• Nenhum resultado encontrado

Identidades de Grupo, Identidades Polinomiais e a Conjectura de Hartley

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Identidades de Grupo, Identidades Polinomiais e a Conjectura de Hartley"

Copied!
57
0
0

Texto

(1)

Identidades de Grupo, Identidades Polinomiais e a

Conjectura de Hartley

Lucinea do Amaral

Departamento de Matem´

atica - ICEx - UFMG

(2)
(3)

Sum´

ario

Abstract v

Resumo vii

Agradecimentos ix

Introdu¸c˜ao 1

1 Grupos, ´Algebras de Grupos e Identidades 3

1.1 Grupos e An´eis de Grupos . . . 3

1.2 Identidades Polinomiais e Identidades de Grupo . . . 7

1.3 Identidade Padr˜ao e o Processo de Lineariza¸c˜ao . . . 9

1.4 Identidade Polinomial Generalizada . . . 13

1.5 Conjectura de Hartley . . . 15

1.6 O Radical Nilpotente . . . 17

2 Resultados Cl´assicos sobre An´eis 19 2.1 Anel Artiniano e Localmente Artiniano . . . 19

2.2 Radical de Jacobson . . . 20

2.3 An´eis Semisimples e a Decomposi¸c˜ao de Wedderburn . . . 21

(4)

3 Algebras de Grupo Satisfazendo uma GPI´ 23 3.1 Identidades de Grupos de Formas Especiais . . . 23 3.2 Unidades em uma ´Algebra . . . 25 3.3 GPI e PI-´algebras . . . 31

4 Demonstra¸c˜ao da Conjectura de Hartley 35 4.1 Algebra de Grupo Semiprima . . . 35´ 4.2 Caso Geral . . . 39

(5)

Abstract

Let KG be the group algebra of a group G over a field K, and let U (KG) be its group of units. A conjecture by Brian Hartley asserts that if G is a torsion group and U (KG) satisfies a group identity, then KG satisfies a polynomial identity.

This result was verified by A. Giambruno, S. Sehgal and A. Valenti in case K is an infinite field. In 1999, Chia-Hsin Liu proved the conjecture whether K is infinite or finite.

In this work, based on the article entitled Group Algebras with Units Satisfying a Group Identity, we introduce the proof of the conjecture in the general case.

(6)
(7)

Resumo

Seja KG uma ´algebra de grupo de um grupo G sobre um corpo K e U (KG) o grupo das unidades de KG. Uma conjectura de Brian Hartley afirma que se G ´e um grupo de tor¸c˜ao e U (KG) satisfaz uma identidade de grupo ent˜ao KG satisfaz uma identidade de polinomial.

Este resultado foi verificado em 1997 por A. Giambruno, S. Sehgal e A. Valenti no caso quando o corpo K ´e infinito. Em 1999, Chia-Hsin Liu demonstrou tal conjectura sem fazer restri¸c˜oes sobre o tamanho do corpo.

Neste trabalho, baseado no artigo de Liu, intitulado Group Algebras with Units Satisfying a Group Identity apresentaremos a demonstra¸c˜ao de tal conjectura no caso geral.

(8)
(9)

Agradecimentos

A Deus, por me dar for¸ca e coragem para vencer mais esta grande etapa da minha vida.

Aos meus pais e irm˜aos que me apoiaram e incentivaram durante todo esse tempo.

Agrade¸co de forma especial, `a minha orientadora, Ana Cristina Vieira, que durante todo este trabalho, n˜ao mediu esfor¸cos para me auxiliar, contribuindo assim, com ensinamentos valios´ıssimos, que permitiram tanto o meu crescimento quanto a concretiza¸c˜ao deste trabalho.

Aos professores Antˆonio Giambruno e Carmen Rosa Giraldo Vergara, pelas sugest˜oes e considera¸c˜oes feitas ao trabalho.

Aos colegas do Mestrado e Doutorado pelo conv´ıvio, alegria compartilhada du-rante todo o curso e pelas discuss˜oes que muito contribu´ıram para enriquecer meu conhecimento.

Aos professores e funcion´arios do Departamento de Metem´atica.

A Fapemig, pelo apoio financeiro.

(10)
(11)

Introdu¸

ao

Na Teoria de An´eis de Grupo ´e interessante relacionar a estrutura multiplicativa com a estrutura aditiva do anel, ou seja, dado um anel de grupo KG tal que o grupo das unidades de KG satisfaz uma identidade de grupo, podemos nos perguntar se o anel de grupo KG satisfaz uma identidade polinomial.

Nesta dire¸c˜ao, nos anos 70, Brian Hartley propˆos a seguinte conjectura:

Seja G grupo de tor¸c˜ao e K um corpo. Se U (KG) satisfaz uma identidade de grupo ent˜ao KG satisfaz uma identidade polinomial.

Em 1997, A. Giambruno, S. Sehgal e A. Valenti [3] demonstraram tal conjectura assumindo que a cardinalidade do corpo ´e infinita.

Logo depois, em 1999, Chia Hsin Liu estendeu os resultados de Giambruno, Sehgal e Valenti e confirmou que tal conjectura vale sem fazer restri¸c˜oes sobre a cardinalidade do corpo.

Neste trabalho, centraremos nossos estudos para compreendermos a demonstra¸c˜ao feita por Liu, onde nos basearemos principalmente no artigo [6], inti-tulado “Group Algebras with units satisfying a group identity”, entre outros artigos citados.

Inicialmente vamos enunciar alguns resultados conhecidos e definiremos alguns conceitos b´asicos que nos ser˜ao ´uteis na compreens˜ao desta disserta¸c˜ao. Veremos porque ´e necess´aria a hip´otese de G ser de tor¸c˜ao e mostraremos que a rec´ıproca da conjectura de Hartley ´e falsa.

(12)

No Cap´ıtulo 2, veremos alguns resultados cl´assicos sobre an´eis que ser˜ao muito utilizados no decorrer de nosso estudo. Apresentaremos demonstra¸c˜oes de alguns deles e para outros, indicaremos as referˆencias.

No Cap´ıtulo 3, centraremos nossas aten¸c˜oes em formas poss´ıveis para identidades de grupo e identidades polinomiais. Veremos como Liu estendeu os resultados de Giambruno, Sehgal e Valenti para garantir a conjectura de Hartley na situa¸c˜ao mais geral.

No Cap´ıtulo 4, j´a com a teoria necess´aria constru´ıda, apresentaremos a demon-stra¸c˜ao da conjectura de Hartley. Tal prova se encontra dividida em dois casos:

´

Algebra de Grupo Semiprima e caso geral, onde foi explorado o conceito de Radical Nilpotente de uma ´algebra. Tudo estar´a bem detalhado para entendermos como Liu conseguiu demonstrar a conjectura de Hartley sem colocar hip´oteses sobre a cardinalidade do corpo.

Por fim, conclu´ıremos nosso trabalho com algumas observa¸c˜oes sobre a classi-fica¸c˜ao de ´algebras de grupo cujas unidades satisfazem uma identidade de grupo.

(13)

Cap´ıtulo 1

Grupos, ´

Algebras de Grupos e

Identidades

1.1

Grupos e An´

eis de Grupos

Nesta se¸c˜ao enunciaremos alguns resultados sobre teoria de grupos, muitos dos quais consagrados pelo constante uso. Omitiremos tais demonstra¸c˜oes que poder˜ao ser encontrados em [10]. Depois disto, introduziremos a no¸c˜ao de An´eis de Grupos e algumas de suas propriedades.

Defini¸c˜ao 1.1 Um grupo n˜ao comutativo tal que todos os seus subgrupos s˜ao nor-mais ´e chamado de grupo hamiltoniano.

Os grupos hamiltonianos ser˜ao parte constante do nosso trabalho, por isso ´e importante saber um pouco mais sobre sua estrutura, o que pode ser visto com os pr´oximos resultados.

Teorema 1.2 Um grupo G ´e hamiltoniano se, e somente se, ele ´e da forma

G = Q8× E × A,

onde Q8 ´e o grupo dos quat´ernios, E ´e um 2-grupo abeliano elementar e A ´e um

grupo abeliano de tor¸c˜ao, no qual todo elemento tem ordem ´ımpar.

(14)

Teorema 1.3 (Dedekind-Baer) Seja G um grupo. S˜ao equivalentes:

1. Todo subgrupo de G ´e normal em G;

2. Todo subgrupo c´ıclico de G ´e normal em G; 3. G ´e ou abeliano ou hamiltoniano.

Defini¸c˜ao 1.4 Um grupo G ´e chamado de FC-grupo se qualquer elemento g ∈ G possui um n´umero finito de conjugados em G.

Mais geralmente, um elemento g em um grupo G ´e chamado um FC-elemento se g possui um n´umero finito de conjugados em G.

Lema 1.5 Seja G um grupo. Ent˜ao o conjunto

∆(G) := {g ∈ G / g ´e FC-elemento }

´

e um subgrupo caracter´ıstico de G, denominado FC-subgrupo de G.

Defini¸c˜ao 1.6 Dizemos que um grupo G ´e localmente finito se todo subgrupo finitamente gerado de G ´e finito.

Teorema 1.7 Seja G um grupo e H um subgrupo normal de G. Se H e G H s˜ao localmente finitos, ent˜ao G ´e localmente finito.

Denotaremos por G0 o subgrupo comutador (ou derivado) de G, isto ´e, G0 :=[g, h] / g, h ∈ G , onde [g, h] = g−1h−1gh.

Nem sempre ´e verdade que um subgrupo H de um grupo finitamente gerado G ´

e finitamente gerado. Por exemplo, se tomarmos G o grupo livre de posto 2 e H o seu comutador, teremos que G ´e finitamente gerado mas H n˜ao. Por´em em casos particulares podemos concluir que H ´e finitamente gerado.

Proposi¸c˜ao 1.8 Seja G um grupo finitamente gerado e H um subgrupo de ´ındice finito. Ent˜ao H ´e finitamente gerado.

(15)

1.1. GRUPOS E AN ´EIS DE GRUPOS 5

Particularmente, para grupos nilpotentes temos:

Proposi¸c˜ao 1.9 Seja G um grupo nilpotente finitamente gerado e H um subgrupo de G. Ent˜ao H ´e finitamente gerado.

Al´em disso, ´e bastante simples verificar que se G ´e um grupo abeliano finitamente gerado e de tor¸c˜ao ent˜ao G ´e finito. Uma generaliza¸c˜ao desse fato ´e o seguinte:

Proposi¸c˜ao 1.10 Se G ´e um grupo nilpotente de tor¸c˜ao finitamente gerado ent˜ao G ´e finito.

Defini¸c˜ao 1.11 Um grupo G ´e dito p−abeliano se seu subgrupo derivado G0 ´e um p−grupo finito.

Observa¸c˜ao: Na defini¸c˜ao acima, temos p primo ou p = 0.

Se p = 0 ent˜ao temos G0 = 1, ou seja, um grupo 0-abeliano ´e um grupo abeliano.

A seguir, consideramos R um anel com unidade e G um grupo qualquer.

