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O ESTRESSE SOFRIDO PELO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM QUE ATUA EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO CUIDADO AO PACIENTE

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Academic year: 2021

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José Antonio Dias Júnior* Fernando Reis do Espírito Santo**

RESUMO

Este estudo trata de analisar, a partir da literatura como o estresse sofrido pelos profissionais de enfermagem que atuam em Unidade de Terapia Intensiva traz consequências no ato de cuidar do paciente. Trata-se de uma pesquisa exploratória. A revisão bibliográfica foi a estratégia utilizada para este estudo. A amostra constou de textos publicados no período de 1995 a 2010 que retratam a história do estresse ocupacional, principalmente entre enfermeiros que trabalham em Unidade de Terapia Intensiva e sua repercussão no cuidado aos pacientes. Analisando as pesquisas revisadas pode-se verificar que o estresse estava presente em todos os participantes dos estudos encontrados. Alguns trabalhadores afirmaram não estar satisfeitos com o ambiente da UTI e solicitaram a participação da própria equipe na resolução dos problemas, com o intuito de prevenir e minimizar o estresse. Quanto às fontes de estresse relacionadas, as mais recorrentes foram atividades relacionadas à administração de pessoal e as condições de trabalho para desempenho do enfermeiro, uma vez que o cuidar é tecnicista, esquecendo-se muitas vezes, dos sentimentos dos pacientes, família e até de seus próprios sentimentos, inclusive do estresse diário. Mostra ainda que a identificação de estressores no trabalho podem gerar soluções que minimizem seus efeitos, e estas podem tornar o cotidiano do enfermeiro mais produtivo, menos desgastante e valorizá-lo mais como ser humano. E confirmam que o estresse pode afetar sim a eficiência do trabalhador, sua saúde física e psicológica, seu bem-estar, sua família e vida social, pelo fato de o estresse mudar os ritmos biológicos. As alternativas apontadas pelas pesquisas mostram a necessidade de que a equipe promova momentos para reflexão e discussão acerca dos aspectos técnicos, científicos e éticos referentes ao cuidado tanto dos pacientes críticos quanto de seus familiares, tendo em vista a melhoria da qualidade do atendimento, humanizando assim o cuidado.

Palavras-chave: estresse, U.T.I., cuidado de enfermagem.

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Bacharel em Enfermagem , Pós-graduando em Unidade de Terapia Intensiva, Atualiza Pós-graduação. E-mail: mbi.diasjr@bol.com.br

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1 INTRODUÇÃO

 Apresentação do objeto de estudo:

O estresse ocupacional, o qual se defronta o trabalhador moderno, se destaca como de especial importância, principalmente em algumas profissões como, por exemplo, a enfermagem. Embora seja fenômeno frequentemente relacionado entre os enfermeiros para caracterizar a profissão, na prática há falta de instrumentos sistematizados para avaliar a problemática. (FERRAREZE et Al., 2006)

O estresse ocupacional é um estado em que ocorre desgaste anormal do organismo humano e/ou diminuição da capacidade de trabalho, devido basicamente à incapacidade prolongada de o indivíduo tolerar, superar ou se adaptar às exigências de natureza psíquica existentes em seu ambiente de trabalho ou de vida. (FERRAREZE et Al., 2006).

As UTIs surgiram a partir da necessidade de aperfeiçoamento e concentração de recursos materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, em estado crítico, mas tidos ainda como recuperáveis, e da necessidade de observação constante, assistência médica e de enfermagem contínua, centralizando os pacientes em um núcleo especializado. (VILA e ROSSI, 2002)

Embora seja o local ideal para o atendimento a pacientes agudos graves recuperáveis, a UTI parece oferecer um dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital. Os fatores agressivos não atingem apenas os pacientes, mas também a equipe multiprofissional, principalmente a enfermagem que convive diariamente com cenas de pronto-atendimento, pacientes graves, isolamento, morte, entre outros. (VILA e ROSSI, 2002)

Segundo BOFF (1999), tomar o cuidado à luz da existência humana significa explorar a relação sujeito-sujeito, disponibilizando toda capacidade de empatia dedicação, compaixão imprimindo a ação uma centralidade da ordem do sentir.

