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A pessoa com deficiência e o mercado de trabalho: a inclusão como forma de assegurar a dignidade da pessoa humana

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Academic year: 2021

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UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

JENIFER RODRIGUES

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O MERCADO DE TRABALHO: A INCLUSÃO COMO FORMA DE ASSEGURAR A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Ijuí (RS) 2018

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JENIFER RODRIGUES

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA E O MERCADO DE TRABALHO: A INCLUSÃO COMO FORMA DE ASSEGURAR A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia. UNIJUÌ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DCJS - Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: MSc. Nelci Lurdes Gayeski Meneguzzi

Ijuí (RS) 2018

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Dedico à minha família, por todo o apoio e confiança em mim depositados, durante essa etapa da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

À Deus acima de tudo, por me iluminar nesta caminhada.

À toda minha família, que sempre me apoiou ao longo dessa etapa da minha vida, principalmente nos momentos difíceis pelos quais passamos, em especial ao meu pai, exemplo de força e coragem, pelo incentivo e confiança em mim depositada, à minha mãe, mulher guerreira que esteve ao meu lado durante toda essa jornada, incentivando e me dando força para seguir em frente, contribuindo diretamente na minha realização profissional.

Aos meus irmãos pelos companheirismo e compreensão durante toda minha jornada.

Ao meu noivo, pela compreensão e amor, por caminhar do meu lado em busca de minha realização profissional, incentivando para que não fraquejasse durante esta caminhada.

À minha orientadora Nelci Lurdes Gayeski Meneguzzi, com quem eu pude contar com a dedicação, disponibilidade e paciência, me guiando pelos caminhos do conhecimento.

Aos meus amigos e colegas, que compartilharam dessa etapa comigo, acrescentando alegria e agregando conhecimento.

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O universalismo que queremos hoje é aquele que tenha como ponto em comum a dignidade humana. A partir daí, surgem muitas diferenças que devem ser respeitadas. Temos direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.

(Boaventura de Souza Santos)

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise acerca da inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, como forma de assegurar a dignidade humana. Para tanto, inicialmente objetivou-se conceituar a pessoa com deficiência, demonstrando que a nova conceptualização existente promove de forma significativa uma proteção às pessoas com deficiência, assegurando direitos. A partir daí, discorre sobre os tipos de deficiência existentes com o fim de esclarecer a possibilidade do desemprenho de práticas laborais, e como estas poderão assegurar a dignidade. Aborda a inclusão do deficiente no mercado de trabalho e sua importância, voltando-se para uma análise acerca das limitações enfrentadas por este público nos ambientes de trabalho e como o estatuto da pessoa com deficiência potencializou de forma significativa a inclusão do deficiente no meio laboral. Por fim, a análise se volta para os benefícios previdenciários e assistenciais destinados à pessoa com deficiência.

Palavras-Chave: Deficiência. Inclusão. Dignidade. Mercado de trabalho.

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ABSTRACT

The present work of conclusion of course makes an analysis about the inclusion of the person with disability in the labor market, as a way to assure the human dignity. In order to do so, the objective was initially to conceptualize the person with a disability, demonstrating that the new conceptualization in existence significantly promotes the protection of people with disabilities, ensuring rights. From there, it discusses the types of disability that exist in order to clarify the possibility of the performance of work practices, and how they can ensure dignity. It addresses the inclusion of the disabled in the labor market and its importance, turning to an analysis of the limitations faced by this public in the workplace and how the status of the disabled person significantly enhanced the inclusion of the disabled in the work environment. Finally, the analysis turns to the social security benefits and assistance for the disabled person.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...10

1 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA: CONTORNOS INTRODUTÓRIOS ...12

1.1Conceito da pessoa com deficiência...12

1.2Tipos de deficiência...15

1.3Da dignidade da pessoa humana...20

2 A INCLUSÃO DO DEFICIENTE NO MERCADO DE TRABALHO...24

2.1A inclusão no mercado de trabalho...24

2.2Limitação no mercado de trabalho das pessoas com deficiência...27

2.3 O estatuto como forma de inclusão do deficiente no mercado de trabalho...30

3 CONTORNOS PREVIDENCIÁRIOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA...34

3.1 Aposentadoria por idade da pessoa com deficiência...34

3.2 Aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência...36

3.3 Beneficío de Prestação Continuada e processo de habilitação...37

CONCLUSÃO...40

REFERÊNCIAS...42

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INTRODUÇÃO

A todos os indivíduos, o que engloba as pessoas com deficiência, é assegurado a dignidade humana, conforme a Constituição Federal, bem como pelas leis infraconstitucionais que regulam a matéria. Contudo, sabe-se que ao longo dos anos foi uma tarefa árdua se referir a pessoa com deficiência como qualquer outro ser humano dotado de diretos e obrigações, visto que antigamente até mesmo se entendia que se tratava de uma punição divina.

Na contemporaneidade, essa não é a concepção que impera, existindo diversas legislações que demonstram a preocupação de assegurar tratamento igualitário a esses indivíduos, de modo que sejam inseridos não somente no seio social, mas no mercado de trabalho. Dito isso, esse trabalho tem como escopo trazer para a discussão esse assunto que ainda não é tão debatido na academia.

Para tanto, essa pesquisa está disciplinada em três capítulo. O primeiro visa dar um viés mais introdutório, trazendo o conceito de pessoa com deficiência, por oportuno se traz tal conceituação com base em lei e entendimentos doutrinários. Após esse primeiro momento, faz-se uma análise dos tipos de deficiência, assim como, se faz uma relação com a questão da dignidade humana, da necessidade de assegurar que esses indivíduos materialmente tenham seus direitos de igualdade cumpridos.

No segundo capítulo, trata-se da inclusão do deficiente no mercado de trabalho, isto é, passa-se de uma visão mais ampla e genérica, para tratar do assunto nos postos de trabalho. Dessa forma, se demonstrará as limitações no

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mercado de trabalho para as pessoas com deficiência e de que forma o estatuto sendo atuado como inclusão dessas pessoas no local de trabalho.

Já em um terceiro momento, se fará uma análise da questão previdenciária, discorrendo-se acerca a aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência, trazendo os caracteres e pressupostos necessários para sua configuração. Por fim, se trará na pesquisa algumas considerações para que seja deferido o benefício de prestação continuada, qual a idade necessária, renda familiar, dentro outras questões pertinentes.

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1 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA: CONTORNOS INTRODUTÓRIOS

A pessoa com deficiência, hodiernamente, já não é mais vista como uma “punição divina” como lhe julgavam os hebreus antigamente. Agora, o esforço é no sentido de assegurar à pessoa com deficiência, por intermédio de políticas públicas e ações afirmativas, a igualdade e a dignidade.