Defini¸c˜ao 1.12 Seja RG o conjunto de todas somas formais finitas X

g∈G

αgg, com

αg ∈ R e g ∈ G, ou seja, somas com apenas um n´umero finito de αg 6= 0. Definimos:

1. X g∈G αgg + X g∈G βgg = X g∈G (αg+ βg)g; 2. X g∈G αgg. X h∈G βhh = X g,h∈G (αg.βh)(gh); 3. λX g∈G αgg = X g∈G (λαg)g, λ ∈ R.

Com as opera¸c˜oes 1 e 2 acima, RG ´e um anel, denominado anel de grupo sobre R. A opera¸c˜ao 3 torna RG um R−m´odulo.

Dado um elemento α =X

g∈G

αgg ∈ RG, chama-se suporte de α o conjunto de

ele-mentos de G que aparecem efetivamente na express˜ao de α, ou seja, supp(α) = {g ∈ G / αg 6= 0}.

(16)

Observemos que, se identificamos g ∈ G com 1.g ∈ RG, podemos considerar G contido em RG, e assim os elementos de G formam uma base de RG sobre R. Com esta identifica¸c˜ao, 1 ∈ G ´e a unidade de RG.

Facilmente se comprova que quando R ´e comutativo e G ´e abeliano ent˜ao RG ´e comutativo.

Neste trabalho centraremos nossas aten¸c˜oes para o caso espec´ıfico em que o anel R ´e um corpo. Usaremos a letra K para denotar tal corpo. Na verdade estaremos trabalhando com ´algebras de grupo.

Uma ´algebra sobre um anel comutativo R ´e um anel A que tamb´em ´e um m´odulo sobre R (ou R−m´odulo), onde a multiplica¸c˜ao do anel e a do m´odulo est˜ao relacionados da seguinte maneira:

x(ab) = (xa)b = a(xb),

para todo x ∈ R, a, b ∈ A. Assim dizemos que A ´e uma R−´algebra.

Quando R ´e um corpo, dizemos que uma base para A como espa¸co vetorial ´e uma base para A como uma R−´algebra. Al´em disso, dizemos que A ´e de dimens˜ao finita se A tem dimens˜ao finita como espa¸co vetorial sobre R (isto ´e, se A tem uma base finita sobre R). Notemos que a dimens˜ao da ´algebra RG ´e |G|.

Dado um anel A, denotamos por U (A) o grupo multiplicativo das unidades de A. Isto ´e,

U (A) := {x ∈ A / (∃ y ∈ A) xy = yx = 1}.

Em particular, dado um grupo G e um anel R, U (RG) denota o grupo das unidades do anel de grupo RG.

Um elemento da forma rg, onde r ∈ U (R) e g ∈ G, possui um inverso r−1g−1. Os elementos desta forma s˜ao chamados unidades triviais de RG. Se K ´

e um corpo, ent˜ao as unidades triviais de KG s˜ao elementos da forma kg, onde k ∈ K, k 6= 0, g ∈ G.

(17)

1.2. IDENTIDADES POLINOMIAIS E IDENTIDADES DE GRUPO 7

O grupo das unidades de um anel de grupo tem sido objeto de aten¸c˜ao de diversos pesquisadores na ´area de Teoria de An´eis. Muitos s˜ao os resultados que determinam, em casos particulares, a estrutura deste grupo.

Em 1940, G. Higman mostrou que se G ´e um grupo abeliano finito ent˜ao, o grupo das unidades de tor¸c˜ao de ZG ´e ±G.

Outros resultados nesta dire¸c˜ao j´a foram provados como o seguinte, que ser´a ´util em uma das pr´oximas se¸c˜oes.

Proposi¸c˜ao 1.13 Sejam G grupo nilpotente livre de tor¸c˜ao e K um corpo. Ent˜ao as unidades de KG s˜ao as triviais.

1.2

Identidades Polinomiais e Identidades de Grupo

Nesta se¸c˜ao veremos quando uma ´algebra satisfaz uma identidade polinomial e quando um grupo satisfaz uma identidade de grupo e assim poderemos compreender como Hartley tentou relacionar a estrutura multiplicativa e a estrutura aditiva em ´

algebras de grupo.

Seja K um corpo e X = {x1, x2, . . . , xn, . . .} um conjunto de vari´aveis n˜ao

comu-tativas. Ent˜ao, K[X] ´e o K-espa¸co vetorial com uma base formada pelo conjunto de monˆomios {xi0xi1· · · xir; r = 0, 1, 2, . . .}. Os elementos de K[X] s˜ao chamados

polinˆomios.

Defini¸c˜ao 1.14 Uma ´algebra A sobre K satisfaz uma identidade polinomial, ou ´e uma P I ´algebra, se existe um polinˆomio n˜ao nulo f (x1, . . . , xn) ∈ K[X] tal que

f (a1, . . . , an) = 0 para todo a1, . . . , an ∈ A. Este polinˆomio f (x1, . . . , xn) que satisfaz

esta propriedade ´e dito uma identidade polinomial em A. Escrevemos A ∈ PI.

• Grau de um polinˆomio

O grau de um polinˆomio n˜ao nulo f (x1, · · · , xn) ∈ K[X] ´e o maior grau dentre os

(18)

• P I ´algebra de grau n

Dizemos que uma ´algebra A ´e uma P I ´algebra de grau n quando satisfaz um polinˆomio de grau n, ou seja, quando A satisfaz uma identidade polinomial de grau n.

EXEMPLOS:

i) Uma ´algebra comutativa satisfaz f (x1, x2) = x1x2− x2x1.

ii) Uma ´algebra nilpotente de grau m satisfaz f (x1, . . . , xm) = x1· · · xm.

• Monˆomio multilinear

Um monˆomio ´e dito multilinear se cada uma de suas vari´aveis ocorre uma ´unica vez.

EXEMPLOS:

i) x1x3x4x2 ´e multilinear.

ii) x1x3x22 n˜ao ´e multilinear.

• Polinˆomio multilinear

Um polinˆomio ´e multilinear se suas parcelas s˜ao monˆomios multilineares que en-volvem as mesmas vari´aveis.

EXEMPLOS:

i) f (x1, x2, x3) = x1x2x3+ 4x3x2x1− 2x2x1x3 ´e um polinˆomio multilinear.

ii) f (x1, x2, x3) = x3x2+ 5x2x1x3 n˜ao ´e um polinˆomio multilinear.

iii) f (x1, x2) = x1x23 − 3x1x22 n˜ao ´e um polinˆomio multilinear.

O pr´oximo resultado nos garante que uma ´algebra de dimens˜ao finita sobre um corpo sempre satisfaz uma identidade polinomial.

Proposi¸c˜ao 1.15 Se A ´e uma ´algebra de dimens˜ao finita sobre um corpo K, ent˜ao A ∈ P I.

(19)

1.3. IDENTIDADE PADR ˜AO E O PROCESSO DE LINEARIZAC¸ ˜AO 9

A partir desta proposi¸c˜ao podemos observar que se G ´e um grupo finito ent˜ao a ´

algebra de grupo KG satisfaz uma identidade polinomial, j´a que dimKKG = |G|.

Proposi¸c˜ao 1.16 Seja E = Mm(A) o anel das matrizes m × m sobre uma

K− ´algebra comutativa A. Ent˜ao E n˜ao satisfaz uma identidade polinomial de grau menor que 2m.

Demonstra¸c˜ao: Veja lema 1.4, p´ag. 171 em [9].

Defini¸c˜ao 1.17 Dizemos que um grupo G satisfaz uma identidade de grupo se existe uma palavra n˜ao trivial ω(x1, . . . , xm) no grupo livre gerado por x1, · · · , xm

tal que ω(g1, . . . , gm) = 1 para qualquer gi ∈ G. Escrevemos G ∈ GI.

EXEMPLOS:

i) Se G ´e abeliano, ent˜ao G satisfaz a identidade ω(x1, x2) = x1−1x2−1x1x2.

ii) Se G ´e um grupo nilpotente, ent˜ao G satisfaz a identidade ω(x1, . . . , xl) = [x1, . . . , xl] para algum l ≥ 2, onde [x1, . . . , xl] denota o

co-mutador de peso l no grupo G.

1.3

Identidade Padr˜

ao e o Processo de Lineariza¸

ao

Um tipo especial de identidade polinomial ´e conhecida como identidade padr˜ao, a seguir falaremos desta identidade e do fato de sempre poder linearizar identidades polinomiais atrav´es do processo de lineariza¸c˜ao.

Em K[X], a identidade padr˜ao de grau n ´e:

sn(x1, · · · , xn) =

X

σ∈Sn

(−1)σxσ(1). . . xσ(n)

σ varia em Sn (grupo das permuta¸c˜oes de n elementos) e (−1)σ = ±1 dependendo

(20)

EXEMPLOS:

i) s2(x1, x2) = x1x2− x2x1 ´e a identidade padr˜ao de grau dois.

ii) s3(x1, x2, x3) = x1x2x3+x2x3x1−x3x2x1+x3x1x2−x1x3x2−x2x1x3´e a identidade

padr˜ao de grau trˆes.

Proposi¸c˜ao 1.18 A identidade padr˜ao sn possui as seguintes propriedades:

i sn ´e linear em cada vari´avel;

ii sn(. . . , xi, . . . , xj, . . .) = −sn(. . . , xj, . . . , xi, . . .);

iii sn(. . . , xi, . . . , xi, . . .) = 0;

iv sn+1(x1, x2, . . . , xn+1) =P ±xisn(x1, . . . ,xbi, . . . , xn+1). Desta forma se uma ´algebra satisfaz sn ent˜ao esta satisfaz sn+1, onde xbi significa que xi foi deletada.

Demonstra¸c˜ao: Veja lema 1.5, p´ag. 172 em [9].

A proposi¸c˜ao 1.16 afirma que o anel das matrizes m × m sobre uma K− ´algebra comutativa A n˜ao satisfaz uma identidade polinomial de grau menor que 2m, mas o pr´oximo resultado nos garante que o anel das matrizes m × m so-bre um corpo satisfaz a identidade polinomial padr˜ao s2m, ou seja, uma identidade

polinomial padr˜ao de grau 2m.

Teorema 1.19 (Amitsur-Levitzki) Se K ´e um corpo ent˜ao Mm(K) satisfaz a

identidade polinomial padr˜ao s2m.

Demonstra¸c˜ao: Veja teorema 1.9, p´ag. 175 em [9].

O pr´oximo resultado ´e conhecido como processo de lineariza¸c˜ao sobre identidades polinomiais, ou seja, se uma ´algebra satisfaz uma identidade polinomial de grau n, ent˜ao esta satisfaz um identidade polinomial multilinear de grau n. Atrav´es deste processo conseguimos obter, a partir do polinˆomio satisfeito pela ´algebra, um polinˆomio multilinear de mesmo grau tamb´em satisfeito pela ´algebra.

(21)

1.3. IDENTIDADE PADR ˜AO E O PROCESSO DE LINEARIZAC¸ ˜AO 11

Proposi¸c˜ao 1.20 Seja A uma ´algebra sobre um corpo K. Se A satisfaz uma iden-tidade polinomial de grau n, ent˜ao A satisfaz uma identidade polinomial

f = X

σ∈Sn

aσxσ1xσ2. . . xσn

onde aσ ∈ K, e estes coeficientes n˜ao s˜ao todos nulos.

Demonstra¸c˜ao: Seja g(x1, x2, . . .) a identidade polinomial de grau n satisfeita por A.

