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CASTRO MARIM E O SEU TERRITÓRIO IMEDIATO DURANTE A ANTIGUIDADE. PALEO-ETNO-BOTÂNICA. RELATÓRIO FINAL

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Foto da capa: Castro Marim visto do Céu. Ortofoto CNIG, 1995.

Este relatório contém dados inéditos cuja utilização e divulgação necessitará da autorização dos autores

DURANTE A ANTIGUIDADE.

PALEO-ETNO-BOTÂNICA. RELATÓRIO FINAL

PAULA FERNANDA QUEIROZ JOSÉ EDUARDO MATEUS WIM VAN LEEUWAARDEN TELMO PEREIRA

DAVID PEREIRA DISE Resumo

O presente trabalho consiste no relatório final da investigação arqueobotânica realizada no âmbito do projecto “Castro Marim e o seu território imediato durante a Antiguidade” (Projecto MARCAS – POCTI/38334/HAR/2001).

Os resultados do estudo antracológico e carpológico sobre materiais recolhidos durante os trabalhos de escavação arqueológica no Castelo de Castro Marim contribuem para o conhecimento dos recursos vegetais explorados pelas populações locais durante a Idade do Ferro.

Algumas elações acerca do coberto vegetal natural e do eco-território regional de então são também esboçadas.

Trabalhos do CIPA nº. 95

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CASTRO MARIM E O SEU TERRITÓRIO IMEDIATO

DURANTE A ANTIGUIDADE.

PALEO-ETNO-BOTÂNICA

RELATÓRIO FINAL

Projecto MARCAS – POCTI/38334/HAR/2001

Instituição participante:

INSTITUTO PORTUGUÊS DE ARQUEOLOGIA

LABORATÓRIO DE PALEOECOLOGIA E ARQUEOBOTÂNICA

PAULA FERNANDA QUEIROZ JOSÉ EDUARDO MATEUS WIM VAN LEEUWAARDEN TELMO PEREIRA

DAVID PEREIRA DISE

Objectivos e tarefas realizadas

O presente estudo teve como objectivos: a) contribuir para o conhecimento da envolvente territorial de Castro Marim através da reconstituição do coberto vegetal natural e respectiva zonação ecológica; bem como b) identificar os tipos de vegetação das zonas mais afectadas pela acção do homem, com especial atenção para o

reconhecimento dos padrões de alteração antrópica da vegetação semi-natural, das prácticas agrícolas e pecuárias, e da dieta alimentar da população que, durante a Idade do Ferro, habitava a pequena colina na foz do Guadiana.

O programa de trabalho previsto desdobrava-se em duas tarefas principais: a) a investigação paleoecológica do território antigo, baseada na análise palinológica e macropaleobotânica de séries temporais de sedimentos orgânicos, a identificar através de prospecção dos sapais e baixas ribeirinhas (fase 4); e b) o estudo arqueobotânico dos depósitos e sedimentos exumados durante os trabalhos de escavação arqueológica do local (fase 5).

Dado o grande volume de sedimentos e amostras recolhidas durante os trabalhos de escavação, e, por outro lado, a limitação dos meios adscritos ao projecto implícita na redução do apoio financeiro, optámos por privilegiar os objectivos da fase 5 do programa de trabalhos, investindo todos os meios disponíveis na concretização da totalidade do estudo arqueobotânico do conjunto total das amostras do sítio arqueológico. Os objectivos da fase 4 ficaram assim aquém do previsto, optando-se pela prospecção preliminar da área envolvente da colina de Castro Marim e reconhecimento geral dos tipos de habitat e comunidades vegetais actualmente presentes. Este conhecimento verificou-se fundamental na interpretação dos resultados obtidos no estudo

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No que respeita às acções de formação avançada, o programa de trabalho no âmbito deste projecto inclui a realização de uma tese de licenciatura em Engenharia Florestal, desenvolvida ao abrigo de um protocolo com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Materiais e Métodos

O trabalho realizado no âmbito deste projecto corresponde ao estudo de dois grandes conjuntos de amostras, que passaremos a descrever separadamente.

1) Amostras de material carbonizado recolhidas durante os trabalhos de escavação arqueológica

O material entregue no LPA para análise consistiu num conjunto de 167 amostras de material carbonizado, repartidas pelas diferentes fases de ocupação do sítio.

A partir de cada uma das amostras procedeu-se à análise da totalidade ou de uma parte representativa dos fragmentos de carvão existentes. Foi identificado um total de 1977 carvões, na maioria correspondendo a fragmentos de madeira carbonizada, ocorrendo pontualmente sementes e fragmentos de frutos também carbonizados.

Os fragmentos de carvão de madeira foram seccionados manualmente segundo as três secções de diagnóstico – transversal, radial e tangencial, e foram observados e

diagnosticados à lupa binocular e ao microscópio óptico de luz reflectida.

As sementes e fragmentos de frutos foram observados directamente, sem qualquer tratamento prévio, à lupa binocular para descrição e diagnóstico.

2) Amostras de sedimentos arqueológicos

Um segundo conjunto de material entregue para estudo corresponde a 166 amostras de vários quilos de sedimentos, distribuídas por 26 contentores. As amostras de sedimento foram recolhidas durante os trabalhos de escavação do sítio, sendo representativas de várias unidades estratigráficas identificadas, repartidas pelas diferentes fases de

ocupação.

Para viabilizar o estudo arqueobotânico deste volumoso conjunto de material, procedeu-se à sua subamostragem. A partir de cada amostra de procedeu-sedimento foi retirada uma

subamostra de cerca 200 g de material para análise carpológica (nalguns casos, referentes a unidades estratigráficas particulares, a dimensão da amostra apenas

permitiu uma subamostragem mais reduzida – o peso de cada subamostra estudada está indicado na tabela dos resultados).

As amostras com um maior teor em material argiloso compactado foram submetidas a um ligeiro tratamento com hexametofosfato de sódio, a frio, a fim de facilitar a sua desfloculação e posterior crivagem com água.

Cada subamostra foi crivada integralmente com água corrente através de uma coluna de peneiros de malha igual a 2000, 1000, 500 e 250 m respectivamente.

O material retido em cada crivo foi recolhido separadamente e escrutinado

sistematicamente sob observação à lupa binocular para recolha dos restos vegetais, restos de invertebrados e restos osteológicos de dimensão reduzida – trabalho de grande

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morosidade, mas indispensável para a recuperação de conjuntos carpológicos completos, representativos das amostras que integram.

O material osteológico foi entregue aos nossos colegas do Laboratório de Zooarqueologia do IPA.

Todos os restos de origem vegetal (fragmentos de madeira, frutos, sementes, folhas, outras estruturas vegetais), foram identificados e contados. Algumas estruturas animais, particularmente pequenas conchas de moluscos também presentes nas subamostras, foram também analisadas.

Para a identificação dos carvões de madeira foram utilizadas as colecções de referência de cortes de madeira e de madeiras carbonizadas do Laboratório de Paleoecologia e Arqueobotânica (programa CIPA), bem como catálogos de anatomia de madeiras (Schweingruber, 1990a; 1990b; Queiroz & Van der Burgh, 1989; Van der Burgh, 1973; Van Leeuwaarden et al, 2000d; Van Leeuwaarden in prep.).

A identificação dos macrorrestos vegetais foi apoiada pelo Herbário e Carpoteca em montagem no LPA, bem como por bibliografia específica de referência (Bertsch, 1941; Katz & Katz, 1965; Berggren, 1969; 1981; Renfrew, 1973; Castroviejo et al, 1986; 1990; 1993a; 1993b; 1997a; 1997b; 1998; 1999; 2000; 2001; 2005).

