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Alterações bioquímicas e de conhecimento nutricional, antes e após um programa de educação nutricional

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Alterações bioquímicas e de conhecimento nutricional, antes e após um programa de educação nutricional

A

Artigo Original

Alterações bioquímicas e de conhecimento nutricional,

antes e após um programa de educação nutricional

para controle da hiperfosfatemia e hiperpotassemia de

pacientes em hemodiálise em Brasília

Biochemical changes and nutritional knowledge, before and after a nutrition education program for control of hyperphosphatemia and hyperpotassemia of hemodialysis patients in Brasilia

Unitermos:

Nefropatias. Insuficiência renal. Diálise renal. Educação alimentar e nutricional. Hiperfosfatemia. Hiperpotassemia.

Key words:

Kidney diseases. Renal Insufficiency. Renal dialysis. Food and nutrition education. Hyperphosphatemia. Hyperkalemia.

Endereço para correspondência:

Andréia de Souza Dantas

QRC 14; Casa 12; Residencial Santos Dumont – Santa Maria, DF, Brasil – CEP: 72593-114 E-mail: andreiadantas@yahoo.com.br

Submissão

30/6/2011

Aceito para publicação

19/12/2011

RESUmo

Introdução: Pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) em programa de hemodiálise

apresentam, com frequência, desequilíbrios nutricionais e distúrbios metabólicos. objetivo: O objetivo da pesquisa foi demonstrar as alterações nos conhecimentos nutricionais com relação a fósforo e potássio e nos parâmetros bioquímicos após aplicação de Programa de Educação Nutricional. método: Estudo experimental do tipo pré-teste/pós-teste em um grupo pareado. Amostra de 42 pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em programa de hemodiálise (três vezes na semana, com duração de quatro horas cada sessão) atendidos em Clínica de Hemodi-álise privada em Brasília/DF, sendo vinte e três pacientes com hiperfosfatemia e/ ou hiperpotas-semia. Variáveis analisadas: sexo, idade, peso, altura, índice de massa corpórea, escolaridade e tempo de hemodiálise; exames bioquímicos (fósforo e potássio) e testes de conhecimento (pré e pós-testes). Resultados: Após aplicação do Programa de Educação Nutricional, foi observada pequena melhora nos níveis de conhecimento nutricional, embora não tenha sido significativa (P= 0,09). O teste da variância de Friedman mostrou diferenças estatisticamente significativas entre os níveis de potássio quando comparado entre dez e fev (p = 0,00), jan e fev (p=0,00) e não mostraram diferenças estatisticamente significativas entre dez e jan (p=0,08). O fósforo apresentou diferença estatisticamente significativa entre os meses de dez e jan (p =0,00), entre dez e fev (0,00), mas não mostrou diferença estatisticamente significativa entre os meses jan e fev (p=0,07). Conclusão: O presente estudo mostrou que a Educação Nutricional é um instrumento que pode ser utilizado para redução dos níveis de fósforo e potássio em pacientes em hemodi-álise, embora idade e nível de escolaridade devam ser considerados importantes variáveis que podem interferir nos resultados.

AbStRACt

Introduction: Chronic Renal Failure (CRF) patients on hemodialysis program often have nutritional

imbalances and metabolic disorders. objective: The objective of this research was to demonstrate the changes in nutritional knowledge related to phosphorus and potassium and the biochemical parameters after application of Nutritional Education Program. methods: Experimental pre and post-test type on a paired group basis. Sample of 42 patients of the Single Health System (SUS) on a hemodialysis program (three times a week, lasting for four hours each session), twenty-three of them with hyperphosphatemia and / or hyperpotassemia, met in private clinic of Hemodialysis in Brasilia / DF. Variables: gender, age, weight, height, body mass index, education, and duration Andréia de Sousa Dantas¹

Claudia Martins2

Erika Lauria3

Vanessa Charallo Savatin4

Vanessa Coutinho5

Rafaela Liberali6

1. Discente da Pós-Graduação Lato Sensu em Nutrição Clínica – Fundamentos Metabólicos da Universidade Gama Filho e Nutricionista em Clínica de Hemodiálise- Soclimed/DF, Brasília, DF, Brasil.

