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Do Programa de Redução de Litígios Tributários (PRORELIT)

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11/15 – MP nº. 685/15: Programa de Redução de Litígios Tributários (PRORELIT) e outras alterações na legislação tributária federal

Prezados Senhores,

No último dia 22 de julho fora publicada no Diário Oficial da União (“DOU”) a Medida Provisória (“MP”) nº. 685, de 21 de julho de 2015, que, entre outras alterações, instituiu o Programa de Redução de Litígios Tributários (“PRORELIT”), modalidade de benefício fiscal que permite a quitação de débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (“RFB”) ou pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (“PGFN”), como tentativa de reforçar o caixa do Tesouro Nacional em tempos de crise financeira e negociações em torno do “ajuste fiscal”, nos termos e condições abaixo destacados e resumidos.

Do Programa de Redução de Litígios Tributários (PRORELIT)

O benefício fiscal em questão autoriza os contribuintes a liquidar débitos tributários administrados pela RFB e/ou PGFN, em discussão administrativa ou judicial e vencidos até 30 de junho de 2015, por meio da utilização Prejuízos Fiscais (“PF”) e de bases de cálculo negativas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (“BNCSLL”), apurados até 31 de dezembro de 2013 e declarados até 30 de junho de 2015, mediante requerimento de desistência do respectivo contencioso.

Nesse sentido, o PRORELIT permitiu, nos mesmos termos do artigo 33 da MP nº. 651, de 09 de julho de 2014, posteriormente convertida na Lei nº. 13.043, de 13 de novembro de 20141, a utilização de PF e BNCSLL entre pessoas jurídicas controladora e controlada, de forma direta ou indireta, ou entre pessoas jurídicas que sejam controladas direta ou indiretamente por uma mesma empresa na data-base de 31 de dezembro de 2014, desde que domiciliadas no Brasil e permaneçam nesta condição até a data estipulada para quitação do débito, conforme dispõe o artigo 1º, §c2º da MP n.º 685/15.

Também é possível a utilização de PF e BNCSLL do responsável tributário ou corresponsável pelo crédito tributário em contencioso administrativo ou judicial conforme (art. 1º, §3º da MP nº. 685/15). No entanto, as hipóteses de utilização de PF e BNCSLL de coligadas, controladas e/ou dos devedores solidárias estão condicionadas ao prévio

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aproveitamento integral dos saldos de PF e BNCSLL próprios do contribuinte (art. 1º, § 5º da MP nº. 685/15).

Ressalte-se, contudo, que o aproveitamento dos benefícios instituídos pela MP n.º 685/15 somente será efetivado mediante a antecipação em espécie de 43% (quarenta e três por cento) do valor consolidado dos débitos indicadas para a quitação, o que deve ocorrer até 30 de setembro de 2015 (art. 2º, I da MP nº. 685/15), data final para apresentação do requerimento de quitação previsto no artigo 1º, § 1º da MP nº. 685/15, que importará confissão irrevogável e irretratável dos débitos indicados pelo sujeito passivo e confissão extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil (“CPC” – Lei nº. 5.869/73) nos termos do artigo 2º, § 1º da MP nº. 685/15.

Além disso, para aderir ao PRORELIT, no ato de apresentação do requerimento, o contribuinte deverá comprovar também a desistência expressa e irrevogável das impugnações ou dos recursos administrativos e das ações judiciais que tenham por objeto os débitos que serão quitados e renunciar a qualquer alegação de direito sobre as quais se fundem as referidas impugnações e recursos ou ações (art. 2º, § 3º da MP nº. 685/15), admitindo-se, porém, a desistência parcial de impugnação e de recurso administrativos interpostos ou de ação judicial proposta se o débito objeto de desistência for passível de segregação (art. 2º, § 5º da MP nº. 685/15).

