em desenvolvimento, como o Brasil, tem ocorrido de maneira desordenada e rápida. Tais estudos, também, relatam que, em 2050, haverá no mundo mais de dois bilhões de idosos, o que corresponderá a 21,5% da população mundial. Esses cálculos trazem preocupação aos países que não possuem infraestrutura para acolhimento, cuidados em saúde e segurança, manutenção econômica e da qualidade de vida desses idosos (IBGE, 2018).

Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE – (2018) indicam que no Brasil, em 2060, a população de idosos chegará a 58,2 milhões de pessoas (IBGE, 2018). Essa mudança no perfil demográfico teve início na década de 1960, período em que começou a ocorrer declínio nas taxas de natalidade e mortalidade no País (DIAS; COSTA; LACERDA, 2006; LEBRÃO, 2007).

Dentre os principais fatores de aceleração para transição demográfica, estão o desenvolvimento tecnológico e científico da medicina, aumento da expectativa de vida, melhoria das condições sanitárias, maior acesso da população à alimentação, saúde, educação, trabalho, entre outros fatores. Merece destaque, ainda, o empoderamento da mulher, por meio da educação e, por conseguinte, a maior participação desta no mercado de trabalho (BORGES et al., 2013).

As mudanças na transição demográfica do Brasil, no caso da Região Norte, por exemplo, iniciaram mais tardiamente e de maneira mais lenta, devido aos altos níveis de fecundidade ainda presentes. Assim, o que se observa é uma população mais jovem se comparada com outras regiões do País (SILVA, 2010; IBGE, 2010).

Com quadro populacional mais jovem em detrimento dos outros estados, o Amazonas possuía expectativa de vida ao nascer de 70,3, em 2010, com projeção de 74,6 anos em 2017 (IBGE, 2016; SILVA, 2010). Enquanto, que no restante do Brasil, essa expectativa chegava a 75,5 anos e, em alguns estados do Sul do País, como Santa Catarina, essa expectativa chegava a 78 anos (IBGE, 2016).

Concomitantemente à transição demográfica, vimos acontecer, no Brasil, o fenômeno conhecido como transição epidemiológica, que se caracterizou pelo aumento de doenças crônicas e diminuição das doenças infectocontagiosas. Neste contexto, ganharam destaque as Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), como a Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial Sistêmica, as doenças cardiovasculares, o câncer, as doenças pulmonares e musculoesqueléticas, entre outras (VIEIRA et al., 2016).

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No intuito de promover saúde e prevenir agravos, o poder público, em parceria com a sociedade organizada em associações científicas e de defesa dos direitos dos idosos, desenvolveu e buscou implementar politicas, como: Política Nacional do Idoso (PNI), Lei 8.842, de janeiro de 1994; Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), instituída por meio da Portaria N. 2.528, de 19 de outubro de 2006; Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), descrita em 2006 e revisada em 2014, por meio da Portaria N. 687, de 3 de março de 2006, e Política do Envelhecimento Ativo, discutida na Segunda Assembleia Mundial do Envelhecimento (2002) e inserida em 2005 no país.

No entanto, ainda, depara-se com múltiplos problemas que afetam a qualidade de vida de idosos brasileiros. Um dos fatores que compromete a saúde de idosos são as comorbidades, associando várias doenças e outros agravos, como as quedas. Na velhice, as quedas são eventos preocupantes, pois podem ter desfechos que comprometam a qualidade de vida dos idosos. Segundo Siqueira et al. (2014) e Rolland et al., em (2011), no Brasil, aproximadamente 30% dos idosos caem. A cada ano, esse percentual aumenta, podendo chegar a 50% entre os idosos na quarta idade. Para os idosos, a queda possui significado muito relevante, pois pode levá-los à incapacidade, injúria e morte.

A queda vem sendo tema muito valorizado pela gerontologia e fonte de preocupação para pesquisadores dessa área, principalmente, quando tal evento é naturalizado e considerado algo normal e comum no processo de envelhecimento (FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA JÚNIOR, 2004).