2. Discente da Pós-Graduação Lato Sensu em Nutrição Clínica – Fundamentos Metabólicos da Universidade Gama Filho e Supervisora de Estágio de Nutrição Clínica da Faculdade UNIP – Universidade Paulista, Campus Brasília/DF, Brasília, DF, Brasil.

3. Discente da Pós-Graduação Lato Sensu em Nutrição Clínica – Fundamentos Metabólicos da Universidade Gama Filho.

4. Discente da Pós-Graduação Lato Sensu em Nutrição Clínica – Fundamentos Metabólicos da Universidade Gama Filho e Consultora em Unidades de Alimentação e Nutrição.

5. Orientadora e Nutricionista; Doutora em Ciências dos Alimentos; Coordenadora de curso de Nutrição Clínica da Universidade Gama Filho. 6. Co-orientadora e professora da Pós Graduação Lato Sensu em Nutrição Clínica – Fundamentos Metabólicos, Educadora Física e Mestre em

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INTRODUÇÃO

A doença renal crônica (DRC) pode ser considerada, nos dias atuais, como importante problema de saúde pública mundial com 1,8 milhões de pessoas em terapia renal substitutiva1-5. As previsões feitas com base em dados

epide-miológicos indicam que esse número deverá duplicar em um período de apenas cinco anos. Mediante essa discussão, a International Society of Nephrology (ISN) e a International Federation of Kidney Foundations (IFKF) estimaram ocorrência de 36 milhões de óbitos por DRC até o ano de 20154.

No Brasil, o número de pacientes mantidos em programas assistenciais destinados ao controle e tratamento de Insuficiência Renal Crônica (IRC) dobrou nos últimos anos2. Dados do Censo

2006 da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) demons-traram que 70.872 pacientes são submetidos a tratamento dialítico1,4, sendo que 20% encontram-se na Região Nordeste1.

A IRC tem como principal característica a perda progres-siva e irreversível da função renal, que condiciona o paciente a realizar terapias da substituição da função renal na forma de diálise peritoneal, hemodiálise ou transplante2.

Pacientes com IRC, em programa de hemodiálise, apre-sentam, com frequência, desequilíbrios nutricionais e distúr-bios metabólicos. A desnutrição está presente em 10 a 70% dos pacientes mantidos em hemodiálise e, 18 a 56%, dos indivíduos sob tratamento de diálise peritoneal ambulatorial contínua apresentam algum sinal de desnutrição3,5,6.

Vários condicionantes podem ser responsáveis pela desnutrição nesses pacientes, entre eles a anorexia, como resposta à redução do consumo alimentar, tem sido uma das principais causas, além de distúrbios gastrointestinais, acidose metabólica, fatores relacionados ao procedimento dialítico, distúrbios hormonais, doenças associadas ou intercorrentes (como diabetes mellitus, insuficiência cardíaca e infecções)1,6.

Atualmente, muitos trabalhos internacionais têm estudado também a associação entre qualidade de vida e condição nutricional na DRC, com ênfase na temática de que pacientes obesos submetidos à hemodiálise têm pior qualidade de vida e maior risco de morbimortalidade; pois até pouco tempo apenas a desnutrição era identificada como fator de risco entre hemodialisados7.

Para o bom controle da doença é necessária alimentação com qualidade nutricional. Para pacientes com DRC estágio 5, em diálise, aporte adequado de nutrientes é essencial na manutenção do balanço nitrogenado positivo, melhorando os resultados do tratamento dialítico e a qualidade de vida dos mesmos. O estado nutricional depacientes com DRC em hemodiálise tem gerado grande interesse, justificado por sua relação direta com a morbimortalidade1.

Na IRC, a massa renal funcionante vai sendo perdida gradativamente, provocando retenção de fósforo, sendo uma das manifestações iniciais dessa doença. O controle do acúmulo de fósforo na IRC é de suma importância na prevenção do hiperparatireoidismo secundário, que é também uma complicação comum em portadores de IRC8,9,

além de prevenir calcificações metastáticas9.

