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Tratado historico, e fyzico das abelhas

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(3)
(4)
(5)

T R A T A D O

H I S T Ó R I C O , E F Y Z I C O

D A S

A B E^L H A S,

C O M P O S T O ,

P O R

F R A N C I S C O D E F A R I A E A R A G A Õ

PRESBYTERO SECULAR, P URL IÇADO

DEBAXO DOS AUSPÍCIOS, E ORDEM

S . A L T E Z A R E A L ,

o P R Í N C I P E REGENTE

N O S S O SENHOR»

P O R

F a . J O Z E M A R I A N O V E L L O S O

L I S B O A ,

N A O F F I C DA CASA LITTERARIA no ARCO DO CEGO.

(6)

Sacra Fides , amor m Regem , r e v e r e n d a Leguin Gi±ns operum studiosa, sagax et strenua , nostras

. amabis a p e s , quas conditor orbis in usus Sed magis ad populi, h e g u m que exempla creavit.

Aspice tranquillos ut certa lege tvihores E x e r c e n t , mitique dies sub Piincipe c o n d u n t : Illius ut vita? plebs excubut , ille salati

P l e b i ; acerba vocent >eu bella; domive regenda Sint o p e r a , aut hyemi primo jam vere cavenduin.

(7)

SENHOR.

^ENDCf^a Abelha aquelle animalejo , que deo ao homem aprimeira idèa do doce, quali-dade a mais agradável ao paladar humano; a que esconde na sua cera os raios solares para nos auxilliar com elles na escuro da noite; que serve naò so ao culto dos templos , a magnificência dos altares , mas também ao luxo das salas dos grandes, em huma palavra, que forma hum

gran-de objecto na economia rural: com tudo hepas-moso que , ao depois de tantos escriptos estra-nhos a este assumpto, só agora merecesse os ras' gos e aparos d' huma habu penna Portuguesa. O douto, e curioso Auctor desta obra, que apresento a

V. A. H. nos livrou desta coima; pois nos faz com ella supérflua a liçaõ das obras de Maraldi, que trocava o estudo dos astros pelo das Abelhas no seu ócio littcrario, das de Swammerdam f de

(8)

au-da Dama de Lausanne e de outras, que já mais ser viraõpara o conhecimento dos camponezes, como desconhecedores da linguagem, emquesaõ esc ri-ptas e apenas para algum rico proprietário. Ora a

cera do commercio naõ he hum artigo taò pe-queno á este Reino , que actualmente, carecendo delia, naõ recorra , para o seu consummo, as ou-tras partes do mundo. As listas das entradas da Alfândega daraõaprova. Naò se deve procurar fora, o que se pôde ter em casa , em regra de boa

economia. Ao depois desta , terei a honra de a-presentar a V A. R. algumas estranhas

traduzi-das , para que nada falte à estes homens úteis, que habitaò os campos, e sustentaõ as Cidades.

Hè com todo o devido acatamento>,

De V A. R.

Vassallo humilde

t

(9)

P R E F A Ç A O.

JL-j M P R E H E N D I escrever o p r e s e n t e T r a t a d o , naò só para agradar aos curiosos desta m a t é r i a ; mas t a m b é m para excitar nosFysicos Portuguezes o gos-t o d e aperfeiçoarem, ainda m a i s , esgos-ta proveigos-tosa sciencia. H u m a mortal doença, que padeci na Á u s t r i a , da qual m e livrou o incessante cuidado dos dois Médicos Imperiaes Haberman p a i , e filho, ainda hoje vivos r foi a causa de m e appli-c a r á este estudo. Este s e g u n d o , appli-com quem eu t i n h a muita a m i z a d e , e que era inui apaixonado p o r c o l m e a s , d e u - m e , para m e divertir na m i n h a convalescença, o livro do famoso Janska, entaò Mestre , e Professor das Abelhas no Jardim I m -perial d e Belvedere. Esta l e i t u r a , a persuasão do clito M e d i c o , o c o n h e c i m e n t o com Mr. de

Bou-longier, Fysico do S. R. I m p é r i o , e outros

apaixo-n a d o s das A b e l h a s , a apaixo-natural curiosidade da ma-téria , q u e faz h u m ramo de Fysica, a amenidade d o objecto, o naõ querer ignorar em paiz estra-n h o , o que taestra-nto aestra-ndava alli em m o d a , o apreestra-n- apren-d e r , o que os mais s a b i a õ , o querer examinar por m i m mesmo as experiências, e a verdade do q u e affirmavaõ, e, finalmente, o ajuntar com a prá-tica a nova t h e o r i a , foraõ motivos assas fortes, q u e m e fizeraõ applicar com cuidado a cultivar esta interessante matéria. Mostrará este T r a t a d o q u e eu naõ fui escravo dos sentimentos a l h e i o s , e que se os seus escriptos m e fizeraõ indagar a ver-d a ver-d e , n e m por isso m e fizerào acceitar tover-das as suas opiniões. O aprasivel campo de Marckfeld, onde hia sempre passei: os v e r õ e s , m e facilitou os

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meios de conseguir os m e u s desígnios; c o m p r e i colmeas de p a l h a , á maneir.i dás do paiz ; e , m u -dando depois para t a b o a s , logo e x p e r i m e n t e i as vantagens do meu m e t h o d o f satisfiz, q u a n t o m e foi possível, á minha curiosidade, e a os m e u s d e s e -jos; niini m e servio de pouco a amizade, q u e alli tive com o P. Valloni, Flamengo de N a ç a õ , e hoje Paioco em Klinzendorf; e muito p r i n c i p a l m e n t e com o Pároco de Bradenley Religioso Benedic-* t i n o , Procurador rural do seu Mosteiro d e V i e n -na d'Áustria, taõ versado nisto de c o l m e a s , que m e r e c e o por isso ser premiado c o m h u m a m e delha de ouro no tempo da Imperatriz Maria T h e -raza. Saô estas as occasiões que tive , e as cau-sas que movéraõ a estudar esta matéria, hoje taõ cultivada entre o s l n g l e z e s , e os Aiemàes. Ago-ra porém , que m e acho reátituido á minha Pá-tria , quiz coinmunicar-lhe os meus descobrimen-t o s , e v e r , se com isso posso de algum modo c o n c o n e r para a melhor cultura das Abelhas em Portugal, talve/., ainda pouco attendida , neste Rei-no. Naõ lia, a meu v e r , e n t r e t e n i m e n t o m.iis digno de occupar as horas d e distracçaõ, nem que mais d e v e a curiosidade, do que o seu e s t u d o : assim o afflrma o Grande F r e d e r i c o Rei de Prússia na sua caria dirigida aos Párocos do R e i n o , na qual também os i^horia a cultivar esta matéria, taõ ntil no Estado, como ao mesmo serviço da Igreja, ao q u a l , principalmente, a cera se consagra. Naõ h e pequeno o d i v e r t i m e n t o , que comsigo traz a prática d :s A b e l h a s , que faz passar com gos-to o tempo i n n i l , e evitar aquella ociosidade, que assim no Clero, como na Nobreza das Aldeas, lie t i o inevitável, como perniciosa. Quanto prazer naõ deve c a u s . r á huma pessoa de bem

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P R E F A C C A Ô . * v n

r a r , v e r , e observar esta parte da Fysica , para a qual n e m sào necessárias livrarias, nem instru-m e n t o s instru-mais, do que os próprios olhos! Que sa-tisfação, e divertimefito nào lie o vellas trabalhar todos os dias, occupando-se algumas vezes a curio-sidade e m calcular miudezas , que daõ gosto ! T a l , c o m o a de Swanimerdam, que contava cm hum só cortiço 22.574 c e l l a s , das cjur.es 7.£24 erèo de criaçào , e 14.750 estavaô cheios de mel. Maior prazer ninda ptfde t e r , o que formar hum -corti-ço próprio para o b s e r v a ç õ e s , que deve ser feito de taboas, s e m e l h a n t e , ao que representa afig. 8 mas feito de sorte q u e , por de t r a z , e pelas b a n -das, t e n h a janellas de vimos g r r n d e s , e claros, as q u a e s porém se possaô fechar com postigos e de sorte , que naõ e n t r e luz alguma. Q u e -r e n d o -rec-rea-r-se , se ab-rem os taes postigos r

q u e , sem perturbação das Abelhas , se poderão ob-servar, á vontade , por h u m a , ou mais h o r a s , do m o d o , que escrevo no n u m e r o 127. Q u a n t o

porém á utilidade , ella já h e bem notória , naõ h a v e n d o c e r t a m e n t e c a p i t a l , que renda m a i s , e sem perigo de usuras, como explico no n u m e r o 207. Faltame finalmente o dar satisfação aos L e i -tores da grande diversidade, que acharáô sobre es-ta matéria entre m i m , e o u t r o s : confesso, q u e naõ tenho visto Authores Portuguezes mais, q u é h u m bem m o d e r n o , cujo livro se intitula Agricultor

Instruído: ellé he s u c c i n t o , e m e p a r e c e ter

cou-sas b o a s ; m a s , no que respeita a c o l m e a s , fiou se c e r t a m e n t e de alguém , que nada s a b i a , ou q u e talvez o quiz e n g a n a r ; para prova do q u e , leiaõ-se as leiaõ-seguintes r e g r a s : cc Na primavera, diz elle , cc se descobrem os cortiços , para que lhes entre o cc Sol, eoar daprimaimra t advertindo, que,

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do tem os favos em baixo com pontas redondas, e grossas , he sinal, que estaõ capazes de se cres-tarem, Se enfermarem as Abelhas por fracas, assar-se-ha huma gallinhh, e a poráò dentro. Em quanto durar o veraò , se abrirão de dez em dez dias as colmeas, e as defumaràõ com bosta de boi. Confesso serem estas máximas muito

dif-ferentes das minhas , mas p a r e c e m e ao m e s m o t e m p o que ninguém me fará crime d e n a õ as se-guir.

