QUERCUS- ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO
DA NATUREZA
Monitorização e avaliação da qualidade das águas
superficiais
Índice
1 Objectivos ... 3 2 Metodologia ... 3 2.1 Locais de amostragem ... 4 2.2 Elementos físico-químicos ... 10 2.2.1 Frequência de amostragem ... 102.2.2 Parâmetros avaliados e métodos de análise ... 11
2.2.3 Metodologia de recolha das amostras ... 12
2.3 Elementos biológicos – Invertebrados Bentónicos ... 14
2.4 Elementos hidromorfológicos – Qualidade do Bosque Ripário ... 14
3 Resultados ... 16
3.1.1 Elementos químicos e físico-químicos ... 16
3.1.2 Elementos biológicos – Invertebrados Bentónicos ... 18
3.1.3 Elementos hidromorfológicos ... 19
a) Ribeira dos Milagres (02/09/2015) ... 19
b) Rio Almonda (07/09/2015) ... 20 c) Rio Alviela (07/09/2015) ... 21 d) Ribeira da Lage (21/09/2015) ... 22 e) Rio Sizandro (21/09/2015) ... 23 f) Ribeira de Odelouca (11/09/2015) ... 24 g) Rio Ave (13/11/2015) ... 25 4 Estado Ecológico ... 26 5 Considerações finais ... 27 6 Referências bibliográficas ... 28
dQa- Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água
Monitorização e avaliação da qualidade das águas superficiais
3
1 Objectivos
O projecto “dQa – Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água” inclui uma componente dedicada à monitorização da qualidade da água em rios e ribeiras considerados problemáticos. Nesse sentido, a equipa do projecto realizou uma campanha de monitorização da qualidade ecológica de sete rios e ribeiras portugueses – Ave, Agudim (conhecida por Ribeira dos Milagres), Almonda, Alviela, Sizandro, Parreiras (conhecida por Ribeira da Laje) e Odelouca.
O presente documento corresponde ao relatório referente à campanha de monitorização realizada para dar cumprimento à componente c. do projecto dQa – Cidadania para o Acompanhamento das Políticas Públicas da Água, apoiado pelo Programa Cidadania Activa (financiado pela Noruega, Liechtenstein e Islândia e gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian).
Com vista ao acompanhamento do cumprimento dos objectivos estabelecidos na legislação e da eficácia das medidas estabelecidas nos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH), toda a monitorização foi realizada de acordo com os parâmetros e critérios definidos na Lei da Água (Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro, que transpôs para a legislação nacional a Directiva Quadro da Água), tendo incidido sobre diferentes elementos de qualidade, o que incluiu elementos químicos e físico-químicos gerais, elementos biológicos (macroinvertebrados bentónicos) e elementos hidromorfológicos (habitat ripário).
2 Metodologia
Na definição da metodologia de execução dos trabalhos foi necessário ter em conta os diferentes elementos a monitorizar, nomeadamente elementos físico-químicos, biológicos e hidromorfológicos.
O primeiro passo aplicado incluiu a selecção das sub-bacias a monitorizar, tendo sido seleccionadas as seguintes:
- Rio Ave
- Ribeira dos Milagres - Rio Sizandro
- Rio Almonda - Ribeira da Laje - Ribeira de Odelouca
Uma vez seleccionadas as sub-bacias, foi necessário definir os locais de amostragem e as metodologias a aplicar para cada um dos elementos monitorizados e que se apresentam abaixo.
2.1 Locais de amostragem
Para a recolha de amostras e respectiva monitorização dos parâmetros físico-químicos foram seleccionados dois pontos por cada sub-bacia a monitorizar.
A escolha dos locais de amostragem teve em atenção as condições de acesso, como por exemplo estradas ou pontes, a observação da profundidade dos pontos de recolha e características naturais e/ou artificiais, como por exemplo a presença de açudes.
No caso das sub-bacias do Almonda, Alviela e Arade, houve a necessidade de escolher novos locais de amostragem por se considerar que os locais inicialmente definidos apresentavam problemas de acesso ou não seriam representativos da qualidade da água, como foi o caso do ponto 13 b) no rio Arade, por se localizar numa zona de influência de marés.
Os locais identificados no Quadro 1 são meramente indicativos, tendo a recolha das amostras sido sempre realizada o mais próximo possível da zona assinalada, excepto quando as condições do terreno ou climatéricas não o permitiram.
Para os elementos hidromorfológicos foram adicionados dois pontos intermédios em cada bacia, resultando num total de quatro pontos por bacia. A selecção dos locais teve em conta a representatividade do troço, a facilidade de acesso e a visibilidade. Estes critérios resultaram na alteração de alguns locais de amostragem para este parâmetro, que podem ser observados nas figuras que se seguem.
As imagens seguintes apresentam a localização dos diferentes pontos em cada uma das sub-bacias seleccionadas. Os locais assinalados a vermelho correspondem aos pontos de
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amostragem dos elementos físico-químicos, químicos e biológicos; os locais assinalados a amarelo correspondem aos pontos de amostragem dos elementos hidromorfológicos.