O aspecto humano do cuidado de enfermagem, com certeza, é um dos mais difíceis de ser implementado. A rotina diária e complexa que envolve o ambiente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) faz com que os membros da equipe de enfermagem, na maioria das vezes, esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está à sua frente. (VILA e ROSSI, 2002)

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 Justificativa:

A preocupação com o sofrimento e o prazer no trabalho dos profissionais de enfermagem surgiu com questionamentos relativos a forma como esses profissionais conseguiam suportar trabalho tão desgastante, principalmente pela necessidade de conviverem com o sofrimento, dor e a morte de modo tão frequente. E em virtude da escuta de relatos de enfermeiros no contexto da terapia intensiva, eu senti a necessidade de analisar a vivência do estresse no dia a dia dos enfermeiros e como isso repercute no cuidado ao paciente.

 Problema:

Segundo a literatura, o estresse sofrido pelo profissional de enfermagem que atua em Unidade de Terapia Intensiva traz consequências no ato de cuidar do paciente?

 Objetivo:

Analisar, a partir da literatura como o estresse sofrido pelos profissionais de enfermagem que atuam em Unidade de Terapia Intensiva traz consequências no ato de cuidar do paciente.

 Metodologia:

Trata-se de uma pesquisa exploratória. Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torna-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é portanto flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, na maioria das vezes assume a forma de pesquisa bibliográfica ou estudo de caso. (GIL, 2002)

A revisão bibliográfica foi a estratégia utilizada para este estudo. Ela é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. (GIL, 2002)

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A amostra constou de textos publicados no período de 1995 a 2010 que retratam a história do estresse ocupacional, principalmente entre enfermeiros que trabalham em Unidade de Terapia Intensiva e sua repercussão no cuidado aos pacientes.

A busca foi realizada em livros, artigos de revistas científicas, monografias, dissertações de mestrados, teses e artigos extraídos via internet, buscados nos bancos de dados do Scielo, Bireme, Lilacs.

Foram incluídos para análise textos que contivessem dados sobre a relação do estresse entre enfermeiros de Unidade de Terapia Intensiva e suas repercussões no cuidado prestado aos pacientes, independente da origem ou da profissão dos autores, pois o que realmente interessava era a abordagem dessa relação.

Foram encontrados vários artigos sobre o tema estresse em enfermeiros de Unidade de terapia Intensiva, mas somente 07 artigos foram selecionados, por fazerem a relação entre estresse e suas repercussões no cuidado ao paciente.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ESTRESSE

Cada vez mais se acredita que alguns fatores desencadeantes do estresse vêm comprometendo a qualidade de vida do indivíduo nas diversas dimensões, profissional, social ou biológica. O estresse é quase sempre visualizado como um fator negativo que ocasiona prejuízo no desempenho global do indivíduo. (CORONETTI, et. Al., 2006).

A primeira definição de estresse foi dada em 1956, definindo-o como uma reação inespecífica do corpo a qualquer demanda, interna ou externa. O autor enfatiza que o estresse é uma parte normal do funcionamento do corpo, sendo uma consequência do ato de viver. (GUERRER e BIANCHI, 2008).

O estresse parece poder ocorrer de duas formas, a primeira de natureza aguda (muito intenso, mas que desaparece rapidamente) e a segunda de natureza crônica ( não tão intenso, perdurando por períodos de tempo mais prolongados e os recursos utilizados pelo indivíduo para enfrenta-los são escassos).quando nos deparamos com uma situação de estresse, nossas

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reações seguem as seguintes fases: fase de reação ou alarme, fase de resistência, fase de quase exaustão e fase de exaustão. (CALDERERO et. Al., 2008).

As pessoas reagem de diferentes maneiras frente ao estresse. De acordo com a história evolutiva do homem, as reações de estresse foram desenvolvidas como respostas emergenciais com o fim de preparar o indivíduo para “lutar ou fugir” de alguma ameaça. Estas seriam as respostas básicas ao estresse. (CALDERERO et. Al., 2008).

