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Prodeza. Actividades dos Recursos Naturais na Zambézia

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Academic year: 2021

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Prodeza

Agosto 2009

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Experiências dos Projectos Florestais na Zambézia

Moçambique é um dos países da África Austral com maior cobertura florestal. Cerca de 51% do país (40.6 milhões de hectares) é coberto por florestas e 19% por outro tipo de vegetação (14.7 milhões de hectares).

O uso sustentável de recursos naturais oferece uma grande oportunidade para a redução da pobreza e para o desenvolvimento social e económico. As florestas também desempenham um papel importante como rede de segurança ao providenciar subsistência e rendimento para a população local. As populações locais usam a floresta para a caça, colheita de alimentos, material de construção, lenha/ carvão e remédios tradicionais.

Em Moçambique, só uma pequena parte do potencial económico do sector de florestas é utilizado. O sector de florestas sofre de uma fraca capacidade de processamento e tecnologia o que leva a uma fraca qualidade de produtos finais e a uma fraca capacidade de competitividade nos mercados internacionais.

Investimentos públicos e privados em florestas, fauna bravia e indústrias de processamento de madeira podem promover um maior crescimento económico. As florestas também resultam em benefícios ambientais tais como a preservação da biodiversidade, prevenção da erosão, sequestro de carbono e protecção de áreas de captação de água e também desempenham um papel importante na mitigação da e adaptação às mudanças climáticas.

Em Moçambique, a capacidade de Fiscalização da Lei de Florestas é fraco devido ao baixo número de pessoal formado e às condições inadequadas de trabalho. Com os recursos existentes, a monitorização das concessões, licenças simples e cortes ilegais é extremamente difícil.

Apoio ao Desenvolvimento Rural na Zambézia através do Prodeza

O Governo da Finlândia apoia o desenvolvimento rural na província da Zambézia desde Junho de 2006 através do projecto Prodeza. O objectivo geral do Prodeza é de reduzir a pobreza – especialmente no seio das mulheres. O problema chave tratado pelo projecto está ligado ao uso insuficiente e insustentável do grande potencial de agricultura e florestas na província. O projecto promove o aumento da produção agrícola e florestal sustentável e o aumento das oportunidades de geração de rendimento nos distritos de Mocuba e Maganja da Costa.

As três principais componentes do projecto são:

1. A Descentralização e Empoderamento de Organizações Locais para promover a Boa Governação através da criação, no seio do governo local, organizações da sociedad civil e sector privado de capital social de forma a serem capazes de tomar decisões estratégicas para o benefício das populações rurais. 2. A produção agrícola e gestão sustentável dos recursos naturais com um enfoque no aumento da produtividade através da prestação de serviços de extensão, assistência técnica, promoção de acesso seguro à terra e apoio à comercialização, aos produtores. As principais cadeias de valores apoiadas são as do amendoim e feijão em Mocuba e arroz em Maganja da Costa.

3. O Desenvolvimento Económico e Empresarial com um enfoque nas actividades que contribuem para o

Produzindo madeira na Zambézia

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ACTIVIDADES FLORESTAIS DO PRODEZA:

O objectivo deste panfleto é de fornecer informação sobre as experiências ganhas pelo projecto na gestão sustentável dos recursos naturais na província da Zambézia.

20% das Taxas Provenientes da Exploração Florestal para as Comunidades Rurais

A Lei de Florestas e Fauna Bravia de Moçambique foi aprovada em 1999 e regulada em 2002. O diploma ministerial foi publicado em 2005. Estes definem que 20% das taxas de licenças provenientes da exploração florestal e de fauna bravia devem ser canalizados para as comunidades locais. O Prodeza, conjuntamente com as ONGs locais Prodea e Radeza, têm vindo a apoiar as comunidades para assegurarem os seus direitos à terra e capacitando as mesmas a planear e usarem os 20% das taxas provenientes da exploração florestal em prol de toda comunidade.

Em colaboração com estes parceiros e os Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia da Zambézia (SPFFB), 15 projectos financiados a partir dos 20% foram monitorizados em 7 distritos na Zambézia. Os projectos incluíram construção de escolas, poços, postos de saúde, casas para professores, promoção de criação animal, moageiras, abertura de machambas, aquisição de transporte e créditos comunais. No distrito de Mocuba, 9 comunidades foram assistidas na identificação de micro projectos a serem financiados com os fundos provenientes dos 20% e três comités de gestão de recursos naturais foram criados.

