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Habitantes de Angola, e de Benguela; naturaes ou domiciliados; escutai a voz de hum Compatriota, que vos ama, e que dezeja a vossa felicidade. Nesta memoravel Época [...]

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H Abitantes de Angola , e de Benguela j naturaes , ou do-itiiciliados; escutai a voz de hum C o m p a t r i o t a , que vos ama , e dezeja a vossa felicidade. Nesta memoravel E p o c a , em que a G r a n d e N a c a o , de que somos p a r t e , se occupa assiduamente e m m e l h o r a r o G o v e r n o , arrancando pela Raiz os abusos, que o lapso do tempo havia inrroduzido , nao podereis olhar com indifferen-£a a materia que faz o O b j e c t o do presente discurso; materia digna de pena mais bem aparada, do que a m i n h a , e que me-rece a vossa attencao pela sua importancia.

Desde 1 5 4 7 , em que Paulo Dias de N a v a e s , lancando os p r i meiros fundamentos da vossa C a p i t a l , estabeleceu a p r i m e i r a C o lonia Portugueza nessa C o s t a , teudes jazido debaixo da mais m t o -l e r a v e -l f 6 r m a de G o v e r n o , tendes sido entregues sem soccorro a t o r p e avidez de vossos Governadores. N a o ha genero de msulto , que nao tenhaes s o f n d o ; nao ha genero de concussao , que nao tenhaes experimentado da parte desses T i r o n n o s , que a M e t r o p o l e vos enviava para reger-vos com vara de f e r r o , revestindo-os de Poderes l l l i m i t a d o s ; Poderes , de que usavao , ou abusavao sem a m e n o r responsabilidade. A distancia , em que se achava 0 Impe* rante , e os Tribunaes de recurso davao azo as violencias dosFunc-ciouarios Publicos. D e b a i x o de hum tal R e g i m e n , o vosso Paiz* sus-c e p n v e l de h u m C o m m e r sus-c i o floresus-cente , devia nesus-cessari a m t n t e per-manecer ha m i z e r i a , e despovoacSo, em que se acha.

A vinda de Sua Magestade ao B r a z i l , este acontecimen-t o , que marcara huma Epoca noacontecimen-tavel da nossa Hisacontecimen-toria , des-p e r t o u em vossos des-peitos lisongeiros esdes-perancas de hum melhor fue t u r o . Respirasteis; e se os g r i l h o e s , que vos o p p r i m i a o , seniio se espedacarao , ao menos o seu pezo se a l i g e i r o u . Vossas snpphcas, e queixumes nao t i v e r a o de percorrer t 3 o vastos mares, p n m e i r o que chegassem aos ouvidos de A q u e i l e , que os podia remcdiar c d e f e r i r . A visinhanca em que se achava collocado o T h r o n o jd por si rnesma era hum f r e i o aos Despotismos de vossos Bachas. O A n n o de 1821 , e m que 0 Brazil v i o regressar para a Europa o seu L i b e r t a d o r , o Aogusto R e i , o Senhor D . Jcao S e x t o , f o i igualmente para vos huma Epoca de I a g r i m a s , e saudades. TrasI*?

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dado o Throno para a antiga Capital, nao tivesteis, como o

Bra-z i l $ a f o r t u n a de ficar entregues a Regencia do Principe R e a l , para que a vossa d6r fosse menos pungente. Ficasteis mergulbados d e c h o f r e nas antigas calamidades. DifTicultosos, e demorados os rec u r s o s , estendeose de n o v o , e rec o m mais pezo o Despotismo G o -v e r n a t o r i o . N a o exporei as -violencias,, que sofresteis , quando acudindo a voz da R a z a o , e da Llberdade , quizesteis j u r a r vossa adhesao a Santa Causa da C o n s t i t u i ^ a o Regeneradora. N a o p i n t a -r e i os ul-r»,/ios a-r-rancos do Despotismo expi-rante , v6s fosteis tea-t e m u n h a s , e v i umas dos seus delirios. A razao tea-t r i u n f o u . Juras-tes as Bases da C o n s t i t u i ^ a o , e no memoravel dia 8 de D e z e m b r o esmagasteis a preporencia de vossos oppressores. H u m G o v e r n o P r o v i s o r i o , e Popular substitue o tremendo C a p i t a o G e n e r a l ;