O acúmulo de potássio proporciona a hiperpotassemia, e em níveis elevados, pode levar a arritmias fatais. Por isso, pacientes em hemodiálise devem receber orientações detalhadas a respeito do conteúdo de potássio de vários alimentos, e ser instruídos a evitar ou restringir a ingestão dos alimentos ricos em potássio5,8,10.

O tratamento dietoterápico e outros tipos de interven-ções nutricionais nos pacientes em hemodiálise têm como objetivos: garantir a obtenção e manutenção do bom estado nutricional, prevenir e/ou retardar o desenvolvimento de doença cardiovascular, cerebrovascular e vascular periférica e prevenir e/ou tratar o hiperparatireoidismo e as outras formas de osteodistrofia renal10.

Para aumentar a adesão dos pacientes aos tratamentos, várias pesquisas sobre a ligação estresse-doença têm sido feitas, embora as pesquisas que buscam identificar diferenças individuais correlacionadas a resultados de adesão nessa população sejam limitadas. Estudos demonstraram que aproximadamente 30 a 50% dos pacientes em hemodiálise não aderem à dieta, à restrição hídrica e/ ou ao regime medicamentoso, piorando sua qualidade de vida11.

A utilização de materiais lúdicos e atividades em grupos é estratégia atraente e descontraída de orientar, reforçar e, principalmente, motivar os pacientes a compreenderem o tratamento e melhorarem a adesão ao mesmo12.

of hemodialysis, biochemical tests (phosphorus and potassium) and tests of knowledge (pre and post-tests). Results: After implementation of nutritional education, it was observed a small impro-vement in the levels of nutritional knowledge, although this was not significant (P = 0.09). The variance of Friedman’s test showed that there were significant differences between the potassium levels when compared between Dec and Feb (p = 0.00) and between Jan and Feb (p = 0.00) and showed no statistically significant differences between Dec and Jan (p = 0.08). The phosphorus showed a statistically significant difference between the months of Dec and Jan (p = 0.00), between Dec and Feb (0.00) but showed no statistically significant difference between the months Jan and Feb (p = 0.07). Conclusion: This study showed that nutritional education can be used as a tool for reducing levels of phosphorus and potassium in patients on hemodialysis, although age and educational level must be considered important variables that can affect the results.

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Mediante à importância e à necessidade de prevenir ou amenizar algumas desordens metabólicas influenciadas pela nutrição que ocorrem na IRC, o presente estudo teve como objetivo demonstrar as alterações nos parâmetros bioquímicos, nas concentrações séricasdo fósforo e potássioe no conheci-mento sobre o consumo alimentar, em pacientes submetidos a hemodiálise, de ambos os sexos, com idade entre 17 e 75 anos antes e após aplicação de palestras de educação nutricional em uma Clínica de Hemodiálise, em Brasília/DF.

MÉTODO

A pesquisa caracteriza-se como um estudo experimental do tipo pré-teste/pós-teste de um grupo pareado. Pesquisa experimental é aquela que manipula variáveis para verifi-cação da relação de causa e efeito13.

A população do estudo corresponde a 140 pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em programa de hemo-diálise (três vezes na semana, com duração de quatro horas cada sessão) atendidos em Clínica de Hemodiálise privada (Sociedade de Clínica Médica – Soclimed) em Brasília/DF, durante o período de Dezembro a Março de 2009. Destes foram selecionados 42 pacientes, com base em alguns critérios: Não ter participado antes de nenhum Programa de Educação Nutricional, estar em condições de saúde física para responder aos questionários sobre conhecimentos de nutrição, ter participado ativamente da palestra e ter assinado o termo de consentimento livre e esclarecido.

No que se refere aos aspectos éticos, as avaliações não tinham nenhum dado que identificasse o indivíduo e que lhe causasse constrangimento ao responder. Foram incluídos no estudo os adultos que aceitaram participar voluntariamente, após a obtenção do consentimento verbal dos participantes e autorização por escrito. Desta forma, os princípios éticos contidos na declaração de Helsinque e na resolução número 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, foram respeitados em todo o processo de realização desta pesquisa.