Em primeiro lugar, suponhamos que alguma vari´avel xiocorra em algum dos monˆomios

de g mas n˜ao em todos. Assim podemos escrever: g = g0+ g00 onde xi ocorre em todos os monˆomios de g

0

e n˜ao ocorre nos monˆomios de g00. Logo g00 6= 0, grau g00 ≤ n e

g00(x1, x2, . . . , xi, . . .) = g(x1, x2, . . . , 0, . . .)

Claramente A tamb´em satisfaz g00. Desta maneira substituindo g por g00, temos uma identidade polinomial para A de grau menor ou igual a n, com menos vari´aveis. Repetimos esta processo at´e obtermos uma identidade h de grau menor ou igual a n satisfeita por A, onde cada xi aparece pelo menos uma vez em cada monˆomio.

Como grau h ≤ n, vemos que h ´e uma fun¸c˜ao com no m´aximo n vari´aveis. Reescrevendo, se necess´ario, podemos supor h ∈ K[x1, x2, . . . , xn].

Seja H o conjunto de todos h ∈ K[x1, x2, . . . , xn], h 6= 0 os quais s˜ao identidades

polinomiais para A de grau menor ou igual a n e que todas as vari´aveis envolvidas em h apare¸ca em cada monˆomio de h.

Por constru¸c˜ao H ´e n˜ao vazio.

Tomemos f ∈ H como sendo a fun¸c˜ao que possui um n´umero m´aximo de vari´aveis, digamos t.

Agora, mostraremos que realmente f ´e a identidade polinomial procurada.

Sem perda de generalidade, suponhamos que algum monˆomio de h n˜ao ´e linear em x1. Como grau f ≤ n e f ∈ H, logo f n˜ao pode conter todos xi, 1 ≤ i ≤ n,

portanto algum xi n˜ao aparece em f. Suponhamos ent˜ao que xn n˜ao apare¸ca em f.

Seja

f0 = f (x1+ xn, x2, . . .) − f (x1, x2, . . .) − f (xn, x2, . . .).

Considerando os monˆomios envolvidos que n˜ao s˜ao lineares em x1, segue facilmente

que f0 6= 0 e f0 ∈ H. Por´em, f0 ´e uma fun¸c˜ao de t + 1 vari´aveis, uma contradi¸c˜ao. Consequentemente todos os monˆomios em f s˜ao lineares em cada vari´avel xi e desta

forma todos possuem o mesmo grau t ≤ n.

Suponhamos t < n e digamos, xn n˜ao aparece em f . Fazendo f

00

= xnf obtemos

uma contradi¸c˜ao.

(22)

O pr´oximo resultado ´e uma caracteriza¸c˜ao muito importante, pois este nos d´a condi¸c˜oes necess´arias e suficientes para uma ´algebra de grupo satisfazer uma iden-tidade polinomial.

Teorema 1.21 (Isaacs/Passman, 1997) Se carK = p ≥ 0, ent˜ao KG ∈ P I se, e somente se, G cont´em um subgrupo p-abeliano de ´ındice finito.

(23)

1.4. IDENTIDADE POLINOMIAL GENERALIZADA 13

1.4

Identidade Polinomial Generalizada

Seja A uma ´algebra sobre K. Um polinˆomio generalizado sobre A, ´e grosseira-mente falando, um polinˆomio em indeterminadas n˜ao comutativas x1, x2, . . . , xn no

qual os elementos de A s˜ao permitidos aparecer tanto como coeficientes como en-tradas entre as indeterminadas.

Dizemos que A satisfaz uma identidade polinomial generalizada se existe um polinˆomio generalizado n˜ao nulo f (x1, . . . , xn) tal que f (a1, . . . , an) = 0 ∀ ai ∈ A.

O problema aqui ´e como garantir um polinˆomio desta maneira que n˜ao seja nulo. Por exemplo, considerando a ∈ A elemento central tal que a /∈ K, ent˜ao A satisfaz a identidade f (x1) = ax1− x1a, mas certamente esta deve ser considerada trivial.

Um outro exemplo ocorre quando A ´e anel n˜ao primo, pois podemos escolher a, b ∈ A tal que A satisfaz a identidade f (x1) = ax1b, mas esta novamente deve ser

considerada trivial.

Por causa destas dificuldades, vamos nos restringir a uma forma permitida para os polinˆomios.

Defini¸c˜ao 1.22 Dizemos que g ´e um polinˆomio multilinear generalizado de grau n se tem a forma: g(x1, x2, . . . , xn) = X σ∈Sn gσ(x1, x2, . . . , xn) e gσ(x1, x2, . . . , xn) = aσ X j=1 α0,σ,jxσ(1)α1,σ,jxσ(2). . . αn−1,σ,jxσ(n)αn,σ,j

onde αi,σ,j ∈ A e aσ ´e algum n´umero positivo.

Defini¸c˜ao 1.23 Dizemos que g ´e n˜ao degenerado se para algum σ ∈ Sn, gσ n˜ao ´e

(24)

Desta forma, dizemos que A satisfaz uma GPI se A satisfaz uma identidade polinomial multilinear generalizada n˜ao degenerada.

Lema 1.24 Seja A uma ´algebra sobre K e seja I um ideal `a direita de A. Se I satisfaz uma identidade polinomial de grau n e In6= 0, ent˜ao A satisfaz uma GP I.

Demonstra¸c˜ao: Pelo processo de lineariza¸c˜ao, I satisfaz uma identidade polinomial multilinear de grau n

g(x1, x2, . . . , xn) =

X

σ∈Sn

ασxσ1xσ2. . . xσn

onde ασ ∈ K, e podemos supor α1 6= 0.

Por hip´otese In 6= 0, logo podemos escolher a1, a2, · · · , an ∈ I, tais que

a1a2· · · an6= 0. Portanto α1a1a2· · · an6= 0, consequentemente

f = X

σ∈Sn

ασaσ1xσ1aσ2xσ2. . . aσnxσn

´

e uma identidade polinomial multilinear generalizada n˜ao degenerada para A, pois quando σ = 1

gσ(x1, x2, . . . , xn) = g1(x1, x2, . . . , xn) = α1a1x1a2x2. . . anxn

e claramente g1(x1, x2, . . . , xn) n˜ao ´e identidade polinomial generalizada, j´a que

g1(1, 1, . . . , 1) = α1a1a2. . . an6= 0.

No pr´oximo teorema, (a demonstra¸c˜ao pode ser encontrada em [9] p´ag. 202) obtemos uma caracteriza¸c˜ao para uma ´algebra de grupo KG que satisfaz uma GP I atrav´es seu F C−subgrupo.

Teorema 1.25 KG satisfaz uma GP I se, e somente se, [G : ∆(G)] < ∞ e |∆(G)0| < ∞.

Agora enunciaremos um teorema muito importante e que ser´a bastante utilizado em nosso trabalho. Este resultado relaciona a presen¸ca de identidades de grupo no grupo das unidades de KG com as identidades polinomiais de KG. Neste momento, veremos apenas o enunciado. A demonstra¸c˜ao de tal teorema ser´a objeto de nosso estudo no cap´ıtulo 3.

Teorema 1.26 Seja G um grupo de tor¸c˜ao. Se U (KG) ∈ GI e KG satisfaz uma GP I, ent˜ao KG ∈ P I.

(25)

1.5. CONJECTURA DE HARTLEY 15

Neste trabalho estaremos interessados em obter resultados suficientes para a compreens˜ao da demonstra¸c˜ao da Conjectura de Hartley. Dedicaremos a pr´oxima se¸c˜ao a tal conjectura para podermos compreendˆe-la de uma maneira mais geral.

1.5

Conjectura de Hartley

Nos anos 70, na inten¸c˜ao de relacionar a estrutura multiplicativa e a estrutura aditiva em ´algebras de grupo KG, B. Hartley fez a seguinte conjectura:

Teorema 1.27 (Conjectura de Hartley) Sejam G um grupo de tor¸c˜ao e K um corpo. Ent˜ao,

U (KG) ∈ GI ⇒ KG ∈ PI.

O primeiro fato que podemos questionar ao ver o enunciado da Conjectura de Hartley ´e o seguinte: A conjectura ´e verdadeira se G for livre de tor¸c˜ao?

Para responder essa pergunta, consideremos K um corpo tal que car K = p > 0 e G grupo nilpotente livre de tor¸c˜ao.

Atrav´es da proposi¸c˜ao 1.13 conclu´ımos que as unidades de KG s˜ao as triviais. Segue claramente que U (KG) ∈ GI, j´a que G ´e nilpotente.

Pergunta: KG satisfaz uma identidade polinomial?

Se KG ∈ PI de acordo com o teorema 1.25 G teria um subgrupo H p−abeliano de ´ındice finito, ou seja, H0 seria um p−grupo finito tal que [G : H] < ∞, mas isto n˜ao ´e necessariamente verdadeiro para todo grupo nilpotente G.

Podemos tamb´em levantar a seguinte pergunta.

Se G ´e de tor¸c˜ao, KG ∈ PI ⇒ U (KG) ∈ GI? (ou seja, queremos saber se a rec´ıproca da conjectura ´e verdadeira.)

Para responder a essa pergunta, vamos usar o seguinte resultado:

Teorema 1.28 (Jairo Gon¸calves,[4]) Seja G grupo finito e K corpo tal que carK = 0. Ent˜ao U (KG) n˜ao cont´em subgrupo livre de posto 2 se, e somente se, G ´e abeliano.

(26)

Considerando G n˜ao abeliano finito temos que KG ´e uma ´algebra de dimens˜ao finita sobre K (dimKKG = |G|), consequentemente pela proposi¸c˜ao 1.15 KG ∈ PI.

Agora usando o fato de que G ´e n˜ao abeliano e considerando carK = 0, conclu´ımos pelo Teorema 1.28 que U (KG) cont´em um subgrupo livre de posto 2 e portanto U (KG) /∈ GI.

Desta forma vemos que a rec´ıproca da Conjectura de Hartley ´e falsa e que a hip´otese de G ser de tor¸c˜ao ´e necess´aria para formul´a-la.

Em 1997, A. Giambruno, S. Sehgal e A. Valenti demonstraram tal conjectura no caso em que K ´e um corpo infinito, ou seja, eles demonstraram o seguinte teorema:

Teorema 1.29 Suponha que K ´e um corpo infinito e G ´e um grupo de tor¸c˜ao. Se U (KG) ∈ GI ent˜ao KG ∈ P I.

A demonstra¸c˜ao do teorema acima pode ser encontrado em [3]. Eles usaram forte-mente o “Argumento do determinante de Vandermonde”e tal argumento ´e v´alido somente quando K ´e infinito ou suficientemente grande.

Um exemplo ´e a Proposi¸c˜ao 1 de [1] que basicamente diz que se a, b s˜ao elementos de uma ´algebra sobre um corpo infinito cujas unidades satisfazem uma identidade de grupo e a2 = b2 = 0 ent˜ao (ab)m = 0, para algum inteiro m determinado pela iden-tidade. Um resultado an´alogo para ´algebras sobre corpos finitos se torna necess´ario, mas tal resultado ´e certamente falso neste caso. De fato:

Considere M2(K), K corpo finito.

Sejam a = e12 =  0 1 0 0  , b = e21=  0 0 1 0  .

