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O acervo de nós: a escola Maria Ortiz como Patrimônio Cultural do Sítio Histórico de Itapina-ES

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Academic year: 2021

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O acervo de nós: a escola Maria Ortiz como Patrimônio Cultural do Sítio Histórico de Itapina-ES

André Malverdes

Doutor em Ciências da Informação. Professor da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES.

APRESENTAÇÃO

A proposta analisa as ações de educação patrimonial utilizando documentos de acervos pessoais como metodologias relacionadas ao ensino de História para expressar as manifestações culturais de uma comunidade, com o objetivo de verificar sua relação com o sentimento de pertencimento à história local e com a valorização do seu patrimônio cultural. A abordagem do problema ocorreu por meio de pesquisa quantitativa (instrumentos estatísticos) e qualitativa, utilizando a dedução como método de investigação para avaliar a efetividade das ações do projeto “A Escola Maria Ortiz como lugar de memória: um projeto de educação patrimonial” para a comunidade local. Apurou-se que a educação patrimonial apresentou conteúdo relevante e que seus produtos causaram impactos socioculturais positivos. Concluiu-se que a metodologia de educação patrimonial aplicada pela equipe do projeto foi eficiente para o propósito de despertar o sentimento de pertencimento e foi uma forma de valorizar a cultura local. Em análise final, verificou-se que o conteúdo informacional dos produtos resultantes do projeto remete ao sentimento de pertencimento e à valorização do patrimônio cultural.

Itapina é um distrito localizado a 25 km da cidade de Colatina, no Espírito Santo, que foi fundada em meados do século XIX por imigrantes europeus e que, atualmente, possui cerca de 3 mil habitantes, sendo que desses, apenas 30% residem no perímetro urbano. Teve seu auge em meados de 1910, quando foi um dos polos comerciais de café mais ricos do Espírito Santo e durante a década de 1970, entrou em decadência devido a um conjunto de fatores como o declínio da produção de café, a ponte inacabada e o êxodo rural que fizeram com que grande parte de seus moradores se mudassem para cidades maiores como Vitória e Colatina em busca de melhores perspectivas de vida. Gradativamente os bares, clubes, meios de entretenimento, fábricas e até a escola particular foram fechados por inviabilidade econômica.

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O Sítio Histórico de Itapina é considerado patrimônio de interesse público oficialmente, por meio da Resolução do Conselho Estadual de Cultura nº 003/2013 (Espírito Santo, 2013), que aprovou o Tombamento do Conjunto Histórico e Paisagístico de Itapina - reconhecido valor cultural - aquele atribuído ao patrimônio cultural das cidades, abrangendo elementos formadores da identidade de determinado lugar, articulando o patrimônio arquitetônico, o traçado urbano, a paisagem, seus valores históricos, sociais, culturais, técnicos, formais, afetivos e as inter-relações entre eles.

Nesse contexto, insere-se o conceito de “Patrimônio Cultural” que é toda e qualquer manifestação material ou imaterial que um povo ou uma comunidade cria e acumula ao longo dos anos e “está presente em todos os lugares e atividades: nas ruas, em nossas casas, em nossas danças e músicas, nas artes, nos museus e escolas, igrejas e praças, nos modos de fazer, criar e trabalhar” (IPHAN, 2013). Sendo assim, não somente os acontecimentos históricos, mas também os múltiplos aspectos da cultura viva devem ser alvo de ações que visem o registro e a preservação para gerações futuras.

São todas as manifestações e expressões que a sociedade e os homens criam e que, ao longo dos anos, vão se acumulando com as das gerações anteriores. Cada geração as recebe, usufrui delas e as modifica de acordo com sua própria historia e necessidades. Cada geração dá a sua contribuição, preservando ou esquecendo essa herança (IPHAN, 2013).

A Educação Patrimonial é, nesse caso, um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao cidadão fazer uma leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Tratam-se de metodologias que consistem em processos permanentes e sistemáticos de trabalho educativo, com capacidade para gerar conhecimentos e descobertas, tendo como objeto o patrimônio cultural com todas as suas manifestações.

