CURSO: Ciências Contábeis
DISCIPLINA: CONTABILIDADE PÚBLICA
PROFESSOR: Prof. Ms. Carlos Alberto de Oliveira APOSTILA GUIA DE AULA: 9.0
CONTEÚDO: DESPESA ORÇAMENTÁRIA PÚBLICA AULAS:
1 – DEFINIÇÃO:
1.1 – Constitui Despesa Pública todo pagamento efetuado, a qualquer título, pelos Agentes Pagadores públicos. Classifica-se, inicialmente em dois grupos: Despesa Orçamentária e Despesa Extra-Orçamentária.
2 – DESPESA ORÇAMENTÁRIA:
2.1–CONCEITO–Despesa Orçamentária é aquela cuja realização depende de autorização legislativa. Não se realiza sem Crédito Orçamentário correspondente. Em outras palavras, é a que integra o Orçamento Público, estando descriminada e fixada na lei orçamentária brasileira, que é a Lei do Orçamento Anual (LOA).
2.2–CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA – No Brasil, as Despesas Públicas são atualmente classificadas quanto às Instituições aplicadoras, quanto à Natureza, e pelo critério Funcional.
2.2.1 - A Classificação Institucional possibilita conhecer a aplicação dos recursos públicos por Órgão da União. Essa classificação é representada por um código de 5 dígitos (XX.XXX), onde os 2 primeiros identificam o Órgão e os três últimos a Unidade Orçamentária.
2.2.2 – A Classificação Funcional tem por finalidade dar conhecimento das ações que o Governo realiza a fim de atender às necessidades da coletividade. Atualmente, a classificação funcional é representada por um código composto dos seguintes dados:
- Funções e Subfunções de Governo – representam as áreas de atuação do Governo. Estão definidas no Anexo 5 da Lei 4320/64 e possuem 5 dígitos (XX.XXX); - Programa – representam os objetivos que se pretende alcançar, expressos no PPA. Possuem 4 dígitos (XXXX);
- Projetos e Atividades – representam os instrumentos orçamentários para se alcançar tais objetivos. Também estão expressos no PPA e compõem-se de 4 dígitos (XXXX).
2.2.3 – Pela lei 4320/64, em seu artigo 12 e Anexo 4, e pelo conteúdo da atual LDO, a Classificação Econômica da Despesa Pública é representada por um código que se ordena-se da seguinte forma: X = Categoria Econômica; X = Grupo de Despesa; XX = Modalidade de Aplicação e XX = Elemento de Despesa.
A Categoria Econômica é representada por: Despesas Correntes e de Capital. As Despesas Correntes são os gastos de natureza operacional, realizados pela administração pública, para a manutenção e o funcionamento dos seus órgãos. São aquelas que, basicamente, afetam o Patrimônio Público, diminuindo o seu valor em termos quantitativos sem, contudo, gerar incorporações de bens e direitos ou resgate de obrigações.
As Despesas de Capital são os gastos realizados pela administração pública, cujo propósito é o de criar novos bens de capital ou mesmo de adquirir bens de capital já em uso, como é o caso dos investimentos e inversões financeiras, respectivamente, e que constituirão, em última análise, incorporações ao Patrimônio Público de forma efetiva ou através de mutação patrimonial.
Os Grupos de Despesa, de acordo com a atual LDO, são os seguintes: Pessoal e Encargos Sociais, Juros e Encargos da Dívida, outras Despesas Correntes, Investimentos, Inversões Financeiras e Amortização da Dívida.
As Modalidades de Aplicação praticamente são representadas por transferências e por aplicações diretas.
Os Elementos de Despesa permitem conhecer de modo mais analítico a efetiva aplicação dos recursos públicos.
Exemplo: código 3.1.90.11
- Categoria Econômica 3. Despesas Correntes. - Grupo de Despesa 1. Pessoal e Encargos Sociais. - Modalidade de Aplicação 90. Aplicações Diretas
- Elementos de Despesa 11. Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal Civil. 3 – DESPESA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA:
3.1 – CONCEITO – Constituem Despesas Extra-Orçamentárias os pagamentos que não dependem de autorização legislativa. São aquelas que não estão subordinadas ao Orçamento Público e, portanto, não constam da LOA. Correspondem à restituição ou à entrega de valores arrecadados sob o título de Receitas Extra-Orçamentárias.
São exemplos de Despesas Extra-Orçamentárias: devoluções de cauções, fianças, pagamentos de Restos a Pagar, consignações e outros.
4 – PROCESSAMENTO DA DESPESA PÚBLICA ORÇAMENTÁRIA:
4.1–DEFINIÇÃO – Despesa Pública Orçamentária é o processamento da Despesa Pública Orçamentária o conjunto de atividades desempenhadas pelos órgãos de Despesa na aquisição de bens e serviços a serem colocados à disposição dos dirigentes públicos.
