Mutação Gênica
e Câncer
Alberts, Fundamentos da Biologia Celular.
Câncer
• 1 em cada 5 pessoas morre câncer em países prósperos do mundo.
• Câncer não é uma doença única
• Câncer um processo microevolutivo
– O corpo animal pode ser visto como uma sociedade: as células são os membros
– Nascem, morrem, habitam, tem limitações territoriais e limite de habitantes.
Câncer um processo microevolutivo
• No organismo sadio, a regra é o auto-sacrifício, mais que a competição:
• todas as linhagens de células somáticas são
comprometidas com a morte, não deixam progênie, mas dedicam a vida a dar suporte as células
germinativas
• Pelo seu sacrifício em favor das células germinativas, as células somáticas ajudam a propagar cópias de
seus próprios genes.
O gene egoísta
• Todos os cânceres são doenças genéticas, pois se originaram a partir de alterações no DNA;
• Qualquer mutação que dá origem ao
comportamento egoísta irá colocar em risco todo o futuro do empreendimento
• Mutação + seleção natural em células somáticas = ingredientes básicos do câncer
• Câncer= células individuais mutantes iniciam sua prosperidade a custa de seu vizinho, mas no final destrói toda a sociedade e morre.
Em algum lugar do epitélio, uma
célula cancerosa se emancipa Morte ao sistema!!! Morte ao sistema !!!
Propriedades hereditárias do câncer
1) Células cancerosas e sua progênie se
reproduzem em detrimento das cell normais 2) Invadem e colonizam territórios reservados
para outras células
Tumor
Tumor ou neoplasma- crescimento incansável de uma massa de células anormais. Pode ser:
Benigno: células neoplásicas agrupadas em
massa única. A sua remoção caracteriza a cura.
Maligno (câncer): cell com poder de invadir
tecidos vizinhos.
Podem gerar metástases entram na corrente
sanguínea ou linfática e formam tumores secundários em outras partes do corpo.
Tumor benigno Tumor maligno Metástase Metástase Angiogênese formação de novos vasos sanguíneos
Oi, tudo bem?
Células de tumor benigno
Células de tumor maligno
Células normais
Seu lugar não é aqui...
TUMOR MALIGNO
Câncer
• São classificados de acordo com o tecido que lhes deu origem:
– Carcinoma: de cell epiteliais (90% dos casos de câncer maior proliferação e exposição)
– Sarcomas: de tecidos conjuntivos ou musculares – Leucemias e Linfoma: derivado cell
hematocitopoéticas e sistema imune – Melanoma: pele
– Glioma e retinoblastoma: sistema nervoso e olho. – Condroma: cartilagens
– Osteosarcoma: tumor dos ossos, geralmente se espalha ao pulmão
retinoblastoma
CAR CINOMA GLIOMA ME LANOMA Cond roma Câncer de mama
• Câncer tem características que refletem sua origem. Ex. melanoma continua a produzir células de pigmento.
• Dependendo da origem diferentes comportamentos:
– Ex. carcinoma de cell basal: raramente forma metástase, fácil extirpação e cura
– Melanoma rapidamente forma metástases.
Quando metastásico, quase impossível extirpá-lo fatal
Quantas células anormais são
necessários para iniciar um câncer???
• Mesmo em um câncer metastásico, é possível determinar a origem, o tumor primário.
• Originado de um órgão específico e provavel/e de uma única célula descontrolada que cresce a mais q suas vizinhas. Morte do paciente(1012 cell) 100 0.1 Crescimento típico de um tumor (ex mama)
Tumor visivel pela 1ª vez no raio X (108 cell) Tumor palpável pela primeira vez (109 cell) 10 1 Di âm etr o d o tum or em mm
A maioria dos cânceres derivam de
uma única célula
• Ex. Leucemia mielóide crônica: células anormais tem o cromossomo Philadelphia (translocação entre os braços dos crs 9 e 22)
• A quebra sempre ocorre no mesmo lugar uma única cell é a parental
Câncer DNA
• A maioria dos cânceres é iniciada por uma mudança na sequência de DNA.