Quadro 1. Locais seleccionados para a amostragem dos elementos químicos, físico-químicos,
biológicos (excepção dos rios Ave e Arade - não foi realizada a monitorização deste elemento) e hidromorfológicos.
Rio/Ribeira Locais de amostragem Local Identificação RH 2 – Cávado, Ave e
Leça
Rio Ave 1 Trofa (jusante)
2 Santo Tirso (montante)
RH 5 – Tejo e Ribeiras do Oeste
Ribeiras do Oeste
Ribeira dos Milagres 3
Ponte da Pedra (a montante da confluência com o Rio Lis)
4 Chã
Rio Sizandro 5 Varatojo (junto à ETAR de Torres Vedras) 6 Runa
Tejo
Rio Alviela
7a Ponte (Raposeira) 7b Vaqueiros
8 Ponte de S. Vicente do Paúl Rio Almonda
9a Aqueduto da EPAL (jusante de Torres Novas) 9b Ponte Nova, junto ao Torres Shopping (jusante
de Torres Novas)
10 Ponte da quinta do Paúl (a montante do Paúl do Boquilobo)
Ribeira da Laje
11 Laje
12 Oeiras (junto ao Jardim Municipal de Oeiras)
RH 8 - Ribeiras do Algarve
Rio Arade 13 a) EM1152 (montante de Silves)
13 b) A jusante de Silves, junto ao parque ribeirinho Ribeira de Odelouca 14 Odelouca Montante (jusante da Barragem)
Figura 1. Rio Ave
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Figura 3. Rio Sizandro
Figura 5. Rio Almonda
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Figura 7. Sub-bacia do Arade – Rio Arade
2.2 Elementos físico-químicos
Para a monitorização dos elementos físico-químicos, foram aplicados os “Critérios para a Classificação do Estado das Massas de Água Superficiais” do INAG definidos no âmbito da aplicação das directrizes definidas pela Directiva Quadro da Água.
2.2.1 Frequência de amostragem
Procurou-se que a frequência da amostragem fosse trimestral, o que nem sempre foi possível devido às condições climatéricas, uma vez que, após os períodos de chuva foi necessário aguardar para que houvesse uma regularização do caudal, de forma a que as amostras fossem representativas da qualidade da água. As monitorizações decorreram entre Julho de 2014 e Novembro de 2016, de acordo com a calendarização que consta no quadro seguinte.
Quadro 2. Calendarização da recolha de amostras Rio/Ribeira Pontos de
amostragem
Datas das recolhas de amostras 2014 2015 Rio Ave 1 13/01 15/05 13/11 2 13/01 15/05 13/11 Ribeira dos Milagres 3 25/7 21/10 16/02 03/06 11/11 4 25/7 21/10 16/02 03/06 11/11 Rio Sizandro 5 04/08 28/01 29/04 27/07 27/11 6 04/08 28/01 29/04 27/07 27/11 Rio Alviela 7a 28/07 7b 04/12 25/03 01/07 19/11 8 28/07 04/12 25/03 01/07 19/11 Rio Almonda 9a 28/07 9b 04/12 25/03 01/07 19/11 10 28/07 04/12 25/03 01/07 19/11 Ribeira da Laje 11 04/08 28/01 29/04 27/07 27/11 12 04/08 28/01 29/04 27/07 27/11 Rio Arade/ Ribeira de Odelouca 13a 06/11 12/03 13b 06/11 14 12/03 28/05 11/09 15 06/11 12/03 28/05 11/09
2.2.2 Parâmetros avaliados e métodos de análise
Parte dos parâmetros monitorizados constam no Quadro 3 e foram seleccionados com base nos “Critérios para a Classificação das Massas de Água Superficiais” definidos pelo INAG, I.P. (INAG, 2009).
Os parâmetros determinados em campo foram medidos com recurso a um equipamento multiparamétrico Hanna 9828S da Hanna Instruments.
Os restantes parâmetros foram analisados em laboratório com recursos a Kits de teste
Spectroquant® da Merk, tendo sido seguidos os seguintes métodos:
Azoto Amoniacal - ISO 7150-1:1984 Azoto total - EN ISO 11905-1:1997
CBO5 - Método Manométrico (Sistema OxiTop) CQO - ISO 15705:2002
Fósforo total- EN ISO6878:2004 Nitratos - DIN38405-9:2011 Nitritos - DIN 38402 A51
Ortofosfatos total - EN ISO6878:2004 SST - EN 872:2005
Quadro 3. Parâmetros monitorizados (INAG, 2009)
Parâmetros Unidades
Determinação “in situ” (multiparamétrico)
Oxigénio dissolvido mg O₂/L
pH Escala de Sorensen
Taxa de Saturação em Oxigénio % saturação de O₂ Determinação em laboratório
Azoto Amoniacal mg NH₄/L
Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO₅) mg O₂/L
Fósforo Total mg P/L
Além dos parâmetros definidos em INAG,I.P. (2009), foram ainda monitorizados outros parâmetros físico-químicos por se considerar que seriam importantes na avaliação das condições gerais dos cursos de água monitorizados.
Alguns desses parâmetros foram avaliados in situ através de uma sonda multiparamétrica e os restantes foram sempre analisados em laboratório através dos métodos já mencionados anteriormente. No Quadro 4 estão identificados os referidos parâmetros.
