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Primeiro registro de Spodoptera cosmioides em morangueiro sob casa de vegetação em Minas Gerais

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Academic year: 2021

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Primeiro registro de Spodoptera cosmioides em morangueiro sob casa de

vegetação em Minas Gerais

Marcelo Mendes Rabelo1; Antônio Cláudio Ferreira da Costa2; Mário Sérgio Carvalho Dias2;

Josiele Silva Rocha1; Luan Mateus Silva Donato1; Wagner Ferreira da Mota1.

1 Universidade Estadual de Montes Claros-Rua Reinaldo Vieira, 2630 Bico da Pedra-CEP: 39440.000-Janaúba- MG

Brasil, marcelomendes16@yahoo.com.br, josielerocha@ymail.com, luan_mateus_sd@hotmail.com, wfmota@yahoo.com.br;

2 EPAMIG – Unidade Regional Norte de Minas-Rodovia MGT 122, Km 155- CEP: 39525-000-Nova Porteirinha- MG,

antonio.costa@epamig.br, mariodias@epamig.br.

RESUMO

O morangueiro vem sendo cultivado em regiões não tradicionais de produção dessa espécie. Desde 2002, a EPAMIG realiza estudos referentes ao desempenho agronômico de cultivares de morangueiro na região semiárida de Minas Gerais. Em março de 2012, constatou-se a ocorrência de lagartas alimentando-se das folhas de mudas de morangueiros, cultivados em casa de vegetação. As lagartas coletadas foram mantidas em laboratório, sob condições controladas, até atingirem o estágio adulto. Com base nas características dos adultos e das formas imaturas foi possível identificar os insetos como Spodoptera cosmioides (Walk.) (Lepidoptera: Noctuidae). Nos perímetros irrigados de Gorutuba e Jaíba, Norte de Minas, os insetos polífagos como Spodoptera spp. dispõem de alimento continuamente. Nestas condições, as mariposas migram entre lavouras de diversas espécies e também entre lavouras da mesma espécie, plantadas em épocas diferentes. Isso deve ser considerado no manejo integrado de S. cosmioides na cultura do morangueiro visando obter-se o máximo proveito das condições favoráveis de redução do uso de agrotóxicos no semiárido de Minas Gerais.

PALAVRAS-CHAVE: Fragaria x ananassa, insetos polífagos, manejo integrado de pragas. ABSTRACT

First record of Spodoptera cosmioides in strawberry under greenhouse in Minas Gerais State.

The strawberry has being cultivated in nontraditional production areas of this species. Since 2002, EPAMIG is making studies related to the agronomic performance of strawberries cultivars in the semiarid region of Minas Gerais. In march, 2012, the occurrence of caterpillars feeding on leaves of strawberry seedlings cultivated under greenhouse was verified. The collected caterpillars were kept in the laboratory, under controlled conditions, until they reach the adult stage. Based on the characteristics of the adults and the immature forms, it was possible to identify the insects as

Spodoptera cosmioides (Walk.) (Lepidoptera: Noctuidae). In the irrigated perimeters of Gorutuba

and Jaíba, North of Minas State, polifagous insects as Spodoptera spp. have available food continuously. Under these conditions, the moths migrate among crops from several species, and also among crops of the same species, planted in different times. This must be considered in the integrated management of S. cosmioides in the strawberry crop in order to achieve the maximum advantage of the suitable conditions to the reduction of the use of pesticides, in the semiarid of Minas Gerais State.

Keywords: Fragaria x ananassa, polifagous insects, integrated pest management.

O morangueiro (Fragaria x ananassa Duchesne) pertence à família Rosaceae e o seu cultivo encontra-se difundido em regiões brasileiras de clima temperado, subtropical e até tropical. O