Resultados

Foi identificado um total de 6574 restos vegetais e animais, correspondendo a 2445 fragmentos de madeira carbonizada; 3504 restos de frutos e sementes; e 625 conchas. Os resultados encontram-se expressos nas tabelas incluídas em anexo. Os resultados parciais por fase de ocupação são ilustrados nos gráficos também incluídos.

No presente relatório os grãos de cereal estão referidos apenas ao género. Decorre actualmente o estudo mais detalhado sobre as cariópses carbonizadas recolhidas em Castro Marim, com vista ao reconhecimento das diferentes espécies e variedades de cereais cultivados durante a Idade do Ferro.

Nos conjuntos carpológicos exumados, algumas sementes não se encontram

carbonizadas (indicadas com * nas tabelas de resultados). Provavelmente correspondem a contaminações anacrónicas dos sedimentos, porventura devidas à acção de pequenos roedores ou outros animais escavadores e, neste sentido, não foram consideradas nos gráficos ilustrativos das diferentes fases de ocupação do sítio.

O estudo do conjunto de conchas recolhidas nas amostras de sedimento tratadas corresponde apenas a um estudo preliminar de identificação malacológica, não

representativo do acervo malacológico recolhido na estação arqueológica, e deverá ser integrado futuramente no estudo malacológico mais alargado sobre a totalidade dos conjuntos de conchas recolhidos.

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Lista dos tipos xilomorfológicos identificados:

Pinaceae

Pinus pinea L. (pinheiro manso) Pinus pinaster Aiton (pinheiro bravo)

Pinus sp.; Pinus pinea/pinaster (pinheiro sensu lato)

Fagaceae

Quercus sp. (carvalho sensu lato) Quercus coccifera L. (carrasco)

Oleaceae

Olea europaea L. (oliveira, zambujeiro) Fraxinus angustifolia Vahl. (freixo)

Salicaceae

Populus/Salix (choupo, salgueiro)

Anacardiaceae

Pistacia lentiscus L. (aroeira)

Ericaceae

Arbutus unedo L. (medronheiro) Erica lusitanica Rud. (queiroga) Erica arborea L. (urze branca) Erica sp. (urze sensu lato)

Calluna vulgaris (L.) Hull (urze-roxa)

Rosaceae

Rosaceae Maloideae cf. Pyrus (catapereiro?) Rosaceae Maloideae cf. Crataegus (pilriteiro?) Rosaceae Prunoidea (espinheiro, árvore de fruto?)

Prunus (espinheiro, árvore de fruto?)

Leguminosae

Ulex parviflorus tipo (tojo)

Medicago/Teline tipo (giestas, tojos?)

Cistaceae

Cistus ladanifer L. (esteva)

Cistus albidus tipo (roselhas, sargaços) Lista dos tipos carpológicos identificados:

Cereais: Gramineae Triticum (trigo) Hordeum (cevada) Legumes: Leguminosae

Vicia faba L. var. minuta (Alef.) Mansf. (fava) Cicer arietinum L. (grão-de-bico)

Outros frutos e sementes: Pinaceae

Pinus pinea L. (pinheiro manso) – pinhões e escamas de pinhas

Fagaceae

Quercus sp. (carvalho sensu lato) – fragmentos de bolotas

Vitaceae

Vitis (videira)

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Chenopodiaceae

Chenopodium/Atriplex

Umbelliferae

Coriandrum. (coentros)

Breve descrição das características morfológicas dos tipos xilotómicos identificados

PINACEAE

Pinus pinea

Secção transversal

Madeira sem vasos. Presença de canais de resina. Secção tangencial

Raios predominantemente unisseriados. Raios multisseriados associados a canais resiníferos, de contorno fusiforme.

Secção radial

Raios heterocelulares. Células marginais dos raios com paredes finas e lisas. Campos de cruzamento radiovascular com uma a duas pontuações simples, pequenas a médias, de tipo pinóide. Traqueídos com grandes pontuações intervasculares circulares e areoladas, unisseriadas.

Pinus pinaster

Corte transversal:

Madeira sem vasos. Anéis de crescimento distintos, com uma transição mais ou menos abrupta do lenho de Primavera para o lenho de Verão. Canais resiníferos presentes. Corte tangencial:

Raios relativamente curtos, com um máximo de 10 células de altura. Raios com canais resiníferos presentes.

Corte radial:

Campo de cruzamento radiovascular com cerca de 3 a 4 pontuações pequenas, mais ou menos circulares, simples, de tipo pinóide. Mais raramente pontuações radiovasculares ligeiramente areoladas de tipo taxodióide. Traqueídos com grandes pontuações

areoladas circulares unisseriadas. Raios heterocelulares com células de formas

diferentes. Células marginais dos raios com paredes espessas, fortemente denteadas. FAGACEAE

Quercus coccifera

Secção transversal

Anéis de crescimento indistintos a pouco distintos. Porosidade difusa. Poros pouco frequentes, isolados, dispostos em filas radiais. Parênquima paratraqueal e apotraqueal tendendo para reticulado. Raios multisseriados raros, por vezes ausentes em fragmentos de pequena dimensão.

Secção tangencial

Raios unisseriados abundantes, com até cerca de 12 células de altura, homogéneos, formados por células aproximadamente circulares em corte tangencial. Raios

multisseriados muito largos pouco frequentes. Secção radial

Raios homogéneos, formados exclusivamente por células prostradas. Vasos grandes com tilos. Pontuações intervasculares grandes. Placas de perfuração simples.

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OLEACEAE

Olea europaea

Secção transversal

Porosidade difusa. Poros dispostos em múltiplos radiais de 2 a 6 poros. Fibras de parede espessa.

Secção tangencial

Raios (1) 2-3 seriados, muito heterogéneos, formados por células de dimensão e forma muito variável no mesmo raio. Raios não muito altos, com até 13 células de altura. Fibras com paredes espessas.

Secção radial

Raios muito heterogéneos formados por várias fiadas de células quadradas e erectas, mais raramente aparecem algumas fiadas centrais de células prostradas. Fibras curtas. Vasos densamente pontuados, com pontuações intervasculares circulares pequenas. Placas de perfuração simples.

Fraxinus angustifolia

Secção transversal

Porosidade em anel. Poros de Primavera grandes, formando um anel algo descontínuo. Poros de Verão infrequentes, solitários ou em pequenos múltiplos radiais de 2-3 poros. Parênquima paratraqueal vasicêntrico abundante, formado por células quadrangulares na proximidade imediata dos poros.

Secção tangencial

Raios unisseriados e multisseriados com até cerca de 3 células de largura, muito curtos, mais ou menos fusiformes, formados por células pequenas de contorno circular e células envolventes maiores, circulares a elípticas. Raios abundantes.

Secção radial

Raios homogéneos formados por células prostradas compridas. Fibras curtas com pontuações elípticas unisseriadas. Pontuações intervasculares e radiovasculares

abundantes, pequenas. Placas de perfuração simples. Parênquima paratraqueal formado por células quadrangulares a rectangulares curtas.

ROSACEAE

Rosaceae Maloideae cf. Pyrus Secção transversal

Porosidade difusa. Poros pequenos, solitários, muito uniformes. Secção tangencial

Raios exclusivamente uni e bisseriados. Raios unisseriados muito frequentes. Secção radial

Raios heterogéneos. Placas de perfuração simples. Espessamentos espiralados finos ocasionais. Fiadas de cristais presentes com alguma frequência.

