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CARBOIDRATOS E CONCENTRAÇÃO NA TRAVE DE EQUILIBRIO, UMA SOLUÇÃO PARA FADIGA FISICA E MENTAL

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CARBOIDRATOS E CONCENTRAÇÃO NA TRAVE DE EQUILIBRIO, UMA SOLUÇÃO PARA FADIGA FISICA E MENTAL

Helena Angélica Pereira Batatinha (IC) e Érico Chagas Caperuto (Orientador) Apoio: PIBIC Mackenzie

Resumo

A ginástica artística é uma modalidade na qual os atletas estão freqüentemente em estado de fadiga. Um elemento que pode reduzir esse quadro é o carboidrato, um importante substrato energético os músculos e o SNC. O objetivo no nosso trabalho foi investigar a influência da fadiga sobre a performance das atletas de ginástica artística e se a suplementação de carboidrato pode influenciar esse desempenho. Avaliamos 15 atletas de Ginástica Artística, divididas em dois grupos (controle e fadiga) da categoria infantil em dois dias de coleta, no primeiro dia as atletas executavam cinco series na trave de equilíbrio ingerindo uma solução placebo o GC fez um aquecimento prévio antes das seqüências e o GF realizou em circuito de fadiga, o aquecimento e em seguida as series. No segundo dia seguimos o mesmo protocolo, porem os sujeitos ingeriram uma solução de 20% de maltodextrina antes das seqüências. Pudemos observar que a fadiga influencia no desempenho das atletas já que no dia placebo o GC teve 3,33 ± 1,37 de media de quedas e o GF apresentou 5,40 ± 1,14. A suplementação de carboidrato foi suficiente para suprir as demandas energéticas musculares e elevar o grau de concentração das atletas observando que o GF apresentou 5,40 ± 1,14 de media de quedas no dia placebo, tendo este numero reduzido para 2,29 ± 1,50 no dia suplementado.

Palavras-chave: carboidratos, fadiga, concentração Abstract

Artistic Gymnastics is a sport where athletes are frequently fatigued. One element that might influence this aspect is carbohydrate, an important energy substrate for the muscles and CNS. Our goal was to investigate the influence of fatigue over artistic gymnastics athlete’s performance and the effects of a carbohydrate supplementation on their performance. We evaluated 15 athletes divided in 2 groups (control and fatigue) from 12 to 14 years old in two different experimental days. On the first day, they did 5 sets of exercises on the balance beam ingesting a placebo solution. CG (control group) warmed up before the sets and FG (fatigue group) did a fatigue circuit, warm up and then the sets. On the second day, we used the same protocol but all athletes ingested a 20% maltodextrin solution before the sets on the balance beam. We observed a greater number of falls from the balance beam from the FG on placebo day (5.40 ± 1.14 FG x 3.33 ±1.37 CG). Carbohydrate solution was able to supply muscle demands and improve the athlete’s focus reducing the number of falls from FG to 2.29±1.5 when compared to placebo day.

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1 INTRODUÇÃO

O treinamento da Ginástica Artística submete os atletas ao limite dos seus corpos e mentes, através de sessões de treino intensas e calendários competitivos exigentes e longos tanto no aspecto físico quanto de concentração. Frequentemente, os indivíduos treinam no seu limite e em estado de fadiga. A fadiga muscular é um processo que reduz o desempenho no esporte, especialmente em condições de restrição calórica, A diminuição da disponibilidade de carboidratos como substrato energético (glicose e glicogênio) e a ocorrência de desidratação constituem-se os principais fatores limitantes durante a prática de exercícios de resistência. (Davis e Brown 2001)REF, elemento comum nessa modalidade. A suplementação com carboidrato pode ser uma estratégia para retardar este processo, já que o carboidrato é uma importante fonte de energia para o corpo e para o sistema nervoso MAIHARA ET AL (2006), melhorando a performance dos atletas.

A pergunta que norteou nosso trabalho foi: qual a influência da fadiga no desempenho de atletas em exercícios com alto grau de exigência física e concentração, como a trave de equilíbrio? E em seguida: qual o papel da suplementação de carboidrato neste processo? Dessa forma, esse estudo vai investigar a influência da fadiga sobre a performance das atletas de ginástica artística e quanto a suplementação de carboidrato pode influenciar nesse desempenho.