Em relação ao enfrentamento da situação (coping) existem dois tipos de estratégias: as que são concentradas no problema e as que são concentradas na emoção. A literatura coloca que não há um modo correto de enfrentar o estresse, mas que as duas estratégias podem ser úteis dependendo da situação de estresse. (CALDERERO et. Al., 2008).

O estresse ocupacional é um estado em que ocorre desgaste anormal do organismo humano e/ou diminuição da capacidade de trabalho, devido basicamente à incapacidade prolongada de o indivíduo tolerar, superar ou se adaptar às exigências de natureza psíquica existentes em seu ambiente de trabalho ou de vida. (FERRAREZE et. Al., 2006).

Segundo especialistas em psicopatologia do trabalho e da Organização Mundial de Saúde (OMS), as situações que causam ansiedade ao trabalhador, desencadeando o estresse, geram desgastes não só emocionais, como também físicos, com manifestações desagradáveis que podem, com o seu agravo, desencadear doenças. (FERRAREZE et. al., 2006).

A primeira autora que designou a profissão, enfermagem, como estressante, relacionou o estresse ao trabalho com pessoas doentes que requerem grande demanda de compaixão, sofrimento e simpatia. O enfermeiro, lidando com essa situação pode se sentir irritado, deprimido, desapontado e esses sentimentos são considerados incompatíveis com o desempenho profissional, trazendo consequentemente a culpa e o aumento da ansiedade. (GUERRER e BIANCHI, 2008).

A equipe de enfermagem está, provavelmente, exposta a um nível maior de estresse que qualquer outra do hospital, porque deve lidar não somente com a assistência a seus pacientes e familiares, mas também com suas próprias emoções e conflitos. (VILA e ROSSI, 2002).

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Ser responsável por pessoas, como no caso dos enfermeiros, obriga a um maior tempo de trabalho dedicado à interação, aumentando a probabilidade de ocorrência do estresse por conflitos interpessoais.(GUERRER e BIANCHI, 2008).

A UTI é uma unidade onde se encontram internados pacientes que necessitam de cuidados diretos e intensivos, pois seu quadro de saúde pode facilmente evoluir para a morte; além disso, é considerado um setor fechado onde o entrosamento com outros setores é bastante diminuído. (GUERRER e BIANCHI, 2008).

O paciente internado na UTI necessita de cuidados de excelência, dirigidos não apenas para os problemas fisiopatológicos, mas também para as questões psicossociais, ambientais e familiares que se tornam intimamente interligadas à doença física. A essência da enfermagem em cuidados intensivos não está nos ambientes ou nos equipamentos especiais, mas no processo de tomada de decisões, baseado na sólida compreensão das condições fisiológicas e psicológicas do paciente. (VILA e ROSSI, 2002).

O cuidado prestado à pacientes em UTI é bastante polêmica, se de um lado ela requer intervenções rápidas, de outro, não se tem dúvida de que são espaços naturalmente mobilizadores de emoções e sentimentos que frequentemente se expressam de forma muito intensa. Ser enfermeiro na UTI envolve a realização de um trabalho permeado por ambiguidades, aspectos gratificantes e limitantes que estão presentes no seu mundo e na vida. (GUERRER e BIANCHI, 2008).

O cuidar envolve verdadeiramente uma ação interativa. Essa ação e comportamento estão calcados em valores e no conhecimento do ser que cuida "para" e "com" o ser que é cuidado. O cuidado ativa um comportamento de compaixão, de solidariedade, de ajuda, no sentido de promover o bem, no caso das profissões de saúde, visando ao bem-estar do paciente, à sua integridade moral e à sua dignidade como pessoa. (VILA e ROSSI, 2002).

Considerando os ambientes críticos, como as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), o estresse tem constituído fator de risco à qualidade de vida dos trabalhadores de enfermagem e, embora seja o local ideal para o atendimento a pacientes agudos graves recuperáveis, parece oferecer um dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital. (FERRAREZE et. Al., 2006).

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Para FERRAZ (2000), para conviver com o racional e o não racional precisamos estar preparados para conviver com o racional e o não racional.