Saliente-se que os depósitos judiciais eventualmente existentes na data da adesão serão automaticamente convertidos em renda em favor da União, conforme artigo 3º da MP n.º 685/15, devendo ser computados no cálculo do pagamento em espécie, para fins de alcançar o percentual mínimo de 43% (quarenta e três por cento) do valor consolidado dos débitos.

A quitação no âmbito do PRORELIT, contudo, não abrange débitos decorrentes de desistência de impugnações, recursos administrativos e ações judiciais que tenham sido incluídos em programas de parcelamentos anteriores, ainda que rescindidos (art. 2º, § 4º da MP nº. 685/15), limitando o alcance do benefício fiscal em relação às pessoas jurídicas que aderiram a programas de parcelamento anteriores, tais como o Programa de Recuperação Fiscal (“REFIS” – Lei nº. 9.964/00), o Parcelamento Especial (“PAES” – Lei nº. 10.684/03), o Parcelamento Excepcional (“PAEX” – MP nº. 303/06) e o chamado “REFIS da crise” (Lei nº. 11.941/09 e alterações posteriores), caso rompidos.

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Ademais, de acordo com o artigo 4º da MP nº. 685/15, efetuado o pagamento em espécie equivalente a, no mínimo, 43% (quarenta e três por cento) do valor consolidado dos débitos indicados para a quitação de que trata o artigo 2º, inciso II, o valor do crédito a ser utilizado para a quitação do percentual remanescente será determinado mediante a aplicação das seguintes alíquotas sobre os saldos de PF e BNCSLL, apurados até 31 de dezembro de 2013 e declarados até 30 de junho de 2015:

(i) 25% (vinte e cinco por cento) sobre o montante do PF;

(ii) 15% (quinze por cento) sobre a BNCSLL, no caso das pessoas jurídicas de seguros privados, capitalização e demais instituições financeiras; e,

(iii) 9% (nove por cento) sobre a BNCSLL, no caso das demais pessoas jurídicas. Os requerimentos apresentados extinguem o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação, sendo garantido à RFB e à PGFN o prazo de 05 (cinco) anos, contado da data de apresentação do requerimento, para análise da quitação (art. 6º da MP nº. 685/15).

Vale ressaltar que tal qual em medidas anteriores – notadamente as MP nº. 470, de 13 de outubro de 2009 e nº. 651/142 –, a MP nº. 685/15 não estabeleceu a regulamentação do contencioso administrativo derivado do indeferimento dos requerimentos de quitação, o que poderá gerar questionamentos com relação a aplicabilidade ou não do Decreto nº. 70.235, de 06 de março de 1972 (Processo Administrativo Fiscal – “PAF”), aos processos administrativos envolvendo o PRORELIT, sendo aguardada eventual regulamentação no âmbito da RFB e/ou da PGFN a esse respeito, tendo por base, inclusive, o artigo 36 da citada Lei nº. 13.043/14, que previu a aplicação do PAF à decisão que indeferir os créditos pleiteados por contribuintes em programas de quitação similares.

Da mesma forma, é importante ressaltar que o prazo para adesão ao PRORELIT é de pouco mais de 60 (sessenta) dias, dentro, portanto, do prazo de vigência da MP nº. 685/15, diferentemente do benefício instituído pela MP nº. 651/14, cujo prazo para adesão se estendia além de sua vigência e, portanto, de sua conversão em Lei, o que pode indicar que a MP que instituiu o PRORELIT não será convertida em Lei, vigorando apenas durante o período determinado por esta (até 30 de setembro de 2015), como ocorreu com a já citada

2 Naqueles casos, a situação somente veio a ser resolvida algum tempo depois, com a promulgação da Lei nº.

13.043/14, cujo artigo 36 determinou que “na hipótese de indeferimento dos créditos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo

negativas da CSLL utilizados para liquidar os débitos parcelados com base no art. 3o da Medida Provisória no 470, de 13 de outubro de 2009, e nos arts. 1o a 13 da Lei no 11.941, de 27 de maio de 2009, cabe manifestação de inconformidade que observará o rito do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972”.