A instituição pesquisada é uma Clínica de Hemodiálise, em Brasília/DF, que oferece serviços de equipe multidisci-plinar com médicos, nutricionista, psicóloga, enfermeiras e assistente social. A direção da clínica autorizou a pesquisa, com a assinatura de uma declaração.

As variáveis do estudo dependentes são: perfil da amostra (sexo, idade, peso, altura, índice de massa corporal, escolaridade e tempo de hemodiálise); bioquí-micas (fósforo e potássio) e testes de conhecimentos (pré e pós-testes).

As variáveis (escolaridade, tempo de diálise e testes de conhecimentos) foram obtidas com os próprios pacientes

através de questionário. Os exames laboratoriais (fósforo e potássio) e as variáveis (sexo e idade), foram coletados diretamente dos prontuários médicos. Já a avaliação antro-pométrica de peso e altura foi realizada por nutricionista e verificada em balança calibrada da marca Filizola.

O programa foi aplicado durante as sessões de hemo-diálise, por nutricionistas. O projeto consistiu-se em quatro etapas ministradas semanalmente por 30 dias. A primeira foi aplicação do pré-teste (avaliação de conhecimentos). A segunda etapa foi constituída por uma aula de aproxi-madamente 40 minutos, ministrada durante a sessão de hemodiálise, com entrega de folheto educativo. A terceira ocorrida após 14 dias consistiu em brincadeiras lúdicas sobre o controle do fósforo e potássio. Na quarta e última etapa, após 30 dias decorridos do início do programa, houve avaliação dos exames laboratoriais, com destaque para aqueles pacientes com maior redução de fósforo e potássio comparados com os dados do início do programa e aplicação do pós-teste.

Para análise do conhecimento nutricional, utilizou-se um questionário do Kit “Nutrição em Equilíbrio”, validado e proposto por Nisio et al.13. O material educacional utilizado

faz parte do projeto “Nutrição em equilíbrio para pacientes em diálise”.

Para análise das respostas do questionário, atribuíram-se valores arbitrários, de acordo com o grau de dificuldade para cada item do tema específico. A avaliação global foi determinada pela somatória dos pontos obtidos em cada tema, podendo totalizar, no máximo, 10 pontos, caso todas as questões tivessem sido respondidas corretamente (Tabela 1). Os pacientes que obtiveram a nota máxima que era 10, foram classificados como ótimos em termos de conhecimentos nutricionais na IRC. Pontuação atribuída às questões de acordo com os temas abordados no programa educacional: consequências da hiperfosfatemia (1,2); alimentos ricos em fósforo (2,4); uso correto do quelante (2,4); medidas para redução do fósforo (1,2); alimentos ricos em potássio e forma de cocção (2,0); consumo de carambola (0,8).

Os exames laboratoriais avaliados foram ureia (valores de referência: 15 a 43 mg/dl para mulheres e 19 a 55 mg/dl para homens), Fósforo ≤ 5,5 mg/dl e Potássio ≤ 5,5 mg/dl. Foi realizada estatística descritiva, com medidas de posição (média, valores mínimos e máximos) e dispersão (desvio-padrão) das principais variáveis de estudo. O teste “t” de Student para amostras independentes foi empregado para verificar a diferença entre os sexos. Para análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste x2 = qui-quadrado

de independência: partição: l x c e o teste G. O nível de significância adotado foi p <0,05. Para a análise de dados foi utilizado o software Bioestast versão 5,0.

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RESULTADOS

A população estudada constituiu-se de 42 pacientes adultos no início da pesquisa, sendo 20 (47,62%) do sexo feminino e 22 (52,39%) do sexo masculino. Em relação à faixa etária, a média de idade feminina foi de 44,25 ± 13,78 anos e a masculina de 43,32 ± 14,08 anos, com predomínio na faixa etária dos 40 anos. As principais características da amostra podem ser observadas na Tabela 1.