O evento queda no mundo é alarmante, sendo o mesmo descrito como problema de saúde pública. Segundo o Centers for Disease (CDC), nos serviços de emergência dos Estados Unidos, foram registradas, em 2011, mais de 700 mil internações de idosos por diversas causas, sendo o evento queda uma das principais, representando mais de 50% de todos os atendimentos (CDC, 2011). Tal temática também é uma das preocupações da Organização Mundial da Saúde, por se tratar de um dos problemas mais relevantes e comuns relatados entre idosos que aumenta progressivamente, com o avanço da idade, em ambos os sexos (OMS, 2012).

No Brasil, dentre os mais de 23 mil óbitos de idosos relacionados a causas externas, as quedas ocuparam, em 2010, o primeiro lugar, ao passo que, em 2011, esse evento foi responsável por mais de 84 mil casos de internações de idosos (DATASUS, 2012).

Em Manaus, o número de internações de idosos por queda, segundo análise de tendência dos anos de 1996 a 2012, diminuiu. No entanto, a ocorrência de óbitos devido ao

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evento aumentou, o que motiva a crer que as quedas continuam acontecendo, com quadro maior de gravidade (ABREU et al., 2018).

A observação in loco de internações de idosos e evolução destas para óbito, por diversos motivos, é realidade na prática de enfermeiros que atuam em Manaus, fato vivenciado pela pesquisadora/autora, enquanto acompanhava alunos em serviço de pronto atendimento da cidade.

No entanto, o interesse da pesquisadora/autora pelo tema envelhecimento surgiu muito antes, ainda enquanto aluna de graduação, participando de projeto de extensão na Universidade Federal do Amazonas, que prestava orientações de saúde a idosos participantes de comunidade carente em Manaus, foi a primeira aproximação com a área da Gerontologia. Após cinco anos, já formada, trabalhando em unidades de cuidados terciários, atendia a idosos em condições de saúde mais delicadas dentro de unidades de terapia intensiva, e sempre se perguntava sobre o que poderia ser feito para prevenir as situações graves em que aqueles idosos se encontravam.

Quando atuava como docente da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), após seis anos de universidade, percebeu-se madura para iniciar no campo da pesquisa, momento em que ingressou no mestrado strito sensu, da Universidade Federal do Amazonas, em associação com a Universidade do Estado do Pará (UEPA). No mestrado, buscou investigar o processo de envelhecimento de idosos que frequentavam a Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI) e que possuíam saúde, independência e autonomia para realizar as próprias atividades.

Ao prosseguir com a formação e ingressar no doutorado, decidiu continuar investigando na área da Gerontologia, mas com foco na Atenção Primária à Saúde. Percebeu que era oportunidade de conhecer a realidade vivida por idosos em contexto, isto é, na comunidade e no domicílio onde residia. Optou por estudar o evento quedas e respectivas repercussões na vida de idosos, assim, buscou responder às questões de pesquisa: como ocorre o evento queda e qual o impacto desta na saúde e capacidade funcional de idosos residentes nas áreas adstritas das unidades pesquisadas? Qual o potencial risco de sofrer novas quedas, dos idosos residentes nas áreas adstritas das unidades pesquisadas? Qual o perfil do idoso caidor e como ele é atendido nas unidades básicas de saúde do Município de Manaus?

Frente às indagações, o objetivo geral desta tese ficou assim delineado: desvelar o evento quedas e compreender o impacto destas na saúde e capacidade funcional de idosos e respectivos familiares da cidade de Manaus/AM, assim como as demandas de cuidado requeridas.

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Estudos dessa natureza possuem valor social e acadêmico reconhecido, pois a queda não somente afeta o idoso em si, mas repercute na família deste, nos aspectos econômicos, influenciando o indivíduo em toda plenitude, afetando-o tanto sob o aspecto físico quanto psicológico. Neste sentido, a queda ultrapassa questões sanitárias e sociais (PRATA et al., 2012).

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CAPÍTULO II - OBJETIVOS

Fonte: Autoria própria, 2019

Figura 3 – Fotografia de E10 (Zona Norte), demonstrando como usa a sandália e como desce as escadas de sua residência.

