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Modulo I - Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

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Academic year: 2021

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Modulo I - Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

MÓDULO DE APRESENTAÇÃO

A Ouvidoria-Geral da União (OGU), ligada à Controladoria-Geral da União (CGU), em parceria com o Instituto Legislativo Brasileiro - ILB, tem a satisfação de lançar a primeira edição do curso à distância Ouvidoria na Administração Pública, cujo objetivo é contribuir para a formação de profissionais da área e demais interessados quanto aos fundamentos da Ouvidoria Pública e aspectos básicos relacionados à sua atuação.

A Ouvidoria Pública é um exemplo de instrumento institucional que, ao lado dos outros canais de participação e controle social existentes, busca operacionalizar o princípio da democracia participativa consagrado na Constituição Federal de 1988.

O aprofundamento da participação pressupõe a criação e ampliação de mecanismos jurídicos e institucionais para promover a interlocução entre os agentes públicos e os cidadãos. Tal prática também requer mudança e aperfeiçoamento dos processos e das práticas que compõem a cultura institucional do Estado e de seus servidores, além de demandar ações de informação e capacitação continuada para os agentes públicos, cidadãos, organizações da sociedade civil e movimentos sociais.

Por meio dessa capacitação, que integra a Política de Formação Continuada em Ouvidorias (Profoco), a OGU reafirma seu compromisso com a adoção de práticas de gestão orientadas para a produção de resultados que transformem e melhorem a realidade das Ouvidorias Públicas brasileiras, contribuindo para

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o aperfeiçoamento permanente do atendimento prestado ao cidadão e também para a expansão e fortalecimento desse instituto no Brasil.

O curso, que é auto-instrucional e realizado integralmente na modalidade à distância, está dividido em três módulos e possui carga horária total de 20 horas.

Os seguintes assuntos serão tratados em cada um dos módulos: Módulo 1: Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Módulo 2: Atendimento ao cidadão nas Ouvidorias Públicas - Abordagem Introdutória

Módulo 3: A Ouvidoria Pública como instrumento de participação social

Acesse o endereço eletrônico

http://www.cgu.gov.br/Ouvidoria/Profoco/cadastro.asp e faça seu cadastro para participar da Política de Formação Continuada em Ouvidorias e ter acesso aos cursos gratuitos.

Desejamos a todos um bom curso. Ouvidoria-Geral da União

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Objetivos

Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Ao final deste módulo, você será capaz de:

- Compreender a missão da Ouvidoria Pública e suas principais funções.

- Conhecer o histórico das Ouvidorias Públicas no Brasil.

- Conhecer aspectos básicos para atuação das Ouvidorias Públicas.

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Unidade 1 - O que é Ouvidoria Pública?

A Constituição de 1988 instituiu a base jurídica que possibilitou a consolidação do regime democrático no Brasil. Um conjunto de direitos foi ali estabelecido como resultado de um longo e complexo processo de mobilizações sociais e políticas que marcaram as décadas de 1970 e 1980. Um dos resultados desse percurso foi a ampliação da participação social na Administração Pública em resposta a demandas em torno da descentralização e da democratização do Estado brasileiro (SILVA, F. B; JACCOUD, L.; BEGHIN, N., 2005).

Diz o § 3º do artigo 37 da Constituição Federal de 1988:

Legislação

Art. 37 (...)

§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

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Estabelecem, ainda, o inciso XXXIII do artigo 5º e o § 2º do artigo 216 da Carta Magna:

Legislação

Art. 5º (...)

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

Art. 216 (...)

§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

O que esses textos têm em comum?

De forma resumida, podemos dizer que os artigos 5º, 37 e 216 da Constituição Federal garantiram, ao lado de outros instrumentos normativos, a participação dos cidadãos na gestão pública, seja por meio do acesso destes à informação pública (com exceção dos casos previstos em lei), ou pela avaliação da qualidade dos serviços públicos prestados.

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Essa possibilidade de interlocução das pessoas com o Estado se tornou possível porque a Constituição compatibilizou princípios da democracia representativa e participativa. Estabeleceu, ainda, os princípios da impessoalidade e da publicidade dos atos da administração pública, lançando os fundamentos para uma nova forma de expressão de interesses e representação de demandas de atores e grupos junto ao Estado (SILVA, F. B; JACCOUD, L.; BEGHIN, N., 2005). A institucionalização das Ouvidorias Públicas nas últimas três décadas e a aprovação da Lei de Acesso a Informações Públicas (LAI), em 2011, são frutos desse processo de democratização do Estado brasileiro, que materializou no texto constitucional a participação social como um dos elementos-chave para a garantia de direitos humanos e para a organização das políticas públicas.

A partir do conteúdo apresentado até o momento, conseguimos reunir os elementos necessários para a construção do conceito de Ouvidoria Pública.

