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VIII Congresso Brasileiro de Administração e Contabilidade - AdCont a 21 de outubro de Rio de Janeiro, RJ

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Academic year: 2021

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1 Características Comportamentais Empreendedoras entre os Membros de Duas

Empresas Juniores

Ana Luiza Migliorini – Bacharela em Administração Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Fale_analuiza@hotmail.com

Tania Regina Frota Vasconcellos Dias – Doutora em Administração Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

trfvdias@gmail.com

Resumo

A participação em Empresa Junior (EJ) enseja ao estudante a oportunidade de desenvolver habilidades que dificilmente seriam obtidas em outros espaços do curso, razão pela qual tem sido contemplada em dispositivos legais, como o projeto pedagógico. Diante deste contexto, este estudo teve como objetivo geral identificar as características comportamentais empreendedoras (CCEs) relevantes para os membros de duas Empresas Juniores. A amostra para esta pesquisa foi constituída por 19 membros da Empresa Junior Multiconsultoria, graduandos do Curso de Administração da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e por 23 membros da Empresa Junior Xport Jr, graduandos do Curso de Relações Internacionais da UFRRJ. O instrumento de coleta de dados foi o questionário de McClelland (1972) sobre as 10 CCEs divididas em três categorias: Realização, Planejamento e, Poder. Suas pontuações médias (15 ≥ 25) demonstram comportamentos que os caracterizam como empreendedores. Para a Multiconsultoria, quatro CCEs, dentre as dez, mostram pontuações médias relevantes: Estabelecimento de Metas (17,68), Busca de oportunidades e iniciativa (17,58), Comprometimento (17,37) e Busca de informações (17,21). Para a Xport Jr, as quatro CCEs que mostram pontuações médias mais relevantes são: Busca de informações (19,7), Estabelecimento de Metas (19,43), Planejamento e monitoramento sistemático (18,35) e Busca de oportunidades e iniciativa (18,04). Observou-se ser necessário criar maior incentivo quanto a cursos de empreendedorismo, visto que apenas, 42,10% (Multiconsultoria) e 56,52% (Xport Jr.) apresentam participação em cursos de formação empreendedora. Os cursos proporcionam aprendizados positivos, estimulando-os a empreender. Visto ter hoje a Universidade um papel principal na formação de seus alunos, capacitando-os melhor para enfrentar o mercado de trabalho, torna-se necessário criar um envolvimento maior entre a mesma, representada pelos seus cursos e as empresas juniores com a finalidade de desenvolverem uma cultura empreendedora.

Palavras-chave: Características comportamentais empreendedoras; Empresa Júnior; Educação

Empreendedora.

1 Introdução

O tema empreendedorismo tem sido o foco de inúmeros estudos no contexto nacional e internacional, bem como de debates e ações educacionais, pelo reconhecimento de sua significativa contribuição ao desenvolvimento econômico e social dos países.

No Brasil, estudos mostram que a formação de novas empresas tem uma forte relação com o mundo educacional (BATISTA, 2004; LIMA et al., 2011, 2014).

A Universidade é o ponto de partida desse processo, visto ser uma forte formadora de opinião e multiplicadora do saber (DOLABELA, 2008). Como geradora de conhecimento e de tecnologia, as Universidades têm a capacidade de influenciar a mudança de rotas adotadas pelas corporações existentes no País, uma vez que delas saem os profissionais que renovam as posições de comando no mercado, assim como os pensadores que analisam e direcionam a economia nacional (BATISTA, 2004).

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Hoje, muitas Instituições de Ensino Superior (IES) buscam desenvolver o espírito empreendedor em seus alunos, motivando-os e treinando-os para empreender (DEGEN, 2009; BARBOSA et al., 2014). O empreendedorismo é uma das vias possíveis de acesso ao mercado de trabalho, dessa forma, as Empresas Juniores (EJs) representam laboratórios que podem auxiliar estudantes a operacionalizar o conhecimento adquirido na academia (FEITOSA; FIRMO, 2012; BARBOSA et al., 2014).

Para Drucker (2005), os indivíduos enfrentam um enorme desafio, quanto a explorar uma oportunidade, existe a necessidade por um aprendizado e reaprendizado continuados, torna-se importante estudar sobre as características comportamentais desses futuros empreendedores ou intraempreendedores, alunos que compõem uma Empresa Júnior, para renovar os conhecimentos e as competências, colocando-os em situação de aprendizagem permanente.

Para Marassi, Vogt e Biavatti (2014) são poucos os estudos realizados que associaram o tema Empresa Junior com características de empreendedorismo. Diante deste contexto, onde a participação em EJ enseja ao estudante (membro) a oportunidade de desenvolver habilidades que dificilmente seriam obtidas em outros espaços do curso, o estudo realizado concentra-se no seguinte problema de pesquisa: Que características comportamentais empreendedoras (CCEs) se destacam nos membros de EJs ajudando-os em seu crescimento profissional?

Este estudo tem como objetivo identificar as características comportamentais empreendedoras relevantes para os membros de duas Empresas Juniores.