• Ex. leucemia mielóide crônica: translocação 9-22 causa a quebra inapropriada de um gene
• Como resultado, parte do gene BCR (“Breakpoint Cluster Region") do cromossomo 22 se funde com o gene ABL do cromossomo 9. Esta fusão anormal dos genes gera
uma proteína de 210 ou 185 kD (proteína bcr-abl)
• Sucessivamente, bcr-abl ativa uma cascata de proteínas que controla o ciclo celular, acelerando a divisão celular.
Câncer DNA
• Uma relação entre carcinogênese ( geração de câncer) e mutagênese ( produção de mutação no DNA) é clara para 3 classes de agentes:
1. Carcinógenos químicos (metais, pesticidas...) 2. Radiação ionizante ( raios X, UV)
3. Vírus (introduz DNA estranho na célula). Ex. HPV
Quantas mutações são suficientes?
• 1 única mutação não é suficiente para converter uma célula sadia típica em uma célula cancerosa descontrolada.
• A gênese de um câncer requer, como regra geral, vários acidentes raros e independentes na
mesma célula.
• Estima-se de 3 a 7 eventos mutacionais para transformar uma célula normal em cancerosa. • Para maior partes dos cânceres a chance sobe
muito com a idade – tipicamente em progressão geométrica
Desenvolvimento do câncer
• Para cânceres sem causa externa conhecida longo período entre eventos causais e o
estabelecimento da doença.
• Ex. câncer pulmonar 10-20 anos de fumo intenso (crescimento
Hiroshima: bomba 8 anos
The Immortal Life of Henrietta Lacks
A vida imortal de Henrietta Lacks:
- Mulher negra, que morreu em 1951, de câncer de colo de útero; - Foi a fonte da linhagem de células HELA, as primeiras células humanas capazes de serem reproduzidas fora do corpo.
- HeLa Cell – usadas para desenvolver a vacina da poliomielite, linhagens vendidas até hoje.
Dividir para conquistar: Uma céll HeLa se dividindo em duas novas células (verde= crs)
Genes do Câncer
1) Oncogenes: facilitam a transformação maligna
(acelerador- herança dominante) Genes
mutado promovem ativamente a divisão celular
2) Genes Supressores de Tumores: bloqueiam o
desenvolvimento do tumor por genes reguladores envolvidos no crescimento celular
(freios – herança recessiva) genes mutados não reprime a divisão celular.
1) Oncogenes
• afetam o crescimento e desenvolvimento celular normal
• Se uma mutação alterá-lo (ativá-lo), a cell tem crescimento descontrolado, tornando-se
maligna
• O alelo normal é o proto-oncogene (não ativado)
1) Oncogenes - acelerador
Gene normal ( crescimento celular regulado) 1ª mutação – leva a divisão celular acelerada1) Oncogene
• Ativação de proto-oncogenes
• Ex. oncogene ras originário de carcinoma de bexiga
• O Oncogene e seu proto-oncogene diferem em uma única base = mutação pontual de efeito dominante
Mutações estruturais
Podem induzir a ativação de proto-oncogenes2) Genes de supressão tumoral
• Seus produtos bloqueiam o crescimento anormal e a transformação maligna
• Herança recessiva só se expressa se ambos os alelos forem alterados.
Gene normal (crescimento celular regulado Primeira mutação Segunda mutação (leva ao câncer) Sem freios Sem freios
Gene supressor de tumor Gene supressor de tumor
Progressão do Tumor
• “ a maioria das pessoas morrem de outras doenças antes do câncer ter tido tempo de se desenvolver”
• Mas há fatores que podem aumentar a velocidade do processo:
(1) Velocidade de mutação
(2) Número de cell mutantes na população (3) Velocidade de reprodução da célula
Causas evitáveis?
• Fenótipo = genótipo + ambiente
• Desenvolvimento de um câncer: vários fatores, entre constituição genética e ambiente.
• Mudanças no ambiente podem reduzir drasticamente as chances de desenvolver quase todos os tipos de câncer.