Rosaceae Maloideae cf. Crataegus Secção transversal

Porosidade semi-difusa. Poros muito abundantes, com uma distribuição muito regular, sendo mais abundantes no início da camada de crescimento, formando um anel

contínuo. Poros pequenos (até cerca de 30 m) predominantemente solitários. Poros por vezes com inclusões gomosas. Anéis de crescimento bem distintos.

Secção tangencial

Raios 2-3 seriados, compridos e estreitos, com até 20 células de altura. Secção radial

Raios homogéneos, por vezes apenas com uma fiada marginal de células quadradas. Placas de perfuração simples.

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Rosaceae Prunoideae Secção transversal

Porosidade difusa. Poros com uma distribuição regular, solitários ou em pequenos grupos. Anéis de crescimento pouco distintos.

Secção tangencial

Raios unisseriados e raios multisseriados com 3-7 células de largura e com mais que 20 células de altura.

Secção radial

Raios unisseriados homogéneos; raios multisseriados heterogéneos. Vasos com espessamentos espiralados finos.

Prunus

Secção transversal

Porosidade difusa. Poros abundantes, solitários, muito homogéneos, com até 40 m de diâmetro. Alguns raros múltiplos de 2 a 3 poros, sem orientação preferencial. Poros dispostos de forma regular ao longo do anel de crescimento.

Secção tangencial

Raios 1 a 6 seriados, na maioria com mais de 3 células de largura. Secção radial

Raios homogéneos a ligeiramente heterogéneos, formados por células prostradas e com apenas 1 (a 2) fiadas marginais de células quadradas. Cristais em fiadas longitudinais presentes. Vasos com espessamentos espiralados finos, em espirais largas, espaçadas entre si. Placas de perfuração simples.

SALICACEAE

Populus/Salix

Secção transversal

Porosidade difusa. Poros grandes, abundantes, solitários ou em múltiplos radiais de 2 a 3 poros.

Secção tangencial

Raios exclusivamente unisseriados, compridos, com até 20 células de altura. Raios com células ovais em secção tangencial.

Secção radial

Vasos densamente pontuados, com pontuações intervasculares alternas, grandes. Pontuações radiovasculares grandes, simples. Placas de perfuração simples. ANACARDIACEAE

Pistacia lentiscus

Secção transversal

Porosidade em anel. Anel frouxo, formado por poros de maior dimensão, com os poros dispostos em grupos mais ou menos radiais. Poros da madeira de verão dispostos em múltiplos radiais.

Secção tangencial

Raios relativamente curtos, 1 a 3 seriados. Células dos raios unisseriados e células terminais dos raios multisseriados alongadas longitudinalmente. Canais de resina ocasionalmente presentes nos raios multisseriados.

Secção radial

Raios heterogéneos formados por células prostradas no centro e 1 a 3 fiadas de células quadradas e erectas nas margens. Raios unisseriados com células quadradas e erectas. Vasos com espessamentos espiralados bem distintos.

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ERICACEAE

Arbutus unedo

Secção transversal

Porosidade difusa a semi-difusa, com uma maior concentração de poros grandes no início da camada de crescimento. Poros isolados ou em pequenos múltiplos radiais ou ligeiramente oblíquos de 2 a 4 poros.

Secção tangencial

Raios (1) 2-4 (6) seriados, relativamente curtos, de contorno fusiforme, com até cerca de 15 células de altura (ocasionalmente mais compridos).

Secção radial

Raios heterogéneos com células prostradas no centro e 1-2 (3) fiadas de células quadradas e erectas nas margens. Vasos com fortes espessamentos espiralados. Pontuações intervasculares circulares, com 5 a 7.5 m. Placas de perfuração simples.

Calluna vulgaris

Secção transversal

Porosidade difusa, a semi-difusa. Poros pequenos (até 30 m) circulares, isolados. Secção tangencial

Raios exclusivamente unisseriados com 3 a 11 células de altura. Raios formados por células alongadas tangencialmente.

Secção radial

Raios heterogéneos, com células quadradas e erectas. Fibras e vasos densamente pontuados. Pontuações intervasculares pequenas (até 3 m) circulares. Placas de perfuração simples.

Erica arborea

Secção transversal

Porosidade difusa. Poros isolados, mais raramente em pequenos múltiplos (2-3), por vezes dispostos em fiadas de orientação radial. Poros com até 80 m de diâmetro. Secção tangencial

Raios unisseriados e multisseriados com até 6 células de largura, e cerca de 25 células de altura.

Secção radial

Raios heterogéneos com células prostradas no centro e 1-3 fiadas de células erectas nas margens. Vasos densamente pontuados com pontuações pequenas, inferiores a 2.5 m. Placas de perforação simples.

LEGUMINOSAE

Nota: A grande variabilidade estrutural intra-específica apresentada pelas leguminosas, bem como a falta de estudos detalhados sobre a xilomorfologia dentro deste grupo, determina alguma imprecisão taxonómica na identificação dos seus tecidos lenhosos. Os tipos morfológicos descritos incluem provavelmente outras espécies e géneros de

leguminosas, para além da utilizada no nome do morfotipo.

Ulex parviflorus tipo

Secção transversal

Porosidade difusa (a semi-difusa). Poros pouco frequentes, dispostos irregularmente, alternando com bandas de tecido de suporte com paredes espessas. Raios muito largos frequentes, formados por células largas.

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Secção tangencial

Raios exclusivamente multisseriados largos e curtos, de contorno fusiforme. Largura dos raios entre 4 e 10 células. Fibras curtas, longitudinalmente imbricadas umas nas outras. Secção radial

Raios homogéneos a heterogéneos, formados por células prostradas curtas ou

quadradas. Fibras curtas. Espessamentos espiralados fortes, presentes nas paredes dos vasos. Pontuações grandes e abundantes. Placas de perfuração simples.

Este tipo xilotómico inclui Ulex parviflorus, provavelmente outros Ulex, Genista, Cytisus e outras leguminosas.

CISTACEAE

Cistus albidus tipo

Secção transversal

Porosidade difusa. Anéis de crescimento distintos. Poros solitários. Secção tangencial

Raios exclusivamente unisseriados, pouco frequentes. Secção radial

Raios heterogéneos. Vasos com espessamentos espiralados bem visíveis. Nota: O tipo morfológico inclui C. albidus L., C. crispus L., C. monspeliensis L. e C. salvifolius L..

Cistus ladanifer

Secção transversal

Porosidade semi-difusa a difusa. Anéis de crescimento bem visíveis, com uma maior concentração de poros no início da camada de crescimento, e uma banda de madeira de verão quase sem poros. Poros solitários.

Secção tangencial

Raios com 1-3 fiadas de células de largura. Raios mais frequentes que em Cistus

albidus.

Secção radial

Raios heterogéneos. Vasos com espessamentos espiralados bem visíveis.

Plantas identificadas nos espectros carpológicos e antracológicos – alguns comentários

Pinheiro manso

(Pinus pinea L.; Pinaceae)

O pinheiro manso é uma árvore abundante em Portugal. Muito frequente nas regiões de solos ácidos arenosos do sudoeste do País, ocorre no entanto um pouco por todo o lado, em formações puras ou em pinhais mistos, juntamente com o pinheiro bravo. É cultivada quer pela madeira quer pelas sementes comestíveis.