Para atingir este objetivo foram necessários os seguintes objetivos específicos: a) identificar as dez características comportamentais empreendedoras segundo McClelland (1972) dentre os membros das Empresas Juniores; b) comparar estas características comportamentais empreendedoras, destacando-as dentro dos três conjuntos de comportamentos: Realização, Planejamento e Poder; e, c) identificar a existência de uma relação entre os comportamentos que estão em evidências como os conhecimentos adquiridos em cursos sobre formação empreendedora.

Após esta introdução, a seção 2 expõe a fundamentação teórica. Na seção 3 contempla a Metodologia. Na seção 4, são apresentados e discutidos os resultados. Já na seção 5 são reveladas as considerações finais e após, as referências.

2 Fundamentação Teórica

2.1 Empreendedorismo, Empreendedor e Características Empreendedoras

O empreendedorismo é um fator de grande importância para o desenvolvimento de um País, ao contribuir para a sociedade como fator de equilíbrio da estrutura empresarial (valor político) e, uma importante fonte geradora de empregos, renda e produção de bens (valor econômico) (RAMOS et al., 2012). O empreendedor é fruto de uma cultura, onde suas competências empreendedoras são importantes aliadas do desenvolvimento social e econômico. O campo do empreendedorismo é vasto e tem sido empregado em uma variedade de contextos, retratando atividades relacionadas aos indivíduos, aos grupos e às organizações. Após a década de 1980, esse campo de estudos passou por considerável expansão em diferentes áreas, como a social, a econômica, a política e a comportamental e as inúmeras pesquisas realizadas sobre esse tema apresentam não só descontinuidade, como também falta de unidade com trabalhos anteriores (SOUZA, 2006).

Não existe um consenso atualmente sobre a definição de empreendedorismo como uma área de estudo dos negócios ou como uma atividade em que as pessoas se envolvem. É um processo, que se move por fases distintas, mas intimamente relacionadas: reconhecimento de uma oportunidade; decidir ir em frente e reunir os recursos iniciais; lançar um novo empreendimento; construir o sucesso e colher as recompensas (BARON; SHANE, 2007). Aliado ao tema empreendedorismo está o termo empreendedor, que segundo Hisrich e Peters

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(2004, p.29) “fica mais refinado quando são considerados princípios e termos de uma perspectiva empresarial, administrativa e pessoal”.

Schumpeter (1934) descreve o empreendedor como aquele que desestabiliza a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, por criar novas formas de organização ou por explorar novos recursos e materiais. No entanto, segundo Pardini, Brandão e Souki (2008), ainda pouco se sabe sobre como são construídas as habilidades que qualificam o empreendedor e de que maneira as relações sociais interferem na decisão pessoal de levar em frente a idealização de um projeto de trabalho.

Em estudos, McClelland (1961) classifica o empreendedor, entre outros adjetivos, como: confiante, perseverante, diligente, habilidoso, criativo, visionário, versátil, inteligente e perceptivo. Para ele, o empreendedor pode ser definido como alguém que exerce controle sobre a produção de algo cujos resultados não são apenas para seu próprio benefício, de maneira que o dono de uma empresa pode ser tão empreendedor quanto um executivo ou um operário em uma grande corporação. Os resultados de suas pesquisas revelaram que as pessoas são motivadas por três tipos de necessidades: a) necessidade de realização pessoal (n-Achievement), o indivíduo tem de testar seus limites e realizar um bom trabalho. Tem grande necessidade de feedback, bem como de se sentir realizado; b) necessidade de autoridade e poder (n-Power), forte preocupação em exercer o poder sobre os outros, ao apresentar grande necessidade de ser influente efetivo e de causar impacto; c) necessidade de afiliação (n-Affiliation), estabelecer, manter, ou restabelecer relações emocionais positivas com outras pessoas.

Entre os motivos para empreender, a alta necessidade de realização (n-Achievement) é o mais forte dentre as três características. Esta necessidade é a primeira das necessidades identificadas dentre os empreendedores bem-sucedidos, o que os impulsionam a criarem um empreendimento (McCLELLAND, 1972). Pessoas com alta necessidade de realização procuram mudanças em suas vidas, estabelecem metas e colocam-se em situações competitivas. Por buscarem realização e êxito, desenvolvem comportamento que as levam ao sucesso.

Outros estudos, realizados por McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972) foram a base para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), visando a capacitação de empreendedores, lançado oficialmente em 1988. O projeto identificou dez principais características comportamentais do empreendedor (CCEs) (Quadro 1).

Quadro 1 - Características Comportamentais Empreendedoras e Comportamentos

CATEGORIA: REALIZAÇÃO

CCE: Busca de oportunidades e iniciativa - faz as coisas antes de solicitado, ou antes, de forçado pelas circunstâncias; age para expandir o negócio a novas áreas, produtos ou serviços; aproveita oportunidades fora do comum para começar um negócio, obter financiamentos, equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência.

