ÉTICA E P
S
ICOLOGIA: UMA CRíTICA A
TEORIA E A PRÁTICA PSICOLóGICAS
José Celio Preire
RESUM
O
Este artigo apresenta
uma crítica ética da
Psico
-logia, enquanto
teoria e prática. A
Ética é
considera-da como ciência considera-da moral
,
em oposição
ao caráter
fi-losófico-doutrinário
de sua
formulação
tradicional
.
A
Psicologia é criticada
,
primeiramente,
em sua fra
g
men-tação
epistemológica.
Por último,
a análise focaliza a
Psicologia enquanto
prática
,
aplicação
ou
profissão,
em term
o
s de sua função social
(28 referências).
A
BS
TRA
C
T
Ethics and Psychology: a critique ot
the psychologycal theory and practice.
This article presents a ethical critique of the
Psy-c
h
o
l
ogy, w
h
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c
ial f
u
nction.
INTRODUÇÃO
A questão ética da Psicologia me tem preocupado,
de forma
mais profunda, desde os estudos suscitados pelas disciplinas "Psico
-logia Aplicada à Educação: uma visão crítica" e "Teoria e Prática
de Currículo:
uma visão crítica", do Curso de Mestrado em
Edu-cação pela Universidade Federal do Ceará. Àquela época, já se
es-boçavam os problemas fundamentais
que me levaram à elaboração
de minha Dissertação de Mestrado (1989), acerca da questão mais
específica da
Éticada Abordagem
Centrada
na
Pessca, em
Carl
Rogers. Deveu-se a isso a necessária revisão da questão
ética da
Psicologia, como um todo, que tentarei explicitar neste artigo.
A Psicologia,
enquanto
ciência
e profissão,
sofre com
assi-duidade
um saudável questionamento
crítico que lhe impõe a
ne-cessidade de resolução de conflitos que lhe são internos. Num
pri-meiro momento, o problema é epistemológico: urge que se delimite
cem clareza o espaço da Psicologia, enquanto conhecimento, em
re-lação às demais ciências, superando
a ambigüidade
que a
perse-gue. Por último, é a própria aplicação da Psicologia que está em
jogo -
a sua práxis. Para esta crítica é crucial que se reveja o
objeto desta ciência ainda imatura e o objetivo da tecnologia que
produz,
à luz de pressupostos
éticos.
1.
eTICA:
FILOSOFIA
E CIÊNCIA
Para poder tratar a questão da Psicologia em sua perspectiva
ética, faz-se mister definir-se de forma objetiva o que representa
esta visão. Etica, do grego ethos, refere-se aos
costumes e
tradi-ções, ao consuetudinário,
tendo como correspondente
latino o
ra-dical mores, de onde se origina o vocábulo moral
.
À identificação
etimológica não corresponde o significado atual
.
Segundo Vásquez
(1984), etimoIcgicamente
moral
e ética se encontram
no terreno
especificamente humano da moralidade:
"o humano como o
adqui-rido ou conquistado pelo homem sobre o que há nele de pura
na-tureza".
(p. 14) Estes conceitos se confundem,
freqüentemente,
no
plano da moral, enquanto normas sociais e correspondentes
postu-ras dos indivíduos frente às mesmas. Mas o propósito deste estudo
exige uma clara distinção:
enquanto
a moral diz respeito
a uma
determinada forma de comportamento humano, a ética é o estudo
deste comportamento.
Há que se ter em mente, também, a contraposição entre mo
-ral efetiva ou prática e mo-ral reflexa ou teórica, não perdendo de
46
Educação em Debate, Fort.
17_18jan
.
/dez.
1989I
1I1111h:p
mdência
entre ambas. Enquanto a primeira
refere-I11I1Ip
utumcnto
prático
dos homens, no plano moral, a
se-11111 1 pllllll
.I!à elaboração teórica da moral,
tendo como
exem-I
dlllll,il1u' éticas filosóficas, que nada mais são do que teorias
111111
li
luboradas
a partir de
uma noção determinada
e
deter-11111
II
til' Heme de Mal
.
Se, por um lado, o homem comum é um
111 IIIe
11
tiI
IHral, o filósofo ou o ético é, por outro, um teórico da
1111'1111
\ ""
.
uc moralmente, o outro pensa acerca desse agir e, mais
I"
li.
ch
ga a determinar,
a priori, as atitudes e os
comporta-I11111moruis
satisfatórios
e aceitáveis. Reportando-se
a Vázquez
1I I1>
.
tem- c
que a passagem da moral do plano da prática para
di
Il'oricoincide com o início do pensar filosófico, "na esfera
"" pllll I
'mas teórico-morais ou éticos"
(p.
7)Pelo visto, a moral
I
1
I mtccedeua moral reflexa, assim como as condições
con-I
IIdu vida antecedem a consciência dessa realidade.
Como
ela-I1111
111' Leontiev (1981) coloca a posição de que a ação precede
I fi
'li uncnto.
.
' '"
1\111outro ângulo, percebe-se
'
a relação entre ambas as formas'
dI morul, efetiva e reflexa, como de mútua influência: a ação
con-I
II I"dos homens determina a formação moral da sociedade e a
I I11
IlI)!'icnsãodesta gera a possibilidade de transformação
para,
uma
111mtl mais elevada. Trata-se, pois, de um processo
dialético no
11\111fa es anteriores são negadas e superadas em parte e
conserva-ti
I
.m alguns de seus elementos,
para dar lugar a um novo modelo
1I1Ul'ul,pari passu com o progresso histórico-social
.
A literatura filosófica está prenhe de doutrinas morais
norma-tivistas,
especulativas e desconectadas da realidade concreta dos
ho-III
ns. Tais doutrinas se revestem de um caráter
ideológico
aliena-dor, pois defendem idéias, valores e interesses de setores ou
elas-'c dominantes na sociedade.
(*)A Ética Grega de Sócrates, Platão
, Aristóteles, bem como as que lhes antecederam
(pré-socráticos e
ofistas) ou
'
as que se lhes seguiram (estóicos e epicuristas),
somam,
para
Vázquez(1984), um variado quadro de "éticas" distintas umas
das outras, que preconizam o comportamento moral correto,
defen-dem uma determinada
idéia de Bem, ora como felicidade
(eude-monismo), ora como belo (esteticismo), como o que dá prazer (hedo
-nismo), ou como o que é útil (utilitarismo)
(Vázquez, 1984). Isso
• Ideologia enquanto visão que serve à legitimação, justificação, defesa ou manutenção da ordem social, em oposição a utopia --:- cuja f~nção ~ críti~a e subversiva, no sentido de apontar para uma realidade ainda nao exis-tente (Lowy, 1985),
.~... ., I.