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morango é destinado ao consumo in natura e à industrialização, sendo uma importante atividade econômica principalmente em pequenas propriedades rurais que utilizam a mão de obra familiar. Algumas regiões não tradicionais na produção de morangos estão aderindo ao cultivo do morangueiro, a exemplo de Bauru, no estado de São Paulo e o semiárido de Minas Gerais, localizado no norte deste estado. A partir do ano de 2002, iniciaram-se as pesquisas na Unidade Regional Epamig Norte de Minas com objetivo de avaliar o comportamento agronômico do morangueiro no semiárido mineiro, partindo do pressuposto que, em virtude do clima quente e seco predominante na região, as doenças não encontrariam condições favoráveis para a sua ocorrência e disseminação (DIAS, 2007). As cultivares Dover e Sweet Charlie alcançaram respectivamente as produtividades de 46,48 t/ha de 53 t/ha com a utilização de fertilizantes químicos (SILVA, M., 2003 apud DIAS, 2007) e, posteriormente, 39,97 t/ha e 34,87 t/ha sob o sistema de produção orgânica, apresentando os valores das análises físico-químicas equivalentes aos obtidos dos morangos das regiões tradicionais de cultivo deste produto (SILVA, J., 2006 apud DIAS, 2007). Estes resultados permitiram concluir que a produção de morango orgânico é também viável para a região do semiárido de Minas Gerais (DIAS, 2007). No ano de 2012 iniciou-se a multiplicação de mudas de morangueiro em casa de vegetação com o objetivo de avaliar as linhagens mais adaptadas às condições agroclimáticas desta região. Durante o desenvolvimento destas pesquisas, constatou-se a ocorrência de lagartas da ordem Lepidoptera, alimentando-se das folhas (limbo foliar e pecíolo) das mudas de morangueiro (Figura 1). O objetivo deste trabalho foi realizar a identificação da espécie do lepidóptero responsável por este ataque, uma vez que não foi possível realizar esta tarefa por intermédio da consulta às informações disponíveis na literatura referente às pragas do morangueiro.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi executado na Fazenda Experimental do Gorutuba, da Unidade Regional Epamig Norte de Minas, município de Nova Porteirinha, MG, durante os meses de março e abril de 2012. Foram utilizadas mudas de morangueiro cultivadas em vasos plásticos, conduzidas em casa de vegetação.

As lagartas de diferentes estágios de desenvolvimento foram obtidas por intermédio do vasculhamento aleatório das mudas nos vasos, sendo em seguida removidas das plantas por intermédio de uma pinça sem ponta para evitar ferimentos nos insetos e colocadas em um béquer. Posteriormente os espécimes coletados foram transferidos para gaiolas de madeira e mantidos na sala de criação de insetos do Laboratório de Entomologia da Unidade Regional Epamig Norte de Minas, com temperatura média de 25 ºC, fotoperíodo médio de 12 h, sem luz direta e umidade relativa de 60%. A alimentação das

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lagartas consistiu de folhas de morangueiro obtidas das mesmas plantas onde os espécimes foram coletados. Estas folhas foram lavadas e mantidas em um frasco plástico com água, fechado com um disco de isopor de 3 mm de espessura que apresentava furos de 5 mm de diâmetro por onde eram inseridas as folhas, arranjadas na forma de buquê. As folhas foram substituídas a cada 5 dias com o objetivo de proporcionar alimentação em quantidade e qualidade adequadas a que as lagartas completassem o seu ciclo de vida. Após as lagartas terem atingido o estágio de pupa, estas foram transferidas para uma bandeja de isopor onde permaneceram até a emergência dos adultos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As lagartas completaram o seu ciclo de vida quando alimentadas com folhas de morangueiro. Os espécimes foram identificados como Spodoptera cosmioides (Walker, 1858) (Lepidoptera: Noctuidae) por intermédio da comparação das características observadas nos adultos com as informações constantes em Gallo et al. (2002) e Pinto et al. (2004) e nos imaturos, em Zenker et al. (2007). Essas características coincidem com as mencionadas por Santos et al. (2003). Segundo este autor: “Ao eclodirem as lagartas de S. cosmioides tendem ao marrom, possuindo cabeça preta. Nos primeiros estádios de crescimento as lagartas apresentam um tom pardonegro-acinzentado, com 3 listras longitudinais alaranjadas, uma dorsal e duas laterais, com pontos brancos. Acima dos pontos brancos estão presentes triângulos pretos apontando para o dorso do inseto. Lagartas desenvolvidas são pardas e apresentam uma faixa mais escura entre o 3º par de pernas toráxicas (sic) e 1º par de falsas-pernas abdominais e os outros dois na extremidade final do abdome [...]. Adultos de S.

cosmioides apresentam as asas anteriores cinza-clara, mosqueadas longitudinalmente e margeadas

por uma franja, enquanto que as asas posteriores são de cor branca-pérola com franja. Pode-se diferenciar macho e fêmea através das asas, possuindo as fêmeas asas desenhadas como mosaico de tonalidade preta e bege.”

Originalmente descrita no gênero Prodenia Guené, 1852, S. cosmioides foi considerada sinônimo de Spodoptera latifascia (Walker, 1856) desde o início do século XX por Hampson (1909 apud ZENKER et al., 2007) até 1997, quando estudos sobre a morfologia da genitália, feromônios e DNA mitocondrial de um complexo de espécies neotropicais do gênero revalidaram sua identidade específica. A ocorrência desta espécie restringe-se à América do Sul, com exceção do sul da Argentina, Chile e de regiões do Peru situadas a oeste dos Andes, enquanto que S. latifascia, de distribuição mais restrita, ocorre a sudoeste dos EUA, América Central, nas Pequenas e Grandes Antilhas e na ilha de Trinidad (SILVAIN & LALANNE CASSOU, 1997 apud ZENKER et al., 2007).