1.1 Características da Ginástica Artística

Para REGO (2006) a ginástica artística é uma modalidade que envolve força física, concentração e graciosidade. Os atletas são submetidos ao limite de seus corpos, há uma carga excessiva exigindo muito esforço do individuo (Nunomura, et al, 2009). A palavra ginástica vem do grego “gymnadzein” e significa “treinar, exercitar-se”. É uma modalidade feminina e masculina. Para as mulheres vale a suavidade dos movimentos e para os homens a força neles exercida.

Existem quatro aparelhos para o feminino: salto sobre a mesa, paralelas assimétricas, trave de equilíbrio e solo (Nunomura et al, 2009).

No primeiro as atletas devem usar a força explosiva para realizar um salto sobre a mesa da maneira mais perfeita possível de modo que este seja alto e possibilite uma aterrissagem o mais longe possível do aparelho. (Federação Internacional de Ginástica FIG, 2011)

No segundo a atleta dependerá principalmente da força dos membros superiores e abdominal. Ela deve realizar giros nos barrotes passando de um para o outro, esse barrotes são paralelos ao chão de modo que um é mais baixo (1,57cm) e o outro é mais alto (2,36cm) e eles possuem uma distancia entre si. (FIG 2011)

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Já no terceiro existe uma mistura de coragem, equilíbrio e concentração. A trave de equilíbrio é o aparelho mais técnico de todos, pois se trata de uma superfície de 10 cm de largura colocada a 1,25 do chão e as atletas devem realizar todos os movimentos em cima dela, com o mínimo de desequilíbrio e sem cair (Pollatsek e Well, 1986). Obtém o melhor resultado a atleta que conseguir executar o movimento perfeito e permanecer sob o aparelho durante toda série. Um movimento imperfeito, por exemplo, provocado pela fadiga, pode provocar a queda.

O quarto é considerado o mais fácil, porem o mais cansativo, as atletas devem realizar uma série coreografada com música, de no mínimo 1 minuto e no máximo 1,30 minutos (FIG 2011), nesta série são obrigatórias quatro passagens de elementos ginásticos nos quais contam a altura e a perfeição de execução. É muito importante que a atleta faça a série dentro do tablado de 12 X 12 metros e no tempo da música.

Em todos os aparelhos leva-se em consideração a beleza do exercício que deve ser realizado com as pernas unidas e estendidas, ponta de pé, com grande amplitude e precisão nas aterrissagens (Nunomura et al, 2010). Por ser um esporte individual, no qual todas as atenções são voltadas para o atleta no momento de sua apresentação, não se tolera nenhum erro, o desempenho e a perfeição na execução são altamente valorizados (Nunomura, 2004).

Seis árbitros julgam o desempenho do atleta, sendo que três observam o grau de dificuldade dos movimentos e os outros três observam a execução deles (FIG 2009). A nota final é dada pela média de quatro notas, sendo descartada a mais alta e mais baixa. A atleta pode escolher em quais aparelhos vai competir, mas se quiser disputar o prêmio de atleta mais completa ela deve competir em todos os aparelhos e, neste caso, a nota final é dada pela somatória da nota dos quatro aparelhos (FIG 2009).

1.2 Treinamento e calendário de competições

Os treinamentos são exaustivos, com intensidade e duração prolongada. NUNOMURA ET AL (2009) colocam em seu estudo que atletas da categoria infantil treinam em media 25 horas semanais, as quais são divididas em cinco sessões de cinco horas cada, aproximadamente.

O calendário de competições se estende durante todo o ano (Lacordia et al , 2006) e os treinamentos não tem fases bem definidas. A periodização é baseada em um volume de treinamento e uma intensidade altos, mantendo as atletas próximas do desempenho máximo

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1.3 Dieta e Suplementação

A dieta de uma ginasta é restrita a poucas calorias (Ribeiro e Soares, 2002), pois quanto mais leve for o corpo, menos energia ele demanda para realizar os exercícios e mais graciosa será a serie. O risco de lesão diminui, pois o impacto sobre as articulações será reduzido. Porem, devido a essas condições, pode faltar energia para que ela complete sua série, ou que saia tudo dentro do planejado, voltando a existir o risco de lesões. (Benardot et al., 1991; Vidmar et al., 2000).