Espécie autóctone em Portugal, a sua ocorrência está testemunhada pela presença algo frequente de madeira, escamas ovulíferas e sementes carbonizadas em diversas

estações arqueológicas de cronologias a partir do neolítico, bem como de antigos troncos preservados em sedimentos húmidos lodosos com datação de cerca de 6000 BP

(Queiroz et al, 2002b; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2003a; Queiroz, 2004b; Queiroz e Tereso, no prelo).

A madeira de pinheiro manso é utilizada como matéria-prima em construção e como lenha. As sementes – os pinhões – são muito apreciadas e consumidas frescas ou utilizadas especialmente em doçaria.

O consumo de pinhões remonta provavelmente à pré-história, onde a sua recolecção se poderia realizar em parcelas naturais, não intervencionadas do território, ou em

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aspecto que tem vindo a ser sugerido nos dados polínicos referentes ao sudoeste de Portugal (Mateus, 1992; Queiroz, 1999; Mateus e Queiroz, 1991; 2000).

Este aspecto, traduzindo-se provavelmente no favorecimento desta espécie

relativamente a outros componentes do coberto florestal natural, parece estar em acordo com a importância significativa que esta espécie assumia durante o calcolítico, mesmo do ponto de vista simbólico (recordem-se os famosos ídolos-pinha em calcário).

Durante o período romano, os pinhões são considerados alimento luxuoso de grande valor social, sendo transportados com as legiões, para consumo das altas patentes militares (Bakels e Jacomet, 2003). Na província romana da Germânia Superior, na Alemanha, foram encontrados restos de pinhões em depósitos de poços sacrificiais de um templo romano, constituindo oferendas às deusas Isis e Magna Mater (Zach, 2002). Zambujeiro/oliveira

(Olea europaea L. var. sylvestris (Miller) Lehr. / Olea europaea L. var. europaea Oleaceae)

A anatomia da madeira não permite a separação entre as diferentes variedades de Olea

europeae pelo que o tipo xilomorfológico inclui as duas árvores que ocorrem em Portugal

– oliveira e zambujeiro.

A oliveira é uma árvore de pequena a média estatura, não ultrapassando os 15 m, de vida muito longa, com uma esperança de vida de cerca de 500 anos, podendo

ultrapassar um milénio. É uma árvore muito resistente, capaz de produzir novos rebentos a partir do sistema radicular, quando o tronco principal é afectado quer mecanicamente quer por condições ambientais extremas.

Em Portugal a Olea europaea está representada por duas variedades, como referido: a

Olea europaea L. var. europaea – a oliveira cultivada, esta por sua vez desdobrada em

diferentes cultivares; e a Olea europaea L. var. sylvestris (Miller) Lehr. – o zambujeiro. O zambujeiro é uma árvore natural da nossa flora, característica das regiões de clima mediterrânico. É característica das matas e matagais esclerófilos, prevalecendo em situações de grande xericidade.

A oliveira cultivada, tal como ocorre hoje em dia, não existe em estado selvagem,

correspondendo a uma planta que foi sendo favorecida e modelada por selecção artificial através dos milénios, geração após geração. Terá sido provavelmente o zambujeiro a planta utilizada pelas sociedades primitivas para obtenção de óleo vegetal e que estará na origem da oliveira cultivada.

O zambujal consiste numa floresta natural no nosso País ocupando as zonas litorais de maior xericidade, desenvolvendo-se após a desglaciação. Segundo os padrões

desenhados pelas curvas polínicas da Olea nos diagramas polínicos, parece haver desde cedo um favorecimento de natureza antrópica a esta espécie, porventura prévio ao seu cultivo directo (Mateus, 1992; Queiroz, 1999; Mateus e Queiroz, 2000).

Em Portugal, sementes de zambujeiro têm sido encontradas em contextos arqueológicos pré-históricos e romanos. Caroços de oliveira cultivada carbonizados ocorrem em

contextos romanos e posteriores. Madeira carbonizada bem como pólen de Olea (não sendo também possível distinguir as duas variedades) ocorre com frequência em

contextos de todas as cronologias (Almeida e Ferreira, 1967; Silva, 1988; Mateus, 1992; Van der Knaap et Van Leeuwen, 1995; 1997; Pais, 1996; Queiroz, 1999; Van

Leeuwaarden et al, 1999; Mateus e Queiroz, 2000; Queiroz e Mateus, 2001; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2001; 2003a; Queiroz et al, 2002b; 2003b; Queiroz, 2004a; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2004a; 2004b; 2004c; Queiroz, 2005; Queiroz e Tereso, no prelo; Queiroz, inéd.).

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Freixo

(Fraxinus angustifolia Vahl.; Oleaceae)

O freixo é uma árvore que habita as margens de rios e ribeiros, em florestas decíduas de galeria, por vezes acompanhada de amieiros, choupos, salgueiros, e outras árvores e arbustos típicos destes habitas ripícolas.

Madeira de freixo tem sido identificada em diferentes sítios arqueológicos pré-históricos (Queiroz e Mateus, 2001; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2004a; Queiroz e Tereso, no prelo).

Choupo e salgueiro

(Populus/Salix; Salicaceae)

A madeira dos dois géneros referidos – Populus e Salix – é muito semelhante, variando apenas no grau de heterogeneidade dos raios: homogéneos no choupo e ligeiramente heterogéneos no caso dos salgueiros. Esta diferença, no entanto, não foi claramente discernível nos fragmentos de carvão provenientes de Castro Marim, não permitindo um diagnóstico mais detalhado que o apresentado. Estes restos poderão assim

corresponder a qualquer uma das espécies existentes no País dos dois géneros referidos.

Os choupos e os salgueiros são também árvores ribeirinhas que ocorrem em formações de galeria ao longo das margens dos rios. A sua ocorrência natural associada a estes habitats está bem comprovada nos registos polínicos fósseis (Mateus, 1992; Queiroz, 1999; Queiroz e Mateus, 2001), onde particularmente os salgueiros estão bem

representados.

Madeira de Populus e de Salix tem sido identificada em vários contextos arqueológicos, no nosso País (Queiroz e Mateus, 2001; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2003a; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2004a; 2004b; Queiroz et al, 2005a).

Carrasco

(Quercus coccifera L.; Fagaceae)

O carrasco é um arbusto ou pequena árvore sempre verde, característico dos maquis mediterrânicos. Constitui grande parte do sub-bosque dos carvalhais, azinhais, e zambujais ou forma, juntamente com outros arbustos esclerófilos, matos cerrados e imbrincados, preferencialmente em terrenos calcáreos. Corresponde também à

vegetação das primeiras etapas de degradação na sucessão ecológica dos carvalhais, azinhais e zambujais (Mateus, 1992; Queiroz, 1999; Mateus e Queiroz, 2000).

A madeira de carrasco tem sido desde sempre usada como combustível, quer como lenha doméstica, quer nas carvoeiras, na produção de carvão vegetal.

Lenho de carrasco carbonizado ocorre com frequência em contextos arqueológicos portugueses, de todas as cronologias (Van Leeuwaarden et al, 2000b; 2000c; Queiroz e Mateus, 2001; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2003a; 2003b; 2003d; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2004a; 2004b; 2004c; 2004d; Queiroz e Tereso, no prelo).

Medronheiro

(Arbutus unedo L.; Ericaceae)

O medronheiro é um arbusto ou uma pequena árvore esclerófila, de folha larga, muito abundante nas matas e matagais mediterrânicos em todo o País.