A inclusão desses indivíduos em sociedade contribui para o desenvolvimento social da pessoa com deficiência. Assim, é, pois, com o intuito de contribuir, para que a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho se torne efetiva assegurando a dignidade da pessoa humana, é que se entende fundamental fomentar o debate e enriquecer a reflexão sobre a matéria.

Tecidas essas primeiras colocações, esclarece-se que o presente capítulo tem por objetivo analisar de forma introdutória o conceito da pessoa com deficiência, os tipos de deficiência e a dignidade da pessoa humana. A abordagem dessa pesquisa estará centrada na análise da importância da efetivação do direito das pessoas com deficiência, a fim de possibilitar a posterior averiguação de que a inclusão deste público no mercado de trabalho não é uma questão econômica, mas sim um meio eficaz de assegurar a pessoa com deficiência a dignidade humana.

1.1 Conceito da pessoa com deficiência

Ao longo dos anos vêm se discutindo qual seria a definição mais correta para a pessoa com deficiência, conceituou-se até mesmo como portador de uma enfermidade ou portador de deficiência, e que assim deveria receber a ajuda assistencial por parte da sociedade, enquanto não sobreviesse a cura para a sua doença, mas, esta definição com base no assistencialismo não tinha seu foco nos direitos humanos.

Dito isso, posteriormente, com o intuito de trazer um entendimento com impacto nas ações afirmativas e políticas públicas de forma a assegurar a esse

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público sua efetiva inclusão no mundo do trabalho e, por consequência, assegurar a sua dignidade, que somente em 2006, na Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, passou-se a utilizar a terminologia “pessoa com deficiência”, pautada nos direitos humanos, reconhecendo já em seu preâmbulo que:

[...] deficiência é um conceito em evolução e […] resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. (ONU, 2006)

A referida Convenção adotada pela Organização das Nações Unidas, foi realizada em 13 de dezembro de 2006, de acordo com a Resolução 61/106 da Assembleia Geral, mas somente entrou em vigor em 03 de maio de 2008. No Brasil, foi ratificada por meio do Decreto 186/2008 em Diário Oficial da União em 10/07/2008.

Para a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, pessoas com deficiência são aquelas que:

[...] têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, com interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.(ONU, 2006)

Desta forma, a definição “pessoa com deficiência” é a mais adequada para que se possibilite a efetiva inclusão deste público, garantindo sua participação na sociedade, pois, para se definir ou “conceitualizar” a pessoa com deficiência, além de fatores meramente biológicos, também deverá ser considerada a sociedade e a cultura em que a pessoa está inserida.

Nesse sentido, é notável que a Convenção trouxe avanço no que concerne a correta definição para este público, destarte, é o entendimento de Luiz Alberto David Araujo (2012, p. 56):

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A Convenção, portanto, trata a questão da deficiência de maneira diferente. Inova, avança e torna revogada a legislação brasileira anterior. Inegável que o decreto regulamentar era mais fácil de ser aplicado. Trazia índices, referências mais precisas. No entanto, não se pode deixar de louvar a Convenção e seu novo conceito, porque exigirá melhor critério e mais discussão do que o anterior.

Agora, as definições trazidas para a pessoa com deficiência, estão mais na sociedade no que na pessoa, pois, segundo a já referida Convenção, entende-se que é aquela pessoa que encontra diversas barreiras sociais, em razão de seus impedimentos, o que acaba dificultando a sua participação plena e efetiva na sociedade, em condição de igualdade com as demais pessoas.

Nesse viés, com o intuito de garantir a estes indivíduos mais oportunidades, eliminando do seu cotidiano quaisquer formas de discriminação, o legislador criou o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), que emergiu em 2015, trazendo garantias e direitos em geral para a Pessoa com Deficiência.

Assim sendo, o artigo 2º da Lei 13.146/2015 traz o seguinte conceito:

[…] a Pessoa com deficiência é aquela que possui impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015)

Corroborando para este entendimento, ainda se tem o posicionamento de Ricardo Tadeu Marques da Fonseca (2012, p. 24):

Os impedimentos de caráter físico, mental, intelectual e sensorial são, a meu sentir, atributos, peculiaridades ou predicados pessoais, os quais, em interação com as diversas barreiras sociais, podem excluir as pessoas que os apresentam da participação da vida política, aqui considerada no sentido mais amplo […].

Ao se analisar o conceito da pessoa com deficiência mais detalhadamente, verifica-se alguns elementos constitutivos para a definição deste público. Assim, primeiramente, traz o texto legal da Convenção que a pessoa com deficiência é aquela que possui impedimento de “longo prazo”, desta forma, entendendo-se que a

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deficiência não é permanente, isso porque, diante das novas tecnologias, é quase impossível prever se a deficiência irá durar por toda a vida de uma pessoa.

Destarte, o longo prazo, poderá ser mensurado na medida em que a existência do impedimento no indivíduo acarretar prejuízos permanentes na sua interação com a sociedade. Portanto, primeiramente para que se possa definir a pessoa com deficiência, deverá ser realizada uma análise acerca dos transtornos que a impediram de interagir com a sociedade de modo pleno durante período crucial, tendo em vista o fato de haver diversos tipos de impedimentos que surgem de formas diferentes. Logo, em alguns casos poderá haver recuperação das características que estão afetadas pelos impedimentos, dessa forma, para mensurar o longo prazo, deve-se entender que a deficiência não é permanente, mas os prejuízos sim.

Corroborando para o entendimento de o que seria “impedimento de longo prazo” a Lei nº 12.435 (BRASIL, 2011), integrante do conceito de pessoa com deficiência trazido pela Convenção da ONU, em seu art. 20, §2º, II, traz que: “II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. ”

Dado o exposto, o novo conceito de pessoa com deficiência, promove de forma significativa uma proteção efetiva às pessoas com deficiência, assegurando a igualdade e a dignidade, com a sua inclusão na sociedade, eliminado todas as barreiras que impeçam o seu desenvolvimento, logo, este novo conceito não foi um retrocesso na proteção constitucional, e sim, uma potencialização dos direitos já existentes. Diante disso, compreende-se que toda e qualquer definição da pessoa com deficiência deve estar pautada nos direitos humanos e com observância a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

1.2 Tipos de deficiência

Ao analisar a real situação de empregabilidade das pessoas com deficiência, verifica-se que muitas empresas têm dificuldade em inserir e manter essas pessoas em seus ambientes de trabalho por encontrar diversas dificuldades. Isso pode ser

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evidenciado na atualidade, visto que em alguns setores sempre há vagas a serem preenchidas, sem que se encontre indivíduos aptos a desempenhar as atividades laborais dos empregadores, assim como algumas deficiências não possibilitam a inclusão no trabalho, dessa forma, faz-se necessário explanar nesse tópico os tipos de deficiência.