(13)

-VII

DEFINIÇÕES,

E E X P L I C A Ç Õ E S

DE ALGUNS TERMOS USADOS NESTA OBRA

I.

JT ELA palavra Rainha, entenderse a Abelha

mestra.

II.

Como as colmeas nestas terras se fazem com-mumente de cortiça, toma-se o nome de cortiço por colmea.

III.

Ter muito gado huma colmea, he o mesmo

que ter muita Abelha.

IV-O fundo do cortiço, ou colmea he a pedra,

ou taboa, sobre a qual está pousada a cohnea, e alguns a chãmaô Silha, ou Sei ha.

A porta, ou entrada he aquella abertura,

ou buraco, por onde sahem , e entraõ as Abelhas.

Y A .

Nova. criaf ou criação saõ^as Abelhas ainda

naõ nascidas, ou que estejaõ ainda nos ovos , ou

(14)

VII.

Enxame, he huma nova colônia de Abelhas, a qual sahindo de huma colmea já habitada, bus-ca nova habitação.

VIII.

S

uando de huma colmea se fazem duas, di~ o-a, a que vem feita de novo , se chama Enxame artificial para os distinguirmos, dos que sahem por si mesmos.

IX.

Chamo Cellas os buracos, de que se com-põem os favos.

X.

Juízos, ou Juizes ( como alguns dizem ) se chamaõ vulgarmente ás varas, que atravessadas nos cortiços em cruz, sustentào os favos*

XI.

Enxame morgado, chamo aquelle, que pri-meiro sahe de huma colmea.

XII.

Cadetes seraô, os que sahirem depois do pri-meiro.

XIII.

Festejar, se diz , quando as atelhas em dia bom sahem do cortiço, e voaò diante delle, ou para tomar ar, ou para descarregarem o ventre.

(15)

TRA-T R A TRA-T A D O H I S TRA-T Ó R I C O ,

• E

F Y S I C O

D A S A B E L H A S .

A R T I G O I .

Differença das Abelhas.

£*- ABELHA h e h u m i n s e c t o , que p e r t e n c e á

quinta ordem dos H y m e n o p t e r o s , isto h e , dos q u e t e m quatro azas membranosas , e descober-tas , e faz o seu nono gênero. Constituem o seu caracter essencial: a boca com os queixos, e

trombas, curvos, e duas bainhas, bivalves : as azas planas, e o ferraò escondido. Os Gregos a

chamavaõ Melissa, ou Melitta, hoje os Todes-cos a c h a m a õ Bein, ou Bieni; a sua figura h e p e q u e n a , e pouco maior de h u m a Mosca ordi-n á r i a , mas arqueada, e loordi-nga, dotada de quatro a z a s , e seis p e r n a s , como se vé na figura (a).

2. Varias espécies de Abelhas contão os F y -zicos. Carlos de Villers conta 128 espécies ( * ) : mas se p o r Abelhas vulgarmente se reputaõ só as que fazem, ou, ajuntaõ m e l , eu até agora naõ t e n h o achado mais do que t r ê s , alem das q u e

B 2 saõ

1 * : ;

(16)

saõ conhecidas nos corticos As maiores , a q a e o Vuleo chama Bisouros (**), saõ vestidas d e h u m bello roxo na barriga com cabeça e peito h u m pouco negros: agradaô ellas t a n t o á v i s t a , quanto o seu zonido desagrada ao ouvido. Ha bitto e m buracos debaixo da t e r r a , tiraõ o m e l das flo-r e s , e como tem .a tflo-romba mais c o m p flo-r i d a , po-dem chupallo também daquellas flores, nas qu^es o longor do calis i m p e d e , q u e as outras Abelhas o possaô tirar.

3. A primeira vez q u e os p u d e b e m observar, foi em Setembro d e 1885, q u e r e n d o o moco do Jardineiro alimpar das hervas os m o r a n g o s , que se cultivavaó debaixo da minha janella ; achou h u m buraco assas f u n d o , donde via sahir estes Bisouros: a sua c u r i o s i d a d e , e os meos rogos o fizeraõ cavar até descubrir o n i n h o ; os favos eraô p e q u e n o s , e de matéria s e m e l h a n t e ás das Ves-pas, o mel era mais fino, e gostoso do que o nos-so das A b e l h a s , e daria hum quartilho da nossa medida ; os Alemães chamaõ-lhe fald humelny ou Zang«àos do c a m p o . Guiado ao depois dos mesmos Bisouros achei vaiios outros buracos, ou ninhos d e l l e s , principalmente nos piados al-t o s , e seccos; finalmenal-te vim a saber, que alguns curiosos o s m e t t e m e m pequenas c a i x a s , o u c o r -ticinhori, para os tratarem c o m o Abelhas.

4 Outra espécie de Abelhas mais pequenas,

a

u e o s Bisouros, e maiores que as ordinárias,

ain-a que nain-aõ t ain-a ô c o m p r i d ain-a s , nem tain-aõ ain-agudain-as, tem a còr negra com malhas b r a n c a s , e amarellas; e vivem r e n t e da terra e n t r e h e r v a s , e arbustos: o ninho parecia-me, c o m o se rosse de pássaros,

cu-(**) Apis violacea Un.

(17)

f ) A S A B E L H A S 3

c u b e r t o s de c i s c o , e escondido com h u m só bur a c o , pobur onde entburavào: as Abelhas estavaõ t o -das j u n t a s , como se fossem ainda n o v a s , e naõ pudessem v o a r ; mas querendo eu tornar a vellas dalli a poucos dias achei que tinhaõ desamparado este lugar, o que m e fez pensar que esta espé-cie só se ajunta nos ninhos para fazer c r e a ç a õ , e, acabada esta, se espalhaõí como succede t a m -b é m nas Vespas. F i n a l m e n t e huma terceira espé-cie quasi da figura da Vespa, vive solitária, pár, a pár, em buracos feitos no p a ó , ou nas paredes: mas o pouco m e l , que s e lhe a c h a , faz que m e -r e ç a õ também pouca attençaõ.

5 Como a nossa tençào só h e tratar da Abelha, que faz o m e l ( * ) , deixamos para o fim o especi-ficar as o u t r a s , e passamos a reduzir a estas e m duas castas ; posto que na realidade nào seja mais do q u e huma , cuja variedade accidental d e p e n d e da diversidade -somente das circumstancias. Saõ estas bravas, e mansas, òu domesticas; bravas s a õ , as q u e , guiadas da sua própria natureza, vivem em plena l i b e r d a d e , sem dependência n e -n h u m a dos home-ns ; taes saõ, as que habitaõ e m cavernas debaixo da terra, ou cavidades das arvor e s , ou quaesquearvor outarvoros buarvoracos nas paarvoredes, p e -n h a s , m o -n t e s . Desta ma-neira foraò bravas, e sel-vagens todas as Abelhas do m u n d o , antes q u e os h o m e n s se dessem á pena de as cultivar, e ainda h o j e , quando h u m E n x a m e foge, torna a fazer-se bravo. Na Polônia, Curlandia, e Moscovia, na mesma Alemanha , e outras partes do Norte h a bosques cheios desta casta de Abelhas,'as q u a es

nào sào totalmerfte l i v r e s , pois q u e os h o m e ns

as — •

(18)

as c r e s t a õ , e lhe preparaò d e ante maõ as ca-vidades das arvores, abrindo-lhas mais, ou fechan-do-lhe com taboa6 as grandes a b e r t u r a s ; paga-se h u m certo tributo ao P r í n c i p e , ou ao senhor tio dito bosque , e este se obriga a naõ cortar as ar-vores , que tem Abelhas.

6 A experiência tem mostrado, que estas Abe-lhas bravas se fazem com o t e m p o mais n e g r a s , mai9 pequenas, e mais cruéis e m picar; mas tam-bém mais diligentes no t r a b a l h o : o m e s m o se vé naquellas, as quaes se bem naõ saõ bravas, tem o infortúnio de viverem em paizes estéreis, e mon-tanhosos; e semelhantes aos h o m e n s nascidos era taes lugares usaô de maior i n d u s t r i a , e tra-balho para manter-se. Peio contrario as nossas, sendo nascidas em teras mais férteis , e abun-dantes, saô mais m a n s a s , e maiores, t a m b é m saõ mais descuidadas, e preguiçosas. D a q u i vem, que jamais he bom comprar Abelhas de hum lugar mais fértil, para outro que seja m e n o s ; porém as que vem de hum terreno estéril para outro nv-lhor, trazendo com sigo a sua industria, e di-ligencia costumada faráõ grandíssima utilidade: h e bem verdade, que passados alguns annos se faráo grandes , e preguiçosas como as outras do Puiz: o que prova evidentemente naõ provir a sua grandeza, e agilidade de outra natureza, que ellas t e n h a ô ; mas sim de outro clima, mantimen-t o * , e qualidades do mantimen-t e r r e n o , em qumantimen-t- foraô crea-d a s , argumento que valerá em tocrea-da a casta crea-de a n i m a e s , e h o m e n s , contra a louca pretensão <los nossos Illumiuado.s Filósofos..