Madeira carbonizada de medronheiro tem sido encontrada com frequência em contextos arqueológicos de todas as cronologias, tendo sido uma das madeiras mais usadas como lenha doméstica desde a pré-história (Van Leeuwaarden et al, 2000a; 2000b; 2000c; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2001; Queiroz e Mateus, 2001; Queiroz, 2003a; 2003b; Queiroz

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et al, 2003a; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2003a; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2003; 2004a; 2004b; 2004c; 2004d; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2004a; Queiroz et al, 2005a). De facto o teor em alcalóides desta madeira confere-lhe propriedades calóricas e de facilidade no atear dos fogos, aparentemente desde sempre apreciadas. Mais raramente têm sido também encontrados medronhos carbonizados (Queiroz, 2003a).

Para além da utilização do lenho como combustível, o medronheiro é apreciado pelos seus frutos, com alto teor em alcóol quando passam a maturação.

Pilriteiro

(Crataegus; Rosaceae)

O pilriteiro é uma pequena árvore, da família das rosáceas, que ocorre naturalmente nas matas e matagais esclerófilos. Os seus frutos, comestíveis, poderiam ser alvo de

recolecção.

Madeira de pilriteiro, e mais raramente sementes, tem sido encontrada em sítios arqueológicos pré-históricos (Queiroz e Mateus, 2001; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2001; 2004b; 2004c).

Catapereiro, pereira (Pyrus; Rosaceae)

Nos espectros antracológicos de Castro Marim ocorre um tipo morfológico identificado como provável madeira de Pyrus: Trata-se do catapereiro silvestre ou uma árvore de fruto já doméstica?

O catapereiro ou pereira brava (P. bourgaeana) é um arbusto ou pequena árvore da nossa flora natural, ocorrendo com frequência em grande parte do País, nas matas e matagais esclerófilos mediterrânicos.

Em Portugal, o consumo de frutos de catapereiro está documentado com a ocorrência de pomos carbonizados em diversos sítios arqueológicos pré-históricos (Silva, 1988). Nos espectros antracológicos de sítios arqueológicos pré-históricos tem também sido

encontrada madeira carbonizada de um tipo xilomórfico próximo do catapereiro (Queiroz e Tereso, no prelo). Também o uso da madeira no fabrico artesanal de utensílios está documentado através da descoberta no Almonda de uma lança da Idade do Ferro, cujo cabo foi feito em madeira de Pyrus (Queiroz, 2002).

Urzes

(Erica e Calluna; Ericaceae)

As urzes são arbustos ou pequenas árvores constituintes dos urzais e matos de solos ácidos, frequentes em todo o País.

A urze-branca, arbusto ou pequena árvore com até cerca de 7 m, corresponde a uma das espécies arbustivas de porte alto mais usadas como combustível nas lareiras e fogos domésticos, a atendermos à sua frequente representação nos espectros antracológicos estudados em sítios arqueológicos de todas as cronologias, desde o paleolítico (Van Leeuwaarden et al, 2000a; 2000b; 2000c; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2001; Queiroz, 2001a; Queiroz e Mateus, 2001; Queiroz et al, 2002a; 2002b; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2003a; 2003b; 2003e; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2003; 2004a; 2004b; 2004c; 2004d; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2004a; Queiroz et al, 2005a).

As urzes eram provavelmente recolhidas quer para lenha quer para as camas dos animais estabulados. São também importantes plantas melíferas.

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Esteva, roselha e sargaço (Cistus; Cistaceae)

Os Cistus são pequenos arbustos sufruticosos que habitam os matos rasteiros e charnecas descontínuas, ensolaradas, em zonas de solos degradados, sujeitas a um forte impacte humano (Mateus, 1992; Queiroz, 1999; Mateus e Queiroz, 2000). São também plantas pioneiras na resposta aos incêndios florestais, devenvolvendo-se abundantemente após o fogo.

Madeira de Cistus ocorre em alguns conjuntos antracológicos de diferentes sítios arqueológicos, desde a pré-história. Pontualmente encontram-se sementes de esteva e sargaço em depósitos arqueológicos associados a despejos domésticos (Van

Leeuwaarden et al, 2000b; 2000c; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2001; Queiroz, 2001a; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2003a; 2003d; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2003; 2004b; 2004c; 2004e; Queiroz, inéd).

Videira

(Vitis; Vitaceae)

A vinha cultivada (Vitis vinifera) é uma planta demais conhecida de todos. A videira silvestre (Vitis sylvestris) é uma planta trepadora, natural das matas ribeirinhas palustres, muito frequente nos amiais que durante o Holocénico Antigo e Médio dominavam as baixas fluviais no nosso País, testemunhada pela abundância de pólen de Vitis em sequências sedimentares orgânicas de origem fluvial (Queiroz, 1999; Mateus e Queiroz, 2000).

O consumo da sua fruta remonta possivelmente à pré-história, bem como o fabrico de vinho. Provavelmente ocorreu inicialmente um favorecimento antrópico ao

desenvolvimento desta planta silvestre e só posteriormente o seu cultivo directo, com a domesticação da espécie.

Em Portugal têm sido encontradas grainhas de uva, e mais raramente restos de madeira carbonizada de videira, em contextos arqueológicos romanos, islâmicos e posteriores (Pais, 1996; Van Leeuwaarden et al, 1999; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2001; 2003a; Queiroz, 2001a; Queiroz et al, 2002b; Bugalhão e Queiroz, 2005; Queiroz, inéd). Ocorrências mais antigas, associadas a sítios arqueológicos pré-históricos, são mais raras (Hopf, 1981; Silva, 1988; Rego e Rodriguez, 1993; Figueiral, 1994; Figueiral e Sanches, 1998-1999), e referem-se maioritariamente a madeira carbonizada, não sendo evidente o consumo, e eventual cultivo da vinha, podendo corresponder a restos de vinha silvestre.

Torna-se assim particularmente significativa a ocorrência de grainhas de Vitis nos contextos arqueológicos da Idade do Ferro em Castro Marim, já que ocorrendo em número algo apreciável (25 graínhas) e não apenas de forma pontual, parece

testemunhar claramente a sua utilização pela população local de então. Investigação a desenvolver sobre a morfologia particular destas sementes poderá eventualmente

esclarecer sobre se trata da vinha doméstica já cultivada ou da videira silvestre recolhida nas matas ribeirinhas e consumida.

Cereais

Nos depósitos analisados foram identificadas cariópses de cereal cujo estudo detalhado será realizado brevemente, e irá eventualmente possibilitar um conhecimento mais detalhado sobre as variedades de cereal cultivado pelas populações da Idade do Ferro em Castro Marim.

A grande maioria de cariópses reconhecidas nas amostras estudadas corresponde a sementes de cevada (Hordeum). Dentro do conjunto amostrado ocorre alguma variação

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morfológica que obriga ao seu estudo mais detalhado. A maior parte das sementes, no entanto pertence a Hordeum vulgare (a cevada comum). Aparentemente estão

representadas as variedades de grão nu e de grão vestido.

Ocorrem também algumas sementes de trigo (Triticum), que mais uma vez carecem investigação ulterior sobre a sua morfologia. No conjunto amostrado é frequente o trigo globiforme (Triticum compactum globiforme).

A cevada e o trigo globiforme são cereais desde sempre cultivados em Portugal, sendo porventura os cereais mais difundidos durante a pré-história no nosso País. Cariópses carbonizadas têm sido encontradas com alguma frequência em diferentes sítios

arqueológicos, de diferentes cronologias, desde o Neolítico. Também têm sido

identificadas impressões de grãos de cevada em cerâmicas pré-históricas (Hopf, 1981; Silva, 1954; 1988; Queiroz et al, 2001; Queiroz, 2001a; Mateus e Queiroz, 2003; Queiroz e Ruas, 2004; Queiroz et al; 2004).