RIBEIRO E SOARES (2002) apontam em seu estudo que as atletas têm deficiência alimentar, na ingestão de vitaminas, cálcio, lipídios e principalmente na ingestão de carboidrato. Devido a estas condições a suplementação alimentar deveria ser levada em consideração, uma vez que com ajuda da suplementação, as atletas, sob orientação de um nutricionista, poderiam obter o melhor dos nutrientes e alimentos de forma seletiva, por exemplo, em relação a gordura. Entretanto, o uso de suplementos alimentares por ginastas ainda é muito pouco comum, sendo apenas a restrição calórica a manobra alimentar mais utilizada nessa população de atletas.

Soric e colaboradores (2008) não encontraram, em seu estudo, uma diferença no total calórico ingerido por atletas de ginástica artística quando comparadas a atletas de ginástica ritmica e bailarinas. No entanto, a distribuição energética durante a atividade física foi diferente. As atletas de ginástica artística relataram uma maior contribuição dos carboidratos em relação a gordura do que as demais atletas, evidenciando uma maior intensidade do exercício. Ao mesmo tempo, os autores relatam uma maior ingestão de carboidratos dessas atletas quando comparadas as demais. Essa maior ingestão combinada ao treinamento dá a essas atletas o menor porcentual de gordura de todas as atletas estudadas, reforçando a idéia de alta intensidade do treinamento.

1.4 Fadiga e Suplementação de Carboidratos

Segundo HARGREAVES (2006) a fadiga é um processo que reduz o desempenho no exercício e no esporte, é a incapacidade de gerar e/ou manter a força e energia necessárias para realização da atividade. A pouca oferta dos principais agentes bioquímicos (PCr, glicose sanguínea e glicogênio muscular) responsáveis pela produção de energia podem limitar o fornecimento de ATP durante o exercício, causando fadiga muscular.

A suplementação com glicose, por exemplo, tem papel ergogênico já bem definido (McCardle, 2001 Wolinsky 2002), auxiliando imediatamente no fornecimento de energia, tanto para o tecido muscular, podendo ser utilizada durante a execução da rotina no aparelho, quanto para o sistema nervoso central, prevenindo a falta de energia, e de concentração, que pode tanto levar a uma nota ruim, quanto levar a atleta a uma lesão.

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Dessa forma, esse estudo vai investigar a influência da fadiga sobre a performance das atletas de ginástica artística e a influência da suplementação de carboidratos sobre a fadiga e a performance.

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo geral

O presente projeto de pesquisa tem como objetivo analisar o efeito da fadiga aguda na performance na ginástica olímpica;

2.2 Objetivos específicos

1. Verificar o quanto a fadiga aguda influencia no desempenho das atletas no aparelho trave de equilíbrio

2. Verificar se a suplementação com carboidrato pode propiciar um melhor desempenho mesmo depois da fadiga aguda.

METODOLOGIA

A pesquisa tem caráter experimental que, segundo Barros e Lehfeld (2000) se caracteriza pela manipulação de uma ou mais variáveis, para observar e interpretar as modificação ocorridas no objeto de pesquisa.

POPULAÇÃO E AMOSTRA

Foram analisadas 15 atletas de ginástica artística feminina, com idade entre 11 e 14 anos da categoria infantil, estado de saúde estável, nível de treinamento elevado (mínimo de 5 vezes por semana, 4 horas por dia). As atletas foram recrutadas casualmente da equipe infantil de treinamento de um clube localizado na cidade de Barueri. Serão critérios de exclusão a decisão voluntaria de abandonar o protocolo de pesquisa sem prejuízo para o sujeito, bem como qualquer lesão ou impossibilidade de realizar o protocolo experimental descrito.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

As atletas foram divididas em dois grupos de forma aleatória, o grupo controle (CG) e o grupo que foi submetido a fadiga previa (GF).