7. Queremos aqui somente tratar de Abelhas m a n s a s , ou (loinevie.is , e que povaó todos os n o ^ o s cortiços, ou colme*s. Elias se dividem em

(19)

I A » A B EL H A S. 5

tres classes, cujo conhecimento he summamen-te necessário a quem trata dellas. Na primeira classe vem as Abelhas ordinárias (*), e que tra-balhaõ, as • quaes fazendo o maior numero he bem que venhaõ em primeiro lugar, e

represen-taõ o povo, o u n a ç a õ , a sua figura vem expres-, sa na letra (a) da estampa. Logo vem na segun-da classe a Abelha mestra representasegun-da na letra

(b) (**) a qual, posto que seja huma só, he

essen-cialmente necessária na colmea, e faz pessoa ào R e i , ou Rainha, que governa. Na terceira classe vem finalmente os Zangaòs, (***) que ao menos em certos mezes saõ também membros úteis nesta republica: sendo certo, que a natureza nada creou inútil neste mundo , e que naõ tivesse o seu fim, ou destino, a letra (c) expri-me hum Zangaõ.

AR-(*) Spaâones. Ettnuchi. Isto he, neutras, castradas. (**) raemina.

(20)

A R T I G O H.

Descripçaõ do corpo das Abelhas.

8. JT ODE-SB dividir o corpo de cada Abelha em

três partes, como a natureza o distingue; parte interior, ou cabeça, parte do meio, onde está o peito, e parte posterior, ou barriga: e começan-do pela Abelha ordinária, que faz o maior nu-mero no cortiço, a sua cabeça, vista por diante, t e m a figura qnasi de hum coração, chata, e se-melhante ao íocinho de hum gato, termina em ponta na parte que faz a boca: he eÚa pela maior parte peituda: em cada lado se distingue hum olho grande, e maior do que pedia, a proporção da cabeça, Saõ estes olhos oblongos com a figu-ra de meias luas, de côr escufigu-ra, mas luzidas como agatha, e transparentes como vidro. De-baixo da membrana cornea se descobre pelo mi-croscópio o humor, e despois delle outra pelle opaca : por cujo motivo naõ passa a vista mais adiante. A membrana externa , posto que t>eja convexa na figura , he composta de innumera-veis vidros quadrados, donde vera que , fazendo cada vidro seu olho , pôde a Abelha ver obje-ctos de diferentes partes, naõ obstante ficarem os olhos em si immoveis: saõ também rodeados de muitos pellos, o que servirá talvez, para diminu-ir os.raios da l u z , CUJA multidão os ofenderia,

ou principalmente para defergdellos do pó, que encontrarão* dentro das flores, quando lá buscaõ o seu mel.

(21)

f)AS A B E L H A S . 7

•9. N a p a r t e , q u e fica entre os o l h o s , a que nós c h a m a r e m o s fronte, ou testa, se descobrem três pontos p e q u e n o s , elevados, n e g r o s , e luz e n t e s : nào falta q u e m julgue serem olhos t a m b é m , c o m os quaes as Abelhas fora do cortiço p o -d e m ver os objectos -d i s t a n t e s : outros os t e m por instrumentos do ouvido, assegurando-nos naõ t e r achado na cabeça outros b u r a c o s , que pos-saõ servir de orelhas. E u tenho por falsas h u m a , e o u t r a opinião, pois que usando do argumento da analogia, o qual aqui m e parece vir a propó-sito , qual h e a mosca, ou qual h e o insecto, que se ache. com cinco olhos. Naõ seria isso h u m a superfluidade da N a t u r e z a , dar dous olhos p a -r a ve-r d e n t -r o do c o -r t i ç o , e out-ros d o u s , ou t-rês para ver fora delle ? Naõ podia ella, que em tu-do h e simples, e c o m p e n d i o s a , dar-lhe tu-dous olhos q u e servissem d e n t r o , e fora , e que vissem pert o , e l o n g e , como os oupertros animaes? Q u e n e -cessidade t e m elles de ver taõ l o n g e ? E u , por m i m estou b e m certo terem ellas vista tão c u r -t a , q u e n e m a dis-tancia de dous palmos se es-t e n d e : assim m o faz c r e r a experiência d i á r i a , pois q u e , ou ellas venhaõ de fora do campo > ou a n d e m voando diante do c o r t i ç o , quando se que-r e m que-r e c o l h e que-r , muitas eque-rque-raõ o b u que-r a c o , e vaõ daque-r n a parede do m e s m o c o r t i ç o , onde q u e r e m en-t r a r , alem disso naõ sabem declinar h u m a pes-soa , que as e n c o n t r a , sem d a r e m nella contra-v o n t a d e . D e facto, q u a n d o nào acertaô logo com o b u r a c o da p o r t a , tornão a t r a z , e vào duvido-s a duvido-s , como para tomar o t i n o , e entrar maiduvido-s di-reitas , e se de iftrite sahem por algum inciden-t e , v. g. bainciden-tendo-lhe no corinciden-tiço^ poucas ainciden-tinaõ ao depois com a p o r t a , e cançadas d e b u s c a r ,

(22)

10. Quanto pois a opinião dos ouvidos, mais

{

rlausivel seria: mas para ser ouvidos, ou ore-has necessitavaô de ser furados, e ter

canalieu-los , por onde entrassem as ondulações do som, o que ninguém ainda descobrio, onde tenho a cousa naõ só por-incerta, mas por falsa: muito mais pi recendo-me ter descuberto dous furos, ou buracos mais abaixo dos três pontos, ditos, e cada fui o á sua banda. Em fim naõ me parece crivei o ter três olhos, nem três ouvidos, naô-costumando a Natureza dar mais, que dous. **--" 11. Visinhos aos três pontos disputados, e dos

lados sahem dous cornos, o u , c o m o Aristóte-les lhe chama , duas antenas bem visiveis: saò estas tenras, e delgadas, e furadas á maneira de canudos. Nellas descobrem os olhos duas junc-turas, ou artículos, huma rente da cabeça, e outra no m e i o : mas o microscópio chega a dis-tinguir na primeira parte de cada huma três jun-cturas, e na segunda nove pequenos articulo»; pela qual razaô pôde a Abelha movellas em todo o sentido, e para todas as partes, e ainda esten-dellas, ou encurtallas segundo a sua vontade. Alguns Authores lhe daõ, com alguma proprie-dade , o nome de cornucopia, e querem que sir-va de nariz, ou de orgaô para o cheiro ; o certo h e , que a Abelha usa dellas estendendo-as para examinar qualquer objecto, com que se encon-tra, mas por isso mesmo eu tenho motivo de crer, que ellas mais depressa sejaõ o instrumen-to, ou orgaô do tacinstrumen-to, pelo qual se lhe fae sen-sível qualquer objecto tangível. Johan Ludov.

Christ. Author moderno, e nabn , a quem

conf-feso dever muito , affirmt com demasiada franqueza perceber a Abelha, ^>or meio destes ó r

(23)

* A Í A B I L H A S , jg,

g ã o s , o cheiro do m e l huma boa hora d i s t a n t e : deve-se advertir que h u m a hora de caminho em Allemanha eqüivale a mais de h u m a légua d e P o r t u g a l , e se fosse isto verdade , nos veríamos b e m perseguidos das Abelhas em nossas casas. E u tinha mel no m e u quarto y^quando habitava n o c a m p o na distancia de 200 passos do colmeal: as janellas ficavaõ abertas todo o veraõ d ç d i a , e nunca lá foraô, senaõ alguma muito por acaso. 12. Com mais razaõ nos affirma este dou-to T u d e s c o serem estes membos musculosos, e m u i sensíveis á toda m u d a n ç a do a r : o c e r t o h e , que as Abelhas p e r c e b e m antes , e prevem a c h u v a , o v e n t o , e as trovoadas,-como adiante se dirá, mas que isto 6eja por meio dos cornos , o u a n t e n n a s , isto m e parece muito adevinhar. <J«e as a n t e n n a s sejaô sensíveis, e mui sensíveis h e c e r t o , mas a conseqüência h e defeituosa. Talvez, diz e l l e , o Creador lhes deo nestes m e m b r o s , outro sentido que nós naô t e m o s , e ao qual nós n a ô saberemos pôr o n o m e . C o n h e c e o , q u e a D e o s tudo h e possível; por isso não nego a possibilidade , mas digo ser sem fundamento a conjectura : sei mais, que nós c o n h e c e m o s toda a natureza dos a n i m a e s , mas t a m b é m s e i , q u e sendo o h o m e m o mais perfeito delles , e naõ t e n d o mais q u e cinco s e n t i d o s , n e m lhe 6endo mais q u e estes c i n c o n e c e s s á r i o s , naõ saberei p a r a q u e haõ de ser necessários a h u m insecto? o q u a l , se bem seja n o b r e , e útil naô tleixa d e *er insecto. D e outra m a n e i r a será licito a todo o Filosofo O multiplicar entes, q u a n d o lne~pare-c e r : lne~pare-cousa lne~pare-contraria a uniformidade , e

simpli-cidade da N a t u r e z a . Q u a n t o pois o «entir a Abelha as iBTodanças do t e m p o , as p r e s e n t e m

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-também as formigas e t c , e ainda os h o m e n s : e isto taõ longe está de provar maior perfeição nos sentidos, que antes indica nestes últimos imper-feita saúde.

i3. Por baixo das duas antennas vem a parte,

Í

rue constitue a boca, esta acaba em ponta, por óra he de côr escura, polida cornea, e sem pel-los: por baixo desta está a língua, a qual como carnosa, e musculosa he mobil: seguem-se as duas queixadas, que naõ se situaõ huma sobre a outra, como nos animaes, cada huma parte de seu lado, e se fechaõ huma contra a outra, e formaõ como hum alicate, ou torquez, ainda que pereçaõ delgadas, visto que ambas juntas formaõ huma ponta, com tudo por dentro são largas á maneira de duas colherei-, as quaes fe-chando huma contra a outra, podem enserrar no vasio , que lhe fica dentro, bastante matéria. Es-tas queixadas lhes servem de d e n t e s , e nàõ falta, quem lhes dé este n o m e , e ainda o de màos, porque dellas usào as Abelhas para fazer, e des-fazer as celtas da cera, e naõ menos para agar-rar, e morder, e despedaçar seus inimigos.