4.2 – ESTÁGIOS DA DESPESA PÚBLICA SEGUNDO A LEI – Tendo como referencia o Regulamento de Contabilidade Pública Brasileiro, datado de 1922 porém ainda em vigor, em seu artigo144 e seguintes, a Realização da Despesa Pública percorre os seguintes estágios:
4.2.1 – Fixação da Despesa - A Fixação é a primeira etapa da despesa orçamentária, é cumprida por ocasião da edição da discriminação das tabelas explicativas da Lei de Orçamento. A Lei de Orçamento é o documento que caracteriza a fixação da despesa orçamentária, ou seja, o instrumento no qual são legalmente fixadas as despesas
4.2.2 – Empenho da Despesa – Pela Lei 4320/64, Empenho “ é o ato emanado por autoridade competente que cria para o estado obrigações de pagamento, pendentes ou não de implemento de condições”. Depreende-se daí que as Despesas Públicas, para serem realizadas, dependem de empenho prévio, não podendo jamais o Ordenador de Despesa emitir Empenho sem autorização legislativa, consignada na LOA e distribuída através da Descentralização Orçamentária já estudada no tema Orçamento Público.
O Empenho será formalizado no documento Nota de Empenho, no qual constará o nome do credor, a especificação e a importância da Despesa, bem como os demais dados necessários ao controle da Execução Orçamentária e ao acompanhamento da Programação Financeira.
O Empenho das Despesas consiste na dedução do saldo de determinada Dotação Orçamentária ou Crédito Adicional, da parcela necessária à realização de uma Despesa, visando à execução, no todo ou em parte, de um Projeto ou a manutenção de uma Atividade. O Empenho, quando de sua emissão, poderá ser enquadrado em uma das seguintes modalidades:
- Empenho ordinário: para Despesas cujo montante se possa prever; sendo estas quitadas através de um único pagamento. Exemplo: compra de um bem móvel ou imóvel.
- Empenho estimativo: cabe às Despesas das quais não se pode precisar o valor. Exemplo: cobrança do serviço de telefonia, energia, etc.
- Empenho global: Refere-se às Despesas contratuais fixas, podendo ser sujeitas a parcelamento, pagamentos periódicos ou mensais. Exemplo: contrato de construção de uma usina termo-elétrica.
-4.2.3 - Liquidação da Despesa - Consiste no ato de verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. Essa verificação tem por fim apurar:
- a origem e o objeto do que se deve pagar; - a importância exata a pagar; e
- a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
A Liquidação da Despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados, deverá ter sempre por base:
A - o Contrato, Ajuste ou Acordo respectivo; B - a Nota de Empenho;
C - os comprovantes da entrega do material ou da prestação do serviço.
4.2.4 – O Pagamento – Consiste no despacho exarado pelo Ordenador de Despesas, determinando que a Despesa seja paga. Ele só poderá ser exarado em documentos processados pelos serviços de contabilidade. O Pagamento da Despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituída, por estabelecimentos bancários credenciados (Ordem Bancária) e, em casos excepcionais, por meio de adiantamentos (Suprimento de Fundos).
4.3 – LICITAÇÕES – Os processos licitatórios estão definidos como obrigatórios no Poder Público, sendo uma exigência da Constituição de 1988, em seu artigo 37 e inciso XXI. As Licitações ocorrem sempre antes do Estágio legal denominado Empenho. A Lei 8666/93 regulamentou o artigo 37 da Constituição Federal, instituindo Normas para as Licitações e Contratos na Administração Pública.
4.3.1 – Conceito – É o procedimento administrativo destinado a selecionar, entre fornecedores qualificados, aquele que apresentar proposta mais vantajosa para a administração pública. Regem as Licitações os seguintes princípios:
– Procedimento Formal – Todas as fases do processo licitatório deverão reger-se pelos dispositivos legais vigentes.
– Publicidade – Todos os atos relacionados com a Licitação deverão ser publicados para o conhecimento do público em geral.
– Igualdade entre os Licitantes - A administração pública é proibida de usar condições nos Editais ou Convites que possam favorecer ou prejudicar determinados Licitantes participantes do processo licitatório.
– Sigilo na apresentação das Propostas – Não se poderá dar conhecimento do conteúdo das Propostas recebidas pela administração antes da data marcada para tal.
– Vinculação ao Edital – O processo licitatório deverá restringir-se exclusivamente aos procedimentos previstos do Edital.
– Julgamento objetivo – Os critérios de julgamento devem ser os definidos e esgotados no Edital, eliminando-se de lado qualquer subjetividade e evitando-se limitações aos critérios previamente definidos.