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MP nº. 470/09, situação que gerou diversos questionamentos judiciais por parte dos contribuintes que aderiram ao benefício.

Da Declaração de Operações que Acarretem Supressão, Redução ou Diferimento de Tributos

A MP nº. 685/15 tratou ainda da questão envolvendo “o conjunto de operações

realizadas no ano-calendário anterior que envolva os atos ou negócios jurídicos que acarretem supressão, redução ou diferimento de tributo” (art. 7º), os quais deverão ser declarados pelo sujeito passivo à

RFB, até 30 de setembro de cada ano, sempre que:

(i) os atos ou negócios jurídicos praticados não possuírem razões extra-tributárias relevantes;

(ii) a forma adotada não for usual, utilizar-se de negócio jurídico indireto ou contiver cláusula que desnature, ainda que parcialmente, os efeitos de um contrato típico; ou,

(iii) tratar de atos ou negócios jurídicos específicos previstos em ato da RFB. A declaração que relatar atos ou negócios jurídicos ainda não ocorridos será tratada como consulta à legislação tributária, nos termos dos artigos 46 e seguintes do Decreto nº. 70.235/72, com efeito vinculante para todos os contribuintes, consoante determinação da Instrução Normativa (“IN”) RFB n º 1.396, de 16 de setembro de 2013.

Nas hipóteses em que a RFB não reconhecer as operações declaradas pelo contribuinte, o sujeito passivo será intimado a recolher ou a parcelar, no prazo de 30 (trinta) dias, os tributos devidos acrescidos apenas de juros de mora, exceto no caso de operações sujeitas a procedimento fiscalizatório em andamento (art. 9º da MP nº. 685/15) ou quando a declaração por julgado ineficaz em razão de fraude e/ou omissão (art. 11 da mesma MP).

De acordo com o artigo 12 da MP nº. 685/15, a ausência de entrega da Declaração ou a ocorrência de algum dos eventos previstos no artigo 11 caracteriza omissão dolosa do sujeito passivo com intuito de sonegação ou fraude, hipótese em que, ao invés da dispensa da multa de ofício, exigir-se-á do contribuinte a multa prevista no § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que corresponde a 150% (cento e cinquenta por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição apurada.

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Importante ressaltar que, embora as disposições da MP nº. 685/15 entrem em vigor na data de sua publicação (art. 15), a forma, o prazo e as condições de apresentação da Declaração, inclusive hipóteses de dispensa da obrigação, serão disciplinadas pela RFB e pela PGFN, as quais editarão os atos necessários à execução dos procedimentos de que trata a MP nº. 685/15 no âmbito de suas competências (arts. 10 e 13), quando somente então essas medidas se tornarão obrigatórias.

Ressalte-se que a instituição de Declaração que obriga o contribuinte a informar ao Fisco o conjunto de operações realizadas que envolva atos ou negócios jurídicos que acarretem supressão, redução ou diferimento de tributo é mais uma medida da Administração Tributária no sentido de ampliar os Poderes do Fisco Federal na desconsideração de operações praticadas pelo contribuinte, previstos originalmente no artigo 116, parágrafo único da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – “CTN”), também conhecida como “norma geral antielisiva”, cujos limites têm sido avidamente debatidos nos Tribunais brasileiros desde a sua edição por meio da Lei Complementar nº. 104, de 10 de janeiro de 2011, ainda sem solução à vista3.

Da mesma forma, a Declaração em referência poderá ser objeto de questionamento pelos contribuintes com boas probabilidades de êxito, pois tal regime que obrigaria o contribuinte a “declarar” suas escolhas fiscais não conta com respaldo na Constituição Federal de 1988 (“CF/88”), notadamente no que tange aos capítulos das liberdades individuas, das limitações constitucionais ao poder de tributar e, mormente, da ordem econômica, conferindo a pretexto da citada “norma geral antielisiva” a obrigatoriedade de declaração não condizente com o Direito Constitucional-Tributário brasileiro vigente.