A Educação Patrimonial tem como objetivo contribuir para a ampliação de uma nova visão do “patrimônio cultural brasileiro” como fonte de conhecimento e aprendizado a ser utilizada e explorada na educação. O ensino dessa temática, segundo a autora, serve de instrumento de motivação para a prática da cidadania e o estabelecimento de um diálogo entre as gerações pela experiência com os bens culturais, sua compreensão e valorização. Seria possível

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envolver as crianças a um processo de conhecimento e apropriação da sua herança cultural na construção de uma nova realidade educativa.

Dessa forma, afirma HORTA (1999, p. 6). que:

Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural” [...] “A metodologia específica da Educação Patrimonial pode ser aplicada a qualquer evidencia material ou manifestação da cultura, seja um objeto ou conjunto de bens, um monumento ou sitio histórico ou arqueológico, uma paisagem natural, um parque ou uma área de proteção ambiental, um centro histórico urbano ou uma comunidade de área rural, uma manifestação popular de caráter folclórico ou ritual, um processo industrial ou artesanal, tecnologia e saberes populares, e qualquer outra expressão resultante da relação entre os Individuo e seu meio ambiente (HORTA, 1999, p. 6).

Concordamos com Canclini (2008), quando defende uma “reformulação do patrimônio em termos de capital cultural”, no sentido de definir uma cultura nacional incluindo práticas e saberes de grupos subalternos, subordinados e secundários da sociedade, sendo possível após essa ampliação do conceito de patrimônio. A esse respeito afirma o autor:

Por isso, a reformulação do patrimônio em termos de capital cultural tem a vantagem de não representá-lo como um conjunto de bens estáveis e neutros, com valores e sentidos fixados de uma vez para sempre, mas como um processo social que, como o outro capital, acumula-se, reestrutura-se, produz rendimentos e é apropriado de maneira desigual por diversos setores. (CANCLINI, 2008, p.195)

O filósofo alemão Walter Benjamin (2012) contribui a esse respeito quando afirma que “nunca há um documento de cultura que não seja, ao mesmo tempo, um documento de barbárie”. Assim explora de maneira instigante em sua obra a relação de tensão entre os bens culturais e a luta de classes. O autor sugere ao “investigador historicista”, certa reflexão no processo de apropriação do materialismo histórico na medida em que “[...] todos os bens

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culturais que ele vê tem uma origem sobre a qual ele não pode refletir sem horror” (BENJAMIN, 2012, p.244-245).

Nesse sentido, o objetivo principal da pesquisa é analisar se o consumo dos bens culturais retratados em acervos pessoais e pesquisados pelos alunos da Escola Maria Ortiz no Sítio Histórico de Itapina possibilitam uma relação com o sentimento de pertencimento da comunidade com a história local e com a valorização e visibilidade do patrimônio cultural do Sítio Histórico de Itapina.

Para alcançar este objetivo, pretende-se: compreender a comunidade em sua importância cultural e patrimonial; apresentar as abordagens sobre os acervos como fonte de pesquisa e de educação patrimonial; refletir sobre a construção da consciência de preservação, conservação e valorização desses bens culturais a partir da própria comunidade; perceber as dimensões tangíveis e intangíveis dos bens culturais da comunidade, incluindo acervos pessoais, produção de registros documentais e o universo de práticas de memória envolvido na sua constituição tendo a escola como espaço de resgate e difusão; verificar as contribuições dos acervos pessoais e da história oral para a formação da identidade cultural e para a conscientização sobre a proteção e preservação do patrimônio cultural do Sítio Histórico de Itapina.

MÉTODOS

Os métodos adotados nesta pesquisa são norteados no conceito de educação patrimonial, que segundo Horta; Grunberg; Monteiro (1999):

é um instrumento de “alfabetização cultural‟ que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, lavando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Este processo leva ao reforço da auto-estima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural. Tratam-se de metodologias que consistem em processos permanentes e sistemáticos de trabalho educativo, com capacidade para gerar conhecimentos e descobertas, tendo como objeto o patrimônio cultural com todas as suas manifestações. Os professores, como

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disseminadores destes conhecimentos e conceitos, podem colaborar para identificação as potencialidades e carências no desenvolvimento do processo de educação patrimonial.