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Spodoptera cosmioides (Walk.) é uma espécie polífaga e alimenta-se de grande número de plantas,

sejam elas cultivadas ou espontâneas. No Brasil, as culturas do abacaxi (mudas), algodoeiro (maçãs), arroz, berinjela, cebola (partes verdes), eucalipto (mudas), mangueira, pimentão e tomateiro, entre outras hortaliças, são consideradas hospedeiras deste lepidóptero (BERTELS 1953; SILVA et al. 1968; SANTOS et al. 1980 apud BAVARESCO et al., 2002). Segundo Habib et al. (1983 apud BAVARESCO et al., 2002), ocorreram surtos de S. cosmioides em algumas fazendas do Brasil, principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e santa Catarina, causando severos danos em culturas de interesse econômico. Esses autores afirmam, ainda, que a provável causa dos surtos seria a aplicação frequente de inseticidas químicos de amplo espectro, que teriam eliminado os inimigos naturais responsáveis por manter a população da espécie em equilíbrio, uma vez que não há registros anteriores da ocorrência de danos em níveis econômicos causados pela mesma.

Nora & Reis Filho (1988 apud BAVARESCO et al., 2004) e Nora et al. (1989 apud BAVARESCO et al., 2004) relatam danos elevados de S. cosmioides juntamente com Spodoptera eridania (Cram.) em frutos e folhas de macieira no estado de Santa Catarina. Essas duas espécies também formam o principal grupo de lagartas que atacam vagens de soja, assumindo importância a partir do início da fase reprodutiva da cultura (GAZZONI & YORINORI 1995; REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO SUL, 2000 apud BAVARESCO et al., 2004). No ano de 1999, foram observados danos severos causados por S. cosmioides em áreas experimentais de cebola, cultivada em casa de vegetação, no Campus da Universidade Federal de Pelotas, RS (BAVARESCO et al., 2004).

O morangueiro não havia sido relatado anteriormente na literatura científica como hospedeiro de S.

cosmioides. Esta informação apresenta especial relevância para os estudos que estão sendo

realizados com o objetivo de introduzir esta cultura no semiárido de Minas Gerais. Nos perímetros irrigados de Gorutuba e Jaíba, Norte de Minas, os insetos polífagos, como os pertencentes ao gênero

Spodoptera, dispõem de alimento continuamente (SANTOS, 2001). A existência de culturas

irrigadas prolonga no tempo a possibilidade da sobrevivência dos insetos, aumentando o número de gerações nos diferentes agroecossistemas. Nestas condições, as mariposas migram entre lavouras de diversas espécies e também entre lavouras da mesma espécie, plantadas em épocas diferentes. (SANTOS, 2003). Portanto, isso deve ser considerado no manejo integrado de S. cosmioides na cultura do morangueiro, visando obter-se o máximo proveito das condições favoráveis de redução do uso de agrotóxicos no semiárido de Minas Gerais.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio à participação neste evento.

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REFERÊNCIAS

BAVARESCO, A.; GARCIA, M. S.; GRÜTZMACHER, A. D.; FORESTI, J.; RINGNBERG, R. Biologia e Exigências Térmicas de Spodoptera cosmioides (Walk.) (Lepidoptera: Noctuidae). Neotropical Entomology 31 (1) 49-54, 2002.

_____. Adequação de Uma Dieta Artificial Para a Criação Artificial de Spodoptera cosmioides (Walk.) (Lepidoptera: Noctuidae) em Laboratório. Neotropical Entomology 33 (2) 155-161, 2004. DIAS, M.S.C.; SILVA, J.J.C; PACHECO, D.D.; RIOS, S. A.; LANZA, F.E. Manejo integrado de pragas na cultura do morango. Informe Agropecuário. Morango: conquistando novas fronteiras. Belo Horizonte: EPAMIG, v. 28, n.236, p. 24-33, 2007.

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Figura 1: Danos causados pelas lagartas às mudas dos morangueiros (esquerda), Lagarta de último

ínstar de S. cosmioides (direita) (Damages caused by the caterpillars to the strawberry seedlings (left), Last instar caterpillar (right)). Nova Porteirinha, EPAMIG, 2012.

Figura 2: Exúvia pupal de S. cosmioides: vista dorsal (esquerda), vista lateral (centro) e vista

ventral (direita) (Pupal exuviae of S. cosmioides: dorsal view (left), lateral view (center) and ventral view (right)). Nova Porteirinha, EPAMIG, 2012.

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