A Convenção sobre o direito das pessoas com deficiência, menciona em seu texto, juntamente no que se define como conceito da pessoa com deficiência, que são tipos de deficiência os impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. Neste sentido, o artigo 5º, inciso I, do Decreto 5.296/2004 (BRASIL, 2004) traz de maneira mais precisa algumas características para que se possa identificar a pessoa com deficiência, tais como:

I- [...]:

a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;

c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições

anteriores;

d) deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:

1. comunicação; 2. cuidado pessoal; 3. habilidades sociais;

4. utilização dos recursos da comunidade; 5. saúde e segurança;

6. habilidades acadêmicas; 7. lazer; e

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e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências; (BRASIL, 2004)

As deficiências podem nascer com a pessoa, ser adquiridas e podem ser agrupadas em diferentes tipos, consoante o tipo de função afetada. Existem pessoas com deficiências únicas ou deficiências múltiplas (associação de uma ou mais deficiência). Como já referido anteriormente, os tipos de deficiência seriam: deficiência física, mental, intelectual, visual e auditiva, as quais serão analisadas mais detalhadamente oportunamente.

Desta forma, conforme artigo 5º, inciso I, alínea a’ do Decreto 5.296/2004, pode-se caracterizar a deficiência física ou motora pela alteração completa ou parcial de uma ou mais partes do corpo humano que levam à redução ou perda de funções motoras e/ou fala. Estas deficiências, podem se congênitas ou adquiridas em razão de um acidente que desencadeou lesões neurológicas ou neuromusculares. (BRASIL, 2004).

No que tange às deficiências físicas mais comuns que afetam as pessoas, com base no Decreto 5.296/2004, tem-se: Paralisia cerebral, Hemiplegia, Tetraplegias, Paraplegias, Paraparesia, Monoplegia, Monoparesia, Tetraparesia, Triplegia, Triparesia, Hemiplegia, Hemiparesia, Patologias degenerativas do sistema nervoso central e Amputações, entre outras. (BRASIL, 2004).

Segundo estudos divulgados no ano 2015, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, 1,3% da população tem algum tipo de deficiência física e quase a metade desse total (46,8%) têm grau intenso ou muito intenso de limitações. Ainda, somente 18,4% desse grupo frequentam serviço de reabilitação, números esses que dificultam a inclusão no mercado de trabalho, pois, o processo de reabilitação é de fundamental importância para a possibilidade de se desenvolver certas atividade. (IBGE, 2015).

Já com relação ao tipo de deficiência mental ou intelectual, esta é caracterizada por uma alteração no funcionamento psiconeuromotor e intelectual, em que o indivíduo pode apresentar limitações na comunicação, concentração,

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ensino, no cuidado pessoal, nas habilidades sociais, de trabalho, entre outras. Segundo o Decreto 5.296/2004, as manifestações deste tipo de deficiência ocorrem no indivíduo antes dos 18 anos de idade. (BRASIL, 2004).

Assim, há o entendimento de que: “deficiência intelectual não é considerada uma doença ou um transtorno psiquiátrico, e sim um ou mais fatores que causam prejuízo das funções cognitivas que acompanham o desenvolvimento diferente do cérebro” (HONORA, FRIZANCO, 2008, p. 103).

Ainda, considerando as limitações que comprometem os comportamentos do indivíduo em razão da deficiência mental ou intelectual, este tipo de deficiência pode ser classificado em nível leve, moderado, grave ou profundo. No nível leve, o indivíduo pode desenvolver habilidades escolares e profissionais, e muito embora necessitem, algumas vezes, de ajuda e orientação em situações sociais diferentes daquelas a que estão acostumados, conseguem manter o seu cuidado pessoal.

No nível moderado deste tipo de deficiência, o indivíduo tem capacidade insuficiente de desenvolvimento social, mas, por meio de programas supervisionados de trabalho e apoios sociais, poderá manter-se economicamente e buscar sua inclusão.

Já no nível grave, o indivíduo apresenta pouco desenvolvimento motor e mínimo desenvolvimento de linguagem, poderá contribuir apenas parcialmente para sua subsistência, em ambientes controlados. No nível profundo, o indivíduo tem limitações intensas com capacidade sensorial motora mínima. Os indivíduos que estão inseridos na classificação grave e profunda são os que mais encontram dificuldades quando se fala em inclusão no mercado de trabalho.

O diagnóstico de deficiência mental e intelectual deve ser realizado por médicos ou psicólogos clínicos. As deficiências mentais e intelectuais mais conhecidas neste tipo são: Autismo, Síndrome de Down, Síndrome de Angelman, Síndrome de Tourette, Síndrome de Asperger.

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No que se refere a deficiência visual, tem-se que é a redução ou perda em que não pode ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico. A perda poderá ser parcial ou total em um ou ambos os olhos, sendo este último considerado cegueira.

Segundo o já referido Decreto 5.296/2004 deficiência visual é:

[...] na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a

ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. (BRASIL, 2004)

De acordo com dados divulgados no ano 2015, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, o sul do Brasil possui maior proporção de pessoas com deficiência visual (5,4%). (IBGE, 2015)

Ainda, estes dados mostram que 0,4% são deficientes visuais desde o nascimento e 6,6% usam algum recurso para auxiliar a locomoção, como bengala articulada ou cão guia, ademais, menos de 5% das pessoas que possuem limitações visuais frequentou serviços de reabilitação. (IBGE, 2015)

Quanto à deficiência auditiva, esta é caracterizada pela perda parcial ou total da audição em um ou ambos os ouvidos, na qual segundo o Decreto 5.296/2004, será a perda de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. (BRASIL, 2004).

A deficiência auditiva também poderá ser classificada em níveis, de acordo com a limitação que o indivíduo apresenta, dessa forma, a perda de audição poderá ser de nível leve, moderada, acentuada, severa, profunda ou perda total de audição.

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A deficiência auditiva pode nascer com a pessoa ou surgir ao longo da vida, assim, entende-se que, se o indivíduo adquiriu boa linguagem antes da doença de que resultou a perda da audição, provavelmente, não terá tantas dificuldades para a reabilitação. Se a perda é de origem congênita e grave, poderá também haver comunicação efetiva, mas por meio de medidas máximas para sua habilitação.