Para alcançar os objetivos dessa pesquisa, o projeto “A Escola Maria Ortiz como lugar de memória” utilizou as técnicas de observação, registro, exploração (análise do bem cultural) e apropriação (releitura do bem cultural), conceituadas por Grunberg (2007), como base de seus procedimentos metodológicos.

A primeira etapa do projeto consistiu no planejemanto e elaboração de um plano de ação. Em seguida, a equipe firmou parcerias com instituições públicas e privadas, de âmbito estadual e regional, visando conseguir apoio para o desenvolvimento das ações. A terceira foi a realização das oficinas de educação patrimonial, com carga horária de 40 horas, compostas de palestras, aulas teóricas e atividades práticas, que ocorreram em cinco encontros, entre os meses de junho e outubro, na EMEF Maria Ortiz, em Itapina, Espírito Santo, abordando os temas centrais de patrimônio cultural. A etapa final foi a exposição fotográfica e museológica, que foi resultado das oficinas organizado pelos alunos com supervisão dos professores e apoio técnico da equipe do projeto.

Durante as oficinas, após a abordagem teórica sobre patrimônio cultural foram desenvolvidas atividades práticas com o desafio inicial de constituir um acervo histórico composto por acervos pessoais e familiares oriundos da comunidade. Paralelamente à isso, os oficinandos também produziram registros fotográficos, audiovisuais e textuais inéditos e atuais. Constituído o acervo fotográfico, as atividades das oficinas desdobraram-se na descrição do material sob os olhares dos oficinandos, formando um banco de informações sob a forma de blog <http://patrimonioescolaitapina.blogspot.com.br>.

A coleta de dados para a constituição do acervo do projeto foi oriunda de arquivos pessoais e familiares e de pesquisas em centros de memória e arquivos, além das fotografias inéditas produzidas pelos oficinandos. Para descrição do acervo utilizou-se fichas de descrição e entrevistas com moradores.

Concordamos com Fonseca (2010) quando ressalta a importância do uso das fontes na educação patrimonial:

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O trabalho pedagógico com os diferentes lugares de memória (museus, arquivos, bibliotecas, monumentos, objetos, sítios históricos ou arqueológicos, paisagens, parques ou áreas de proteção ambiental, centros históricos urbanos ou comunidades rurais) e com as manifestações populares (as cantigas, o folclore, as religiões, os hábitos e costumes, os modos de falar, de vestir) pode contribuir para o desenvolvimento do respeito à diversidade, à multiplicidade de manifestações culturais (FONSECA, 2010, p.10).

A avaliação das ações do projeto ocorreu por meio de observações, enquetes, questionários e fichas de avaliação. Os alunos foram avaliados pelo coordenador pedagógico do projeto por meio de participação e realização das atividades propostas, enquanto a oficina do projeto foi avaliada pelos alunos por meio de questionário. Para responder o problema desta pesquisa, utilizou-se os dados estatísticos do blog do projeto como análises quantitativas e a observação das reações manifestadas pela comunidade como fontes de informação qualitativa.

Em suma, o projeto “A Escola Maria Ortiz como lugar de memória”, consistiu em atividades de educação patrimonial, com aulas teóricas e de campo, envolvendo professores, alunos e comunidade em geral, com o objetivo de verificar as contribuições da escola para a formação da identidade cultural e para a conscientização sobre a proteção, difusão e preservação do patrimônio cultural.

As atividades foram conduzidas pela equipe do projeto e da Escola Maria Ortiz, que promoveram amplo diálogo com a comunidade, visando identificar aspectos da cultura local, tais como: a arquitetura, o artesanato, a fauna, a flora, a hidrografia, o transporte, o meio ambiente, a religião, as brincadeiras, as tradições culturais e o resgate histórico da escola, por meio de objetos, documentos, fotografias e história oral.

Orientados por agentes culturais e pelos professores da escola, os alunos realizaram atividades de campo, registrando os aspectos culturais da Escola Maria Ortiz e do Sítio Histórico de Itapina. Além disso, moradores, ex-diretores, ex-professores, ex-alunos foram convidados a prestar depoimentos e colaborar com o projeto, que teve como resultado, a realização de exposições fotográficas e de objetos, além de peça teatral e sessão cineclubista, que permitiram resgatar a memória das atividades escolares e sua inserção no contexto da cultura local.