Baseado nas experiências adquiridas através da monitorização das actividades dos 20% provenientes das taxas de exploração florestal, tiraram-se as seguintes conclusões:

O processo de recepção dos fundos é moroso. As principais causas são a lentidão no processo de registo das comunidades na Administração do Distrito, aquisição de BI para os membros dos comités e a abertura de contas bancárias. Também há o facto da distância entre os escritórios provinciais e distritais e as comunidades ser grande o que lança um desafio adicional à comunidade.

As comunidades não têm um conhecimento adequado sobre o montante dos fundos recebidos nem sobre os custos de aquisição de bens e serviços .

Alguns comités têm tido uma fraca gestão e prestação de contas sobre os fundos e em alguns casos também tem havido uso indevido dos fundos.

Os fundos têm ido aos comités dos postos administrativos ao invés dos comités de gestão local. Nalguns casos os governos distritais têm interferido na gestão dos fundos.

Nenhum dos acordos celebrados entre os madeireiros/concessionários e as comunidades têm sido cumpridos.

O uso sustentável de recursos naturais tem vindo a ser promovido através de trabalhos com as comunidades. O Prodeza, juntamente com ONGs locais, tem sensibilizado as comunidades que recebem os “20%” sobre as queimadas, erosão e prevenção de poluição ambiental e também têm vindo a divulgar a lei dos “20%” assim como a recente iniciativa do Governo sobre planeamento participativo a nível distrital. A sensibilização foi realizada através de formação/capacitação directa e através de programas de rádio comunitária Rádio Licungo em Português e nas línguas locais.

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Nas comunidades rurais, as mulheres são muitas vezes excluídas dos processos de tomada de decisões e as suas necessidades não são tomadas em conta. Por isso, foram desenhados programas especiais para encorajar o envolvimento das mulheres na tomada de decisões e em liderança. A maior parte dos projectos prioritizados pelas comunidades florestais são projectos de geração de rendimento. Para responder a esta necessidade, o Prodeza providenciou formação/capacitação em gestão de pequenos negócios aos chefes, secretárias e tesoureiros dos comités. Um seminário regional para a zona centro de Moçambique foi organizado conjuntamente com a WWF sobre Maneio Comunitário de Recursos Naturais (MCRN), que resultou na criação do Fórum Regional para MCRN.

Como resultado das actividades acima mencionadas:

A transferência dos fundos dos 20% pelos serviços provinciais de florestas (SPFFB) para as contas bancárias das comunidades melhorou

O conhecimento das comunidades sobre os seus direitos relativos aos fundos provenientes dos 20% assim como a desvantagem do corte ilegal e das queimadas descontroladas aumentou

Contudo, o conhecimento sobre os fundos provenientes dos 20 % continua baixo. Portanto é importante formar e divulgar mais o diploma ministerial 93/2005 aos membros do governo distrital, aos madeireiros e concessionários, comités de gestão dos recursos naturais e aos beneficiários nas comunidades. O objectivo dos fundos provenientes dos 20% não é somente de ter um micro projecto para a comunidade mas para além disto usar esses fundos como mecanismo de empoderamento e criação de mais iniciativas para a comunidade ter uma gestão sustentável dos recursos naturais de forma mais participativa.

Os membros da comunidade de Inriba Namagoa no distrito de Mocuba decidiram adquirir uma moageira com os “20%” e eles construíram uma casa para produção de farinha de milho. No ano passado 103 comunidades na província de Zambézia receberam os” 20%”

A Sra. Verónica Agnaceiro, líder comunitária da Inriba juntamente com a Sra. Lurdes Paulina, membro da comunidade, estão contentes com a moageira adquirida com os fundos proveniente dos 20 %. Antes as mulheres andavam 4 horas para irem para a moageira em Mocuba carregando sacos de 20-40 kg de milho.