Neste tipo de deficiência, segundo estudos realizados pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, as pessoas com deficiência auditiva representam 1,1% da população brasileira. Cerca de 0,9% dos brasileiros ficou surdo em decorrência de alguma doença ou acidente e, 0,2% nasceu surdo. Do total de deficientes auditivos, 21% têm grau intenso ou muito intenso de limitações, que comprometem atividades habituais, mas podem ser habilitados ou reabilitados, dependendo da origem da sua limitação (IBGE, 2015). Assim, feitas essas breves considerações, passa-se para a análise de total relevância nessa temática, que é a dignidade da pessoa humana.

1.3 Da dignidade da pessoa humana

Precipuamente, cumpre destacar que a dignidade da pessoa humana é a base da vida em sociedade dos Direitos Humanos. Assim, no art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, se tem que: ”Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”

O conceito pautado nos direitos humanos foi de suma importância na busca de assegurar as pessoas com deficiência a dignidade humana. A dignidade da pessoa humana, segundo Ingo Wolfgang Sarlet (2001, p. 73) é:

[...] a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos,

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mediante o devido respeito aos demais seres que integram a rede da vida.

Em âmbito nacional, a dignidade da pessoa humana é considerada fundamento da República, conforme o art. 1º, inciso III da Constituição Federal de 1988. Segundo Sarmento (2016, p. 14) “o reconhecimento da centralidade do princípio da dignidade da pessoa humana é recorrente na jurisprudência brasileira, tendo o STF afirmado que se trata de um verdadeiro valor-fonte que conforma e aspira todo o ordenamento constitucional vigente no país.” Dessa maneira, se verifica que a evolução da cidadania denota um sinal do avanço civilizatório, porque também fez mudar a concepção do que outrora e hoje significa ser pessoa com deficiência.

Sob esse prisma, ainda é possível destacar o preâmbulo da Constituição, que traz como centralidade a pessoa humana:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil. (BRASIL/1988).

Dessa maneira, cumpre destacar, segundo Ledur (1998, p. 79) que:

A dignidade da pessoa humana foi reconhecida como valor fundamental pelas constituições, no passado recente. Isso ocorreu no contexto da revolução industrial e das duas grandes guerras do século [...] A ideia de proteger a dignidade humana nasceu, pois, da violação de direitos de primeira geração, espacialmente a igualdade.

Historicamente, encontra-se referência à dignidade da pessoa humana na Constituição de 1946. Há que se destacar que nesse tempo já se tinha uma breve convicção de que a dignidade também estava alicerçada a questão do trabalhador. Essa norma constitucional foi harmonizada com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

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Há que se frisar que a dignidade humana está presente, seja intrinsecamente ou de maneira expressa quando se trata do direito do trabalho e também está ligada ao princípio da proteção do trabalhador, que nesse caso se aplica a pessoa que possui deficiência, a qual deve ter todos os direitos que estão resguardados aos outros obreiros.

O conceito de dignidade pode ser esculpido da seguinte forma na história: A dignidade da pessoa humana, na sua acepção contemporânea, tem origem religiosa, bíblica: o homem feito à imagem e semelhança de Deus. Com o Iluminismo e a centralidade do homem, ela migra para a filosofia, tendo por fundamento a razão, a capacidade de valoração moral e autodeterminação do indivíduo. Ao longo do século XX, ela se torna um objetivo político, um fim a ser buscado pelo Estado e pela sociedade. Após a 2ª. Guerra Mundial, a idéia de dignidade da pessoa humana migra paulatinamente para o mundo jurídico, em razão de dois movimentos. O primeiro foi o surgimento de uma cultura póspositivista, que reaproximou o Direito da filosofia moral e da filosofia política, atenuando a separação radical imposta pelo positivismo normativista. O segundo consistiu na inclusão da dignidade da pessoa humana em diferentes documentos internacionais e Constituições de Estados democráticos. Convertida em um conceito jurídico, a dificuldade presente está em dar a ela um conteúdo mínimo, que a torne uma categoria operacional e útil, tanto na prática doméstica de cada país quanto no discurso transnacional (BARROSO, 2010, p. 4).

Quando se trata do aspecto internacional, verifica-se que foi somente no final da segunda década do século XX que a dignidade humana passou a ser contemplada em documentos jurídicos, a começar pelas Constituições do México (1917) e da Alemanha de Weimar (1919). Conforme Barroso (2010) quando se trata de direito constitucional, a partir do segundo pós-guerra, inúmeras Constituições incluíram a proteção da dignidade humana em seus dispositivos. Pode-se destacar que diversas outras Constituições preveem de maneira expressa à dignidade em seu texto, como por exemplo, Japão, Itália, Portugal, Espanha, África do Sul, Brasil, Israel, Hungria e Suécia.

Acrescenta o autor fator preponderante ao delinear que:

A dignidade da pessoa humana é um valor moral que, absorvido pela política, tornou-se um valor fundamental dos Estados democráticos em geral. Na sequência histórica, tal valor foi progressivamente

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absorvido pelo Direito, até passar a ser reconhecido como um princípio jurídico (BARROSO, 2010, p. 37).

Ademais, nas palavras de Gabriela Delgado:

no desempenho das relações sociais, em que se destacam as trabalhistas, deve ser vedada a violação da dignidade, o que significa que o ser humano jamais poderá ser utilizado como objeto ou meio para a realização do querer alheio”. Completa a autora que o sistema de valores a ser utilizado como diretriz do Estado Democrático deve concentrar-se no ser humano enquanto pessoa. (DELGADO, 2006, p. 206).

Dessa maneira, deve-se ainda afirmar que dignidade da pessoa humana se trata de um conceito aberto, que está historicamente se modificando, modernizando-se. Todo e qualquer indivíduo deve ser detentor de dignidade, independe de possuir algum tipo de deficiência ou não. Assim como o mundo do trabalho é permeado por diversas etnias, culturas, convicções e também por pessoas que são muito diferentes umas das outras, independentemente de tudo, todos merecem ter respeitada sua dignidade

Ademais, cada ser humano detém sua própria dignidade, devendo ter essa resguardada por parte do Estado e da comunidade, devendo ser também reconhecida as especificidades de cada ser humano. Dito isso, verifica-se a importância de se entender, embora que superficialmente, o que significa a dignidade e que ela também essa alicerçada o direito do trabalho, no respeito ao outro, no respeito das diferenças existentes e nas limitações de cada um.