Conforme observa-se na Tabela 1, 40% dos pacientes do sexo feminino possuíam 2° grau completo, diferente do sexo masculino, que 40,9% tinham 1° grau completo. O teste do qui-quadrado de independência não mostrou diferenças esta-tisticamente significativas entre os sexos e escolaridade (x2=

2,69, p = 0,44). Em relação ao tempo de hemodiálise, tanto o sexo masculino (81,8%) quanto o feminino (95%) possuem mais de 12 meses de tempo de hemodiálise, sendo que o teste do qui-quadrado não apresentou diferenças significa-tivas entre os sexos no tempo de realização da hemodiálise (x2= 0,36, p = 0,53).

Tabela 1 – Principais características dos pacientes (n= 42). Variáveis masculino n (%) feminino n (%) Escolaridade 1° grau incompleto 9 (40,9%) 7 (35%) 1° grau completo 6 (27,2%) 3 (15%) 2° grau incompleto - -2° grau completo 4 (18,18%) 8 (40%) Superior incompleto - -Superior completo 3 (13,64%) 2 (10%) Tempo em diálise 1 a 6 meses 2 (9,09%) -6 a 12 meses 2 (9,09%) 1 (5%) + de 12 meses 18 (81,8%) 19 (95%)

P ≤ 0,05 (x2 = qui - quadrado de independência partição: l x c)

Tabela 2 – Valores descritivos das variáveis antropométricas

e do teste t de Student para amostras independentes (n= 42).

Média ± desvio

padrão máximo mínimo p

Peso F 54,18 ± 11,71 83 41 Peso M 68,52 ± 16,71 107 37 0,002** Altura F 152,68 ± 4,53 163 146 Altura M 165,14 ± 10,38 178 138 0,000** IMC F 23,17 ± 4,71 35,6 17,6 IMC M 24,85 ± 4,58 33,7 16,2 0,24

**P = probabilidade de significância p≤0,05. F = sexo feminino. M = sexo masculino.

Teste do Qui-quadrado: Partição 15

mas

fem

baixo peso eutrofico sobrepeso

IMC 3 (0,03*) 10 9 3 13 (ns) 4 (ns) 10 5 0

Figura 1 – Classificação do IMC segundo a OMS (1995), e do teste qui-quadrado

de independência partição: l x c, entre os sexos.

Tabela 3 – Valores descritivos das variáveis bioquímicas

(N=42 pacientes) - Teste de Friedman.

Média ± desvio

padrão máximo mínimo

Fosfato dez** 5,23 ± 1,38 7,9 2,0 Fosfato jan 4,90 ± 1,37 9,7 2,2 Fosfato fev** 4,97 ± 1,35 9,4 2,3 Potássio dez 5,55 ± 1,13 7,4 4,3 Potássio jan 5,50 ± 1,19 7,7 3,2 Potássio fev 5,30 ± 1,14 7,7 4,3 **P = probabilidade de significância p≤0,05

Figura 2 – Valores da significância do potássio.

Friedman Diferença da soma dos Ranks

25

dez x jan dez x fev janx fev

Potássio p<0,05 ns ns 20 15 10 5 0

Figura 3 – Valores da significância do fósforo. Friedman - Diferença da soma dos Ranks

dez x jan dez x fev janx fev

Fósforo ns ns ns 15 10 5 0

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Observa-se, na Tabela 2, que existem diferenças estatistica-mente significativas entre os sexos nas variáveis peso (p=0,002) e altura (p=0,000), mas não existem diferenças estatisticamente significativas entre os sexos na variável IMC (p = 0,24).

O teste do qui-quadrado de independência revelou, na classificação do IMC, diferença estatisticamente significativa na categoria do sobrepeso entre os sexos (p=0,03)–(Figura 1).

O teste da variância de Friedman mostrou que existem diferenças estatisticamente significativas entre os níveis de potássio quando comparado dez x fev (p = 0,05), entre dez x jan e jan x fev não mostraram resultados estatisticamente significativos. O fósforo não mostrou diferença estatistica-mente significativa entre os meses de dez x jan x fev (p =0,24). A ureia não mostrou diferenças estatisticamente significativas entre o cruzamento de dez x jan x fev (p = 0,99).

