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Grupo de Pesquisa Aprendizagem em Rede GRUPAR XV ENDIPE Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino

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Academic year: 2021

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REDES COMO ESPAÇOS DE INTERAÇÃO: CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS E TECNOLOGIAS NA CONSTITUIÇÃO DE GRUPOS DE PESQUISA

Pablo Santos Martins Dias1 (BIC/UFJF) Ana Carolina Guedes Mattos2 (UFJF) Luciana de Almeida Cunha3 (UFJF) Resumo

Frente à possibilidade de auxiliar e promover melhorias na formação de alunos e professores, as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) vem sendo incorporadas à educação. As tecnologias passam então a compor o universo educacional influenciando tanto a prática docente quanto a discente, levando os educadores a investigações sobre as mudanças promovidas com o advento da internet e da cibercultura, seus desdobramentos e implicações para a transformação das relações sociais. Neste cenário, o presente texto se propõe a apresentar o processo de constituição do grupo de pesquisa e estudo sobre Aprendizagem em Rede (GRUPAR/UFJF) e as ações/contribuições que quatro pesquisadores iniciantes estão desenvolvendo em torno dessa temática. O GRUPAR se propõe refletir sobre teorias e práticas da aprendizagem em rede, englobando questões que envolvam a aprendizagem do adulto, a didática online e as TICs na educação em tempos de cibercultura. A primeira pesquisa, em desenvolvimento, intitula-se Didática online: contribuições para o processo de aprendizagem do educador em ambientes digitais, conta com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq – UFJF) – Projeto Jovem Doutor e investiga os processos didáticos construídos por tutores a distância no Curso de Pedagogia da FACED-UFJF, na modalidade a distância online. Os dados parciais produzidos na pesquisa indicam a importância da integração e da relação dos trabalhos do professor e do tutor para a aprendizagem do adulto nestes ambientes virtuais e sinalizam as possibilidades decorrentes da interação e da mediação neste processo de formação docente. O texto ainda apresenta o processo de formação do pesquisador iniciante e a importância do grupo de pesquisa neste contexto.

Palavras-chave: Educação online - Aprendizagem em rede - Formação docente Introdução

“A aprendizagem em rede é a educação sem fronteiras” (HARASIM et al, 2005, p. 340) A necessidade de se pensar, estudar e pesquisar o cenário contemporâneo, notadamente marcado pelas tecnologias, e suas implicações para a área educacional, levou a criação, em maio de 2009, do Grupo de Pesquisa “Aprendizagem em Rede” (GRUPAR) – na Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal

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de Juiz de Fora (UFJF). Este grupo, que é parte do Núcleo de Formação Educacional, Currículo e Políticas Educacionais (NUFEPE) e está cadastrado no CNPq4, conta atualmente com dez pesquisadores5, constituído por: alunos do curso de Pedagogia, do Programa de Pós-Graduação em Educação da FACED/UFJF, por professores e coordenadores pedagógicos das redes pública e privada de ensino da cidade de Juiz de Fora, por especialistas, pós-graduandos e pós-graduados de outras Universidades brasileiras.

As ações do grupo se dividem em: estudos (encontros para aprofundamento e fundamentação teórica das pesquisas em andamento) e pesquisa (atividades de investigação, tais como: produção de instrumentos de pesquisa, transcrição de dados, escrita de relatórios, levantamento de dados, aplicação e análise, pesquisa em sites e ambientes na web). A maioria dos pesquisadores atua nos dois momentos, e um pequeno grupo (três pesquisadores) participa apenas das atividades de estudos.

1. Que rede é essa?

A utilização de novos aparatos tecnológicos no contexto escolar não é mais algo inédito. Recentemente, com a convergência de mídias e tecnologias, os profissionais que atuam na educação necessitam de formação não só para lidar com as tecnologias disponíveis para suas aulas, mas também para utilizá-las em seus processos formativos e na vida cotidiana.

Muitos são os cursos de formação de educadores a distância que surgem atualmente para suprir a demanda de formação na área educacional de todo o país. Alguns apontam esta modalidade de educação como ‘a grande solução para o problema de formação de profissionais’, enquanto outros condenam tais iniciativas, apontando apenas suas fragilidades. O GRUPAR se destaca por desenvolver pesquisas que investiguem/desvelem, de forma crítica, o que cada modalidade (presencial e a distância) tem a oferecer, de modo a promover formação educacional que atenda às aprendizagens específicas de cada contexto, com o apoio das tecnologias.