Quadro 4. Restantes parâmetros monitorizados
Parâmetros Unidades
Determinação in situ (multiparamétrico)
Temperatura ⁰C
Sólidos Dissolvidos Totais mg/L
Salinidade PSU
Determinação em laboratório
Azoto total mg N/L
Carência Química de Oxigénio (CQO) mg O₂/L
Nitritos Mg NO2/L
Ortofosfatos total mg PO4/L
Sólidos Suspensos Totais mg/L
2.2.3 Metodologia de recolha das amostras
A recolha das amostras foi feita em locais onde se considerou estarem garantidas as condições de mistura da água, de modo a que fosse necessária a recolha de uma única amostra.
As condições de mistura foram confirmadas através de medições de temperatura, ou outras variáveis de determinação rápida, num pequeno troço do rio ou ribeira, o mais próximo possível do local escolhido para a amostragem.
Nos locais onde se verificava a existência de rápidos ou quedas de água, as amostras foram, sempre que possível, recolhidas a jusante desses obstáculos, com excepção para a medição do oxigénio dissolvido que foi efectuada a montante dos mesmos, uma vez que a agitação da água influencia um aumento dos valores desse parâmetro.
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A colheita das amostras foi feita, sempre que a profundidade do rio o permitia, a uma profundidade 20 a 30 cm da coluna de água, sendo que, nas colheitas feitas a partir das margens, foi necessário o auxílio de um varão extensível associado a um frasco de recolha. Em qualquer das situações, a colheita da amostra foi sempre antecedida pelo enxaguamento do recipiente de amostragem por 3 vezes com a água do local.
Foram sempre utilizados os mesmos frascos de recolha para os mesmos parâmetros, não ocorrendo a troca de frascos entre locais de amostragem.
As medições realizadas com a sonda multiparamétrica foram realizadas no mesmo local onde foi realizada a colheita de amostras para análise em laboratório.
Ø Acondicionamento das amostras:
Nitritos e Nitratos, Azoto amoniacal, Azoto total, Fósforo total, Ortofosfatos
As amostras foram recolhidas em frascos de polietileno, sendo conservadas durante o transporte em mala térmica refrigerada entre 2 e 4 ºC até à sua análise.
O tempo máximo de espera para a análise das amostras foi de 24h. Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO)
As amostras para análise de CBO foram recolhidas em frascos de polietileno castanho, completamente cheio, tendo sido posteriormente mantidas a uma temperatura ≤ 4ºC e transportadas até ao laboratório até 6 horas após a amostragem.
A análise das amostras foi realizada em equipamento OXI TOP, que regista de forma automática os valores de pressão negativa que são criados no espaço vazio das garrafas e que está relacionada com a quantidade de CBO5.
Na parte interior dos medidores foram colocadas pastilhas de hidróxido de sódio, NaOH, que absorvem o dióxido de carbono que se vai libertando. A incubadora possui tabuleiros magnéticos que possibilitam uma agitação contínua da amostra ao longo dos 5 dias do ensaio.
Carência química de oxigénio (CQO)
As amostras foram recolhidas em frascos de polietileno, sendo posteriormente transportadas em mala térmica refrigerada a uma temperatura inferior ou igual a 4ºC. Nos casos em que não era possível a análise num curto espaço de tempo, as amostras foram conservadas por acidificação a pH < 2 com ácido sulfúrico.
2.3 Elementos biológicos – Invertebrados Bentónicos
A metodologia de amostragem, triagem e identificação teve por base o que se encontra definido no “Manual para a avaliação biológica da qualidade da água em sistemas fluviais segundo a Directiva Quadro da Água” (INAG, I.P. 2008) e utilizou-se o Índice Português de Invertebrados (IPtI) definido em “Critérios para a classificação do estado das massas de água superficiais – Rios e Albufeiras” (INAG, I.P. 2009), e que se debruça na composição das comunidades de invertebrados. Apenas o rRo Ave não foi alvo deste estudo devido à tipologia que lhe está associada nos pontos seleccionados.
A amostragem foi efectuada uma vez, na Primavera, foi tida em conta a representatividade de cada habitat no troço correspondente, a triagem foi realizada in vivo e a fixação
efectuada em álcool a 75%.
Recorreu-se ao Índice Português de Invertebrados do Sul (IPtIS) pois todas as tipologias de massa de água avaliadas sobre este parâmetro lhe correspondem.
2.4 Elementos hidromorfológicos – Qualidade do Bosque Ripário
Por habitat ripário entende-se toda a vegetação presente nas margens de um determinado curso de água. Este tipo de habitat apresenta-se como um elemento chave para o funcionamento dos rios, quer por proporcionar alimento e refúgio para várias espécies, quer pela sua contribuição na manutenção de uma elevada biodiversidade. A vegetação ribeirinha desempenha ainda um importante papel na protecção das águas da contaminação difusa proveniente dos terrenos agrícolas e no controlo da temperatura das águas.
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A avaliação da qualidade do habitat ripário foi efectuada in situ, em quatro pontos de amostragem por cada curso de água, através do cálculo do índice QBR - Qualidade do Bosque Ripário (Munné et al. 2003).