O teste da variância de Friedman mostrou que existem diferenças estatisticamente significativas entre os níveis de potássio quando comparado dez x fev (p = 0,00) entre jan x fev (p=0,00) e não mostrou resultados estatisticamente significativos entre dez x jan (p=0,08).

O Fósforo mostrou diferença estatisticamente significativa entre os meses de dez x jan (p =0,00) e entre dez e fev (0,00), mas não mostrou diferença estatisticamente significativa entre os meses jan x fev (p=0,07).

Quando foram analisadas isoladamente as amostras somente dos pacientes hiperfosfatêmicos (fósforo sérico ≥ 5,5 mg/dl) e hiperpotassêmicos (potássio sérico ≥ 5,5 mg/ dl) avaliados no início do Programa, observou-se que, após aplicação do Programa de Educação Nutricional, houve redução nos valores percentuais dos exames laboratoriais de ambos os resultados, conforme mostra Figuras 4 e 5.

Observa-se, na Tabela 5, que os amostrados tiveram tendência de aumento do conhecimento em relação ao programa nutricional, mas não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre o pré e o pós (p=0,09).

DISCUSSÃO

O presente estudo mostra que a Educação Nutricional é um importante instrumento para redução dos níveis de fósforo e potássio em pacientes em tratamento de hemodiálise. A rotina do tratamento muitas vezes acarreta

Tabela 4 – Valores descritivos somente dos pacientes com hiperfosfatemia

e/ou hiperpotassemia (n= 23) - Teste da variância de Friedman.

Média ± desvio

padrão máximo mínimo

Fosfato dez 6,62 ± 0,75** 7,9 5,6 Fosfato janb 5,9 ± 1,67** 9,7 3,7 Fosfato fevbb 5,7 ± 1,64** 9,4 3,4 Potássio dez 6,0 ± 0,36** 6,9 5,5 Potássio janaa 5,9 ± 0,89** 7,7 3,9 Potássio feva 5,4 ± 0,49** 6,5 4,6

**P = probabilidade de significância p≤0,05 (potássio, a = valores significativos entre dez x fev; aa = jan x fev) (fósforo, b = valores significativos entre dez x jan, aa = jan x fev; bb = dez x fev)

Figura 4 – Percentual de pacientes que tiveram redução dos exames

labora-toriais após Programa de Educação Nutricional.

Perfil dos pacientes hiperfosfatêmicos (n=21)

76%

N° de pacientes que aumentaram fósforo N° de pacientes que reduziram fósforo

24%

Figura 5 – Percentual de pacientes que tiveram redução dos exames

labora-toriais após Programa de Educação Nutricional.

Perfil dos pacientes hiperpotassêmicos (n=23)

87%

N° de pacientes que aumentaram fósforo N° de pacientes que reduziram potássio

13%

Tabela 5 – Pontuação obtida pelos pacientes de ambos os sexos

nos questionários pré e pós-aplicação do programa educacional e do teste t de Student para amostras pareadas.

Temas Pré Pós P

Consequências da hiperfosfatemia 0,97 1,04 Alimentos ricos em fósforo 1,66 1,86 Uso correto do quelante 1,73 2,04 Medidas para redução do fósforo 1,17 1,09 Alimentos ricos em potássio e forma

de cocção 1,22 1,6

Consumo de carambola 0,76 0,78

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desmotivação nos pacientes, que acabam desistindo do controle dietético em meio a tantas privações naturais da própria doença. Os Programas Educacionais são medidas atraentes e motivadoras para melhoria dos parâmetros bioquímicos12.

Ford et al.14 observaram que o grupo de pacientes que

recebeu Educação Nutricional por métodos educativos, por um período de 6 meses, apresentou diminuição significativa do fósforo sérico em relação aos que não receberam essa intervenção14,15.