CABELOS BRANCOS Ali estão os cabelos brancos da sabedoria, Que procuramos nas horas de desvario, Neles encontramos o saber e a experiência E ficamos admirando horas a fio. Quantas vezes precisamos da sua ternura, Da sapiência e do extremo carinho, Ouvindo casos relatados, que grande ventura, E fazemos deles um guru em nosso caminho. Cada ruga , experiência e suavidade, De vida e aprendizado constante, E nem lembramos da sua idade. Nossos velhos seguem avante, Cada dia um trecho de melodia, Que entoam em fiel harmonia

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2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Desvelar o evento quedas e compreender o impacto destas na saúde e capacidade funcional de idosos e respectivos familiares da cidade de Manaus/AM, assim como as demandas de cuidado requeridas.

2.2 ESPECÍFICOS

 Descrever o perfil do idoso caidor1 atendido em unidades básicas;

 Identificar o potencial de risco de idosos caidores residentes nas áreas adstritas das unidades pesquisadas;

 Compreender o impacto do evento queda na saúde do idoso;

 Conhecer as percepções de idosos quanto à capacidade funcional pós-queda.

1 Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, “Idoso Caidor” é todo idoso que cai mais de duas vezes ao ano.

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CAPÍTULO III- CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA

Fonte: Autoria Própria, 2019.

É evidente que a instrução é o adorno do rico e a riqueza do

pobre;

O objetivo que tenho de ensinar meus filhos e netos a comer com

as mãos dele está em ação. (LUZ, 2006)

Figura 4 – Fotografia do Livro escrito por E 16, (Zona Norte), morador da zona norte da cidade, figura conhecida por todos do bairro onde mora, recebeu como homenagem o seu nome em uma escola, escreveu um livro de poemas, sempre ia às escolas para divulgá-lo.

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3 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA

A contextualização teórica deste trabalho trata de revisão narrativa da literatura, com foco no processo de envelhecimento, em doenças crônicas não transmissíveis, na fragilidade durante o processo de envelhecimento e no evento quedas, sendo este último o tema central que abordou.

As revisões narrativas tratam do “estado da arte” de determinada temática, com abordagem qualitativa, não possuem metodologia que permitam a reprodução dos dados e nem fornecem respostas quantitativas para questões específicas. Este tipo de estudo estabelece relações com produções anteriores, pois identifica temáticas recorrentes, aponta as novas perspectivas ou aquilo que tem recebido menos destaque na literatura (LOPES, 2016).

A busca de manuscritos científicos seguiu os passos convencionais de revisões, no qual foram utilizados termos descritores e operadores boleanos para execução, os anos de publicações de artigos foram delimitados entre 2014 e 2018. Seguem abaixo as estratégias de busca realizadas, bem como as bases de dados selecionadas.

Estratégia de busca - LILACS e BDENF (queda* OR "acidentes por quedas" OR "Accidental Falls" OR falls OR "Accidentes por Caídas") AND (idoso OR "saúde do idoso" OR idos* OR elderly OR aged OR anciano OR "saude do idoso" OR "Health of the Elderly" OR "Salud del Anciano") AND (instance:"regional") AND ( db:("LILACS" OR "BDENF") AND year_cluster:("2014" OR "2015" OR "2016" OR "2017")).

Scielo Regional -(queda* OR "acidentes por quedas" OR "Accidental Falls" OR falls OR "Accidentes por Caídas") AND (idoso OR "saúde do idoso"or idos* OR elderly OR aged OR anciano OR "saude do idoso" OR "Health of the Elderly" OR "Salud del Anciano").

PubMed(("aged"[MeSH Terms] OR "aged"[All Fields] OR "elderly"[All Fields] OR "Health of the Elderly"[All Fields]) AND (Fall[All Fields] OR ("accidental falls"[MeSH Terms] OR ("accidental"[All Fields] AND "falls"[All Fields]) OR "accidental falls"[All Fields] OR "falls"[All Fields]) OR "accidental falls"[All Fields] OR "Accidental Falls"[Mesh])) NOT (("child"[MeSH Terms] OR "child"[All Fields]) OR ("child"[MeSH Terms] OR "child"[All Fields] OR "children"[All Fields]) OR ("Childhood"[Journal] OR "childhood"[All Fields])) AND (("2014/01/01"[PDAT] : "2017/12/31"[PDAT]) AND (English[lang] OR Portuguese[lang] OR Spanish[lang])).