“Ouvidoria Pública deve ser compreendida como uma instituição que auxilia o cidadão em suas relações com o Estado. Deve atuar no processo de interlocução entre o cidadão e a Administração Pública, de modo que as manifestações decorrentes do exercício da cidadania provoquem a melhoria dos serviços públicos prestados” (CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO; OUVIDORIA-GERAL DA UNIÃO, 2012a, p. 7).

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Nesse sentido, a Ouvidoria Pública funciona como um agente promotor de mudanças: de um lado, favorece uma gestão flexível, comprometida com a satisfação das necessidades do cidadão; de outro, estimula a prestação de serviços públicos de qualidade, capazes de garantir direitos. Em síntese, é um instrumento a serviço da democracia.

É importante não perder de vista que as Ouvidorias encontram, na democracia, o campo necessário para sua expansão e fortalecimento, uma vez que devem ser compreendidas como espaços plurais, abertos à mediação e à resolução das demandas dos cidadãos. Ao mediar o acesso a bens e serviços públicos, esses institutos constituem-se como um importante instrumento de gestão para a Administração Pública, que tem a oportunidade de aperfeiçoar suas perspectivas e ações.

Como você pôde observar, as palavras mediação e direitos humanos são fundamentais quando falamos em Ouvidorias Públicas. O que isso quer dizer?

A CF de 1988 instituiu um Estado Democrático de Direito, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores fundamentais de uma sociedade comprometida, interna e internacionalmente, com a solução pacífica das controvérsias.

Essa perspectiva indica que os conflitos devem ser assumidos como parte da vida social, e não como algo a ser eliminado. Indica, ainda, que as divergências devem ser trabalhadas objetivando a construção de soluções pacíficas, baseadas na promoção dos direitos humanos. Tal abordagem valoriza o diálogo como ferramenta essencial para o convívio em sociedade. Esse diálogo

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não pretende trazer o "outro" para uma posição pouco ativa, mas investe no favorecimento de uma participação consciente, atuante e informada.

Noções gerais sobre mediação

A mediação, de modo geral, é um processo voluntário e estruturado, no qual um ou mais mediadores ajudam as pessoas envolvidas num conflito a encontrarem uma solução aceitável para todos, compatível com os seus interesses e necessidades.

A discussão durante o processo de mediação não está limitada a questões legais, devendo incluir o máximo de informação, além da exposição de qualquer preocupação dos participantes. Os mediadores podem ser avaliativos, ao dar enfoque a direitos, ou facilitadores, ao encorajar os participantes a desenvolverem suas próprias soluções para o conflito. De acordo com os fatos e as necessidades identificadas, os mediadores podem valer-se de uma combinação dessas modalidades.

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1.1 A missão da Ouvidoria Pública e suas funções

Você sabe qual é a missão da Ouvidoria Pública e como ela realiza esse papel na prática?

Primeiramente, é preciso conhecer a diferença entre missão e função, para depois compreender de que forma isso se aplica às Ouvidorias Públicas.

A MISSÃO relaciona-se com a busca de uma determinada finalidade, orientada por princípios e fundamentos que irão nortear as ações e a prestação dos serviços públicos.

As Ouvidorias Públicas têm como missão promover a realização da democracia e a efetividade dos direitos humanos, por meio da mediação de conflitos e do reconhecimento do outro como sujeito de direitos.

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A FUNÇÃO, por sua vez, diz respeito às atividades, atribuições ou instrumentos necessários para cumprir uma finalidade. A função tem uma qualidade prática, uma vez que concretiza uma determinada missão na realidade cotidiana.

Na prática, para realizar sua missão, as Ouvidorias Públicas devem desempenhar as seguintes FUNÇÕES (ROMÃO, s/d):

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Finalidade de uma unidade de Ouvidoria

A ouvidoria tem por propósito buscar soluções para as demandas dos cidadãos; oferecer informações gerenciais e sugestões ao órgão em que atua, visando o aprimoramento da prestação do serviço, além de contribuir para a formulação de políticas públicas.

A qualidade dos serviços prestados pela administração se aperfeiçoa com a atuação da ouvidoria, uma vez que ela auxilia na identificação de pontos a serem aprimorados e contribui, dessa forma, para a melhoria dos procedimentos e dos processos administrativos.

Ao exercer seu papel de porta-voz do cidadão na organização, o ouvidor tem revelado ser um importante instrumento de interação entre o órgão e a sociedade, aliado na defesa dos direitos do usuário, na busca de soluções de conflitos extrajudiciais e colaborador eficaz dos programas de qualidade implantados nas organizações.

A sobrevivência das organizações está intimamente relacionada à sua capacidade de adaptação e flexibilidade às contingências do ambiente econômico, social, cultural, ecológico e tecnológico.

Entidades públicas vêm dotando o ouvidor de uma sensibilidade na captação de problemas, encaminhamento de sugestões e livre acesso entre os diversos setores da organização na busca de soluções, contribuindo para o aperfeiçoamento do atendimento e valorização do cidadão.