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De acordo com Zandomenico (2018, p.201):

A Educação Patrimonial como instrumento de valorização e preservação dos bens históricos e culturais deve ser desenvolvida em toda a sociedade, principalmente nas escolas, instituições corresponsáveis pela formação cidadã dos indivíduos, que se tornarão protetores dos bens, da cultura e das tradições, da identidade local. A falta de uma consciência histórico-cultural que faça surgir no cidadão o sentimento de pertencimento a comunidade, são o ponto de partida para o trabalho com a preservação da memória e do patrimônio.

O resultado do projeto “A Escola Maria Ortiz como Patrimônio Cultural do Sítio Histórico de Itapina”, foi apresentado ao público em geral no dia 16/09/2017, na EMEF Maria Ortiz, localizada na Rua Galdêncio de Souza, nº 83, no distritro de Itapina, Colatina-ES. O evento contou com um público estimado em 400 pessoas entre alunos, moradores, visitantes, professores e equipe do projeto. Como produtos do projeto, foram confeccionados folderes, cartões postais, camisaso, página no facebook, blog, e exposição com painéis confeccionados pelos agentes culturais do projeto. Além disso, os alunos da Escola Maria Ortiz, supervisionados por seus professores e agentes culturais do projeto, desenvolveram ações de educação patrimonial que resultaram em nove exposições:

Turma(s) Professor (es) Tema

Educação Infantil

Andréia da Silva Anichini Moreira O olhar ingênuo sobre nossa Arquitetura

1º e 2º anos Angela Maria de Martins Schwambach

Lembranças: como brincávamos antigamente

3º, 4º e 5º anos Joislaine Mara de Sousa Reis, Fernanda Lopes Justiniano Barbosa e Ivanilda Fehlberg Sarter

Redescobrindo a Natureza que nos cerca

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6º ano Miria Souza Cruz e Luciana Aparecida Medeiros Pereira Barcellos

Nossos Artistas, Nosso Orgulho

6º ano Maria Emilia Cellia Ahnert Nos Trilhos de Maria Ortiz 7º ano Karla Tápias Alves Doce: o rio que conta História 8º ano Júlio Cesar Tápias Alves e Sirleide

Storch Vasconcelos Alves

Tradições Culturais e Religiosas

9º ano Rosa Maria Santos Venturoti Memórias de Maria

Torna-se evidente o papel da escola nesse processo, pois é nela que a elaboração conceitual se desenvolve por meio de uma aprendizagem organizada e sistematizada. No que se refere ao conhecimento histórico, essa posição torna-se ainda mais relevante, levando em conta as experiências históricas vividas pelos alunos e as múltiplas possibilidades de se trabalhar metodologias que impulsionem condições de práticas socioculturais da vida cotidiana. (ZANDOMENICO, 2018, p.93)

Verificou-se que os objetivos foram alcançados, pois, por meio das atividades de educação patrimonial desenvolvidas durante a execução do projeto, foi possível expor aos alunos e à comunidade que a escola é uma entidade representativa da cultura local; realizaram-se abordagens sobre as áreas de patrimônio arquitetônico, acervos e bens móveis; foram promovidas reflexões sobre a construção da consciência de preservação, conservação e valorização desses bens culturais; foram desenvolvidas ações visando a percepção das dimensões tangíveis e intangíveis dos bens culturais da escola, incluindo sua edificação, seu acervo e o universo de práticas de memória envolvido na sua constituição; além da verificação das contribuições da escola para a formação da identidade cultural e para a conscientização dos alunos sobre a proteção e preservação do patrimônio cultural do sítio histórico de Itapina.

RESULTADOS

A implementação deste projeto promoveu impactos de suma importância ao provocar nos alunos e moradores da comunidade de Itapina o censo crítico e o espirito de colaborador quanto a preservação, proteção e valorização do patrimônio local. Durante a exposição

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fotográfica e de objetos, foi muito gratificante ver um dos principais objetivos do projeto ser alcançado: a comunidade se identificando com o produto final do projeto e sentindo-se parte da história local.