Por outro lado, quanto à imposição de multa em valor superior ao tributo eventualmente exigido – como é o caso em tela –, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) tem entendido, repetidas vezes, serem “abusivas multas moratórias que superam o percentual de 100%” (Recurso Extraordinário com Repercussão Geral nº. 582.461, julgado em 18/05/2011), concluindo que “surge inconstitucional multa cujo valor é superior ao do tributo devido” (Recurso

3 Jurisprudência e doutrina brasileira se dividem quanto ao alcance do poder atribuído ao Fisco de

desconsiderar atos e negócios jurídicos em matéria tributária. Estritos ao princípio da legalidade (do qual deriva o princípio da reserva de lei formal), autores como Luciano Amaro, Ives Gandra da Silva Martins, Mary Elbe Queiroz, Hugo de Brito Machado, entre outros, defendem a não aplicação da desconsideração da personalidade jurídica nas relações tributárias, por não haver previsão expressa em lei complementar ou, no caso de se aceitar o artigo 116, parágrafo único do CTN, como fundamento para aplicação da desconsideração, de lei ordinária, sendo esta a orientação de Ives Gandra da Silva Martins. O julgamento do Supremo Tribunal Federal (“STF”) sobre a matéria – Ação Direta de Inconstitucionalidade (“ADI”) nº. 2426 – foi inconclusivo, pois se limitou a rejeitar a constitucionalidade da questão sob judice, de tal forma que a decisão final quanto à interpretação/alcance dessa norma caberá ao Superior Tribunal de Justiça (“STJ”).

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Extraordinário nº. 833.106, julgado em 25/11/2014)4, razão pela qual a penalidade prevista no artigo 12 da MP nº. 685/15 também poderá ser questionada pelos contribuintes, com grandes probabilidades de êxito.

Da Atualização Monetária das Taxas Federais

Por fim, o artigo 14 da MP nº. 685/15 autorizou o Poder Executivo a atualizar monetariamente, na forma do regulamento, o valor das seguintes taxas:

Taxa Previsão

Taxas pela prestação dos serviços de segurança em

geral, inclusive em instituições financeiras art. 17 da Lei nº 9.017, de 30 de março de 1995 Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos

Químicos art. 16 da Lei nº 10.357, de 27 de dezembro de 2001

Taxas pela prestação de serviços relativos ao registro e porte de arma de fogo em geral

art. 11 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003

Taxa de Fiscalização do mercado valores

mobiliários. art. 1º da Lei nº 7.940, de 20 de dezembro de 1989

Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária. art. 23 da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999

Taxa de Saúde Suplementar art. 18 da Lei nº 9.961 de 28 de janeiro de 2000

Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica art. 12 da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996 Taxa de Fiscalização da Aviação Civil art. 29 da Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005 Taxas de fiscalização da prestação de serviços e de

exploração de infraestrutura atribuídas à ANTT e à ANTAQ

inciso III do caput do art. 77 da Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001

Taxa de Avaliação da Conformidade e Taxa de Serviços Metrológicos

arts. 3º-A e 11 da Lei nº 9.933, de 20 de dezembro de 1999

Taxa de Fiscalização dos Mercados de Seguro e Resseguro, de Capitalização e de Previdência Complementar Aberta

art. 48 da Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010

Diante do exposto, colocamo-nos à inteira disposição de V.Sas. para quaisquer esclarecimentos e orientações que se mostrem necessários, inclusive para auxiliá-los no tocante às análises dos valores em aberto e simulações de cálculos para adesão e efetivação do PRORELIT nos prazos estabelecidos, bem como em relação às demais modificações na legislação tributária trazidas pela medida em referência.

Atenciosamente,

Passos e Sticca Advogados Associados – PSAA.

4Vide também o julgamento da ADI nº. 551/RJ, em 14/10/2000 e da ADI em Medida Cautelar (“MC”) nº.

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