mas nem com isso vos julgueis a salvo das v i o l e n c i a s , de que v6s lastimaveis. Amados Concidadaos, nao vos deixeis i l l u d i r por l i songeiras esperancas. A s Aurhoridades tendem ao Despotismo. E m -bora se organize huma Sabia C o n s t i t u n a o , em-bora empouha a L e i aos Emprgados publicos a mais restncta respon abiiidade , e m b c -ra se substituao aos Capitaes Gene-raes os Governos P r o v i s o r i o s , e Populares , talvez que em lugar d e h u m oppressor tereis t a n t o s , quantos f o r e m os M e m b r o s de taes Juntas. Os D e c e m v i r o s nao f o r a o menos fataes a R o m a , do que os R e i s , e Con<ules. O s meios de tornar effectiva a responsabilidade serao sernpre d i r n c e i s , dispendiosos, e t a r d i o s , principalmente quando se houverem de procurar na remotiS)ima Capital do Re no de Portugal. Qual sera pois o meio de porvos a salvo do abuso do pocler dos F u n c c i o -nanos Publicos? H e aqui que de novo irr-ploro a vos^a a t t e n c a o .

C o m b i n a t vossas circunstancias pecuiia:es, lancai hum golpe de visra sobre a polirica relativa de P o r t u g a l , e Brazil , e logo a p r i m e i r a verdade que descobrireis h e , que sendo a vossa Populacao t I ; que possais aspirar a mais aha categoria , deveis c c n t t n t a r vos com a de P r o v i n c i a , e so vos resta a escolha de depender i m -mediatamente do Reino de P o r t u g a l , ou do Brazil. Se nesta es-colha v/)s decidirdcs com acerto , tereis achado o meio u n i c o , e seguro de livrar-nos dos abusos do poder.

E x a m i n a i , e depois decidireis, Portugal menos extenso , e rico ; p o r e m mais p c v o a d o , e instruido que o Brazil , e n c o b r e , debaixo de especiosas promessas de igualdade d e d i r e i t c s , e da mais perfei-ta fratt r n i d a d e , as sinistras intencSes de reduzir o Brazil ao antigo odioso Systema C o l o n i a l . P o r t u g a l , lastimando-se da franqueza , c o m que se a b r i r a o os Portos aos Estrangeiros , enumerando no sen M a -nifesto as Nacoes da Europa essa liberdade ao C o m m e r c i o

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Brasi-3

liense entre as causas da sua miseria, e decadencia, tenta reduzif

tudo ao antigo estado vantajoso unicamente a M e t r o p o l e . C o m o p r e t e x t o de libertafr o Brazil da arbitrariedade de seus Capitaes G e n e r a e s , substitue-Ihes Governos destituidos de n e x o , G o v e r n o s , c m que tres Authondades independentes entre s i , produzirao a d e s u n i a o , eanarquia debaixo das apparencias de ordem , porque t u -d o ficara entregue ao Despotismo M i l i t a r -dos Governa-dores -das A r m a s , apoiados pelos destacamentos das Tropas Eurcpeas , que se tern envtado as dirferentes Provincias contra a cpiniao geral dos Deputados Brasilienses. Medida odiosa , cu;os resultados tern sido o apparato da guerra civil em Pernambuco, e que ja tena inunda-do de sangue a Capital deste R e i n o , se a lncoreparavel Prudencia , e nunca ass&s louvada humanidade do Principe R e a l , nao tivesse sustido os briosos Fluminenses, que soffrerao com indigna^ao, que m i l e tanros homens quizessem dar leis ao Brazil , e ao seu R e g e n . te. C o m i n t e n t o de r e c o l o n i z a r , ou antes escravizar o B r a z i l , pertendeu Portugal privallo da Benefica Prezen^a do Principe R e a l , porque perdido de todo com a Sua Auzencia o centro c o m m u m da uniao das Provincias Brasilienses, se enfraqueceriao pela sua acs-u n i a o e desmembramento. N a o escaparao p o r e m estas considera-t e * aos prespicazes B r a z i l e i r o s , e conconsidera-traminando o desasconsidera-troso piano de sua projectada r u i n a , adoptarao a unica m e d i d a , que os pode salvar da escraviaao Colonial e da A n a r q u i a . N o faustissimo dia 9 de Janeiro rogarao ao Principe Real que suspendesse a