– Probidade Administrativa – Previsto no artigo 37, parágrafo 4 da Constituição Federal, tem por finalidade imputar o caráter moral aos processos licitatórios públicos.
– Adjudicação Compulsória – A adjudicação da Licitação deverá ser feita ao primeiro colocado na seleção das Propostas.
4.3.2 – Modalidades – O artigo 22 da Lei 8666/93 estabeleceu as seguintes Modalidades de Licitação:
– Convite – É a Modalidade de Licitação mais simples e visa a contratação de pequenos valores referentes à compra de materiais, serviços, bens ou obras. O Convite é realizado entre no mínimo três fornecedores do ramo pertinente, cadastrados ou não, que deverão apresentar suas Propostas no prazo máximo de cinco dias úteis. O
Convite não exige publicação, já que a escolha dos fornecedores (num mínimo de três) é feita diretamente pela administração por meio de carta-convite.
– Tomada de Preços – É a Modalidade de Licitação entre interessados previamente cadastrados até o 3o dia anterior à data do recebimento das Propostas,
observada a necessária habilitação, convocados por aviso publicado no Diário Oficial e em jornal de grande circulação, contendo as informações essenciais da Licitação, bem como o local onde pode ser obtido o respectivo Edital.
– Concorrência – É a Modalidade de Licitação que admite a participação de quaisquer interessados, cadastrados ou não, que satisfaçam as condições do Edital, convocados com uma antecedência mínima prevista na Lei, com ampla publicidade no Diário Oficial e pela imprensa particular.
– Concurso – É a Modalidade de Licitação que permite a seleção e escolha de trabalhos técnicos ou artísticos, onde o fator predominante é a criação intelectual.
– Leilão – Ë a Modalidade de Licitação utilizada especificamente na venda de bens móveis e semoventes, podendo ser utilizada, em casos especiais disciplinados no inciso III do artigo 19 da Lei 8666/93, na venda de bens imóveis.
– Pregão – É a Modalidade de Licitação em que a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns é feita em sessão pública, por meio de Propostas de Preços escritas e lances verbais.
4.3.3 – Dispensa e Inexigibilidade – Existirão situações em que a Licitação será dispensada ou inexigível. Tais situações estão previstas nos incisos I a XXIV do artigo 24, no artigo 25, da Lei 8666/93, respectivamente.
5 – CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS E CRÉDITOS ADICIONAIS.
5.1 - CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS – Ato administrativo de controle que não configura obrigação a pagar da União ou direito a receber por parte do contratado da União. Trata-se apenas do registro de total autorizado para a efetivação de gastos por parte da União. É o limite do direito a gastar na Execução Orçamentária que um órgão – e seus subordinados – possui em determinado exercício fiscal. Não envolve recursos financeiros (que são empregados na Execução Financeira) para quitação destes gastos.
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA DESPESA – É a utilização dos Créditos Orçamentários consignados no Orçamento Público e nos Créditos Adicionais, visando à realização dos projetos e / ou atividades atribuídas às Unidades Orçamentárias.
EXECUÇÃO FINANCEIRA DA DESPESA – É a utilização de recursos financeiros (R$) visando atender a realização dos projetos e / ou atividades atribuídas às Unidades Orçamentárias. Trata-se do Fluxo de Caixa do Governo, e envolve a disponibilização do dinheiro quando da efetiva necessidade do desembolso.
São valores que se acrescem à LOA aprovada, quer como reforço dos CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS, quer como CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS DESTINADOS à cobertura de encargos provenientes da criação de novos serviços, ou, ainda, para atender a despesas imprevisíveis e urgentes.
De acordo com o Artigo 40 da Lei nº 4.320/64, “Os Créditos Adicionais são autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei do Orçamento”
5.2.1 – Classificação
Os Créditos Adicionais classificam-se em: Suplementares;
Especiais; e Extraordinário.
5.2.1.1 – Créditos Suplementares
Os créditos suplementares são autorizações para reforço de dotações orçamentárias que, por qualquer motivo, tornaram-se insuficientes. Acrescem-se aos valores das dotações constantes da Lei Orçamentária.
5.2.1.2 – Créditos Especiais
São os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica. Créditos Especiais são autorizados para cobertura de despesas eventuais ou essenciais, e por isso mesmo não tendo sido consideradas na Lei do Orçamento.
5.2.1.3 - Créditos Extraordinários
Os Créditos Extraordinários são destinados a atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como: as decorrentes de guerra; ou calamidade pública. Caracteriza-se pela imprevisibilidade e urgência da despesa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Kohama, Heilio – Contabilidade Pública. Atlas 1998 Angélico, João – Contabilidade Pública. Atlas 1995
Glauber Lima Mota, Francisco – Contabilidade Aplicada à Administração Pública. Vestcon 2001