Ent˜ao U (M2(K)) ∈ GI desde que ´e um grupo finito e a2 = b2 = 0, mas

ab = e11 =

 1 0 0 0



n˜ao ´e nilpotente.

No cap´ıtulo 2, veremos um resultado an´alogo a Proposi¸c˜ao 1 de [1] que independe do fato de K ser infinito e no cap´ıtulo 4, veremos a demonstra¸c˜ao da Conjectura de Hartley na sua formula¸c˜ao mais geral.

(27)

1.6. O RADICAL NILPOTENTE 17

1.6

O Radical Nilpotente

Nesta se¸c˜ao veremos alguns resultados cl´assicos, que ser˜ao bastante utilizados no decorrer de nossos estudos. N˜ao apresentaremos demonstra¸c˜oes, pois caso contr´ario estenderemos demais nosso estudo (tais demonstra¸c˜oes envolvem muita teoria que n˜ao ser´a detalhada neste trabalho, mas podem ser encontradas em [9]). Estare-mos interessados em obter apenas resultados que dar˜ao base para demonstrarmos a Conjectura de Hartley.

Denotaremos a caracter´ıstica do corpo K por p, ou seja, carK = p (onde p ≥ 0). Lembremos que um grupo ´e p0−grupo se n˜ao possui elemento de ordem p. Quando p = 0, convecionamos que qualquer grupo ´e um 00−grupo e o ´unico 0−grupo ´e {1}.

Notaremos por ∆p(G), o subgrupo de G, gerado pela interse¸c˜ao dos conjuntos

∆(G) e P := {g ∈ G / o(g) = pk para algum k ∈ N}, isto ´e,

∆p(G) =P ∩ ∆(G)

Seja N = N (KG) o radical nilpotente de KG, ou seja, a soma de todos os ideais nilpotentes de KG.

Se KG n˜ao tem ideais nilpotentes ent˜ao N (KG) = 0.

Lembremos que um anel R ´e semiprimo se R n˜ao tem ideais nilpotentes n˜ao triviais.

Proposi¸c˜ao 1.30 Se carK = 0 ent˜ao KG ´e semiprimo.

Proposi¸c˜ao 1.31 Suponha carK = p > 0. Ent˜ao as seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes:

1. KG ´e semiprimo;

2. G n˜ao tem subgrupo normal finito com ordem divis´ıvel por p; 3. ∆(G) n˜ao tem elemento de ordem p;

(28)

4. N (KG) = 0.

Lema 1.32 Suponha carK = p > 0. Ent˜ao N (KG) ´e nilpotente se, e somente se, ∆p(G) ´e finito.

Lema 1.33 Seja K um corpo de caracter´ıstica p > 0 e seja G um grupo. Se N (KG) ´

e nilpotente, ent˜ao G possui subgrupos P e H tais que P ´e um p−grupo, [G : H] < ∞, e P = ∆p(H).

(29)

Cap´ıtulo 2

Resultados Cl´

assicos sobre An´

eis

Neste cap´ıtulo recordaremos alguns fatos b´asicos da teoria de an´eis.

2.1

Anel Artiniano e Localmente Artiniano

Defini¸c˜ao 2.1 Seja R um anel. Dizemos que R ´e artiniano `a esquerda se toda cadeia descendente de ideais `a esquerda de R ´e estacion´aria. Ou seja, se I1, I2, I3, · · · , s˜ao ideais de R, com

I1 ⊃ I2 ⊃ · · · ⊃ Ii ⊃ · · ·

ent˜ao existe um k ∈ N tal que ∀ i ∈ N

Ik = Ik+i.

Proposi¸c˜ao 2.2 Seja I ´e um ideal de R. Ent˜ao R ´e artiniano se, e somente se, I e R

I s˜ao artiniano.

Demonstra¸c˜ao: Veja lema 2.4.9, p´ag. 87 em [10].

Proposi¸c˜ao 2.3 O anel de KG ´e artiniano se, e somente se, G ´e finito.

Demonstra¸c˜ao: Veja teorema 6.6.1, p´ag. 214 em [10].

(30)

Consideremos R anel com identidade. Dizemos que R ´e um anel localmente ar-tiniano se qualquer subconjunto finito X de R est´a contido em um subanel artiniano de R.

Proposi¸c˜ao 2.4 Se G ´e um grupo localmente finito ent˜ao KG ´e um anel localmente artiniano.

Demonstra¸c˜ao: Se G ´e localmente finito ent˜ao todo subconjunto finito de G gera um subgrupo finito. Seja X ⊂ KG, X finito.

Considere S = [

xi∈X

supp(xi).

Temos S finito e S ⊂ G, ent˜ao H =< S > ´e finito. Consequentemente, pela proposi¸c˜ao 2.3 KH ´e anel artiniano. E assim X ⊂ KH, ou seja, KG ´e localmente artiniano.

2.2

Radical de Jacobson

Sabe-se que a intersec¸c˜ao dos ideais maximais `a esquerda de um anel R coincide com a intersec¸c˜ao dos ideias maximais `a direita. Usando tal fato definimos:

Defini¸c˜ao 2.5 Seja R um anel com unidade. O radical de Jacobson de R, denotado por J (R) ´e a intersec¸c˜ao de todos ideais maximais `a esquerda de R.

O seguinte lema foi demonstrado por Karpilovsky em [5].

Lema 2.6 Seja R um anel e suponha R

J (R) ´e artiniano. Se I ´e qualquer ideal de R, ent˜ao a aplica¸c˜ao natural U (R) → U (R

I) ´e sobrejetiva.

Podemos observar que se R ´e um anel tal que U (R) satisfaz uma identidade de grupo e S ´e qualquer subanel de R, ent˜ao U (S) tamb´em satisfaz uma identidade de grupo j´a que U (S) = U (R) ∩ S ⊆ U (R). Mas quando tal anel ´e localmente artiniano, obtemos um resultado mais forte que pode ser visto no seguinte lema:

(31)

2.3. AN ´EIS SEMISIMPLES E A DECOMPOSIC¸ ˜AO DE WEDDERBURN 21

Lema 2.7 Seja R um anel localmente artiniano tal que U (R) ∈ GI. Se R ´e qualquer imagem homom´orfica de R, ent˜ao U (R) ∈ GI.

Demonstra¸c˜ao: Para R, ´e suficiente mostrar que o homomorfismo U (R) → U (R) ´e sobrejetivo.

Como R ´e qualquer imagem homom´orfica de R, logo R = R

I, onde I ´e o n´ucleo do homomorfimo φ : R → R.

Tomemos a ∈ R tal que a = a + I ´e a sua imagem em U (R). Como R ´e localmente artiniano, logo {a} ⊂ E, onde E ´e um subanel artiniano de R.

Usando a proposi¸c˜ao 2.2 temos que E

J (E) ´e artiniano. Seja J = E ∩ I.

Claramente J ´e um ideal de E, logo pelo lema 2.6 a aplica¸c˜ao U (E) → U (E) ´e sobrejetiva, onde E = E

J.

Mas a ∈ U (E), portanto podemos encontrar c ∈ U (E) ⊆ U (R) que ´e levado em a. Desta forma obtemos que o homomorfismo U (R) → U (R) ´e sobrejetivo.

Defini¸c˜ao 2.8 Dizemos que um anel R ´e semiprimitivo se J (R) ´e o ideal nulo.

2.3

An´

eis Semisimples e a Decomposi¸

ao de

Wed-derburn

Nesta se¸c˜ao recordaremos importantes resultados a respeito da estrutura de an´eis e as suas consequˆencias quando considerados no contexto de An´eis de Grupos.

Sempre podemos encarar R como sendo um m´odulo sobre si mesmo. Assim podemos definir anel semisimples:

Defini¸c˜ao 2.9 Seja R um anel. Dizemos que R ´e semisimples `a esquerda, se todo subm´odulo `a esquerda I de R ´e somando direto de R. Isto ´e, para todo subm´odulo `a esquerda de I, existe um subm´odulo `a esquerda J , tal que I ∩ J = 0 e I + J = R. Denotamos a soma direta de I e J por,

(32)

Usaremos somente o termo semisimples, pois um anel com unidade ´e semisim-ples `a esquerda se, e somente se, ´e semisimples `a direita.

Teorema 2.10 (Wedderburn-Artin) Um anel R ´e semisimples se, e somente se,

R '

r

M

i=1

Mni(Di),

onde cada Mni(Di) ´e uma ´algebra de matrizes sobre Di, Di ´e um anel de divis˜ao, r

´

e ´unico e os pares (Di, ni) s˜ao ´unicos a menos de permuta¸c˜ao.

Demonstra¸c˜ao: Veja teorema 2.6.18 e 2.6.19, p´ag.104, 105 em [10].

Teorema 2.11 (Teorema de Maschke) Seja G um grupo. Ent˜ao o anel de grupo RG ´e semisimples se e somente se as seguintes condi¸c˜oes valem:

1. R ´e um anel semisimples; 2. G ´e finito;

3. |G| ´e invert´ıvel em R.

Demonstra¸c˜ao: Veja teorema 3.4.7, p´ag. 140 em [10].

No caso particular em que R = K ´e um corpo temos que K ´e sempre semisimples e |G| ´e invert´ıvel em K se e somente se, car(K) - |G|. Uma consequˆencia direta do Teorema de Maschke pode ser vista no seguinte corol´ario:

Corol´ario 2.12 Seja G um grupo finito e seja K um corpo. Ent˜ao KG ´e semisim-ples se, e somente se, car(K) - |G|.

(33)

Cap´ıtulo 3

´

Algebras de Grupo Satisfazendo

uma GPI

O objetivo deste cap´ıtulo ´e provar o teorema 1.26, que garante que para um grupo de tor¸c˜ao G tal que U (KG) satisfaz uma identidade de grupo e KG satisfaz uma GP I temos que KG satisfaz uma identidade polinomial. Este teorema ser´a fundamental para a demonstra¸c˜ao da Conjectura de Hartley.

3.1

Identidades de Grupos de Formas Especiais

Dado um grupo G que satisfaz uma identidade de grupo, mostraremos que pode-mos escolher uma identidade com uma forma especial satisfeita por G.

Lema 3.1 Seja G um grupo. Se G ∈ GI, ent˜ao G satisfaz uma identidade de grupo da seguinte forma:

w0 = xα1yβ1· · · xαsyβs =1

onde αi, βj s˜ao inteiros n˜ao nulos determinados pela identidade de grupo satisfeita

por G e α1 < 0, βs > 0.

Demonstra¸c˜ao: Seja w = w(x1, · · · , xr) a identidade de grupo satisfeita por G.

Temos que w(g1, · · · , gr) = 1, ∀ gi ∈ G.

Consideramos g, h ∈ G e substituamos gi por g−ihgi, consequentemente

encon-tramos uma express˜ao da seguinte forma: gα1hβ1· · · gαshβsgαs+1 = 1, onde α

i, βj s˜ao inteiros n˜ao nulos.

(34)

Ent˜ao G satisfaz a seguinte palavra:

w(x, y) = xα1yβ1· · · xαsyβsxαs+1,

ou seja, encontramos uma identidade de grupo n˜ao trivial em duas vari´aveis x e y satisfeitas por G. Portanto

xα1yβ1· · · xαsyβsxαs+1 = 1

logo,

xα1yβ1· · · xαsyβsxαs+1x−αs+1 = x−αs+1

xαs+1xα1yβ1· · · xαsyβs = 1

xαs+1+α1yβ1· · · xαsyβs = 1.