executao do D c c r e t o de 29 de Serembro , que ordenava o aban. dono do Brazil. As supplicas do R i o de J a n e i r o , M i n a s G e r a e s , R i o G r a n d e , e S. P a u l o , f o r a o cSvUiaJas, como era de esperar. P e r n a m b u c o , Bahia , e todas as outras P r o v i n c i a s , l o g o que te-n h a o cote-nhecimete-nto deste acertadissimo passo, abra^arao igualmete-nte a unica taboa de sua salvac.ao. Se pois c o m o B r a z i l , n c o , vasto , e poderoso Portugal se tern havido assim , esperaremos n6s ser tratados com a igualdade, que se recusa ao Brazil. Achareis solt-das vantagens em huma f o r m a de G o v e r n o , que s6 f o i ideado como meio Seguro de escravizar o Brazil. Podereis resistir ao Desp o t i s m o M i l i t a r dos Governadores d'Armas aDespoiados Despelas D i v i -soes, que se vos enviarem contra vossa v o n t a d e , contra as recla-macoes de vossos Deputados. Favorecera Portugal o vosso C o m * m e r c i o , quando suas vistas sao abater o do B r a z i l , para m e f l r a r com o M o n o p o l i o . E nao fica evidente que se quizerdes l i v r a r -vos do Despotismo c v i o l e n c i a s , que ha seculos -vos o p p r i m e m t se quizerdes gozar das vantagens solidas , e verdadeiras de huma Sabia C o n s t i c u i c a o , devereis unir-vos ao B r a z i l . T u d o 6 amados

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Portugal. O Brazil que ja f o i , como v 6 s , Colonia , ha-de mais sinceramente abracar-vos c o m o irmaos , do que P o r t u g a l , que ate agora vos olhou sempre como vis escravos. O principal R a -m o de vosso actual C o -m -m e r c i o s6 tern consu-mo no B r a z i l , e de quern podereis esperar mais vantagens, do Brazil que necessita de brac;os para a sua L a v o u r a , e Fabricas , ou de Portugal que os nao quer empregar.

Considerai vossa posi^ao geografica; vossa visinhanca com o Brazil me parece hum T i t u i o , e fortissimo para a preferencia , que vos inculco. A expenencia de treze annos ja vos fez conhecer quanto he mais facil r e c o r r e r ao R i o de J a n e i r o , do que a L i s -boa. Se a Provincia Sis-Platina julgou de tanto pezo a facilidade de achar mais proximos rccursos no R i o de Janeiro do que e m I V l a d r i d , que voluntariamente se quiz unir ao Brazil , e fazer parte integrante deste l m p e r i o . Se a esta pondercsa consideracao cederao as prevencoes nacionaes. C o m quanto mais razao nao de-ve hum tal motivo decidir-vos a p r e f e r i r o Brazil a P o r t u g a l .