Valorizar os bens culturais de cada comunidade é oportunizar os diferentes registros e análises de diversos documentos, constituindo-se em uma rica fonte de ensino. Nesse sentido, a utilização de fontes históricas na escola oportuniza ao aluno dialogar com realidades do passado, construindo o sentido de análise e contribuindo para a construção do saber histórico. Os trabalhos com a memória local e coletiva apontam para reflexões de diferentes realidades patrimoniais (LUPORINI & URBAN, 2015).

Concordamos com Fonseca (2010, p.10) quando ressalta a importância do uso das fontes na educação patrimonial:

O trabalho pedagógico com os diferentes lugares de memória (museus, arquivos, bibliotecas, monumentos, objetos, sítios históricos ou arqueológicos, paisagens, parques ou áreas de proteção ambiental, centros históricos urbanos ou comunidades rurais) e com as manifestações populares (as cantigas, o folclore, as religiões, os hábitos e costumes, os modos de falar, de vestir) pode contribuir para o desenvolvimento do respeito à diversidade, à multiplicidade de manifestações culturais.

Partindo das ideias de Hall, o projeto parte da compreensão no modo de perceber e conceber as identidades culturais em torno das identidades locais e regionais. Como sinaliza o autor, é urgente a necessidade de pensarmos identidade como um processo de construção de culturas híbridas não permanentes. Para nossa pesquisa, buscamos uma reflexão em torno do conceito de identidade como afirma Hall (2005, p.13):

[...] identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma

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multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente.

Consideramos que o resultado foi positivo, pois a comunidade manifestou-se pela continuidade das ações do projeto, comprometendo-se com a doação de novas imagens dos acervos pessoais e preservação da memória local. Diante de uma manifestação dessa, espera-se que esse projeto possa estimular a proposição e execução de outros, que venham impulsionar o desenvolvimento cultural, social e econômico do Sítio Histórico de Itapina. A exposição fotográfica e de objetos foram realizadas com a participação da comunidade, fato que promoveu a sensação de pertencimento e foram vários os comentários de satisfação e emoção das pessoas que se sentiram parte da história de Itapina.

Como resultado, este projeto divulgou os aspectos culturais da escola e do Sítio Histórico de Itapina por meio de registros dos fatos, lembranças e modos de vida dos moradores e a relação destes com os bens culturais do distrito, provocando reflexões e descobertas. Espera-se, portanto, que as atividades desenvolvidas na execução desse projeto possam contribuir para a divulgação da localidade, promovendo atitudes favoráveis à valorização, proteção e preservação de seu patrimônio cultural.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 8ª Ed. Revista (Obras Escolhidas v.1). São Paulo: Brasiliense, 2012.

CANCLINI, Néstor Garcia. Culturas híbridas. São Paulo: Edusp, 2008.

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ESPÍRITO SANTO. Resolução CEC Nº 003/2013. Aprova o Tombamento do Conjunto Histórico e Paisagístico de Itapina, Distrito de Colatina, Estado do Espírito Santo e dispõe sobre a regulamentação. Vitória (ES), 28 de Junho de 2013.

FONSECA, Selva Guimarães. A História na Educação Básica: Conteúdos, Abordagens e Metodologias. In: I Seminário Nacional: Currículo em Movimento, 2010. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em Movimento – Perspectivas atuais. Belo Horizonte, 2010.

GRUNBERG, Evelina. Manual de atividades práticas de educação patrimonial. Brasília, DF: IPHAN, 2007.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu Silva, Guaracira Lopes Louro. 10ª Ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

HORTA, Maria de Lourdes Parreira; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia básico de educação patrimonial. Brasília: IPHAN: Museu Imperial, 1999.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (Iphan). Superintendência do Iphan na Paraíba. Educação patrimonial: educação, memórias e identidades; Átila Bezerra Tolentino (Org.). – (Caderno Temático; 3). João Pessoa: Iphan, 2013.

LUPORINI, Teresa Jussara &URBAN, Ana Claudia. Aprender e ensinar História nos anos iniciais do Ensino Fundamental. São Paulo: Cortez, 2015.

ZANDOMENICO, Clara. Fotografia e Ensino: uso e aplicação da fotografia no processo de aprendizagem no ensino de história e educação patrimonial. Dissertação (Mestrado em Ensino na Educação Básica). Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Universitário Norte do Espírito Santo, 2018.

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