i4- Debaixo dos queixos, e do interior da bo-ca sahe huma proboscide, ou tromba, a qual muitos sem razaô alguma chamaô língua. Esta tromba he côr de castanha, compridissima, cheia de muitos pellos, e representando o rabo de hu-ma raposa : no meio do seu longor tem huhu-ma jun-ctura, e avante outras mais pequenas, as quaes servem de a fazer mui flexível, de a curvar, de a estender. e de a dobrar a seu arbítrio. Como he muito comprido, a Abelha nunca a pôde recolher toda dentro da boca, deixando por isto huma parte delia fora, dobrada, ou voltada para o

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co-I A S A B E L H A S . 11

coco. Esta tromba , sobre a qual corre h u m rego, ou canaliculo, h e acompanhada de huma bainha, a qual se abre e m d u a s , e serve naõ só para a defender, e fechar quando está em d e s c a n ç o , mas t a m b é m para abrir as flores, quando a Ahe-Iha-mette dentro dellas a tromba. Êlla h e , a q u e r e c o l h e o m e l , a água etc. mais isto acontece por h u m modo muito diverso, do que ordinaria-m e n t e se p e n s a : a Abelha, entrando coordinaria-m a troordinaria-m- trom-ba em o calis da flor, propriamente nào chupa o liquor d o c e , que ahi se a c h a : porque a tromba, naô sendo esponjosa, n e m f u r a d a , como a do E l e p h a n t e , naõ h e possível o c h u p a r : mas sim lambe , ou e x p r e m e , como faz a lingua dos g a t o s , e dos c à e s , e com seu movimento ver-miculoso o faz sahir da flor, e retirando a trom-r •bar o faz subir até á boca. Os pellos, de q u e h e

guarnecida, servem para receberem as gotas d o h u m o r l a m b i d o , e as duas bainhas, fechando-os,. é comprimindo-os, o faráõ subir á boca bem de-? pressa por meio d o r e g o , ou canaliculo.

i 5 . O pescoço da Abelha h e c u r t o , delicado, e b r a n c o , e ella o pode e s t e n d e r , ou encurtar d e todo. A p a r t e media da Abelha tem quasi trez. grandezas da c a b e ç a : pelas costas h e r e d o n d a , mas por diante o peito h e plano. H u m a parte h e coberta d e pellos, bem que estes sejaô muito* mais b a s t o s , e compridos nas ilhargas, e no pei-to : e d e s t a , por ser a mais carnosa, e por isso a a mais apta para conter m ú s c u l o s , h e que sahem as azasf e as p e r n a s , estas por baixo do p e i t o , , e aquellas por cima das costas. As azas saõ qua-t r o , duas superiores , e duas inferiores ; esqua-tas*

saõ mais curtas, para naõ impedirem o voar das. outras d u a s; que saõ mais largas , e mais c o m

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-pridas; tanto humas, como outras saõ membra-nosas, transparentes, e guarnecidas de nervos, que naô só as fortificaõ para o v o o , mas tam-bém para os diversos s o n s , e zunidos , com que se entendem entre si.

-16. Ao pé das azas e m cada lado se vem dous buracos, ou aberturas : todos convém que servem para respirar, e dar o ar aos bofes, os

3

estes fosse licito ajuntar o m e u , diria que tam-uaes se achaõ ahi vizinhos. Se ao sentimento bém serviaõ ao cheiro: pois que he mais natural pôr este sentido no lugar, aonde o ar entrando com a respiração, deve levar comsigo as partí-culas odoriferas, e se a natureza muda o sitio dos órgãos para variar a figura dos animaes , naô lhe muda com tudo a essência.

17. As pernas saô s e i s : três por banda, as duas do meio saõ mais compridas , que as pri-meiras , mas as ultimas de traz saõ ainda maio-res, que as do m e i o : todas constaô de quatro par-tes principaes, e simühanpar-tes divisões por joelhos, ou juneturas: a ultima em cada perna se pôde chamar o p é , o qual para ser mais movivei se compõem de cinco artículos menores: no ultimo destes se achaô duas unhas maiores , e duas me-nores : as quaes servem para subirem nos cor-tiço9, para se terem nas flores, e nào cahirem, e pira se agarrarem humas nas outras, quando se penduraô em pinhoca: porem quando se naô

3

e maneira, que fazem quasi huma boila. uerem servir destas unhas, as curvaõ, e fechad,

18. As duas pernas dianteiras, bem que mais curtas de todas, servem-lhes quasi de m ã o s , e com ellas alimp&ô os o l h o s , e esfregaõ o r o s t o , levaô fora do cortiço os bichos etc. Nas pernas

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O A S > A Ií E L H A a. j 3 dó m e i o a parte t e r c e i r a , ou penúltima se c h a

-ma escova, a qual he quadjrangular, e vestida d e muito pellp : mas nas ultimas pernas , ou tercei-ro par ella h e ainda muito mais admirável: pois q u e nella se vé h u m a çõva quasi triangular, a q u e se pode chamar colher, alforje, ou mais p r o p r i m e n t e masseira, aonde as Abelhas ajuntaõ o pó das flores, o amassaõ para formar as bollas que ao depois levaô para casa* .0/.que fazem des-t e m o d o : c o m as p a des-t a s , chamadas escovas'Y co-l h e m , e ajuntaõ o p ó , ou farinha da fco-lor: este pó h e transferido dos pés dianteiros aos pés do m e i o , e u l t i m a m e n t e destes aos alforjes dos ter-c e i r o s : mas isto ter-com tal presteza,, que apenas se podem observar. Esta farinha vem unida, e amas-, sada c o m os taes, pés á t é .fazer humas bolli-* n h a s , a que nós vulgarmente chamamos calças,' e para q u e ellas naô e a i a õ , servem os pellos? voltados á"roda da sobredita c o l h e r , ou alforje»

Algumas vezes as A b e l h a s se revolvem nas. flo-res , e se espojaõ, como as bestas o fazem na área , e entaô se e n c h e toda de p ó , o u farinha, depois valendo-se dos pés do meio a e s c o v a , e ajunta na sobredita c o l h e r , a o n d e os petallos a sustem para q u e naõ caia',' naõ obstante fazer algumas vezes o volume de h u m graõ'de pimenta.

iç>. A parte p o s t e r i o r , o u barriga vem s e p a -rada do peito por h u m a cinta bem d e l g a d a , que-quasi paresse n u m fio, e fw>r q u a n t o esta parte da separação naõ h e coberta d e pelle c o r n e a , e d u r a , talvez para ter mais facilidade no mover-s e , por i mover-s t o , quando mover-se q u e r e m f e r i r , procuraò accommeter-se pof esta pante fraca humas ás. o u t r a s ; mas a n a t u r e z a , «roe as deixou fracas neste l u g a r , t a m b é m lhe « e u o r e m é d i o ,

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do o peito daquella paite concavo r e convexa a

S

arte da barriga, que lhe corresponde, de mo-o que somente, com encolher-se , ficaò unidas, e fechadas.

20. Esta bariga , ou parte posterior da Abe-lha, além de ser pellosa, e acabar em ponta, he a maior, e a mais comprida parte delia. Pela par-te de cima, como he coberta de seis anneis , ou arcos, os quaes á maneira de escamas apparecem humas sobre as outras com huma peJfle tenra, por este modo pôde a Abellha alongar, encurtar, encurvar, ou mover esta parte a seu arbítrio. Pe-, Ia parte debaixo apparecem quatro grandes es-camas , cobertas em parte pelos taes anneis, e por entre estas escamas suaõ as Abelhas a cera: em fim esta parte acaba em ponta com hum bu-raco meio redondo, ou em figura de meia lua, por onde naõ somente sahem os escramentos, mas também o seu terrível ferraò

21. Acabada a descripçaô das partes exterio-res , as quaes cada hum pôde ver com seus olhos, ajudados de hum microscópio ordinário, naõ julgo, que será supérfluo o ajuntar também alguma noticia das suas partes interiores. Em quanto á cabeça somente deveremos notar, que o seu cérebro he muito grande relativamente á grandeza do corpo : donde, se da grandeza do

cérebro se devesse inferir a grandeza do juízo, naõ causaria admiração, que ella fosse entre os insectos hum dos mais judiciosos, e prudentes, se he que se pôde chamar juízo, e prudência a este admirável instincto, que nos animaes se ob-serva. Na boca tem o seu começo hum canal, que passando pelo pescoço, e peito vai acabar cm bexiga na parte superior, ou barriga. Nesta

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be-r?A s A B E L H A S . I 5

-bexiga pois, ou ventriculo se coze, e altera o suoco das flores até ser convertido em verdadei-xo mel. Quando se rompe a barriga da Abelha.,

com os olhos se vé esta bexiga cheia de hum humor, que tem o cheiro, e o sabor de mel: e enfiando-se por esta bexiga rota hum cabello, ou crine de cavalo, este passa pelo canal, e vem sahir á tromba, ou proboscide, sinal certo da communicaçaõ entre ambas as partes. Por baixo deste canal ainda vai outro, a que podemos cha-mar esophago, o qual he mais curto, e alargan-do-se em fôrma, de sacco , fôrma o estômago verdadeiro , mas aodepois,, voltando a estreitar-se , faz os intestinos, ou tripas, e vai acabar de-baixo do ferraô no lugar acima difco.