Agora temos dois casos a analisar:

1◦ caso: Suponha αs+1+ α1 6= 0

Se βs < 0 trocamos y por y−1 logo −βs> 0.

Se αs+1+ α1 > 0 trocamos x por x−1 logo −(αs+1+ α1) < 0.

Portanto obtemos a forma procurada.

2◦ caso: Suponha αs+1+ α1 = 0. Ent˜ao encontramos

yβ1xα2· · · yβs−1xαsyβs = 1

logo,

y−β1yβ1xα2· · · yβs−1xαsyβs = y−β1

xα2· · · yβs−1xαsyβsyβ1 = 1

xα2· · · yβs−1xαsyβs+β1 = 1

Se α2 > 0 trocamos x por x−1 logo −α2 < 0.

Se βs+ β1 < 0 trocamos y por y−1 logo −(βs+ β1) > 0.

Portanto obtemos a forma procurada.

Agora se G satisfaz uma identidade da forma xα = 1 para algum α 6= 0, tomemos

g, h ∈ G, logo g−1h ∈ G. Portanto

(g−1h)|α| = g−1h · · · g−1h | {z }

|α|vezes

= 1.

Logo podemos reescrever w da seguinte maneira: w(x, y) = x−1y · · · x−1y

| {z }

|α|vezes

(35)

3.2. UNIDADES EM UMA ´ALGEBRA 25

Obs: Na verdade, a palavra w satisfeita por G pode ser escrita de uma maneira mais refinada, ou seja, G satisfaz

w1(x1, x2) = xγ11x δ1 2 · · · x γk 1 x δk 2 onde γi, δj ∈ {±1, ±2} e γ1 = δk = 1.

De fato, pelo lema anterior G satisfaz

w0(x, y) = xα1yβ1· · · xαsyβs

onde αi, βj s˜ao inteiros n˜ao nulos determinados pela identidade de grupo satisfeita

por G, α1 < 0 e βs> 0.

Agora sejam g1, g2 ∈ G, temos g2g1−1, g1−1g2 ∈ G, portanto

w0(g2g1−1, g1−1g2) = 1

ou seja,

(g2g1−1)α1(g1−1g2)β1· · · (g2g1−1)αs(g1−1g2)βs = 1 (3.1)

como α1 < 0 ⇒ −α1 > 0, podemos reescrever (3.1) como

(g1g2−1) · · · (g1g2−1) | {z } |α1| vezes (g1−1g2)β1· · · (g2g1−1)αs(g1−1g2) · · · (g1−1g2) | {z } βs vezes = 1.

Portanto obtemos a seguinte palavra:

w1(x1, x2) = x γ1 1 x δ1 2 · · · x γk 1 x δk 2 onde γi, δj ∈ {±1, ±2} e γ1 = δk = 1.

3.2

Unidades em uma ´

Algebra

Os resultados de A. Giambruno, S. Sehgal e A. Valenti (ver em [3]) tiveram como consequˆencia a demonstra¸c˜ao do teorema 1.27 no caso em que o corpo K ´e infinito, ou seja, eles demonstraram a conjectura de Hartley assumindo que a ´algebra KG ´e sobre um corpo infinito, conforme enunciado no cap´ıtulo 1.

Precisamos de um resultado que nos permita estender os demais resultados de A. Giambruno, S. Sehgal e A. Valenti para uma situa¸c˜ao mais geral, como ´e o caso do pr´oximo lema.

(36)

De agora em diante denotaremos K0 como sendo os inteiros do corpo K, assim:

Se carK = 0 ent˜ao Q ⊂ K logo K0 = Z, e se carK = p, (p primo) ent˜ao K0 = Zp e

neste caso sempre podemos fazer redu¸c˜oes m´odulo p.

Lema 3.2 Seja A uma ´algebra sobre um corpo K e suponha que U (A) ∈ GI. Ent˜ao existe um polinˆomio f (x) sobre K0 de grau d (o qual ´e determinado pela identidade

de grupo satisfeita por U (A)) tal que se a, b ∈ R e a2 = b2 = 0 ent˜ao f (ab) = 0.

Demonstra¸c˜ao: Pela observa¸c˜ao anterior podemos assumir que U (A) satisfaz w1(x1, x2) = x γ1 1 x δ1 2 · · · x γk 1 x δk 2 onde γi, δj ∈ {±1, ±2} e γ1 = δk= 1.

Temos dois casos para analisar:

1o caso: Se car K 6= 2, consideremos o polinˆomio h em duas vari´aveis dado por:

h(x1, x2) = (1 + γ1x1)(1 + δ1x2) · · · (1 + γkx1)(1 + δkx2)

= h0(x1, x2) + g11(x1, x2) + g12(x1, x2) + g21(x1, x2) + g22(x1, x2) (3.2)

onde h0 consiste de todos os monˆomios que cont´em x21 ou x22 e gij cont´em todos os

monˆonios os quais come¸cam com xi e terminam com xj. Note que cada monˆomio

em g12(x1, x2) tem a forma x1x2· · · x1x2 = (x1x2)n para algum n, ou seja,

g12(x1, x2) = n

X

i=1

αi(x1x2)βi.

O termo l´ıder de h(x1, x2) est´a em g12(x1, x2) e tem coeficiente γ1δ1· · · γkδk6= 0 pois

carK 6= 2. Como γi, δj ∈ {±1, ±2} temos k Y i=1 γiδi = ±1 ou k Y i=1 γiδi = ±2m, m ∈ Z.

Consequentemente podemos escrever

x2g12(x1, x2)x1 = f (x2x1)

para algum polinˆomio n˜ao nulo f (x) sobre K0 de grau d = 2k + 2. Certamente f (x)

´

e determinado por h(x1, x2) e por sua vez por w.

Por hip´otese a2 = b2 = 0, logo

(37)

3.2. UNIDADES EM UMA ´ALGEBRA 27

ou seja, (1 + a) e (1 + b) s˜ao unidades de A. Temos tamb´em que (1 + a)n = 1 + na, ∀ n ∈ Z. Sabemos que w1(1 + b, 1 + a) = 1 ou seja, w1(1 + b, 1 + a) − 1 = 0. Assim: 0 = a[w1(1 + b, 1 + a) − 1]b = a[(1 + b)γ1(1 + a)δ1· · · (1 + b)γk(1 + a)δk]b = a[(1 + γ1b)(1 + δ1a) · · · (1 + γkb)(1 + δka)]b = a[h(b, a)]b = a[h0(b, a) + g11(b, a) + g12(b, a) + g21(b, a) + g22(b, a)]b.

Notemos que ah0(b, a)b = 0 pois cada termo de h0 tem a2 ou b2 como fator. Al´em

disso

a[g11(b, a) + g21(b, a) + g22(b, a)]b,

pois cada termo de g21 ou g22 come¸ca com a e cada termo de g11 termina com b.

Portanto temos que:

a[g12(b, a)]b = 0.

Mas

f (ab) = ag12(b, a)b = 0.

2o caso: Se carK = 2, temos que U (A) satisfaz:

w1(x1, x2) = x γ1 1 x δ1 2 · · · x γk 1 x δk 2 onde γi, δj ∈ {±1, ±2} e γ1 = δk = 1.

Tomemos g1, g2, g3 ∈ U (A) logo g1g2, g1g3 ∈ U (A) e portanto

w1(g1g2, g1g3) = (g1g2)γ1(g1g3)δ1· · · (g1g2)γk(g1g3)δk = 1.

Obtemos ent˜ao a seguinte palavra:

w2(x1, x2, x3) = (x1x2)γ1(x1x3)δ1· · · (x1x2)γk(x1x3)δk.

Podemos reescrever w2(x1, x2, x3) da seguinte forma:

w3(x1, x2, x3) = zη11z η2

2 · · · z ηr

(38)

onde zi ∈ {x1, x2, x3}, zi 6= zi+1 e ηi ∈ {±1}. Mais ainda z1 = x1, zr = x3 e

η1 = ηr = 1.

Definimos o polinˆomio h em duas vari´aveis por:

h(x1, x2) = (1 + t1)(1 + t2) · · · (1 + tr) − 1 onde ti =    x1x2x1 zi = x1; x2x1x2x1x2 zi = x2; (x1+ x2x1)x2(x1+ x1x2) zi = x3.

Em particular, t1 = x1x2x1 e tr = (x1+ x2x1)x2(x1+ x1x2). Agora escrevemos h tal

como em (3.2), ou seja,

h(x1, x2) = h0(x1, x2) + g11(x1, x2) + g12(x1, x2) + g21(x1, x2) + g22(x1, x2)

Olhando para o polinˆomio t1t2· · · tr em h, vemos que g12 6= 0, e consequentemente

x2g12(x1, x2)x1 = f (x2x1) para algum polinˆomio n˜ao nulo f (x) ∈ K0[x]. ´E claro que

f (x) ´e determinada por h(x1, x2) e consequentemente por w.

Temos que

(bab)2 = (ababa)2 = ((b + ab)a(b + ba))2 = 0, ou seja,

1 + bab, 1 + ababa, 1 + (b + ab)a(b + ba) s˜ao unidades. Portanto

w3(1 + bab, 1 + ababa, 1 + (b + ab)a(b + ba)) = 1

assim,

w3(1 + bab, 1 + ababa, 1 + (b + ab)a(b + ba)) − 1 = 0.

Como car K = 2, quando c ∈ A ´e tal que c2 = 0, temos (1 + c)−1 = 1 − c = 1 + c.

Ent˜ao,

0 = a[w3(1 + bab, 1 + ababa, 1 + (b + ab)a(b + ba)) − 1]b = ah(b, a)b

= a[h0(b, a) + g11(b, a) + g12(b, a) + g21(b, a) + g22(b, a)]b.

Usando os mesmos argumentos como no caso anterior, conclu´ımos que

a[g12(b, a)]b = 0

portanto

(39)

3.2. UNIDADES EM UMA ´ALGEBRA 29

Vamos usar daqui em diante, as nota¸c˜oes f (x) e d como no lema anterior.

Lema 3.3 Seja A uma ´algebra sobre um corpo K e suponha U (A) ∈ GI. Sejam a, b ∈ A tais que a2 = b2 = 0, ent˜ao:

1. Se |K| > d; ent˜ao (ab)d= 0.

2. Se ab ´e nilpotente, ent˜ao (ab)d = 0.

Demonstra¸c˜ao:

1. Primeiramente suponhamos |K| > d. Para qualquer λ ∈ K temos que que (λa)2 = 0 e b2 = 0. Logo pelo Lema 3.2 existe f (x) ∈ K[x] de grau d tal que

f (λab) = 0. Seja f (x) =

d

X

i=0

aixi onde ad6= 0. Ent˜ao ad(ab)λd+ · · · + a1abλ + a0 = 0 para

qualquer λ ∈ K

Se |K| > d, o argumento do determinante de Vandermonde mostra que ad(ab)d = 0. Consequentemente (ab)d= 0.