O ouvidor atua também em defesa da administração, procurando subsidiar o atendimento de reivindicações de funcionários, exercendo um controle preventivo e corretivo de arbitrariedades ou de negligências, de problemas interpessoais ou, ainda, de abuso de poder das chefias.

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Para tanto, deverá ter conhecimento de toda estrutura e funcionamento da instituição a que pertence, pois dessa forma poderá utilizar o trabalho da ouvidoria para subsidiar as políticas e os processos internos de trabalho do órgão.

Qual a diferença entre uma Ouvidoria Pública e um serviço de atendimento ao cidadão (SAC)?

A atuação da Ouvidoria é diferente da atuação de um SAC, a exemplo dos 0800, Sala do Cidadão, Fale Conosco, Call Center, entre outros, pois ela não é apenas um canal de diálogo entre o cidadão e a Administração Pública, ela é uma instituição de participação social ao lado das Conferências e dos Conselhos de Políticas Públicas, como será visto no módulo 3 (CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO; OUVIDORIA-GERAL DA UNIÃO, 2012a).

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1.2 Atuação da Ouvidoria Pública

No Poder Executivo Federal, a Ouvidoria Pública tem como finalidade estimular a participação e a conscientização da população sobre o direito de receber um serviço público de qualidade. Além disso, ela deve auxiliar o cidadão a identificar o lugar mais apropriado para a resolução de sua demanda ou problema.

A partir do que você estudou até aqui, reflita: o que cabe à Ouvidoria fazer em seu trabalho cotidiano?

Receber as manifestações dos cidadãos, interpretá-las e buscar soluções para cada caso, com o objetivo de aperfeiçoar o processo de prestação do serviço público;

Contribuir para melhorar a qualidade dos serviços prestados; Buscar a satisfação do cidadão que utiliza os serviços públicos;

Informar adequadamente à direção do órgão público sobre os indicativos de satisfação dos usuários;

Funcionar como instrumento de interação entre o órgão público e a sociedade; Contribuir para fortalecimento da cultura de direitos humanos, privilegiando a visão do cidadão como sujeito de direitos e estimulando sua autonomia;

Informar aos cidadãos quais são os órgãos que devem ser acionados para a resolução de suas demandas, quais são suas responsabilidades e de que forma a resposta poderá ser cobrada.

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1.3 Ombudsman, Ministério Público e Ouvidoria Pública: similaridades e diferenças

Para começar, leia abaixo alguns trechos da entrevista “A Ouvidoria no serviço público brasileiro”, com o Ouvidor-Geral da União, José Eduardo Elias Romão.

Como o senhor avalia a experiência da Ouvidoria-Geral da União?

A Ouvidoria-Geral da União começou a desenvolver, há quase dez anos, um trabalho de estímulo à criação de Ouvidorias. Naquele momento, a preocupação era que houvesse, na Administração Pública Federal, canais de atendimento ao cidadão que superassem ou transpusessem os serviços de atendimento ao consumidor (SAC), que costumavam prover uma orientação pontual, uma via de mão única. O cidadão ligava, a informação era fornecida ou não. As Ouvidorias seriam então instâncias naquele momento criadas para atribuir alguma profundidade à resolução do problema, produzindo uma tradução das solicitações e necessidades da população para a Administração Pública. Cada Ouvidoria deveria ser um canal de mediação e diálogo, portanto, via de mão dupla.

O modelo brasileiro incorporou contribuições internacionais?

Com o passar do tempo, inspirado ainda no modelo sueco de ombudsman, viu-se que as Ouvidorias, no Brasil, por serem órgãos vinculados aos ministérios, subordinados à direção de cada um dos órgãos públicos federais,

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não teriam condições de se estruturar nos termos de ombudsman tal como as experiências internacionais, com destaque para a Suécia, Reino Unido e Peru, onde os serviços se constituíram como órgãos externos à Administração Pública, com algum controle sobre a administração, em condições de até mesmo promover ações judiciais. Essas características, por maior que fosse o interesse, não puderam ser aplicadas ou atribuídas às Ouvidorias na Administração Pública Federal.

Ouvidoria e Ombudsman são sinônimos?

A atribuição ou a denominação no campo jurídico de jabuticaba é quase sempre pejorativa.

Quando alguém diz, um jurista levanta a voz para dizer 'Ah, isso é uma jabuticaba, isso só se tem no Brasil', é para dizer que isso é aqui produzido como uma excrescência. Nós estamos também trabalhando de modo inverso, acho que a gente pode fazer das Ouvidorias uma prática de criação nacional. O fato de não haver tradução para o termo já tem refletido no modo como eu me pronuncio quando dialogo com outras experiências estrangeiras, já não traduzo mais para ombudsman. Eu digo: 'Que aprendam vocês a expressão “Ouvidoria”, como a gente teve de assimilar outras tantas'.

O que é, então, uma Ouvidoria, hoje, no Brasil?