Para isso, ancorados à base histórico-cultural (Vygostky, Luria, Freire, Kolb), contamos com a contribuição de diversos pesquisadores atuais, dentre eles: Lucia Santaella, Antônio Zuin, Marco Silva, José Armando Valente, Rena Palloff e Keith

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Pratt, Pierre Lévy dentre outros, e os estudos e pesquisas da coordenadora do grupo Adriana Rocha Bruno6.

No processo educacional, a especificidade de cada contexto deve ser levada em conta visto que dificilmente encontramos propostas pedagógicas que não associem, ainda que indiretamente, as TICs às “tradicionais” ferramentas utilizadas em sala de aula. Isso significa que o hibridismo (concebido por nós como a integração de mídias e tecnologias, a diversidade dos espaços e de ambientes de aprendizagem, por meio de concepções interacionistas) não descarta os recursos e as estratégias tradicionalmente utilizados em salas de aula, mas redimensiona-os e potencializa-os. Compreendemos este hibridismo como componente do que concebemos por Educação online, ampliando os tempos e espaços de aprendizagem, além de proporcionar maior diversidade e integração de recursos didáticos.

Nossos trabalhos têm se pautado em estudar e vivenciar a aprendizagem em rede considerando seus inúmeros contextos e sentidos, e principalmente atuando a partir do significado que lhe atribuímos. Online em inglês significa “em rede”. Dessa forma, Educação online é compreendida como

Uma modalidade de educação que pode ser vivenciada ou exercitada tanto para potencializar situações e aprendizagens mediadas por encontros presenciais, quanto a distância, caso os sujeitos do processo não possam ou não queiram se encontrar face a face; ou ainda híbridos onde os encontros presenciais podem ser combinados mediados com tecnologias telemáticas. (SANTOS, 2006, p.125)

Após algumas reflexões acerca de “que rede é essa”, percebemos a importância de sua significação como rede social e, portanto, ampla e aberta, que evidencia a importância do trabalho coletivo e colaborativo. Por acreditarmos ser esse o elemento-chave para a concretização de um trabalho em grupo, concebemos a rede em sua flexibilidade e pluralidade. Como dito por Linda Harasim

A educação está passando de um conceito de individualismo e competição (no qual a colaboração e a troca entre os estudantes são vistas como destruidoras) para um no qual o trabalho em equipe e em rede é valorizado, refletindo as alterações na sociedade e na força de trabalho. (HARASIM, et. al., 2005, p. 338).

Diante disso, não é difícil perceber que a educação mudou. Alunos e professores buscam outras formas de aprender e de ensinar. As redes, que catalisam processos de fluxo e construção de conhecimento, promovem a troca de experiências e

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uma nova organização da lógica espaço-temporal, de acordo com as necessidades específicas de cada contexto, e são inclusivas. Neste sentido, Lévy (1999) nos sugere um processo de complexificação, em que a cada descoberta implique em mais um meio de se realizar algo.

Uma das idéias mais errôneas, e talvez a que tem vida mais longa, representa a substituição pura e simples do antigo pelo novo, do natural pelo técnico ou do virtual pelo real. Por exemplo, tanto o público culto como os gestores econômicos e políticos temem que a ascensão da comunicação pelo ciberespaço venha a substituir o contato humano direto. (...) É muito raro que um novo modo de comunicação ou de expressão suplante completamente os anteriores. Fala-se menos desde que a escrita foi inventada? (LÉVY, 1999, p. 212)

Blikstein e Zuffo (2006) também discutem este processo de anulação do velho com o aparecimento do novo. “Sabemos que sempre há exagero quando novas tecnologias chegam e todos temos a impressão de que elas vão varrer o antigo mundo do mapa (...) deparamos com um momento de deslumbramento.” (p.26)

Podemos dizer então que as tecnologias são aliadas no processo de dinamização dos processos educativos? Sim, mas não devemos perder de vista que não se trata da resolução instantânea dos problemas da educação.

Blikstein e Zuffo (Ibid.) ressaltam ainda que a interação e a troca de informação entre professor e aluno estão tomando o lugar da transmissão unidirecional de informação, dando-se cada vez mais importância ao estímulo à criatividade. A nova educação é aquela da pedagogia de projetos, a educação por (e para) toda a vida e focada tanto em alunos quanto em professores. Porém, devemos admitir que os caminhos para estes desafios ainda são difusos.