2. Agora suponhamos que ab ´e nilpotente. Usando novamente o Lema 3.2 temos que existe f (x) ∈ K[x] de grau d tal que f (ab) = 0. Seja g(x) o polinˆomio min´ımo de ab sobre K. Ent˜ao g(x) = xk para algum k, pois ab ´e

nilpo-tente. Tamb´em g(x) | f (x) logo k ≤ d. Consequentemente (ab)d = 0 pois 0 = g(ab) = (ab)k.

Seja Mn(K) a ´algebra das matrizes n × n sobre um corpo K. Se U (Mn(K))

satisfaz uma identidade polinomial e n ≥ 2, ent˜ao n´os temos controle sobre o tipo de corpo K e o grau n. De fato, temos:

Lema 3.4 Seja K um corpo. Se U (Mn(K)) satisfaz w = 1 e n ≥ 2, ent˜ao

1. |K| ≤ d e consequentemente K ´e um corpo finito. 2. n < 2 log|K| d + 2 ≤ 2 log2 d + 2.

(40)

1. Consideremos as matrizes elementeres a = e12 e b = e21, ent˜ao a2 = b2 = 0.

Mas e11 = ab n˜ao ´e nilpotente, portanto pelo Lema 3.3 que |K| ≤ d. Desta

forma provamos 1.

2. Seja s o menor inteiro positivo tal que |K|s > d, ent˜ao

|K|s−1 ≤ d < |K|s.

Seja F um corpo finito tal que [F : K] = s, ou seja, DimKF = s. Portanto

|F | = |K|s > d.

Agora se α ∈ F, consideremos fα um K-homomorfismo tal que:

fα : F → F

β 7→ βα ou seja, F age sobre F por multiplica¸c˜ao `a direita. Podemos considerar o homomorfismo injetor:

f∗ : F → EndK(F )

α 7→ fα

Portanto F ,→ EndK(F ) ∼= Ms(K) e consequentemente

M2s(K) = M2(Ms(K)) ⊇ M2(F ).

Se n ≥ 2s, ent˜ao U (M2s(K)) ,→ U (Mn(K)) e por hip´otese U (Mn(K)) ∈ GI

e desta forma U (M2(F )) ∈ GI. Ent˜ao temos que M2(F ) ´e uma ´algebra sobre

F com |F | > d, mas isto contradiz a parte 1. Portanto conclu´ımos que n < 2s.

Afirma¸c˜ao 1: s − 1 ≤ log|K| d.

De fato: Temos que |K|s−1 ≤ d logo

logK |K|s−1≤ log|K| d ⇔ (s − 1)log|K| |K| ≤ log|K| d ⇔ (s − 1) ≤ log|K| d.

Desta forma n < 2 s ≤ 2 log|K|d + 2.

Afirma¸c˜ao 2: |K| ≥ 2 ⇒ log|K| d ≤ log2 d.

De fato: Temos que

log|K| d = x ⇔ |K|x = d log2 d = y ⇔ 2y = d Mas |K| ≥ 2 ⇒ |K|x ≥ 2x ⇒ d ≥ 2x, e como 2x ≤ d = 2y ⇒ log|K| d ≤ log2 d. Portanto n < 2 s ≤ 2 log|K|d + 2 ≤ 2 log2 d + 2

(41)

3.3. GPI E PI- ´ALGEBRAS 31

3.3

GPI e PI-´

algebras

O pr´oximo resultado de J. Gon¸calves d´a condi¸c˜oes que garantem quando um anel de divis˜ao n˜ao comutativo cont´em um subgrupo livre de posto dois. Este resultado pode ser visto mais detalhadamente em [4], lema 2.0.

Lema 3.5 Seja D um anel de divis˜ao n˜ao comutativo de dimens˜ao finita sobre seu centro. Ent˜ao U (D) cont´em um subgrupo livre de posto dois.

Podemos agora estabelecer um resultado sobre ´algebras de p0-grupos localmente finitos.

Lema 3.6 Seja K um corpo de caracter´ıstica p ≥ 0 e seja G um p0−grupo local-mente finito. Se U (KG) ∈ GI ent˜ao KG satisfaz uma identidade polinomial padr˜ao s2m para algum m determinado pela identidade de grupo satisfeita por U (KG).

Demonstra¸c˜ao: Seja m ∈ Z tal que m > 2 log2 d + 2.

Sejam α1, . . . , α2mquaisquer 2m elementos em KG e seja H o subgrupo de G gerado

pelos suportes dos elementos αi.

Por hip´otese G ´e localmente finito e como H ´e finitamente gerado, temos H finito, digamos |H| = n.

Consequentemente KH ´e artiniano pela proposi¸c˜ao 2.3.

Como H ≤ G e G ´e p0−grupo, segue imediatamente que H ´e p0−grupo, ou seja, H n˜ao possui p−elementos e portanto p - n.

Desta forma, KH ´e semisimples e pelo teorema de Wedderburn-Artin KH ∼= r X i=1 Mni(Di), onde ni ∈ Z + e D

i s˜ao K−´algebras de divis˜ao com dimens˜ao

finita sobre K.

Certamente cada U (Di) ∈ GI e [Di : Zi] ≤ [Di : K] < ∞ onde Zi ´e o centro de Di.

Pelo Lema 3.5, Di deve ser comutativo, ou seja, Di ´e um corpo.

Agora cada U (Mni) ∈ GI, ent˜ao pelo Lema 3.4 temos que ni < 2 log2 d + 2 < m,

ou seja, ni < m.

Consequentemente conclu´ımos que KH satisfaz s2m = 0 pelo teorema de

Amitsur-Levitzki e pela proposi¸c˜ao 1.18 (iv).

Mas α1, . . . , α2m∈ KH, logo s2m(α1, . . . , α2m) = 0 e portanto, KG satisfaz s2m.

Agora j´a estamos em condi¸c˜oes de demonstrar o teorema 1.26 enunciado na se¸c˜ao 4 do cap´ıtulo 1, ou seja, vamos assumir que G ´e um grupo de tor¸c˜ao, com U (KG) ∈ GI e KG satisfazendo uma GP I e vamos mostrar que KG ∈ P I.

(42)

Demonstra¸c˜ao: Seja ∆(G) = ∆ o FC-subgrupo, ou seja, ∆ := {g ∈ G / |cl(g)| < ∞}. Pelo Teorema 1.25, [G : ∆] < ∞ e |∆0| < ∞.

Afirma¸c˜ao 1: G de tor¸c˜ao, |∆0| < ∞ e [G : ∆] < ∞ ⇒ G localmente finito. De fato: Seja H 6 G tal que H ´e finitamente gerado.

Pergunta: H ´e finito?

Por hip´otese [G : ∆] < ∞, logo [∆H : ∆] < ∞. Como ∆H

∆ ∼ = H

∆ ∩ H, conclu´ımos que [H : ∆ ∩ H] < ∞. Pela proposi¸c˜ao 1.8, ∆ ∩ H ´e finitamente gerado.

Tamb´em temos que |∆0| < ∞ e como ∆0∩ H ≤ ∆0, logo |∆0 ∩ H| < ∞. Temos que ∆ ∩ H ∆0 ∩ H ∼ = ∆ ∩ ∆ 0 H ∆0 ≤ ∆ ∆0, onde ∆ ∆0 ´e abeliano. Desta forma ∆ ∩ H

∆0∩ H ´e finitamente gerado, abeliano e de tor¸c˜ao, logo pela proposi¸c˜ao 1.10, temos ∆ ∩ H ∆0 ∩ H < ∞. Portanto |H| < ∞ j´a que |H| = [H : ∆ ∩ H][∆ ∩ H : ∆0 ∩ H]|∆0 ∩ H|.

Seja C o centralizador de ∆0 em ∆, ou seja, C = C∆(∆

0

). Temos que [∆ : C] < ∞ pois |∆0| < ∞.

Afirma¸c˜ao 2: C0 ⊂ Z(C).

De fato: Como C ≤ ∆, logo C0 ≤ ∆0. Tomemos [x, y] ∈ C0 e b ∈ C.

Portanto [x, y]b = b−1[x, y]b = [x, y]b−1b = [x, y]

Desde que C0 ⊂ Z(C), temos C nilpotente.

Seja P o conjunto de todos os p−elementos em C, ou seja, P := {x ∈ C / o(x) = pn para algum n ∈ Z+}.

Afirma¸c˜ao 3: P  C.

De fato: Sejam x, y ∈ P, logo o(x) = pk, o(y) = pl.

Consideremos H =< x, y >. Temos que H nilpotente finitamente gerado e de tor¸c˜ao, portanto pela proposi¸c˜ao 1.10, H ´e finito.

Temos que x, y ∈ Pi, onde Pi ´e um subgrupo de Sylow de C. Portanto xy ∈ Pi.

Consequentemente, P ≤ C. Claramente P  C.

(43)

3.3. GPI E PI- ´ALGEBRAS 33

Tamb´em C ´e localmente finito portanto KC ´e anel localmente artiniano pela proposi¸c˜ao 2.3. Pelo lema 2.7 conclu´ımos que UKC

P 

satisfaz uma identidade de grupo. Vemos que C

P ´e um p

0

−grupo localmente finito, consequentemente pelo lema 3.6 KC

P 

satisfaz uma identidade polinomial. Usando o teorema 1.21, obtemos que C

P cont´em um subgrupo p−abeliano A

P de ´ındice finito (ou seja, A P 0 < ∞ e hC P : A P i < ∞). Claramente A P 0 | {z } p−grupo ≤ C P |{z} p0−grupo , portanto A P 0 = {1} e desta forma A P ´e abeliano e ent˜ao A0 ≤ P.

Agora [G : A] = [G : ∆][∆ : C][C : A] < ∞ e A0 ≤ P ∩ ∆0 ´e um p−grupo finito. Portanto A0 ´e um p−grupo finito. Logo A ´e um subgrupo p−abeliano e [G : A] < ∞. Desta forma pelo teorema 1.21 conclu´ımos que KG satisfaz uma identidade polino-mial.

(44)
(45)

Cap´ıtulo 4

Demonstra¸

ao da Conjectura de

Hartley

Neste cap´ıtulo, veremos quais foram os argumentos utilizados por Liu no artigo [6] para demonstrar a Conjectura de Hartley. Veremos que ele considerou dois casos: Primeiramente considerou o caso em que a ´algebra de grupo ´e semiprima e consequentemente atacou o problema quando a caracter´ıstica do corpo ´e zero. Depois, ele se preocupou no caso em que a caracter´ıstica do corpo ´e prima, levando em considera¸c˜ao o radical nilpotente de KG e o teorema principal do cap´ıtulo 3. Poderemos notar que os argumentos de Liu s˜ao basicamente os mesmos usados por A. Giambruno, S. Sehgal e A. Valenti em [3], na demonstr¸c˜ao da conjectura de Hartley, no caso em que o corpo K ´e infinito.

4.1

Algebra de Grupo Semiprima

´

Antes de apresentarmos a demonstra¸c˜ao da Conjectura de Hartley veremos alguns lemas que ser˜ao essenciais para a demonstra¸c˜ao de tal Conjectura, quando estivermos no caso em que KG ´e uma ´algebra de grupo semiprima.

O pr´oximo resultado foi demonstrado por A. Giambruno, S. Sehgal e A. Valenti em [3].