É um órgão vinculado à Administração, portanto, pode ser um órgão de controle interno para promoção da transparência e do controle social. Então, de um lado, as Ouvidorias desenvolvem controle interno, contribuem para avaliação dos serviços públicos prestados para que a sociedade possa controlar a Administração como um todo. Por outro lado, que eu acho mais relevante, ao mesmo tempo em que avaliam serviço, promovem os direitos da população. Não se trata de um mandato, como pretendiam muitos Ouvidores,

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como se fossem representantes do povo, eleitos indiretamente. Alguns Ouvidores chegaram a entoar esse discurso, a exigir essa condição: 'Ah, sou representante do povo.' Não é bem verdade. A Ouvidoria representa a obrigação da Administração em garantir direitos.

A implantação das Ouvidorias no Brasil teve um caráter marcadamente estatal?

Em alguns momentos se discutiu no Brasil, 'Ah, o Governo é diferente de Estado', pois o Ouvidor é aquele que tem que afirmar diuturnamente que o Estado está organizado para garantir direitos fundamentais à população brasileira. Este é o seu mandato precípuo, que é mais importante que ele, é a sua obrigação constituída. E, dessa forma, com uma dupla vinculação, é possível caracterizar o modelo de Ouvidoria contemporâneo. É controle interno, ou está vinculado à atividade de controle interno, e se constitui como uma instância que caracteriza esse modelo das Ouvidorias se relacionarem regiamente, de forma organizada, contínua, com outros órgãos para garantia de direitos. O Brasil, na Constituição de 1988, decidiu criar um modelo de Ministério Público poderoso. Há defensorias públicas vinculadas aos Estados. Então, não se pode imaginar que as Ouvidorias, sendo entidades vinculadas à Administração, poderiam sozinhas suportar o desafio da realização de direitos fundamentais, de garantir a assistência social, a saúde. Então, compreendendo bem a nossa função, essa distinção eu costumo fazer sempre: há um papel, que é amplo e abrangente de realização dos direitos, ao qual também estão vinculados o Ministério Público, as Ouvidorias, as defensorias públicas e os conselhos de direitos.

As funções dos Ouvidores já estão bem claras no Brasil? O público já sabe em que situações deve procurar um Ouvidor?

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Há um papel, que a todos nós oferece textos para atuação. Há funções específicas. Essas funções não estão hoje devidamente coordenadas. Quando uma Ouvidoria, a exemplo da existente na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), recebe uma notícia ou uma manifestação de discriminação, uma reclamação de qualquer tipo de preconceito atribuído, enfim, quando a encaminha ao Ministério Público, o faz por dever de ofício, mas não há uma interação em que o Ministério Público se sinta obrigado a responder à Ouvidoria sobre o que foi feito, a Ouvidoria tem que ir lá e cobrar. Nós precisamos agora adotar os procedimentos, essa visão da gestão pública abrangente para a realização de uma tarefa essencial: a realização dos direitos fundamentais e humanos no Brasil. Esse é o grande papel, que cabe às Ouvidorias realizar: promover a efetividade dos direitos humanos no Brasil. Então, se tem uma dimensão que é externa ou interinstitucional, que vai definindo a sua função específica e a sua relação entre os órgãos.

ROMÃO, J. E. E. “A Ouvidoria no serviço público brasileiro”. In: PAULINO, Fernando Oliveira; SILVA, Luiz Martins da. Comunicação Pública em Debate. Brasília: Editora da UnB, 2013 (NO PRELO).

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Com base na leitura realizada, você consegue identificar as semelhanças e diferenças entre Ombudsman, Ministério Público e Ouvidoria Pública? Leia a seguir.

Ombudsman é uma palavra sueca que significa “representante do povo” e é frequentemente utilizada para denominar o cargo de Ouvidor. A palavra surgiu com esse significado em 1809 para descrever os funcionários responsáveis por receber críticas e sugestões da população sobre órgãos públicos na Suécia. Com a popularização desse tipo de atividade, vários países passaram a conceituar o ombudsman de maneiras diferentes. Em Portugal, por exemplo, esse profissional é chamado de provedor; na França o termo é traduzido como médiateur; já nos países de língua hispânica costuma-se denominar o cargo como defensor. Essas várias traduções podem indicar dificuldades para se dizer com precisão as funções e as rotinas desse profissional. O ombudsman clássico é investido no cargo pelo Parlamento e atua na esfera administrativa e judicial (LYRA, 2010). Alguns defendem que ele deve atuar apenas como mediador, apaziguando relações e fazendo que as partes cheguem a um consenso. Já outros, acreditam que o cargo deve garantir uma defesa dos interesses dos cidadãos (COELHO, 2013).

