DIREITO SOCIETÁRIO – PARTE
III: DA SOCIEDADE LIMITADA
Paula Freire 2012
Sociedade por quotas de responsabilidade
limitada e o Decreto 3.708/19
Antes da vigência do CC/2002 era regida pelo
Decreto 3.708/19 e era por este denominada “Sociedade por quotas de responsabilidade limitada”.
O CC/2002 revogou o Dec 3.708/19 e deu novas
diretrizes e balizamentos consolidados pela doutrina e pela jurisprudência.
Sociedade limitada
Disciplinada pelo Código Civil: arts. 1.052 a 1.087. Ausência de tratamento de algumas questões pelo
Código Civil. Ex: distribuição de dividendos ou administrador com excesso de poderes.
administrador com excesso de poderes.
Regência supletiva. Art. 1.053: Sociedade simples. O contrato pode dispor que a regência supletiva
será pelas normas das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76). Art. 1.053, parágrafo único
Características:
A responsabilidade do sócio se dá perante a
sociedade e perante terceiros.
A responsabilidade do sócio quotista se limita ao
valor do capital social por ele subscrito (interna valor do capital social por ele subscrito (interna corpore) ou pelo total do capital social ainda não integralizado (perante terceiros).
Então, a sociedade poderá cobrar do sócio apenas
o valor subscrito e não integralizado por ele. Não há solidariedade entre ele perante a sociedade.
Característica:
A responsabilidade dos sócios, perante a
sociedade, é limitada ao valor subscrito e não solidária.
E – perante terceiros – é limitada ao capital não
integralizado por qualquer ou quaisquer deles. E é integralizado por qualquer ou quaisquer deles. E é solidária, perante esses terceiros.
Exceções: dívidas trabalhistas e previdenciárias
(INSS) podem ser cobradas diretamente dos sócios (teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica).
Consequências distintas:
Administrador que excede aos poderes. A
depender da disciplina supletiva, haverá consequências distintas para a sociedade, para o terceiro contratante e para o administrador.
Sociedade simples: Teoria ultra vires (não vincula a
sociedade); Sociedade anônima: Teoria da aparência (a sociedade responde perante terceiro e tem regresso contra o administrador).
Aquisição de quotas e direito de
preferência
Cessão de quotas e direito de preferência.
Formas de ser sócio: subscrição ao capital ou
aquisição de quotas de outro sócio.
Contrato social: determina o valor do capital social. Contrato social: determina o valor do capital social. Capital social: é o montante de recursos que os
sócios se obrigaram a transferir do seu patrimônio para o da sociedade. É diferente de patrimônio.
Patrimônio: conjunto de bens, direitos e obrigações
Capital social:
O sócio pode contribuir para formar o capital
social de várias formas:
Com dinheiro; Com bens;
Com bens;
Com créditos.
Os sócios NUNCA poderão contribuir com serviços
para a sociedade limitada! Art. 1.055, § 2°, CC, salvo se for sociedade simples limitada.
Integralização com bens
Deve-se fazer a avaliação dos bens de maneira
idônea.
Art. 1.055, § 1°, CC: os sócios são responsáveis
solidariamente, por 5 anos, pela exata estimativa solidariamente, por 5 anos, pela exata estimativa dos bens.
Se o credor provar que o valor do bem era inferior
ao declarado no momento da transferência, todos os sócios respondem, solidariamente, pela diferença.
SUBSCRIÇÃO E INTEGRALIZAÇÃO:
Caso o sócio não efetue a transferência no prazo
ajustado, ele se torna um SÓCIOSÓCIO REMISSOREMISSO.
SUBSCRIÇÃO: é o compromisso do sócio em
entregar, transferir um determinado valor para a entregar, transferir um determinado valor para a sociedade.
INTEGRALIZAÇÃO: é a efetiva transferência do
valor para a sociedade.
O sócio é aquele que titulariza quotas ou ações
Quotas:
As quotas podem ser divididas igual ou
desigualmente.
As quotas vão definir o comando da sociedade.
Os sócios que detiverem maior quantidade de Os sócios que detiverem maior quantidade de
quotas, tem maior participação no capital social e portanto têm mais poder decisório na sociedade.
Sociedade ltda: direito de preferência
Sócio (aquisição do status socii) : subscreve o capitalem quotas ou ações ou adquire a quota ou ação.
Na limitada, os sócios têm preferência na
subscrição de novas quotas emitidas pela subscrição de novas quotas emitidas pela sociedade.
Art. 1.081, caput CC: direito de preferência,
aumento de capital.
Art. 1.081, § 1°, CC: Esse direito deve ser exercido
Preferência:
Função do direito de preferência: assegurar a
manutenção da proporção da participação de cada sócio no capital social.
Somente há direito de preferência na subscrição de Somente há direito de preferência na subscrição de
capital.
Integralização: o CC não impõe prazo máximo
para integralização do capital social, na sociedade limitada. Não há previsão legal nem mesmo de um percentual mínimo no ato de constituição.
Sócio: constituição
Pode-se tornar sócio pela aquisição de quotas,
além da subscrição.
A aquisição pode-se dar a título gratuito: por
sucessão, doação, ou oneroso: compra e venda. sucessão, doação, ou oneroso: compra e venda.
Se o contrato não dispuser em contrário, os sócios
são livres para transferir a outrem suas quotas.