2. Compreendendo e construindo conceitos: Didática online e aprendizagem integradora

As transformações ocorridas na sociedade nos últimos tempos implicam mudanças para os processos de aprendizagens, já que

o educador atual está envolvido com e pelas dinâmicas sociais que sugerem uma formação híbrida, em espaços educacionais plurais, a partir de um olhar crítico que culmine numa prática emancipadora (BRUNO, 2009)

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Os estudos que envolvem os processos de aprendizagem dos adultos ganham a cada dia mais espaço e atenção dos pesquisadores, visto que são eles (jovens e adultos) os principais focos dos cursos desenvolvidos a distância ou na Educação online.

Nesta direção, Bruno (2007) apresenta seus estudos sobre a aprendizagem do adulto, ancorados em Kolb (1984), em que a fase de especialização, caracterizada pela demanda de escolhas de ordem pessoal e profissional induzidas por apelos e estímulos do meio (heteronomia), tem sido estendida por tempo indeterminado entre os adultos da contemporaneidade, com a contribuição dos ambientes de aprendizagem. Esta permanência na fase de especialização retarda, ou impede, a migração do adulto na fase de integração, na qual o adulto avalia criticamente os prós e contras das situações de sua vida, colocando-se efetivamente como um sujeito autônomo. A imersão do adulto na fase de integração potencializa sua aprendizagem, que passa a ocorrer em associação com múltiplas formas de aprender.

Muitos profissionais buscam receitas para garantir a aprendizagem de seus alunos, mas quando falamos em didática online, precisamos nos atentar ao fato de que ela está ligada aos processos de interação e mediação entre os atores da educação online.

É notória a relação intensa da Didática com um de seus objetivos de estudo: o ensino. Como foco principal de todo curso deve ser a aprendizagem, a criação de práticas que busquem estratégias diversas para ações de ensinar (ação didática) recebem especial atenção. A didática online abarca os processos de formação das relações humanas em ambientes digitais que são co-construídas por meio das relações didáticas, ou seja, relações entre os sujeitos (ou atores) sociais envolvidos no processo educativo: educador e educando. (BRUNO, 2008, p. 3)

Diante de tais pesquisas, se faz necessário analisar e questionar em que medida os cursos de formação (inicial e continuada) de educadores estão contribuindo para a conscientização e formação de adultos autônomos e integrados na sociedade atual.

3. Nossa produção – em rede

As TICs ampliam as formas de comunicação da sociedade contemporânea. A necessidade de formação, capacitação e atualização de profissionais

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nas diversas áreas, e mais especificamente para as licenciaturas, e a demanda por cursos para a formação docente em nível superior, estão entre os motivos que levaram a criação, em 2005, do programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), pelo governo Federal brasileiro. Neste contexto, as instituições públicas passaram a oferecer vários cursos de graduação, dentre eles o de Pedagogia, na modalidade a distância. No sistema UAB destacam-se os atores: professor (responsável pelas disciplinas), tutor a distância (responsável pela interação/mediação com os alunos) e aluno. Os cursos são oferecidos por meio de ambiente virtual de aprendizagem (Moodle) e os alunos podem acessá-lo de suas residências, lanhouses ou dos pólos presenciais disponibilizados nos municípios envolvidos no projeto.

A FACED/UFJF oferece desde 2007 o curso de Pedagogia - UAB para dez pólos distribuídos no estado de Minas Gerais7. As inquietações emergentes da prática da educação online, como a didática e a aprendizagem de professores nesses ambientes, levou o GRUPAR a desenvolver a pesquisa Didática online: contribuições para o processo de aprendizagem do educador em ambientes digitais, tendo como cenário o referido curso da FACED/UFJF e se desenvolve por meio da questão:

De que forma estão se constituindo as práticas docentes em cursos

online e, neste contexto, qual a contribuição da Didática online para o

desenvolvimento e implantação de ações de formação docente online desenvolvidas sob a égide do humanismo, da plasticidade humana e da emancipação social, rumo a uma aprendizagem integradora?

3.1 Os sujeitos de pesquisa e o processo de construção dos dados

Entre os cinco sujeitos participantes de nossa pesquisa, quatro são formados em Pedagogia e um em Letras. Quanto à experiência profissional três possuem experiência de docência e gestão na Educação Básica, enquanto outros dois apresentam, atualmente, mais tempo de experiência no magistério na modalidade a distância online do que no presencial. Cabe ressaltar que um destes sujeitos deixou suas funções de tutor no início do segundo semestre, porém, continua como sujeito desta pesquisa.