De acordo com a Constituição Federal, o Ministério Público (MP) é um órgão de Estado que atua na defesa da ordem jurídica e fiscaliza o cumprimento da lei no Brasil. É seu papel defender o patrimônio nacional, o patrimônio público e social, o que inclui o patrimônio cultural, o meio ambiente, os direitos e

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interesses da coletividade. O MP atua também na defesa dos interesses sociais e individuais e no controle externo da atividade policial.

Por fim, como você estudou, a Ouvidoria Pública no Brasil é um mecanismo de exercício da democracia participativa. Ela tem duas grandes finalidades: 1) realizar o controle social da qualidade do serviço público, auxiliando a busca de soluções para os problemas existentes nos órgãos do Estado e; 2) promover a efetividade dos direitos humanos ao ouvir, reconhecer e qualificar as manifestações recebidas, encaminhando-as para os órgãos competentes e acompanhando sua tramitação, para, posteriormente, fornecer a resposta adequada ao cidadão.

Esses três institutos têm em comum a defesa dos direitos do cidadão e dos princípios constitucionais da legalidade, da impessoalidade, da transparência, da eficiência e da justiça. São, portanto, comprometidos com o regime democrático e com a inclusão social (LYRA, 2010).

O que os diferencia? As Ouvidorias Públicas representam a obrigação da Administração Pública em garantir direitos, mas, diferentemente do Ombudsman, não atuam judicialmente, não possuem mecanismos coercitivos e nem representam o povo com mandato específico.

No Brasil, o Ministério Público defende, na esfera judicial, os direitos fundamentais de todos os cidadãos brasileiros. As Ouvidorias também atuam na garantia de direitos, mas de uma forma diferente do MP: atuam junto à Administração, na instituição ou no setor de atuação, contribuindo para garantir a qualidade dos serviços públicos prestados.

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Unidade 2 - Breve histórico das Ouvidorias Públicas no Brasil:

fatos relevantes e aspectos normativos

As Ouvidorias Públicas no Brasil começam a ser implantadas, no formato que possuem atualmente, durante os anos 1980. Mas sua história é bem mais antiga.

No Brasil Colônia, o então Ouvidor devia aplicar a Lei da Metrópole e comunicar ao rei em Portugal o que acontecia na colônia. Assim, seu papel era totalmente diferente do modelo atual de Ouvidoria, pois não representava o cidadão: atendia somente a quem estava no Poder. Depois dessa primeira iniciativa, um longo período se passou sem muitos avanços em relação ao tema.

O debate nacional sobre Ouvidoria Pública surgiu a partir dos anos 1970, como resultado de uma forte reação do povo ao autoritarismo que impediu a existência de canais de participação onde a sociedade civil pudesse exercer o controle das ações públicas.

É exatamente na reivindicação pela participação na gestão pública que se situa a discussão sobre a criação de Ouvidorias no Brasil. A primeira experiência na Administração Pública brasileira foi a Ouvidoria Municipal de Curitiba, implantada em março de 1986. Após a Constituição de 1988 esses institutos se expandem por todo País (DE MARIO; MORETTI, s/d).

Conheça a seguir alguns marcos históricos e normativos importantes no processo de construção nacional das Ouvidorias Públicas, desde a Colônia até os dias atuais.

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Aspectos históricos e normativos do processo de construção das Ouvidorias Públicas no Brasil

Colônia

1538 – Foi nomeado o primeiro Ouvidor, Antônio de Oliveira, que exercia também o cargo de capitão-mor da capitania de São Vicente.

1548 – Com a criação do Governo Geral do Brasil, surge a figura do Ouvidor-Geral, com as funções de Corregedor-Geral da Justiça em todo território.

Império

1823 – Surge o Ouvidor como o juiz do povo. As queixas deveriam ser encaminhadas ex-officio à Corte por este juiz.

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República

1964 – Com a ditadura, todas as instituições democráticas foram obrigadas ao silêncio forçado.

1983 – A partir desse ano surgem os primeiros sinais de abertura democrática: o debate para criação de canais entre a estrutura de poder e a população começa a ganhar força.

Nova República

1986 – O Decreto 93.714/1986 cria a Comissão de Defesa dos Direitos do Cidadão, vinculado à Presidência da República, para defesa de direitos do cidadão contra abusos, erros e omissões na Administração Pública Federal. O presidente da comissão acumulava a função de Ouvidor e era designado pelo Presidente da República.

1992 – A Lei 8.490/1992 cria a Ouvidoria-Geral da República na estrutura regimental básica do Ministério da Justiça.

1996 e 1998 – Os Decretos 1.796/1996 e 2.802/1998 delegam ao Gabinete do Ministro da Justiça as competências para desenvolver as atividades de Ouvidoria-Geral da República.

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1998 – A Emenda Constitucional nº 19 alterou a redação do art. 37, § 3º, da Constituição Federal, determinando que lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral e o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo. Disciplina, também, a representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.

1999 – O Estado de São Paulo promulga a lei de proteção ao usuário do serviço público e determina a criação de Ouvidorias em todos os órgãos estaduais.