Estratégia de busca – SCOPUS TITLE-ABS-KEY((aged OR elderly OR "health of the elderly") AND (fall OR falls OR "accidental falls") )AND NOT TITLE-ABS-KEY(child OR children OR childhood) AND (LIMIT-TO(PUBYEAR,2017) OR LIMIT-TO(PUBYEAR,2016) OR LIMIT-TO(PUBYEAR,2015) OR LIMIT-TO(PUBYEAR,2014) ) AND (TO(DOCTYPE,"ar") OR TO (DOCTYPE,"re") OR TO(DOCTYPE,"ip" ) ) AND (TO(LANGUAGE,"English") OR LIMIT-TO(LANGUAGE,"Spanish" ) OR LIMIT-TO(LANGUAGE,"Portuguese" ) ).

As análises dos manuscritos seguiram os passos da revisão narrativa, sendo selecionados 15 artigos como elegíveis, pois discutiam sobre o fenômeno estudado sob

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diferentes aspectos. Por se tratar de revisão narrativa, também foram selecionados literatura cinzenta, portarias, textos de políticas públicas, dissertações e teses que discutiam acerca da Política de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria GM. n. 2.528 de 19 de outubro de 2006) como arcabouço para o estudo de quedas em idosos. A análise dos artigos selecionados foi realizada por meio da leitura exaustiva e ênfase nas questões relacionadas à queda.

Para organização da presente revisão, optou-se por trabalhar com três seções: processo do envelhecimento; doenças crônicas não transmissíveis; fragilidade e quedas. Estas seções surgiram por meio da compreensão de que os temas se entrelaçam na discussão sobre a ocorrência de quedas em idosos, causas e consequências destas.

3.1 PROCESSO DO ENVELHECIMENTO

Para Pilger (2013), o envelhecimento é uma condição pela qual o indivíduo sofre alterações biológicas, psicológicas e sociais. O envelhecimento biológico relaciona-se com os aspectos nos planos molecular, celular, tecidual e orgânico do indivíduo. Neste sentido, as mudanças são complexas e incluem alterações múltiplas, caracterizadas por declínio de funções, devido à passagem do tempo. Esse desgaste biológico é inerente ao organismo humano que se encontra em constante mudança (WHO, 2015).

A seguir, descrevem-se algumas das modificações em que passa o ser humano em processo de envelhecimento, para fins de entendimento, estas mudanças foram agrupadas, seguindo os sistemas do corpo humano.

A pele é um órgão que sofre modificações com o passar dos anos, o denominado envelhecimento cutâneo, que pode estar relacionado com fatores intrínsecos, como a genética e a idade; e extrínsecos, como a radiação solar, alimentação, tabagismo e uso de substâncias químicas. Dentre estas modificações fisiológicas comuns, estão a diminuição de colágeno, o que confere rigidez à pele, atenuação de glândulas sebáceas, que resulta em redução da hidratação e perda da sua função protetora, pois quanto mais seca a pele mais propensa a apresentar rachaduras e lesões, principalmente em áreas mais ressecadas, como é o caso dos membros inferiores e das articulações (PEREIRA, 2017).

As alterações relacionadas ao Sistema Nervoso Central (SNC) podem ser microscópicas ou macroscópicas, dentre as alterações macroscópicas, estão a diminuição do tamanho do cérebro entre 1,4% e 1,7%, ocorrido a cada década, afetando as áreas do córtex frontal e temporal, responsáveis pela coordenação motora fina e processamento de estímulos auditivos respectivamente (LADEIRA et al., 2017; PEREIRA, 2017). Outra alteração visível aos exames de imagem, presentes em idosos, é o aumento dos ventrículos, aprofundamento

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dos sulcos corticais e redução da substância branca, resultando em possível declínio mental, perda da memória e estado de demência (LADEIRA et al., 2017).

