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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2016.

Jenifer Medeiros Dantas1

Prof. Msc. Ricardo Pereira Rios2

RESUMO

A crescente exigência pela divulgação de informações financeiras e não financeiras resultou na criação do Relato Integrado, que permite a transparência da entidade na perspectiva do valor financeiro e não financeiro. Segundo o IIRC (International Integrated Reporting Council), o Relato Integrado fornece uma análise dos impactos e oportunidades relevantes, riscos e desempenho em toda a organização. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo comparar, com base na proposta do Relato Integrado, o nível de divulgação de informações no Relato Integrado de três empresas de celulose Suzano, Klabin e a Fibria, ambos divulgados no ano de 2014. O estudo foi realizado dentro de uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo, sendo o tratamento dos dados realizados com base nos critérios que regem o Relato sendo estes: princípios, capitais e elementos de conteúdo. Os resultados revelaram que as empresas analisadas apresentaram grandes avanços na implementação desta metodologia. Palavras-chave: Relato Integrado. Relatório Corporativo. IIRC.

INTRODUÇÃO

Conforme o Global Reporting Initiative (GRI) uma organização sem fim lucrativo cujo principal trabalho consiste na criação de diretrizes e indicadores para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, por meio de uma rede de diálogo multistakeholder, composta por milhares de especialistas de todo o mundo.

1 Bacharelanda em Ciências Contábeis pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque, 2016.

2 Mestre em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, Pós Graduado em Gestão

Empresarial pela Universidade Nove de Julho, Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque. Atua na área Contábil Tributária há 20 anos. Professor Universitário, atuando também como docente em cursos e palestras com temas voltados área contábil tributária há mais de 05 anos. Coordenador do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque. Co-autor do livro: "Normas e Práticas Contábeis: Uma introdução", obra premiada na categoria Livro de Contabilidade no "Troféu Cultura Econômica 2012" – Rio Grande do Sul.

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Surge assim o Relato Integrado, como sendo uma abordagem ampla que irá permitir a compreensão do real desempenho da entidade e evidenciar o valor financeiro e o valor não financeiro. Segundo o IIRC (International Integrated Reporting Council), o Relato Integrado fornece uma análise dos impactos e oportunidades relevantes, riscos e desempenho em toda a organização.

O IIRC é o Comitê Internacional para Relatórios Integrados, criado para supervisionar a criação do novo modelo de comunicação integrada o Relato Integrado que segundo este Comitê, visa uma comunicação concisa sobre como uma organização com estratégia, governança, desempenho e perspectivas gera a criação de valor a curto, médio e longo prazo.

Diante do disto, surge o problema de pesquisa: de que forma está foi apresentado a divulgação de informações no Relato Integrado das empresas de celulose Suzano, Fibria e Klabin? E tem como objetivo desse estudo comparar, com base na proposta de Relato Integrado, o nível de divulgação de informações do Relato Integrado das empresas de celulose Suzano, Fibria e Klabin. Como objetivos específicos têm-se: i) identificar e analisar as informações divulgadas no Relato Integrado das empresas Suzano, Fibria e Klabin; e ii) verificar se as empresas Suzano, Fibria e Klabin apresentam divergências no nível de divulgação de informações nos Relatos Integrados analisados.

Esta pesquisa trata-se de um tema novo no Brasil e sob essa perspectiva, a presente pesquisa justifica-se pela importante contribuição para a comunidade científica e para futuros trabalhos. Diante do contexto exposto, trata-se de um tema relevante que representa mais um marco importante para a Contabilidade. Sendo a mesma viável, pois todas as informações necessárias estão disponíveis em meio eletrônico.

A presente pesquisa está estruturada em quatro seções, além desta seção inicial. A segunda seção trata do referencial teórico; na terceira seção aborda-se a metodologia; na quarta seção apresenta-se o tratamento dos dados e na última seção, as considerações finais do estudo.

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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2016. 1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1. GRI – Global Reporting Initiative

GRI foi pioneira em relatórios de sustentabilidade desde o final dos anos 1990, transformando-a de uma prática de nicho para um agora adoptada por uma maioria crescente de organizações. O GRI para Relatórios de Sustentabilidade são hoje o mais confiável e amplamente utilizado no mundo.

A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização sem fim lucrativo cujo principal trabalho consiste na criação de diretrizes e indicadores para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, por meio de uma rede de diálogo multistakeholder, composta por milhares de especialistas de todo o mundo.

Costa (2012, p. 121) define a GRI como sendo:

Um acordo internacional, criado com uma visão de longo prazo,

multistakeholder, cuja missão é elaborar e difundir as diretrizes para a

elaboração de relatórios de sustentabilidade aplicáveis globalmente e voluntariamente pelas organizações que desejam dar informação sobre os aspectos econômicos, ambientais e sociais das suas atividades, produtos e serviços.

Segundo a GRI, seu objetivo é estabelecer um padrão internacional de relatório de sustentabilidade, contendo princípios e indicadores utilizados pelas empresas para medir e divulgar seu desempenho econômico, social e ambiental, proporcionando, assim maior transparência para as organizações.

Alinhado ao objetivo e conforme a entidade, busca ser suporte e orientação para a comunicação concisa e transparente ao que se refere a desempenhos e impactos econômicos, ambientais, sociais, todavia como os relacionados à governança.

Segundo Costa 2012 as diretrizes para a elaboração dos relatórios de sustentabilidade abordam os três elementos inter-relacionados da sustentabilidade, sendo eles:

Econômico: inclui, por exemplo, os gastos e benefícios, produtividade do trabalho, criação de emprego, despesas em serviços externos, despesas em investigação e desenvolvimento, e investimentos em educação e outras

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formas de capital humano. O aspecto econômico inclui, embora não se limite só a ele, a informação financeira e respectivas declarações.

Ambiental: inclui, por exemplo, impactos dos processos, produtos, e serviços no ar, água, solo, biodiversidade e saúde humana.

Social: inclui, por exemplo, a saúde e segurança ocupacional, estabilidade do emprego, direitos laborais, direitos humanos, salários e condições de trabalho nas operações externas.

Segundo a GRI, o relatório proposto possibilita uma sólida avaliação do desempenho tanto econômico quanto social e ambiental e pode dar suporte à melhoria contínua na empresa. Os benefícios definidos pela GRI para as entidades são: maior comparabilidade e redução dos custos em sustentabilidade; fortalecimento da marca e da reputação; diferenciação no mercado; networking; e comunicações.

Dentre esses benefícios existem também os internos para as empresas e organizações que podem incluir: Maior compreensão dos riscos e oportunidades, enfatizar a relação entre o desempenho financeiro e não financeiro, influenciar a estratégia de longo prazo de gestão e políticas, e planos de negócios, simplificar os processos, reduzir custos e melhorar a eficiência, Aferir e avaliação do desempenho de sustentabilidade no que diz respeito às leis, normas, códigos, padrões de desempenho e iniciativas voluntárias, Evitar estar implicado em falhas ambientais, sociais e de governança divulgação pública, Comparar o desempenho internamente, e entre organizações e sectores.

Além desses há também os benefícios externos que podem incluir: Atenuantes - ou reverter - os impactos ambientais, sociais e de governança negativos, melhorar a reputação e lealdade à marca, permitir que as partes interessadas externas para entender o verdadeiro valor da organização, e os ativos tangíveis e intangíveis, Demonstrando como as influências da organização, e é influenciada por expectativas sobre o desenvolvimento sustentável

As Normas da GRI ajudam as empresas, governos e outras organizações a compreender e comunicar o impacto da organização sobre questões críticas de sustentabilidade. Alguns dos elementos distintivos do GRI em padrões e a atividade que lhes cria - incluem: Entrada multistakeholder, abordagem baseada no engajamento multistakeholder, representando a melhor combinação de conhecimentos técnicos e diversidade de experiências para atender às necessidades de todos os fabricantes de relatórios e usuários. Esta abordagem permite produzir

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orientação, relatórios universalmente aplicáveis. Todos os elementos da Estrutura de Relatórios são criados e melhorados através de uma abordagem que busca o consenso, e considerando o maior número possível de interesses das partes interessadas, que inclui empresas, sociedade civil, do trabalho, contabilidade, investidores, acadêmicos, governos e profissionais de relatórios de sustentabilidade. Segundo o GRI, seu relatório visa ajudar as entidades na otimização da qualidade e do valor de seus relatórios de sustentabilidade, assim como garantir a transparência e a confiabilidade das informações divulgadas. Os impactos das informações não financeiras podem criar oportunidades e riscos, mas a capacidade de reconhecer essas oportunidades e riscos poderá determinar se a organização cria, preserva ou deteriora valor.

1.2.1 Relato Integrado

O International Integrated Reporting Council (IIRC) contempla empresas, organismos reguladores e de padronização, investidores, organizações não governamentais e consultorias de quase 30 países em torno do desafio de criar um modelo global, o Integrated Reporting (IR) que auxilie as organizações a estabelecerem o pensamento integrado na gestão e na comunicação dos resultados. Desde 2000, o relato de informações não financeiras, sociais e ambientais vem ganhando espaço e já se consolidou como uma prática, especialmente entre as grandes empresas. Essa necessária evolução gerou, no entanto, dois mundos paralelos de divulgação de desempenho das entidades: a já tradicional comunicação de resultados financeiros, desenvolvida ao longo do século passado, e a recém instalada cultura de produção de relatórios de sustentabilidade.

Segundo o IIRC a organização foi responsável pela criação das primeiras diretrizes sobre o tema, que passaram por processo de consulta pública no primeiro semestre de 2013 e teve seus resultados divulgados no final do ano em versão final, para aplicação e testes em 2014. O relatório integrado foi inicialmente pensado pelo IIRC para a comunicação com os provedores de capital, mas pode e deve influenciar as outras comunicações.

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O objetivo principal de um relatório integrado é explicar aos provedores de capital financeiro como uma empresa gera valor ao longo do tempo. Um relatório integrado beneficia todas as partes que estejam interessadas na capacidade que uma entidade tem de gerar valor ao longo do tempo, incluindo empregados, clientes, fornecedores, parceiros comerciais, comunidades locais, legisladores, reguladores e formuladores de políticas. A Estrutura Internacional de Relato Integrado utiliza uma abordagem baseada em princípios que visa encontrar um equilíbrio entre flexibilidade e prescrição que reconheça a grande variedade de circunstâncias individuais de diferentes entidades, e que permita um grau suficiente de comparabilidade entre empresas para atender as importantes necessidades de informação. Não impondo indicadores de desempenho específicos, métodos de mensuração ou divulgação de assuntos individuais, mas sim incluindo um pequeno número de exigências a serem aplicadas antes que um relatório integrado possa ser considerado em conformidade com a estrutura.

Um relatório integrado pode ser preparado para atender a exigências de órgãos reguladores já existentes, e pode ser um relatório independente ou ser uma parte distinta, destacada e acessível de outro relatório ou informe. Deverá incluir, temporariamente, a título de cumprimento ou explicação, uma declaração dos responsáveis pela governança, em que estes assumem a responsabilidade pelo relatório.

Um relatório integrado visa explicar os recursos e os relacionamentos utilizados e afetados por uma organização – estes são denominados, “os capitais” também procura explicar como uma empresa interage com o ambiente externo e com os capitais, para gerar valor no curto, médio e longo prazo. Os capitais são fatores de valor que aumentam, diminuem ou se transformam por meio de atividades e produtos da organização. São classificados nesta estrutura em capitais financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social e natural, ajudando as organizações a determinar a melhor forma de expressar sua história de criação de valor de maneira significativa e transparente.

Embora as organizações que elaboram um relatório integrado não sejam obrigadas a adotar esta classificação ou a estruturar seus relatórios conforme os tipos de capital.

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A capacidade de uma organização de gerar valor para si mesma permite um retorno financeiro aos seus provedores de capital financeiro. Isto está relacionado ao valor gerado por uma empresa para as partes interessadas e para a sociedade como um todo, por meio de uma ampla gama de atividades, interações e relacionamentos. Quando estes forem relevantes à capacidade de uma organização de gerar valor para si mesma, devem ser incluídos no relatório integrado.

Segundo a revista ANEFAC o Relato é tratado como um novo olhar corporativo, com integração entre áreas e melhoria na comunicação com investidores, representando uma ferramenta de gestão de risco

Ainda segundo a revista, a proposta do Relato Integrado não é aumentar a produção de relatórios dentro das empresas e fazer com que as equipes trabalhem em mais um documento.

A visão sugerida pelo IIRC (International Integrated Reporting Council) é mais ousada. Segundo ANEFAC:

O Relato Integrado vai muito além de uma ferramenta de gestão e de relacionamento com os investidores. Ele é uma ferramenta de gestão de risco que traz ganhos de eficiência, ressaltou Fernando Malta, executivo de Relações Institucionais do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) durante evento realizado pela ANEFAC em parceria com o MZ Group no dia 4 de dezembro, em São Paulo, para discutir oportunidades e desafios na elaboração de relatórios de desempenho. O objetivo do Relato Integrado é promover a conectividade das informações financeiras e não financeiras da organização, fazendo com que os dados financeiros conversem com temas sociais e ambientais.

Na visão de Ailton Leite, vice-presidente de Finanças da ANEFAC, consultor e associado da BDO, o Relato Integrado é:

Extremamente importante no mundo corporativo porque sai da visão habitual das demonstrações financeiras e começa a tratar questões de sustentabilidade, inclusive do balanço social e de governança corporativa. “Há alguns anos não se olhava para governança ao investir em uma empresa. Em dez anos houve uma mudança de pensamento, especialmente por conta da atual geração”. Para ele, o Relato Integrado não permitirá mais à organização reportar algo que ela não é, ou seja, as empresas não poderão mais informar que prezam questões ambientais e sociais ao mesmo tempo em que apresentam considerável provisão trabalhista no balanço.

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A missão do IIRC, segundo o próprio Comitê, é criar o modelo internacional globalmente aceito, que contenha informações importantes sobre a estratégia, a governança, o desempenho e as perspectivas em um formato claro, conciso e comparável. Ser aceito mundialmente como norma de comunicação corporativa para criação e preservação de valor. Ao incentivar uma forma diferente de pensar, o Relato Integrado irá contribuir para o avanço da sustentabilidade e da contabilidade.

O IIRC identificou seis capitais que devem ajudar os elaboradores dos relatórios para fornecerem um quadro completo das informações. Conforme o Comitê, os capitais podem ser aumentados, diminuídos ou transformados e, neste caso, existe um fluxo constante entre e dentro dos capitais conforme essas variações e em graus e resultados variáveis. Além disso, não são todos igualmente relevantes ou aplicáveis a todas as empresas. Apresentando os seis capitais, como: Capital financeiro – Conjunto de recursos que: o está disponível a uma organização para ser utilizado na produção de bens ou na prestação de serviços é obtido por meio de financiamentos, tais como dívidas, ações ou subvenções, ou gerado por meio de investimentos. Capital manufaturado – Objetos físicos manufaturados (diferentes de objetos físicos naturais) disponíveis a uma organização para uso na produção de bens ou na prestação de serviços, incluindo: os prédios, os equipamentos, a infraestrutura (tais como estradas, portos, pontes e plantas para o tratamento de esgoto e água). Capital manufaturado é, muitas vezes, gerado por outras organizações, mas inclui ativos fabricados pela organização relatora para venda, ou quando retidos, para uso próprio. Capital intelectual – são intangíveis organizacionais baseados em conhecimento, entre eles: a propriedade intelectual, tais como patentes, direitos autorais, software, direitos e licenças o “capital organizacional", tais como conhecimento tácito, sistemas, procedimentos e protocolos

Capital humano – As competências, habilidades e experiência das pessoas e suas motivações para inovar, incluindo: o seu alinhamento e apoio à estrutura de governança, ao gerenciamento de riscos e aos valores éticos o a capacidade de entender, desenvolver e implementar a estratégia de uma organização a lealdade e motivação para melhorar processos, bens e serviços, incluindo a capacidade de liderar, gerenciar e colaborar.

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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2016.

Capital social e de relacionamento – As instituições e os relacionamentos dentro e entre comunidades, grupos de partes interessadas e outras redes, e a capacidade de compartilhar informações para melhorar o bem-estar individual e coletivo, o capital social e de relacionamento abrange: o padrão compartilhado, bem como valores e comportamentos comuns, o relacionamento com as principais partes interessadas e confiança e compromisso que uma organização desenvolve e procura construir e proteger com as partes interessadas externas as intangíveis associados com a marca e reputação desenvolvidas por uma organização a licença social para a organização operar

Capital natural – Todos os recursos ambientais renováveis e não renováveis e processos ambientais que fornecem bens ou serviços que apoiam a prosperidade passada, presente e futura de uma organização. Isto inclui: a água, terra, minerais e florestas a biodiversidade e a qualidade do ecossistema.

De acordo com o IIRC, existem seis princípios que orientam e sustentam a elaboração do relato integrado informando o que e como as informações deverão ser apresentadas. Os princípios são:

Foco estratégico e orientação para o futuro: Um relatório integrado deve oferecer uma visão da estratégia da organização e como está se relaciona com a capacidade da organização de gerar valor no curto, médio e longo prazo, bem como com o uso que faz dos capitais e seus impactos sobre eles:

Conectividade da informação: Um relatório integrado deve mostrar uma imagem holística da combinação, do inter-relacionamento e das dependências entre os fatores que afetam a capacidade da organização de gerar valor ao longo do tempo

Relações com partes interessadas: Um relatório integrado deve prover uma visão da natureza e da qualidade das relações que a organização mantém com suas principais partes interessadas, incluindo como e até que ponto a organização entende, leva em conta e responde aos seus legítimos interesses e necessidades

Materialidade: Um relatório integrado deve divulgar informações sobre assuntos que afetam, de maneira significativa, a capacidade de uma organização de gerar valor em curto, médio e longo prazo

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Confiabilidade e completude: Um relatório integrado deve abranger todos os assuntos relevantes, tanto positivos quanto negativos, de maneira equilibrada e isento de erros materiais

Coerência e comparabilidade: As informações em um relatório integrado devem ser apresentadas: (a) em bases coerentes ao longo do tempo; e (b) de maneira a permitir uma comparação com outras organizações na medida em que seja material para a capacidade da própria organização de gerar valor ao longo do tempo.

Além dos capitais e princípios que orientam a elaboração do Relato Integrado, deve conter também os seguintes elementos de conteúdo:

Visão geral organizacional e ambiente externo: O que a organização faz e sob que circunstâncias ela atua?

Governança: Como a estrutura de governança da organização apoia sua capacidade de gerar valor em curto, médio e longo prazo?

Modelo de negócios: Qual é o modelo de negócios de organização?

Riscos e oportunidades: Quais são os riscos e oportunidades específicos que afetam a capacidade da organização de gerar valor em curto, médio e longo prazo, e como a organização lida com eles?

Estratégia e alocação de recursos: Para onde a organização deseja ir e como ela pretende chegar lá?

Desempenho: Até que ponto a organização já alcançou seus objetivos estratégicos para o período e quais são os impactos no tocante aos efeitos sobre os capitais? Perspectiva: Quais são os desafios e as incertezas que a organização provavelmente enfrentará ao perseguir sua estratégia e quais são as potenciais implicações para seu modelo de negócios e seu desempenho futuro?

Base para apresentação: Como a organização determina os temas a serem incluídos no relatório integrado e como estes temas são quantificados ou avaliados?

Esses elementos de conteúdo são vinculados uns aos outros e não são uma estrutura padrão.

Em relação à obrigatoriedade de implementação ainda não há uma data ou a afirmação de que ela existirá. O Relato Integrado visa se tornar o novo padrão global para a comunicação corporativa, mas considerando as leis nacionais envolvidas, a implantação vai variar em função da peculiaridade de cada país. (ANEFAC, 2014)

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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2016. 2. ESTUDO DE CASO 2.1. METODOLOGIA

As empresas têm buscado melhorar o nível de transparência na divulgação de suas informações para atender as exigências dos diversos usuários dessas informações. O Relato Integrado vem para conectar de forma concisa as informações mais relevantes da organização, financeiras e não-financeiras. Sendo assim, esta pesquisa busca comparar o nível de divulgação de informações no Relato Integrado das empresas de celulose Suzano, Fibria e Klabin, com pesquisa realizada no relatório do ano de 2014.

Para a presente pesquisa utilizou-se o método dedutivo que, segundo Marconi e Lakatos (2003) é a pesquisa que parte de pressupostos já estabelecidos anteriormente. Também se caracteriza por ser exploratória, que segundo Gil (2002) é o tipo de pesquisa que visa aprimorar ideias e descobertas, e descritiva, que segundo o mesmo autor (2002) compreende em descrever as características de um determinado grupo, ou seja, apresentando as características de empresas que divulgam o relato integrado.

A presente pesquisa também se caracteriza por seu caráter documental, que segundo Marconi e Lakatos (2003) compreende a coleta e análise de dados baseados em documentos, escritos ou não. Quanto à abordagem, a pesquisa caracteriza-se também por seu caráter qualitativo, pois os dados são analisados individualmente em relação à parâmetros estabelecidos, não apresentando seus resultados de forma numérica.