Favinha

(Vicia faba L. var. minuta (Alef.) Mansf.; Leguminosae)

As favinhas encontradas em Castro Marim correspondem a sementes de muito pequena dimensão, identificadas como a variedade Vicia faba var. minuta. Trata-se de uma

variedade de fava idêntica à encontrada noutros sítios pré-históricos em Portugal (Hopf, 1981; Pinto da Silva, 1954; 1988; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2004d; Queiroz e Tereso, no prelo). O cultivo desta variedade de fava prolonga-se até pelo menos à Idade Média (Queiroz e Ruas, 2001; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2003a; 2003b), tendo sido

provavelmente uma cultura importante para as populações desde a pré-história. Estas favas seriam porventura secas e assim armazenadas e só posteriormente

consumidas, tal como acontece com a maioria das leguminosas (feijão, grão, lentilhas). Poderiam ser consumidas directamente ou ser usadas na produção de farinha.

Grão-de-bico

(Cicer arietinum L.; Leguminosae)

O grão-de-bico é um legume de origem asiática, muito cultivado em toda a Península Ibérica, desde longa data. Durante o período romano, o grão-de-bico era considerado um produto alimentar luxuoso, sendo transportado com o exército para a Europa Central para deleite das altas patentes militares (Bakels e Jacomet, 2003).

Em Castro Marim a presença de um grão-de-bico carbonizado representa o testemunho mais antigo entre nós do cultivo desta leguminosa.

Coentros

(Coriandrum; Umbelliferae)

Os coentros, representados nos espectros carpológicos de Castro Marim por 5 cremocarpos, correspondem a uma planta aromática e medicinal utilizada desde a Antiguidade (Renfrew, 1976; Font Quer, 1981). No nosso País foram encontrados frutos de coentros em contextos arqueológicos medievais (Queiroz, 2001a; Van Leeuwaarden e Queiroz, 2003b). Tratando-se de uma planta exótica, não nativa da nossa flora, os restos encontrados testemunham o cultivo intencional desta planta. Será também proventura a ocorrência mais antiga testemunhada no nosso País.

Quenopódio

(Chenopodium/Atriplex; Chenopodiaceae)

Os Chenopodium são na maioria plantas ruderais nitrófilas que habitam frequentemente os baldios, caminhos, espaços junto a áreas habitadas, e outros espaços ruderalizados.

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São plantas comestíveis, usadas frequentemente em sopas e saladas, sendo, do ponto de vista culinário, semelhantes aos espinafres. As folhas são ricas em ferro e vitamina A. Os rebentos jovens são também usados como sucedâneos dos espargos. As sementes são particularmente ricas em hidratos de carbono e, em tempos de fome, têm sido usadas em substituição, ou misturadas, com cereais, especialmente com o centeio, na produção de papas e pão.

A sua utilização na alimentação humana está bem documentada desde a pré-história (Renfrew, 1973). Foram inclusivamente encontradas com relativa abundância nos

conteúdos estomacais dos homens pré-históricos de Tollund e Grauballe, na Dinamarca (Helbaek, 1950; 1958). Em Portugal, sementes de Chenopodium ocorrem com

frequência em sedimentos arqueológicos de natureza orgânica detrítica – fossas, valas de despejo, … (Van Leeuwaarden et al, 1999; Queiroz, 2001a; Queiroz et al, 2002b; 2004; Queiroz e Van Leeuwaarden, 2004a; Queiroz et al, 2005b; Bugalhão e Queiroz, 2005; Queiroz, inéd.).

Corriola-bastarda

(Polygonum aviculare tipo; Polygonaceae)

A corriola-bastarda é também uma planta ruderal nitrófila, muito frequente no País. Trata-se também de uma planta comestível utilizada na pré-história (Renfrew, 1973). A sua utilização está muito documentada, também no nosso País, onde ocorrem sementes em diversos contextos arqueológicos, especialmente associados a lixeiras e valas de

despejos domésticos (Queiroz, 2001a; Queiroz et al, 2001; 2002b; Queiroz et al; 2004; Queiroz, inéd.).

Habitats e tipos de vegetação representados nos espectros carpológicos e antracológicos

A partir dos conjuntos arqueobotânicos identificados torna-se possível realizar alguns comentários face ao coberto vegetal da região de Castro Marim durante a Idade do Ferro.

Na ausência de séries temporais paleoecológicas – estudo previsto para a fase 4 (ver proposta de candidatura), que não foi possível realizar no tempo útil do projecto – falta-nos informação acerca do padrão dinâmico de desenvolvimento das curvas de

frequência dos restos fósseis (polínicas, carpológicas, dendrológicas, …) representativas das espécies ao longo de uma diacronia contínua. Note-se que estes padrões de

comportamento dinâmico das curvas paleoecológicas permitiriam falar de expansão ou redução territorial, introdução, extinção, manutenção, favorecimento, …, de determinadas espécies, em sintonia ou discordância com outras, pertencentes a unidades

vegetacionais similares ou antagónicas, o que permitiria uma reconstituição qualitativa e quantitativa do mosaico de vegetação regional de então e sua relacção com os padrões de impacte humano territorial. Os resultados obtidos no estudo arqueobotânico

correspondem antes a padrões de ocorrência de determinadas espécies, não nos facultando informação acerca da representatividade temporal e espacial dos valores de frequência obtidos.

Teremos também que ter em consideração o limitado potencial informativo para uma eventual reconstituição paleovegetacional dos conjuntos carpológicos e antracológicos aqui estudados, resultantes da selectividade dos habitantes de Castro Marim, face aos recursos disponibilizados pelo meio.

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Poderemos assim comentar a presença de espécies e relacioná-la com as previsíveis formações vegetais que integrariam, faltando-nos a perspectiva imagética da

reconstituição paleovegetacional (sensu Mateus, 1996). A ausência de espécies, bem como os valores quantitativos da ocorrência dos restos não são significativos (ver Mateus e Queiroz, 1993; Mateus et al, 2003).

Diferentes unidades de vegetação e tipos de habitat parecem estar representadas nos espectros arqueobotânicos, reflectindo provavelmente a zonação ecológica catenal e territorial da envolvente regional do povoado. Na descrição das unidades de vegetação e sua relação com os padrões de impacte territorial das populações da Idade do Ferro utilizaremos os conceitos da zonação eco-artefactual de Mateus (1990; 2004). Os resultados obtidos referentes às diferentes fases de ocupação do sítio são

semelhantes, do ponto de vista qualitativo, ocorrendo em termos gerais os mesmos tipos xilomorfológicos.

Nas amostras de maior dimensão ocorre uma maior diversidade de tipos que nas amostras mais reduzidas; Esta variação é provavelmente explicada pela própria dimensão das amostras.

Dado, por outro lado, o reduzido significado vegetacional dos valores quantitativos dos dados antracológicos, já comentado, pensamos não ser válida a inferência de

estimativas de cobertura vegetal com base nesse tipo de dados. Assim não

consideramos a variação dos valores de percentagem dos restos arqueobotânicos nas diferentes fases de ocupação significante para uma reconstituição de padrões de desenvolvimento do coberto vegetal ao longo das fases de ocupação amostradas. O conjunto dos dados é interpretado globalmente, incidindo os aspectos de

reconstituição do mosaico de vegetação numa acepção qualitativa, mais genérica, referida a todo o âmbito temporal representado nos conjuntos analisados.