As modificações microscópicas ocorridas a nível cerebral são: hipotrofia neural que acarreta atraso no envio e recebimento de sinais, devido à perda de substância branca a nível encefálico. Ocorrem também redução de neurotransmissores, em virtude da diminuição da síntese protéica e consequente diminuição do trabalho de enzimas. Assim, é importante citar que esta redução acarreta perdas cognitivas e diminuição da concentração do idoso. Outra modificação descrita é o acúmulo de lipofuscina, o qual pode estar associado à morte celular e degeneração grânulo-vacuolar, rara antes dos 65 anos e presente em idosos com diagnóstico de Alzheimer (LADEIRA et al., 2017; PEREIRA, 2017).

Na senilidade, têm-se as doenças neurodegenerativas, com especial ênfase para demências e doença de Parkinson que entre outros problemas propiciam a ocorrência de quedas nos idosos. Em estudo, Taylor e colaboradores (2012) comprovaram a associação entre a ocorrência de quedas e deficiência cognitiva em idosos, pois tais alterações influenciavam diretamente no padrão de marcha e noção de espaço do idoso.

Os órgãos dos sentidos também são afetados no processo de envelhecimento, mas a visão ocupa papel importante, pois possui a função de centro de equilíbrio corporal, interagindo com as informações visuais, motoras e neurais. Em situações de desequilíbrio, como o sistema vestibular tem a função de estabelecer conexão entre o sistema nervoso central (SNC) e o motor, adequando a posição da cabeça e membros em relação à gravidade (SUNG; CHUANG, 2010; ESQUENAZI; SILVA; GUIMARÃES, 2014; FERREIRA et al., 2017).

Com o envelhecimento, dentre as principais mudanças, estão o enfraquecimento do sistema visual, a diminuição da capacidade de focalização em objeto ou acomodação da visão, quando em ambientes com muita luminosidade, devido ao retardo na resposta dos neurotransmissores. No envelhecimento, ocorre também sensibilidade a contrastes de cores e perda de noção de profundidade. Essas alterações podem influenciar na perda do equilíbrio e dar a sensação de insegurança que, por vezes, pode causar a queda (ESQUENAZI; SILVA; GUIMARÃES, 2014).

Assim como a visão, o sistema musculoesquelético assume papel importante na manutenção do equilíbrio e da marcha. Com o envelhecimento, este sistema que compreende cerca de 50% do peso do corpo, sofre modificações que podem influenciar na qualidade de vida do idoso (MULLER, 2015).

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Durante o envelhecimento, há queda no número de fibras musculares anaeróbicas de resposta contrativa rápida, diferente das fibras aeróbicas de resposta lenta que permanecem estáveis. Por este motivo, o idoso possui maior dificuldade em realizar movimentos rápidos de resposta, assumindo, então, a marcha lenta, somado a esta perda, está a tendência do idoso em adquirir posturas viciosas que influenciam negativamente para o declínio do sistema musculoesquelético (ESQUENAZI; SILVA; QUIMARÃES, 2014).

O homem passa a perder massa muscular por volta dos 25 anos de idade, essa perda tende a ser gradativa com o decorrer do tempo, chegando a 50% por volta dos 80 anos. A força muscular também decai com a idade, neste sentido, o exercício físico realizado diariamente contribui para o aumento e a manutenção da força muscular e prevenção da sarcopenia (PEREIRA, 2017).

A sarcopenia é uma das características do declínio do sistema musculoesquelético, reconhecida como uma das chaves da síndrome da fragilidade no idoso, conceituada como a perda de massa muscular esquelética e de força, associada ao envelhecimento. A sarcopenia acarreta altos índices de morbidade e mortalidade aos idosos. O estado sarcopênico é traduzido por meio de queixas de diminuição de força, perda de peso involuntária, lentidão e inatividade. Em torno de 20% dos homens com idades entre 70 e 75 anos e cerca de 50% com 80 anos ou mais possuem sarcopenia, enquanto que entre 25% e 40% das mulheres, nas mesmas faixas etárias, são sarcopênicas (ROLLAND, 2011).