é historiado por Vázquez (1984) quando desvela a "ética"
subja-cente a cada movimento filosófico: o relativismo
ou o
subjetivis-mo ético dos sofistas; o racionalissubjetivis-mo de Sócrates; a metafísica
dua-lista de Platão, com morais específicas de classe, exceto os
escra-vos; o elitismo ético de Aristóteles;
a moral da predestinação
dos
estóicos, de cunho individualista;
e o materialismo
metafísico dos
epicuristas.
Passando da
Ética Grega Clássica para a
Ética Cristã
Medieval, tem-se em Santo Agostinho e São Tomás de Aquino a
moral teocêntrica.
Dá-se uma revolução
do pensamento
na
Eti-a
Moderna com o surgimento da moral antropocêntrica,
representada
pelo pensamento kantiano
.
Com a passagem
àÉtica
Contemporâ-nea surgem vários expoentes:
Kierkegaardpropugna
o
irracionalis-mo absoluto e o individualisirracionalis-mo
radical
,
onde a moral é limitada:
o egoísmo integral de Marx Stirner toma a moral imoossível: Sartre
adota o liberalismo em associação com o individualismo
radical:
a
ética utilitarista aoarece com Pierce, [ames e Dewev, no prazmatismo;
e a ética psicanalítica promove a exclusão da esfera moral dos atos
movidos pelo inconsciente
(Vázquez, 1984). Feito este rápido
res-gate das doutrinas éticas principais, vale a pena enfatizar o caráter
histórico da moral que atesta o movimento dialético
da passagem
de uma a outra forma de moralidade,
em consonância com a evo
-lução das sociedades no tempo.
A ética marxista, por outro modo, vem explicar e criticar as
morais do passado
,
propondo as bases teóricas e práticas de uma
nova moral
.
Nela
,
o homem é visto como um ser social e históri
c
o,
a moral em sua função social e seu caráter relativo de sociedade
e de classe
,
e a ação consciente dos homens como meio de
trans-formação da sociedade (Vázquez, 1984). O avanço qualitativo
desta
proposta
se dá pela visão mais globalizante
do fenômeno moral,
que passa a ser visto como conseqüência
das relações que os
ho-mens estabelecem entre si, pela mediação do trabalho
e não como
algo universal e existente anteriormente
a tais
relações.Por outro
lado
,
. recupera-se o papel do homem enquanto
sujeito moral,
agen-te ativo e transformador
.
Dentro desta perspectiva de análise, está
a seguinte transcrição do pensamento de Vázquez (1984):
"Uma nova moral -
que deixe de ser a
expres-são das relações sociais alienadas
-
torna-se
necessá-ria para regular as relações dos indivíduos,
tanto
em
vista da transformação
da velha sociedade, como em
vista de garantir a unidade
e harmonia entre os
mem-bros da nova sociedade socialista." (p. 25)
48
Educação em Debate, Fort. 17_18jan.ldez. 1989BCH-PERIODiCU::'
II 1111I1
forma geral, as doutrinas
éticas se
apoiamem três
IqUI ItI
bá
s
icos para explicar a origem ou fonte da moral: a
!111 '/,I, I)'U
ou o homem enquanto essência imutável
.
Nenhuma
I I, I I I'
s
e no homem como ser histórico, criador,
sujeito
con-I 11'1111'f rrnador,
nem
àmoral como inerente a esse homem
I 11 Ir lações
com os outros homens, e não como algo vindo
1 1,"
I •'
obre ele, que o transcende
(Vázquez, 1984). O caráter
111'11I 1I1~ da
moral é tratado em relevo dentro de uma abordagem
111" 11 II
.
iul, através
do materialismo histórico e dialético:
o ho
-111 -111 l mcreto
como fonte da moral, a partir
de seu
comportamen-II 111
cicdade e influenciado
pelas relações que estabelece com
1111111
h mens,
através
do
trabalho.
A essa
respeito,
Vázquez
(1'1/ 1),
m outro momento, sintetiza o conceito de essência
huma-I huma-I 111
Marx:
" ( ... ) a essência humana residiria na natureza so
-cial, prática
(produtora)
e histórica
do homem.
Oho
-mem é um ser que produz socialmente,
e que nesse
processo se produz a si mesmo. Esse autoproduzirse
-como processo no tempo -
faz dele um ser histórico
.
"
(p.
423).
Este homem real, concreto, manifesta-se em sua unidade
dia-l
é
tlca
como ser espiritual-sensível,
natural-humano,
teórico-prático,
objctivc-subjetivo:
ser produtor,
transformador
e criador;
ser so
-llul ehistórico. Complementando
esta idéia com a interpretação de
Svc (1979):
" ( ... ) para
deixar de ser, seja a que grau for,
uma abstracção inerente ao indivíduo isolado, a essência
humana, coincidente com o conjunto das relações sociais,
não deixa, só por isso, de ser uma essência, anterior a
a existência de cada indivíduo particular
(*)e de que a
existência dos indivíduos
é na
realidade,
a
reprodu-ção (*)
que é necessariamente
contraditória,
fragmenta-da, incompleta na sociedade de classes ( ... )" (p. 184).
e
a partir desta visão
dialética da moral que vamos poder
defini-Ia como um sistema de normas, princípios e valores, de
ca-ráter histórico c social, acatado livre e conscientemente pelos
indi-víduos, e que regula as relações entre os indivíduos ou entre estes
• Em itálicos no original.
e a sociedade (Vázquez, 1984). Quando se diz que tais normas são acatadas livre e conscientemente, deve-se ter em conta que não
consti-tuem uma disposição natural do homem, mas algo adquirido e
construído por ele em sua história. Porém, o indivíduo já encontra
dada esta moral, em uma determinada sociedade, e seu
comporta-mento ~ó .P?derá ser julgado moralmente por ele próprio ou por
cutros indivíduos, se seus atos morais ferem voluntários, partindo de sua vontade (Vázquez, 1984). Logo, o fato de ser aceito pelo in-d!v.ídu~ n~~ implica nUt;na atitude passiva, pois tal aceitação volun-tária significa sua condição de
sujeito
ativo
da moral.Retomando-se à definição de moral acima referida tal
condu-ta, fruto da atividade de relação do homem, das condições de sua
vida e trabalho, só se expressa numa dimensão social. Hiebsch e
Vorweg (1980) assim colocam:
"O h
ornem e um'
ser social e distingue-sedecisiva-mente .de outros organismos pelo facto de ele próprio
p:oduz~r as suas. condições de vida. As suas condições de VIda sao os objetos exteriores da sua actividade vital
que materialmente se colocam perante ele, e, ao mesmo
tempo, as 'forças essenciais do homem', as suas capac i-dades, habilidades, experiência, em suma, as condicões interiores, subjectivas, da actividade vital" (p. 35)>
O indivíduo é o agente moral em primeira instância, é ele o
executor da moral, porém isto só tem sentido se se encara o ato
mor.al enquanto refl~xo da sociedade, de sua superestrutura e, pri-manamente, de sua mfra-estrutura social. Sêve (1979) sintetiza este pensamento desta maneira:
" (._.. ) as relações SOCIaiS, no fundo, não passam
de relaçoes entre os homens (.,.) os homens são em
última análise, fruto das relações sociais ( ... )" (p.
i85).