O processo de pesquisa tem sido desenvolvido por meio de diversas ações dos pesquisadores do GRUPAR. As estratégias de ação construídas se constituíram pelos seguintes instrumentos de pesquisa: 1) observação, coleta e produção para análise documental do material (materiais didáticos e mediação pedagógica)

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produzido nas disciplinas ministradas no Curso de Pedagogia (UAB-FACED-UFJF) em 2009 e disponibilizados na plataforma Moodle e, 2) entrevistas semi-estruturadas com os tutores à distância. Com relação a estas entrevistas foi elaborado um roteiro que abordou algumas temáticas, tais como: mediação, interação tutor/aluno, participação dos alunos, relação professor e tutor, recursos e estratégias didáticas para os ambientes virtuais.

No que tange ao desenvolvimento da autonomia dos pesquisadores iniciantes envolvidos nesta pesquisa, é notável o crescimento substancial tanto no campo intelectual quanto prático. Apesar da participação em todo o processo de elaboração dos instrumentos de pesquisa, a nossa (pesquisadores iniciantes) atuação na primeira entrevista se deu mais no campo da observação, visto que não possuíamos experiência. Todavia, esta participação foi aumentando gradativamente na medida em que nós nos apropriávamos do referencial teórico-prático, que nos fornecia subsídios para lançar novos olhares em direção a pesquisa.

Até o momento, foram realizadas as primeiras entrevistas, as notas de campo e suas respectivas transcrições. Com estes dados em mãos iniciamos as pré-análises das entrevistas e a coleta/produção de dados na plataforma Moodle (ambiente virtual utilizado no curso). Os exercícios coletivos de pré-análise, apoiados por Laville e Dionne (1999), fizeram emergir temáticas recorrentes, tanto apontadas pelos sujeitos entrevistados, quanto presentes nos documentos disponíveis no ambiente online, e indicaram implicações da didática online.

Num primeiro momento estas temáticas foram agrupadas para que futuramente se constituam como categorias de análise: 1) Experiência profissional: presencial/Educação a distância; 2) Mediação; 3) comparação ao presencial; 4) Recursos didáticos; 5) Estratégias para EaD; 6) Relação tutor X Professor; 7) Problemas técnicos; 8) Afetividade; 9) Contato presencial; 10) Ansiedade do mediador; 11) Senso comum; 12)Participação dos alunos; 13) Função de tutor; 14) dificuldades.

Após observarmos que todos estes temas convergem, de alguma forma, para as dimensões da didática online, realizamos o exercício de pré-categorização dos principais pontos destacados nas entrevistas apresentado a seguir:

Pré-Categorização 1. Mediação

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b. Participação dos alunos

c.Relação tutor/professor e tutor-aluno c.1. Ansiedade do mediador

d. O lugar de onde falo – Comparação com o presencial ou a partir do virtual (sujeitos que têm mais experiência no virtual)

2. Estratégias e recursos didáticos a. Atividades

b. Espaços de mediação

c. Senso comum/conteúdo-teoria 3. Problemas técnicos

Após a pré-análise das entrevistas e da coleta inicial de dados na plataforma Moodle outras questões surgiram e, com intuito de buscar mais respostas, realizamos uma segunda entrevista com os tutores – sujeitos envolvidos.

Com a segunda entrevista adquirimos maior autonomia, e o roteiro de perguntas foi construído por nós (pesquisadores iniciantes), com as orientações da coordenadora do grupo, a partir das pré-análises dos dados da primeira entrevista e da imersão nos documentos disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem. Na mesma direção, fomos nós os responsáveis por realizar as entrevistas deste momento – sempre acompanhados pela coordenadora do GRUPAR. Sabemos que este movimento permite a emergência de mais indagações que possibilitarão a ampliação dos dados a serem analisados futuramente. Após a transcrição das segundas entrevistas novos dados surgirão, ampliando ou redimensionando o processo de pesquisa, rumo a sua finalização, em meados de 2010.

4 - Resultados parciais: primeiras inferências

A partir dos dados da primeira entrevista e da observação e coleta do material disponibilizado no Moodle, destacamos algumas considerações iniciais, portanto, parciais, mas que são parte do nosso processo de construção da pesquisa.