Os sintomas da sarcopenia são comuns em indivíduos que não realizam atividade física, no entanto, a partir dos 60 anos, a perda de força muscular, que se apresenta em graus diferentes em músculos abdominais e membros inferiores e superiores, são mais evidentes e preocupantes, podendo estar presente em indivíduos ativos ou não (PÍCOLI; FIGUEIREDO; PATRIZZI, 2017).

A sarcopenia representa problema de saúde pública potencial, em virtude das consequências clínicas e sociais. Além disso, estes aspectos têm impacto sobre os custos de saúde, tanto para o paciente como para a sociedade, haja vista a necessidade de internação e possível imobilidade que os mesmos podem levar (BEAUDART, 2016).

É inegável a benesse da atividade física para prevenir a sarcopenia, assim, nos últimos 15 anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem incentivado a realização e promoção de atividades físicas ao idoso. A intenção é estabelecer a atividade física como método de prevenir agravos crônicos e promover envelhecimento com melhor qualidade de vida (OMS, 2005).

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Em relação ao sistema esquelético, a preocupação está na atrofia e perda óssea, principalmente em mulheres após menopausa, este declínio está relacionado à diminuição de vitamina D, a incapacidade do organismo em metabolizar e absorver cálcio. A osteoporose, condição dada pela diminuição da massa óssea, é um dos principais causas de fraturas em idosos (REBELO, 2016).

Outra preocupação durante o processo de envelhecimento são as mudanças relacionadas ao sistema cardiovascular, que estão relacionadas à necessidade do organismo em se adaptar às mudanças fisiológicas, dentre elas a diminuição dos miócitos, células musculares cardíacas, e o aumento da quantidade de colágeno que diminui a complacência cardíaca. Outro fato importante é a substituição do tecido autônomo por tecido conectivo e gordura, o que acarreta anormalidades na condução de estímulo elétrico cardíaco e aumenta a possibilidade de arritmias, como síndrome do nó sinusal, arritmias atriais, bloqueios de ramos, as quais podem ser preditivas para estados patológicos como hipertensão arterial sistêmica, arterosclerose, entre outras (BIEMACKA, 2011).

O espessamento da média dos vasos, também, são comuns no envelhecimento, o que acarreta o aumento da rigidez da parede do vaso, produzindo prolongamento da resistência do trato de saída. Para tratar tais alterações, é comum o uso de diuréticos e vasodilatadores, no entanto, deve-se ficar atento às intercorrências provocadas pelo uso destes fármacos, como a hipovolemia, que pode resultar em hipotensão, causando, assim, a queda (BIEMACKA, 2011).

As alterações a nível cardíaco no idoso, geralmente, influenciam na capacidade respiratória, em relação ao sistema respiratório, as mudanças estão relacionadas às alterações em nível osteomuscular. Com o passar dos anos, ocorre diminuição da expansão pulmonar, devido ao aumento da curvatura ocorrida pela cifose torácica, que se acentua com o passar dos anos. Deve-se atentar também para perda da capacidade de tossir, orientando o idoso a frequentar, caso necessário, seções de reabilitação pulmonar, no intuito de fortalecer a musculatura pulmonar e prevenir infecções a nível de trato respiratório comuns a essa altura da vida (GORZONI, 2017; LOWERY et al., 2013).

As doenças de cunho respiratório se associam às alterações a nível digestório , haja vista as modificações que tal sistema sofre com o passar dos anos, as quais se iniciam na mucosa oral, com a diminuição da saliva, em resposta a esta, ocorre a lentidão da motilidade gástrica e o estômago do idoso tende a esvaziar devagar. Há de se atentar para mucosa gástrica, pois com a lentidão gástrica, ocorre o aumento do PH gástrico, queda na produção de suco e hormônios gástricos, favorecendo a ocorrência de lesões ou úlceras. Outras alterações

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estão relacionadas à ocorrência de diverticulite, por acúmulo de gazes intestinais, constipação e incontinência fecal, devido à motilidade intestinal lentificada (MORGUTI; LIMA; FERRIOLLI, 2017; BHUTO; MORLEY; SALGADO, 2002; ORR, 2002).