Alguns autores ressaltam a complexidade existente nas UTI, revelando a importância de se rever as questões que permeiam o relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem nesse contexto, tendo em vista os problemas emergentes de circunstâncias em que as peculiaridades do ambiente ocasionam aos seus profissionais, e também evidenciam o nível de ansiedade e tensão provocado, sobretudo, pela elevada responsabilidade que a enfermagem enfrenta em seu cotidiano profissional. (FERRAREZE ET. Al, 2006).

A resposta aos estressores da UTI depende da avaliação individual e que a administração de pessoal é um estressor presente na atuação do enfermeiro em UTI. Tanto a instituição hospitalar deve investir em recursos humanos e em subsídios para a prestação de assistência que está cada vez mais complexa, como o próprio enfermeiro deve conhecer seus limites e procurar estratégias para enfrentar os estressores vividos. (GUERRER e BIANCHI, 2008). O ambiente tem influência direta no bem-estar do paciente, família e equipe multiprofissional. As estratégias que facilitam o contato, a interação e a dinâmica no contexto da UTI podem ser consideradas premissa básica para o cuidado humanizado. (VILA e ROSSI, 2002).

O enfermeiro age, em seu cotidiano de trabalho, com pouca ou nenhuma consciência do estresse que enfrenta, por conseguinte o conhecimento do processo de estresse é imprescindível para seu adequado enfrentamento, caso contrário, não haverá resolução, o que levará o trabalhador ao desgaste físico e emocional. (CALDERERO et. al., 2008).

A identificação de estressores no trabalho corresponde a um dos grandes agentes de mudança, uma vez que desenvolvidas as possíveis soluções para minimizar seus efeitos, estas podem tornar o cotidiano do enfermeiro mais produtivo, menos desgastante e, possivelmente, valorizá-lo mais como ser humano e profissional. (CALDERERO et. Al., 2008).

Resultados

Foram identificados 07 estudos dos quais apenas um se apresentava como uma revisão bibliográfica, sendo que os seis restantes se caracterizavam por uma pesquisa de campo. Dentre os estudos encontrados, a população mais investigada foi médicos em geral, enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem.

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Em estudo realizado em 263 enfermeiros que atuam em uma unidade de terapia intensiva (GUERRER e BIANCHI, 2008), após a coleta de dados e sua análise os mesmos obtiveram nível de estresse entre médio e alerta. Neste estudo os enfermeiros apresentaram maiores níveis de estresse nas atividades relacionadas à administração de pessoal e nas condições de trabalho para desempenho do enfermeiro, considerado de nível médio.

Na investigação com 12 enfermeiros intensivistas de um hospital universitário (FERRAREZE et. Al., 2006), pode-se ressaltar que a sobrecarga de trabalho torna-se fator de agravo ao estresse, afetando assim a eficiência do trabalhador, sua saúde física e psicológica, seu bem-estar, sua família e vida social, pelo fato de o estresse mudar os ritmos biológicos. Outro dado importante é que metade da amostra trabalhava entre 10 e 12 horas diárias, resultando em carga horária exaustiva. Assim como no estudo citado anteriormente, verificou-se que a maior parte das enfermeiras mostrou estar vivenciando sintomas físicos e psicológicos.

Em uma pesquisa realizada entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que atuam em pronto atendimento de um centro de saúde escola (CALDERERO et. Al., 2008) apontou o impacto negativo do estresse ocupacional na saúde e no bem – estar dos trabalhadores e, consequentemente, no funcionamento e na efetividade das organizações. Outro aspecto foi que a identificação de estressores no trabalho corresponde a um dos grandes agentes de mudança, pois possíveis soluções podem minimizar seus efeitos, e estas podem tornar o cotidiano do enfermeiro mais produtivo, menos desgastante e, possivelmente, valorizá-lo mais como ser humano.