Porém, se houver oposição de mais de 25% do
capital social, a transferência não poderá se dar. Inteligência: Art. 1.057, CC.
Cessão de quotas.
A cessão de quotas entre sócios é livre art. 1.057,
CC, se o contrato não dispuser em contrário.
A cessão de quotas a terceiro também é livre.
Porém pode ser impedida por sócio que detenha pelo menos 25% do capital social.
pelo menos 25% do capital social.
Não se trata de direito de preferência. Trata-se de
direito de oposição. O sócio oponente não é obrigado a adquirir as quotas.
O direito de preferência, nas hipóteses de cessão
Exclusão de sócio, por justa causa
Antes do CC/2002: somente por ação judicial,
disciplinada pelo CPC (ação judicial de dissolução parcial de sociedade).
Art. 1.085, CC/2002: torna possível a exclusão Art. 1.085, CC/2002: torna possível a exclusão
Requistos para a exclusão de sócio por
justa causa
Requisitos essenciais (três):
1) Aprovação de maioria dos sócios que detenham
a Maioria do Contrato Social;
2) Prática de ato de inegável gravidade para a 2) Prática de ato de inegável gravidade para a
continuidade da atividade empresarial;
3) O contrato deve prever a possibilidade da
exclusão por justa causa.
Se faltar um dos 3 requisitos, a exclusão somente
Art. 1.085, CC:
Caput: Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a
maioria dos sócios, representativa de mais da metade do capital social (1), entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade (2), poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato desde que prevista neste a exclusão por justa causa social, (3).
Parágrafo único: A exclusão somente poderá ser
determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do direito de defesa.
Exclusão de sócio:
Maioria dos sócios não se conta por número de
pessoas (per capita) e sim pela participação no capital social.
Problema: alteração do contrato social requer a Problema: alteração do contrato social requer a
aprovação de no mínimo 75% do capital social (art. 1.076, I, CC). Pode-se alterar o contrato para inserir a cláusula de exclusão extrajudicial, por justa causa, de sócio?
Exclusão extrajudicial do sócio
Majoritariamente, entende-se que sim.
Porém, somente pode valer para atos (justa causa)
futuros, ainda não praticados. Não pode valer – a alteração contratual – para sancionar atos alteração contratual – para sancionar atos pretéritos.
A possibilidade da exclusão extrajudicial tem um
corolário importante: a inversão do ônus da prova.
O sócio excluído pode requerer sua reinclusão
Sociedade unipessoal
É vedada a sociedade limitada de um único sócio. Exceção: falecimento e retirada de sócios, restando
apenas um sócio. Porém, deverá regularizar sua situação em 180 dias (art. 1.033, IV).
situação em 180 dias (art. 1.033, IV).
Poderá permanecer com apenas um sócio por esse
prazo de 180 dias. Após esse prazo, se não houver regularizado a situação, deverá se converter em EIRELI ou se desfazer.
Aumento de capital social
É possível desde que haja a alteração do contrato
social e sua devida averbação na Junta Comercial.
Se a limitada for simples, a averbação deve ser
feita no registro civil de pessoas jurídicas. feita no registro civil de pessoas jurídicas.
Para que haja aumento no capital social, o capital
inicialmente subscrito deve estar totalmente integralizado e esse aumento também depende de deliberação dos sócios. Também deverá haver a correspondente alteração no contrato social.
Redução do capital social: Art. 1.082,
CC
Inciso I: perdas irreparáveis. Acidentes por força
maior (enchentes, incêndios, etc.), crise econômica, etc., que causam prejuízos. Somente será possível a redução nesta hipótese, se o capital social estiver integralizado.
integralizado.
Inciso II: o capital social se tornou excessivo para o
objeto. Se dá por meio de devolução dos valores já integralizados ou por dispensa das prestações
Redução do capital social: Art. 1.082,
CC
Deve-se proceder à alteração do contrato e sua
averbação e publicação dessa redução, para que os credores possam se opor.
Se, no prazo de 90 dias, contados da data da Se, no prazo de 90 dias, contados da data da
publicação da ata da assembleia que deliberou a redução, não houver oposição dos credores quirografários, procede-se então à averbação do contrato social.
Capital social e suas peculiaridades
O capital social é regido pelo princípio da
intangibilidade.
Isso significa que é um bem intangível. É apenas
uma informação aposta no contrato social. uma informação aposta no contrato social.
Outro corolário importante é que não pode ser
penhorado.
O que se penhora são os bens, dinheiro, créditos da
Administração, fiscalização...
Reunião ou assembleia. Art. 1.072.
Se possuir mais de 10 sócios, deverá realizar
assembleia (art. 1.072, § 1°).
Conselho fiscal é obrigatório na limitada? Não, é Conselho fiscal é obrigatório na limitada? Não, é
facultativo. Inteligência do art. 1.066.
Art. 1.066: conselho fiscal deve ter, no mínimo 3
membros.
É necessário haver administrador, que não é
Requisitos para não-sócio
administrador:
Art. 1.061, CC:
Para que o administrador possa ser um não-sócio,
deverá haver previsão no contrato social.
Os demais sócios devem aprovar aquele Os demais sócios devem aprovar aquele
Herdeiro do sócio poderá ingressar na
sociedade?
Se a regra supletiva for a das sociedades simples,
em face da morte de um dos sócios, deverá haver a liquidação das suas quotas, por meio de um balanço especial para esse fim.
Porém, se o contrato dispuser de maneira diversa, o