Quanto à moral ser reflexo da estrutura social, Ash
(1965)
ján~o~tra.va tal relação de modo perspicaz: "não é por simples
coin-cidência verbal que expressões como 'valores' e 'bens' se
encon-tram, embora com diferentes conotações, no contexto da filosofia m~ral e da economia política" (p. 17). Isso nos diz de quanto a
Ética representa o estudo desta moral, pois segundo o mesmo Ash
(965):
50
Educação em Debate, Fort. 17_18jan.ldez. 1989"A Ética é o ramo mais prático da Filosofia.
Ocu-pa-se das ações dos homens, e como estas estão em
grande parte dirigidas para a obtenção dos meios de
vida, e para assegurar a continuação da vida humana,
a ética está intimamente associada à base econômica
da sociedade." (p. 17)
Ientro deste enfoque a moral é histórica, dependente do con
-I 10 de tempo e espaço, variando de sociedade para sociedade e
lI!111r de uma mesma organização social,' enquanto caminha seu
1'111 rcsso histórico. Por isso, tem-se uma moral tribal (primitiva ou
Iomunal) , uma moral escravista, uma moral feudal (aristocrática) e
11111 I moral burguesa (capitalista), e, quiçá, pode-se ter ou vir a ter
IIlIVUS formas. tais como uma moral socialista e uma moral
comu-111 tu, propugnadas por Marx ainda no século passado. Assim, em
I rdu época social aparece um modelo moral, genérico, e para cada
od dade, em cada momento histórico, uma ou mais morais efetivas
pccííicas, sendo que umas são dominantes ou encamam a moral
.lu
classe dominante, enquanto outras nem sequer são reconhecidas como moral, apesar de existirem na prática social (Vázquez, 1984).Nuo se pode perder de vista o caráter de classe da moral, a que
I' tivemos nos referindo. Numa sociedade dada, a moral dominante
c o moral da classe dominante, mesmo que haja espaço para o
rcício isolado da moral em outra classe. Assim compreendido,
r
em-se
a moral burguesa como dominante em nossa forma atualli,
organização social, caracterizada pelo modo de produção capita-li ta. Ao anacapita-lisar esta moral burguesa, Ash(1965)
elabora uma crí-tico que associa sua éticaà
Economia Política marxista:"A decadência moral da sociedade capitalista é a
conseqüência de um sistema econômico que não pode
absorver os valores que é capaz de produzir, e julga
lu-crativo desviar o esforço humano para a produção de
objetos ordinários, efêmeros e daninhos, desperdiçando com isso a capacidade natural do homem ( ... )" (p. 98) Se a moral é relativa, no tempo e no espaço, à sociedade a que pertence, toma-se óbvia a constatação de que é impossível aceitar
ti universalidade de um determinado código moral, numa sociedade
de classes. Ademais, é fato notório o caráter transitório, histórico, do sociedade de classes no desenvolvimento da civilização humana.
Ia mesma forma, dado que se precisa conhecer a realidade social
para identificar-se a moral existente, é também inadmissível termos,
aprioristicamente, uma doutrina moral a aplicar nesta sociedade,
negando a realidade concreta dos indivíduos que a formam. E, se
o contexto social muda, se transforma, se nega e se repete, em parte
e de forma distinta, como se pode ter uma moral determinista e
absoluta, válida para qualquer situação? Essa mudança conduz
à transformação do nosso modelo social, para o de uma sociedade
igualitária sem divisão de classes. Então,
poder-se-á
falar de umamoral universal, no sentido de que se constitui numa moral para
todos, por todos compartilhada. Como se verá mais adiante, tal
só poderá acontecer quando houverem condições históricas para
tanto. Vázquez (1984) nos esclarece a respeito:
"A história nos apresenta uma sucessão de morais
que correspondem às diferentes sociedades que se
su-cedem no tempo." (p. 40)
Por ser a moral algo tão mutável e diversificado, torna-se
im-praticável ter a Ética como unificação de todas as morais possíveis,
de todos os tempos, ou ser uma doutrina específica que apenas se
adapta, quando o faz, a uma determinada realidade social.
Porém, se se tem a ética como ciência que estuda o
compor-tamento moral, elegendo como seu objeto de estudo a moral dos
homens em sociedade, está-se falando da ética científica e não mais
de doutrinas éticas (ética filosófica). A Ética, nesse sentido é o
estudo sistematizado do comportamento de relacão do
homem, O
homem é um ser social no sentido em que sua individualidade é
produzida no
=
de condições sociais objetivas, condições estas!?eren~es ao conjunto das relações sociais:, de que é fruto e que
constituem o seu processo real de vida , segundo Sêve (1979).
A!é~ disso" s.uas relações se estabelecem no plano da práxis, da
atividade pratica que se desenvolve na sociedade, em determinado
momento de seu desenvolvimento histórico. Sua essência é o
tra-balho, a transformação da natureza e de si mesmo através do viver
criativo e . produtivo (Vázquez, 1984). O homem produz coisas e,
ao produzi-Ias, produz relações sociais com outros homens. E a
di-mensão meral deste processo é o efeito que tais relações provocam
sobre os outros homens, grupos e sociedade como um todo.
,. Enquanto ciência,. a Ética busca, de forma objetiva, racional e
crítica, estudar e explicar o comportamento moral do homem sua
~eterminação, sua realização e seu progresso, tendo por base a
rea-lídade
concreta, bem como propor alternativas para uma moral maissatisfatória, mais_ dese~vol~ida e mais justa, mesmo que suas
hipó-teses e constataçoes nao sejam levadas em consideração, ou venham
52 Educação em Debate, Fort. 17_18jan./dez. 1989
imiladas, pelas forças que fazem a história da sociedade
Neste sentido, tem-se a partir de Ash (1965) que:
" ( ... ) o marxismo é uma abordagem totahnente
ra-dical da questão da moral, porque prevê uma
modifica-ção fundamental nas condições mesmas sob as quais se
processam as reflexões sobre a moral." (p. 93)
A
exemplo do que faz Marx com a dialética de Hegel, V ázquezI 11)1{4) vira ele ponta-cabeça a perspectiva ética, fazendo-a
assentar-l obre a realidade concreta dos homens: "a ética revela uma
rela-lU entre o comportamento moral e as necessidades e os interesses
• ll1U1S' (p, Iü).
