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Marcos Vinícius Ferreira da Silva 1 Universidade Federal de Goiás Regional Jataí,

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Marcos Vinícius Ferreira da Silva 1 Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, geopolitica@outlook.com

OS IMPACTOS SOCIOESPACIAS DA PRODUÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS PARA O PROGRAMA DE BIODIESEL NOS ASSENTAMENTOS RURAIS NA

MICRORREGIÃO SUDOESTE DE GOIÁS 2

INTRODUÇÃO

O presente trabalho consiste de um aprimoramento teórico de um projeto de pesquisa em grau de desenvolvimento no Programa de pós graduação em Geografia da UFG – Regional Jataí. Portanto, esse texto visa debater conceitual e teoricamente as implicações socioespaciais da inserção e do avanço da produção de biodiesel em pequenas propriedades agrícolas, especificamente, nos assentamentos rurais de reforma agrária localizados na microrregião Sudoeste de Goiás.

Esse processo de inserção produtiva torna-se perceptível, pois o número de produtores familiares que produzem soja para as indústrias de biodiesel na referida microrregião tem aumentado. Por conta da articulação entre as empresas processadora deste biocombustível e cooperativas locais, com base nos incentivos de políticas públicas como o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB).

O Governo Federal em 2004 implementou o PNPB, a ênfase desse programa é a inclusão social e desenvolvimento regional. Em função disso, foi criado o Selo Combustível Social (decreto 5.297/2004) como uma alternativa de melhorar a renda e fortalecer a agricultura familiar, criou-se assim a obrigatoriedade das empresas de comprarem uma quantidade estimada (mínima) de matéria-prima desse segmento. Em compensação elas recebem incentivos fiscais e desonerações do PIS/PASEP e CONFINS, enquanto os pequenos agricultores familiares permanecem limitados aos recursos do PRONAF (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Em suma, este artigo caracteriza-se como uma discussão teórica sobre a temática proposta. Deste modo, os procedimentos metodológicos visaram uma

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Bolsista da Fundação de amparo à pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG). 2

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indispensável revisão bibliográfica e um levantamento prévio da situação que ocorre na referida escala regional a fim de identificar espacialmente os atores, fenômenos e processos sociais relacionados aos impactos da inserção da agricultura familiar ao mercado de biodiesel.

OBJETIVOS

Este ensaio visa apreender e debater em âmbito teórico os impactos socioespaciais da inserção do pequeno produtor familiar na produção de matéria primas para o programa de biodiesel. Além disso, identificar os atores sociais envolvidos nesse processo de inserção nos assentamentos rurais do Sudoeste de Goiás.

METODOLOGIA

Inicialmente, os procedimentos teórico-metodológicos visaram uma indispensável e ampla revisão bibliográfica da temática proposta com a finalidade de obter informações pertinentes à pesquisa, que permitam entender o processo de incorporação do agricultor familiar a cadeia do biodiesel. Com base no exposto, o recorte espacial abrange a microrregião Sudoeste de Goiás (mapa 1) e o conceito geográfico chave da pesquisa é o território. De acordo com a concepção de Bombardi (2004, p. 47) sua investigação significa, antes de mais nada, compreender “ as relações sociais que o determinam, o que na atualidade significa fazer uma análise que abarque o modo capitalista de produção e suas implicações, numa perspectiva de entendimento de que as relações sociais no mundo atual são por ele determinadas” Mapa 1 – Localização e divisão político administrativa da microrregião Sudoeste de Goiás

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Torna-se importante ressaltar o seguinte aspecto: embora a escala territorial seja o Sudoeste de Goiás, todavia não são todos os municípios (dos dezoitos) dessa microrregião inseridos nessa lógica. Cabe destaca a participação das duas únicas cooperativas de agricultura familiar, que produzem biodiesel, a Cooperativa Mista Agropecuária do Rio Doce (COPARPA) e a Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares Economia Solidária e Produção Agroecológica de Rio Verde e Região (COOPAF). Ambas possuem influência regional em articular as famílias dos assentamentos rurais de reforma agrária, a primeira localizada no município de Jataí (GO) e a segunda em Rio Verde (GO).