VILA e ROSSI (2002) realizaram uma pesquisa também envolvendo enfermeiros , técnicos e auxiliares de enfermagem que atuam em uma unidade de terapia intensiva do Hospital das clínicas da Universidade Federal de Goiás, que apontou que a organização baseada na execução da tarefa e o distanciamento entre equipe, pacientes e familiares, justificados como mecanismo de defesa, em função do estresse sofrido, são referidos como o real, o vivido na U.T.I., o cuidar é tecnicista, desprovido de sentimento, esquecendo-se muitas vezes, dos sentimentos dos pacientes, família e até mesmo de seus próprios sentimentos, inclusive do estresse diário.

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Em estudo realizado em duas Unidades de Terapia Intensiva de instituições públicas de saúde da cidade de Florianópolis, Santa Catarina (CORONETTI et. al., 2006), sendo população deste estudo constituída por 06 enfermeiros, 08 técnicos e 07 auxiliares de enfermagem, cada um tendo em média três anos de atuação em UTI, afirmaram não estar satisfeitos com o ambiente existente na UTI e solicitaram a participação da própria equipe na resolução dos problemas, com o intuito de prevenir e minimizar o estresse.

Na pesquisa realizada em uma equipe multiprofissional de uma U.T.I. (LEITE e VILA, 2005), foram identificadas as categorias: cuidar em terapia intensiva - "é difícil lidar com a morte e informar a família", e cuidar em terapia intensiva - "a falta de recursos materiais e o difícil trabalho em equipe". As dificuldades relatadas estão relacionadas ao contato com os familiares, com o lidar com a morte, com a falta de recursos materiais e, especialmente, com o relacionamento entre os membros da equipe. Os resultados evidenciaram a necessidade de que a equipe promova momentos para reflexão e discussão acerca dos aspectos técnicos, científicos e éticos referentes ao cuidado tanto dos pacientes críticos quanto de seus familiares, tendo em vista a melhoria da qualidade do atendimento e do relacionamento interpessoal no ambiente estressante de uma U.T.I.

FOGAÇA et. Al. (2008) realizou em estudo que constatou que os profissionais que trabalham em unidade de terapia intensiva pediátrica e neonatal, pela especificidade do seu trabalho, estão expostos ao risco do estresse ocupacional, assim como em outros tipos de U.T.I., como foi apontado nos estudos anteriores. Estes dados sugerem a necessidade de serem feitas pesquisas, com o objetivo de desenvolver medidas preventivas e modelos de intervenção.

Discussão

Analisando os resultados das pesquisas revisadas pode-se verificar que o estresse estava presente em todos os participantes dos estudos encontrados. Além disso, em alguns dos estudos os participantes estavam apresentando sintomas físicos e psicológicos devido aos níveis de estresse.

Alguns trabalhadores afirmaram não estar satisfeitos com o ambiente existente na UTI e solicitaram a participação da própria equipe na resolução dos problemas, com o intuito de prevenir e minimizar o estresse.

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Quanto às fontes de estresse relacionadas, as mais recorrentes foram atividades relacionadas à administração de pessoal e as condições de trabalho para desempenho do enfermeiro, uma vez que o cuidar é tecnicista, desprovido de sentimento, esquecendo-se muitas vezes, dos sentimentos dos pacientes, família e até mesmo de seus próprios sentimentos, inclusive do estresse diário; falta de contato com os familiares, dificuldades em lidar com a morte, a falta de recursos materiais e, especialmente, entraves no relacionamento entre os membros da equipe.

Os resultados da pesquisa indicam que a identificação de estressores no trabalho podem gerar possíveis soluções que minimizem seus efeitos, e estas podem tornar o cotidiano do enfermeiro mais produtivo, menos desgastante e, possivelmente, valorizá-lo mais como ser humano.

E ainda, confirmam que o estresse pode afetar sim a eficiência do trabalhador, sua saúde física e psicológica, seu bem-estar, sua família e vida social, pelo fato de o estresse mudar os ritmos biológicos.

As alternativas apontadas pelas pesquisas mostram a necessidade de que a equipe promova momentos para reflexão e discussão acerca dos aspectos técnicos, científicos e éticos referentes ao cuidado tanto dos pacientes críticos quanto de seus familiares, tendo em vista a melhoria da qualidade do atendimento, humanizando assim o cuidado.