Esta ciência ética se propõe a investigar o progresso moral que
rcompanha o progresso histórico-social. Para tanto, Vázquez (1984)
nomeia alguns critérios de análise deste progresso: ampliação da
c fera moral na vida social, elevação do caráter consciente e livre
. da responsabilidade sobre o comportamento moral, e o grau de
urticulaçao e coordenação dos interesses coletivos e pessoais. Com
tudo isso, pode-se ter em mente que, quando se estuda a realidade
concreta dos indivíduos e se teoriza sobre sua prática moral, têm-se
corno resultado não uma ética especulativa ou metafísica, mas um
comprometimento histórico com o poder de transformação da
rea-lidade pelos homens, com a busca de uma sociedade mais
iguali-tária.
Quando leva em conta as forças sociais que impulsionam o
desenvolvimento e o progresso morais, que são, ao mesmo tempo,
contraditórias e antagônicas, resultando em avanços e recuos,
signi-ficando mudanças quantitativas e conseqüentes saltos qualitativos,
a
ciência passa da perspectiva ética para a dialética, tendo a visãodo todo da dinâmica da sociedade. Nessa perspectiva, constata-se
que a moral existente é uma moral de classe, portanto relativa a
uma sociedade de classes, o que impossibilita sua universalidade.
Só haverá uma moral universal quando as condições históricas o
permitirem, isto é, quando houver a passag~~ da sociedade.
burgu~-sa a uma sociedade sem classes. Isso é
utopico,
enquanto Ideologiarevolucionária e transformadora (Lowy, 1985). Para tanto, para
que haja tal mudança social, é a moral proletária, se~undo
Váz-quez (1984), que preparará a passagem a ~m.a mora.l
~~IVersal~e~-te humana. Pois, na perspectiva do materialismo histórico e
dialé-tico, é a classe que, objetivamente, detém as condições e os
interes-ses relativos à transformação para uma sociedade mais justa e
igua-litária. Porém, não é a moral que transformará a sociedade, mas
a consciência do homem de ser sujeito da história que o levará a
intervir na transformação de acordo com as condições reais
exis-tentes na sociedade (Vázquez, 1984). Tomemos a discussão de Ash
(1965) a esse respeito:
" ( ... ) na medida mesma em que o capitalismo,
deixa de justificar as esperanças econômicas e
éti-cas
(*) que foram a força de sua vitória sobre ofeu-dalismo, estará preparando o caminho para a sua
pró-pria substituição ( ... ) outra forma de organização so
-cial é possível; e isso depende de terem as forças pro-dutivas atingido tal nível que uma expansão maior seja
impedida não pelos limites da capacidade humana, mas
pelas restrições arbitrárias impostas no interesse de uma classe dominante." (p. 100)
Para Vázquez (1984), as características de uma moral
univer-salmente humana - o que só é possível, dito mais uma vez, em
uma sociedade sem classes - implicariam "numa mudança de
ati-tude diante do trabalho, num desenvolvimento do espírito
coleti-vista, na eliminação do espírito de posse, do individualismo e do chauvinismo" (p. 39), logo, numa sociedade universalmente hu-mana.
A ciência ética tem a tarefa de resgatar a história e o
desen-volvimento morais da espécie humana, desde suas formas mais
pri-mitivas ou primordiais de organização social até a presente
socie-dade tecnológica, verificando erros e acertos cometidos pelo
ho-mem, suas conquistas e avanços morais e as perspectivas de um
aprimoramento moral da humanidade.
E
não pode nem devees-quecer-se de que a moral é fruto das relações concretas dos ho
-mens, parte da superestrutura ideológica da sociedade. Marx (1984) deixava isso claro:
"Não é a consciência dos homens que determina a realidade; ao contrário, é a realidade social que deter-mina sua consciência". (p. 83)
A análise da questão ética da Psicologia se dará a partir desse
referencial de estudo, tomando a ética numa
démarche
histórica edialética, em sua perspectiva crítico-social.
•. Grifo meu.
54 Educação em Debate, Fort. 17_18 jan.ldez. 1989
, A PSICOLOGIA ENQUANTO
TEORIA
_
o 'A' d volveue C?n
. d t toda CleOCla,se esen ,
tonca-A Psicologia, como e res ~e condições determinadas
íus
,enten-unuu a oesenv~lve~,se d~t~~os
Lowy
(1985):"h
impos~\Veldeuma11I.ntc. A respelt~ ISSO IZ uma ideologia, de uma te,orla, outra,
ti
'l' o descnvolvlme~to -~ja religiosa, científica, fi1osóf~c~:nto dasI
irma
de pensamen o, s ocesso mesmo de desenvov 6 Sendollcsvinculadamente h~o ,~r da economia política" (p,AI t)o'polo(Y}a
.' da lstona, 'd f\n r Ç!'
tusscs SOCiaiS, d bramentos da Filosofia, ou a - se
carac-d 'lf mos esmem . ind naO
um os u I. ' I XIX) a Psicologia
am
a bjeto uno"i1osófica (fmal d~Ase~u °dtl1t~ 'dada a ausência de u11l
°
Itado de. uma ClenCla a, , ' o resu .
terrza como r metodologia unitána. Isso e ecem
mUI-de estudo e de _u~a ua área de investigação, onde apa~nicas
(Ja-uma fragmentaçao e s A
índe
endentes e antago intetas "psicologias", hete!ogen(~;;9) Icol~ca este problemada segu
liassú, 1977, 1979). Seve
maneira: dade esta
. d eja na ver ,.'
" ( ... ) esta ]uventu e" ou seta, de iniCIO,na persistente imaturidade, mantfes~a-~e,~Og;siCOlogiaa
re~-incerteza em que se. enc?ntra :;n s: colocaa toda a ~~ eito da questão mais
vital
q b'ecto (. . .) ~ncia: a da definição ri~or~sa do ~~~~eJque pretende- da própria essenCla daqUI
captaçao .A ." ( 87)
tituir-se como
cíencia '
p,cons tU-se o
I fragrneno . as abordagens. teoria e
esco
a~, , com relaçãoOra, vanaram. d ciência sem coerencla,
"psicolo-. temológ1co a nova '. - MUltas
espaço epis d ao método de investlgaçaO, d' ão de
ciên-ao objeto de estu o e a delas defendendo sua con lÇ ualquer gias" aparecerau:, c~~~~Fs sua cientificidade. Fe:hadas ~a;a a Psi-cia e negand~ ~~as ue resultasse em desenvo\vlmen~erseuS "gue-confr?nto de, ldel de ~rawin (198'5) passara~ a defe~crítica episte-('ologla, no dizer " "e a se tornarem Imunes a, 1979) con-tos teórico.meto~o~oglc;~bre tal característica Japiass~ ('psiCologia',
mológica necessana. f ível falarmos, ao invés e
lui que "talvez fosse
pre
en .he
'
c
.