Assim, essas cooperativas na lógica do PNBP são instituições mediadoras entre o agricultor familiar e a empresa processadora do biocombustível com intuito de promover a comercialização das matérias primas produzidas pelos assentados. Essa política pública, detalhadamente o referido programa “[...] também pode ser desenvolvido individualmente pelas famílias diretamente com a empresa, mas esta não é uma prática usual, nem fomentada na região” (DIAS, 2012, 97). Ou seja, existe uma relação direta e pouco comum entre as famílias assentadas e as firmas.

De modo geral, compreende-se, que este é um processo contraditório e possui consequências a inserção dos pequenos agricultores à produção agroindustrial. Portanto, “é importante investigar suas características, haja vista que são dois polos que atuam com lógicas diferentes: a agricultura familiar, baseada na reprodução do seu modo de vida, e as corporações nacionais e transnacionais centradas no acumulo de capital” (ROSSETTO, 2011, p. 105).

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Segundo Peixinho e Scopel (2011) a adesão da agricultura familiar à produção de biodiesel no Sudoeste de Goiás requer uma pesquisa cuja a compreensão dessa realidade seja mais abrangente e minuciosa. Nessa perspectiva busca-se desenvolver o presente trabalho, ou ao menos tenta-se no sentido de apreender um pouco mais tal contexto em cenário regional.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Em 2005 o biodiesel foi legitimado no Brasil como uma matriz energética por meio de uma legislação específica (11.097), que define o percentual mínimo de biodiesel a ser adicionado em óleo diesel visando sua comercialização e repasse ao consumidor final. Atualmente, o artigo segundo, dessa lei foi revogado e sancionou-se no seu lugar a medida provisória nº 647 de 28 de maio de 2014, que altera a adição obrigatória do valor fixado em volume de biodiesel ao óleo diesel de 5% para 6%. Ademais foi previsto o para começo de novembro de 2014 a continuação do aumento, de 6% para 7%. Tal iniciativa corresponde a uma estratégia econômica com intuito de reduzir as importações de diesel. E no conjunto de ações voltadas para este biocombustível, de modo majoritário o viés adotado é essencialmente econômico a fim de manter estável a demanda e mercado criado por parte do Estado. Diante desse contexto, que o agricultor familiar torna-se um produtor de combustível inserido no mercado e na cadeia produtiva do biodiesel.

No conjunto da inserção da agricultura familiar na produção e biodiesel, existem diferentes críticas. Oliveira (2011), enfatiza o decréscimo da produção de alimentos em relação ao aumento da fabricação de oleaginosas. Segundo o autor supracitado, a agricultura (camponesa) familiar encontra-se no dilema de produzir para o setor alimentício ou para o setor industrial implicando na falta de alimentos no mercado e, consequentemente, no aumento de seu preço, o que estabelece um risco à soberania alimentar.

Elias (2011) levanta as principais críticas feitas por pesquisadores dessa temática, o autor supracitado evidenciou os aspectos negativos da produção de agrocombustíveis, necessariamente sobre o biodiesel, como o aumento da concentração

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fundiária (desigualdades socioespaciais), imposição de monoculturas (perda biológica de espécies), integração da agricultura familiar a produção agroindustrial de biocombustíveis (processo de submissão dos pequenos agricultores), desarticulação de políticas pública e indefinição do papel das instituições públicas. E aspectos positivos, como a geração de emprego, inclusão social e redução do efeito estufa. A partir do que foi exposto, percebe-se que existe um debate científico instalado sobre o tema, o que mostra a sua relevância como objeto de pesquisa.