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2 A INCLUSÃO DO DEFICIENTE NO MERCADO DE TRABALHO

Posto a importância em fomentar e debater a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, como forma de assegurar a sua dignidade, por oportuno, o presente capítulo busca discorrer acerca dos fundamentos relevantes da inclusão, abordar as limitações encontradas neste caminho e expor como o Estatuto da Pessoa com Deficiência potencializou de forma significativa a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

2.1 A inclusão no mercado de trabalho

A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho viabiliza de forma digna a sua inserção na sociedade de forma geral, uma vez que lhe é oportunizado maior desenvolvimento social, mental e físico.

Nesse sentindo, cumpre destacar a origem e significado do termo inclusão, que segundo entendimento de Lorentz significa:

Etimologicamente o termo inclusão vem do latim inclusione, que significa “ato de prender”, “prisão” e também pertence à família da palavra chave, ou “chave”, significando “pôr a pessoa dentro da chave”, “encerrar”, “encaixar”, “fechar alguém ou qualquer coisa”. Pela visão da etimologia fica claro que inclusão tem o sentido de tirar alguém de um espaço para colocá-lo em outro, que estava trancado à chave, ou seja, tem o senso de alteração de uma determinação situação. (LORENTZ, 2006, p.196).

Destarte, a inclusão da pessoa com deficiência tem uma forte função social, conforme preceitua Bartalotti:

Falar em inclusão social implica falar em democratização dos espaços sociais, em crenças na diversidade como valor, na sociedade para todos. Incluir não é apenas colocar junto, e, principalmente, não é negar a diferença, mas respeitá-la como constitutiva do humano. O valor – positivo ou negativo – que se atribui à diferença é algo construído nas relações humanas. O vetor da exclusão/inclusão não está, portanto, na diferença em si, mas no valor a ela atribuído. (BARTALOTTI, 2012, p. 16).

Comentado [B3]: Coloca na biblio, procura no goole e a seguinte tb

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A inclusão social da pessoa com deficiência é direito fundamental, devendo o Estado por intermédio de políticas públicas promover a profissionalização e educação, buscando a inserção deste público na sociedade, visto que é dever do Estado construir uma sociedade livre, justa e solidária, bem como promover o bem-estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

O artigo 7º, inciso XXXI da Constituição Federal, traz em seu texto a proibição da discriminação em relação ao trabalhador com deficiência, conforme segue:

Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

[...]

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência.

Pode-se afirmar que para que haja efetivamente uma sociedade democrática, está deverá ser includente, o que pode ser construído através de oportunidades no mundo do trabalho. Isso porque, por meio da pratica laboral é que as pessoas com deficiência vão desenvolver atividades que lhe possibilitarão ser donos de sua própria subsistência, que advém do seu próprio esforço.

Neste sentido, segundo Luiz Alberto David Araujo:

A pessoa com de deficiência quer mental (quando possível) quer física, tem direito ao trabalho, como qualquer indivíduo. Nesse direito está compreendido o direito à própria subsistência, forma de afirmação social e pessoal do exercício da dignidade humana. O trabalho pode tanto se desenvolver em ambientes protegidos (como as oficinas de trabalho protegidas), como em ambientes regulares, abertos a outros indivíduos. (ARAUJO, 2003, p. 26).

Além da independência financeira que poderá ser almejada através da prática laboral, a inclusão da pessoa com deficiência no mercado do trabalho, traz para este público um sentimento de igualdade aos demais, considerando que praticará atividades normais do cotidiano, possibilitando interações sociais, desenvolvendo, assim, a sua comunicabilidade e possibilidade de pertencer a um grupo social.

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A inclusão, é vista como de suma importância, não só para a pessoa com deficiência, mas também para as empresas que buscam a inclusão destes, haja vista que essa prática contribui para humanizar as empresas e enriquecer o ambiente de trabalho na busca da igualdade e o respeito.

Há de se frisar que é dever do Ministério Público do Trabalho atuar visando a integração da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, assumindo também o papel de agente político na promoção e na implementação da inclusão social deste grupo de pessoas, visto que além dos limites do próprio corpo, ainda existem barreiras sociais como a exclusão.

Uma das ações promovidas pelo Ministério Público do Trabalho, visando fomentar a conscientização sobre a importância inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, foi a campanha criada por ocasião do Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência – no 21 de setembro, conhecido também como “Dia D”, que efetiva inclusão do deficiente no mercado de trabalho.

Ademais, entende-se que a inclusão social da pessoa com deficiência só é possível se cumprida a ordem social que tem como base o trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social.

Desta forma, para que o processo de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho seja efetiva, é necessário que haja uma ordem social, a qual poderá ser oportunizada pelo poder público, através de normatizações e investimentos na educação, habilitação, reabilitação, bem como, a adequação do ambiente do labor por parte das empresas que irão receber este público em seu ambiente de trabalho, visando extinguir as dificuldades ainda encontradas neste processo.

Sobre este prisma, Bartalotti afirma que:

Primeiramente, é preciso afirmar que inclusão não se limita a acesso, não é uma simples questão de colocar junto. A garantia do direito de estar junto, de partilhar dos recursos e oportunidades que a sociedade oferece, é um passo essencial. Esse é o papel do legislador, elaborar leis que garantam que nenhum cidadão pode ser

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discriminado por conta da deficiência: a lei define que é crime impedir o acesso de pessoas com deficiência ao trabalho, à escola, ou a qualquer espaço social por conta da sua condição [...]. (BARTALOTTI, 2012, p. 47).

Assim, através do labor a pessoa com deficiência poderá buscar a sua inclusão na sociedade de forma digna, uma vez que o trabalho possibilitará o seu desenvolvimento social, conquistando a abolição de todas as formas de descriminação e exclusão social.

2.2 Limitação no mercado de trabalho das pessoas com deficiência

A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho ainda encontra diversas barreiras quando se trata da aceitação do diferente, das limitações encontradas no ambiente de labor das empresas e nas qualificações profissionais para este público.

É notório, conforme mencionado no capítulo anterior, que existem vários tipos de deficiência, sendo que algumas delas impossibilitam a pessoa de praticar qualquer tipo de labor, mas que também, há aquelas que com a adequação do ambiente de trabalho e qualificação adequada, possibilitaram a pratica determinadas atividades em empresas.

Atualmente, verifica-se uma forte resistência das empresas e da sociedade em aceitar a pessoa com deficiência no mercado de trabalho, onde por muitas vezes utilizam do argumento de que não contratam pessoas com deficiência, considerando o fato que não conseguiram desempenhar as atividades fim da empresa. No entanto, este argumento não é plausível, posto que isto pode ser superado, diante das diversas formas de qualificação e adequação dos ambientes que poderão possibilitar a inclusão da pessoa com deficiência no labor da empresa.