Houve dois dias de coleta. No primeiro dia (DIA PLACEBO) o GC realizou um aquecimento prévio de 10 minutos, seguido por 5 séries de determinados exercícios (Subida na força,

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avião, giro 360º, parada de mãos, estrela, salto GT, ponte para trás, saída em mortal grupado para frente) na trave de equilíbrio; o GF realizou um circuito de fadiga que durou 20 minutos, aquecimento de 10 minutos, seguido por 5 series seguidas dos mesmos determinados exercícios. No segundo dia (DIA CARBOIDRATO) seguimos o mesmo protocolo, porem as atletas do GC ingeriram uma substancia de 20% de maltodextrina 10 minutos antes do aquecimento, e o GF ingeriu a mesma substancia logo após o circuito de fadiga e 10 minutos antes do aquecimento.

INSTRUMENTAL

Por se tratar de menores de 18 anos os pais das atletas assinaram um termo de consentimento livre esclarecido conforme anexo. Será enviada uma carta de informação a instituição solicitando a participação das atletas no projeto.

Ficha de controle de quedas – utilizada para analisar o padrão de movimento e registrar o numero de quedas de cada atleta em cada exercício das seqüências realizadas.

Analises enzimáticas – glicemia e lactato

COLETA DE DADOS

Contamos o numero de quedas de cada uma das cinco sequências realizadas por cada atleta, para analisar o nível de fadiga alem disto analisaremos as seguintes variáveis. Glicemia sanguínea – foram coletados 3 pontos para o monitoramento da glicemia (antes do aquecimento, antes da sequência e no fim da sequência) para o GC, e 4 pontos para o GF (antes do circuito de fadiga, antes do aquecimento, antes da sequência e no fim da sequência dos exercícios de ginástica artística), (anexo II)

Lactato sanguíneo – coletamos os mesmos pontos utilizados na coleta para o monitoramento da glicemia.

TRATAMENTO DE DADOS

Foi utilizado o Teste T de Student para analise entre os grupos controle e fadiga.

E uma analise de variância anova two way, considerando as duas variáveis, a fadiga e a suplementação.

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RESULTADOS E DISCUÇÃO

O perfil da glicemia e do lactato em repouso foi o mesmo para os dois grupos em ambos os dias (DIA PLACEBO - glicose 97 ± 15,5 GC e 97,2 ± 16,72 GF e lactato 1,6 ± 0,46 GC e 1,17 ± 0,42 GF); (DIA CHO - glicose 94,5 ± 18,0 GC e 88,0 ± 8,25 GF; lactato 1,17 ± 0,42 GC e 1,4 ± 0,2 GF).

O protocolo de fadiga foi eficiente, uma vez que houve um aumento significativo no valor do lactato e da glicemia para o GF após o circuito de fadiga nos dois dias comparado com o repouso (DIA PLACEBO - lactato 13,92 ± 1,48 e glicose 118 ± 39,07); (DIA CHO - lactato 10,2 ± 3,0 e glicose 112,0 ± 11,44).

O lactato diminuiu significativamente durante o aquecimento no GF, nos dois dias, por ser essa uma atividade menos intensa que o protocolo de fadiga propriamente dito. Mesmo assim, continuou elevado, em comparação ao GC antes do início da seqüência na trave, indicando um momento de fadiga das atletas (DIA PLACEBO - 3,94 ± 3,23 GF e 2,2 ± 0,81 GC) (DIA CHO - 5,2 ± 1,5 GF e 4,75 ± 2,83 GC).

O lactato não apresentou alterações até o final da seqüência na trave no dia placebo (DIA PLACEBO - 2,2 ± 0,81 e 2,32 ± 1,4 GC – 3,94 ± 3,23 e 3,68 ± 1,87 GF), sugerindo uma intensidade constante durante a série. Já no dia suplementado, a concentração de lactato não se alterou para o GC e foi significativamente menor para o GF (DIA CHO - 4,75 ± 2,83 e 3,3 ± 1,32 GC – 5,2 ± 1,5 e 3,7 ± 1,2 GF), a remoção de lactato (evidenciada pela redução na concentração plasmática) pode ser atribuída a uma boa condição de tamponamento das atletas e também sugere que a série na trave tem um componente de concentração mais intenso que o componente físico.

Os dados do lactato podem ser observados na tabela 1.