I" '(p 21) ego
PS!Cem 'ciências ?SICOoglcaS . ~ificado de Psicologia,do ~ lanchthon Etimologlcamente, o
sig
ia
(vocábulo criado por eses
eíe-e
do latim científicoPSYC~O\Og,
"ciência da natureza,funçoqueevi-e vulgarizado por Goclen~~e' h:manas" (Cunha, 1986)'d~s psicoló-nômenos da alma ou ~:física e essencialista dos ,est~ psicologia,
dencia a natureza m e toma um dicionáno e
.' . No entanto, se s
gicos ong1l1als. 55
em Debate, Fort. 17_18 jan./dez. 1989 Educação
de publicação recente, tem-se u " ·A •
pode ser definida como a
procu
q e * enquanto ciencia, a psicologia~a vid~ mental" (Richaudeau, ~~7~1 ~ um conhecimento objectivo
ler. o nsco de adentrar no domínio· ~st.e .caso, apesar de se
cor-~ah~mo, deve-se reconhecer a inci
iê
sU?Jettvlsta. e abstrato domen-encia, pois ainda é busca p encia da psicologia enquanto
ci-Originalmente, a psicologia era m ' .
~~a concepção normativa e t d etafísica e ontológica, com
é
.tico
e po IttCO _Ií .
como definiuranscena.' ental do hornem - carátercional dos comportamentos de con! R.las~~, (1979): "explicação
ra-1
e, para, rei~indicar a si o estatut~le~cla" ~~. ~ 1,~.Posteriormen-har-se as CIências naturais e ClenCla, tenta
asseme-:r~~mo ao organicismo e a~ peO~itis~u experimentalismo, chegando
e do humano. Ao comentar esta i~~~umeAo,.emJ b~sca, da
"objetívida-neta apiassu (1979) a uma:
fi
" (
. . . .. ) enquanto cristaliza - d "
pmsmo desempenhou . çao e uma Ideologia, o
em-1 d. e contínua a de h
pe e onentação ou de
1.
_
sempen ar umpa-dit . ,. cana lzaçao na·
.-.1as científicas da psicolo ia ( s. l,nvesttgaçoes
nstas são levados a sub t~ ... ) os psicólogos
empi-dades do sujeito". (pp. 2;~4u;ar, por completo, as
ativi-Ao longo do seu desenvolvime .
ref~exologia, behaviorismo psi nt,~: surgrram variadas escolas
mo existencial, para citarmos' a cana ise, g~staltismo e
humanis-s.er:va, até hoje, a dicotomia ent~:nas as mais .recentes. Mas
con-cujos modelos são hermenê
ti
um~ perspectiva mais filosófica".
clen.l ica , que utilizatífí
"
modeloseu ICOS oud 1Ot· '.A e~pretattvos, e outra mais
c~log~a clínica e a psicologia a~ ciencias naturais, entre a
psi-piassu (1977). expenmental, na classificação de
Ja-Todas as "psicologias" tentam
-nos, .sua conduta _ "respostas siestudarificati o homem "oou pel
me-ser VIVO, em situação i t 19m icativas através das qu .
e
ilíb . ' negra as tensõe aIS oo e~Ul I no do organismo" (J a. ,s que ameaçam a unidade
o fa~ a sua maneira, enfocando piassu, 1977). Porém, cada uma
negligenciando os demais p d aJ'enas um aspecto deste homem e
110. A reflexologia vê o" h er en o, assim, a visão do todo hum
-behaviorismo enquanto comporta enquanto instintos e reflexos. a
quanto manifestação do 1.ncPoonra~ento observável; a psicanálise 'en~
c _ scíente: o taltí
epça~ e cognição; o humanismo : g.es a tísmo enquanto
per-de e intuição . existencial enquanto suboJe IVI a-
ti
id*
Em itálicos no original.56 Educação em D be ate, Fort. 17_18 jan.ldez. 1989
Jl ieologia dita científica nasceu no âmbito positivismo
com-I 11111, quundo a filosofia e a metafísica deixavam de ter
significa-\11 p\1' as ciências da época (séc. XIX). Mas o que interessa
sa-t"
Itlu
p ~itivismo, em sua influência para a psicologia? Lowyes-111\ cc: "a pressupo~ição fundamental do positivismo é de que
\ I
i' que regulam o funcionamento da vida social, econômicalul
lia,
são do mesmo tipo que as leis naturais e, portanto~ o1\" I ina na sociedade é uma harmonia semelhante à da natureza,
111\\ .spécie de harmonia natural" (1985, p. 36). O que significOU
\' " , ciência tal postura metodolóf!:ica, como leitura da realidade,
I ume-se nesta análise de Kosik (1976):
"A
imagem fisicalista do positivismo empobreceu omundo humano e no seu absoluto exclusivismo
defor-mou a realidade: reduziu o mundo real a
uma única
(*)dimensão e sob um único aspecto, à dimensão da
exten-são e das relações quantitativas ( ... ) a realidade não
se
exaure
na imagem física do m\mdo. O fisicali<;mono-sitivista ( ... ) negou a inexauribilidade do mundo
obje-tivo e sua irredutibilidade à ciência, que é uma das
te-ses fundamentais do materialismo; ( ... ) empobreceu o
mundo humano, por ter reduzido a um único modo de
apropriação da realidade a riqueza da subietividade
hu-mana. que se
efetiva
(*) napráxis
c:') objetiva dahu-manidade". (pp. 24-5)
O materialismo detcrminista passa a fun~amentar as ci~nrias.
c a 'PskolOj!ia é transposta do terrero dos valC"rf's para o dos
fa-tos. Surge a preocupação com as medidas (nsiC'o{ísica), com a
nuan-tificacão; pretencle-se a ligac80 com a fisiologia e a anatomia, e
busca-se a exnerimentação. ~ fun[lamental que se esclareca. aqui, a
sub!'tancial rlifprenca entre materialismo mecanicista (vulgar) e
ma-teriaHsmo dialético; tomando por base o que aquele
é
e este nãoc
é: determinista absoluto, a-hist6rico e tendo a visão de homemcomo objeto e não como sujeito de ação sobre a natureza.
A
previsibi1idade passa a ser a exigência básica para acondi-ção de ciência. e a individualidade humana o domínio do estudo
psicol6gico. Isso terá como conseqüências a ênfase no controle dos
indivíduos e a perda da dimensão "transindividual" do
comporta-mento humano (*) - o que resulta no individualismo psicológico
• Em itálicos no original•• O conceito de transindividualidade. foi proposto por Goldmann (1972), en
-quanto aspecto constituinte da pessoa, complementar à individualidade, que
representa o sujeito coletivo e histórico.
homem enquanto ser social,
histó-\' 1110piu esquece-se do . di íduo e fazendo-o objeto
. 1 do o como m 1V1
li
II 111IllImador, 1S0 an: mesma psicologia que o exp ica
'11 ti li c tudo. Esta e a nícistas impotente diante
dici
mentos meca, .'11111I tlllld de con 1C1?na t olado por forças instintivas
m-. bientals ou con r
1I 111111IIp 1\'!OS am . 'r a todo o custo.