No referido curso, o tutor, sujeito de nossas investigações, é o educador corresponsável pelos processos de ensino e de aprendizagem. Ele não é visto por nós, e pelo curso em questão, como um mero executor das orientações propostas pelo

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professor. Ao contrário, acreditamos que ele participe ativamente no processo de mediação e auxilie no desenvolvimento da disciplina, por estar em contato direto com os alunos. Assim como aponta Zuin (2006), o tutor não é aquele que apenas absorve o conhecimento que o professor transmite, ele deve participar criticamente do processo, trazendo suas contribuições.

Observamos que uma relação de cumplicidade e de co-criação entre professor e tutor é valorizada pelos sujeitos da pesquisa, como fatores de fundamental relevância para que se desenvolva uma Educação a distância de qualidade. De acordo com um dos sujeitos de pesquisa “o texto costuma vir dele [professor], mas a estratégia, a forma de, como vai ser cobrado, por exemplo, se a gente vai cobrar aquilo numa tarefa, se a gente vai trabalhar com diário, com fórum, (...) também é discutido”.

Identificamos também que a falta de autonomia (liberdade de ação) dos tutores para adequar o planejamento, atividades e prazos de entrega dos trabalhos ao contexto dos seus alunos, pode dificultar os processos de ensino e de aprendizagem. Neste sentido, vislumbramos que a pesquisa deva apontar para a necessidade de se conhecer e respeitar a realidade dos alunos e que o tutor, pelo fato de ministrar as aulas, conhece melhor este contexto sendo, portanto, essencial que participe ativamente dos processos de planejamento (inicial e durante o processo), como pontuam Bruno e Lemgruber (2009).

Os dados ainda indicaram que as estratégias didáticas ainda estão sustentadas nas referências da modalidade presencial, materializadas por fóruns e textos, enquanto o uso de outros recursos da cibercultura são subutilizados (wiki, chat, blogs etc.). Podemos verificar isso na fala de um dos sujeitos

(...) a primeira coisa que eu faço no início da disciplina é fazer com que eles entendam que eles precisam participar do fórum que é lá o lugar da gente discutir coletivamente, eu fico com muito medo de eles começarem a se direcionar por mensagens. (...) porque o fórum pra mim, na minha cabeça é a sala de aula.

Sabemos que a referência de grande parte dos educadores é o ensino presencial, e as comparações em relação à modalidade a distância são inevitáveis. Nesta direção, Moran afirma que:

A maior parte dos cursos presenciais e online continua focando no conteúdo, na informação, no professor, no aluno individualmente e na interação com o professor/tutor. Convém que os cursos hoje – principalmente os de formação – sejam focados na construção do

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conhecimento e na interação; no equilíbrio entre o individual e o grupal, entre conteúdo e interação (aprendizagem cooperativa), um conteúdo em parte preparado e em parte construído ao longo do curso. (MORAN, 2006, p. 47)

Assim como aponta Moran, a construção do conhecimento, a colaboração, a interação e o equilíbrio entre os momentos individuais e coletivos são importantes nos cursos de formação. Ressaltamos que a comparação e a referência com o ensino presencial não deve estimular a reprodução e a manutenção de modelos advindos da presencialidade, mas gerar possibilidades para a construção do novo.

No desenvolvimento desta pesquisa nos deparamos com a integração de processos de formação. O professor responsável pela disciplina, ao fornecer orientações didáticas para o tutor, está contribuindo para a formação deste educador, da mesma forma que o tutor contribui para a formação de seus alunos, como observamos nesse trecho de uma das entrevistas

no início do semestre fez-se o plano da disciplina, a professora apresentou o plano da disciplina e aí o que a gente faz nos nossos encontros, pensar estratégias, né sugerir ações, discutir ações. (...) Porque uma das coisas que a gente estava discutindo na nossa reunião com o pessoal de monografia era isso, olha, a gente vai ter que repensar essa avaliação.