Desse modo, a qualificação da pessoa com deficiência para que possa desempenhar as atividades laborais é de suma importância para efetividade da inclusão, posto que a desqualificação é um dos grandes obstáculos encontrados para o preenchimento de vagas de emprego destinados a este público.

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Outra limitação encontrada na inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho é a falta de acessibilidade nos ambientes das empresas, assim, para que isto seja superado, sendo necessária a adequação das empresas, visto que este é um fator fundamental para a efetivação da inclusão. Destarte, importante observar que para que se tenha a acessibilidade, é primordial que seja realizada melhoras no que se refere às facilidades para movimentação e acesso dentro da empresa.

Ademais, cumpre ressaltar a limitação acerca da aceitação pacifica da empresa e dos funcionários para inclusão do deficiente no ambiente de trabalho, sendo importante a sua superação, tendo em vista que o respeito, colaboração e aceitação, serão de fundamental importância no que tange a inclusão com dignidade.

Nesse sentido, para que haja uma inclusão de forma digna e eficiente, com trocas de experiências é necessário a colaboração dos colegas de trabalho, nesse sentido, é o entendimento de Roberto Bolonhini Junior:

Deve ocorrer uma interação entre o deficiente e seus colegas de trabalho, uma troca efetiva de experiências, para que o portador de necessidade especial possa compreender o sistema de trabalho da empresa e desempenhar suas funções de forma satisfatória, como também ser compreendido pelos demais empregados que perceberão sua potencialidade e seu limite no dia a dia. Com isso, o entrosamento é perfeito; o deficiente ganha destaque não por sua deficiência, mas por sua qualidade de trabalho (BOLONHINI JUNIOR, 2011, p.15).

Nesta linha, com o intuito de eliminar as limitações encontradas no meio laboral e buscando a inclusão, o legislador criou a Lei 8.213/ 91, mais conhecida como Lei de Cotas, que busca incluir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho através de reserva de vagas e admissão deste público no quadro de funcionários nas empresas.

Dessa maneira, a Lei 8.213/91 traz em seu artigo 93, a seguinte previsão no que se refere a porcentagem de vagas destinadas à pessoa com deficiência:

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Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I - até 200 empregados...2%;

II - de 201 a 500...3%;

III - de 501 a 1.000...4%;

IV - de 1.001 em diante. ...5%.

§ 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante.

§ 2º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades representativas dos empregados. (BRASIL, 1991)

Outrossim, o presente dispositivo traz uma garantia para a pessoa com deficiência, visto que esta encontra dificuldades na sua inserção no meio laboral ao se deparar com as discriminações, exclusão social e preconceitos por parte da sociedade e das empresas, assim, a lei de cotas ao prever as referidas obrigações, no que se refere a contratação deste público, buscará aos poucos eliminar as referidas limitações.

A lei de cotas é uma iniciativa que busca a responsabilidade social das empresas no tange a inclusão da pessoa com deficiência, a qual deve ser vista não como uma obrigação, mas sim como um benefício para ambas as partes envolvidas nesse processo.

Sobre esse prisma, Sassaki afirma que:

As empresas se tornam verdadeiramente inclusivas na medida em que suas motivações não se restrinjam ao cumprimento da Lei de Cotas e, sim, que se fundamentem na crença de que a contratação de pessoas com deficiências e o consequente atendimento às suas necessidades especiais beneficiam a todos, inclusive as próprias empresas, e refletem conceitos altamente valorizados no Século XXI (SASSAKI, 2006, p. 44).

Logo, no tange a obrigatoriedade imposta para as empresas, estas devem ser vistas como uma responsabilidade social, onde o objetivo não é apenas cumprir com

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o que a lei determina, mas sim auxiliar no desenvolvimento, qualificação e consequente inserção da pessoa com deficiência na sociedade.

Nessa perspectiva, Luiz Eduardo Mendonça entende que:

A primeira forte crítica que se faz ao sistema de cotas surge a partir da ideia de que o empresariado brasileiro tem assumido (ou sido obrigado a assumir) uma função social que num primeiro momento era obrigação originária do Estado. (MENDONÇA, 2010, p.145).

Isto posto, verifica-se que para a superação das limitações da inclusão no mercado de trabalho, a visão das empresas, entes públicos e sociedade, devem ser no sentido em promover a inclusão, de maneira digna e responsável, tirando a ideia de apenas fazer, realizar as exigências impostas, para cumprir a letra de lei, dado que a inclusão da pessoa com deficiência é mais que isto, é responsabilidade social na busca em assegurar a dignidade e igualde à pessoa com deficiência.

2.3 O estatuto como forma de inclusão do deficiente no mercado de trabalho

Buscando a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, bem como com o intuito de garantir de forma digna maiores oportunidades, eliminando de seu cotidiano qualquer forma de discriminação e desigualdade, o legislador criou o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015).

O Estatuto da Pessoa com Deficiência, é um tratamento legal surgido em 2015, de grande relevância, uma vez que veio trazendo mais garantias e direitos para a Pessoa com Deficiência, sendo fundamental no processo de inclusão desse público.

A lei 13.146/2015, tem como base a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – CDPC, consolidando de forma significativa as diretrizes desta, mostrando um notável avanço no que se refere a proteção da dignidade deste público. O estatuto busca a inclusão social e o direito à cidadania plena e afetiva da pessoa com deficiência.

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De forma potencializada, o presente instituto legal, trouxe a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, como dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência estes direitos, conforme preceitua o seu artigo 8º:

Art. 8o É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à

pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.(BRASIL, 2015)

O direito do trabalho da pessoa com deficiência, teve atenção especial no estatuto, em seu capitulo VI, trazendo normas que tratam especificadamente acerca dos direitos e deveres que devem ser observados no processo de inclusão no mercado de trabalho.

Os direitos e obrigações previstas no referido capitulo são direcionadas para as pessoas jurídicas de direito privado e para as jurídicas de direito público, as quais devem criar planos de ações para inserção e permanência da pessoa com deficiência no quadro de funcionários.

Salienta-se que, não se deve somente incluir pessoa com deficiência no mercado de trabalho, mas também buscar meios que possibilitem a sua permanência no meio laboral, sendo que será necessário a colaboração do poder púbico e da empresa, para viabilizar tal objetivo.

O estatuto trata especificadamente sobre a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e sua permanência nele, afirmando que a inclusão deste público no mercado de trabalho será por meio da colocação competitiva (observando-se algumas diretrizes) e em igualdade de oportunidades

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com as demais. Ainda, determina que deverá ser observado regras quanto a acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistida e a adaptação razoável no ambiente de trabalho, sendo estes de fundamental importância para sua permanência no meio laboral. Tal previsão é encontrada no artigo 37 caput, parágrafo único, do estatuto:

Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho.

Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observadas as seguintes diretrizes:

I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com maior dificuldade de inserção no campo de trabalho;

II - provisão de suportes individualizados que atendam a necessidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e de apoio no ambiente de trabalho;

III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com deficiência apoiada;

IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, com vistas à definição de estratégias de inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais;

V - realização de avaliações periódicas;

VI - articulação intersetorial das políticas públicas;

VII - possibilidade de participação de organizações da sociedade civil. (BRASIL, 2015)

Nota-se a importância de o poder público implementar serviços e programas, visando a facilitação da inclusão do deficiente no ambiente laboral, desta forma o estatuto trouxe em seu texto previsão acerca dos processos de habilitação e reabilitação, conceituando a habilitação profissional como:

Art. 36, § 2°: A habilitação profissional corresponde ao processo destinado a propiciar à pessoa com deficiência aquisição de conhecimentos, habilidades e aptidões para exercício de profissão ou de ocupação, permitindo nível suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso no campo de trabalho. (BRASIL, 2015)

Verifica-se que o processo de habilitação e reabilitação para o trabalho previsto no estatuto, grande importância para o aprimoramento da pessoa com deficiência não só no aspecto profissional, mas também para o psicológico daquele

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que passará pelo processo de qualificação, visto que poderá se desenvolver e se incluir na sociedade, excluindo desta forma os preconceitos ainda existentes em razão de ser diferente da maioria.

Destarte, no tange à inclusão do deficiente no mercado de trabalho, o estatuto é um grande avanço, uma vez que garante a pessoa com deficiência o seu acesso ao trabalho, lhe garantindo a sua livre escolha e aceitação, sendo incluído em um ambiente acessível, com direito a igualdade e dignidade.

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3 CONTORNOS PREVIDENCIÁRIOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Acerca do tema inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, importante se faz trabalhar contornos previdenciários à pessoa com deficiência, visto que esse público possui tratamento diferenciado no que se refere à previdência social, conforme estipula a Constituição Federal:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei.

§ 1º. É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. (BRASIL, 1988)

Assim, o presente capítulo discorre sobre os benefícios previdenciários, da aposentadoria diferenciada, de acordo com a legislação vigente, a qual poderá ser enquadrada na aposentadoria por tempo de contribuição ou na aposentadoria por idade, e também abordar os benefícios assistências destinados à pessoa com deficiência.

3.1 Aposentadoria por idade da pessoa com deficiência

No que tange à aposentadoria por idade para os deficientes, esta é concedida aos sessenta anos de idade para os homens e cinquenta e cinco para as mulheres, desde que comprovada a deficiência do indivíduo. Há que se destacar que o segurado, deve comprovar, no mínimo, 15 anos de contribuição, cujo período deve ser cumprido na condição de deficiente. Essa exigência está prevista no Decreto n. 3.048/1999, artigo 70-C, parágrafo 1º, in verbis:

Art. 70-C. A aposentadoria por idade da pessoa com deficiência, cumprida a carência, é devida ao segurado aos sessenta anos de idade, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade, se mulher. § 1. Para efeitos de concessão da aposentadoria de que trata o caput, o segurado deve contar com no mínimo quinze anos de tempo de contribuição, cumpridos na condição de pessoa com deficiência,

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independentemente do grau, observado o disposto no art. 70-D. (BRASIL, 1999)

O art. 3º da Lei Complementar nº 142/2013, inc. IV dispõe acerca condições e requisitos para aposentadoria do deficiente por idade:

Art. 3º. É assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência, observadas as seguintes condições: IV - aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do grau de deficiência, desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e comprovada a existência de deficiência durante igual período. (BRASIL, 2013)

Deve-se mencionar que ao tempo de carência na aposentadoria por idade é vedado somar o tempo de serviço em condições especiais que prejudicam a saúde ou a integridade física do trabalhador, cumprida na condição de pessoa com deficiência.

Os quinze anos de contribuição para obter a aposentadoria por idade, não necessariamente deverá coincidir com o tempo da deficiência, ou seja, o tempo de contribuição pode ser anterior ao acometimento da deficiência, conforme esclarece Fabio Zambitte Ibrahim:

Apesar de aposentadoria por idade exigir 15 anos de contribuição, nota-se que o tempo de deficiência, que também é de 15 anos, não necessariamente deverá ser coincidente com o primeiro lapso temporal. Ou seja, pode o segurado, antes da deficiência, ter alcançado 15 anos de contribuição, ter se afastado de qualquer atividade remunerada em razão da deficiência, ficar ausente do sistema por mais 15 anos e, ao completar a idade prevista no art. 7Q, obter seu benefício (IBRAHIM, 2015, p.621).

Ademais, frisa-se que para que o trabalhador que possui alguma deficiência conseguir o benefício da aposentadoria por idade, precisa ter 60 anos se for homem e, 55 anos se for mulher, bem como comprovar, no mínimo, 15 anos de contribuição na condição de deficiente, independente do grau de deficiência. Assim, no que se refere ao tempo mínimo de contribuição, qual seja, 15 anos, neste tipo de

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aposentadoria é irrelevante o grau de deficiência, diferente da aposentadoria por tempo de contribuição, conforme poderá ser verificado no tópico seguinte.

3.2 Aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência

Em relação ao benefício da aposentadoria por tempo de contribuição ao deficiente, há incidência do grau de deficiência do trabalhador. Dito isso, as deficiências são classificadas em três tipos, que são grave, moderada e leve. Para cada classificação de deficiência é exigido um tempo diferente de contribuição. Tais condições de se obter a aposentadoria estão estabelecidas no art. 3º, inc. I, II e III da Lei Complementar nº 142/2013:

Art. 3. É assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência, observadas as seguintes condições: I - aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave; II - aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada; III - aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve.

Para que se constate o grau de deficiência do trabalhador, ele deve ser avaliado e submetido a uma perícia do INSS. O art. 5º da Lei Complementar nº 142/2013 prevê que a perícia, para atestar o grau de deficiência do trabalhador, deve ser feita pelo INSS: Art. 5. O grau de deficiência será atestado por perícia própria do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos para esse fim.

Cumpre destacar que o grau de deficiência pode mudar durante a vida do obreiro. Diante disso, essas mudanças afetam diretamente o regime em que o segurado se encontra, haja vista que o tempo de contribuição exigido para obter a aposentadoria é dado pelo grau de deficiência.