22. Daqui se vé claramente terem as Abelhas dous ventriculos , ou estômagos : o primeiro he

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ireprio a. receber aquelle doce liquor, que ora nas olhas, ora nas flores das mesmas plantas ellas buscaõ com tanta anciã, e o qual depois de ser a h i convertido èm mel, ellas o vaõ vomitar ou-tra vez no interior das cellas, ou favos. Este vo-mito he excitado própria, e voluntariamente por ellas em si mesmas, como se vé pelo movimen-to, que fazem com a tromba, e azas, e pelo sa-cudir da cabeça. Como porém com estas convul-sões só sáhia o puro mel para fora, e tudo o mais que fica dentro, passando-se ao segundo estômago , ajuda o seu nutrimento. Como ao pri-meiro estômago se deu o nome de estômago de mel , naô faltou também alguém , que

des-se ao des-segundo o nome de estômago de cera., talvez porque julgou, que a cera era nelle fabri-cada , ou ajnda por outra opinião , igualmente

errônea, de que a cera era puro excramento das

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23. Mas a verdade he, que o excremento das Abelhas nada tem de commum com a cera. Elle he liquido, e amarello , como se vé

na-a

uelle, que de inverno ellas deixaõ cahir no fun-o dfun-o cfun-ortiçfun-o. Nfun-o veraõ sahem sempre para se descarregarem. Tanta he a limpeza nestes insec-tos! Além disto, abrindo-se o tal ventriculo, nunca se acha cera dentro delle, mas sim huma matéria mellosa, e semelhante ao dito excremen-to , donde se pode concluir certamente, que o tal ventricido só serve para as funções próprias da digestão, como nos outros animaes, separan-do o que deve servir á nutrição, e excluinseparan-do pe-lo canal dos intestinos as fezes que são inúteis. 24. Bem que o commum dos insectos vivaõ com pouco ar, as Abelhas saõ daquelles animaes, que necessitaõ mais deste elemento, e por i& so se os outros se contentaõ só com dous bura-cos para o respiro, o Author da Natureza poz a estes quatro no dorso ( n. 16). Quando se anteL

p õ e , ou fechaô estes buracos com azeite, ou outra uncçào semilhante, cessando a respiração, segue-se immediatamente a morte da Abelha. O mesmo acontece dentro da maquina Pneumati1

-ca. Ainda sem isto pondo-se huma Abelha fe-chada dentro de hum copo de vidro na espaço de meia hora fica sem forças, e moribunda pela falta de novo ar. O bofe, ou pulmaõ he com-posto de glândulas brancas, pequenas, e trans-parentes naõ só entre si unidas, mas communi-cando-se, com as mais entranhas por meio de va-sos menores. , 25. O ferraô, situado na ultima parte do cor-p o , está semcor-pre escondido dentro, e só sahe, quando ella furiosa se quer vingar, ou quando

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com-« A S A B E L H A S 17

comprimida a barriga se obriga a sahir. He cornea a sua substancia, de córamarella, figura direita, e aguçada: dentro he furado, encerrando em si duas outras frechas, ou dardos , os quaes, en-tranhando-se pela carne ferida,, deixaô entre si sahir o veneno , que he a causa das dores, e da in-chação. Este veneno he hum liquor contido em huma glândula, ou vesicula situada na raiz do tal ferraõ; a qual vesicula parece recebe-lo do ven-tricido segundo por hum canal commum á ambos, o qual abi se vé, e sem duvida serve de excreto-rio. Se o tal liquor he o mesmo, que entre nós se chama bilis , ou fél ? Se do ventriculo vem já venenoso , ou se na vessiçula se faz tal por meio de outras misturas, que ahi venhaõ por vasos im-perceptíveis? Saõ questões , que eu deixo aos outros, que respondaõ á ellas. O que posso dizer h er que no veraõ este liquor se acha alli

depo-sitado em maior abundância, e entaõ o seu ve-neno he muito mais activo: e q u e , quando as plantas daô mais mel, saõ as Abelhas mais prom-ptas em picar. Em conclusão he certo também , que o mesmo mel parece conter em si hum for-te aeido picanfor-te, o qual vem desunido no estô-mago das partes doces, .oleosas, gommosas, e gordas, e deixando as partes mais subtis para o sangue, e nutrição da Abelha , passa com a aju-da do calor pelos secretorios em suor, e fazem aquelles floccos finíssimos, de que se compõem a cera.

"-26. Como o ferraõ nasjduas frechas internas tem quantidade de prominencias, q u e , à manei-ra de dentes de sermanei-ra vimanei-radas pamanei-ra tmanei-raz, permit-tem o entrar na carne, mas impedem a sahida, dahi vem que Abelha, fazendo força para o

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-tirar, e naõ podendo tira-lo, deixa o ferraõ na fe-rida: mas isto succede com grande damno da po-bre Abelha: por quanto, sendo o ferraõ connexo com a vesicula do v e n e n o , e essa com o estôma-go , e entranhas, fica sempre com o ferraõ huma parte dos intestinos, onde lhe sobrevém a gan-grena; e a Abelha deve em pouco tempo morrer, o que na verdade succede dentro em 24 horas: quando porém huma Abelha passa outra com o ferraõ, o f<z entre os anneis da barriga, e sendo nesta parte a pelle tenra, raras vezes lá lhe fica o ferraõ, mas se ella naô morre sempre, sempre dá a morte áquella, a que picou. Ora se aquelle veneno he bastante para causar a morte a hum corpo também pequeno, devo eu inferir que elle seria bastante para matar qualquer pes-soa, logo que o numero das Abelhas, ou a somma dos venenos tivessem a mesma proporção com o nosso corpo.

27. O ferraõ, separado do corpo da Abelha, ainda goza do movimento, e algumas vezes tam-bém se ferra na carne. Este movimento he cau-sado pelos seis músculos, que nelle se descobrem. A o redor do ferraõ também se encontraõ duas pontas brancas, as quaes, porque saltaõ fora com o ferraõ, quando a barriga da Abelha he compra mida, alguns as julgarão por bainhas do messao ferraõ, quando este está recolhido: mas a abertu-ra, que pelo microscópio ahi se descobre, e al-gumas observações porte ri aõ fazer provável a con-jectura, de que tivessem por fim a geração, de que adiante fallaremos.

a8. Oos Zangões, aos quael os Francezes cha-maô bourdon, em latim, fuscas, em Tudesco

dhro-nenf ou thranen, em Castelhano zangano, saõ as.

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I A S A B B L H A Z . 19

maiores, e as mais corpulentas Abelhas d e m a -neira, que h u m Zangaõ peza quasi seis g r ã o s , e a Abelha naõ peza mais de dous. H e v e r d a d e , q u e estes pezos naõ saõ sempre constantes, por-q u e t e n h o achado apor-qui em Portugal 18 Zangões iguaes no pezo a 40 Abelhas. Os Zangões tem a c ô r n e g r a , e luzida, saõ estrepitosos, quando voaõ, e de huma compleição mui melindrosa, para sup^

S

ias mais q u e n t e s : t e m a cabeça mais. redonda ortar o frio, e por isso só sahem do cortiço nos do que as A b e l h a s , e os seus olhos occupaõ duas terças partes d e s t a : a boca h e muito mais ásper a , e as suas toásperquezes , ou licates mais p e q u e -n a s : a tromba -naõ correspo-nde á sua g r a -n d e z a : a barriga, ou a parte posterior h e naõ só maior, mas t a m b é m mais r e d o n d a , e mais d u r a , naõ se

{

>odendo m o v e r , n e m e s t e n d e r , com a das Abe-h a s : embaixo delia se vé o b u r a c o , por o n d e

sahem os e x c r e m e n t o s , e mais abaixo h u m a p r o -m i n e n c í a , onde se esconde-m os instru-mentos da g e r a ç ã o : o principal tem a fôrma de hum canali-culo l o n g o , e amarello; sahido fora h e c u r v o , e voltado para a parte das costas: pódem-se ver, abrindo o Z a n g a õ , ou espremendolhe algum t a n -t o a barriga, mas no mez de Agos-to se achaô' mortos muitos com este m e m b r o de fora. Visi-n h o a esta parte se descobrem os testículos d e côr b r a n c a , e além destes, outro vaso, que t e m -commonicaçaõ com os a n t e c e d e n t e s , e no qual talvez sè prepare o humor, que serve a fecundar. Mas o certo h e , que todos estes vasos se achaô n o veraõ cheios de h u m particular s u e c o , ou l i q u o r , o qual será necessário, ou para fecun-dar os ovos, donde nascem as Abelhas-, ou para-fazer, que o bicho se desenvolva no e m b r i ã o , .

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OU finalmente para os n u t r i r , e fazer crescer. 29. As azas dos Zangões apenas saõ propor-cionadas á grandeza.do c o r p o , o seu tom porém h e muito mais forte, d o que o das Abelhas. Mas nas suas pernas se vé apenas signal de escova, ou de colher, donde se c o n h e c e a sua ineptidaõ para a colheita nas flores, e t c . D e facto jamais se tem visto Zangaõ algum b u s c a r , ou trazer cousa al-guma para o cortiço. T a m b é m naõ saõ providos de ferraõ, e saõ taõ fracos, que basta h u m a Abe-lha para v e n c e r , e arrastar h u m Zangaõ. O num e r o destes enum h u num a colnumea naõ h e d e t e r num i -nado , mas segue ordinariamente ao das Abelhas na razaõ de 1 a 2 0 , onde em h u m cortiço de dez mil Abelhas se achaô ordinariamente quinhentos Zangàos. No veraô se achaô dispersos por todo o c o r t i ç o ; e se neste t e m p o q u e n t e , se virem es-tar muitos em h u m lugar juntos, será signal de ex-c e d e r e m o numero devido ; o que h e de prejuízo naõ pequeno á c o l m e a : mas porém maior será o prejuízo, quando se naõ vir algum, isto pois acon-t e c e mui raras vezes.