Percebemos que estamos imersos em processos de formação de formadores, que por sua vez formam outros, num processo articulado e co-dependente, ou seja, uma verdadeira rede. Por outro lado, mas na mesma direção do que chamamos de redes, a formação do pesquisador no grupo de pesquisa se mistura aos diversos contextos de formação presentes no GRUPAR. No processo de pesquisa nos é dada a oportunidade de experiênciar a construção das etapas de investigação, promovendo nosso amadurecimento como pesquisadores. Se na primeira fase das entrevistas estávamos tímidos em relação à estrutura do instrumento, na segunda fase, nos vimos mais familiarizados com as práticas de pesquisa e a partir da base teórica construída com o grupo, percebemos o desenvolvimento da autonomia, desde a elaboração do roteiro de questões e a interação com os entrevistados, até a escrita deste texto. Outro ponto relevante do nosso processo de formação são as trocas que realizamos com os demais integrantes, tanto pesquisadores do GRUPAR quanto os sujeitos de nossa pesquisa, independente do nível de formação e experiência profissional. Acreditamos que a oportunidade de integrarmos um grupo de pesquisa, aliado ao sentimento de

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pertencimento proporcionado por essas trocas, possibilita e impulsiona o nosso crescimento profissional em direção a uma nova educação: a constituição das redes.

Notas:

1 – Acadêmico do 8º período do curso de Pedagogia da UFJF e bolsista BIC/CNPq do projeto: Didática online: contribuições para o processo de aprendizagem do educador em ambientes digitais.

2 – Acadêmica do 4º período do curso de Pedagogia da UFJF e bolsista de monitoria.

3 – Acadêmica do 4º período do curso de Pedagogia da UFJF e bolsista de monitoria PROVOQUE.

4 – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. GRUPAR: <http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0804708KT1AMV3>

5 – Acácia Aparecida P. Bedim, Ana Carolina Guedes Mattos, Deniele Batista, Elisabeth da Silva Dutra, Larissa Maria Dielle, Luciana de Almeida Cunha, Lúcia Helena Schuchter, Luciene Domenici Mozzer, Pablo Santos Martins Dias (bolsista BIC/UFJF) e coordenado pela professora Drª. Adriana Rocha Bruno.

6 – O presente texto teve a orientação e colaboração da Profª. Drª. Adriana Rocha Bruno. 7 – Atualmente com duas turmas (5º período e 2º período), o curso possui 14 professores, 103 tutores a distância, 30 tutores presenciais e 680 alunos.

Referências:

BLIKSTEIN, P.; ZUFFO M. K. As sereias do ensino eletrônico. In.: SILVA, Marco (Org.). Educação online: teorias, práticas, legislação, formação coorporativa. São Paulo: Loyola, 2006.

BRUNO, A. R. A Linguagem Emocional em Ambientes Telemáticos: tecendo a razão e a emoção na formação de educadores. Programa de Pós-Graduação em educação: Currículo. 2002. 232 p. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

______. A aprendizagem do educador: estratégias para a construção de uma didática online. Programa de Pós-Graduação em educação: Currículo. 2007. 252 p. Tese de doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

______. Didática online: contribuições para o desenho didático em Ambientes digitais de aprendizagem. Painel intitulado Desenho Didático em Educação online, coordenado por Marco Silva (UNESA/RJ) publicado nos anais do XIV ENDIPE (Encontro Nacional de Didática e Prática do Ensino): Trajetórias e processos de ensinar e aprender – lugares, memórias e culturas. Porto Alegre: PUC/RS, 27 a 30 de abril de 2008.

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______; LEMGRUBER, Márcio Silveira. A dialética professor-tutor na educação online: o curso de pedagogia-UAB-UFJF em perspectiva., Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

______. Aprendizagem em Rede: ampliando campos de formação. 2009. Mimeo. HARASIM, Linda et al. Redes de aprendizagem: um guia para ensino e aprendizagem on-line. Trad. TAVARES, Ibraíma Dafonte. São Paulo: Editora Senac, 2005, p. 337-346.

KOLB. D. A. Experiential Learning: experience as the source of learning and development. EUA, New Jersey: Pretice Hall, 1984.

LAVILLE, C. & DIONNE, J. A. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Trad. H. Monteiro e F. Settineri. Porto Alegre: ArtMed, 1999.

LÉVY, P. Cibercultura. Trad. COSTA, C. I. São Paulo: Editora 34, 1999.

MORAN, José Manuel. Contribuições para uma pedagogia da educação online. In: SILVA, Marco (org.). Educação online: teorias, práticas, legislação, formação coorporativa. São Paulo: Loyola, 2006.

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ZUIN, A. A. S. Educação a distância ou educação distante? o programa Universidade Aberta do Brasil, o tutor e o professor virtual. Educação e Sociedade, Campinas vol. 27, n. 96 – Especial. p. 935-954, out. 2006. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>

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