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[Recensão a]Villagrasa Elías, Raúl (2016). La red de hospitales en el Aragón medieval
(ss. XII-XV)
Autor(es):
Rocha, Ana Rita
Publicado por:
Imprensa da Universidade de Coimbra
URL
persistente:
URI:http://hdl.handle.net/10316.2/43344
DOI:
DOI:https://doi.org/10.14195/1645-2259_17_19
Accessed :
27-Jun-2021 21:58:44
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Villagrasa Elías, Raúl (2016). La red de hospitales en el
Ara-gón medieval (ss. XII-XV). Saragoça: Institución Fernando el
Católico, 198 pp., ISBN 978-84-9911-380-7.
A obra em epígrafe corresponde à dissertação de mestrado de Raúl Villa-grasa Elías, apresentada à Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Saragoça, no ano letivo de 2013-2014, e orientada por Germán Navarro Espi-nach e Concepción Villanueva Morte, que assinam o prólogo da obra. O autor teve como principal objetivo apresentar um estudo geral sobre os hospitais de Aragão medieval, entre o século XII e os finais do século XV, como esclarece logo no início da introdução, ciente de que tanto o âmbito geográfico, como o cro-nológico são ambiciosos. No entanto, perante a clareza com que Raúl Villagrasa Elías define os seus objetivos mais específicos e no decorrer da leitura, percebe-mos que este era o caminho lógico a seguir.
O livro estrutura-se em dois grandes capítulos, para além da introdução e da conclusão: II. La institución hospitalaria e III. La red de hospitales en el Aragón Medieval. Estes, por sua vez, subdividem-se em múltiplos subcapítulos,
eviden-ciando uma estrutura muito clara e adequada aos objetivos. Este rigor metodo-lógico é logo visível na introdução, dividida, ela própria, em cinco subcapítulos, que nos permitem compreender o trabalho que está na base do estudo e que nos guiam na sua leitura. Depois de apresentar os objetivos, o autor faz uma contextualização historiográfica do tema, dando particular ênfase aos estudos aragoneses, nos quais recolheu grande parte da informação. Segue-se a descri-ção dos passos e metodologia de investigadescri-ção, a saber, as hipóteses de trabalho, as formas de organização da informação coligida, quer na bibliografia, quer nas fontes, o processo de elaboração de cartografia e a tipologia de fontes inéditas consultadas.
No primeiro capítulo mencionado (II. La institución hospitalaria), Raúl
Villagrasa Elías analisa a instituição hospitalária nas suas múltiplas vertentes. Começa por definir o conceito de hospital medieval, alertando para alguns aspetos historiográficos que podem limitar o estudo deste tipo de instituição ao longo dos séculos medievais. Entre eles contam-se a importância que tem sido dada aos grandes hospitais de finais da Idade Média, que não deve obliterar o papel desempenhado pelos de menores dimensões; a distinção entre o hospital atual e o medieval, exigindo da parte do historiador atenção na utilização do conceito; e a ênfase colocada no Caminho de Santiago, que, não obstante a sua relevância, não era o único percurso de peregrinação, nem tão-pouco os hospi-tais medievais se limitavam a receber peregrinos.
Esclarecido o conceito, o autor centra-se na fundação e desenvolvimento dos estabelecimentos hospitalares aragoneses, atendendo a quem promovia a sua criação e a quem os apoiava com fundos e intervinha na sua administração. Neste aspeto, são realçados os principais poderes civis e eclesiásticos (monar-quia, Igreja, representada aqui pelo Papado e pela paró(monar-quia, e municípios) e a iniciativa leiga (nobreza e confrarias).
A obra continua com a descrição das pessoas que justificavam a existência dos hospitais e que os compunham, garantindo o seu correto funcionamento. Primeiro, é definido o grupo de indivíduos assistidos nestas instituições, distin-guindo-se, desde logo, as várias categorias de pobres, de acordo com as condições económicas, as mentalidades, a idade, o género e o desenraizamento. De entre os vários grupos de assistidos, Raúl Villagrasa Elías optou por se focar no exemplo dos leprosos e dos pestíferos, ambos pertencentes ao grupo dos “doentes”, e das crianças abandonadas e dos dementes, que agrupou sob a designação de “los inocentes”. Em segundo lugar, são abordados os hospitaleiros e hospitaleiras, de quem a vida e funcionamento de um hospital medieval dependiam. Neste subcapítulo salienta-se o destaque dado ao papel da mulher como hospitaleira, tanto enquanto esposa do hospitaleiro, como exercendo essa função de forma independente, sobretudo nos séculos XIV e XV.