2000 – O Decreto 3.382/2000 delega ao Secretário Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça as funções de Ouvidor-Geral da República.

2001 – A Medida Provisória 2.216/2001 cria a Corregedoria-Geral da União, que integra a Presidência da República.

2002 – O Decreto 4.177/2002 transfere as competências de Ouvidoria-Geral do Ministério da Justiça para a Corregedoria-Geral da União, com exceção das relativas à de Ouvidoria-geral de direitos humanos, que permaneceram no Ministério da Justiça. O Decreto 4.490/2002 cria a Ouvidoria-Geral da República na estrutura regimental básica da Corregedoria-Geral da União.

2003 – A Lei 10.683/03 transforma a Corregedoria-Geral da União em Controladoria-Geral da União, mantendo entre as suas competências as atividades de Ouvidoria-Geral, exceto as atividades de Ouvidoria dos indígenas, do consumidor e das polícias federais, a cargo do Ministério da

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Justiça, e dos direitos humanos, a cargo da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

2004 – A Lei 10.689/2004 ajusta a denominação de Ouvidoria-Geral da República para Ouvidoria-Geral da União, que, pelo Decreto 4.785/2003, tem, entre outras, a competência de coordenar tecnicamente o segmento de Ouvidorias do Poder Executivo Federal. Nesse mesmo ano, foi promulgada a Emenda Constitucional 45 que determina a criação de Ouvidorias no Poder Judiciário e no Ministério Público no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Territórios.

2009 – O Decreto 6.932/2009 dispõe sobre a simplificação do atendimento público prestado ao cidadão, ratifica a dispensa do reconhecimento de firma em documentos produzidos no Brasil, institui a “Carta de Serviços ao Cidadão” e dá outras providências.

2010 – A Lei 12.288/2010 institui o Estatuto da Igualdade Racial e altera as Leis 7.716/1989, 9.029/1995, 7.347/1985 e 10.778/ 2003. O art. 51 do mencionado Estatuto prevê que o poder público federal instituirá nos Poderes Legislativo e Executivo Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, para receber e encaminhar denúncias de preconceito e discriminação com base em etnia ou cor e acompanhar a implementação de medidas para a promoção da igualdade. O art. 52 do mesmo Estatuto assegura às vítimas de discriminação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário para a garantia do cumprimento de seus direitos.

2011 – A Lei 12.527/2011 regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da

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Constituição Federal; altera a Lei 8.112/1990; revoga a Lei 11.111/2005, e dispositivos da Lei 8.159/1991 e dá outras providências.

2014 - O Decreto 8.243/2014 institui a Política Nacional de Participação Social e o Sistema Nacional de Participação Social, definindo o papel das ouvidorias e determinando que as ouvidorias do Poder Executivo Federal devem observar as diretrizes da Ouvidoria-Geral da União.

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A Ouvidoria-Geral da União, órgão ligado à Controladoria-Geral da União, é responsável por receber, examinar e encaminhar denúncias, reclamações, elogios, sugestões e pedidos de informação referentes a procedimentos e ações de agentes, órgãos e entidades do Poder Executivo Federal. Possui, ainda, a competência de coordenar tecnicamente o segmento de Ouvidorias do Poder Executivo Federal, de organizar e interpretar o conjunto das manifestações recebidas e produzir indicativos do nível de satisfação dos usuários dos serviços prestados pelo Poder Executivo Federal.

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Unidade 3 - Quem é o público da Ouvidoria?

A Ouvidoria poderá trabalhar com dois tipos de público: interno e externo.

O público interno são os servidores e empregados da entidade que utilizam, de forma democrática, a Ouvidoria como canal para manifestar seus anseios, denunciando, representando, elogiando, criticando ou sugerindo. Nesse sentido, a Ouvidoria permite uma administração participativa.

O público externo são pessoas ou grupos que demandam os serviços oferecidos pelo órgão público e utilizam a Ouvidoria como canal para se manifestarem.

Assim, qualquer cidadão, seja pertencendo ao público interno ou externo, pode apresentar, sem ônus, manifestação à Ouvidoria.

O cidadão é o principal protagonista no trabalho das Ouvidorias Públicas. Por isso, devem estar acessíveis a ele todos os meios de comunicação possíveis, tais como: manifestações pela internet, por telefone, presencial e por carta.

Você pode estar se perguntando:

- E se uma Ouvidoria é de pequeno porte e a única forma de oferecer o atendimento ao cidadão é a presencial?

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Então, este deve ser o meio de atendimento escolhido. O importante é que o serviço de diálogo e de mediação com a população esteja aberto e funcionando de forma adequada. Depois, havendo a possibilidade de se utilizar outros meios para que o cidadão possa se manifestar, que esses sejam disponibilizados.

No sítio virtual, as manifestações podem chegar por e-mail ou pelo e-SIC (Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão), que permite que qualquer pessoa, física ou jurídica, encaminhe pedidos de acesso à informação para órgãos e entidades do Poder Executivo Federal.