Este índice tem em conta os seguintes aspectos: • O grau de cobertura vegetal ripária; • A estrutura vertical da vegetação;
• A qualidade e a diversidade da cobertura vegetal; • O grau de naturalidade do curso de água.
Os rios e ribeiras monitorizados foram posteriormente classificados de acordo com o Quadro 5.
Quadro 5. Critérios de classificação dos cursos de água com base nos valores determinados pelo índice QBR. Amplitude
de valores Classe Significado em termos de qualidade > 90 I Excelente Bosque ribeirinho sem alterações, estado natural 75-‐90 II Bom Bosque ribeirinho ligeiramente alterado, boa qualidade 55-‐70 III Moderado Início de importante alteração, qualidade aceitável 30-‐50 IV Deficiente Forte alteração, má qualidade
0-‐25 V Mau Degradação extrema, péssima qualidade
Para cada curso de água, foram seleccionados 4 pontos de amostragem, os quais se tentaram espaçar de forma a incluir os dois locais de amostragem para os restantes parâmetros. As pontes e caminhos de acesso aos locais de observação não foram contabilizados na pontuação do QBR, por indicação dos autores.
Todos os cursos de água avaliados têm carácter permanente, pelo que foi utilizada a ficha de caracterização correspondente. A avaliação foi efectuada durante o mês de Setembro de 2015.
3 Resultados
3.1.1 Elementos químicos e físico-químicos
De acordo com INAG, I.P. (2009), os elementos químicos e físico-químicos de suporte aos elementos biológicos integram a avaliação das condições gerais dos cursos de água que incluem a monitorização de sete parâmetros, através dos quais se avaliam as condições de oxigenação, o estado de acidificação e as condições relativas a nutrientes de uma massa de água.
Cada um destes parâmetros tem definidos limiares que permitem classificar o estado ecológico, sendo que, de acordo com a metodologia utilizada, apenas é possível distinguir entre dois estados, “Bom ou superior” e “Inferior a bom”.
No quadro abaixo estão identificados os sete parâmetros monitorizados e os respectivos limiares que permitem distinguir entre os estados “Bom ou superior” e “Inferior a bom”.
Quadro 6. Limiares máximos, para os parâmetros físico-químicos gerais para o estabelecimento do Bom Estado Ecológico em Rios
Parâmetros
Limites para o Bom estado Agrupamento Norte Tipos: M, N1 Q 100 km2, N1 S 100 km2, N2, N3, N4 Agrupamento Sul Tipos: L, S1 Q 100 km2, S1 S 100 km2, S2, S3, S4 Oxigénio Dissolvido (1) ≥5 mg O2/L ≥5 mg O2/L Taxa de Saturação em Oxigénio (1) entre 60% e 120% entre 60% e 120%
Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5) (1) ≤6 mg O2/L ≤6 mg O2/L pH (1) Entre 6 e 9* Entre 6 e 9*
Azoto Amoniacal (1) ≤1 mg NH4/L ≤1 mg NH4/L
Nitratos (2) ≤25 mg NO3/L ≤25 mg NO3/L
Fósforo Total (2) ≤0,10 mg P/L ≤0,13 mg P/L
(1) – 80% das amostras se a frequência for mensal ou superior (2) - Média Anual
*- Os limites indicados poderão ser ultrapassados caso ocorram naturalmente
Com base na média dos resultados obtidos na monitorização de cada parâmetro foram obtidas as classificações apresentadas no Quadro 7.
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17 Quadro 7. Classificação do estado ecológico dos cursos de água
para cada um dos principais parâmetros analisados Rio
Parâmetros Ave Milagres Almonda Alviela Sizandro Laje Odelouca Azoto
Amoniacal Bom ou superior Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Bom ou superior Bom superior ou Carência
Bioquímica de Oxigénio (CBO5)
Bom ou
superior Inferior a Bom Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Bom ou superior Bom superior ou Fósforo Total Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom
Nitratos Inferior a Bom Inferior a Bom Bom ou superior Inferior a Bom Bom ou superior Inferior a Bom Inferior a Bom
pH Bom ou superior Bom ou superior Bom ou superior Bom ou superior Bom ou superior Bom ou superior Bom superior ou Oxigénio
Dissolvido Bom ou superior Bom ou superior Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Bom ou superior Bom superior ou Taxa de
Saturação em Oxigénio
Bom ou
superior Bom ou superior Inferior a Bom Bom ou superior Bom ou superior Bom ou superior Bom superior ou CLASSIFICAÇÃO
GLOBAL Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom
Os resultados obtidos permitiram perceber que todos os cursos de água monitorizados continuam a sofrer pressões significativas responsáveis por diversas formas de poluição pontual e difusa.
A monitorização realizada permitiu identificar concentrações elevadas de nutrientes, como o Fósforo e os derivados do Azoto (Nitratos), que resultam sobretudo da aplicação de más práticas agrícolas, com uso excessivo de fertilizantes. No Rio Almonda e na Ribeira dos Milagres, foram detectadas cargas orgânicas (CBO5) que terão a sua origem na rejeição de
águas residuais não tratadas de origem urbana, industrial e pecuária. As cargas orgânicas observadas são particularmente elevadas no Rio Almonda, tendo sido corroboradas pelas condições de oxigenação encontradas em algumas amostragens, em que a taxa de saturação de oxigénio e a concentração de oxigénio dissolvido apresentaram valores iguais ou muito próximos de zero.