N a o imagineis c o m tudo que vos aconselhe que desateis o la-co de a m o r , e fidelidade , que vos une a El-Rei e a N a c a o . A Nacae he huma indivizivel. O Brazil debaixo da Regencia de Sua A l t e z a R e a l , dezejando u m c a m e n t e , que se estabeleqa huma f o r m a de G o v e r n o para as P r o v i n c i a s , mais bem combinado que o pres-c r i t o no Depres-creto de 29 de Setembro de 1821 , pugnando pela perfeita igualdade de Direitos , protesta Sua firme U n i a o com os Reinos de Portugal , e Algarves , e v6s preferindo para as Rela-^oes immediatas do vosso g o v e r n o , o Brazil a P o r t u g a l , nao r c n > peis a .uniao, que vos liga a toda a Nacao. O meu i n t e n t o pois he convencervos de que por hum acto deliberative espontaneo , e forrnalmente e n u n d a d o , manlfesteis a El-Rei , as C o r t e s , e a Sua Alteza Real que os mesmos motivos , que determinarao as P r o -vincias do Brazil , a nao c o n v i r na execucao dos Decretos de 29 de Setembro de 1821 , vos moverao igualmente a protestar con-t r a elles. Que quereis depender immediacon-temencon-te da Regencia de Sua Alteza Real ser governados como o forem os cutros P r o v i n -ciaes maritimos do Brazil. Que quereis c o n c c r r e r com vossos Re-presentantes nas Cortes Geraes da Nacao Poriugueza , de que sois, e sereis sempre p a r t e , para d i s c u t i r , e defender os D i r e i t o s Geraes da mesma Nacao , e collaborar na C o n s t i t u i c a o , cujas Bases ten-des j u r a d o , e a c u j o systema sinceramente estais unidos; mas que igualmente quereis concorrer com vossos procuradores geraes para a Deputac^ao B r a z i l i c a , manduda Crear por D e c r e t o de Sua A l

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teza Real de 16 de Fevereiro de 1822, onde se discutao, e

fa-§ a o t o m a r as medldas u r g e n t e s , e necessarias, que nao p o d e m , n e m devem esperar decisoes l o n g i q u t i , e demoradas. Que admit-tidos a fazer parte do R c i n o do Brazil quereis gozar da mesma franqueza de C o m m e r c i o , porque s6 esta liberdade podcra dar as vossas produccoes o seu maior valor , e animar a vossa industria m e r c a n t i l , e agricola. A Soberania rezide no p o v o , logo em vos t a m b e m rezide huma porcao dessa Soberania, e deste p r m c i p i o i n -qnestionavel se deduz que vos compete o direito de escolhtr e adoptar aquellas medidas que vos parecertm mais convenientes para 0 aperfeicoamer.to do voiso governo , e para a vossa f j i c i -dade. Para que vossa resolucao , em negocio de tanta monta , tenha o cunho da madureza : reuni na Capital os vossos Eleitores Paro-quiaes, e em Junta d e h b j r a i i v a t o m a i assento accrca da reuniao dessa P r o v i n u a ao Reino do Brazil com immediata responsabilida-de , e obediencia ao Principe R e a l , ofrereoencio vos a concorrer com os T n b u t o s , D i r e i t o s , e Impostos , com que concorrerem as demais Provincias M a r i t i m a s do B r a z i l , e a remetter as vossas

so-bras para 0 Thesoureiro Geral do B r a z i l , com tanto que se vos communiquem as mesmas franquezas, e liberdades , de que ellas gozao e gozarem para o f u t u r e E hum auto authentico desse assento , firmado pelas assignaturas dos E l e i t o r e s , M e m b r o s do G o -v e r n o , e de todas as Pessoas das diffcrentes Classes , e C o r p o r a c c c s , seja apresentado a Sua Alteza Real por aqutlle Deputado , que para isso mais apto vos parecer. Enviai iguaes autos a El-Rei e as C o r t e s . E certameute nem El-Rei nem as Cortes e m p r o v a r a o a vossa deliberacao, nem Sua Alteza Real deixara de acolhervos debaixo da Sua immediata Proteccao, e de vos a d m i t t i r a reuniao que vos aconselha per zelo de vossa felicidade

Hum Compatriota que vos a ma*

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