As manifestações recebidas por telefone deverão ser registradas no Sistema que armazenará todas as informações, para que seja possível o encaminhamento da manifestação e sua análise.

O atendimento presencial é muito importante numa Ouvidoria, pois é o momento em que o cidadão vai pessoalmente à Administração Pública expor sua demanda. A unidade da Ouvidoria deve funcionar em local identificado e de fácil acesso ao público, como você estudará no próximo módulo.

As manifestações recebidas por meio de carta devem ser abertas por servidores incumbidos dessa função; muitas das ouvidorias adotam a praxe de digitalizar a carta e anexá-la como documento no sistema de ouvidoria. Há também ouvidorias que após a devida análise e preparação de resposta, arquivam as cartas pelo período previsto em legislação específica. De modo geral, as ouvidorias respondem também por carta as manifestações recebidas

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por esse meio, garantindo assim, o direito a informação mesmo às pessoas que não tem acesso a Internet.

Unidade 4 - A função do Ouvidor

Nos países democráticos, o Ouvidor exerce um trabalho cada vez mais presente nas instituições públicas, atuando na mediação dos interesses do cidadão junto às instituições públicas.

O Ouvidor deverá atuar como porta-voz do cidadão, agindo contra qualquer violação de direitos, abuso de poder, erros, omissões, negligências e decisões injustas. Seu trabalho torna a Administração Pública mais eficiente e transparente, e, seus agentes, mais responsáveis em suas decisões.

A função do Ouvidor está baseada nos princípios constitucionais, presentes no artigo 37, que são: legalidade, legitimidade, imparcialidade, moralidade, publicidade e eficiência. A ele cabe a missão de promover a realização dos direitos humanos no âmbito das diferentes organizações.

Ao exercer seu papel como porta-voz do cidadão na organização pública, o Ouvidor tem-se revelado um importante instrumento de interação entre o Estado e a sociedade, constituindo-se em aliado na defesa dos direitos do usuário, na busca por soluções de conflitos extrajudiciais e atuando como colaborador de programas de qualidade implantados nas organizações. Isso porque a sobrevivência das organizações está intimamente relacionada à sua

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capacidade de adaptação e flexibilidade às exigências do ambiente econômico, social, cultural e tecnológico.

O Ouvidor atua também em defesa da Administração, procurando colaborar para o atendimento de reivindicações de funcionários. Quando exerce esse papel, esse profissional acaba por realizar um controle preventivo e corretivo de arbitrariedades, de negligências, de problemas interpessoais ou, ainda, de abuso de poder das chefias.

No Brasil, o Ouvidor não tem poder para determinar a reformulação de decisões. Mesmo havendo prejuízo ou constrangimento para o cidadão, ele conta apenas com o poder da argumentação exercida publicamente.

Na tensão que caracteriza a relação entre o Estado e a sociedade, o Ouvidor e demais profissionais das Ouvidorias Públicas devem buscar um ponto de equilíbrio. Devem agir de forma imparcial, de modo a favorecer o exercício do diálogo, e zelar para que cada vez mais pessoas possam ser inseridas na esfera pública como cidadãs.

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4.1 Perfil do Ouvidor

Por se tratar de um cargo relativamente novo e ainda pouco compreendido na Administração Pública Brasileira, é necessário esclarecer que não se exige formação específica para ser Ouvidor.

Porém, esse profissional deve possuir perfil apropriado para exercer a função. São alguns requisitos essenciais do Ouvidor:

Conhecer o segmento específico em que exercerá a sua atividade (e não apenas a instituição);

Manter relação direta com o dirigente máximo; Ter sensibilidade e paciência;

Ter capacidade de escuta; Ser idôneo;

Possuir qualquer formação profissional; Possuir conhecimento técnico em Ouvidoria; Ser proativo;

Ter credibilidade;

Ter experiência na prevenção e solução de conflitos; Ter capacidade de persuasão;

Possuir capacidade de análise crítica;

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Ter capacidade de gestão de sua própria equipe, promovendo a capacitação constante dos funcionários e sua participação em atividades pertinentes.

Unidade 5 - Requisitos para o bom funcionamento da Ouvidoria e alguns desafios a serem enfrentados

A implantação de uma unidade de Ouvidoria Pública requer o comprometimento da alta administração das organizações, que deve estar preparada para gerir mudanças culturais e educativas causadas pela atuação desse instituto por meio de treinamento de pessoal orientado para a satisfação do cidadão.

Além disso, devem-se criar condições para um clima organizacional receptivo e colaborativo, pois se os canais internos da organização estiverem bloqueados e as relações forem complicadas, o Ouvidor pouco poderá contribuir! Por não ter poderes coercitivos, esse profissional precisa contar com o respaldo interno da organização. Caso contrário, pode ter sua aceitação, credibilidade e capacidade de resposta prejudicada.