Os restantes parâmetros analisados, que não estão incluídos nos critérios de classificação INAG, I.P. (2009) permitiram identificar cargas orgânicas (CQO) elevadas em praticamente todos os cursos de água, sendo especialmente elevadas na Ribeira dos Milagres e no Rio
Almonda. Foram também determinados, em todos os cursos de água com excepção da Ribeira de Odelouca, níveis elevados de Azoto, proveniente sobretudo de poluição difusa.
3.1.2 Elementos biológicos – Invertebrados Bentónicos
As comunidades de macroinvertebrados bentónicos têm sido largamente utilizadas para avaliar a qualidade biológica de ecossistemas de água correntes devido à sua grande diversidade taxonómica, à qual se associa uma acentuada sensibilidade a factores ecológicos, nomeadamente no que se refere a especificidade para certos habitats e às suas diferentes sensibilidades a vários tipos de pressões humanas (contaminação química e orgânica, acidificação, degradação morfológica, etc.).
A metodologia utilizada na amostragem, triagem e identificação de macroinvertebrados bentónicos teve por base o que se encontra definido pelo “Manual para a avaliação biológica da qualidade da água em sistemas fluviais segundo a Directiva Quadro da Água”.
Os resultados para este parâmetro encontram-se resumidos no Quadro 8. Quadro 8. Tabela de resultados da monitorização do
elemento biológico “Invertebrados Bentónicos”.
Almonda Laje Odelouca Sizandro Alviela Milagres
Nº Taxa 4 13 22 18 14 18 Nº organismos 12468 678 942 1959 333 12885 Equitabilidade 0,101 0,510 0,604 0,603 0,573 0,379 IBMWP 8 47 109 67 56 68 IPtS 0,069 0,371 0,770 0,565 0,432 0,543 Classificação
(segundo Ipt) Mau Medíocre Bom Bom Medíocre Razoável
Do total de sub-bacias analisadas, apenas duas, as sub-bacias dos rios Odelouca e Sizandro, apresentam classificação de “Bom”, tendo as restantes classificação inferior a bom. A classificação de qualidade está ligada aos Taxa identificados, ao número de diferentes Taxa obtidos e à equitabilidade. A equitabilidade diz respeito à diversidade de
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19 Taxa e à relação de abundância dos diferentes Taxa de uma comunidade, cujo valor é
reduzido para comunidades com abundâncias muito distintas.
Os rios com classificação inferior a bom apresentam famílias de organismos muito resistentes à poluição, entre elas a família Chironomidae, Simulidae, Culicidae, Hydrobiidae e a subclasse Oligochaeta e poucos representantes de organismos sensíveis à poluição, como sejam os organismos das classes Odonata, Trichoptera e Plecoptera. O Rio Almonda apenas apresentou quatro famílias, compostas por organismos muito resistentes à poluição. A diversidade de Taxa está também dependente da diversidade e estabilidade de habitats, nomeadamente macrófitas, matéria orgânica particulada, blocos, pedras, cascalho e areia. Os rios com classificação inferior são regularmente perturbados pela actividade humana, têm evidências de artificalização e de poluição química e orgânica, o que, em conjunto, estarão na origem da reduzida classificação.
Embora o Rio Sizandro tenha um historial de poluição orgânica, os resultados obtidos para os elementos biológicos indicam boa qualidade, o que pode apontar para uma recuperação gradual do estado ecológico. O Rio Odelouca apresenta bom estado ecológico estando este valor relacionado com a reduzida presença humana. Assinala-se a presença de potenciais fontes de poluição orgânica ao longo do rio, e ainda de espécies vegetais exóticas, no entanto, o leito do curso de água apresenta variedade de substracto que contribui para a diversidade de taxa de invertebrados bentónicos.
3.1.3 Elementos hidromorfológicos
Apresentam-se os resultados para cada bacia hidrográfica e a descrição das observações efectuadas.
a) Ribeira dos Milagres (02/09/2015)
A todos os locais corresponde a tipologia de rios 2: margens com potencialidade intermédia para suportar uma zona vegetal, troços médios de rios.
O coberto vegetal é inferior a 50% e a conectividade com o ecossistema florestal inferior a 50%. Geralmente, o coberto vegetal está circunscrito às margens, ocorrendo uma ocupação da restante zona ripária pela actividade agrícola. Cobertura arbórea entre 50 a 75% e presença significativa de arbustos nas margens.
O número de espécies arbóreas autóctones é no máximo de 3, no ponto A e C, e inferior nos restantes, sendo que existem em todos os pontos, e de forma geral ao longo da ribeira, comunidades extensas de exóticas, nomeadamente Arundo donax (cana), e poucas espécies de arbustos autóctones. Nos pontos C e D, existem estruturas construídas pelo Homem e no ponto C encontram-se depósitos de resíduos. Exceptuando em B, existem evidências de alterações das margens, provavelmente fruto da ocupação agrícola, e açudes.