Outrossim, o valor a ser recebido de aposentadoria é o mesmo do salário de benefício para o tempo de contribuição, consoante o art. 8º, inc. I, da Lei Complementar nº 142/2013:

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Art. 8º. A renda mensal da aposentadoria devida ao segurado com deficiência será calculada aplicando-se sobre o salário de benefício, apurado em conformidade com o disposto no art. 29 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991 os seguintes percentuais: I - 100% (cem por cento), no caso da aposentadoria de que tratam os incisos I, II e III do art. 3º, ou [...]. (BRASIL, 2013)

Por fim, destaca-se que não existem hipóteses de suspensão do pagamento dessa aposentadoria, sendo que a cessão do benefício só ocorre com o óbito do aposentado

3.3 Benefício de Prestação Continuada e o processo de habilitação

A assistência social tem como objetivo um salário mínimo mensal a pessoa com deficiência, bem como ao idoso que comprove não ter meios para suprir e prover sua subsistência ou mesmo a ter provida por sua família, conforme há previsão no art. 203, inciso V, da Constituição Federal.

Esta assistência social destinada à pessoa com deficiência e ao idoso é denominado de Benefício de Prestação Continuada, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (BPC/LOAS). A regulamentação de tal benefício se deu nos arts. 20 e 21 da Lei 8.742/93, pelo art. 34 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) e pelo Decreto 6.214/2007, que reduziu a idade para concessão, os 65 anos de idade, em se tratando de idosos (AMADO, 2017).

A concessão de tal benefício é realizada pelo INSS. De acordo com Ibrahim (2015, p.18);

a concessão do benefício somente será feita ao brasileiro, inclusive ao indígena, não amparado por nenhum sistema de previdência social, ou ao estrangeiro naturalizado e domiciliado no Brasil não coberto por sistema de previdência do país de origem.

Para ser concedido o benefício além da condição de deficiente, deve ser comprovada a condição de miserabilidade, nesse sentindo, se deve destacar que o

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conceito de necessitado foi considerado constitucional pelo STF. Contudo, já decidiu o STJ que o limite de 1/4 do salário mínimo não é absoluto, haja vista que não impede que o julgador faça uso de outros fatores que possam comprovar a miserabilidade do autor.

Segundo Ibrahim (2015, p. 15):

com a Lei nª 1 2 . 4 3 5 / 2 0 11, a parte que trata do cálculo da renda fam i liar, pois não se faz mais a remissão à Lei nª 8 .2 1 3/91, fonte de eternas divergências, mas s i m ao n ovo conceito próprio ao BPC. Como estipula o art. 20, §1 da LOAS, n a redação atual, a família é com posta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os me ores tu telados, desde que vivam sob o m esmo teto.

Embora seja parecida com o que disciplinava a Lei 8 .213/ 91, no art. 16, a remissão ao RGPS gerava confusões. Atualmente, a previsão é mais adequada haja vista que Lei nº 12.470/2011 mudou novamente a recente regra criada para o benefício assistencial da LOAS.

Observa-se que segunda a regra da Lei nº 12.435/2 011, haveria a necessidade de existir incapacidade, que necessitava ultrapassar dois anos, para ser considerada de longo prazo. A Lei nº 12.470 /2011, mantém essa restrição temporal, embora não fale mais em incapacidade, e sim em impedimento, o que permite uma aplicação mais abrangente, até pelo fato de incapacidade ser termo mais adequado à aptidão para o trabalho.

Atualmente, a lei ainda prevê que, para fins do BPC, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, mas deixando claro que deve se tratar de impedimento e que os efeitos devem perdurar, por no mínimo, dois anos.

Salienta-se que o benefício assistencial, na previsão original do RBPC, não poderia ser acumulado com qualquer benefício da Previdência Social ou de qualquer

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outro regime previdenciário, com exceção da assistência médica Pelo Decreto n. 6.564/2008, dando nova redação ao art. 5º do RBPC, o impedimento permaneceu, com a ressalva adicional do recebimento de pensão especial de natureza indenizatória.

A posteriori, em virtude da nova redação ocasionada pelo Decreto n. 7617/2011, as possibilidades de cumulação são aumentadas, com a inclusão da hipótese de remuneração advinda de contrato d e aprendizagem no caso da pessoa com deficiência.

Consoante a Lei n. 9.720/98, a renda familiar mensal, para efeitos de obtenção do benefício assistencial, deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal (art. 20, § 8, da LOAS). Ademais, o benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada dois anos para analisar a possibilidade de continuidade e verificar se ainda persistem as condições que lhe deram origem. Em virtude disso, aquele que não mais se enquadre na condição de necessitado, deixa de receber o auxílio.

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CONCLUSÃO

Com a referida pesquisa se buscou trazer linearidade, primeiramente trazendo os institutos e posteriormente buscou entender como deverá funcionará na prática a inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Restou evidente que o aspecto legislativo, que ao longo dos anos foi se adequando à realidade, contribuiu para que se tentasse cada vez mais tratamento isonômico a todos os indivíduos.

O próprio sistema de cotas é um grande marco que coadunado com outras legislações e a Constituição Federal, visam inserir as pessoas com deficiência no mundo do trabalho. Sabe-se que o trabalho também é uma forma de inserir o indivíduo no meio social e possibilitar que ele desempenhe suas funções, garanta sua subsistência, além de garantir o princípio da dignidade humana.

Verificou-se assim que a legislação desempenha papel fundamental, haja vista que não ampara tão somente a inclusão no mercado do trabalho, mas garantias aos deficientes, bem como direitos no que tange a vagas, acessibilidade, como forma de tentar obstar qualquer tipo de discriminação, sob pena de incidir nas penalidades legais.

Em se tratando de aposentadoria, evidenciou-se que o obreiro deficiente tem uma legislação específica que está atenta às suas particularidades. Essa legislação vigente é de extrema relevância, pois fortalece os ditames previstos na Constituição Federal, pela busca de igualdade, contudo, há que para se falar em igualdade deve se ter claro que nem todos os indivíduos são iguais, pois possuem peculiaridades,

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assim, a legislação específica da pessoa com deficiência possibilita que de maneira substancial seja assegurada esse caráter isonômico.

Dessa forma, essa pesquisa possibilitou o aprofundamento teórico, assim como fez relação com a prática no ambiente laboral, demonstrando a necessidade de não discriminação das pessoas com deficiência e como é importante a sua inclusão. Por intermédio de políticas de inclusão, da legislação em âmbito nacional, com a participação de cada indivíduo para o tratamento igualitário a essa pessoas, é possível que sejam assegurados todos os direitos inerentes a esse indivíduo, principalmente no que tange à dignidade humana.

Referências

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