Lema 4.1 Seja R um anel semiprimo e seja S := {a ∈ R / ∀ b, c ∈ R, bc = 0 ⇒ bac = 0}. Se S cont´em todos elementos de R de quadrado zero, ent˜ao S cont´em todos elementos nilpotentes de R.

(46)

Lema 4.2 Seja R uma ´algebra sobre um corpo K. Suponha que para todo a, b, c ∈ R com a2 = bc = 0, temos bac = 0. Ent˜ao qualquer idempotente de R ´

e central.

Demonstra¸c˜ao: Veja lema 2 em [3].

O pr´oximo resultado ´e uma imediata e simples consequˆencia do Lema 3.2.

Recordemos que K0 denota o conjunto dos inteiros em K e que o lema 3.2 nos

garante que para uma ´algebra A sobre um corpo K tal que U (A) satisfaz uma identidade de grupo, obtemos um polinˆomio f (x) sobre K0 de grau d (o qual ´e

determinado pela identidade de grupo satisfeita por U (A)) tal que se a, b ∈ R e a2 = b2 = 0 temos f (ab) = 0.

Lema 4.3 Seja R uma ´algebra sobre um corpo K e suponha que U (R) ∈ GI. Se a, b, c ∈ R tal que a2 = bc = 0, ent˜ao todos os elementos de bacR satisfaz algum

polinˆomio g(x) ∈ K0[x] de grau d + 1.

Demonstra¸c˜ao: Pelo lema 3.2 existe um polinˆomio f (x) ∈ K0[x] de grau d tal que

f (acrb) = 0.

Seja f (x) = a0+ a1x + a2x2+ · · · + adxd e consideremos g(x) = xf (x).

Ent˜ao:

g(bacr) = bacrf (bacr)

= bacr[a0+ a1(bacr) + a2(bacr)2+ · · · + ad(bacr)d]

= b[a0+ a1(acrb) + a2(acrb)2+ · · · ad(acrb)d]acr

= bf (acrb)acr = 0

A partir destes lemas, temos agora condi¸c˜oes de ver a demonstra¸c˜ao da Conjectura de Hartley quando KG ´e uma ´algebra de grupo semiprima. Para uma compara¸c˜ao com os argumentos de Giambruno, Sehgal e Valenti ver [3].

Teorema 4.4 Seja K um corpo tal que carK = p ≥ 0 e seja G um grupo de tor¸c˜ao. Suponha que KG ´e uma ´algebra de grupo semiprima. Se U (KG) ∈ GI ent˜ao KG ∈ P I.

(47)

4.1. ALGEBRA DE GRUPO SEMIPRIMA´ 37

Demonstra¸c˜ao: Seja k = d + 1. Consideraremos dois casos:

1o caso: Existem elementos a, b, c ∈ KG tais que a2 = bc = 0 e (bacKG)k 6= 0.

Pelo lema 4.3, bacKG satisfaz uma identidade polinomial de grau k. Pelo lema 1.24 KG satisfaz uma GP I pois (bacKG)k 6= 0. Agora usando o teorema 1.26 obtemos que KG satisfaz uma identidade polinomial.

2o caso: Para todos elementos a, b, c ∈ KG tais que a2 = bc = 0, temos

(bacKG)k = 0.

Por hip´otese KG ´e semiprimo, portanto bac = 0. Pelo lema 4.2 todos idempotentes de KG s˜ao centrais. Pelo lema 4.1, se a, b, c ∈ KG s˜ao tais que a ´e nilpotente e bc = 0, ent˜ao bac = 0.

Consideremos P e Q os conjuntos:

P := {g ∈ G / o(g) = pk para algum k};

Q := {g ∈ G / p - o(g)}. Se p = 0 ent˜ao P = {1}.

Suponhamos carK = p > 0.

Tomemos h ∈ P. Logo o(h) = pr para algum r. Seja bh = 1 + h + h2+ · · · + hpr−1

. Temos que (h − 1)bh = 0.

Desde que para qualquer g ∈ P, temos g − 1 nilpotente e pelo que observamos anteriormente, (h − 1)(g − 1)bh = 0. Mas (h − 1)(g − 1)bh = (h − 1)gbh − (h − 1)bh = (h − 1)gbh ou seja, (h − 1)gbh = 0. Consequentemente g = hghi para algum i. Portanto g−1hg = h−i.

Isto mostra que P ´e um grupo e < h >P.

Para qualquer h ∈ P, g ∈ Q, h − 1 ´e nilpotente e (g − 1)bg = 0. Novamente (g − 1)(h − 1)bg = 0.

Fazendo os mesmos c´alculos como acima, obtemos

(48)

Portanto h−1gh = g−j. Notemos que g−1h−1g | {z } ∈ P h | {z } ∈ P = g−1g−j = g−j−1 | {z } ∈ Q ∈ P ∩ Q = 1,

j´a que P ´e um subgrupo normal.

Obtemos ent˜ao que gh = hg para qualquer h ∈ P, g ∈ Q.

Assim para qualquer h ∈ P, < h > comuta com Q e ´e normalizado por P, logo < h > G.

Mas, | < h > | = pr, pelo lema 1.31 conclu´ımos que h = 1 pois KG ´e uma ´algebra

semiprima. Desta forma para carK = p > 0, tamb´em obtemos que P = {1}.

Agora temos que P = {1} quando carK = p ≥ 0, portanto Q = G, ou seja, G ´e um p0−grupo.

Tomemos x ∈ G tal que o(x) = m. Claramente m 6= 0 em K. O elemento e = xb

m ´e idempotente de KG; onde bx = 1 + x + x

2+ · · · + xm−1.

Como todos os idempotentes s˜ao centrais, eg = ge, ∀ g ∈ G. Consequentemente xg = gxi para algum i, ou seja,

< x > G, ∀ x ∈ G.

Ent˜ao G ´e p0−grupo para o qual todo todo subgrupo de G ´e normal. Desta forma G ´e abeliano ou hamiltoniano.

Suponhamos que G ´e hamiltoniano, logo Q8 ⊂ G.

Agora se p = 2 significa que G ´e um 20−grupo, ou seja, n˜ao possui elemento de ordem 2 (o que seria um absurdo, pois Q8 ⊂ G).

Logo p 6= 2 e deste modo KQ8 ´e semisimples pelo teorema de Maschke.

Assim KQ8 u ⊕Mni(Di), onde Di´e anel de divis˜ao para todo i com dimens˜ao finita

sobre seu centro.

Mas KQ8 ⊂ KG e como os idempotentes de KG s˜ao centrais ent˜ao todos os

idem-potentes de KQ8 s˜ao centrais ( Mni(Di) ´e comutativo para todo i). Deste modo

cada ni = 1.

Por hip´otese U (KG) ∈ GI, ent˜ao tamb´em U (KQ8) ∈ GI. Logo U (Di) ∈ GI e

portanto n˜ao pode conter um subgrupo livre. Usando o lema 3.5 obtemos que Di ´e

comutativo, ou seja, KQ8 ´e comutativo. Absurdo.

Logo G ´e abeliano.

Consequentemente KG satisfaz a identidade polinomial w1(x, y) = xy − yx.

(49)

4.2. CASO GERAL 39

4.2

Caso Geral

O radical nilpotente de uma ´algebra de grupo KG foi definido no cap´ıtulo 1 como a soma de todos os ideais nilpotentes de KG. Veremos agora alguns resultados sobre a nilpotˆencia de N (KG). A demonstra¸c˜ao do primeiro deles pode ser encontrado em [9]. Desde que na se¸c˜ao anterior, trabalhamos com ´algebras de grupos semiprimas, j´a foi tratado o caso carK = 0. Portanto nos pr´oximos resultados nos preocuparemos somente com o caso carK = p > 0.

Lema 4.5 Seja K um corpo de caracter´ıstica p > 0 e seja G um grupo. Se N (KG) ´e nilpotente ent˜ao G possui subgrupos P e H tais que P ´e um p−grupo finito, [G : H] < ∞ e P = ∆p(H).

Teorema 4.6 Seja K um corpo de caracter´ıstica p > 0 e seja G um grupo de tor¸c˜ao. Se N (KG) ´e nilpotente e U (KG) ∈ GI ent˜ao KG ∈ P I .

Demonstra¸c˜ao: Como N (KG) ´e nilpotente, podemos escolher subgrupos P e H de G como no lema 4.5.

Mas G ´e de tor¸c˜ao e ∆p(H) = P ´e um p−grupo finito, portanto ∆H

P 

= ∆(H) P ´e um p0−grupo, consequentemente pela proposi¸c˜ao 1.31 KH

P  ´ e semiprimo. Como P  H, a aplica¸c˜ao ϕ : KH → KH P  ´

e um homomorfismo sobrejetor onde kerϕ ´e o ideal ∆(H, P ) com base {x − 1 / x ∈ P, x 6= 1} sobre K. Al´em disso, se P ´e um p−grupo finito e car K = p ent˜ao ∆(H, P ) ´e nilpotente [fazer referˆencia]. Isto garante que o homomorfismo ϕ : U (KH) → Ue

 K H P  ´e sobrejetor. Agora, fazendo uso do teorema 4.4 conclu´ımos que KH

P 

satisfaz uma identi-dade polinomial. Portanto H

P possui um subgrupo p−abeliano A P de ´ındice finito (teorema 1.21), ou seja, A P 0 ´ e um p−grupo finito e hH P : A P i

< ∞, da´ı segue que [H : A] < ∞.

Consequentemente A0 ´e um p−grupo finito e como [G : H] < ∞ conclu´ımos que A ´e um subgrupo p−abeliano de G e [G : A] < ∞. Pelo teorema 1.21 KG satisfaz uma identidade polinomial.

Antes de enunciar o pr´oximo resultado que tem como conclus˜ao o teorema anterior para N (KG) n˜ao nilpotente, introduziremos alguns conceitos referentes a ´algebras livres.

(50)

Seja A = K{X} a ´algebra livre em um conjunto enumer´avel X = {x1, x2, . . .}

e K um corpo de caracter´ıstica p > 0. Denotaremos por A[[t]] o anel das s´eries de potˆencias sobre A, onde t ´e uma indeterminada. Para qualquer n, os elementos 1 + x1, 1 + x2, . . . , 1 + xn s˜ao unidades em A[[t]] com inverso 1 +

P∞

k=1(−1) kxk

itk para

cada i.

Tais unidades geram um subgrupo livre pelo seguinte argumento de Magnus: Suponhamos que (1 + xi1t) α1(1 + x i2t) α2· · · (1 + x iet) αe, = 1. (4.1)

Escrevemos αi = psiβi, p - βi. Ent˜ao a equa¸c˜ao. (4.1) fica

(1 + xi1 ps1β1tps1β1)(1 + x i2 ps2β2tps2β2) · · · (1 + x ie pseβ etpseβe) = 1. (4.2) Agora seja yik = xik

psk, portanto a equa¸c˜ao (4.2) fica:

(1 + yi1t ps1 )β1(1 + y i2t ps2 )β2· · · (1 + y iet pse )βe = 1.

Observamos que o coeficiente de yi1yi2· · · yiet

P psj

no lado esquerdo ´e β1β2· · · βs, o

qual n˜ao ´e zero e portanto obtemos uma contradi¸c˜ao. Consequentemente o grupo das unidades de A[[t]] n˜ao satisfaz nenhuma palavra.