Passamos agora a elencar os tipos de vegetação identificados:

I – Formações de carácter eco-artefactual remoto e periférico.

Incluímos neste ponto a descrição das unidades de vegetação natural e semi-natural, onde o impacte humano é mais fraco, virtualmente ausente nos espaços remotos – a mata climácica – zona essencialmente de caça e recolecção; e pontual e descontínuo nas zonas de carácter periférico, onde a eco-artefactualização, de periodicidade

descontínua, se traduz na manutenção de uma maior produtividade utilizável, através do fogo, pastoreio, caça, corte e desbaste ocasional, … (Mateus, 1990; 2004).

A região de Castro Marim, na foz do Guadiana, inclui-se na província biogeográfica Gaditano-Onubo-Algarbiense, sector Algarbiense, superdistrito Algárvico, caracterizada por substractos predominantemente siliciosos e solos arenosos, de forte influência litoral, cuja vegetação alberga uma flora antiga rica em endemismos (Rivas-Martinez et al, 1990). De carácter marcadamente termomediterrânico, caracteriza-se, do ponto de vista da vegetação potencial, pela série seco-subhúmida da Myrto communis-Quercetum

rotundifoliae sigmetum. São assim características climácicas da região os azinhas

termomediterrânicos secos da associação Myrto communis-Quercetum rotundifoliae, que, por regressão sucessional, darão origem aos matagais esclerófilos da Asparago

albi-Rhamnetum oleoidis e a matos baixos e estevais da Genisto hirsutae-Cistetum ladanifer; etapas de maior instabilidade correspondem aos prados anuais da

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Tuberarietea guttata e, por acção continuada de pastoreio, às pastagens perenes da Poetalia bulbosae (Rivas-Martinez et al, 1990; Capelo, 1996).

Note-se, no entanto, que a caracterização biogeográfica aqui citada, se refere à situação bioclimática e vegetacional actual e baseia-se nas características ecológicas, estruturais e florísticas das unidades de vegetação actuais, sem ter em linha de conta a evolução climática e o devir histórico imbuído na própria estrutura e composição da vegetação florestal climácica actual. Embora possa ser tomada como referencial, só com precaução poderá ser remetida para o passado, necessitando de validação com dados proxy

directos. Como referido, estamos na presença de uma amostra de restos vegetais com um inerente valor reduzido como testemunho imagético para a paisagem e território regional – contribui negativamente a parcialidade do registo, reduzido à presença de um conjunto limitado e parcial de espécies lenhosas, bem como a selectividade imbuída no processo de dispersão e conservação dos restos vegetais, antropicamente induzido. Note-se ainda que algumas das espécies botânicas representadas poderão reflectir a sua presença natural, enquanto componentes das formações vegetais naturais da região, embora estas espécies possam também desempenhar um papel na alimentação das populações de então: o pinheiro manso poderia fornecer pinhões comestíveis; e o

zambujeiro pequenas azeitonas. Este aproveitamento poderia resultar de recolecção em parcelas naturais, não intervencionadas do território regional de então, ou dirigir-se a formações já parcialmente condicionadas por uma gestão antrópica de natureza proto-silvícola, como tem vindo a ser sugerido nos dados polínicos referentes ao sudoeste de Portugal (Mateus, 1992; 1997; Queiroz, 1999; Mateus e Queiroz, 1991; 2000). Sobre esta questão não temos evidência arqueobotânica directa de Castro Marim que possa

comprovar qualquer hipótese. Bosques e matagais esclerófilos

Os actuais bosques climácicos da Myrto-Quercetum rotundifoliae, dominados pela azinheira, possuem um elenco florístico rico em termófilas onde são frequentes, entre outras, o zambujeiro, o carrasco e a aroeira (para referir as espécies representadas nos espectros antracológicos de Castro Marim). Nas etapas de substituição primária dos bosques (os matagais altos da Asparago-Rhamnetum oleoidis), desaparece a azinheira, tomando a dominância os arbustos e pequenas árvores como o carrasco, o zambujeiro e a aroeira.

A presença de grande quantidade de madeira de Olea europaea (provavelmente zambujeiro) nos dados arqueobotânicos de Castro Marim, bem como a ocorrência de madeira de Quercus coccifera, Quercus sp., Pistacia lentiscus, poderá relacionar-se com a presença regional, durante a Idade do Ferro de bosques e matagais

termomediterrânicos afins dos actuais (note-se que a ausência de madeira de azinho nos conjuntos arqueobotânicos não nos permite assumir a sua ausência ou fraca

representação no coberto vegetal).

A ocorrência de madeira de Olea poderá eventualmente relacionar-se também com a presença de zambujais termomediterrânicos edafohigrófilos semelhantes aos da Aro

italici-Oleetum sylvestris, em habitats de solos argilosos profundos e grande amplitude

hídrica sazonal, na envolvente regional de Castro Marim, já que a azinheira resiste mal à variação da água no solo, enquanto o zambujeiro possui uma adaptação radicular que lhe permite viver no meio de fortes variações hídricas (Gomes, 1998).

A presença de madeira de medronheiro, e provavelmente de catapereiro e pilriteiro poderá, por outro lado, testemunhar a presença de bosques e matagais algo diferentes

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dos que os modelos de vegetação potencial determinam para a região. A presença das espécies correspondentes, mais mesófilas, poderá sugerir unidades de vegetação com afinidades com os actuais azinhais e matagais mesomediterrânicos mais continentais (da

Pyro bourgaeanae-Quercetum rotundifoliae e respectivos matagais de substituição – Hyacintoido hispanicae-Quercetum cocciferae e Oleo sylvestris-Pistacietum lentisci),

onde ocorrem com frequência as espécies Pyrus bourgaeana, Crataegus brevispina e

Arbutus unedo.

Qual o tipo de vegetação dominante, os bosques climácicos, ou os matagais semi-naturais? Ocorreriam estas formações em mosaico, ocupando cada tipo fisionómico um nicho próprio na zonação catenal? Ocorreria uma expansão regional dos matagais em detrimento dos azinhais climácicos, como resultado do impacte das populações de Castro Marim? Ou pelo contrário, seriam os azinhais que dominavam o território? Qual o carácter bioclimático da região? Dominariam as formações termomediterrânicos, ou os “azinhais frios” mesomediterrânicos? Ocorreriam estas formações em mosaico,

ocupando cada uma um lugar na eventual zonação microclimática regional? Qual destes tipos de vegetação estaria em expanção e qual em regressão? – Apenas algumas

perguntas que se colocam e que, por enquanto, ficam sem resposta. Só a investigação sobre séries temporais de deposição fitoclástica natural e boa preservação orgânica, permitirá avançar com hipóteses sustentadas sobre estas questões. Só a leitura dos resultados em diacronia, permitindo reconhecer os padrões de desenvolvimento da vegetação, bem como a identificação de espectros paleoecológicos completos (com presenças e ausências significativas), de vectores de dispersão identificáveis, permitirá uma caracterização detalhada do antigo território.

Pinhais

Os pinhais de Pinus pinea estão bem representados nos conjuntos arqueobotânicos. Assumindo a sua presença natural (ver comentário anterior), o que parece provável do ponto de vista ecológico, biogeográfico e vegetacional, estes deveriam provavelmente ocorrer nos topos e interflúvios mais expostos e de solos mais pobres, arenosos ou areníticos. Os pinhais bravos, de Pinus pinaster estão também representados, embora através de menor quantidade de carvão.