O capítulo termina com uma abordagem à questão do financiamento dos hospitais de Aragão. O autor recorreu a várias instituições de cidades como Huesca, Barcelona e Saragoça, entre outras, para exemplificar as diversas origens dos seus rendimentos, demonstrando que muitas delas subsistiam graças ao seu património imóvel e à venda de censales.
Na elaboração deste capítulo, Raúl Villagrasa Elías baseou-se, essencial-mente, em bibliografia aragonesa, onde recolheu grande parte dos exemplos apresentados, complementados, não raras vezes, com informação proveniente das fontes compulsadas nos arquivos da região.
O último grande capítulo (III. La red de hospitales en el Aragón Medieval)
corresponde à parte central da obra, pois nele se cumpre o objetivo de traçar a rede de hospitais de Aragão, ao longo da Idade Média. Neste sentido, o reino de Aragão foi dividido em oito regiões, correspondentes aos subcapítulos em que se divide o capítulo em análise. São eles: 1. El Pirineo aragonés, 2. Aragón nororiental – La cuenca del Cinca, 3. Huesca y Monegros, 4. Las Cinco Villas, Borja y Tarazona,
5. Zaragoza, cabecera del Ebro, 6. Calatayud, Daroca y Comunidades de Aldeas, 7. El Bajo Aragón y las Cuencas Mineras e 8. Aragón meridional: Teruel, Albarracín y el Maestrazgo. Todos seguem o mesmo esquema de análise. Para cada uma
das oito regiões, Raúl Villagrasa Elías fez o levantamento de todos os hospitais, apresentando os dados que se conhecem, como data de fundação, invocação e outros elementos mais particulares, e estabelecendo oportunas relações com os
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no primeiro subcapítulo. A geografia da região, montanhosa e de fronteira entre Aragão e os territórios franceses, determinou uma rede assistencial muito parti-cular, de carácter transfronteiriço e composta por hospitais destinados, sobre-tudo, a viajantes, comerciantes e peregrinos.
O número de instituições inventariadas para cada região, ao longo de toda a Idade Média, varia entre as duas e as seis dezenas, estando, naturalmente, depen-dente de inúmeras condicionantes, como a dimensão e importância da área em estudo. Por exemplo, só para a cidade de Saragoça, capital do reino, foram recolhidas referências a quase trinta estabelecimentos hospitalares. Embora o autor tenha optado por apresentar todos os hospitais de uma região ou cidade ao longo dos limites cronológicos em estudo em vez de proceder a uma divisão por intervalos de tempo, a estrutura clara do texto, aliada a frequentes justificações, permite ao leitor ter em conta que, numa grande parte das vezes, as referências são raras e breves e que todas as instituições enumeradas não estiveram ativas em simultâneo, sendo muito comuns novas fundações e extinções.
Uma das mais-valias deste trabalho é a inclusão de um mapa e de uma tabela no final de cada subcapítulo. Em cada mapa estão representados os municípios da região em apreço que tiveram hospitais na época medieval, facilitando a apreensão da distribuição geográfica destes estabelecimentos assistenciais no reino de Aragão. Por sua vez, em cada tabela estão elencados todos os hospi-tais da região, agrupados por município, com indicação da invocação, data da primeira menção, que podia ser de fundação ou não, tal como assinalado na coluna seguinte, e referência documental ou bibliográfica. Neste caso, apenas consideramos que, dentro de cada município, as instituições deveriam ter sido ordenadas cronologicamente. Não obstante, estas tabelas são um complemento fundamental ao texto e de grande utilidade para o conhecimento de todos os hospitais medievais aragoneses.
Com uma escrita fluída e coerente, o livro de Raúl Villagrasa Elías apresen-ta-se como um bom contributo para a história dos hospitais medievais, tanto de Aragão, como do restante Ocidente europeu. A sua leitura permite estabelecer comparações, nomeadamente com a realidade portuguesa, podendo até desa-fiar-nos a colocar diferentes questões às nossas fontes.
Ana Rita Rocha
CHSC – Universidade de Coimbra anarita.srocha@gmail.com