CCE: Correr riscos calculados - avalia alternativa e calcula riscos deliberadamente; age para reduzir os riscos ou controlar os resultados; coloca-se em situações que implicam desafios ou riscos moderados. CCE: Persistência - age diante de um obstáculo significativo; age repetidamente ou muda de estratégia, a fim de enfrentar um desafio ou superar um obstáculo; faz um sacrifício pessoal ou desenvolve um esforço extraordinário para completar uma tarefa.

CCE: Exigência de qualidade e eficiência - encontra maneiras de fazer as coisas melhor, mais rápido ou mais barato; age de maneira a fazer coisas que satisfazem ou excedem padrões de excelência; desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo ou que o trabalho atenda a padrões de qualidade previamente combinados.

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CCE: Comprometimento - assume responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário ao atingimento de metas e objetivos; colabora com os empregados ou se coloca no lugar deles, se necessário, para terminar um trabalho; esmera-se em manter os clientes satisfeitos e coloca em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo, acima do lucro a curto prazo.

CATEGORIA: PLANEJAMENTO

CCE: Busca de informações - dedica-se pessoalmente a obter informações de clientes, fornecedores e concorrentes; investiga pessoalmente como fabricar um produto ou fornecer um serviço; consulta especialista para obter assessoria técnica ou comercial.

CCE: Estabelecimento de metas - estabelece metas e objetivos que são desafiantes e que têm significado pessoal; define metas de longo prazo, claras e específicas; estabelece objetivos mensuráveis e de curto prazo. CCE: Planejamento e monitoramento sistemáticos - planeja dividindo tarefas de grande porte em subtarefas com prazos definidos; constantemente revisa seus planos, levando em conta os resultados obtidos e mudanças circunstanciais; mantém registros financeiros e utiliza-os para tomar decisões.

CATEGORIA: PODER

CCE: Persuasão e redes de contato - utiliza estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir os outros; utiliza pessoas chave como agentes para atingir seus próprios objetivos; age para desenvolver e manter relações comerciais.

CCE: Independência e autoconfiança - busca autonomia em relação a normas e controles de outros; mantém seu ponto de vista mesmo diante da oposição ou de resultados inicialmente desanimadores; expressa confiança na sua própria capacidade de completar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafio.

Fonte: adaptado do SEBRAE/Empretec (McCLELLAND; WINTER, 1971; McCLELLAND, 1972).

2.2 Educação Empreendedora e a Empresa Junior

No atual contexto de mudança e avanço a estrutura de emprego modifica-se; novas carreiras, qualificações e ocupações surgem, requerendo do sistema de ensino o desenvolvimento de novas competências (SOUZA et al., 2006).

“O desenvolvimento do espírito empreendedor deve ser estimulado na graduação, por ser um espaço laboratorial de conhecimentos teórico e prático, tendo como missão preparar o indivíduo com competências que atendam às exigências do mercado de trabalho” (FONTENELE; OLIVEIRA BRASIL; SOUSA, 2015, p. 149). A empresa Junior (EJ) surge como uma possibilidade viável e criativa na perspectiva da formação profissional e contribui para o crescimento da cultura empreendedora, tanto internamente com seus participantes e demais alunos da instituição, quanto externamente com a comunidade (BARBOSA et al., 2014) A empresa Júnior tem a natureza de uma empresa real, com diretoria executiva, conselho de administração, estatuto, regimento próprio, com uma gestão autônoma em relação à direção da faculdade.

Para Brum e Barbos (2009, p.63-64),

[...] as empresas juniores constituem um processo que capacita alunos universitários através de desenvolvimento de projetos para clientes do mercado e do gerenciamento de questões pertinentes a uma empresa de natureza real, proporcionando uma contribuição diferenciada e oferecendo melhor preparação para o universitário enfrentar as incertezas e necessidades do mercado de trabalhos.

A primeira Empresa Júnior de que se tem notícia surgiu na ESSEC (L’École Supérieure dês Sciene Economiques et Commerciales), na França, em 1967, “com o intuito de fundar uma empresa ou associação civil, sem fins lucrativos, em que os estudantes de graduação regularmente matriculados em instituições de ensino superior poderiam participar” (BRUM e BARBOS, 2009, p.62). O processo de internacionalização ocorreu em 1986. No Brasil, a idéia foi introduzida pela Câmara de Comércio França-Brasil em 1988 e no final deste ano surgem

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as primeiras empresas juniores, como a EJ da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, da Fundação Armando Álvares Penteado, da Fundação Getúlio Vargas e da Universidade Mackenzie.

O Conceito Nacional de Empresa Júnior e a sua finalidade foram regulamentados e definidos em seu Estatuto, Capitulo II - Das Empresas Juniores, pela Brasil Júnior (BJ 2010, p.1)

Artigo 2º - As empresas juniores são constituídas pela união de alunos matriculados em cursos de graduação em instituições de ensino superior, organizados em uma associação civil com o intuito de realizar projetos e serviços que contribuam para o desenvolvimento do país e de formar profissionais capacitados e comprometidos com esse objetivo. Artigo 3º - A finalidade da empresa júnior deve estar definida em estatuto como: I – Desenvolver profissionalmente as pessoas que compõem o quadro social por meio da vivência empresarial, realizando projetos e serviços na área de atuação do(s) curso(s) de graduação ao(s) qual(is) a empresa júnior for vinculada; II – Realizar projetos e/ou serviços preferencialmente para micro e pequenas empresas, e terceiro setor, nacionais, em funcionamento ou em fase de abertura, ou pessoas físicas, visando ao desenvolvimento da sociedade; III – Fomentar o empreendedorismo de seus associados (grifo nosso).