Actualmente não se conhecem pinhais naturais que possam servir de análogos aos antigos pinhais testemunhados no registo fóssil. Os pinhais actuais mais desenvolvidos e estabilizados correspondem a formações vegetais disclimácicas, resultantes de

regenerações naturais, com vegetação sob-coberto successionalmente evoluída, frequentemente com elementos da Calluno-Ulicetea e da Quercetea ilicis. O distanciamento ecológico, florístico e fisionómico destes pinhais disclímaces

relativamente às matas originais de pinheiro manso, pinheiro bravo (ou eventualmente mistas) não é discernível nos dados disponíveis.

Bosques higrófilos

A presença de madeira de Fraxinus angustifolia e de Populus/Salix testemunha a presença regional das matas caducifólias higrófilas. Tratar-se-ão provavelmente de florestas ripícolas habitando as baixas e margens fluviais, bem como matas habitando áreas de lameiro, de solos encharcados, na envolvente do cabeço de Castro Marim. Correspoderiam possivelmente a formações de freixos, choupos e salgueiros porventura semelhantes aos actuais choupais, salgueirais e freixiais da classe Salici

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Hoje em dia, os clímaces higro-edáficos desta região algarvia compreendem: 1) os choupais/salgueiras de galeria das lezírias do Guadiana da Salici

atrocinereae-Populetum albae, dominados por Populus alba e Salix atrocinerea em solos argilosos

hidromórficos; 2) os freixiais termófilos, não ripícolas, de Fraxinus angustifolia, com árvores higrófilas e mesófilas e densos estratos arbustivos; 3) os amiais ripícolas da

Osmundo-Alnion, onde o freixo é também abundante, bordeando as margens fluvias - os

três tipos de vegetação da Salici purpureae-Populetea nigrae; e ainda 4) os amiais

paludosos da Alnetea glutinosae, em solos encharcados ricos em matéria orgânica, onde o freixo e o salgueiro estão também presentes (ALFA, 2003). Os dados disponíveis no presente estudo não nos permitem ser mais conclusivos acerca de quais destes tipos de vegetação estarão representados nos espectros antracológicos, nem da sua eventual representatividade territorial.

Refira-se ainda o facto destes bosques ripicolas serem particularmente ricos em lianas epífitas, entre as quais destacamos a videira silvestre (Vitis vinifera subsp. sylvestris). Urzais altos

A presença de madeira de urze nos espectros antracológicos (Erica arborea, Erica

lusitanica, Erica sp.) poderá estar relacionada com a ocorrência de urzais semi-naturais

na envolvente territorial de Castro Marim.

Estes poderiam corresponder a matagais esclerófilos de carácter permanente, dominados por Erica arborea, distribuídos por áreas do território mantidas no seu estatuto semi-natural pelo pastoreio e fogo controlado, porventura aparentados com as actuais formações da Calluno-Ulicetea.

Alternativamente, ou conjuntamente, a presença de madeira de Erica poderá reflectir a sua ocorrência natural, correspondendo um mosaico de micro-fisionomias do próprio bosque climácico, onde, nas áreas de solos mais residuais e de maior exposição, as espécies arbustivas e mais heliófilas ganhariam dominância.

Segundo os actuais modelos fitossociológicos propostos para a região de Castro Marim, os matagais altos com Erica arborea são exclusivos das séries dos sobreirais (meso e termomediterrânicos) e são incluídos na aliança Ericion arboreae (Capelo, 1996). Note-se, no entanto, a ausência de indicadores arqueobotânicos directos das formações de sobreiros no registo fóssil estudado.

A presença de madeira de Erica lusitanica, por outro lado, deverá relacionar-se com a existência de urzais higrófilos, provavelmente constituindo etapas de substituição das matas ribeirinhas de galeria e dos bosques higrófilos em lameiros.

II – Formações de carácter eco-artefactual próximo.

Incluímos neste ponto a descrição das parcelas de território com um grau de

eco-artefactualização extensivo. Ocorre já alteração antrópicamente induzida dos biótopos e biocenoses através do cultivo de espécies, controlo de competidores pela pastagem, fogo, … É o espaço das culturas extensivas e dos longos pousios de regeneração da terra (Mateus, 1990; 2004).

Urzais baixos

A presença de urzais baixos e matos rasteiros, provavelmente sujeitos a intenso sobrepastoreio está testemunhada pela ocorrência de madeira de urze-roxa (Calluna

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aparentadas com os actuais matos em solos degradados da Ericion umbellatae

(Calluno-Ulicetea), hoje em dia apenas residualmente representadas na bacia do Guadiana.

Estevais

Actualmente são os estevais (matos baixos e charnecas de cistáceas e leguminosas) que constituem as etadas de degradação sucessional dos clímaces regionais, cobrindo as áreas de solos decapitados, sujeitas a fortes desmatações, sobrepastoreio e

mobilização recorrente do solo. Estes estevais, da Cisto-Lavanduletea, poderão porventura corresponder a tipos de vegetação análogos actuais das unidades de

vegetação representadas nos espectros arqueobotânicos de Castro Marim por madeira de Cistus ladanifer, Cistus albidus tipo, Ulex parviflorus tipo, Medicago/Teline tipo, testemunhando assim a presença no território eco-produtivo durante a Idade do Ferro destas parcelas territoriais sujeitas a forte impacte antropogénico.

Vinha

Conforme já comentado a presença de grainhas de uva nos conjuntos arqueobotânicos estudados tem particular importância já que evidencia o consumo e o provável cultivo de vinha durante a Idade do Ferro na região de Castro Marim. Sobre a domesticação da vinha, ou uma eventual exploração de vinha selvagem habitando os bosques higrófilos referidos, não dispomos de informação arqueobotânica. Como já comentado, o estudo morfológico das grainhas de Castro Marim, a realizar no futuro, poderá contribuir para um melhor esclarecimento sobre esta questão.

III – Formações de carácter eco-artefactual adjacente.

No espaço eco-territorial adjacente ocorre uma eco-artefactualização intensiva. Não se trata apenas de alteração do ecossistema, mas sim da sua modelação, com acção directa nas biocenoses – cultura intensiva, arranque de daninhas, adição de nutrientes, afeiçoamento de sistemas de irrigação, … É o espaço das hortas de agricultura intensiva, da envolvente imediata dos sítios de habitat, com forte nitrifização dos solos, pisoteio acentuado, … (Mateus, 1990; 2004).

Searas

A presença de grãos de cereal nas amostras estudadas testemunha o seu cultivo pela população sidérica de Castro Marim. Sobre os padrões de cultura, dimensão das searas, proximidade relativamente ao povoado, etc. não temos informação arqueobotânica fiável; é, no entanto, de referir que o cultivo de cereais implica já um forte grau de afeiçoamento dos biótopos.

Culturas arvenses

Para além da cultura cerealífera, está testemunhado nos conjuntos carpológicos o cultivo de leguminosas (fava e grão-de-bico) e de coentros. Trata-se provavelmente do reflexo de hortas nas imediações próximas do povoado, nos próprios quintais das casas, onde as práticas agrícolas se deveriam caracterizar por uma intensa modelação em todos os subsistemas ecológicos.

Prados ruderais antropogénicos

A vegetação “bravia” dos espaços muito antropizados, normalmente resistindo a (e até tirando partido de) altos níveis de nitrificação dos solos e forte pisoteio – as comunidades ruderais da Chenopodietea – está representada pela ocorrência de sementes de

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CASTRO MARIM – Conchas Helicigona lapicida Caeciloides acicula Cochlicella ventricosa Theba pisana Ferussacia folliculus

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