30. Segundo a natureza das A b e l h a s , os Zan-gr.os já devem apparecer nos fins de A b r i l , e saõ signaes seguros de Abelhas n o v a s , ou de nova creaçaõ. Depois disto continuaõ em deixar-se vér até o mez de Agosto diante do cortiço nas horas q u e n t e s ; mas lá para os fins deste mez come-caõ as Abelhas a matallos, e a desfazerem-se del-íes , como inúteis já á colmea. H e verdade, que naõ usaõ de ferraõ contra e l l e s , n e m os mataõ d i r e i t a m e n t e , mas 1 ompendo-lhe as azas , e lan-cando-os fora do c o r t i ç o , o sto b r i g ã o a morrer

fora com o frio das n o i t e s : finalmente, quando h u m cortiço nos fins de O u t u b r o ainda t e m

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I A S A B E L H A S . 21

gàos , h e sinal de desconcerto , v. g r . , que falta a Abelha m e s t r a , ou que as Abelhas estaõ d o e n t e s .

3 i . Os o v o s , de que nascem o s Z a n g â o s , saõ m a i o r e s , do q u e os das A b e l h a s , e saõ postos e m cellas maiores t a m b é m , as quaes saõ fabri-cadas para isto ás bordas dos favos , e naõ no m e i o . Estes Zangàos nunca trabalhaõ , nem pa-r e c e , que a natupa-reza os destinapa-ra papa-ra isso , pois q u e n e m lhes deu trombas grandes , nem torque-z e s , nem e s c o v a s , n e m alforges, e t c . ( n. 19.) P ô d e s e r , que n e m suem t a m b é m c e r a , como as Abelhas , do que naõ ha c e r t e z a : n e m t a m b é m voa o longe do c o r t i ç o : e ordinariamente as 1 0 , e ás 3 da t a r d e ; se sahirem mais t a r d e , deve ser o dia mais quente ; e se pouzaõ fora , h e p a

-ra descansarem. Vivendo elles do mel da c o l m e a , e, e n c h e n d o - s e delle c o n t i n u a m e n t e , c o n s u m e m m u i t o , e por isso saõ g o r d o s , e luzidios. A experiência m o s t r a , na c o l m e a , onde faltaõ Z a n -fãos no v e r a ô , falta t a m b é m a g e r a ç ã o , e naõ

a e n x a m e .

32. Supposta esta exacta descripçaô dos Z a n -gàos , e a conclusão certa , de que elles naõ tra-balhaõ , naturalmente vem a apresentar-se a q u e s t ã o : de que servem elles nas colmeas ? ou para que fim foraõ c r e a d o s ? Sendo c e r t o , q u e segundo as sapientíssimas Leis da n a t u r e / a , ou para melhor dizer do G r e a d o r , na d a n e s te mun-d o h e inútil. Deixo mun-de referir as imaginações mun-d e alguns c r é d u l o s , v. gr.., que os Zangàos saõ Mi-nistros da R a i n h a , c o n s e l h e i r o s , l a c a i o s , músi-cos , t r o m b e t e i r o s , etc. Pelo menos ella pagaria muito mal estes serviços, pois que no- Outono man» da matar a todos. Alguns practicas observando, q u e o s ^ a n g â o s sempre a p p a r e c e m no t e m p o da erea*

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-çaò da« novas Abelhas , suppoem que elles air* vaô com o seu calor a choc<u os ovos , ao menos , dizem e l l e s , ojudaõ as Abelhas neste officio, tan-to mais sendo elles de natureza taõ calida , que hum delles pôde igualar o calor de quatro Abe* lh i s : mas eu naõ posso crer , que este officio seja próprio delles: porque na primeira creaçaõ, a qual succede em Março, e ainda antes , ecerta-mente por este tempo naõ ha Zangàos. Logo quem chocaria estes Zangàos , se nenhum depois do in-verno fica na colmea? Seria cousa curiosa , que D e o s creasse huns animaes só com o fim de cho-car , ou aquentar os ovos dos outros?

33. O mais certo nesta matéria h e , que os Zangàos todos saô de sexo masculino , e todos si-milhantes, huns aos outros tanto no exterior do corpo , como na constituição das partes inte-riores.. Isto mostra claramente o Microscópio. Donde^e s e g u e , que he f a l s o , o que alguns tem affirmado , que se daõ entre elles machos , e fê-meas : e que os Zangàos eraõ huma espécie par-ticular de Abelhas. He igualmente c e r t o , que el-les saõ os únicos machos , que apparecem nascol-meas destinados para a geração, e multiplicação das Abelhas. Nisto concordaõ hoje os mais prac t i c o s , e doutos desta matéria de Abelhas , e já antes o tinhaõ conhecido os grandes Fysicos

Reaumur. e Stvamerdam. Mis como isto

acon-teça , ainda involve suas dificuldades ; á cerca das qunes fatiarei adiante.

34. A Rainha, ou Abelha mestra he sem du-vida a principal personagem em horo.i colmea, sem elía todo o estado succumoe, e naô p«'de du-rar muito tempo. A sua figura he a m i o r , e a mais formosa de t o d a s , como se vé na letra (b).

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D A S A B E L H A S . a3

O seu corpo peza pouco mais de três grãos : as azas naô c o r r e s p o n d e m á grandeza do seu corpo, e c o n r tudo h e v e l o z : o seu caminhar he nobre, g r a v e , e c h e i o de magestade: o seu cheiro h e a e m e l i s s a , como se pôde ver tendo-a por algum t e m p o fechada^ dentro da maõ quente : a c ô r , s e n d V m a i s clara, do que a das Abelhas, faz appa-rencias de o u r o , principalmente por baixo, quan-do naõ h e muito velha. E u p o r é m t e n h o visto al-gumas de côr bem e s c u r a , ou n e g r a s , mas naô se julgaõ as m e l h o r e s . A c a b e ç a , os olhos, an-t e n a s , e bocca saõ proporcionadas ao de mais cor-po , á excepçaõ dos d e n t e s , t o r q u e z e s , t r o m b a , e a z a s , que naõ satisfazem á esta proporção. O pescoço, e o peito saõ como, nas A b e l h a s , porém distingue-se muito dellas na parte posterior da b a r r i g a , sendo esta naõ só mais c o m p r i d a , mas mais redonda , e aguda na ponta. T e m igualmen-t e seis anneis,' porém muiigualmen-to mais largos. As azas saõ iguaes ás das Abelhas , por isso pequenas pa-r a o seu copa-rpo , e só lhe cobpa-rem até o tepa-rceipa-ro a n n e l , daqui p r o c e d e , que ella pôde voar com m u i t a velocidade, mas naô pôde por muito tem-p o , e naõ voa tem-por sua v o n t a d e , mas só ajudada das o u t r a s , que a levaõ no m e i o , como a c o n t e c e , q u a n d o foge J i u m e n x a m e .

35. Q u a n d o a mestra h e v e l h a , t e m as azas r o t a s , ou gastas, roçando-as na dura cera, quan-do passa de humas para outras cellas, e quanquan-do nelias e n t r a , e sahe para pôr ovos. Se ajgumas destas vezes vem. fora, õ que rara vez acontece por fortuna, logo c a h e no chaõ , e se p e r d e , o q u e faz acabar a colmea. Nas pernas saô seme-lhantes ás o u t r a s : mas naõ tem a escova grande, nem a colher taõ profundai A côr dellas he de

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cas-castanha. Ainda que a Rainha seja provida de fer-raõ, como as ordinárias, naô usa facilmente del-le. Póde-se muito bem sem susto tella na maõ, e ainda que a offendaô, comprimindo-a, naô se resolve a picar. Seria necessário fazella muito rai-vosa, para que ella se resolvesse a fazello. Assim o ordenou o Creador para impedir, que ella com o picar morresse , e com ella perecesse toda a col» m e a , nào tem porém esta paciência com outra Abelha mestra. É quando no tempo dos enxames ella sente outra Rainha na colmea, resolve a naô partir o governo, a perseguilla até matar, ou fazella ausentar da colmea. Duas mestras, mettidas em huma gaiolinha de arame fino, logo se fazem guer-ra , e se acabaõ, usando de ferrões huma contguer-ra a outra. Como duas Abelhas mestras fariaò duas fac-ções no cortiço, que seimpediriaõ mutuamente o bom ser dos cortiços, imprimio D e o s nas mes-tras esta antipathia necessária ; e o que a nós pa-rece ambição, ou política de e s t a d o , e da Rai-nha , nada mais he do que hum instincto, ou in-clinação, que lhe vem da sabia Mào do Creador, sem que ellas certamente saibaõ, porque a fazem. 36. As duas pontas brancas, de que faliei no nnmero 2 7 . , também se achaô ao pé dõ ferraõ da mestra , e saô em tudo conformes, ao que se vé nas ordinárias. O orgaõ necessário para a ge-ração se vé claramente com o microscópio, e n e desta fôrma: huma externa abertura conduz a hum canal, o qual se pôde chamar a madre. Este canal se divide em dous ramos, dos quaes cada hum acaba em seu ovario distincto. Estes ovarios no inverno apenas se distinguem por pequenos, mas na primavera, e no veraô se conhecem bem os ovos, cujo numero he taõ grande, que se com

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b A s A B E L H A S . &5

taõ ás vezes 5ooo. Estes ovos, cahindo ao depois nos dous canaes, entaõ he que-crescem a per-feição: e por isso a estes ramos se devem pro-priamente chamar o uterus, donde Abelha os traz, até chegarem á sua natural grandeza. No ponto, em que os dous ramos se ajuntaõ a formar hum só canal, ou m a d r e , se observa huma glândula cheia de humor pegajoso, a qual, sahindo junta-mente com o ovo, o faz ficar apegado no pavi-mento da cella, aonde a mestra o põem.