ItllI li' quais deve repnmn _ d comportamento relacional
. . V1sao o
I' ItI· . desta mane1ra, a . . emanam da estrutura
, d forças SOCiaIS que . "
r
""111
mo
,
fruto. , e. . ftui.cões políticas, ]Und1cas, r.e 1:c
tornamvi
s
rveis
nas ,11:S1M'
t1
ondição que constJtU1. d t d espec1e. as a c '" ~ .
I 'ulturals e o a a . ulada diretamepte a eX1stenc1a
I I I1'lu humana real, ~oncret:~c~~~~de e época, não o torna um
tlll 111111\111 numa determm~da P Ia consciência, sobretudo pela
~ons-I 11'
lv
diante domun
o. e i o direito de ser livre,h Pode tomar a s id E
tiri , . cial, este ornem di - externas de sua V1 a.
n-f - o das con içoes d
1I
11
11scur a trans ormaça upado furtando-se e serI' •
lozi
-
tem se oc ,11111\111, disso a PS1COogia naoh mas e principalmente, para
.~ . sobre o omem, '
1110 apenas a C1enC1a , .
Il
por ele. , . momento, a constatação ob~laNão nos causa especie, neste, . ltd1'das no item antenor,
. d trinas etlcas at . íd /
". que, aSS1m como as ou d h m enquanto ind1vl uo
p~s-li!>. "p icologias" esqueceram-se °h' °t6mre1'aAmbas as ciências, ttlca
. "'t de sua 1S . . ~
a social e ativa, SUje10 t • to epistemo16oir.o, servm o
. o mesmo rale . lh
P tcología, perccrrem 1 ou psico16g1co, que es
h enquanto ser mora . 1 .
1\ xplicação do ornem, . d d No âmbito da PS1COogia,
f d m:nantes na SOClea e.
igem as orças .. ~ I
J
iassú (1979) alerta:om mais espec1f1c1dade, ap .
,.d logia de reserva' que
" ( ... ) a psicologia é. uma t. eo '( ) é solidária
. d .d
1
gla dommante ,.,é 'reforço sutil a: eo o . ue no máximo, tolera
de um conservadonsmo v1gorosO q. d'· íduo para não (*)
. . ~ . 'mudar o m 1V1
um reform1smo mgenuo. d o l'nd1'víduo na
esp
e
-d 1·al - mu ar .
mudar a or em soe . 1 ( )" (p. 38), .
rança
(*) de mudar a ordem SOC1a .. ,. . 1 ra a intenção daqueles que se
utili-No primeiro caso, fica c ~ praomático-utilitarista, e,. por
zam da Psicologia, e:n sua
~:~to:
O
segundo caso, o poderisso, visível e con;batl~el. No d r 'pois infunde uma esperança
ideo16gico ainda e I?-a1s ~~e~~~lt~~entc para uma luta em b~sca
vâ
que serve de freio e .~ C1'a das condições reais eC4 _' 1 para a conscien 1
da transformaça~ SOCla ~ di 'd os respectivamente. Para comp
e-concretas da vida dos m 1V1 u ,
(Goldmann, 1972; Fonseca, 1985; e Leitão, 1985). Questões como
a intencionalidade e a consciência do sujeito são relega das a um
segundo plano, sendo retomadas só posteriormente pelas investidas
Ienomenológicas e dialéticas. Prioriza-se o método em relação ao
objeto de estudo, além de tomar-se o homem apenas como objeto,
dentre outros, e não enquanto sujeito de sua experiência (Japiassú,
1977).
Contudo, por trás da opção teórico-metodológica, está uma
posição filosófica ou ideológica, já que, como diz Lowy (1985), "não
existe uma verdade objetiva, neutra: existem verdades que resultam
de um ponto de vista particular, vinculado a certas convicções po
-líticas e religiosas" (p . 71). As filosofias básicas que subsistem no
campo da ciência são o empirismo, a fenomenologia e a dialética.
No caso específico da Psicologia, o ernpirismo representa a maior
força na formação de psicólogos (Iapiassú, 1979), Escueceu-se, assim,
de seu objetivo de "ciência humanitária" e de "ciência da
liberta-ção", quando assumiu um embasamento filosófico que não a faz
uma ciência independente, nem uma ciência do homem. Sua
inde-pendência em relação a outras disciplinas, se existe, não lhe permite
contrapor-se às exigências do sistema (capitalista) que a inspira e
que lhe cobra uma função alienadora e ideológica.
Porém, o maior agravo sofrido pelo homem, enquanto ente
epis-temológico da Psicologia. se deve ao esquecimento de sua condição
de existente, de ser histórico, criador e transformador. Visto como
resultante de forças ora externas ora internas, sem consciência do
que se passa ao seu redor e sem poder de mediação dessas
condi-ções, o homem deixa de ser dono de si mesmo e, cada vez mais, é
prisioneiro passivo de um destino imutável.
No que diz respeito diretamente à ciência ética, que se ocupa
da moral como objeto de investigação, a Psicologia" em sua forma
tradicional, a que se reportou até então, merece uma crítica
obie-tiva de sua construção teórica, pois a ética perpassa a elaboração
teórica mesma da ciência psicológica e. não apenas sua aplicação
prática.
A
teoria cumpre a função social de explicar a realidade, oque, por vezes, assume um caráter ideológico de justificação desta
realidade. Como nos diz Drawin (1985) em seu artigo a esse
res-peito:
•• ( ... ) então a discussão ética não pode ser
tangen-cial
à
teorização psicológica, mas deve ter um alcanceepistemol6gico, isto é, interferir no complexo processo
de seleção, legitimação e invalidação de teorias". (p. 15) '" Em negrito no original.
58 Educação em Debate, Fort. 17_18 jan./dez. 1989
t 17_18 jan.ldez. 1989
Educação em Debate, For .
mentar esta crítica do problema ético da Psicologia, deixa-se o cam-po da ciência, da teoria, e passa-se, em seguida, ao domínio da pro
-fissão, da prática psicológica.
3. A PSICOLOGIA ENQUANTO PRATICA
A crise ideológica da Psicologia não é constatada apenas ao
nível teórico. No que se refere aos aspectos técnicos e práticos,
tor-na-se mais concreta esta sua condição de "instrumento de
aliena-ção", para utilizar uma expressão de Merani (1977). Enquanto
téc-nica, ou tecnologia, a Psicologia se desenvolveu no sentido de
pro-piciar instrumentos para garantir o controle e a previsão do
com-p0rtamento. O condicionamento humano passa a ser explicado e
aperfeiçoado "cientificamente", oferecendo condições mais
favorá-veis de aplicabilidade. Merani (1979) denuncia que a tecnologia
psi-cológica e a Engenharia Humana vêm utilizar, na prática, o arsenal
tecnológico da Psicologia - esta ciência que passa a servir, não ao
homem, que se liberta pela consciência, mas ao sistema que o
ex-plora, aliena-o de si mesmo e de seu trabalho. A preocupação maior
é com a eficácia e não com a ética do trabalho com o ser humano.