Estabelecer e divulgar normas gerais para a investidura e atuação no cargo assim como para a garantia da autonomia do Ouvidor são fatores muito importantes para o sucesso de sua atuação.

Quando a Ouvidoria for implantada é também recomendável uma divulgação prévia, com esclarecimentos suficientes sobre o objetivo, a importância e a forma de atuação do Ouvidor.

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Veja abaixo alguns requisitos que colaboram com uma boa gestão:

Trabalhar com planejamento e metas de médio e longo prazo, definindo as prioridades de trabalho;

Não se fechar em suas próprias atividades, mas sim manter diálogo constante com as demais unidades da instituição, bem como com os outros órgãos e Ouvidorias, além de institutos de participação social;

Acompanhar as mudanças na legislação da área e o direcionamento das políticas públicas do órgão.

Os principais desafios encontrados pela Ouvidoria Pública geralmente estão localizados dentro da própria instituição. Conhecê-los é fundamental para a busca de soluções. São eles:

Descrença por parte do cidadão quanto aos resultados a serem alcançados;

Reação interna negativa dos integrantes da organização;

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Obstrução de canais internos de relacionamento que impedem a atuação da Ouvidoria.

A burocracia e a lentidão no atendimento às solicitações são elementos que podem prejudicar o desempenho da Ouvidoria Pública. O processo de construção de uma unidade deve se iniciar com um trabalho de sensibilização junto aos dirigentes e servidores no sentido de mostrar a importância do trabalho. É importante que todos saibam que o encaminhamento das críticas pela Ouvidoria não visa atrapalhar o trabalho dos setores e sim contribuir com a resolução de problemas existentes ou que venham a existir.

Resumo

Você está encerrando o Módulo 1 deste curso. Nesta etapa, você estudou que:

As Ouvidorias Públicas são instituições de participação social, voltadas para auxiliar o cidadão em suas relações com o Estado. Elas caracterizam-se por

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ser um espaço de diálogo, de expressão de interesses e de representação de demandas junto à Administração Pública.

É importante ter em mente que as Ouvidorias Públicas são mais do que um canal de participação popular, elas são agentes de mudança, pois as diferentes manifestações recebidas acabam por gerar oportunidades de aperfeiçoamento das instituições e agentes públicos, estimulando a prestação de serviços de qualidade, capazes de garantir direitos humanos.

Cabe à Ouvidoria contribuir para a conscientização da população sobre o direito de receber um serviço público de qualidade, auxiliando o cidadão, sempre que necessário, a identificar o local mais apropriado para a resolução da demanda apresentada.

As Ouvidorias têm como missão promover a realização da democracia e a efetividade dos direitos humanos, por meio da mediação de conflitos, da solução pacífica das controvérsias e do reconhecimento das pessoas como sujeito de direitos.

Para realizar sua missão, as Ouvidorias Públicas devem desempenhar as algumas funções. São elas: (i) ouvir e compreender as diferentes formas de manifestação dos cidadãos como demandas legítimas; (ii) reconhecer os cidadãos, sem qualquer distinção, como sujeitos de direitos; (iii) qualificar as expectativas de forma adequada, para que o Estado possa decodificá-las como oportunidades de melhoria; (iv) responder aos cidadãos e; (v) demonstrar os resultados produzidos.

O Ombudsman, o Ministério Público e a Ouvidoria Pública são institutos diferentes, embora possuam pontos de aproximação. As Ouvidorias Públicas

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representam a obrigação da Administração Pública em garantir direitos por meio da interlocução direta com o cidadão, mas elas não atuam judicialmente, não possuem mecanismos coercitivos e nem representam o povo com mandato específico, como ocorre com o Ombudsman e o Ministério Público.

O Ouvidor Público atua como porta-voz do cidadão, agindo contra quaisquer violações de direitos, abuso de poder, erros, omissões, negligências ou decisões injustas. Esse profissional também atua em defesa da Administração, exercendo um controle preventivo e corretivo de arbitrariedades, de problemas interpessoais ou, ainda, de abuso de poder por parte das chefias.

Os poderes do Ouvidor, na Administração Pública, são de inspeção e de persuasão e não de coerção. Por isso, ele necessita do respaldo interno da organização.

Por fim, o sucesso na implantação de uma unidade de Ouvidoria Pública depende do comprometimento interno das organizações e de uma ampla pactuação entre os agentes públicos, que deverão estar preparados para lidar com as mudanças culturais e educativas produzidas, por meio da disposição para o diálogo e da realização de capacitações continuadas.

Exercícios de Fixação - Módulo I

Parabéns! Você chegou ao final do Módulo I de estudo do curso Ouvidoria na Administração Pública (parceria CGU/ILB). Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma releitura do mesmo e resolva os Exercícios de Fixação. O resultado não influenciará na sua nota final, mas

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servirá como oportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz a correção imediata das suas respostas!

Referências

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