Observou-se, no presente trabalho, que após apli-cação do Programa Educacional em sala de hemodiálise, houve melhora nos níveis de conhecimento nutricional e que embora esta não tenha sido significativa (P= 0,09), houve diminuição significativa dos níveis séricos de fósforo (P = 0,00) e potássio (P=0,00). A adesão ao tratamento também está intimamente relacionada à escolaridade do paciente, já que pessoas com nível baixo de escolaridade apresentam mais dificuldade de compreensão das orienta-ções passadas, principalmente no que se refere à dieta. No estudo, 40,9% dos pacientes do sexo masculino possuem apenas o 1° grau. As mulheres do estudo, por sua vez, apresentam maior grau de escolaridade (40% possuem 2° grau completo) e este dado, quando comparado ao estado nutricional, demonstra que as mulheres possuem melhor perfil antropométrico, já que 10 homens apresentaram sobrepeso, enquanto apenas 3 mulheres estavam com sobrepeso. Não houve, no entanto, diferenças significativas no que se refere à eutrofia em ambos os sexos. Talvez estes dados demonstrem que as mulheres apresentam melhor adesão à dieta do que os homens. Estudo englobando uma amostra de 1514 homens e 1528 mulheres revela que a prevalência de excesso de peso e obesidade foi de 53% e 20%, respectivamente, nos homens, e de 31% e 15%, nas mulheres; e neste caso, as mulheres apresentaram maior adesão à dieta16.

Chimenti et al.17 demonstraram que os pacientes com

doenças crônicas apresentam baixa adesão à dieta. Neste estudo, os grupos foram analisados por sexo e os maiores índices de obesidade foram encontrados no grupo femi-nino, em que o grau de escolaridade era mais baixo do que o do grupo masculino.

A hiperfosfatemia na DRC é resultante de três fatores principais: a ingestão excessiva de fósforo, a redução da depuração de fósforo (renal e pelos métodos dialíticos) e o estado de remodelação óssea (alta e baixa). As evidên-cias disponíveis suportam que valores de fósforo sérico, inferiores ou superiores aos da faixa de normalidade, se associam com piores desfechos, incluindo morte. Níveis de fósforo plasmático acima de 5,0 mg/dl aumenta o risco de morte18.

Como os procedimentos dialíticos são pouco eficientes na remoção de fósforo, a hiperfosfatemia é um achado comum em pacientes em hemodiálise e, sendo a necessi-dade de ingestão protéica elevada, o controle dietético é de fundamental importância nesses pacientes9.

Dos pacientes que se encontravam hiperfosfatêmicos no início do programa (n=21), 16 conseguiram reduzir esses níveis para valores abaixo de 5,5 mg/dl, ou seja, 76% da amostra (Figura 4).

O potássio é um elemento fundamental para o funcio-namento dos músculos de todo o corpo, inclusive os do coração. Seu excesso, porém, pode trazer complicações sérias, tais como fraqueza ou caimbras, enquanto, no coração, provoca arritmias graves. Portanto, a restrição dietética é mais rigorosa para pacientes em hemodiálise, sobretudo para os anúricos19,20.

Quanto aos pacientes que se encontravam com hiper-potassemia no início do programa (n= 23), 20 reduziram estes níveis para valores abaixo de 5,5 mg/dl, ou seja, 87% da amostra (Figura 5).

CONCLUSÃO

A partir dos resultados, observa-se que, após o Programa de Educação Nutricional, houve redução signi-ficativa nos níveis de fósforo e potássio sanguíneos. A maioria dos pacientes da amostra possuía tempo de diálise superior a 12 meses, o que pode ser um fator negativo no controle constante em longo prazo, necessitando neste caso de trabalhos contínuos para controle desses minerais. O nível de conhecimento nutricional também aumentou, embora os resultados não tenham sido significativos.

Vale ressaltar a importância desse tipo de intervenção no paciente em tratamento de hemodiálise, para que possamos aumentar a adesão a dietas mais restritivas e saudáveis, aumentando os níveis de conhecimento sobre o tratamento e facilitar o entendimento e compreensão de orientações dietéticas como parte de um cuidado multiprofissional no tratamento da IRC.

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Referências

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