Cânceres Familiais
Algumas famílias apresentam risco de câncer acima da média;
• Retinoblastoma • Tumor de Wilms
• Polipose de cólon familiar • Neurofibromatose tipo 1 • Câncer de mama familial
Retinoblastoma
• Mutação em gene supressor tumoral • Incidência 1 em 20.000 nascimentos • Diagnóstico seguido da remoção do
olho
• 40% hereditários, criança herda alelo mutante rb1 e sofre mutação
somática no alelo normal ( rb1)
SERRANO, Martha Lucía and YUNIS, Juan José. Identification of three new mutations in the RB1 gene in patients with sporadic retinoblastoma in Colombia. Biomédica [online]. 2013, vol.33, n.1, pp. 53-61. ISSN
0120-4157. http://dx.doi.org/10.7705/biomedica.v33i1.643.
Banda extra presente somente no tumor, mas não no sangue
tumor
Tumor de Wilms
• Tumor renal embrionário (nefroblastoma) • Alteração em 11p13
• Sindrome de WAGR (alto risco de tumor de
Wilms, aniridia, anomalias genitourinárias e retardo mental)
Polipose do Cólon Familiar (PCF)
• Câncer de cólon: 15% dos casos (dos + comuns) • Distúrbio autossômico dominante
• Incidência: 1 em 10 mil pessoas
• Remoção dos pólipos inibe a malignidade • Gene candidato CC em 5q21
Neurofibromatose (NF1)
• Distúrbio autossômico dominante
• Afeta sist. Nervoso periférico e há grande número de
neurofibromatomas (tumores benignos que eventual/e podem virar malignos
• Gene NF1: 17q11.2 gene de supressão tumoral
Câncer de Mama Familial
• Câncer de mama: forte componente genético
• Incidência: 10% das norte americanas,
• risco aumentado 3X se uma parenta de 1º grau for afetada • Aumentado até 10X se + de 1
parenta for afetada • Herança dominante
Gene BRCA1
• é um gene humano que pertence à classe dos genes
supressores de tumor, que regula o ciclo celular e
previnem a proliferação descontrolada.
• Algumas variações do BRCA1 levam ao risco aumentado de câncer de mama.
Extirpação preventiva dupla dos seios
após a descoberta da mutação no gene BRCA1 aumentaria as
probabilidades de ter câncer de mama (87%) e de ovário (50%)
Cura
• Tão difícil como se livrar de ervas daninhas • Remoção cirúrgica
• Drogas citotóxicas • Radiação
• Tratamentos são tóxicos a cell normais
• Mesmo que poucas cell Cancerosas permaneçam e tornam resistentes a drogas.
• Curas efetivas para alguns casos já foram estabelecidas
Fosfoetanolamina
• Fosfoetanolamina é um componente importante dos lípidos que compõem as membranas celulares.
• também pode atuar como um sinal molecular que ativa certos processos celulares.
• Embora alguns estudos sugerem que o composto pode matar células de cancer em células isoladas e ratinhos, não está
totalmente claro como o composto produz esta resposta.
• O bioquímico Durveni Maria no Instituto Butantan, acredita que o composto pode ser importado para células tumorais e, uma vez lá dentro, os processos de gatilho que causam a célula a se
autodestruir. Imunologista James Venturini na Universidade Estadual Paulista e seus colegas descobriram que a
fosfoetanolamina pode modular a resposta do sistema imunológico ao câncer ou afetar a divisão celular
http://www.nature.com/news/brazilian-courts-tussle-over-unproven-cancer-treatment-1.18864
• células tratadas com Pho-s 2,30 mg / ml de IC50 EAT
demonstrada a viabilidade
celular reduzida (** P <0,001) e integridade da membrana
apresentado extensa coloração dupla com PI na cor rosa (flechas e círculo), acompanhado por um aumento de células em
apoptose. As células de controle não mostraram qualquer
alteração na estrutura da membrana e consistiam
principalmente de células vivas com núcleos azuis manchados
Ferreira et al, 2012- Anticancer Effects of
Synthetic Phosphoethanolamine on Ehrlich Ascites Tumor: An Experimental Study
http://ar.iiarjournals.org/content/32/1/95 .full.pdf+html