Ainda quanto ao sistema digestório, é importante salientar as modificações do fígado, que também sofre diminuição do tamanho. Os estudos relacionados à metabolização e função hepática revelam que o fígado perde cerca de 30% da capacidade de metabolizar medicamentos, o que deve ser ponderado, tendo em vista o uso rotineiro de polifarmácia na terceira idade. Quanto ao intestino delgado, deve-se atentar para redução da capacidade de absorção de nutrientes e vitaminas (MORGUTI; LIMA; FERRIOLLI, 2017).

No tocante à absorção de nutrientes, uma condição que se deve atentar é a resistência à insulina, trata-se de alteração de origem endócrina, que deve ser investigada, pois é comum em idosos e preditora da síndrome metabólica, condição que pode levar o idoso a adquirir doenças cardiovasculares (MAGALHÃES et al., 2017; SALGADO, 2002).

Quanto ao sistema endócrino do idoso, as principais mudanças estão relacionadas à níveis séricos hormonais, dentre estas, está a produção do hormônio do crescimento (GH), que com o envelhecimento decai cerca de 30%, resultando em diversas alterações, dentre estas, diminuição de massa magra, redução da lipólise, hipertensão dentre outros que podem influenciar diretamente na saúde cardiovascular do idoso (NAPOLLI; SALLES; SALLES, 2017). A análise hormonal do idoso deve incluir avaliação dos níveis de estrogênio, hormônio importante na proteção neuronal contra a demência no idoso, também relacionado ao humor, comportamento, proteção da pele, amenizando a diminuição de colágeno ocorrida no envelhecimento e, principalmente, atuando como protetor em relação à Doença de Alzheimer (FREITAS et al., 2017).

O declínio do sistema imunológico, ocorrido no processo de envelhecimento, é reconhecido como imunossenescência, este conceito reflete diversas modificações no sistema imune, que apresenta declínio de maneira geral, tanto no sistema inato quanto no adquirido. Em nível celular, ocorrem alterações dos macrófagos que aumentam a produção, diminuição da produção de células T, devido à involução do timo, causando desequilíbrio na resposta imunológica viral, tornando o idoso mais propenso a adquirir novas infecções. A resposta inflamatória durante o processo de envelhecimento pode assumir papel de cronicidade inflamatória baixa, o que pode influenciar os profissionais a compreender que tal processo é fisiológico e próprio do envelhecimento. Deve-se atentar, no intuito de identificar com precisão o que é patológico e o que é fisiológico (VEIGA, 2017).

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Em relação ao envelhecimento do sistema excretor, as alterações ocorrem em virtude da diminuição de tamanho e declínio funcional dos rins, o que pode acarretar modificações a nível sistêmico, como a ocorrência de hipertensão arterial sistêmica, em virtude do desequilíbrio do sistema renina-angiotensina e diminuição da liberação de hormônio antidiuréticos. Processos anêmicos também podem ocorrer, pela diminuição da liberação de eritropoietina, por declínio na eritropoese. Outra alteração importante é a menor liberação de sódio, devido a níveis baixos de renina e aldosterona, e assim como o sódio, o potássio também tende a ser eliminado em menor quantidade. Neste sentido, deve-se atentar para o uso de fármacos que poupem potássio, fazendo com que o idoso corra o risco de apresentar hiperpotassemia e evoluir para quadros de arritmias cardíacas (CARVALHO, 2017).

Fatores relacionados à capacidade da bexiga em armazenar e eliminar urinária também devem ser avaliados, pois com o envelhecimento, ocorre desequilíbrio entre o sistema nervoso simpático e parassimpático, influenciando diretamente na capacidade de contrair e relaxar a bexiga, a qual pode influenciar em agravos com a ocorrência de queda, em decorrência da nocturia (CARVALHO, 2017; NAKAGAWA et al., 2010).