O objetivo inicial do PNPB foi a produção específica de oleaginosas, o Governo incentivou o cultivo de matérias primas como mamona, pinhão manso, dendê, canola entre outros. No entanto, houve uma preferência para a soja, principalmente, nas áreas do agronegócio, onde o modelo agrícola e cadeia produtiva da sojicultora havia sido consolidado. No Sudoeste de Goiás na década de 1970, o processo modernização da agricultura introduziu tal paradigma e a produção de soja, dessa forma incorporou-se novas áreas nos domínios do cerrado para fins agronômicos. “Constituiu-se assim, o

lócus de uma significativa produção agrícola nos moldes (de concentração fundiária) do

agronegócio com grandes propriedades intensamente mecanizadas” (SILVA, 2014). Os municípios de Rio Verde e Jataí – Goiás são expoentes dessa intensa economia do agronegócio da soja que, simultaneamente, pode ser entendido como um modelo agrícola e um processo de regulação do capital no espaço geográfico rural. Segundo Peixinho e Scopel (2011) o número de produtores familiares, que cultivam essa commodity para as indústrias de biodiesel no Sudoeste de Goiás tem aumentado, por conta da articulação entre as empresas processadora deste biocombustível e cooperativas locais, com base nos incentivos de políticas públicas como o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) e o Selo Combustível Social. Portanto, encontra-se esta situação em cenário regional, pois “a adesão de assentados ao PNPB vem aumentando” (DIAS, 2012, p. 97).

O agricultor familiar quando inserido na proposta PNPB, torna-se dependente a aderir o pacote tecnológico (sementes patenteadas, maquinários agrícolas, insumos, etc.) gera-se uma dependência sobre o que se produzir e o que comprar, no caso a sojicultora. Além do Estado e capital (por meio de empresas) definirem juntos, o valor que deve ser

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pago pela produção. Ou seja, o pequeno agricultor que visa manter suas relações em âmbito de família e de subsistência fica refém do mercado, com total dependência de uso da biotecnologia. Essa “inclusão” econômica da produção de insumos energéticos na agricultura familiar estabelecida pelas políticas públicas, acarreta em implicações a esse seguimento, inserido na lógica do “[...] processo produtivo, mesmo que em uma correlação de formas desiguais, mostra a importância sociopolítica desse grupo social, pois a subordinação não está no produto em si, mas nos processos produtivos” (PEIXINHO; SCOPEL, 2011, p. 170).

Com base nessa argumentação entende-se que existe uma relação comercial entre os pequenos agricultores e as grandes empresas processadoras, geralmente as cooperativas configuram-se como mediadoras com intuito de facilitar as negociações de ambos setores. Essa tríade de atores sociais engendra as articulações de um com outro e atualmente com “[...] a crescente demanda de matéria-prima, demonstra que o programa conta com uma rede produtiva estruturada, que possibilita às famílias se manterem dentro da cadeia produtiva da soja, mesmo sem os incentivos” (DIAS, 2012, p. 95).

O agricultor familiar subordinado a cadeia do biodiesel, não tem outra alternativa a não ser deixar o capital definir seus interesses através das empresas. Isso, ressalta a contradição das políticas públicas, no lugar de fortalecer a agricultura familiar tende a descaracteriza-la. Para Bernardes (2011, p. 65) “as ações e práticas do setor público e privado, voltadas para inserção da produção agrícola familiar no PNPB, são responsáveis por alterações no processo de reorganização social e territorial”.

De acordo com Dias (2012) há uma territorialidade do capital expressa no controle da própria política pública como uma das diversas opções de expandir as relações capitalistas no campo. Deste modo, o capitalismo é ocultado por meio de programas cujo discurso e direcionamentos visam a inserção social e a solução do pauperismo rural. Sendo este um fenômeno também em escala global.

Nessa perspectiva, todo esse processo pode constituir em uma territorialização do capital nos assentamentos rurais dessa microrregião? Evidentemente sim, entretanto, pouco se sabe dos seus respectivos impactos, por isso a necessidade deste estudo em âmbito regional. Por isso a necessidade de uma leitura intrinsecamente geográfica da

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realidade do campo, em que a Geografia poderá contribuir com entendimentos e explicações concisas das singularidades e especificidades da referida microrregião.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que ainda falta pesquisas científicas mais minuciosas que investigue os impactos do PNDB, tendo em vista que o referido programa possui dez anos de existência e o selo combustível social também com quase a uma década (nove anos). Ou seja, há uma necessidade de um balanço geral sobre essa política pública tanto em escala nacional, quanto em regional e local.