37. A estima, o respeito, e amor, que todas as Abelhas tem á sua Rainha he extraordinário, e incrível. Naõ somente desprezaõ a própria vi-da para a defender contra os inimigos communsr

mas em caso de carestia, e falta de mel na col-mea ellas se deixaõ morrer de fome, conservan-do sempre huma porçaõ de favos, para que a mestra possa viver mais alguns dias. Quando el-la se acha doente, toda a colmea mostra triste-za, e se resente, como de publica calamidade. Se acontece morrer ella, he tal o sentimento, que nem as Abelhas trabalhaõ, nem comem, nem se defendem: hum tom triste se ouve em toda a colmea: as Abelhas entraõ, e sahem como bus-cando-a: e em fim a dezesperaçaõ chega a tanto, que em breves dias, ou se deixaõ morrer de fo-m e , ouse repartefo-m pelas outras colfo-meias , des-fazendo-se assim a Republica. Muitas colmeas acabaõ assim de inverno, sem que seja, nem de frio , nem de doenças, como o vulgo cuida. Pelo veraô naõ he taõ freqüente esta disgraça, pela ra-zão , que direi adiante N. 5 i . Ella vive constante-mente dentro no cortiço: e rara vez a tenho vis-to fora delle ao Sol, e sempre a vi no meio de outras muitas. Naõ serve á trabalho algum ,

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do toda a sua occupaçaõ o augmento da sua fa-mília; pôr os ovos he^o seu emprego, e he o of-ficio de cada dia: vai sempre acompanhada de algumas; as quaes lhe assistem, trazem m e l , e água: e beijaõ, e a seguem para qualquer par-t e , onde ella fór : chega á par-tanpar-to espar-ta veneração, que até beijaó o lugar, em que ella esteve: á este amor corresponde ella com carinhos, bei-jando-as da mesma sorte, e lambendo-as. Este amor vem certamente da natureza; mas pôde ser que da parte dellas se funde também no cheiro da Melissa, que a mestra tem , o que a ellas agrada muito; e da parte dellas, além do interes-se , que dellas lhe resulta, pôde vir este amor de ser ella a mài de todas.

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AR-D*A S' A B E L H A s. 27

A R T I G O I I I .

Geração das Abelhas.

38. \J S Antigos fingirão das Abelhas o m e s m c y q u e d o s outros i n s e c t o s ^ e a n i m a e s : a putrefac-çào e r a , ainda no século passado, o alfobre don-de faziaõ nascer toda a casta don-de a n i m a e s , e por pouco que naô faziaõ sahir h u m h o m e m de h u m m o n t e de e s t é r e o , assim c o m o faziaõ nasCer os r a t o s , e as Abelhas. Ainda hoje conheço hum belr lo e s p i r i t o , o qual achando muitas difficuldades a crer na Escritura S a n t a , n e n h u m a acha a c r e r nascido da podridão h u m bicho, e ainda hum rat o b r a n c o , e bello , daquelles que algumas D a -m a s esti-maõ t a n t o . Mas h e necessário ser l o u c o , o u Filosofo da moda, para conceber o como a mar teria p o d r e , e i n e r t e , a qual de si naõ pôde mor v e r - s e , sem que a m o v a õ , pessa formar p e l l o s , a r t é r i a s , m ú s c u l o s , carnes, e ossos, em fim hum* c o r p o o r g â n i c o , e sobre tudo dar vida á esta m a -quina taõ perfeita, a qual se acha no insecto o mais v i l , que a natureza t e m erçado. Os antigos E c o n o m i s t a s , que se cansavaõ mais em copiar os outros, do q u e e m examinar as cousas por si m e s -m o , andaõ cheios de si-milhantes fábulas. Virgi-lio diz, q u e as Abelhas naõ parem outras Abelhas, m a s , que as va õ t-uscar pellas folhas das ai vores, e das ervas. Aristóteles n o m è a algumas destas plantas v.vgr. a oliveira ,. as folhas das c a n n a s , e.

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as da planta, chamada cerintho, e Plínio faz men-ção desta opinião, e naô faltaõ ainda hoje ho-mens, que as creiaô nascidas nos muladares : por verem na primavera estes lugares mui visitados das Abelhas velhas, mas o mais ridículo, a que po-dia chegar o entendimento humano , he certa-mente, o que muitos tem affirmado, isto he, nas-cerem enxames na cabeça de hum burro morto, outros nos promettem fazellas sahir do sangue, e das entranhas de huma vitella , e o peior he quererem dar isto por hum segredo mui impor-tante, e muito útil.

36. Porei aqui por todos, o que se acha escri-pto no livro c de los secretos de V Agricuh. Jo

Ca-sa de Campo ts etc.Este, tratando das Abelhas,

re-quer hum quarto da casa bem limpo, com huma porta, e jannella , neste se deve pôr hum bezer-ro de seis mezes vivo, logo em o principio de Mar-ç o : mas o pobre animal deve ser vivo s i m , po-rém tapados com pez todos os buracos, boca, mrizes etc. pernas atadas, e dar-lhe com hum páo por todo o corpo, até que a cabeça, e mais ossos estejaò bem moidos, e entaô se deixa por três semanas, fechada porta, e janella com gesso, e, passado este tempo, se abre só por três horas, para o voltar do outro lado, mas, tornando-a fe-char por outras três semanas, o Author nos figu-ra, que ouviremos tal zunidouro , qual o podem fazer trezentos enxames, que dentro estarão ge-rados. Os Reis, diz e l i e , se geraô dos totanos dos ossos, as mais Abelhas das carnes, pois que na-da mais se acha dentro , senaõ os pellos, ossos, e o pez, com que se lhe taparão os buracos: o

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ue elle neste caso nos aconselha, he o ter semea-o muito trigo negro, ou sarraceno , para que os enxames possaõ pastar, e comer.

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Dei-» A S A B E L H A S . 29

40. Deixando porém as fábulas, e taes Escri-p t o r e s , e guiado Escri-pela boa Fysica, e exEscri-periência digo , que as Abelhas , similhantes nisto aos mais insectos , todas nascem d e ovos. Estes se achaô-nas cellas desde Fevereiro até o fim do veraõ. A sua figura se pôde comparar a h u m daquelles folliculos de a r , que se achaô nos p e i x e s , e s e c h a maõ vesioulas aéreas, e o vulgo nadadouros. P o -dem-se ver sem microscópio , pois que saõ maio-res do que as varejas : por h u m a ponta saõ mais r o m b u d o s , do que pela outra. A figura 9. da e s -tampa representa hum ovo posto d e fresco , o qual a Mestra põem ordinariamente h u m em cada cella , e algumas vezes se achaô dous , ou três e m a mesma. E u já achei em h u m cortiço morto de fome 1 0 , e também i 5 ovos em h u m buraco do favo, de sorte que parecia t e r e m n o s a c a r r e tado todos para o meio do favo. As Abelhas c o s -tumaõ deixar só hum por cella , mas naô h e cer-t o se os levaô a oucer-tra cella, ou se os lançaõ fora do cortiço. A ponta mais aguda h e , a que está pegada no meio da cella ( n u m . 5. ) , e a outra naô fica perpendicular para c i m a , mas hum pou-co inclinada para a porta da cella.

41. Passadas 24 h o r a s , se nota a vida no ovo, mas fica nesta p o s t u r a , ou situação por 4 dias , depois dos quaes se mostra bicho p e q u e n o , e b r a n c o , e , curvando-se com a ponta rombuda pa-ra baixo , vem buscar a c o m i d a , que as Abelhas lhe tem posto no pavimento ; o calor m a i o r , ou m e n o r fazem variar estes t e r m o s , mas no q u i n t o dia se c o n h e c e claramente hum b i c h o , c o m o os que n a s c e m nos Queijos , isto h e , perfeito , divi-dido em 14 a n n e i s , ou r u g a s , como se vé na figu-ra 10 •daestamoa. As Abelhas o visitaô frequente-men?.

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m e n t e no d i a , trazendo-lhe o n u t r i m è n t o , e de-morando-se por algum t e m p o com a c í b e ç a den-tro da c e l l a , sem duvida para vomitarem alli o tal nutrimènto. Este n u t r i m è n t o de huma papa liquida, e l u z e n t e , q u e parece sei do m e l , e pó das flores, e á g u a , ajuntando-lhe tombem algu-m a parte salina : ealgu-m fialgu-m h u algu-m ç u algu-m o s e algu-m e l h a n t e , a o que corre ás vezes das cascas dos carvalhos, mas elle naõ he sempre o m e s m o , e vai varian-do segunvarian-do a idade varian-do bicho : no principio he b r a n c o , e sem s a b o r : ao depois a m a r e l l a d o , e c o m algum gosto de m e l : no fim tem gosto de assucar com algum ácido misturado.