Como notas gerais do curso de água, refere-se a ocupação agrícola até próximo do curso de água, presença relevante de suiniculturas, ecossistema florestal adjacente maioritariamente composto por eucaliptos e presença de grande número de pontes e açudes.
Apresenta-se ainda uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos vários locais amostrados: Arundo donax (cana), Quercus faginea (carvalho português), Salix
atrocinerea (borrazeira negra), salix spp. (outros salgueiros), Pinus sp. (pinheiro), Rubus spp. (silvas), Rosa canina (roseira brava), Olea europea (oliveira), Prunus sp. (gingeira), Populus x (choupo provavelmente híbrido), Alnus glutinosa (amieiro), Sambucus nigra
(sabugueiro), Arundo donax (cana), Equisetum telmateia (cavalinha), Castanea sativa (castanheiro), Acacia melanoxylon (austrália), Typha angustifolia (tabúa), Eucalyptus
globulus (eucalipto), Pinus pinaster (pinheiro bravo), Hedera helix (hera).
b) Rio Almonda (07/09/2015)
A todos os locais corresponde a tipologia de rios 2 - margens com potencialidade intermédia para suportar uma zona vegetal, troços médios de rios.
O coberto vegetal do corredor ripário é de cerca de 20%, e é inexistente a conectividade deste com o ecossistema florestal adjacente. A, B e D têm cobertura arbórea superior a 75% e C entre 50 a 75%. A percentagem de coberto arbóreo é, portanto, bastante variável ao longo deste curso. A concentração de helófitos e arbustos nas margens é também variável,
QBR – Ribeira Milagres
A 40 Deficiente
B 50 Deficiente
C 25 Mau
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sendo superior nos locais com menor cobertura arbórea. Apenas D tem boa conexão entre o estrato arbóreo e o sub-coberto arbustivo.
O número de espécies arbóreas em A e B é de apenas dois e em C e D é de pelo menos três. Em todos os locais, a comunidade forma um contínuo vegetal de pelo menos 50%, embora estejam presentes comunidades de espécies exóticas. No ponto D, existe um pequeno depósito de resíduos.
De forma geral, o canal do rio não sofreu modificações consideráveis e não existem, nos pontos amostrados, estruturas sólidas nem açudes. O corredor ripário limita-se às margens e tem uma largura de 4 a 5 metros, exceptuando em A.
Apresenta-se uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos vários locais amostrados: Populus nigra (choupo negro), Salix neotrycha ou Salix alba, Rubus spp. (silva), Arundo donax (cana), Fraxinus sp. (freixo), Crataegus monogyna (pilriteiro), Alnus
glutinosa (amieiro).
c) Rio Alviela (07/09/2015)
A todos os locais corresponde a tipologia de rios 2 - margens com potencialidade intermédia para suportar uma zona vegetal, troços médios de rios.
Este curso de água possui leitos de cheia consideravelmente largos (geralmente 100 metros em cada margem), quase sempre ocupados por campos agrícolas que confinam o corredor ripário a 3 ou menos metros em cada margem e condicionam de forma relevante a ocupação helofítica e arbustiva.
A cobertura vegetal é reduzida, entre 10 a 50% (excepto em B - entre 50 a 80%) e a conectividade com o ecossistema florestal adjacente é praticamente inexistente em todos os locais amostrados. Do coberto vegetal existente, existe uma grande percentagem de coberto arbóreo, sendo que em B, onde o coberto arbóreo é inferior, existe uma boa conexão entre este e o
QBR – Rio Almonda A 60 Moderado B 60 Moderado C 65 Moderado D 50 Deficiente QBR – Rio Alviela A 70 Moderado B 25 Mau C 65 Moderado D 55 moderado
sub-coberto arbustivo. Apenas no local A existe uma boa concentração de helófitos e arbustos (< 50%). No ponto D praticamente não existe vegetação rasteira.
O número de espécies autóctones é reduzido, mais concretamente, 3 nos locais A e B e 2 nos locais C e D. O número de indivíduos de espécies autóctones é, também, geralmente reduzido (excepto em A) e a presença de comunidades de espécies alóctones é elevada em todos os locais, nomeadamente, de Arundo donax (cana) e de Ailanthus altissima (espanta lobos).
Os pontos C e D não apresentam alterações do canal do rio, já em A e B existem alterações e também presença de estruturas dentro do rio e um açude (em A). Adicionalmente, refere-se, no local B, a existência de extensas comunidades de exóticas invasoras, nomeadamente, Arundo donax e Ailanthus altissima.
Apresenta-se uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos vários locais amostrados: Iris pseudacorus (lírio de água), Populus nigra (choupo negro), Salix alba (salgueiro-branco), Alnus glutinosa (amieiro), Salix sp. (salgueiro), Fraxinus sp. (freixo),
Alnus glutinosa (amieiro), Arundo donax (cana), Ailanthus altissima (espanta lobos).
d) Ribeira da Lage (21/09/2015)
Os pontos A, B e D são de tipologia 2 enquanto o ponto E corresponde à tipologia 3.
Os pontos A e B, a montante, encontram-se em zonas sujeitas a menor pressão, enquanto os pontos D e E, a jusante, encontram-se fortemente impactados pela pressão urbana.