A seguir, apresentam-se os procedimentos metodológicos adotados para esta pesquisa.

3 Metodologia

Esta pesquisa toma como base a taxionomia apresentada por Vergara (2009), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios de investigação.

Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa descritiva, que tem por objetivo descrever as características de determinada população ou fenômeno e o estabelecimento de relações entre as variáveis, envolvendo a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados como questionário e observação sistemática (Gil, 2002). Desta forma, buscaram-se identificar as características comportamentais empreendedoras dentre os alunos membros de duas empresas juniores. Quanto aos meios, a pesquisa foi de campo. “É a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu o fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo” (VERGARA, 2009, p. 43).

A amostra para esta pesquisa foi constituída pelos membros de duas empresas juniores. A primeira é formada por 19 membros da Multiconsultoria, graduandos do Curso de Administração da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), cursando entre o 3º e o 8º período do curso, com idade variando entre 18 a 23 anos. A segunda é formada por 23 membros da Empresa Junior Xport Jr, graduandos do Curso de Relações Internacionais da UFRRJ, cursando entre 2º e 7º período do curso, com a idade variando entre 18 e 25 anos. Essas duas empresas juniores foram escolhidas pela facilidade de acesso dos autores, sendo assim caracterizadas como amostras acidentais, formadas pelos elementos que se pode obter, porém sem nenhuma segurança de que constituam uma amostra exaustiva de todos os possíveis subconjuntos do universo (RICHARDSON, 1999).

O instrumento de coleta de dados foi o questionário de McClelland (1972) sobre as características comportamentais empreendedoras (CCE’s). O mesmo foi entregue aos respectivos dirigentes das empresas juniores, para ser aplicado aos seus membros, com as instruções para preenchimento e uma carta explicando o objetivo da pesquisa. Para Mattar (2001), a vantagem desse instrumento de coleta de dados dá-se por não haver a necessidade da presença do entrevistador, podendo ser respondido diretamente pelo entrevistado. O período da coleta de dados foi de maio a junho de 2016.

O questionário das CCE’S de McClelland (1972) é formado por um conjunto de cinquenta e cinco afirmações. Cada uma delas possui uma escala de 5 pontos: 1= nunca, 2 = raramente, 3 = às vezes, 4 = frequentemente e 5 = sempre. A base deste instrumento são as 10

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características comportamentais empreendedoras (Quadro 1). A pontuação máxima é de 25 pontos para cada característica, sendo considerado empreendedor o indivíduo cuja pontuação mínima atinja 15 pontos. Existe ainda um fator de correção, cujo objetivo é corrigir uma eventual tendência do respondente de apresentar uma imagem altamente favorável de si mesmo. Por opção dos autores, também se aplicou junto a esse instrumento, um questionário misto, com o intuito de fazer um levantamento sócio demográfico dos alunos. Este foi constituído por questões relacionadas à idade, sexo, período do curso, interesse em abrir negócios próprios, áreas de interesse, indutor familiar e a formação empreendedora. Este último item constituiu-se de uma questão aberta, onde os alunos pudessem relatar sobre resultados obtidos por cursos voltados para a formação empreendedora.

Os dados coletados junto aos membros das Empresas Juniores foram organizados em tabelas e figuras, para permitir um melhor entendimento de sua interpretação e análise. Os mesmos foram tratados mediante estatística descritiva. Segundo Azevedo e Campos (1985), a estatística descritiva procura somente descrever e analisar certo grupo, sem tirar quaisquer conclusões ou inferências sobre um grupo maior. Para a análise utilizou-se um recurso tecnológico, o software Excel, de onde foram extraídos os dados estatísticos (LAPPONI, 2005). Para a questão relacionada à experiência dos alunos quanto a resultados obtidos em cursos voltados para a formação empreendedora, utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo, análise categorial, que funciona por operações de desmembramento do texto em unidades, em categorias segundo reagrupamento analógico. A análise de conteúdo pode ser definida como um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2011).

Quanto à comparação, visando identificar características comportamentais empreendedoras relevantes entre os membros das duas empresas juniores, esta foi sustentada observando o que ensinam Tachizawa e Mendes (2000, como citado em SILVA et al., 2008, p. 5) “dados e informações descritas com o suporte teórico e conceitual da fundamentação teórica”.

4 Análise dos Resultados

Esta seção é dedicada a apresentar as características das empresas juniores e a análise e interpretação dos dados obtidos a partir de um questionário sócio demográfico, bem como, dos dados obtidos a partir da replicação do instrumento desenvolvido por McClelland (1972), sobre as CCE’s.