Em particular se w = w(y1, y2, . . . , yk) ´e uma identidade de grupo satisfeita por

U (KG) ent˜ao w(1 + x1t, . . . , 1 + xkt) 6= 1.

Visto isto, agora podemos enunciar o seguinte teorema:

Teorema 4.7 Seja K um corpo de caracter´ıtica p > 0 e seja G um grupo de tor¸c˜ao. Se N (KG) n˜ao ´e nilpotente e U (KG) ∈ GI, ent˜ao KG ∈ P I.

Demonstra¸c˜ao: Consideramos A[[t]] o anel das s´eries de potˆencias sobre A. Como vimos anteriormente, se w ´e uma palavra em k vari´aveis satisfeita por U (KG) ent˜ao w(1 + x1t, . . . , 1 + xkt) 6= 1.

Portanto podemos encontrar uma express˜ao da forma

w(1 + x1t, . . . , 1 + xkt) − 1 =

X

i≥1

(51)

4.2. CASO GERAL 41

onde fi(x1, . . . , xk) ∈ K{X} ´e um polinˆomio homogˆeneo de grau i.

Consequentemente existe um menor inteiro s ≥ 1 tal que fs(x1, . . . , xk) 6= 0 e

podemos escrever

w(1 + x1t, . . . , 1 + xkt) − 1 =

X

i≥s

fi(x1, . . . , xk)ti 6= 0,

Afirma¸c˜ao: Para qualquer inteiro n, existe um ideal nilpotente I de KG tal que In6= 0.

De fato: Suponhamos por absurdo que In = 0 para qualquer ideal nilpotente I de

KG.

Sejam a1, . . . , an ∈ N (KG).

Existe um n´umero finito de ideais nilpotentes I1, . . . , Ij tal que

{a1, . . . , an} ⊆ J =

Pj

i=1Ii. Claramente J ´e nilpotente, portanto Jn= 0.

Logo a1a2· · · an = 0 e (N (KG))n = 0, absurdo.

Consequentemente podemos encontrar um ideal nilpotente I de KG tais que Ir 6= 0

e Ir+1 = 0 para algum inteiro r > s.

Para quaisquer a1, . . . , ak, ak+1 ∈ I, 1+a1, . . . , 1+ak s˜ao unidades de KG. Portanto:

0 = w(1 + a1, . . . , 1 + ak) − 1 = r

X

i=s

fi(a1, . . . , ak)

pois Ir+1 = 0 e f ´e um polinˆomio homogˆeneo de grau i. Ent˜ao

0 = (w(1 + a1, . . . , 1 + ak) − 1)ar−sk+1 = r X i=s fi(a1, . . . , ak)ar−sk+1 Para i ≥ s + 1, fi(a1, . . . , ak)ar−sk+1 = 0

pois fi(x1, . . . , xk)xr−sk+1 ´e homogˆeneo de grau i + r − s ≥ r + 1 e Ir+1 = 0.

Consequentemente fs(a1, . . . , ak)ar−sk+1 = 0.

Desta forma fs(x1, . . . , xk)ar−sk+1´e uma identidade polinomial de grau r para I. Como

Ir 6= 0, logo pelo lema 1.24 KG satisfaz uma GPI e consequentemente uma

identi-dade polinomial pelo teorema 1.26.

Desta forma, combinando o teorema 1.30 e o teorema 4.4 demonstramos a con-jectura no caso quando a caracter´ıstica do corpo ´e zero. Os teoremas 4.6 e 4.7 demonstram a Conjectura de Hartley no caso quando a caracter´ıstica do corpo ´e prima.

(52)
(53)

Considera¸

oes Finais

Ap´os termos visto a demonstra¸c˜ao da Conjectura de Hartley, podemos nos per-guntar quais as condi¸c˜oes sobre um corpo K e um grupo de tor¸c˜ao G que nos garantem que U (KG) satisfaz uma identidade de grupo pois, sob estas condi¸c˜oes, automaticamente teremos que KG satisfaz uma identidade polinomial.

Logo ap´os a publica¸c˜ao do artigo de A. Giambruno, S. Sehgal e A. Valenti [3] em 1997, D. Passman respondeu esta quest˜ao para ´algebras de grupos sobre corpos infinitos. De fato, o seguinte foi demonstrado:

Teorema 4.8 (Passman, [8]) Se K ´e um corpo infinito de caracter´ıstica p > 0 e G ´e um grupo de tor¸c˜ao, ent˜ao o grupo das unidades de KG satisfaz uma identidade de grupo se, e somente se, KG satisfaz uma identidade polinomial e G0 ´e de expoente limitado.

Por outro lado, o lema 2.3 de [3] afirma que para qualquer grupo finito n˜ao abeliano G e qualquer corpo infinito K de caracter´ıstica p > 0, se o grupo das unidades de KG satisfaz uma identidade de grupo ent˜ao o subgrupo comutador G0 deve ser p-grupo.

De uma certa maneira, estes resultados podem ser estendidos para corpos finitos, ou seja, podem ser provados de uma maneira mais geral, quando K ´e um corpo de caracter´ıstica p > 0 e G um grupo de tor¸c˜ao.

O seguinte resultado foi provado em 1999 por Liu e Passman [7]:

(54)

Teorema 4.9 (Liu/Passman) Seja G um grupo de tor¸c˜ao e K um corpo tal que carK = p > 0. Se G0 ´e um p−grupo, ent˜ao as seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes:

1. U (KG) satisfaz uma identidade de grupo.

2. G possui um subgrupo normal p−abeliano de ´ındice finito e G0 tem expoente limitado.

3. U (KG) satisfaz [x, y]pk = 1 para algum inteiro k ≥ 0.

Al´em disso, se G0 n˜ao ´e um p−grupo, ent˜ao n˜ao somente o expoente de G0 pode ser limitado, como afirma o pr´oximo resultado:

Teorema 4.10 (Liu/Passman [7]) Seja G grupo de tor¸c˜ao e K um corpo tal que carK = p > 0. Se G0 n˜ao ´e um p−grupo, ent˜ao as seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equiva-lentes:

1. U (KG) satisfaz uma identidade de grupo.

2. G possui um subgrupo normal p−abeliano de ´ındice finito e G tem expoente limitado e K ´e finito.

3. U (KG) satisfaz xn= 1 para algum inteiro n.

Agora, suponhamos que G seja um grupo arbitr´ario, n˜ao necessariamente de tor¸c˜ao. Se U (KG) satisfaz uma identidade de grupo, j´a vimos que a conclus˜ao da conjectura de Hartley n˜ao ´e necessariamente verdadeira.

O maior problema em caracterizar ´algebras de grupo KG cujas unidades satisfaz uma identidade de grupo ´e a dificuldade de manipular a parte livre de tor¸c˜ao do grupo G.

Parece necess´ario assumir algumas hip´oteses sobre G, principalmente no que se diz respeito ao seu subconjunto de tor¸c˜ao.

Em 2000, no artigo [2], Giambruno, Sehgal e Valenti d˜ao uma completa classi-fica¸c˜ao de grupos G tais que U (KG) satisfaz uma identidade de grupo sob a hip´otese que G tem um elemento de ordem infinita ou que GT ´e nilpotente, onde T ´e o con-junto dos elementos de tor¸c˜ao de G e K ´e um corpo infinito (observando que nesta situa¸c˜ao, temos T  G).

(55)

4.2. CASO GERAL 45

De fato, considerando K um corpo tal que carK = p ≥ 0, G um grupo e P o conjunto dos p−elementos em G, o seguinte resultado foi provado em [2]:

Teorema 4.11 Suponha que K ´e infinito ou G possui um elemento de ordem in-finita. Temos que:

a) Se U (KG) satisfaz uma identidade de grupo ent˜ao P ´e um subgrupo.

b) Se P ´e de expoente ilimitado e U (KG) satisfaz uma identidade de grupo ent˜ao: (i) G cont´em um subgrupo p−abeliano de ´ındice finito.

(ii) G0 ´e de expoente limitado potˆencia de p.

Reciprocamente, se P ´e um subgrupo e G satisfaz (i) e (ii) ent˜ao U (KG) satisfaz uma identidade de grupo.

c) Se P ´e de expoente limitado e U (KG) satisfaz uma identidade de grupo ent˜ao:

(1) P ´e finito ou G possui um subgrupo p−abeliano de ´ındice finito. (2) T

G P



´e um p0−subgrupo abeliano e T ´e um grupo.

(3) Qualquer idempotente de KG P



´e central.

Reciprocamente, se P ´e um subgrupo, G satisfaz (1), (2), (3) e G

T ´e nilpotente ent˜ao U (KG) satisfaz uma identidade de grupo.

(56)
(57)

Referˆ

encias Bibliogr´

aficas

[1] Giambruno A. , Jespers E. and Valenti A. Group identities on units of rings . Arch. Math. (Basel), 63 (1994), 291-296.

[2] Giambruno A. , Sehgal S. and Valenti A. Group identities on Units of group algebras 1. Journal of Algebra, 226 (2000), 488-504.

[3] Giambruno A. , Sehgal S. and Valenti A. Group algebras whose units satisfy a group identity. Proc. Amer. Math. Soc., 125 (1997), 629-634.

[4] Gon¸calves J. Z. Free subgroups of units in group rings. Canad. Math. Bull., 27 (1984), 309-312.

[5] Karpilovsky G. Unit groups of groups rings. Longman Scientific & Technical, (1989).

[6] Liu C. H. Group algebras with units satisfying a group identity. Proc. Amer. Math. Soc., 127 (1999), 327-336.

[7] Liu C. H. and Passman D. S. Group algebras whose units satisfy a group identity II. Proc. Amer. Math. Soc., 125 (1999), 657-662.

[8] Passman D. S. Group algebras whose units satisfy a group identity II. Proc. Amer. Math. Soc., 125 (1997), 657-662.

[9] Passman D. S. The algebraic structure of group rings. Wiley-Interscience, New York (1977).

[10] Polcino C. and Sehgal S. K. An introduction to groups rings. Manuscripta Math., 111 (2002) .

Referências

Documentos relacionados

Como resultado esperado para introdução dos medicamentos genéricos no mercado farmacêutico, deveria ocorrer uma intensa competição de preços entre os fabricantes

Esta pesquisa traz como proposta a criação e desenvolvimento de estampas e padrões com referência na linguagem Kawaii para a aplicação na superfície cerâmica através da técnica

Em segundo lugar, as estimativas feitas nas duas primeiras seções do Capítulo 3, e a técnica do ponto fixo utilizada na demonstração dos Teoremas 3.1 e 3.2 e Corolário 3.1 ,

Deste modo, de particular interesse é investigar a produção científica da educação física voltada ao contexto escolar e de que forma professores das disciplinas de

Neste capítulo a anisotropia de fluorescência resolvida no tempo de SC foi calculada a partir das simulações de dinâmica molecular realizadas em seis proporções de

Em nanofios de InN , de acordo com os resultados para a energia de formação, tanto a impureza de Ge como a de Si, são mais estáveis no sítio do In e estas impurezas vão apresentar

The evaluation of IR-induced ventricular arrhythmias indicated that the number of compound PVCs during ischemia, and the number and duration of VTs during ischemia and in the first