Além do envelhecimento biológico, o envelhecimento psíquico envolve a relação das dimensões cognitivas e psicoativas, interferindo na personalidade e no afeto. Assim, abordar o tema envelhecimento envolve várias interações que se entrelaçam ao cotidiano e a perspectivas do idoso, como crenças, família, saberes e cultura (PINTO, 2015).

O envelhecimento neuropsicológico está relacionado ao declínio de funções cognitivas importantes para vida de um indivíduo, fisiologicamente, estas perdas estão relacionados ao processo de envelhecimento cerebral, como citado. As perdas cognitivas são percebidas de maneira gradativa e não devem ser considerada como patológicas. Alterações como perda de memória recente, lentidão em responder a indagações, dificuldades de concentração, são inerentes ao processo de envelhecimento e devem ser consideradas na avaliação multidimensional do idoso (MORAES; MORAES; LIMA, 2010; ANDRADE, 2018).

O profissional de saúde deve estar atento durante a avaliação multidimensional do idoso sobre sua condição cognitiva, no intuito de planejar atividades que possam envolver o idoso, família ou rede social, a fim de contribuir para manutenção da cognição (ANDRADE, 2018; BRASIL, 2006).

No concernente às redes sociais em que o idoso está inserido, é de conhecimento comum que uma das influências para saúde e bem-estar durante o envelhecimento é a manutenção das relações construídas no decorrer da vida e o papel social que se exerce, a

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sensação de pertencimento a um lugar ou uma família é de extrema importância durante a velhice, prevenindo agravos, como solidão e depressão (PAUL, 2017).

Nesse sentido, políticas públicas de saúde, como a Politica Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSI) - Portaria nº 2.528 de outubro/ 2006, tem enfatizado e promovido ações que propiciem a manutenção do papel social do idoso. Tais ações estão relacionadas à participação de idosos em atividades comunitárias e afins, no intuito de que o idoso se mantenha ativo (BRASIL, 2005).

A família também deve unir forças, para manter o idoso em casa e ativo. Segundo orientações do Ministério da Saúde, um dos papéis dos profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família está em: identificar, junto à família do idoso, qual a posição social do mesmo, tendo em vista o equilíbrio do sistema familiar e a manutenção da capacidade funcional deste idoso (BRASIL, 2006).

Frente ao exposto, é possível perceber o caráter heterogêneo e amplo do processo de envelhecimento que ocorre, seguindo características étnicas, raciais, de hereditariedade e condições de vida. A autopercepção do idoso quanto ao envelhecimento também é carregada desses elementos, pois nela estão inseridos fatores culturais, sociais e psicológicos do próprio idoso e da sociedade como um todo (MOTA, 2006).

Atualmente, envelhecer no Brasil não é uma tarefa fácil, em razão das poucas condições de saúde, a sociedade brasileira se encontra pouco preparada para o envelhecimento, principalmente se esse processo vier acompanhado de Doença Crônica Não Transmissível (DCNT), no entanto, ressaltar destaca-se, que esta condição crônica nem sempre limita o idoso a viver com qualidade (RAMALHO, 2014).

3.2 DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS

Historicamente, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) surgem em meio ao advento das indústrias nos anos de 1970, com a melhora da renda familiar, aumento de consumo de alimentos industrializados, do tempo do indivíduo no trabalho e consequente adoção de rotina mais intensa e menos saudável (SCHMIDT et al., 2010). Para o Ministério da Saúde, dentre as causas percussoras de DCNT, estão a utilização de cigarro, hábitos incorretos de alimentação, ingestão frequente de álcool, pouco ou nenhuma realização de atividade física, o que caracterizaria sedentarismo (BRASIL, 2013).

As DCNT foram identificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como grupo de doenças que podem ser prevenidas de maneira semelhante, pois possuem os mesmos fatores de risco (BRASIL, 2011). No início dos anos 2000, projeções indicavam o

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ang: anguloarticular; bp: basipterygium; br: branchiostegal rays; cl: cleithrum; co: coracoid; cv: Weberian complex vertebra; den: dentary; fr: frontal; hyo: hyomandibula; io: