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O uso da informática como instrumento potencializador de aprendizagem histórica: uma experiência na iniciação à docência

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Academic year: 2021

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O uso da informática como instrumento potencializador de aprendizagem histórica: uma experiência na iniciação à docência

Carlos Roberto Moreira de Souza Marinho1

Universidade do Estado da Bahia – UNEB crmarinho@outlook.com

Antonieta Miguel2

Universidade do Estado da Bahia – UNEB antonietamigue40@yahoo.com.br

Introdução

Costuma-se tomar o estágio de regência enquanto um definidor no processo de formação dos discentes de licenciatura, as experiências construídas podem acrescer no desejo pelo ensinar, mas também pode determinar uma ruptura/aversão a ideia de ser professor. Todavia, o estágio não é uma atividade somente aguardada pelos estudantes dos cursos de licenciatura, mas também é esperado pelas escolas parceiras e todos os sujeitos envolvidos (alunos, professores e funcionários). De tal modo, não se pode pensar as ações de intervenção no estágio a partir do desejo do graduando, mas conforme as necessidades e particularidades de cada sala de aula, espaço que será de atuação. Assim, este trabalho busca evidenciar de que forma se deu o uso de instrumentos de informática como potencializadores de aprendizagem histórica, pensado conforme demanda de uma turma de 7º Ano do Ensino Fundamental II do Grupo Escolar Vereador Clemente Ferreira de Castro, na cidade de Caetité-BA.

Metodologia

As ações que configuram e dão forma ao processo de estágio são divididas por etapas, a saber: Observação do espaço escolar; Construção de Projeto de Intervenção; Coparticipação e Regência em turma. No primeiro processo citado, foi possível compreender a dinâmica da instituição escolhida, vivências, bem como enxergar as deficiências, pontos negativos e positivos para o desenvolvimento das atividades docente. A partir da constatação do uso

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frequente de celulares e outros dispositivos tecnológicos pelas crianças e adolescentes, sendo estes aparelhos, por muitas vezes definidos como vilões na construção do saber, foi construído o projeto de intervenção com a proposta de se pensar a edificação do conhecimento com o uso destes recursos tecnológicos interativos. Na disposição de recursos, a escola contava com alguns notebooks e acesso à internet, o que possibilitou a realização das atividades planejadas. Conforme destaca Moran:

A internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta, se o professor a faz em um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia, o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência e simpatia com que atua. (MORAN, 1997, p.06)

Assim, no processo de coparticipação e regência, um notebook e tablet com acesso à internet foi inserido nas aulas com finalidade de fomentar a consulta em bancos de dados e informações. Deste modo, quando necessário e sob a orientação supervisionada do estagiário regente, os alunos realizavam pesquisas em bancos de memória digital3, passeios interativos

a museus e cidades. Assim a tecnologia estabelece uma utilização do computador enquanto ferramenta pedagógica que auxilia o professor no processo de ensino e o educando na construção do conhecimento. Segundo Borges Neto:

A Informática Educativa se caracteriza pelo uso da informática como suporte ao professor, como um instrumento a mais em sua sala de aula, no qual o professor possa utilizar esses recursos colocados a sua disposição. Nesse nível, o computador é explorado pelo professor especialista em sua potencialidade e capacidade, tornando possível simular, praticar ou vivenciar situações, podendo até sugerir conjecturas abstratas, fundamentais a compreensão de um conhecimento ou modelo de conhecimento que se está construindo. (BORGES NETO, 1999, p.136). Buscando a criação de vínculos autênticos entre os educandos para com o computador, na perspectiva de enxergarem as possibilidades de estudos através deste apetrecho lúdico, procurou-se construir conhecimentos a partir da integração do indivíduo com seu meio, conforme defende a abordagem teórica acerca da aprendizagem por Piaget4. Ainda segundo

Piaget (1992), a escola tem enxergado a informática com um dispositivo de interação com o educando uma vez que o conhecimento não é transposto, mas sim construído

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progressivamente por meio de ações que são interiorizadas e transformam esse processo de interação.

Resultados e Discussão

Por sua própria natureza, o projeto escrito valorizava e incentiva o uso de habilidades já desenvolvidas em muitas crianças, como usar o computador. Porém, é importante enfatizar que no cotidiano a máquina é tomada enquanto instrumento de entretenimento, deixando de lado sua potencialidade de construção de conhecimento pedagógico. Quando o aluno, em casa ou na escola, adota o dispositivo enquanto auxílio nos estudos, como na pesquisa, realiza apenas processos mecânicos de copiar/colar, sem construir uma análise reflexiva sob o que lhe está disposto. Assim, buscou-se no processo das aulas, desenvolver as competências de análise das fontes disponíveis na rede, correlacionando com conceitos e informações já apreendidas, afim de construir coletivamente saberes e práticas. Contudo, não é garantia a efetiva construção deste saber dentro da sala de aula através do uso dos recursos tecnológicos sem a atuação do professor enquanto orientador. Aliado a estes recursos, o professor, deve ter domínio dos conteúdos e das diversas metodologias, para cooperar na construção do conhecimento histórico. Neste ponto, observa-se um dos grandes desafios do professor que precisa conhecer as diferentes modalidades de uso da informática no ensino: elaboração de multimídia, uso de mídias e fontes, busca de informações, para que um trabalho efetivo seja construído, conforme afirma José Valente:

A mudança da função do computador como meio educacional acontece juntamente com um questionamento da função da escola e do professor. A verdadeira função do aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar condições de aprendizagem. Isso significa que o professor precisa deixar de ser o repassador de conhecimento [...] e passar a ser criador de ambientes de aprendizagem e o facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno. (VALENTE, 1993, p.6)

Embora, não haja um distanciamento enorme entre a prática docente e o uso destas ferramentas, o olhar sob as potencialidades e funcionalidades do professor geralmente é limitado em relação ao computador e projetor multimídia, fazendo uso deste recurso, apenas enquanto “reprodutor de informações” construídas previamente e dispostas no formato de slide, limitado apenas as dados e elementos nele previamente inseridos. Neste processo, o

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educador não age apenas como um transmissor, mas como um mediador entre o objeto a ser aprendido e o educando. Para Maria Auxiliadora Schmidt:

Assim, o que se procura é uma prática docente distanciada o mais possível da imagem do “professor-enciclopédia”, detentor do saber, buscando a construção de um “professor-consultor”, que contribui para a construção do conhecimento de seus alunos em sala de aula. (SCHMIDT, 2009, p.34) Aqui, atuando sob uma postura de facilitador, o docente precisa exercer sua função pré-estabelecida, questionando junto aos educandos as fontes pesquisadas e evidenciando que não existe verdade absoluta, mas sim, versões da história, cabendo a nós sujeitos sociais nos debruçarmos sob uma perspectiva crítica. Para Marcos Masetto, o professor assume um novo papel frente as novas demandas e ferramentas pedagógicas na sala de aula:

O professor assume uma nova atitude. Embora, uma vez ou outra, ainda desempenhe o papel de especialista que possui conhecimentos e/ou experiências a comunicar, no mais das vezes desempenhará o papel de orientador das atividades do aluno, de consultor, de facilitador da aprendizagem de alguém que pode colaborar para dinamizar a aprendizagem do aluno, desempenhará o papel de quem trabalha em equipe, junto com o aluno, buscando os mesmos objetivos: uma palavra, desenvolverá o papel de mediação pedagógica. (MASETTO, 2000, p.142)

Nesta experiência, a maior dificuldade enfrentada, a sistematização das informações, relacionada aos diversos temas abordados decorreu da deficiência diagnosticada entre leitura e interpretação dos mais diversos gêneros e linguagens. Entretanto, observa-se a potencialidade da tecnologia e as fontes históricas digitais ao permitir novos processos de aprendizagem de conversação e escrita, segundo José Moran:

Na Internet, também desenvolvemos formas novas de comunicação, principalmente escrita. Escrevemos de forma mais aberta, hipertextual, conectada, multilinguística, aproximando texto e imagem. Agora começamos a incorporar sons e imagens em movimento. A possibilidade de divulgar páginas grupais na Internet gera uma grande motivação, sensibilidade, responsabilidade para professores e alunos. Todos se esforçam por escrever bem, por comunicar melhor as suas ideias, para serem bem aceitos, para “” não fazer feio””. Alguns dos endereços mais interessantes ou visitados da Internet no Brasil são feitos por adolescentes ou jovens. (MORAN, 1997, p.6)

A medida que os alunos interagiam e participavam na construção e escolha do que eram significativos nos conteúdos conceituais, desenvolviam também conteúdos procedimentais e atitudinais, essenciais para produzir um ensino-aprendizagem mais eficiente. Com a

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inserção dos recursos tecnológicos nas aulas, foi notório que os estudantes se tornaram mais atentos e participativos em classe5, demonstrando interesse pelos acontecimentos do mundo, dispostos em fatos históricos, evidenciando um aproveitamento no processo de ensino ao tempo que correlacionava eventos com o espaço e tempo que lhes corresponde, exemplificando com questões relativas as suas vivencias. Cabe ressaltar, que a utilização de dispositivos tecnológicos precisa ser avaliada constantemente pelo professor, de forma possa ser diagnosticado se os processos de assimilação de informações e conseguinte, de construção de novos conhecimentos vem sendo adquiridos pelos orientandos.

Num dos processos avaliativos, disposto em seminários, os alunos se apropriaram de softwares de apresentação interativa, com o uso de textos e imagens da rede, com os quais buscaram expor aos demais colegas, aspectos de temas estudados. Entretanto a produção do material não fora supervisionada pelo estagiário regente, assim o papel de provocador e auxiliar coube apenas no momento da apresentação dos grupos, de forma que as fontes apresentadas não fossem tomadas tão-somente enquanto caráter ilustrativo, evidenciando a capacidade de produção dos estudantes, ao mesmo tempo uma necessidade do professor na tarefa de problematização. Nesse aspecto, a experiência pedagógica do professor é fundamental. Conhecendo os procedimentos técnicos de informática para a realização das atividades propostas e tendo conhecimento dos processos de construção do saber histórico, o professor deve reafirmar sua postura enquanto provocador, de forma que capacite seus alunos a serem sujeitos beneficiados pela tecnologia e agentes da sua história.

Considerações Finais

Num contexto de constantes e rápidas transformações dentro da cultura escolar é de fundamental importância reflexões quanto à contribuição das tecnologias e o ensino-aprendizagem nas aulas de história, atrelado as novas abordagens historiográficas: teorias, recursos e métodos. Compreendendo que o ensino deve ser construído, levando em consideração o meio/social dos indivíduos, o professor precisa buscar na formação continuada a gênese para atender as novas demandas existentes. Na experiência apresentada, foi possível identificar que um trabalho com o uso de instrumentos de informática pode ser

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desenvolvido, desde que condições operacionais favoráveis sejam encontradas; escola com WIFI, computadores e outros dispositivos disponíveis.

O maior desafio, entretanto, encontra-se na possibilidade de o professor produzir mudanças expressivas, o novo traz consigo uma carga de obstáculos e desafios, porém possibilita ambicionar novos resultados frente a tantos problemas na educação. Na prática o projeto alcançou grandes resultados, mas dentro do conjunto o fator determinante foi a dedicação exclusiva do estagiário a uma única turma, que possibilita direcionar seu trabalho a um foco especifico, não sendo uma realidade dentro da cultura escolar vivenciada pelos professores.

Referências bibliográficas:

MASETTO, Marcos T. Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In: Moran, José Manuel (org.). Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000. MORAN, José Manuel. Ciência da Informação: como utilizar a Internet na educação. Ci. Inf. v. 26 n. 2 Brasilia May/Aug. 1997. Disponível em (http.www.scielo.br/prof. Moran). Acesso em: 10 de jun. 2016.

PIAGET, Jean. Informática em psicopedagogia. Rio de Janeiro: Vozes, 1992.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009. (Coleção Pensamento e Ação na sala de Aula)

VALENTE, José Armando. Diferentes usos do Computador na educação. In: Valente, J. A. (org) Computadores e Conhecimento: Repensando a educação. Campinas, SP. Gráfica da UNICAMP 1993, p. 6.

1 Graduando pela Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Ciências Humanas – VI / Caetité. 2 Professora Auxiliar na Universidade do Estado da Bahia - (DCH-VI/Caetité, possui graduação em

Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (1991), Especialização em História do Brasil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Mestrado em História pela Universidade Federal da Bahia (2000).

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3 Não sendo localizada nenhuma definição para “memoria digital”, foi o termo apropriado aqui enquanto todo

e qualquer arquivo que esteja disposto na rede mundial de computadores (Internet): áudios, vídeos, textos e imagens, que com uma análise crítica possa ser tomado enquanto fonte para pesquisa e construção de conhecimento.

4 Para maior reflexão acerca da aprendizagem e construção de conhecimento com base em teorias psicológicas

cognitivas ler: Problemas de Psicologia Genética de Jean Piaget.

5 Essa mudança de postura foi constatada num processo continuo das respectivas etapas de estágio: Observação,

Referências

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