Valores do lactato para GC e GF em ambos os dias de coleta

Lactato (mmol/l) PLACEBO CHO

GC (n 7 ) GF (n 7) GC (n 7) GF (n7)

Repouso 1,6 ± 0,46 1,72 ± 0,37 5,17 ± 0,42 5,4 ± 0,2

Após fadiga 13,92 ± 1,48 * # 10,2 ± 3,0 * #

Antes serie 2,22 ± 0,81 3,94 ± 3,23 4,75 ± 2,83 5,2 ± 1,5

Após serie 2,32 ± 1,24 3,94 ± 3,23 3,3 ± 1,32 3,7 ± 1,2

* p<0,05 comparando lactato após a fadiga do GF com repouso dia placebo. # p<0,05 comparando lactato após a fadiga de GF x GF no dia placebo e carboidrato.

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Em relação a glicemia, no dia placebo, as concentrações não apresentaram variação durante todo o teste, com exceção da concentração medida no GF logo após o protocolo de fadiga, maior em comparação com o repouso (apesar do aumento não ser estatístico) (DIA PLACEBO - 96,2 ± 16,72 GF repouso; 118 ± 39,1 GF após protocolo de fadiga) esse aumento da glicemia se dá por conta da intensidade do protocolo de fadiga e das respostas hormonais geradas como conseqüência. Davis e Brown (2001) colocam que exercícios extenuantes aumentam a concentração dos hormônios contra-regulatórios, a adrenalina, o glucagon, e quando prolongados o hormônio do crescimento (hGH) e o cortisol. Esses hormônios contribuem para manter ou aumentar a glicemia retardando a fadiga mental. No dia suplementado com carboidrato foram registradas as alterações mais interessantes. Não houve diferença entre os grupos no repouso (DIA CHO - 94,5 ± 17,99 GC e 88,0 ± 8,25 GF).

Após o protocolo de fadiga, a glicemia subiu estatisticamente para o GF, novamente por conta da ativação intensa do exercício e da resposta hormonal, que promove mobilização da glicose e glicogênio armazenados para a corrente sanguínea ao mesmo tempo que favorecendo a entrada de gordura na célula muscular, dividindo a glicemia entre sistema muscular e nervoso como descrito por Goodwin e colaboradores (2010) (88,0 ± 8,25 repouso e 112,0 ± 11,44, antes do aquecimento e após o protocolo de fadiga).

Após a suplementação de carboidratos, a glicemia do GC subiu estatisticamente (94,5 ± 17,99 repouso e 136,83 ± 13,79 antes da sequência, após a suplementação). Embora esse grupo apresentasse uma queda estatística na glicemia após a realização da série (136,83 ± 13,79 antes da sequência e 102,17 ± 14,08 após a sequência), não observamos esse mesmo comportamento em relação à concentração de lactato, um importante marcador do metabolismo muscular, especialmente do músculo em atividade. Esse dado sugere um compartilhamento diferenciado da glicose disponível antes da sequência entre o músculo e o sistema nervoso uma vez que a sequência montada para a trave de equilíbrio era de exercícios avançados, exigindo um alto grau de concentração. Comportamento semelhante foi descrito por de Lange e colaboradores (2007), quando descrevem as adaptações musculares no sentido de oxidar gorduras em situações de baixa disponibilidade de carboidratos, preservando os estoques de carboidratos para tecidos que dependem predominantemente da glicose, como o cérebro.

Para o GF, notamos o seguinte comportamento: aumento estatístico após o repouso (88,0 ± 8,25 repouso e 112,0 ± 11,44, antes do aquecimento e após o protocolo de fadiga), possivelmente devido a ativação do sistema nervoso simpático, manutenção da glicemia após o aquecimento (112,0 ± 11,44 antes do aquecimento, depois do protocolo de fadiga e

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118,3 ± 18,85 antes da sequência e após a suplementação de carboidrato), dado diferente do dia placebo, onde observamos uma queda na glicemia (não estatística) entre esses dois pontos. Essa manutenção se deveu a suplementação de carboidratos, disponibilizando uma maior quantidade de glicose para as atletas quando comparada ao dia placebo (84,4 ± 12,22 DIA PLACEBO antes da sequência e 118,3 ± 18,85 DIA CHO antes da sequência). Durante a sequência, no dia com a suplementação de carboidratos, observamos o mesmo comportamento para o GF em comparação ao GC, ou seja, diminuição estatística da glicemia (118,3 ± 18,85 antes da sequência e 95,5 ± 9,51 após a sequência), provocada pela captação, principalmente do sistema nervoso e muscular, e queda (apenas para o GF) no lactato, sugerindo novamente um compartilhamento diferenciado da glicemia entre os sistemas muscular e nervoso.