4.1 Empresas Juniores

4.1.1 Empresa Junior Multiconsultoria

A empresa Multiconsultoria foi fundada em 1997 e tem como missão: transformar os membros, realizar o sonho dos clientes, oferecendo serviços de excelência em consultoria empresarial, impactando os alunos da UFRRJ e a sociedade, potencializando, assim, o movimento empresa júnior.

Os alunos (membros) passam por um processo de seleção onde se tem a oportunidade de escolher dentre as seguintes áreas: Projetos, Gestão de Pessoas, Administrativo Financeiro, Assessoria e Marketing. No processo seletivo espera-se que os candidatos possuam comprometimento, espírito de equipe e criatividade. Podem se candidatar alunos de qualquer período dos cursos de Administração de Empresas, Administração Pública, Contabilidade, Economia e Psicologia. Os membros são orientados por professores capacitados. A EJ hoje oferta serviços de consultoria para micro e pequenas empresas da baixada fluminense.

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7 4.1.2 Empresa Xport Junior Consultoria e Suporte Internacional

A empresa Xport Junior foi fundada em 2011, e tem como missão: criar novas oportunidades através do vínculo entre a cultura jovem empreendedora, a UFRRJ e o cliente, promovendo o impacto social e o desenvolvimento de seus membros.

Os alunos (membros) passam por um processo de seleção onde se tem a oportunidade de escolher dentre as seguintes áreas: Projetos, Gestão de Pessoas, Comunicação e Marketing e Administrativo Financeiro. Neste processo de seleção busca-se alunos que pertençam ao curso de Relações Internacionais. Não há exigências quanto às experiências anteriores. Podem se candidatar alunos iniciantes no curso, bem como de outros períodos. Os candidatos são orientados por membros que adquiriram experiências durante o processo de permanência na EJ. A EJ desenvolve hoje, serviços de consultoria para empresas que buscam se inserir no mercado externo. Prestam serviços de análise de mercado; elaboram projetos completos de exportação, contribuindo para a internacionalização destas empresas.

4.2 Dados sociodemográficos das Empresas Juniores: Multiconsultoria e Xport Junior

A Tabela 1 mostra o perfil sócio demográfico dos membros das duas empresas juniores que participaram da pesquisa.

Tabela 1 – Dados Sociodemográficos dos Membros das Empresas Juniores

Fonte: Dados da Pesquisa

Pela análise, se observou uma maior participação do gênero feminino nas duas Empresas Juniores. Na Júnior Xport: 78,26%; na EJ Multiconsultoria a média denota apenas uma pequena variação entre os gêneros, 52,63%. Quanto a idade, observou-se que na média, não há uma grande disparidade na variação entre as idades dos membros para as duas EJ’s. O desvio padrão é de 1,26 para mais ou para menos na média de idade dos membros da Multiconsultoria,

VARIÁVEIS MULTICONSULTORIA XPORT

Gênero Masculino 9 alunos (47,37%) 5 alunos (21,74%)

Gênero Feminino 10 alunas (52,63%) 18 alunas (78,26%)

Média da idade ± desvio padrão 20 ± 1,26 20,39 ± 1,71

Semestre – Segundo 0% 30,43% Semestre – Terceiro 57,89% 17,40% Semestre – Quarto 31,58% 30,43% Semestre – Quinto 0% 17,40% Semestre – Sexto 0% 0% Semestre – Sétimo 0% 4,34% Semestre – Oitavo 10,53% 0%

Parentes com negócio próprio 57,89% 56,52%

Quem tem negócio na família – pais 47,37% 26,09%

Quem tem negócio na família – tios 26,31% 21,74%

Trabalham ou trabalharam com a família 36,84% 13,04% Grau de interesse em abrir negócio próprio (pouco) 5,26% 21,74% Grau de interesse em abrir negócio próprio (médio) 15,79% 43,48% Grau de interesse em abrir negócio próprio (muito) 78,95% 34,78% Participação em curso voltado para formação

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enquanto que para a Xport Jr., o desvio padrão é de 1,71.

Em referência aos períodos escolares: 89,47% do total dos membros da Multiconsultoria estão entre o terceiro e quarto períodos (semestres). Para a Xport Jr., a concentração se dá entre o segundo e o quinto períodos, 95,66%.

Na identificação entre os membros das EJs, se os mesmos têm ou não familiares com negócio próprio, observou-se que para a Multiconsultoria, 57,89% responderam que sim. Destes, 36,84% já trabalharam ou trabalham no negócio da família. Para a Xport Jr, 56,52% dos membros possuem negócio próprio. Destes apenas 13,04% trabalham ou trabalharam nestes negócios. Dos indutores com maior predominância se destacam os pais para a Multiconsultoria, com 47,37% do total. Para a Xport Jr., os pais e tios são os maiores indutores com 47,83% do total. Isto é relevante visto ser o âmbito e apoio familiar de caráter fundamental até mesmo na hora de se buscar apoio financeiro. Segundo GEM (2008, p.7), “a principal fonte buscada pelos empreendedores reside em algum familiar próximo, como cônjuges, pais, avós, irmãos: 62% recorrem a familiares”. Os parentes atuam como facilitadores e motivadores no início dos negócios até a fase de crescimento (TEIXEIRA et al., 2011).