Esta crítica situa-se mais em relação
à
sociedade industrial, dado que é justamente nela que floresce a "psicologia científica", e tocamais de perto, em alguns momentos, a Psicologia Comportamenta_
lista, dada a sua filosofia pragmatista e utilitarista, a sua opção
vi-sível pelo observável e controlável, e o seu desprezo pela
consci-ência em prol da eficiência. Mas não tardaram, também, os
oues-tionamentos acerca de outras abordagens que, de uma forma ou
de outra, têm contribuido para uma visão individualizante, adapta
ti-va,
:
desconectada com a crítica sócio-histórica e com as questões bá-sicas da ciência ética.Ora, o instrumental da Psicologia revela-se, por si só, num
complexo arsenal a serviço da manutenção do
status quo,
criado edesenvolvido para servir
à
sociedade industrial. Os testespsicoló-gicos, os processos de recrutamento, seleção e treinamento de
pes-soal, a manipulação de incentivos no trabalho,
et cetera,
sãoexem-plos disto. Por outro lado, o instrumentalismo psicopedagógico e a
psicanálise, como de resto todas as psicoterapias, vêm
complemen-tar, não enquanto intenção mas como conseqüência, a atuação do
behaviorismo para os intentos da Engenharia Humana, que mais
60
Educação em Debate, Fort. 17_18 jan'/dez. 1989
BCH
-
PER'OD
iCO
.~
11111 l' do que
lIIylol iuna. (*)
o avanço da proposta da Administração Científica
Em resumo, é o que aborda Yamamoto (1987):
. h
'
or-" ( ) a psicologia segue o mesmo
carmn
o op. .. . . t ( ) quanto
tunista' tanto com a orientação tecnicis a
1'
"
.
' ditas 'humanistas' de se co ocar acima
nas abo~dadgens mo 'mediador' _ das contradições
irr~-- ou am a co .
d d
tneutrali-conciliáveís de classe, numa atítu e e supos a dade científica". (p. 23)
.
. I"
·
o que se observa é aN stas e noutras !eCnoJ~gla~ ps~c~.o~~ca~, pela exacerbação da
I
Hls
ibilidade
de mampulaçao o Ir ~VI ~o' pela massificação de \I I individualidade, pela sua pate oglzaçdaq'uados ao sistema, peloid d
ft
des e comportamentos a e. . 1nrc
I a es, a I u d t Ia abstracão do SOCla etuntrole e direcionamento da. c:..0n uá~ic~se da sociedade-. Desta
ma-pelo ocultamento das contradições fb de
doutrinacão
éti
c
a,
de11.ira, a Psicologia toma-se uma .
.
ntohumano
disso~iada de umaJlI' iscrição normativa do comportamen o . 1'I'tI'COpara a
liberta-. h' ,. de um compromISSO po
Idtica SÓClO-istórica e . f - estrutural da
çuo do homem, numa perspectiva de trans onnaçao
oci dade., . . seus teóricos e aplicadores, retomar a
Cabe a Psicologia, aos _ ocial Esta Psicologia, nova,
qu
.
s
tão
ética, nos termos de sua funiaod~finicão de Merani (1977):I''fere-se a algo que transparece nes a ,
. I . (
)
teoria e prática"Entendemos por pSICOogia .... ' 1 do
do que há de científico em nosso conhecimento ~er:(Jem
humano que inclui, necessariamente, tanto a irn b
,
bi
ti quanto oscon-d . di íduo em sua realidade su je iva,
o m IV1 . _ bi I' . a
teúdos objetivos derivados de sua orgaruzaçao 10OgIC,
das inter~cões com os demais seres humanos e com o
meio físic~ e social". (p. 77) .
f 1 - o teórica básica, passando pela
in-Por isso, desde a 0r~~ aça.
I"
ca na sociedade é essencialvcstigação
séria, até a praxis PSIC? OgI f r mas eprinci-o que
eo como
aze, ,gue se questione não apenas
. ,. Ta lor se baseia no controle das
• A Administração Científica proposta dor
<1
tividade e na justaposição dovariáveis ambientais para o aumento a pro _uo A Enaenharia Humana é o
1 r certo" na orgarnzaça . _ .
"homemd certo noPostauga no sentiido da manipulação de variá.veis_ intetrnas e avançosubjetivasestadoprocomportamento. . re1açoe- s interpessoais, motivação e c.
palmente, o
para quê
e opara quem.
Buscando alibertação
(*) dohomem, n~o como .ind.iv.íduo particularizado, mas da pessoa
enquan-to ser social, transindividual, a Psicologia terá que se comprometer
com a mudança ao nível da transformação social e elaborar sua
teo-r!a e seu instrumental nesse sentido, no sentido de uma prática
libertadora,
4.
A PSICOLOGIA BUSCA SUA SUPERAÇÃOAlgo iá. se esboça na direção de uma psicologia conseqüente
e comprometIda com a transformação social, quando se toma o
co-nhecimento psicológico na perspectiva dialética e do
materialis-mo histórico ", Trabalhos sérios e de profundidade conceitual já
foram produzidos nesta linha por teóricos como Sêve
Rubins-tein, Leontiev, Hiebsch e Vorweg e outros, presentes neste
estu-do. Nesta busca se inscreve uma nova conceituação de ser humano,
e d~ seu comportamento, onde não se perde a visão histórica, social
e cna~ora do homem. Cabe à Psicologia, para Sêve (1979), a tarefa
de c~?ar uma teoria. da personalidade que leve em consideração a
relação entre necessidade histórica e liberdade individual entre a
p~icologia e a epistemologia, entre a ética e a estética. ~ 'o próprio
Seve (1979) quem realça a importância do materialismo dialético
para a Psicologia:
" (... ) o materialismo dialético ( ... ) definiu a úni
-ca tomada de perspectiva teórica e prática da psicologia
( ... ) que permite subtraí-Ia, por completo, ao espírito
aca-nhado das ideologias burguesas e às tendências para a
le-varem a servir interesses egoístas, até mesmo opressivos
- obstáculo essencial ao desabrochar de uma verdadeira
personalidade humana". (p. 67)
Uma tal Psicologia, que se proponha a participar do deseio e
~a, busc~ da libertação do. homem, que, como coloca Merani (1979),
so s~ra alcança da na existência em si e para si" (p. 29), deverá
pOSSUIr a~gu.ns pressupostos filosóficos, que aqui se toma a partir
d~ materialismo histórico e dialético, e que foram aventados por
Híebsch e Vorweg (1980):
*
?
conc~ito. de l!bertação para o materialismo histórico e dialétíco, não comolibertação ínterior, abstrata ou individual, mas como Iibertacão do coletivo
humano da opressão de um modelo classista e explorador de sociedade.