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Prevenção de Queimadas não Controladas

Globalmente, aproximadamente 90% das queimadas são causadas pelo homem. Uma das áreas do mundo mais afectada por queimadas é a África Sub-Sahariana. Somente 10% dessas queimadas são necessárias para o ecosistema. Estima-se que 40% das florestas Moçambicanas são afectadas todos os anos.

O fogo é usado em zonas rurais com diferentes propósitos incluindo a abertura de machambas, queima de resíduos, produção de carvão de lenha, colheita de mel, caça e para cozinhar. Quando usado de forma controlada, a queimada pode ser um meio efectivo e pouco dispendioso de controlo da

gestão de terra, mas quando a queimada é descontrolada pode causar sérios impactos ecológicos e económicos destruindo habitats da fauna bravia, plantas e outros recursos de produtos florestais não madeireiros, colheitas, criações de animais e até levar à perda de vidas.

Entre os anos 2007-8, o Prodea implementou um projecto de prevenção de queimadas descontroladas com o financiamento e a assistência técnica do PRODEZA para apoiar a conservação de recursos naturais e para informar sobre os riscos de usar fogo em actividades de caça e agrícolas. Através do projecto, foram formados 9 comités de prevenção de queimadas descontroladas com 200 participantes. As demonstrações práticas de como parar surtos de queimadas aquando da abertura de machambas juntaram 217 famílias. Através de campanhas de sensibilização foram atingidas 7.350 pessoas de diferentes comunidades e 62 líderes comunitários.

O projecto organizou sessões públicas de educação nas escolas e outros institutos de formação; produziu brochuras e também programas de rádio, que mostraram ser um canal efectivo de tomada de consciência pelas comunidades com pouco nível de alfabetização, especialmente pelas mulheres. A Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental ofereceu rádios aos 9 comités de prevenção de queimadas do projecto como forma de reconhecimento e encorajamento pelo seu trabalho árduo. Os Comités de Queimadas Descontroladas de Selemane e Nadala receberam rádios para obterem informações sobre as queimadas descontroladas existentes. Com os rádios, as aldeias e comunidades isoladas por longa distância estão em melhor posição de estarem informadas.

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Actividades de Reflorestamento

51% do território Moçambicano é coberto por florestas. Cerca de 90 % da desflorestação é causada pela abertura de machambas para a agricultura sendo o restante causada pelo fornecimento de carvão e lenha aos mercados urbanos e pelo corte e exportação ilegal de madeira.

O uso sustentável dos recursos naturais de Moçambique pelas comunidades e individuos pode contribuir para a redução da pobreza assim como para o desenvolvimento socio-económico desde que as políticas, oportunidades de participação e resultados beneficiem também os pobres e os grupos facilmente marginalizados.

O Prodeza começou a apoiar o projecto de reflorestamento da ONG local Prodea no fim de 2008. O projecto pretende mitigar a desertificação e melhorar o uso sustentável dos recursos florestais. Até Abril de 2009 foram produzidas 6.344 mudas de espécies diversas e 1.324 mudas foram plantadas. A meta é de produzir 10.000 mudas para as comunidades e escolas durante o projecto.

Florestas e Mudança Climática

Tendo em mente um objectivo ambiental a longo prazo, o Prodeza, juntamente com o Banco Mundial, levou a cabo um estudo de viabilidade do inicío de investimentos em plantações de florestas no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Clean Development Mechanism – CDM). O CDM é um sistema de transacção baseada no projecto através do qual países industrializados podem adquirir créditos de carbono a partir de projectos implementados em países em desenvolvimento tais como florestamento e reflorestamento de terras degradadas, preservação de terras agrícolas através de sistemas agro-florestais e plantações comerciais. O estudo foi elaborado pela

Indufor. Foram identificadas áreas propícias de terras degradadas em Mocuba e outros distritos da Zambézia. Presentemente a proposta de projecto para o mercado voluntário de carbono está a ser preparada pela Indufor juntamente com a Universidade de Helsínquia e Universidade de Unizambeze em Mocuba.