Quanto ao interesse em abrir um negócio próprio e, quais seriam as áreas de interesse, observou-se que para a EJ. Multiconsultoria, 78,95% dos membros possuem muito interesse em ter um negócio próprio. Dentre as áreas de interesse, empreendimentos do setor econômico terciário, predominando o comércio em geral e, em segundo lugar, consultoria. Para a Xport Jr., 34,78% dos membros disseram ter muito interesse em ter um negócio próprio, sendo as áreas do terceiro setor as mais almejadas, com destaque para comércio em geral, consultoria e saúde.

4.3. Características Comportamentais Empreendedoras das EJs, segundo McClelland (1972): Multiconsultoria e Xport Júnior

O gráfico 1, a seguir, apresenta uma comparação entre as pontuações médias das dez características comportamentais empreendedoras dos membros das Empresas Juniores, Multiconsultoria e Xport Jr.

Gráfico 1 - Pontuação Média das CCE’s das Duas Empresas Juniores

17,58 15,74 16,95 16,37 17,37 17,21 17,68 16,95 16,63 16,84 18,04 16,3 17,39 17,3 15,39 19,7 19,43 18,35 17,57 17,57 0 5 10 15 20 25 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Multiconsultoria Xport Jr

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Fonte: Dados da pesquisa

Pela análise, observou-se que, tanto para os membros da EJ. Multiconsultoria, quanto para os da EJ. Xport Jr., a pontuação média foi superior a quinze pontos (de um máximo de 25), em todas as características comportamentais empreendedoras, o que evidencia a existência de um perfil empreendedor (McCLELLAND, 1972).

4.3.1 Identificação das CCE’s e suas Posições em Relação as Categorias: Realização, Planejamento e Poder

Buscando relacionar as características comportamentais empreendedoras, dos membros das empresas juniores, Multiconsultoria e Xport Junior, destacando-as dentro dos três conjuntos de comportamentos: Realização, Planejamento e Poder, foi necessário construir a Tabela 2. Para subsidiar a análise desses comportamentos utilizou-se o gráfico 1, como suporte.

Tabela 2 – Relação entre Pontuações Médias das CCEs e Categorias

CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS MULTICONSULTORIA XPORT JR Pont. Média Pont. Média Fem. Pont. Média Masc. Pont. Média Pont. Média Fem. Pont. Média Masc. CATEGORIA: REALIZAÇÃO

Busca de oportunidades e iniciativa 17,58 17,91 17,11 18,04 17,89 18,6 Correr riscos calculados 15,74 15,4 16,11 16,3 15,94 17,6

Persistência 16,95 17,5 17,11 17,39 17,05 18,6

Exigência de qualidade e eficiência 16,37 16,5 16,22 17,3 16,89 18,8

Comprometimento 17,37 17,5 17,22 15,39 14,94 17 CATEGORIA: PLANEJAMENTO Busca de informações 17,21 17,1 17,33 19,7 19,44 20,6 Estabelecimento de metas 17,68 17,4 18 19,43 19,22 20,2 Planejamento e monitoramento sistemáticos 16,95 16,8 17,11 18,35 18,05 19,4 CATEGORIA: PODER

Persuasão e redes de contato 16,63 16,5 16,78 17,57 17,17 19 Independência e autoconfiança 16,84 16,9 16,78 17,57 17,55 17,6 Fonte: Dados da pesquisa

Análise:

Categoria Realização: a CCE Busca de oportunidades e iniciativa alcançou a melhor

pontuação média tanto para os membros da Xport Jr (18,04), quanto para a Multiconsultoria (17,58). Este comportamento indica que os membros aproveitam as oportunidades para começar um negócio agindo antes de solicitado, ou antes, de forçado pelas circunstâncias. Nas demais CCEs desta categoria há uma variação para as duas EJs. Para a Multiconsultoria a segunda melhor pontuação é a CCE Comprometimento (17,37), enquanto que para a Xport Jr é a quinta colocada (15,39). Isto denota que, para os membros da Multiconsultoria, a

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importância de assumir responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário visando atingir metas e objetivos. A CCE Persistência ocupa o segundo lugar para a Xport Jr e, para a Multiconsultoria, ela se posiciona no terceiro lugar (16,95). Isso indica que ambas as empresas trabalham com afinco diante dos obstáculos de maneira a superá-los com maior êxito. A CCE

Exigência de qualidade e eficiência é posicionada em terceiro lugar para a Xport Jr (17,3), ao

passo que, para a Multiconsultoria, ela fica como quarta colocada (16,37). Indicando que ambas as EJs agem de maneira a fazer coisas que satisfazem ou excedem padrões de excelência, entretanto, em distintas intensidades. CCE Correr riscos calculados ocupa a quarta posição para a Xport Jr (16,3). No entanto, para os membros da Multiconsultoria, essa CCE obteve a menor pontuação média (15,74), não só em relação à categoria Realização, mas, também, entre todas as outras dez características. O fato deles não estarem criando o próprio negócio, talvez possa gerar uma menor propensão ao risco.

Categoria Planejamento: A CCE Busca de informações apresentou a melhor

pontuação média para a Xport Jr (19,7), inclusive em relação ao total dos três conjuntos. Já para a Multiconsultoria ela alcança a posição de segunda colocada nesta categoria (17,21) e quarta colocada entre as dez analisadas. Este comportamento evidencia uma dedicação pessoal de obter informações de clientes, fornecedores e concorrentes. Obter informações mercadológicas para se resguardarem dos desafios e surpresas comerciais em que se inserem. A CCE

Estabelecimento de Metas se destaca para as duas Empresas Juniores. Sendo a primeira

colocada da categoria Planejamento, para Multiconsultoria (17,68) e, a segunda colocada para a Xport Jr (19,43). Essa característica também se destaca entre as dez CCEs. Este comportamento evidencia que ambas as equipes, membros das EJs, definem metas e objetivos mensuráveis, específicos e desafiantes, tendo um significado pessoal. A CCE Planejamento e

monitoramento sistemático, obteve a última posição para as duas EJs dentro dessa Categoria.

Entretanto, as mesmas, ocuparam a terceira (18,35) e quarta posição (16,95) entre as dez CCEs, respectivamente, para a Xport Jr. e a Multiconsultoria. Este comportamento complementa as duas CCEs da categoria, quanto a revisar os planos, levando em conta os resultados obtidos e mudanças circunstanciais ajudando-os a tomarem decisão.

Categoria Poder: As CCEs, Persuasão e redes de contato e Independência e autoconfiança, apresentam a mesma pontuação média (17,57) para a EJ. Xport Jr, competindo,

portanto, pela quinta posição entre as demais CCEs. Para a Multiconsultoria, essas duas características têm pontuações médias diferentes. Independência e autoconfiança com (16,84), ocupando a primeira posição na categoria e sétima entre as demais CCEs. Persuasão e redes de contato com (16,63), ocupando a oitava posição entre as dez CCE’s. Observou-se que essas posições trazem uma certa preocupação para as duas EJs. Esses comportamentos são conceituais para o empreendedor que deseja tomar iniciativas, buscar oportunidades e enfrentar um desafio. São comportamentos que podem comprometer o desenvolvimento dos negócios das EJs, visto ser a Persuasão e rede de contatos definida como primordial nas estratégias de influência e negociação para manter e desenvolver relações comerciais.

4.3.2 Comportamentos que estão em Evidência e a Relação com os Conhecimentos adquiridos em Cursos sobre Formação Empreendedora

Visando complementar esse estudo analisaram-se os pontos médios evidenciados na Tabela 2, a fim de identificar relação dos resultados com os aprendizados em cursos de formação empreendedora.

Quando perguntados sobre se já participaram de algum curso voltado para a formação empreendedora: 42,10% dos membros da Multiconsultoria e 56,52% dos membros da Xport Junior disseram já terem participado de curso de formação empreendedora.

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Dado que, os membros das empresas juniores estão buscando melhorar suas performances, quanto ao empreendedorismo, uma questão aberta foi proposta: Relate que resultado lhe trouxe de concreto. Os resultados a seguir nos mostram respostas, como experiências positivas e aprendizado.

Para os membros da EJ. Multiconsultoria, o aprendizado foi: a) estruturação de um Plano de Negócios; b) aquisição de conhecimentos teóricos e práticos acerca do que deve ser evitado no negócio e; c) motivação para iniciar um projeto mesmo com recursos escassos, tornando possível uma grande realização e sua importância para o desenvolvimento do país.

Para os membros da EJ. Xport Júnior, o aprendizado foi positivo ajudando-os a terem mais motivações e coragem para tentar novos desafios, pois: a) adquiriram conhecimentos técnicos para abrir um negócio; b) aprenderam sobre a importância do planejamento antes de se fazer qualquer atividade ou negócio e; c) conheceram casos de sucesso e insucesso.

A seguir alguns trechos dos relatos dos membros das duas empresas juniores, Multiconsultoria e Xport Junior:

O curso proporcionou mais conhecimento sobre um Plano de Negócios, tanto teórico quanto prático. Foi importante para aprender quais erros devem ser evitados e como deve ser elaborada a melhor estratégia para abrir um negócio próprio. [...] aprendi sobre a estruturação necessária para um negócio assim como um dia de experiência prática. [...] que um negócio deve ser planejado de maneira realista e que sempre é possível que você realize seu sonho.

Me ajudou a definir que tipo de negócio eu queria ter e me deu motivação para começar mesmo que com poucos recursos, pois antes eu achava que somente com muito dinheiro poderia empreender e lá mostraram que não. Muitas pessoas começaram com pouca coisa mas tinham um propósito e persistiram. [...] pude aprender a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento do Brasil. Além disso, passei a compreender que o jovem com perfil empreendedor está mais alinhado às demandas das organizações.

Observa-se que, no primeiro conjunto de relatos, existe uma ênfase em comportamentos ligados a Categoria Planejamento, principalmente, Busca de informações e, no segundo, em comportamentos ligados a Categoria Realização, Busca de oportunidades e iniciativa. Estas foram as características comportamentais empreendedoras mais evidenciadas pelos membros das duas empresas juniores.

5. Considerações Finais

Com base nos resultados deste estudo foi possível identificar características comportamentais empreendedoras comuns e relevantes aos membros das duas empresas juniores: Multiconsultoria e Xport Jr. Os resultados de suas pontuações médias demonstram comportamentos, que os caracterizam como empreendedores, pois alcançaram uma média superior a quinze pontos em todas as características comportamentais empreendedoras.

Das três categorias: Realização, Planejamento e Poder, segundo McClelland (1972), duas delas se mostraram ser de grande importância para os membros das duas empresas juniores: Estabelecimento de metas (Planejamento) e Busca de oportunidades e iniciativa (Realização).

A característica comportamental empreendedora, Estabelecimento de Metas, evidencia um comportamento necessário para os administradores, pois os leva a estabelecer metas e objetivos mensuráveis, tanto em curto como em longo prazo, ao mesmo tempo, que os auxilia na concretização da sua visão empreendedora.

A característica comportamental empreendedora, Busca de oportunidades e iniciativa, evidencia comportamento que auxilia na busca de informações relativas aos processos de clientes, fornecedores e concorrentes e à expansão do negócio para novas áreas, novos produtos

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ou serviços.

Segundo Mcclelland (1961), os empreendedores que buscam realizações e êxito, desenvolvem comportamentos que os levam ao sucesso.

Em relação a característica comportamental empreendedora, Persuasão e rede de contatos (Categoria Poder), por ser um comportamento importante quando se busca novas oportunidades, mostra uma vulnerabilidade quanto ao desenvolvimento de novos mercados, principalmente o externo (atividades que se desenvolvem fora da universidade), para a Multiconsultoria. No entanto, para os membros da EJ. Xport Junior, essa CCE por obter a mesma pontuação observada na CCE Independência e autoconfiança, também relacionada à categoria Poder, sugere um futuro mais promissor, pois este resultado indica a existência de comportamentos mais favoráveis ao empreendedor corporativo, intraempreendedor, pois buscam maior autonomia e confiança em sua própria capacidade de completar tarefas complexas ou desafios.

A CCE Persistência, relacionada à categoria Realização, que denota um comportamento de ação diante de um obstáculo significativo, a fim de enfrentar um desafio ou superar um obstáculo, foi pontuada em terceiro lugar pelos membros da EJ. Multiconsultoria, e em segundo lugar para a EJ. Xport Junior. Este resultado é relevante, visto que, ter um comportamento de fazer um sacrifício pessoal ou de desenvolver um esforço extraordinário para completar uma tarefa, pode favorecer o desenvolvimento e a inovação na empresa. Aliada a essa CCE, outra Característica comportamental empreendedora importante se destacou, principalmente para a EJ. Multiconsultoria, a CCE Comprometimento, com a segunda melhor pontuação. Ter um comportamento de assumir responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário ao atingimento de metas e objetivos; colaborar com os empregados ou se coloca no lugar deles, se necessário, para terminar um trabalho e; esmerar-se em manter os clientes satisfeitos a longo prazo, pode perpetuar os negócios a empresa.

Quanto a abrir o seu próprio negócio, 78,95% dos membros da EJ. Multiconsultoria têm a intenção de empreender; 47,37% deles têm em seus pais um forte incentivo, mas querem desenvolver o seu próprio negócio, pois apenas 36,84% querem trabalhar nos negócios da família. No entanto, para a EJ. Xport Junior, 34,78% tem interesse em empreender novos negócios, 26,09% dos membros tem em seus pais um forte incentivo e apenas 13,04% deles querem trabalhar nos negócios da família. Isso mostra a importância das experiências vivenciadas por esses futuros empreendedores e da influência familiar nos negócios.

Para concluir, observou-se ser necessário criar um maior incentivo quanto a cursos voltados para o empreendedorismo, visto que, os mesmos, proporcionaram aprendizados positivos, estimulando-os a empreender. Visto ter hoje a Universidade tem um papel principal na formação de seus alunos, capacitando-os melhor para enfrentar o mercado de trabalho, torna-se necessário criar um envolvimento maior entre a mesma, repretorna-sentada pelos torna-seus cursos e as empresas juniores com a finalidade de desenvolverem uma cultura empreendedora.

Como limitações deste estudo, pode-se destacar que as técnicas utilizadas para o desenvolvimento das características comportamentais empreendedoras não foram objeto de estudo, mas somente a coleta e seu instrumento, já comprovados em pesquisas anteriores. Como proposição de pesquisas futuras, sugere-se ampliar este estudo com jovens empreendedores de outras empresas juniores, bem como em incubadoras, visando o enriquecimento e uma reflexão maior desta teoria comportamental para o empreendedorismo.

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