Os pontos A e B têm cobertura vegetal entre 50 a 80%, enquanto os pontos D e E têm a cobertura entre 10 e 50%. Esta diferença deve-se à pressão urbana evidente nos dois pontos a jusante. Também o mesmo comportamento se verifica no que toca à conectividade com o ecossistema florestal, sendo que nos dois pontos a jusante esta conectividade é inexistente. Em todos os pontos a cobertura arbórea é inferior a 50% e a cobertura de arbustos é muito reduzida. Apenas o ponto C tem concentração de helófitos relevantes e o ponto B tem boa
QBR – Ribeira da Lage
A 15 Mau
B 30 Deficiente
C 5 Mau
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conexão entre coberto arbóreo e sub-coberto arbustivo. Nos dois pontos mais a jusante (C e D), as árvores e arbustos distribuem-se sem continuidade, fruto da pressão urbana existente.
O número de espécies de árvores autóctones é de um ou dois em todos os pontos, sendo portanto um número bastante reduzido. Para além deste número reduzido estão sempre presentes comunidades de espécies exóticas invasoras, nomeadamente o Arundo donax (cana), e encontram-se estruturas construídas pelo Homem nos vários pontos, com excepção do ponto B. No ponto D foram encontrados depósitos de resíduos.
No ponto C, identifica-se a presença de um açude, uma ponte, um muro de betão na margem direita e alguma agricultura na margem esquerda. No ponto D, o rio encontra-se totalmente canalizado.
Apresenta-se uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos vários locais amostrados: Arundo donax (cana), Fraxinus spp (freixo), Salix spp (salgueiro),
Populus alba (choupo branco), Eucaliptus globulus (eucalipto),Bambusa sp.(bambu).
e) Rio Sizandro (21/09/2015)
Devido às intervenções que se encontravam a ser realizadas no local correspondente ao ponto C, as margens encontravam-se totalmente desprovidas de vegetação ripária.
Os pontos A e B encontram-se com coberto vegetal inferior a 50% e o ponto D entre 50 a 80%. Em todos os locais, a conectividade entre o ecosssitema ripário e o ecossistema florestal é inexistente e deve-se à elevada pressão agrícola, responsável ainda pela reduzida largura do corredor ripário.
Do coberto vegetal identificado no parágrafo anterior, a cobertura arbórea é inferior a 50% sendo o restante composto por arbustos. Em todos os pontos se detectou a presença de vegetação helofítica. O ponto D é o mais impactado pela exploração agrícola que originou distribuição sem continuidade, inexistência de vegetação rasteira consolidada e uma distribuição regular das
QBR – Rio Sizandro
A 50 Deficiente
B 35 Deficiente
C 0 inexistente
espécies arbóras. No entanto, a margem direita encontra-se neste momento em processo de regeneração natural resultado do abandono do terreno.
No ponto A, identificou-se um número relevante de espécies de árvores autóctones, mas a espécie invasora Arundo donax (cana) ocupa mais de 80% das margens do troço. Nos restantes locais apenas duas espécies de árvores autóctones foram identificadas, mas também se assinala a presença de comunidades de espécies invasoras, nomeadamente de
Arundo donax.
Em nenhum ponto caracterizado se assinalam estruturas construídas pelo Homem, mas detectam-se intervenções nas margens, tendo ocorrido uso de maquinaria pesada, e que resultou na elevação das margens e aumento da profundidade do leito.
De forma geral, o ecossistema ripário deste curso de água encontra-se extremamente afectado pela pressão agrícola e pela presença de espécies exóticas invasoras, principalmente de Arundo donax, exceptuando o troço de rio que passa pela cidade de Torres Vedras, onde as intervenções realizadas, passadas e recentes, originam a canalização e linearização do canal e a artificialização das vertentes.
f) Ribeira Odelouca (11/09/2015)
Todos os pontos foram considerados de tipologia 3 - vertentes capazes de suportar um bosque ripário extenso e que corresponde a troços baixos de rios.
Os pontos A, B e C têm a sua zona ripária restrita pela ocupação agrícola. No ponto D, devido ao declive das margens, não se verifica a mesma taxa de ocupação, pelo que o coberto vegetal ripário ocupa maior área. Em todos os locais a conectividade entre este ecossistema e a floresta adjacente é muito reduzida ou inexistente.
Em termos de estrutura da cobertura, verifica-se que a percentagem de cobertura arbórea é elevada apenas no ponto A, mas mais reduzida nos restantes locais. Verifica-se, com excepção do ponto B, presença relevante de vegetação helofítica e uma boa conexão entre os estratos arbóreo e arbustivo.
QBR – Ribeira Odelouca
A 75 Bom
B 10 Mau
C 50 Deficiente
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No ponto A, identificaram-se três espécies de árvores autóctones, nomeadamente Salix
atrocinerea, Fraxinus sp. e Alnus glutinosa, sendo no entanto a área ocupada pela Acacia dealbata muito superior e com elevada densidade. A existência de comunidades de
espécies exóticas invasoras de Arundo donax e Acacia spp. é transversal a todos os locais amostrados, enquanto as espécies de Salix atrocinerea., Fraxinus spp. e tamarix spp. têm número reduzido de indivíduos.
Quanto ao canal, não existem modificações consideráveis das margens e do leito desta ribeira.
Apresenta-se uma breve de lista de algumas das espécies vegetais encontradas nos vários locais amostrados: Salix atrocinerea (Borrazeira negra), Fraxinus spp. (Freixo) e Alnus
glutinosa (Amieiro), Acacia dealbata (Mimosa), Acacia spp., Arundo donax (Cana), Tamarix africana (Tamargueira).
g) Rio Ave (13/11/2015)
Todos os pontos foram considerados de tipologia 2 – margens com uma potencialidade intermédia de supotar um bosque ripário; troços médios de rios.
O ponto A tem duas margens consideravelmente diferentes, encontrando-se a margem direita desprovida quase totalmente, de vegetação ripária resultante da pressão urbana – mais concretamente, pela existência de um parque urbano ao longo desta margem; a margem esquerda encontra-se densamente ocupada por vegetação ripária arbórea e arbustiva, no entanto, o perfil observado sugire a existência de muro nesta margem, embora não existam evidências concretas.
Dos quatro pontos observados, apenas B tem cobertura vegetal superior a 80% enquanto os restantes têm cobertura próxima ou inferior a 10%. A conectividade com o ecossistema florestal é praticamente inexistente.
Em termos de avaliação da estrutura da cobertura, verifica-se que apenas no ponto C existe cobertura arbórea superior a 75%, A e B tem coberto arbóreo entre 25 a 50% e D tem coberto arbóreo inferior a 50 e arbustos em menos de 25%. Em
QBR – Rio Ave
A 45 Deficiente B 65 Moderado C 20 Mau D 25 Mau
quase todos os pontos existem arbustos nas margens, embora estes se distribuam em manchas sem apresentar continuidade. No ponto C observa-se regularidade dos pés de árvores e quase inexistência de vegetação rasteira.
Nos pontos A, B e D encontram-se pelo menos 4 espécies de árvores autóctones diferentes, nomeadamente o freixo, o salgueiro, o choupo, o amieiro e o carvalho, enquanto no ponto C apenas existem o choupo e o salgueiro (borrazeira negra). Em todos os locais existem estruturas construídas pelo Homem e não existem depósitos de resíduos. Apenas no ponto C não existem espécies exóticas, verificando-se a existência nos restantes pontos de uma comunidade de bambu (em A) e presença de robínia, plátano, Ailanthus altissima e mimosa (em A, B e D).
Em nenhum dos pontos se registam alterações do canal de grande relevância, no entanto apenas no ponto A se considerou a total inexistência de modificações.
Do ponto de vista global, a caracterização destes locais à qual se juntou a observação do canal entre os vários pontos caracterizados, revela que é transversal a pressão agrícola que reduz o ecossistema ripário a poucos metros, a existência das espécies exóticas invasoras robínia e mimosa e a presença de açudes que se distanciam entre eles em algumas centenas de metros. Importa referir que a dispersão das espécies invasoras está ainda limitada a pequenos aglomerados pelo que a implementação de acções de controlo e erradicação adequadas pode condicionar positivamente e de forma preventiva a sua dispersão.
4 Estado Ecológico
De acordo com os critérios definidos na Directiva Quadro da Água, a definição do Estado Ecológico dos cursos de água resulta da combinação das classificações dos diferentes elementos monitorizados, sendo determinada pelo elemento que apresente pior classificação, ou seja, o elemento mais afectado pela actividade humana.
Nesse sentido, foi determinado o Estado Ecológico de cada um dos rios e ribeiras monitorizados estando o mesmo apresentado no Quadro 5.
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27 Quadro 5. Classificação do estado ecológico de cada um dos cursos de água.
Ave Milagres Sizandro Alviela Almonda Laje Odelouca Elementos Físico-químicos gerais Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Elementos
biológicos N.A. Razoável Bom Medíocre Mau Medíocre Bom Estado ecológico Inferior a
Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom Inferior a Bom
5 Considerações finais
Nos cursos de água analisados não é aparente que exista sensibilidade para a importância e protecção do ecossistema ripário.
Esta falta de sensibilidade é revelada pela pressão exercida pela ocupação agrícola, que restringe a largura do corredor ripário a poucos metros e sempre inferior à largura máxima potencial, e pela pressão nos ambientes urbanos. Estas pressões levam à redução da dimensão do corredor, à expansão de espécies exóticas invasoras e consequente redução da biodiversidade.
Ao longo da campanha de monitorização, verificou-se a presença de espécies autóctones características destes ecossistemas, como o salgueiro, o freixo, o amieiro e o choupo negro, mas com comunidades muito reduzidas, muitas vezes limitadas a poucos exemplares, enquanto se verificam comunidades extensas de espécies invasoras. Os rios do centro possuem problemas graves de proliferação de Arundo donax (cana), e a Ribeira de Odelouca possui problemas de proliferação de Arundo donax e Acacia dealbata (mimosa). O Rio Ave apresenta ocupação reduzida de espécies invasoras, pelo que uma intervenção adequada e atempada pode prevenir a sua expansão.