62 Educação em Debate, Fort. 17_18 jan.ldez. 1989
li (••• ) o aspecto histórico do materialismo fornece
I
ba
cs gerais para determinar a natureza do objecto'p'I'~ nalidade', e a dialéctica, os conceitos metodológicos
lndispensáveis para a análise deste objecto", (p. 61)
II
pr
upostos serão agora tratados.II pr lru'Iro deles refere-se à tese da
determinação
social
da
I "/lttlltllll{('. Causas externas determinam o comportamento, na
, Iti, "11 que outras causas externas e condições internas
con-li' li' liII'U tanto, Em outras palavras, a causa é refratada ou
re-I tltll
uruvés
das condições internas (Rubinstein, 1979; Hiebsch"li W\ • 1980). Serra (1985) não permite que se perca a visão
1111 I \11 desta questão, ao afirmar, de maneira sintética, que:
" ( ... ) a teoria do reflexo só é plenamente certa se se
a concebe dialeticamente, quer dizer, se ao mesmo te
m-po se destaca o papel do interno como uma condição
como um processo ativo de automovimento e auto de
-senvolvimento que repercute sobre o externo e o
trans-forma; por sua vez a dialética só é plenamente certa se
se a concebe de uma forma materialista, se se a entende
em seu vínculo indissolúvel com a teoria materialista
do reflexo". (p. 238)
Tomemos, agora, o segundo pressuposto. Relaciona-se ao
pro-() único de determinação social, que se dá através do
trabalho
uivídade concreta que liga o homem ao mundo. ~ a tese de
'1"
o desenvolvimento
da personalidade se dá através da
at
i
v
i
d
ade
" pe!« atividade.
Tal determinação se estabelece a partir de trêsco-'li' oes essenciais: homem-natureza (organismo-meio); homem-obie
-to. (sujeito-objeto); e homem-sociedade (personalidade-sociedade).
N
'stas três conexões o que se revela fundamental é a atividadehu-muna. Hiebsch e Vorweg (1980) resumem tal posição do seguinte
JIl do:
" (... ) a forma específica da interação pela qual o
homem, como organismo, sujeito e personalidade, está
li-gado ao mundo - a actividade vital concreta - é o
tra-balho
(*) ( ... ) o desenvolvimento do homem, da suapersonalidade, realiza-se na actividade e pela actividade".
(p. 62)
• Em itálicos no original.
Por último
,
tomemos o ccnceito de personalidade,
b
á
sico para
uma psicologia da personalidade
calcada no materialismo histórico
e dialético
,
e fundamental
para a Psicologia como um todo
.
Assim
c descrevem Hiebsch e Vorweg
(1980):" (
..
.
) a totalidade das características e
regularida-des individuais (come caso particular das característi
c
as
gerais do homem) que se formam na actividade vital
me-diante influências externas e que regulam a activa
interac-ção entre os homens e a realidade ( .
..
) aquilo com que
um homem
,
por si mesmo e com
re
lativa invariância
,
pode
contribuir para o confronto com o meio
,
e
principalmen-te com o m
e
io social
.
" (p
.
64)
~ nesse sentido que se entende a questão que se coloca entr
e
a noção d
e
indivíduo e a noção de pes
s
oa
.
Parece, à primeira vista,
que o individual refere-se ao que é particular apenas a um homem, já
a pessoa
,
por ser "transindividual",
traz em si o que é comum ao
coletivo humano. Esta distinção
é
de
fundamental
importância,
neste momento
,
no sentido em que delimita a fronteira
que separa
a psicologia do indivíduo, num modelo abstrato, de uma psicologia
da pessoa
,
enquanto
indivíduo concreto
(Sêve, 1979).A esse
res-peito
,
Rubinstein
(1979)é bastante claro:
"A pessoa é tanto mais importante quanto mais
re-pres
e
ntado
se dá em sua refração individual
o que co
-mum a todos os homens. As propriedades individuais
da
pessoa e as propriedades pessoais do indivíduo (quer dizer,
as que o caracterizam como personalidade) não são a
mes-ma coisa".
(*) (p. 417)Elabora-se
,
assim, a crítica da psicologia do indivíduo abstrato
,
que omite o indivíduo enquanto ser social e histórico. Ao mesmo
tempo, defende-se e reforça
-
se a necessidade de construção de uma
psicologia mais abrangente
.
Essa Psicologia, de suma importância,
enquanto verdadeira
ciência do homem, é o que propôs Leontiev
(1981):
"A tarefa que hoje em dia se coloca diante da psi
-cologia científica consiste em não limitar-se às
concep-ções gerais dialétíco-materialistas
acerca da essência do
pensamento
humano
,
sem
concretizar
exatas
concep-*
Em itálicos no original.64
Educação em Debate, Fort. 17_18 jan.ldez. 1989C
-PER ODiCOS
ç
-
s
aplicando-as aos problemas atuais do estu~o do pro
-.
ess
o de desenvolvimento da atividade,
das mteraçoe~,
da influência que exercem sobre estas as novas
condi-ç cs
sociais e os fenômenos
,
tais como a aceleração dos
mei
o
s e formas de comunicação
etc." (p. 34)
I'
1I
up
c
raç
ã
o
da psicologia tradicional e_pelo i~cremento ?e
IIIIV I
p
s
icologia, preocupada co~
as questoes J1aIore~ ~a
eXIS-I íunnuna.
com a necessidade de transformaçoes
SOCIaISest~-I 11 . .lcvc
se
orientar o esforço dos teóricos e aplicadores da
PSl-,
I
.
,
I. I~lu P
s
icologia eticamente mais conseqüente e
comprome-11 )J~RAÇOES FINAIS
r
'111u
-s
e
,
ao longo deste trabalho, contextualizar
a Pslcologia
uurinur
a crítica epistemológica que lhe é feita, bem co~o
VI~-11111111 11
um novo momento no qual ela surja como verdadeira
CI-111
I. do h
o
m
e
m e das relações que permeiam suas condut~s. O !o.co
li 111
ili
s
c escolhido foi a questão ética
,
numa perspectiva
SOCIO-I ,1111\
I. tipartir de uma leitura materialista-dialética
do fenômeno
111111 11. , • discussã
I'I
era
-
se que venha a servir como SUbSIdlOpar~ a
Isc~ssao
I. q\ll
tuo
é
tica da Psicologia ~~s .cursos ?e. fo~açao
de
psicólo-"
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