Esses dados metabólicos podem ser corroborados pela quantidade de quedas observada durante a execução das séries. No dia placebo, o número de quedas foi estatisticamente maior no grupo fadiga que no grupo controle (5,4 ± 1,14 GF e 3,33 ± 1,37 GC) demonstrando o efeito da fadiga na concentração das atletas. No dia suplementado com carboidrato não observamos diferença entre o GF e o GC (2,29 ± 1,25 GF e 1,88 ± 1,13 GC), podemos atribuir essa ausência de diferença a suplementação de carboidratos, que fez com que o GF tivesse um número de quedas semelhante ao GC.

No entanto, quando observamos os dois dias, PLACEBO e CHO, pudemos observar diferenças estatísticas entre os dias, quando comparamos os grupos com eles mesmos (3,33 ± 1,37 GC PLACEBO e 1,88 ± 1,13 GC CHO) e (5,4 ± 1,14 GF PLACEBO e 2,29 ± 1,25 GF CHO) corroborando a idéia de que a suplementação de carboidratos teve um efeito mais pronunciado servindo como combustível para o sistema nervoso central e auxiliando na manutenção da concentração do que servindo como combustível muscular, embora essa demanda também tenha sido atendida (de Lange e colaboradores, 2007; Davis e Brown, 2001; Karelis e colaboradores, 2010).

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Valores do glicemia para GC e GF em ambos os dias de coleta

Glicemia (MG/dl) PLACEBO CHO

GC (n 7) GF (n 7) GC (n 7) GF (n 7)

Repouso 97 ± 15,5 * 97,2 ± 16,72 94,5 ± 18,00¨ 88 ± 8,25

após fadiga 118 ± 39,07 112 ± 11,44

Antes serie 83 ± 2,4 * # 84,4 ± 12,22 ∞ 136,8 ± 13,8 ¨ 118,33 ±18,85∞° Após serie 91 ± 10,4 # 92,8 ± 19,33 102,2 ± 14,1 95,50 ± 9,51° *p<0,05 comparando glicemia antes da seqüência do GC com repouso no dia placebo. # p<0,05 comparando após a serie do GC com antes da serie no dia placebo. ¨ p<0,05 para GC comparando repouso com antes da serie no dia CHO. ° p<0,05 para GF comparando antes e depois da serie dia CHO. ∞p<0,05 comparando GF x GF antes da serie no dia placebo e CHO.

Os dados do número de quedas podem ser observados na tabela 3.

Numero de quedas do GC e GF em ambos os dias de coleta

Quedas PLACEBO CHO

GC (n 7 ) GF (n 7) GC (n 7) GF (n7)

Média de quedas 3,33 ± 1,37 * # 5,40 ± 1,14 * ° 1,88 ± 1,13 # 2,29 ± 1,50 ° *p<0,05 comparando GC x GF no dia placebo. #p<0,05 para GC x GC dia placebo e CHO. °p<0,05 comparando GF x GF nos dois dias de coleta

CONCLUSÃO

Podemos concluir que a fadiga é um elemento que promove perda de performance em atletas de ginástica artística, causando, na prática, perda de concentração e provocando erros na execução dos exercícios.

Também pudemos concluir que a suplementação de carboidratos foi capaz de reestabelecer os níveis de concentração das atletas, além de representar uma fonte de energia disponível para os músculos, tendo efeito direto na redução do número de erros ou quedas na execução de série na trave de equilíbrio mesmo após a execução de um treinamento exaustivo.

A suplementação de carboidratos pode representar um auxílio ergogênico legal e prático que pode representar a diferença entre uma pontuação ruim ou uma pontuação ótima numa competição importante. Especialmente em uma modalidade onde a restrição calórica e os treinamentos exaustivos são parte de uma rotina muito comum.

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Referências

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