Conclusão

Diante dos dados apresentados pelas pesquisas, percebe-se a necessidade de atenção no gerenciamento da situação de bem-estar dos trabalhadores da área da saúde, considerando que possuem maior proximidade físico-psicológica com o doente/familiares. É importante notar que a dinâmica organizacional do trabalho em unidades de terapia intensiva gera grande tensão ocupacional, sendo necessário monitorar periodicamente a saúde mental e física desses trabalhadores.

Com base nos artigos pesquisados, algumas indicações para os profissionais da saúde, no que diz respeito ao contexto de trabalho, são: encontrar mecanismos para controlar estressores do trabalho dentro do hospital, definir limites pessoais em termos de tempo e energia, evitando

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envolvimento excessivo; manter linhas de comunicação aberta com os colegas; deixar suas necessidades serem conhecidas pelos colegas e supervisores, especialmente quando a limitação dos recursos leva à sobrecarga.

No que se refere à vida pessoal, é importante manter equilíbrio entre vida pessoal e profissional, dedicar tempo à família, relaxar, engajar-se em atividades prazerosas, praticar atividades físicas regularmente, entre outros. Em relação ao contexto das instituições, pode-se seguir as recomendações como: criar canais de identificação das necessidades e expectativas do trabalhador, bem como canais de retorno desta avaliação; criar cursos de capacitação permanentes dos profissionais de saúde com foco na humanização do serviço; criar sistema de apoio psicológico e social aos profissionais; formar grupos transdisciplinares para discussão de casos clínicos, etc.

O sofrimento psíquico inerente à atividade dos profissionais de saúde, ao ser cotidianamente compreendido e elaborado pelos seus protagonistas, poderá ser transformado em desenvolvimento pessoal e construção de conhecimentos.

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STRESS SUFFERED BY PROFESSIONAL NURSING THAT

OPERATES IN THE INTENSIVE CARE UNIT AND ITS

CONSEQUENCES IN THE CARE OF PATIENTS

ABSTRACT

This study tries to analyze from the literature as the stress suffered by nursing professionals working in the Intensive Care Unit has consequences in care of the patient. This is an exploratory research. The review methodology was used for this study. The sample consisted of texts published between 1995 to 2010 that depict the history of occupational stress, particularly among nurses working in Intensive Care Unit and its impact on patient care. Analyzing the studies reviewed can be seen that the stress was present in all participants of the studies found. Some workers said they were not satisfied with the ICU environment and requested the participation of own team in solving problems, in order to prevent and minimize stress. The sources of stress related, were the most frequent activities related to personnel management and working conditions for nurses' performance, since the care and techniques, forgetting often, feelings of patients, family and even their own feelings, including stress diary. Emphasize although the identification of stressors at work can generate solutions that minimize their effects, and these can make the daily life of nurses more productive, less stressful and appreciate it more as a human being. And confirm that stress can affect the efficiency of the worker rather, their physical and psychological well-being, family and social life, because the stress change biological rhythms. The alternatives indicated by the surveys show the need for the team to promote moments of reflection and discussion regarding the technical, scientific and ethical issues regarding the care of patients both critics and their families, with a view to improving the quality of care, thus humanizing care.

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REFERÊNCIAS

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Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 35, n. 4, 2006.

FERRAREZE, M.V.G.; FERREIRA, V.; CARVALHO, A.M.P. Percepção do estresse entre enfermeiros que atuam em terapia intensiva. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 19, n. 3, Jul./Ago. 2006.

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Paulista de Enfermagem, São Paulo, v.13, número especial, parte I, p. 91-97, 2000.

FOGAÇA M. C.; CARVALHO W.B.; CÍTERO V.B.; NOGUEIRA-MARTINS L.A. Fatores que tornam estressante o trabalho de médicos e enfermeiros em terapia intensiva pediátrica e neonatal: estudo de revisão bibliográfica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v.20, n3, p. 261-266, 2008.

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LEITE, M.A.; VILA, V.S.C. Dificuldades vivenciadas pela equipe multiprofissional na unidade de terapia intensiva. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.13 n. 2 , Mar./Abr. 2005.

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Referências

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