42. A abundância destes n u t r i m e n t o s fazem,

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ue cresça de pressa, tanto mais que , naôfazen-o e x c r e m e n t naôfazen-o s , tudnaôfazen-o se c naôfazen-o n v e r t e , em augmen-t o do seu corpo. Quanaugmen-to mais cresce , augmen-tanaugmen-to mais se e n d i r e i t a , naõ lhe permittindo a c e l l a , que"; fique curvo. A os s e t e , ou oito d i a s , t e n d o enchi-' do a m e t a d e da cella , se volta com força d e mo-do , que fica com a cabeça para a p o r t a : é n t a ô a s A b e l h a s , e n c h e n d o - l h e a cella de n u t r i m è n t o , ou pnpa necessária ao seu s u s t e n t o , os entregaó a si m e s m o s , e lhe fechaô , e tapaô a porta com h u m a matéria cerosa , mas que naõ h e cera ver-dadeira , para que o calor melhor se conserve d e n t r o , e o ar os naõ inquiete no seu somno. Alguns cuidaó , que a papa destes bichos naô seja m a i s , do que hum leite grosso , e h u m o r alli lan-çado pelos Zangàos : mas h e evidente , q u e ellas a naô podem d>r na primeira creaçaó e m Mar-ç o , quando ainda naõ e x i s t e m , e mesmo ao pois na s u i , em que elles n a s t e m : do que de-ve.nos concluir, q u e lho trazem as A b e l h a s , as quaes neste tempo da c r e a ç a õ frequentaõ os

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la-D A s A B E L H A S . 3 I

ladares, onde podem achar o salitre, e outros saes para misturar com a dita papa. Bem se vé por este procedimento , que o nutrimènto próprio a p e n e t r a r n o embrião, e o calor das Abelhas, que o c h o c a õ , amontoadas sobre o favo saõ as duas potentes causas , que fazem explicar aquelles mi-nutissimos órgãos , e crescer aquelles delicadís-simos membros.

43. O bicho fechado veste a cella com h u m a seda finíssima, que lhe sahe da boca , e, m u d a n -do a própria pelle em o u t r a , se converte e m n y m p h a , n o m e usado entre os Naturalistas. Esta n y m p h a branca he cheia d'hum liquor também branco, como leite, e começa a adquirir os olhos r o x o s , e pellos brancos no corpo. Nella o pesco-ç o se fôrma p r i m e i r o , e a cabepesco-ça : depois o pei-to , e o l h o s , ultimamente as azas", e os pes, em-fim aos 2 4 , ou i 5 dias, conforme o calor, que faz, acha-se perfeita a Abelha; ainda que nellas o bai-xo ventre seja o primeiro , q u e toma a sua figu-ra , fica com tudo b r a n c o , e molle, quando já a c a b e ç a , e peito tem alcançado a sua natural du-reza , e côr. As azas , e os pés saõ os últimos, q u e .chegaõ á sua perfeição, sendo justo, que a

ma-3

uina se naõ m o v a , em quanto naõ está acaba-a. Q u a t o r z e , oü quinze dias saõ necessários pa-ra a perfeita formação das Abelhas ordinárias, mas para os Zangàos, e para a Rainha se r e q u e -rem 21. A Abelha, achando-se completa, começa a provar as suas forças, furando com a cabeça a p a r e d e , que fecha a porta. Algumas , ou seja por pouca força, ou porque falte o calor no corti-ç o , para m a n t e r a ^ e r a moile , morrem neste tra-balho. Os Z a n g à o s , em tudo i n e p t o s , naô podem c o m os seus dentes p e q u e n o s , e rombos furar a

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-cera da p o r t a s , mas com a força da nutrimento-se fazem mais compridos , e maiores do que a cella, obrigaô a porta a c a h i r , e assim sahem da prizaõ. Em quanto as Abelhas, ou seja suor do tra* balho , ou que d e n t r o estivessem rodeadas de hu. mor, ellas sahem todas molhadas, deixando den-tro a pelle, ou c a m i z a , com a qual tinhaò fôr-ma de bichos , apparecem fora com a figura de Abelhas. As velhas concorrem logo a trazer-lhe d e comer, como os pássaros á seus filhos. Trazem-lhe m e l , do qual se achaô cheias algumas cel-Ias visinhas, e deixadas de propósito entre as d* creaçaõ. Confortadas com este novo alimento co-m e ç a õ coco-m os pés á lico-mpar as azas, e o corpo; as velhas as ajudaõ a enxugar-se. As forças cresceu^ e a nova Abelha em três dias segue o caminhe das outras no t r a b a l h o , sem que n e n h u m a a en-sine. A única differença , e que mostra a sua mo-c i d a d e , he h u m a mo-cor mais mo-clara, e loira , e o ser menos cabelluda, ou pelluda.

44- A penas a nova Abelha rompe fora do sen c á r c e r e , logo vem duas das velhas a pôr em

or-dem a mesma cella. Huma toma á seu cuidada a m a t é r i a , que fechou a c e l l a , ou servio depor-ta : torna com os dentes a amassalla, e a leva para servir em outra parte. A outra cuida no interior •da cella : renova-Jhe a figura hexangular ,

procu-ra polilla , e alimpalia. T r a z e m mel paprocu-ra dentro, mas dentro era pouco tempo a procuraõ alimpar, tornando a tirallo. Emfim a cella torna c e d o , a servir para outro o v o , de sorte q u e , dentro em seis mezes, a mesma cella serve cinco vezes para novas creações. Se a Abelha^ tem algum deleito no corpo, por mínimo q u e este seja, vem lançada fora da colmea sem c o m p a i x ã o , como membro

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in-D.AS A B E L H A S . 33

inútil da república : pois que he inepta para o tra-balho ( policia digna de huma Relpublica, onde se naõ c o n h e c e outra felicidade sermão o c o m e r ) . H e taõ grande este rigor, que nem se perdoa á Rai-nha y ou Mestra. He verdade que naõ as m a t a õ j mas, lançadas fora, devem por força morrer.'Co-m o os Zangaõs devemorrer.'Co-m ser morrer.'Co-maiores dó que as

A b e l h a s , por isso as cellas , em que vem crea-d o s , já saõ m a i o r e s , e também os mesmos ovos, d e q u e nascem, o saõ, e alguma cousa amarellos, d e sorte que tanto nos Z a n g a õ s , como nas A b e -lhas se pôde dizer, que a grandeza da cella fazia, medida do seu crescer.

45. N a Rainha vai de outro modo a cousa. T o -daá as subditas mostraõ o seu cuidado nesta im-portante creaçaô. A fabrica da c e l l a , que ha d e servir á esta Princeza , he muito differente das o u t r a s , e se pôde c h a m a r palácio, como se po-d e ver na primeira figura letra c , as cellas orpo-di- ordi-nárias todas tem o mesmo feitio, e grandeza, e p a r e c e m hum canudo com seis ângulos, ou es-quinas : todas saõ feitas de m o d o , que ficaõ quasi h o r i s o n t a e s , e somente h u m pouco levantada a b o c a , ou porta, para que naô escorregue o m e l , tjue estiver dentro. A cella da Rainha n e perpen-dicular para b a i x o , naõ devendo nunca servir Sara encerrar m e l , ou outra provisão. A sua

gran-eza sobrepassa ainda a proporção , do q u e deve crescer o seu c o r p o ; de modo que sempre fica sendo maior , do que o corpo desta Soberana. Nas mais cellas a sua figura he hexangular por h u m effeito da economia, e parcimônia, nem se podia fazer outra da me«ma grandeza , a qual levasse taõ. p o u c a cera. A figura da cella regia he redon-d a , e liza, as pareredon-des saõ taõ fortes, e abunredon-dan-

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tes de cera, que h u m a só cella regia peza tanto; quanto pezaõ i5o cellas ordinárias, o n d e , se para com sigo mesmas saõ taõ poupadas, j v r a com a Rainha saô demasiadamente generosas. Este gran-de edifício tem por fora a apparencia gran-de huma b o l o t a , e nunca se confunde com as outras cel-las no meio dos favos, ella se acha sempre na borda, e c o m m u m e n t e rodeada das cellas des-tinadas para os Zangàos. Se p o r é m a colmea he fraca, entaõ para ter mais calor, a fazem no cen-tro da colmea , sobre as outras cellas. Reaumur cuidava , o que ainda hoje cuidaõ muitos, ser ne-cessário h u m ovo diverso, para nascer delle h u m a Rainha : mas he finalmente demonstrado,

a

ue o ovo, donde nasce a Rainha, ou Mestra, na-a tem de pna-articulna-ar : e se na-até na-agorna-a hna-avina-a nisto pareceres diversos, hoje se acha dicidido este pon-to , e sem duvida ( n. 5o. ). Este ovo he da mesma espécie de que saõ os das mais Abelhas, mas elle posto na cella r e g i a , e destinado a ser Rai-n h a , o tratameRai-nto he siRai-ngular, e magRai-nífico: a papa , ou leite he c o m o nata , mais abundante, e mais gostoso: as Abelhas mostraõ o seu maior c u i d a d o , e muitas nunca daili se a u s e n t a õ ; al-gumas continuamente o \ i s i t a õ , e lhe levaõ o ne-cessário: outras continuaõ por fora a aperfeiçoar a cella, fazendo-lhe a boca sempre mais estrei-ta , e p e q u e m , á maneira de huma boloestrei-ta: ella vivente si» acha nadando no liquor destinado ao seu crescer, as partes mais finas deste nutrimèn-to se lhe communicaó por hum subtil c a n a l , que lhe vai ter ao e m b i g o , da mesma sorte que nas a v e s , em quanto estaõ no ovo choco : quanto ao mais, tudo s u c c e d e , como nas outras Abe-lhas, com a differeuça somente de gastar no chor

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