A empresa analisada pertence ao ramo do mercado de celulose, e está entre as empresas que possuem divulgação na Bolsa de Valores de São Paulo, dada assim a pesquisa com base nos dados coletados em relatórios divulgados pela empresa analisada por meio eletrônico. Dos critérios de divulgação exigidos pelos Relato Integrado foram analisados todos eles sendo compostos por Princípios, Capitais e Elementos de conteúdo. A pesquisa visou verificar o nível de divulgação ou disclosure e se foram divulgadas todas as informações que rege o relato integrado.

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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2016. 2.2. ANÁLISE DE DADOS

Quadro 1: Critérios analisados segundo o manual do Relato Integrado:

Capitais Fibria Klabin Suzano

Capital Financeiro X X X Capital Manufaturado X X X Capital Intelectual X X X Capital Humano X X X Capital Social X X X Capital Natural X X X

PRINCÍPIOS BÁSICOS Fibria Klabin Suzano

Foco estratégico e orientação futura X X X

Conectividade de informações X X X

Receptividade das partes interessadas X X X

Materialidade e concisão X X X

Confiabilidade e completude X X X

Consistência e comparabilidade X X X

ELEMENTOS DE CONTEÚDO Fibria Klabin Suzano

Visão geral da organização X X X

Governança X X X

Oportunidades e riscos X X X

Estratégia e alocação de recursos X X X

Modelo de negócios X X X

Desempenho X X X

Panorama futuro X X X

Fonte: elaborado pela autora com base nos dados obtidos pela pesquisa.

Os Relatórios das empresas de celulose Fibria, Klabin e Suzano com base no ano de 2014, apresentam o desempenho econô mico, ambiental e social de forma equilibrada, a partir dos aspectos materiais e impactos significativos identificados. Abordando também a forma e os fatores que podem influir em sua capacidade de gerar valor no curto, médio e longo prazos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Diante do contexto de avanço da divulgação das informações por parte das organizações, o Relato Integrado, além de ser uma necessidade manifestada pelos públicos de interesse, é uma oportunidade para praticar uma comunicação mais objetiva, transparente e concisa, que conecte as estratégias aos resultados, com visão no curto, médio e longo prazo. (IIRC)

Após o estudo do tema e dos relatórios das empresas de celulose Suzano, Fibria e Klabin no ano de 2014, conclui-se que as empresas analisadas estão adiantadas, tendo em vista que são poucas as empresas que estão trabalhando neste novo modelo de comunicação corporativa, os relatórios analisados estão em acordo com o que previsto pelo Relato, porém, de acordo com o IIRC, não se trata de uma estrutura padrão, pois o conteúdo do relatório depende das particularidades das empresas. A aplicação do Relato Integrado requer tempo e envolvimento de todos os setores da entidade. E apesar das dificuldades inerentes ao novo processo, os resultados esperados são à altura dos desafios previstos.

Contudo como sugestão para futuros estudos, propõe-se a análise do impacto nos resultados com a adoção do Relato Integrado, a fim de verificar se a melhoria na divulgação das informações não-financeiras impacta nas informações financeiras e de que forma.

REFERÊNCIAS

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Report: Sustentabilidade. O que é relato integrado? Disponível em:

<http://www.reportsustentabilidade.com.br/2013/relato-integrado> Acesso em: 25/05/2016.

Jennifer Almeida. Relato Integrado: Um novo olhar corporativo. Revista ANEFAC. Edição 168 janeiros/Fevereiro. Disponível em:

<http://www.anefac.com.br/RevistasSumarios.aspx?ID=9398> Acesso em: 25/05/2016.

THE INTERNATIONAL INTEGRATED REPORTING COUNCIL - THE IIRC.Disponível em:

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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2016. <http://www.theiirc.org/the-iirc/>. Acesso em: 23/05/2016.

COSTA, Carlos Alexandre Gehn da. Contabilidade ambiental: mensuração, evidenciação e transparência. São Paulo: Saraiva, 2012.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

SÁ, Nívea Vasconcelos de Almeida et. Al. Diretrizes para elaboração de Trabalhos Acadêmicos. 2012. 91 p. Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque.

SUZANO PAPEL E CELULOSE. Relato Integrado da Empresa Suzano 2014. Disponível em:

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KLABIN. Relato Integrado da Empresa Klabin 2014. Disponível em: <http://rs2014.klabin.com.br/pt/relatar > Acesso em: 20/05/2016.

FIBRIA. Relato Integrado da Empresa Fibria 2014. Disponível em:

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