Micro-Créditos para a Produção Florestal

O Prodeza financia a AMODER, uma organização de micro-créditos, que dá créditos a pequenas e médias empresas nos distritos de Mocuba e Maganja da Costa. As indústrias madeireiras locais podem beneficiar deste financiamento

A fábrica Sotomane em Mocuba é um exemplo excepcional de desenvolvimento empresarial florestal local. As actividades iniciaram em 1991 com a produção de artesanato mas foi-se desenvolvendo para a produção industrial de produtos madeireiros com a sua própria serração e carpintaria empregando 60 pessoas.

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Produtos Florestais não Madeireiros Trazem Rendimentos às

Comunidades Locais

O Prodeza tem procurado potenciais produtos florestais não madeireiros de forma a promover o estabelecimento de grupos dentro das comunidades que iniciem a processamento comercial desses produtos de forma sustentável. O Prodeza iniciou agora um projecto-piloto com 4 grupos de recolha de sementes de Marula para uma companhia de bio-óleos da Maxixe para venda a empresas internacionais de cosméticos. Na área de Mocuba ninguém faz uso das sementes de

Marula. Actualmente, para cada quilo de sementes de Marula são pagos 50 meticais enquanto que para outras sementes o preço é de 2 meticais. Com as sementes de Marula o processamento é mais moroso e é necessária uma formação para um processamento mais adequado e higiénico. Para além da Marula, a companhia de bio-óleos tem interesse em 4 outras sementes para a produção de bio-óleos: moringa, mongogo, sumaúma e embondeiro.

Juntamente com uma ONG local, a Ansa e o Secretariado Técnico para a Segurança Alimentar, SETSAN, o departamento de nutrição da Universidade de Helsínquia está a levar a cabo um estudo sobre o valor nutricional da alimentação local na província da Zambézia. O estudo inclui cogumelos e frutos, folhas e raízes de diferentes plantas que as comunidades locais usam como alimentação de emergência. Este estudo poderá indicar outros produtos a serem considerados para processamento comercial.

Fogões que Poupam Lenha

Uma grande fatia da população depende, de uma maneira ou doutra, dos recursos da floresta e fauna bravia. Mais de 90% da energia rural provém da lenha ou carvão. Um modelo aberto de fogão usa muito carvão devido ao processo de queima rápida. O Prodeza organizou uma visita à Sofala para um grupo de técnicos da Zambézia para formação em fogões que poupam lenha e carvão, que são feitos de chapa e cerâmica para aquecer a comida mais rapidamente e manter o processo de queima mais lento. Presentemente, o Prodeza está a procura de grupos de artesãos para iniciar a produção de fogões em Mocuba.

Especialistas Associados

O Prodeza recrutou 2 especialistas associados internacionais e 2 locais para trabalharem no projecto. A Engenheira Ana Ribeiro tinha acabado de se graduar pela Universidade Eduardo Mondlane, faculdade de florestas quando foi recrutada para o projecto como especialista associada em gestão de recursos naturais. O objectivo do programa de especialistas associados é de providenciar uma boa experiência de trabalho e capacitação aos jovens graduados.

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Contactos:

PRODEZA

Projecto de Apoio ao Desenvolvimento Rural na Província de Zambézia Avenida Josina Machel,

Caixa postal 101, Mocuba, Zambézia Moçambique Tel / Fax. (258 - 04) 24810732 prodeza.prodeza@tdm.co.mz PRODEA

Programa de Desenvolvimento Ambiental Mocuba, Zambézia

Moçambique

Tel.(258 - 04)828777830

Email: prodeamocuba@yahoo.com.br

RADEZA

Rede de Organizações para Ambiente e Desenvolvimento Comunitário Sustentável da Zambézia Bairro Sinacurra 165

Quelimane, Zambézia Moçambique

Tel. (258 - 04) 24217243 radezamoz@yahoo.com.br

Direcção Provincial da Agricultura e Desenvolvimento Rural – Zambézia Serviços Provinciais de Floresta e Fauna Bravia (SPFFB)

Av.Samora Machel Quelimane, Zambézia Moçambique Tel. (258 - 04) 212 288 E-mail: dpagabdirecto@teledata.mz

Autores:

Ana Ribeiro

Especialista em Recursos Naturais/Engenheira Florestal Prodeza

Estêvão José Neves Técnico de Ambiente Prodea Kukka Ranta Estagiária Embaixada da Finlândia

Fotos:

Referências

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