Será que a inclusão social e desenvolvimento regional previsto por essa política energética está realmente ocorrendo? Eis uma pergunta pertinente, pois o discurso das ações parece atrofiar-se no campo teórico e tampouco coincide-se com o campo real. Uma política pública com intuito de transformações concretas e melhorias do espaço rural brasileiro precisa ser pensada a partir da realidade enfrentada pelos pequenos produtores de agricultura familiar-camponesa.

Conforme o exposto anteriormente esse estudo encontra-se em estágio de andamento, como uma perspectiva espera-se na conclusão dessa pesquisa alcançar um entendimento conciso sobre a atual situação da agricultura familiar no Sudoeste de Goiás, em especial a condição das famílias assentadas diante do contexto do estruturado modelo produtivo de soja e da cadeia de biodiesel decorrente desta forma de produção e organização territorial e social.

REFERÊNCIAS

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Novas fronteiras do biodiesel na Amazônia: limites e desafios da incorporação da

pequena produção agrícola. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2011.

BOMBARDI, Larissa Mies. O bairro reforma agrária e o processo de

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BRASIL. Lei n. 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a introdução do

biodiesel na matriz energética brasileira. Diário Oficial [da] República Federativa do

Brasil, Brasília, DF, 14 Jan. 205. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11097.htm>. Acesso em: 22 Maio 2014.

BRASIL. Medida provisória nº 647, de 28 de maio de 2014. Diário Oficial [da]

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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Mpv/mpv647.htm#art6>. Acesso em: 22 Maio 2014.

CONSELHO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL. Aprova Recomendações sobre o Programa Nacional do Biodiesel. Resolução nº 49, de 26 de novembro de 2004. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 29 Nov. 2004. Seção 1, p. 61. Disponível em:

<http://comunidades.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/biodisel/9_-_Resoluo_49.pdf>. Acesso em: 22 Maio 2014.

DIAS, Mariza Souza. Apropriações camponesas da política pública para a

agricultura familiar no assentamento Três Pontes, Perolândia (GO). 2012. 154 f.

Dissertação (Mestrado em Geografia), Universidade Federal de Goiás - Campus Jataí, Jataí (GO), 2012. Disponível em:

<http://posgeo.jatai.ufg.br/uploads/180/original_Dissertação_-_Mariza_Souza_Dias.pdf>. Acesso em: 19 Dez. 2013.

ELIAS, Denise. Prefácio. In: BERNARDES, Júlia Adão; ARACRI, Luís Angelo dos Santos (Orgs.). Novas fronteiras do biodiesel na Amazônia: limites e desafios da incorporação da pequena produção agrícola. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2011. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Os agrocombustíveis e os dilemas da agricultura camponesa e familiar. In: BERNARDES, Júlia Adão; ARACRI, Luís Angelo dos Santos (Orgs.). Novas fronteiras do biodiesel na Amazônia: limites e desafios da incorporação da pequena produção agrícola. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2011. PEIXINHO, Dimas Moraes; SCOPEL, Iraci. Agricultura familiar e produção de soja para o biodiesel em Goiás. In: BERNARDES, Júlia Adão; ARACRI, Luís Angelo dos Santos (Orgs.). Novas fronteiras do biodiesel na Amazônia: limites e desafios da incorporação da pequena produção agrícola. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2011. ROSSETTO, Onélia Carmem. Agricultura familiar mato grossense e sua inserção na cadeia biodiesel: limitações e possibilidades. In: BERNARDES, Júlia Adão; ARACRI, Luís Angelo dos Santos (Orgs.). Novas fronteiras do biodiesel na Amazônia: limites e desafios da incorporação da pequena produção agrícola. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2011.

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SILVA, Marcos Vinícius Ferreira da. Análise dos posicionamentos políticos e

ideológicos da Geografia Agrária nos livros didáticos das escolas públicas e particulares de Jataí – GO. 2014. 55 f. Trabalho de conclusão de curso (licenciatura

Referências

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